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Modelos longitudinais para momentos de inovação em psicoterapia

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Academic year: 2020

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Escola de Ciˆencias

Departamento de Matem´atica e Aplicac¸˜oes

Gina da Silva Voss

Modelos Longitudinais para

Momentos de Inovac¸ ˜ao em Psicoterapia

Dissertac¸˜ao de Mestrado Mestrado em Estat´ıstica

Trabalho efetuado sob a orientac¸˜ao da

Professora Doutora In ˆes Pereira Silva Cunha de Sousa

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A G R A D E C I M E N T O S

Foi longo o percurso e, sozinha, nunca o teria percorrido.

Andr´e, meu amor, meu companheiro, agradec¸o-te, do fundo do meu corac¸˜ao, todo o amor, paciˆencia, carinho, e palavras doces, que me incentivaram e deram-me forc¸as para nunca desistir ou pensar que n˜ao conseguiria. Sem ti, nada seria poss´ıvel, teu amor e forc¸a s˜ao a base de nossa fam´ılia e, juntos, superarmos todas as dificuldades. Esse mestrado ´e nosso! Nossa conquista. Obrigada sempre por estares ao meu lado.

E, ao falarmos de fam´ılia, Nadja, sis, o que seria de mim sem tuas palavras? Tua capaci-dade incr´ıvel de trazer-me para a realicapaci-dade fez de mim a pessoa que sou hoje. Agradec¸o sempre por ter nascido tua irm˜a e estar longe de ti d ´oi todos os dias. Obrigada tamb´em pelo seu olhar minucioso no texto e por todas as v´ırgulas nos locais corretos.

Agradec¸o a todos os amigos, os que est˜ao do lado de l´a do oceano e os que est˜ao aqui, mais pr ´oximos. O carinho e forc¸a de vocˆes sempre me animam e fazem-me sorrir. Sou a pessoa de maior sorte do mundo, pois tenho os melhores amigos. Saudades de todos, sempre.

Agradec¸o, de forma p ´ostuma, ao Mestre Ari, que me ensinou trˆes palavras que levo comigo: paciˆencia, tolerˆancia e perseveranc¸a. Sempre. Obrigada Mestre por teres passado em minha vida.

Agradec¸o aos meus professores, que viram o meu desespero com as integrais e, ainda assim, incentivaram-me a continuar e, hoje, com o texto pronto, tenho o mais sincero cari-nho por todos. Obrigada por toda a ajuda nesse camicari-nho, e desculpem todas as perguntas bobas.

Agradec¸o em especial a minha orientadora, que, com muita paciˆencia e determinac¸˜ao, n˜ao deixou o desespero da brasileira tomar conta e manteve um ritmo de trabalho puxado, pelo qual s ´o tenho a agradecer. Obrigada por todas as oportunidades professora Inˆes!

Por fim, agradec¸o Deus por guiar-me e dar-me forc¸as para continuar.

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R E S U M O

O paciente diagnosticado com depress˜ao/ansiedade, submetido ao tratamento com sess ˜oes de terapia, passa por mudanc¸as psicol ´ogicas e comportamentais, as quais foram denomi-nadas momentos de inovac¸˜ao (MIs). A motivac¸˜ao desse estudo foi estudar como esses momentos de inovac¸˜ao contribuem para a melhora do paciente. Para tal, usamos os mo-delos longitudinais, onde se leva em considerac¸˜ao a correlac¸˜ao existente entre as medidas de um mesmo indiv´ıduo. O objetivo principal ´e a aplicac¸˜ao de modelos longitudinais para a an´alise dos momentos de inovac¸˜ao em sess ˜oes de psicoterapia, e suas relac¸ ˜oes com outras vari´aveis de interesse (sintomatologia, alianc¸a paciente - terapeuta e retornos ao problema). Os dados do presente estudo, s˜ao provenientes de um servic¸o de psicologia da cidade de Braga - PT, na qual foram observados 63 pacientes diagnosticados com de-press˜ao/ansiedade, ao longo de 20 sess ˜oes de terapia, e, em cada sess˜ao, recolheram-se informac¸ ˜oes sobre a sintomatologia (OQ10), a alianc¸a que se forma entre paciente-terapeuta (WAI), os momentos de inovac¸˜ao (MIs) e os retornos ao problema (RPMs). As sess ˜oes de terapia foram realizadas pelos m´etodos cognitivo ou narrativo, onde analisamos a sua in-fluˆencia sobre as vari´aveis psicoterapˆeuticas. Ap ´os as an´alises, conclu´ımos que as vari´aveis psicoterapˆeuticas est˜ao a influenciar umas `as outras, com excec¸˜ao dos RPMs como predito-res da sintomatologia e da alianc¸a paciente-terapeuta. Os momentos de inovac¸˜ao foram di-vididos em dois grupos (high e low) e analisamos a sua influˆencia na sintomatologia OQ10. Os MI.high s˜ao significativos para explicar a sintomatologia, enquanto que os MI.low n˜ao o s˜ao.

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A B S T R A C T

The patient diagnosed with depression/anxiety, submitted to treatment with therapy sessions, undergoes psychological and behavioral changes, which are called moments of innovation (MIs). The motivation of this study was to study how these moments of in-novation contribute to the improvement of the patient. For this, we use the longitudinal models, which take into account the correlation between measurements of the same indi-vidual. The main objective is the application of longitudinal models for the analysis of moments of innovation in sessions of psychotherapy, and their relations with other varia-bles of interest (symptomatology, patient - therapist alliance and returns to the problem). The data from the present study come from a psychology service in the city of Braga - PT, in which 63 patients diagnosed with depression/anxiety were observed during 20 sessions of therapy, and in each session, information was collected about the symptomatology (OQ10), the alliance that forms between patient-therapist (WAI), moments of innovation (MIs) and returns to the problem (RPMs). The sessions of therapy were carried out by the cognitive or narrative methods, we analyzed their influence on the psychotherapeutic variables. After the analysis, we conclude that the psychotherapeutic variables are influencing each other, except for the RPMs as predictors of the symptomatology and the patient-therapist alliance. The moments of innovation were divided into two groups (high and low) and we analyzed their influence on the symptomatology OQ10. The MI.high is significant to explain the symptomatology, whereas the MI.low is not.

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C O N T E ´U D O

1 i n t r o d u c¸ ˜ao 1

2 m o d e l o s pa r a d a d o s l o n g i t u d i na i s 5

2.1 Modelo linear m ´ultiplo 5

2.1.1 Estimac¸˜ao por verossimilhanc¸a 5

2.1.2 Crit´erio de selec¸˜ao 6

2.2 Modelo linear generalizado 6

2.2.1 Estimac¸˜ao por verossimilhanc¸a 7

2.2.2 Crit´erio de selec¸˜ao 8

2.3 Variograma 8

2.4 Modelos de Dados Longitudinais 10

2.4.1 Modelos lineares generalizados mistos 11

2.4.2 Crit´erio de selec¸˜ao 12

3 a n´alise explorat ´oria dos dados 13

3.1 An´alise descritiva dos dados 13

3.2 An´alise com dados transversais 15

3.2.1 Vari´avel resposta - OQ10 16

3.2.2 Vari´avel resposta - WAI 18

3.2.3 Vari´avel resposta - MI 21

3.2.4 Vari´avel resposta - RPM 22

3.2.5 Conclus ˜oes 24

4 a n´alise longitudinal por vari ´avel 27

4.1 Vari´avel resposta - OQ10 27

4.2 Vari´avel resposta - WAI 29

4.3 Vari´avel resposta - MI 32

4.4 Vari´avel resposta - RPM 33

4.5 Conclus ˜oes 35

5 va r i´aveis psicoterap ˆeuticas como preditores 39

5.1 Vari´avel resposta - OQ10 39

5.1.1 WAI como preditor de OQ10 39

5.1.2 MIs como preditores de OQ10 41

5.1.3 RPMs como preditores de OQ10 43

5.2 Vari´avel resposta - WAI 45

5.2.1 OQ10 como preditor de WAI 45

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5.2.2 MIs como preditores de WAI 47

5.2.3 RPMs como preditores de WAI 48

5.3 Vari´avel resposta - MI 49

5.3.1 OQ10 como preditor de MIs 49

5.3.2 WAI como preditor de MIs 51

5.4 Vari´avel resposta - RPM 53

5.4.1 OQ10 como preditor de RPMs 53

5.4.2 WAI como preditor de RPMs 55

5.5 Conclus ˜oes 57

6 e f e i t o s d o s m o m e n t o s d e i n ova c¸ ˜ao 59

6.1 Conclus ˜oes 61

7 c o n s i d e r a c¸ ˜oes finais 63

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L I S TA D E F I G U R A S

Figura 1 Influˆencia das vari´aveis em estudo. 3

Figura 2 Exemplo de um variograma. 9

Figura 3 Boxplot das vari´aveis OQ10 e WAI. 13

Figura 4 Boxplot das vari´aveis de interesse. 15

Figura 5 Gr´afico de dispers˜ao vari´avel OQ10. 17

Figura 6 Gr´afico dos res´ıduos do modelo ajustado. 17 Figura 7 Variograma dos res´ıduos do modelo ajustado. 18

Figura 8 Gr´afico de dispers˜ao vari´avel WAI. 19

Figura 9 Gr´afico dos res´ıduos do modelo ajustado. 20 Figura 10 Variograma dos res´ıduos do modelo ajustado. 20 Figura 11 Gr´afico de dispers˜ao vari´avel MI.prop. 21 Figura 12 Gr´afico dos res´ıduos do modelo ajustado. 22 Figura 13 Gr´afico de dispers˜ao vari´avel RPM.prop. 23 Figura 14 Gr´afico dos res´ıduos do modelo ajustado. 24 Figura 15 Gr´afico OQ10 x session (regress˜ao longitudinal). 28

Figura 16 Variograma te ´orico vs. emp´ırico OQ10. 29

Figura 17 Gr´afico WAI x session (regress˜ao longitudinal). 31

Figura 18 Variograma te ´orico vs. emp´ırico WAI. 31

Figura 19 Gr´afico MI.prop x session (regress˜ao longitudinal). 33 Figura 20 Gr´afico RPM.prop x session (regress˜ao longitudinal). 34

Figura 21 Gr´afico WAI x OQ10 (good outcome). 40

Figura 22 Gr´afico WAI x OQ10 (poor outcome). 41

Figura 23 Gr´afico MIs x OQ10 (good outcome). 42

Figura 24 Gr´afico MIs x OQ10 (poor outcome). 43

Figura 25 Gr´afico RPMs x OQ10 (good outcome). 44

Figura 26 Gr´afico RPMs x OQ10 (poor outcome). 45

Figura 27 Gr´afico WAI x OQ10. 46

Figura 28 Gr´afico WAI x MIs. 48

Figura 29 Gr´afico WAI x RPMs. 49

Figura 30 Gr´afico MIs x OQ10. 50

Figura 31 Gr´afico MIs x WAI (good outcome). 52

Figura 32 Gr´afico MIs x WAI (poor outcome). 52

Figura 33 Gr´afico RPMs x OQ10 (good outcome). 54

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Figura 34 Gr´afico RPMs x OQ10 (poor outcome). 54

Figura 35 Gr´afico RPMs x WAI (good outcome). 56

Figura 36 Gr´afico RPMs x WAI (poor outcome). 56

Figura 37 Influˆencia das vari´aveis umas nas outras. 58

Figura 38 Gr´afico OQ10 x MI.high.perc. 60

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L I S TA D E TA B E L A S

Tabela 1 Vari´aveis observadas. 14

Tabela 2 Modelos para efeitos fixos. 15

Tabela 3 Output do modelo de regress˜ao linear para a var. OQ10. 16 Tabela 4 Output do modelo de regress˜ao linear para a var. WAI. 19 Tabela 5 Output do modelo de regress˜ao linear para a var. MI. 21 Tabela 6 Output do modelo de regress˜ao linear para a var. RPM. 23 Tabela 7 Modelos com melhor ajustamento para dados transversais. 25 Tabela 8 Comparac¸˜ao de modelos longitudinais para a var. OQ10. 27 Tabela 9 Output do Modelo III de regress˜ao longitudinal para a var. OQ10. 28 Tabela 10 Comparac¸˜ao de modelos longitudinais para a var. WAI. 30 Tabela 11 Output do Modelo I I I de regress˜ao longitudinal para a var. WAI. 30 Tabela 12 Comparac¸˜ao de modelos longitudinais para a var. MI. 32 Tabela 13 Output do Modelo I I de regress˜ao longitudinal para a var. MI. 32 Tabela 14 Comparac¸˜ao de modelos longitudinais para a var. RPM. 34 Tabela 15 Output do Modelo I I de regress˜ao longitudinal para a var. RPM. 34 Tabela 16 Modelos com melhor ajustamento para dados longitudinais. 36

Tabela 17 An´alise do efeito da vari´avel treat. 36

Tabela 18 An´alise do efeito da vari´avel outcome. 37

Tabela 19 Output do Modelo sem interac¸ ˜ao (WAI preditor de OQ10). 40 Tabela 20 Output do Modelo com interac¸ ˜ao (MI preditor de OQ10). 42 Tabela 21 Output do Modelo sem interac¸ ˜ao (RPM preditor de OQ10). 44 Tabela 22 Output do Modelo sem interac¸ ˜ao (OQ10 preditor de WAI). 46 Tabela 23 Output do Modelo sem interac¸ ˜ao (MI preditor de WAI). 47 Tabela 24 Output do Modelo sem interac¸ ˜ao (RPM preditor de WAI). 48 Tabela 25 Output do Modelo com interac¸ ˜ao (OQ10 preditor de MIs). 50 Tabela 26 Output do Modelo com interac¸ ˜ao (WAI preditor de MIs). 51 Tabela 27 Output do Modelo com interac¸ ˜ao (OQ10 preditor de RPMs). 53 Tabela 28 Output do Modelo com interac¸ ˜ao (WAI preditor de RPMs). 55 Tabela 29 Output do Modelo high.1 (MI.high.perc preditor de OQ10). 60 Tabela 30 Output do Modelo low.1 (MI.low.perc preditor de OQ10). 60

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I N T R O D U C¸ ˜A O

Depress˜ao ´e uma doenc¸a grave, de car´acter psicol ´ogico, que afeta diferentes tipos de pessoas, sendo que, cada indiv´ıduo ´e afetado de maneira ´unica. Os danos causados geram impacto direto e profundo na vida do paciente e seus familiares. A Organizac¸˜ao Mundial de Sa ´ude classifica a depress˜ao como o maior contribuinte da incapacidade para a ativi-dade produtiva, registando, em 2015, 7,5% de todos os anos vividos com incapaciativi-dade (DGS, 2016). Em 2013, com o 1o Estudo Epidemiol ´ogico Nacional de Sa ´ude Mental (parte

integrante do World Mental Health Survey Initiative, da Organizac¸˜ao Mundial de Sa ´ude e da Harvard University), conseguiu-se olhar a depress˜ao em n ´umeros. Portugal tem a 4o posic¸˜ao dentre os 34 pa´ıses participantes do estudo, estando atr´as do Brasil, EUA e Irlanda do Norte (Ciˆencias M´edicas,2013). Estudos de acompanhamento demonstram que at´e 30%

dos indiv´ıduos com depress˜ao ainda se encontram deprimidos ap ´os um ano, 18% ap ´os dois anos e 12% ap ´os cinco anos (Powell et al., 2008) . Segundo a Direc¸˜ao-Geral da Sa ´ude

(DGS,2016), em Portugal Continental cerca de 7,98% dos utentes inscritos ativos possuem

registro de perturbac¸ ˜oes depressivas entre 2011 e 2014, lembrado, por´em, que 50-70% dos indiv´ıduos que sofrem de depress˜ao n˜ao s˜ao diagnosticados e n˜ao est˜ao a ser tratados. De 2011a 2014 o consumo de f´armacos antidepressivos aumentou cerca de 25%.

Para casos mais graves de depress˜ao, a psicoterapia ´e associada `a administrac¸˜ao de f´armacos. Enquanto os antidepressivos tratam os sintomas, a psicoterapia tem um efeito mais durador, notando-se a ausˆencia de sintomas da doenc¸a por longos per´ıodos ap ´os o t´ermino do tratamento (Mufson e Wright, 2006). Nas sess ˜oes de psicoterapia, o paciente

tem um papel ativo (diferente das consultas m´edicas tradicionais), e mudanc¸as psicol ´ogicas e comportamentais s˜ao observadas ao longo das sess ˜oes. Albert Ellis e Aaron Beck, res-pons´aveis por descrever os conceitos fundamentais da terapia cognitiva, conclu´ıram, na d´ecada de 60, que a depress˜ao resulta de h´abitos de pensamentos extremamente enraiza-dos. Eles observaram que o humor e comportamentos negativos eram usualmente resulta-dos de pensamentos e crenc¸as distorcidas, ou seja, o paciente com depress˜ao acredita que as coisas s˜ao piores do que realmente s˜ao. Muitos estudos apontam que a terapia cognitiva ´e eficaz no tratamento da depress˜ao (Powell et al.,2008). Neste estudo, os pacientes foram

tratados com terapia cognitiva ou narrativa e analisamos sua influˆencia sobre as vari´aveis

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psicoterapˆeuticas.

Durante as sess ˜oes de terapia, mudanc¸as pessoais s˜ao esperadas na narrativa do paciente, pois a psicoterapia atua num n´ıvel mais profundo, onde as auto-narrativas problem´aticas acabam por transformarem-se em auto-narrativas com mais esperanc¸a e auto-estima. Essas mudanc¸as foram codificadas por Miguel M. Gonc¸alves e J. R. Silva, 2014, e denominadas

momentos de inovac¸˜ao. Foram classificadas em 5 tipos diferentes: action (A), protest (P), reflection (R), reconceptualization (RC), e performing change (PC), sendo que os tipos ac-tion (A), protest (P) e reflecac-tion (R) tˆem dois n´ıveis, 1 e 2. Atualmente, os MIs est˜ao a ser divididos em dois grupos chamados de high (alto) e low (baixo). Os MI.high s˜ao compostos pelos seguintes tipos de MIs: action (A1), reflection (R1), protest (P1), reconceptualization (RC), e performing change (PC); enquanto os MI.low s˜ao formados pelos MIs: action (A2), reflection (R2), protest (P2).

Os dados do presente estudo, s˜ao provenientes de um servic¸o de Psicologia da cidade de Braga - PT, onde foram observados 63 pacientes diagnosticados com depress˜ao e/ou ansiedade. V´arias vari´aveis foram observadas, tais como: a sintomatologia (OQ10), ou ’n´ıvel’ em que se encontra da doenc¸a, ´e uma escala medida atrav´es de um question´ario (Outcome Questionnaire 10.2)(Lambert et al., 2004) preenchido no in´ıcio de cada sess˜ao de

terapia; a alianc¸a paciente-terapeuta (WAI), significa o quanto o paciente e terapeuta ’se entendem’, sendo medida atrav´es de question´ario ao final de cada sess˜ao; e o outcome, que ´e medido atrav´es do question´ario BDI - Beck Depression Inventory (Beck et al., 1961),

realizado no in´ıcio e no final do tratamento. A diferenc¸a dos valores dos question´arios (BDIf im − BDIinicio) ´e que determina um poor outcome (onde o paciente n˜ao apresentou

melhora nos sintomas da depress˜ao), ou um good outcome (o paciente apresentou melhora nos sintomas da depress˜ao), sendo que este ´ultimo determina o sucesso da terapia.

Estudos anteriores de Santos, M. M. Gonc¸alves et al.,2011apontaram que, para pacientes

com poor outcome, os momentos de inovac¸˜ao que mais ocorreram foram os tipos action e protest, sendo que os demais n˜ao tiveram ocorrˆencias. Miguel M. Gonc¸alves, Mendes et al., 2012, que analisaram os efeitos para good e poor outcome, conclu´ıram que, em

confor-midade com estudos anteriores, a ocorrˆencia de MIs tem um efeito sobre a melhora do paciente, com excec¸˜ao do MI performing change (PC). Os MIs, reconceptualization e per-forming change - ao contrario dos outros tipos de MIs, que ocorrem ao longo de todas as sess ˜oes - tˆem a propens˜ao de ocorrerem mais a partir do meio do tratamento (aproximada-mente pela 8a. sess˜ao) (Miguel M. Gonc¸alves, Mendes et al.,2012; Santos, M. Gonc¸alves et

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3

pode retornar `a auto-narrativa negativa, e a isto chamamos de retornos ao problema (RPM). No nosso estudo, temos medidas repetidas das vari´aveis de um mesmo indiv´ıduo (20 sess ˜oes de terapia) e existe a hip ´otese delas terem uma correlac¸˜ao entre si, j´a que proveem do mesmo indiv´ıduo. Iremos testar essa hip ´otese de correlac¸˜ao, e, se comprovada, um es-tudo longitudinal ser´a necess´ario. As an´alises estat´ısticas foram realizadas com o aux´ılio do software R. Segundo Singer et al.,2017, estudos longitudinais tˆem interesse especial quando

o objetivo ´e avaliar tanto mudanc¸as globais, quanto individuais, ao longo do tempo. Os modelos longitudinais conseguem absorver, juntamente com as covari´aveis, a estrutura de correlac¸˜ao existente entre medidas de um mesmo indiv´ıduo. Estudos longitudinais permi-tem a distinc¸˜ao entre o grau de variac¸˜ao na vari´avel resposta para um indiv´ıduo ao longo do tempo e a variac¸˜ao entre diferentes indiv´ıduos, aumentando a qualidade das interpretac¸ ˜oes (Diggle et al.,2002). Este trabalho tem como prop ´osito a aplicac¸˜ao de modelos longitudinais

para o estudo dos momentos de inovac¸˜ao em sess ˜oes de psicoterapia, e de suas relac¸ ˜oes com outras vari´aveis de interesse (sintomatologia, alianc¸a paciente - terapeuta e retornos ao problema).

Figura 1: Influˆencia das vari´aveis em estudo.

A estrutura que apresentamos ´e dividida em 6 cap´ıtulos: teoria sobre modelos para dados longitudinais, an´alise explorat ´oria dos dados, an´alise longitudinal por vari´avel, vari´aveis psicoterapˆeuticas como preditores, efeitos dos momentos de inovac¸˜ao, e considerac¸ ˜oes fi-nais. Nos modelos para dados longitudinais apresentamos os modelos te ´oricos dos mo-delos lineares gerais para dados longitudinais. A an´alise explorat ´oria dos dados compre-ende a an´alise descritiva da amostra e o estudo preliminar dos dados como observac¸ ˜oes independentes (n˜ao levando em conta a correlac¸˜ao entre as respostas de um mesmo in-div´ıduo), tamb´em chamada de an´alise transversal. Neste primeiro momento, as vari´aveis explicativas usadas foram: os tipos de tratamentos (cognitivo e narrativo), o outcome (poor

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e good), e o tempo (session). As vari´aveis resposta usadas foram o OQ10 (sintomatolo-gia), o WAI (alianc¸a), os MIs (momentos de inovac¸˜ao), e os RPMs (retorno ao problema). Com os res´ıduos desses modelos lineares, realizamos um variograma para a verificac¸˜ao da existˆencia, ou n˜ao, de uma estrutura de correlac¸˜ao, o que leva ao cap´ıtulo seguinte: an´alise longitudinal por vari´avel. Nesse cap´ıtulo, as quatro vari´aveis resposta (OQ10, WAI, MI e RPM) foram analisadas com modelos longitudinais, onde a estrutura de correlac¸˜ao ´e le-vada em conta no modelo estat´ıstico. Ap ´os essa an´alise por vari´aveis de interesse como vari´aveis resposta, adicionamos nos modelos as vari´aveis psicoterapˆeuticas uma a uma como vari´aveis explicativas, para, assim, analisarmos a sua influˆencia sobre a vari´avel res-posta (cap´ıtulo vari´aveis psicoterapˆeuticas como preditores). No cap´ıtulo 6, analisamos as influˆencias dos momentos de inovac¸˜ao sobre a sintomatologia (OQ10) com eles divididos nos grupos: MI.high (A2, R2, P2, RC e PC) e MI.low (A1, R1 e P1). E, no cap´ıtulo final, apresentamos as considerac¸ ˜oes finais sobre todas as an´alises realizadas, ou seja, como as vari´aveis est˜ao a interagir umas com as outras.

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2

M O D E L O S PA R A D A D O S L O N G I T U D I N A I S

2.1 m o d e l o l i n e a r m´ultiplo

Neste estudo estamos a investigar a relac¸˜ao existente entre as vari´aveis psicoterapˆeuticas, e a t´ecnica estat´ıstica recomendada ´e a an´alise de regress˜ao. Quando analisamos os dados transversalmente (considerando independˆencia das observac¸ ˜oes), utilizamos modelos de regress˜ao m ´ultipla. Os modelos de regress˜ao m ´ultipla possuem a seguinte estrutura:

Y =+ε,

onde, Y ´e um vetor coluna (n x 1) com os valores da vari´avel resposta para as observac¸ ˜oes,

X ´e uma matriz (n x (p+1)) com os valores das vari´aveis explicativas, β ´e um vetor com

os (p+1) coeficientes do modelo e ε ´e um vetor (n x 1) em que ε∼ MV N(0, σ2I) e inde-pendentes e identicamente distribu´ıdos (i.i.d.) (Faria, 2016b). Os parˆametros do modelo a

estimar s˜ao ent˜ao θ= β, σ2

Y=       Y1 Y2 .. . Yn       X =       1 X11 X21 · · · Xp1 1 X12 X22 · · · Xp2 .. . ... 1 X1n X2n · · · Xpn       β=       β0 β1 .. . βp       ε=       ε1 ε2 .. . εn      

2.1.1 Estimac¸˜ao por verossimilhanc¸a

Os parˆametros do modelo ( ˆθ) s˜ao estimados pelo m´etodo da m´axima verossimilhanc¸a, onde se maximiza o logaritmo da equac¸˜ao de verossimilhanc¸a:

L(θ|y1, ..., yn) = n

i=1 f(yi|θ) L(θ|y1, ..., yn) = n

i=1 1 √ 2πσ2exp  − 1 2(yi−) 2 5

(19)

ln(L(θ)) =l(θ) l(θ) = n

i=1 ln(f(yi|θ)) l(θ) = n

i=1 ln  1 √ 2πσ2exp  − 1 2(yi−) 2  l(θ) = n

i=1 −1 2 ln 2πσ 2 1 2 (yi−) 2 ,

logo, ˆθ ´e chamado de estimador de m´axima verossimilhanc¸a para os parˆametros.

2.1.2 Crit´erio de selec¸˜ao

A determinac¸˜ao do modelo que melhor se ajusta aos dados ´e realizada com base no crit´erio de Akaike (AIC),

AIC =2p−2log(L(bθ|y)),

onde p representa o n ´umero de parˆametros estimados e log(L(bθ|y)) ´e o log do m´aximo da verossimilhanc¸a do modelo estimado. O modelo de melhor ajustamento ´e o que apre-sentar menor score AIC, salientando que o score AIC ´e ordinal e que, sozinho, n˜ao tem qualquer significado, eles s˜ao uma simples maneira de classificar os modelos (Snipes e Taylor, 2014). Caso os valores do AIC tenham diferenc¸a m´ınima (menos de 5 valores de

diferenc¸a entre eles), usamos o valor da verossimilhanc¸a como crit´erio (o modelo com maior verossimilhanc¸a apresenta melhor ajustamento).

2.2 m o d e l o l i n e a r g e n e r a l i z a d o

No caso das vari´aveis resposta momentos de inovac¸˜ao (MI) e retornos ao problema (RPM), elas s˜ao apresentadas em proporc¸ ˜oes, Yi ∼ Binomial(1, πi), e usamos um modelo

linear generalizado, onde modelamos a raz˜ao de chances de ocorrˆencia de MIs e RPMs. O modelo linear generalizado descrito por Turkman e G. Silva, 2000, ´e apresentado da

seguinte forma:

(20)

2.2. Modelo linear generalizado 7

onde, ηi ´e o preditor linear, xi ´e o vetor das covari´aveis (1 x (p+1)), e β ´e o vetor dos

parˆametros (1 x(p+1)). A func¸˜ao de ligac¸˜ao g(µi)usada ´e a logit:

g(µi) =ln(

πi

1−πi

)

g(µi) =ηi

onde, πi ´e a probabilidade de sucesso P(Yi = 1). O (1πiπi) ´e chamado odd ratio ou raz˜ao de chances. A probabilidade de sucesso est´a relacionada com o vetor xi da seguinte

maneira:

πi =

exp(xTi β)

1+exp(xTi β)

2.2.1 Estimac¸˜ao por verossimilhanc¸a

As vari´aveis resposta seguem uma distribuic¸˜ao Binomial, Yi ∼ Binomial(1, πi), cuja

func¸˜ao de distribuic¸˜ao ´e dada por:

f(yi|xi) =πyii(1−πi)(1−yi)

A func¸˜ao de verossimilhanc¸a, como func¸˜ao de β, ´e:

L(β|y1, ..., yn) = n

i=1 f(yi|θ) L(β|y1, ..., yn) = n

i=1 πiyi(1−πi)(1−yi)

Ao aplicarmos o logaritmo, temos:

ln(L(β)) =l(β) l(β) = n

i=1 ln(f(yi|β)) l(β) = n

i=1 ln  πyii(1−πi)(1−yi)  l(β) = n

i=1 yiln  πi 1−πi  +ln(1+πi)

(21)

A estimac¸˜ao dos parˆametros ( ˆβ) ´e realizada maximizando o logaritmo da equac¸˜ao de verossimilhanc¸a.

2.2.2 Crit´erio de selec¸˜ao

Para determinarmos o modelo que melhor se ajustou aos dados nos modelos lineares ge-neralizados, utilizamos os res´ıduos deviance como crit´erio de selec¸˜ao. Os res´ıduos deviance s˜ao utilizados para detectar os erros no ajustamento do modelo, medindo a discrepˆancia entre o modelo saturado e o modelo restrito (Souza,2006):

D∗(y, ˆµ) = −2(lM(ˆβM) −lS(ˆβS)) =

D(y, ˆµ) φ

onde: lM(ˆβM) →log-verossimilhanc¸a do modelo saturado;

lS(ˆβS) →log-verossimilhanc¸a do modelo investigado;

D∗(y, ˆµ) →deviance reduzido; D(y, ˆµ) →res´ıduos deviance.

Como modelo saturado, Turkman e G. Silva,2000, consideram o modelo linear

generali-zado sem a estrutura linear η= X β, as estimativas de m´axima verossimilhanc¸a dos µi s˜ao

as pr ´oprias observac¸ ˜oes, isto ´e ˆµi =yi. O modelo saturado ajusta-se exatamente aos dados,

reproduzindo os pr ´oprios dados.

No modelo binomial (que ´e o caso das vari´aveis MI e RPM), D∗(y, ˆµ) =D(y, ˆµ), nos ca-sos em que D∗(y, ˆµ)depende do parˆametro de dispers˜ao φ, podemos considerar D∗(y, ˆµ) ∼ χ2n−pquando φ→0 (Faria,2016a).

2.3 va r i o g r a m a

O variograma ´e uma representac¸˜ao de poss´ıvel existˆencia de correlac¸˜ao entre observac¸ ˜oes de um mesmo indiv´ıduo. Segundo Mello,2004, ele representa uma func¸˜ao de semivariˆancias

em relac¸˜ao `as respectivas distˆancias temporais. A semivˆariancia ´e definida como a metade da variˆancia de diferenc¸as entre observac¸ ˜oes de uma vari´avel aleat ´oria, Y, separadas por uma distˆancia u:

V(u) = 1

2E[(Y(t) −Y(t−u))

2]

Na pr´atica, o variograma te ´orico ´e aplicado aos res´ıduos do modelo de regress˜ao com dados transversais:

(22)

2.3. Variograma 9

V(u) = 1

2E[(r(t) −r(t−u))

2],

onde, V(u) ´e a func¸˜ao variograma e r(t) =Y(t) −Yˆ(t).

Para estimarmos o variograma a partir dos dados ( ˆV(u) - variograma emp´ırico) temos que calcular todos os valores vijil:

vijil =

1

2(rij−ril)

2,

onde rij ´e o res´ıduo preliminar para a m´edia da resposta j no indiv´ıduo i. Definido vijil,

temos que ˆV(u) ´e a m´edia de todos os valores vijil tal que|ti j−til| ≈u (Sousa,2016).

Figura 2: Exemplo de um variograma.

A Figura 2, representa um exemplo de um variograma emp´ırico. Observamos que as diferentes variˆancias, somadas, formam a variˆancia de Yi j. A distˆancia at´e a primeira linha

tracejada (τ2) ´e a variˆancia n˜ao explicada (erro de medic¸˜ao), a distˆancia entre as duas linhas

tracejadas (σ2) ´e a variˆancia dentro do indiv´ıduo, e a distˆancia entre a linha tracejada e a linha cont´ınua superior (ν2) ´e a variˆancia entre os indiv´ıduos, logo

ˆ

(23)

Quando a linha do variograma (Figura 2) for horizontal, ou aproximada, temos que a correlac¸˜ao dentro do indiv´ıduo tende a ser constante, i.e., n˜ao est´a a variar em func¸˜ao da distˆancia temporal (u) (Sousa, 2016), logo, caso contr´ario, se a linha est´a a variar com a

distˆancia temporal, h´a evidˆencias da existˆencia de uma estrutura de correlac¸˜ao dentro do indiv´ıduo e ser´a necess´ario a aplicac¸˜ao de t´ecnicas estat´ısticas que absorvam as mesmas, tal como os modelos longitudinais.

2.4 m o d e l o s d e d a d o s l o n g i t u d i na i s

Ao considerarmos que existe uma correlac¸˜ao entre as respostas de um mesmo indiv´ıduo ao longo do tempo, os modelos longitudinais s˜ao os que conseguem incorporar essas informac¸ ˜oes e melhor ajustar-se ao dados. Os modelos longitudinais (ou modelos mis-tos) contˆem efeitos fixos, efeitos aleat ´orios e um erro. A vari´avel resposta segue uma distribuic¸˜ao multivariada:

Yi ∼ MV N(Xiβ, Vi)

em que Yi ´e o vetor (ni x 1) de observac¸ ˜oes para o indiv´ıduo i, Xi ´e a matriz de desenho

(ni x (p+1)) com as vari´aveis explicativas para o indiv´ıduo i, β ´e o vetor ((p+1)x 1) dos

parˆametros do modelo, e Vi ´e uma matriz (nix ni), com valores n˜ao nulos e com parˆametros,

isto ´e, a matriz ´e a matriz de variˆancias/covariˆancias de medidas do indiv´ıduo i (Diggle et al.,2002). Quando consideramos a variˆancia constante para todos os tempos, temos que:

Vi =σ2Wi, sendo σ2 a variˆancia entre os tempos e Wi a matriz correlac¸˜ao entre os tempos. Na an´alise longitudinal, quatro modelos foram testados:

• Modelo I (Compound Symmetry):

Yi j= Xi jβ+Ui+Zi j

onde: Xi jβ→E[Yi j];

Ui →efeito aleat ´orio do indiv´ıduo, Ui ∼N(0, ν2);

Zi j →erro de medida, Zi j ∼ N(0, τ2).

• Modelo II (Random Intercept and Slope):

(24)

2.4. Modelos de Dados Longitudinais 11

onde: Xi jβ→E[Yi j];

Ui1 →efeito aleat ´orio do indiv´ıduo; U2

iti j →interac¸˜ao entre o efeito aleat ´orio do indiv´ıduo com o tempo;

Zi j →erro de medida, Zi j ∼ N(0, τ2); U1 i Ui2  ∼BV N(0,  ν12 ν12 ν22  ).

• Modelo III (Param´etrico longitudinal exponencial): Yi j = Xi jβ+Ui+Wi(ti j) +Zi j

onde: Xi jβ→E[Yi j];

Ui → efeito aleat ´orio do indiv´ıduo, Ui ∼N(0, ν2);

Wi(ti j) →estrutura de correlac¸˜ao exponencial temporal, var(Wi(ti j)) =σ2; Zi j →erro de medida, Zi j ∼ N(0, τ2).

Para correlac¸˜ao exponencial temos: cor((Wi|ti j),(Wi|tik)) = ρ(u) = exp n −1 φ tik−tij o , com u=tik−tij.

• Modelo IV (Param´etrico longitudinal gaussiano): Yi j = Xi jβ+Ui+Wi(ti j) +Zi j

onde: Xi jβ→E[Yi j];

Ui → efeito aleat ´orio do indiv´ıduo, Ui ∼N(0, ν2);

Wi(ti j) →estrutura de correlac¸˜ao gaussiana temporal, var(Wi(ti j)) =σ2; Zi j →erro de medida, Zi j ∼ N(0, τ2).

Para correlac¸˜ao gaussiana temos: cor((Wi|ti j),(Wi|tik)) = ρ(u) = exp n

φ1|tik−tij|2

o , com u=tik−tij.

2.4.1 Modelos lineares generalizados mistos

Para as vari´aveis apresentadas em proporc¸˜ao (MIs e RPMs) usamos modelos lineares gene-ralizados mistos, e apenas conseguimos testar os modelos Compound Symmetry e Random Intercept and Slope por raz ˜oes computacionais. Nos modelos lineares generalizados mistos com func¸˜ao de ligac¸˜ao logit modelamos a raz˜ao de chances de ocorrˆencia de MIs e RPMs e n˜ao o valor total como anteriormente.

(25)

A func¸˜ao de ligac¸˜ao logit ´e dada por: g(µi j) = ln(

πi j

1−πi j), sendo g(µi j) = ηi j, onde, πi j ´e a probabilidade de sucesso do indiv´ıduo i no tempo j (P(Yi j = 1)). O ( πi j

1−πi j) ´e chamado odd ratio ou raz˜ao de chances.

Os modelos testados s˜ao:

• Modelo linear generalizado misto I (C. Symmetry):

ηi j = Xi jβ+Ui+Zi j onde: ηi j →ln  π i j 1−πi j  ; Xi jβ→E[Yi j];

Ui →efeito aleat ´orio do indiv´ıduo, Ui ∼N(0, ν2);

Zi j →erro de medida, Zi j ∼ N(0, τ2).

• Modelo linear generalizado misto II (Random Intercept and Slop):

ηi j =Xi jβ+Ui1+U2iti j+Zi j onde: ηi j →ln  πi j 1−πi j  ; Xi jβ→E[Yi j];

Ui1 →efeito aleat ´orio do indiv´ıduo;

Ui2ti j →interac¸˜ao entre o efeito aleat ´orio do indiv´ıduo com o tempo;

Zi j →erro de medida, Zi j ∼ N(0, τ2); U1 i Ui2  ∼BV N(0,  ν12 ν12 ν22  ) 2.4.2 Crit´erio de selec¸˜ao

A escolha do modelo longitudinal que melhor se ajustou aos dados foi realizada atrav´es do menor valor de AIC (crit´erio de Akaike - sec¸˜ao 2.1.2), do maior valor da m´axima verossimilhanc¸a, e atrav´es da an´alise gr´afica do variograma te ´orico. Para os modelos line-ares generalizados mistos, o modelo com menor func¸˜ao desvio (sec¸˜ao2.2.2) ´e o de melhor ajustamento.

(26)

3

A N ´A L I S E E X P L O R AT ´O R I A D O S D A D O S

3.1 a n´alise descritiva dos dados

Os dados analisados neste estudo s˜ao provenientes de 63 pacientes de um servic¸o de Psicologia situada na cidade de Braga - Portugal. Por protocolo, em Portugal, o trata-mento psicoter´apico ´e de 20 sess ˜oes, a realizarem-se uma vez por semana. Assim sendo, temos o acompanhamento dos pacientes ao longo das 20 sess ˜oes de terapia, com as mes-mas vari´aveis observadas em 20 momentos temporais sequenciais. Diversas vari´aveis fo-ram observadas, mas as quatro vari´aveis psicoterapˆeuticas de interesse s˜ao: OQ10, que ´e a sintomatologia do paciente; WAI, a alianc¸a paciente - terapeuta; MI, que representa os momentos de inovac¸˜ao que ocorreram na sess˜ao; e RPM, que s˜ao os retornos ao problema.

(a) OQ10

(b) WAI

Figura 3: Boxplot das vari´aveis OQ10 e WAI.

A sintomatologia (OQ10), ’n´ıvel’ em que se encontra da doenc¸a, ´e uma vari´avel cont´ınua e sua escala, nesta amostra, varia de 0 a 39 valores. A alianc¸a paciente-terapeuta (WAI),

(27)

´e uma vari´avel cont´ınua, de escala variando de 27 a 60 valores para esta amostra (Figura 3). A vari´avel momentos de inovac¸˜ao (MI) ´e uma proporc¸˜ao do n ´umero de palavras que formam o total de MIs para o total de palavras da sess˜ao.

MI.prop= # total de palavras que formam os MIs

# total de palavras da sess˜ao

Numa sess˜ao de terapia, na qual ocorram momentos de inovac¸˜ao, o paciente ainda pode ter um retorno ao problema (RPM). ´E uma vari´avel cont´ınua, apresentada em proporc¸˜ao (RPM.prop), onde representa o n ´umero de RPMs ocorridos em relac¸˜ao ao n ´umero total de MIs ocorridos. Devido ao processo moroso de identificac¸˜ao dos MIs, apenas 16 indiv´ıduos possuem as vari´aveis momentos de inovac¸˜ao (MIs) e retornos ao problema (RPMs).

Tabela 1: Vari´aveis observadas.

Vari´avel

OQ10 sintomatologia

WAI alianc¸a paciente-terapeuta

MI.total n ´umero de momentos de inovac¸˜ao ocorridos

MI.prop proporc¸˜ao que representa os momentos de inovac¸˜ao na sess˜ao MI.high momentos de inovac¸˜ao dos tipos: A1, R1, P1, RC, PC

MI.low momentos de inovac¸˜ao dos tipos: A2, R2, P2

RPM.prop proporc¸˜ao de retornos ao problema em relac¸˜ao aos MIs ocorridos na sess˜ao treat tratamento psicoterapˆeutico utilizado

1→CBT (cognitivo) 2→NT (narrativo) outcome Question´ario BDI

0→ poor outcome 1→ good outcome session vari´avel tempo

total.words n ´umero total de palavras na sess˜ao

Os pacientes observados foram tratados com dois m´etodos distintos de terapia: a cognitiva e a narrativa. Do total, 29 tiveram tratamento pelo m´etodo cognitivo e 34 pelo m´etodo narrativo, n˜ao tendo valores faltantes. Para a vari´avel outcome, 12 pacientes apresentaram good outcome ao final do tratamento, e 28 poor outcome, sendo que tivemos 23 valores em falta (indiv´ıduos que n˜ao foram a ´ultima sess˜ao de terapia ou n˜ao responderam ao ques-tion´ario BDI por motivos desconhecidos) (Figura4).

(28)

3.2. An´alise com dados transversais 15

Figura 4: Boxplot das vari´aveis de interesse.

3.2 a n´alise com dados transversais

Ap ´os a an´alise descritiva dos dados, analisamos as quatro vari´aveis de maior interesse in-dividualmente, como vari´aveis resposta (OQ10, WAI, MI e RPM). Num primeiro momento, tratamos todas as observac¸ ˜oes como independentes (dados transversais) e, conforme resul-tado do ajustamento dos modelos, uma an´alise dos res´ıduos foi feita para a an´alise do variograma emp´ırico.

Tabela 2: Modelos para efeitos fixos.

Modelos E[Yi] = Xiβ

Modelo 01 E[Yi j] =β0+β1outcome∗session

Modelo 02 E[Yi j] =β0+β1outcome+β2session

Modelo 03 E[Yi j] =β0+β1treat∗session

Modelo 04 E[Yi j] =β0+β1treat+β2session

Modelo 05 E[Yi j] =β0+β1outcome∗session+β2treat

Modelo 06 E[Yi j] =β0+β1treat∗session+β2outcome

Modelo 07 E[Yi j] =β0+β1outcome+β2treat+β3session

Modelo 08 E[Yi j] =β0+β1session

(29)

Foram testados v´arios modelos para cada vari´avel resposta com diversas combinac¸ ˜oes de vari´aveis explicativas e suas interac¸ ˜oes (Tabela2). Esses modelos foram testados para saber-mos quais os efeitos estatisticamente significativos. As vari´aveis explicativas s˜ao outcome, com dois tratamentos good outcome e poor outcome; treat, com tratamentos cognitivo e narrativo; e session, que representa o tempo (as 20 sess ˜oes de terapia realizadas).

3.2.1 Vari´avel resposta - OQ10

Ao analisarmos a vari´avel que representa a sintomatologia do paciente (OQ10), conside-ramos as observac¸ ˜oes independentes entre si e realizamos uma an´alise de regress˜ao linear m ´ultipla com os diferentes modelos representados na Tabela 2. O modelo 09, contendo interac¸ ˜oes das duas vari´aveis (outcome e treat) com o tempo (vari´avel session) apresentou a interac¸˜ao treat∗session como sendo n˜ao significativa (p-valor = 0,106 > α = 0,05, n˜ao se rejeita H0). Sendo assim, o modelo 05: E[Yi j] = β0+β1outcome∗session+β2treat foi

o que obteve o melhor ajustamento. A Tabela 3apresenta os resultados encontrados para esse modelo, que possui um R2 = 0,261 (est´a a explicar 26% da variabilidade dos dados). Nota-se que a vari´avel outcome (p-valor = 0,529 > α = 0,05, n˜ao se rejeita H0) n˜ao

apre-senta diferenc¸a estat´ıstica entre os seus dois n´ıveis (poor e good) no in´ıcio do tratamento psicoterapˆeutico, isto ´e, podemos considerar que todos os pacientes encontravam-se num mesmo ’n´ıvel’ de depress˜ao/ansiedade. A interac¸˜ao outcome∗session (p-valor = < 0,0001

< α = 0,05, rejeita-se H0) ´e altamente significativa, por conseguinte, o OQ10, est´a a variar

com o passar das sess ˜oes de terapia, e esse efeito ´e diferente para o good e poor outcome. Na Figura5, essa diferenc¸a do good outcome ao longo das sess ˜oes de terapia nota-se de ma-neira n´ıtida. Podemos ver que o OQ10 para good outcome est´a a diminuir com o passar das sess ˜oes, enquanto o OQ10 para poor outcome mant´em-se praticamente sem alterac¸˜ao, ou seja, a psicoterapia est´a apresentando resultados positivos na sintomatologia do paciente para aqueles que terminaram com good outcome.

Tabela 3: Output do modelo de regress˜ao linear para a var. OQ10.

Coeficientes Estimativas Desvio Padr˜ao t value P-valor

β0 22,883 0,963 23,759 <0,0001

β1 outcome2 (poor) 0,690 1,096 0,629 0,5294

β2 session -0,756 0,082 -9,192 <0,0001

β3 treat2 (narrativo) 1,545 0,498 3,105 0,0020

β4 outcome2*session 0,691 0,097 7,133 <0,0001

A vari´avel treat (p-valor = 0,002 < α = 0,05, rejeita-se H0) tem diferenc¸a estat´ıstica

(30)

3.2. An´alise com dados transversais 17

Figura 5: Gr´afico de dispers˜ao vari´avel OQ10.

Figura 6: Gr´afico dos res´ıduos do modelo ajustado.

narrativo apresentam valores 1,545 vezes mais altos de OQ10 que os pacientes com trata-mento cognitivo, mas, como sua interac¸˜ao com o tempo n˜ao foi significativa, essa diferenc¸a entre tratamentos mant´em-se constante ao longo das sess ˜oes de terapia. Na Figura 6, onde

(31)

os res´ıduos deveriam apresentarem-se de forma aleat ´oria, observa-se a existˆencia de um padr˜ao, logo, um estudo longitudinal se faz necess´ario. O variograma (Figura 7), feito com os res´ıduos da regress˜ao linear m ´ultipla apresentada na Tabela 3, mostra que apro-ximadamente 14 da variˆancia ´e erro de medic¸˜ao (erro aleat ´orio), sendo a variˆancia entre os indiv´ıduos a maior parte da variˆancia total. J´a na variˆancia dentro dos indiv´ıduos, a linha do variograma apresenta um padr˜ao crescente com o aumento da distˆancia tempo-ral, indicando que, ap ´os retirarmos a influˆencia das covari´aveis, ainda temos presente uma estrutura de correlac¸˜ao entre medidas de um mesmo indiv´ıduo. Consequentemente, um estudo longitudinal ´e necess´ario.

Figura 7: Variograma dos res´ıduos do modelo ajustado.

3.2.2 Vari´avel resposta - WAI

A vari´avel WAI, que representa a alianc¸a paciente - terapeuta, foi analisada como vari´avel resposta com os modelos da Tabela 2, e obteve, como melhor ajustamento, o modelo 07: E[Yi j] = β0+β1outcome+β2treat+β3session. As interac¸ ˜oes testadas (outcome∗session e

treat∗session) n˜ao se mostraram significativas para WAI (p-valor>α= 0,05, n˜ao se rejeita H0). A alianc¸a paciente - terapeuta est´a a aumentar no decorrer das sess ˜oes, e pacientes

com good outcome tˆem maior alianc¸a, assim como pacientes com terapia cognitiva. Os re-sultados do ajustamento da regress˜ao linear est˜ao apresentados na Tabela4.

(32)

3.2. An´alise com dados transversais 19

Tabela 4: Output do modelo de regress˜ao linear para a var. WAI.

Coeficientes Estimativas Desvio Padr˜ao t value P-valor

β0 50,790 0,685 74,128 <0,0001

β1 outcome2 (poor) -2,475 0,538 -4,601 <0,0001 β2 treat2 (narrativo) -1,391 0,487 -2,858 0,0044

β3 session 0,278 0,042 6,547 <0,0001

Figura 8: Gr´afico de dispers˜ao vari´avel WAI.

A vari´avel outcome apresenta diferenc¸a entre seus n´ıveis (good e poor), assim como a vari´avel treat (cognitivo e narrativo). Contudo, lembrando que suas interac¸ ˜oes com o tempo (session) n˜ao s˜ao significativas, sabemos que o seu efeito ao longo das sess ˜oes ´e o mesmo para good e poor outcome, e para os tratamentos cognitivo e narrativo (Figura8).

Os res´ıduos (Figura 9) n˜ao se apresentam de forma aleat ´oria (nota-se um padr˜ao) suge-rindo uma aplicac¸˜ao de modelos longitudinais. No variograma (Figura 10), continuamos com aproximadamente 14 de erro de medic¸˜ao, mas a variˆancia entre indiv´ıduos ´e consi-deravelmente maior que a variˆancia dentro do pr ´oprio indiv´ıduo. A linha do variograma apresenta crescimento ao aumentarmos a distˆancia temporal, indicando a existˆencia de uma estrutura de correlac¸˜ao que depende da distˆancia temporal das medidas e consequente ne-cessidade de uma an´alise longitudinal.

(33)

Figura 9: Gr´afico dos res´ıduos do modelo ajustado.

(34)

3.2. An´alise com dados transversais 21

3.2.3 Vari´avel resposta - MI

A vari´avel momentos de inovac¸˜ao (MI) ´e apresentada como uma proporc¸˜ao do total de palavras da sess˜ao, raz˜ao pela qual um modelo linear generalizado com func¸˜ao de ligac¸˜ao logit foi utilizado para a modelac¸˜ao da mesma. Foram testados todos os mode-los para a m´edia (Tabela 2) e, o que melhor obteve ajustamento foi o com duas interac¸ ˜oes (ln πi

1−πi 

= β0+β1outcome∗session+β2treat∗session). Os resultados desde modelo s˜ao

apresentados na Tabela5.

Tabela 5: Output do modelo de regress˜ao linear para a var. MI.

Coeficientes Estimativas Desvio Padr˜ao z value P-valor

β0 -1,902 0,007 -264,979 <0,0001 β1outcome2 (poor) -0,426 0,007 -57,499 <0,0001 β2session 0,045 0,001 73,749 <0,0001 β3treat2 (narrativo) 0,521 0,008 66,558 <0,0001 β4outcome2*session -0,005 0,001 -8,026 <0,0001 β5treat2*session -0,016 0,001 -24,063 <0,0001

Figura 11: Gr´afico de dispers˜ao vari´avel MI.prop.

Este modelo tem func¸˜ao desvio no valor de 165124,40 (sendo a mais baixa dentre todos os modelos testados), e todas as vari´aveis e suas interac¸ ˜oes s˜ao altamente significativas (p-valor< α= 0,05, rejeita-se H0), isto ´e, temos diferenc¸a estat´ıstica entre os n´ıveis de

(35)

tra-Figura 12: Gr´afico dos res´ıduos do modelo ajustado.

tamentos (treat) e nos n´ıveis de outcome. Com as interac¸ ˜oes tamb´em sendo significativas, o efeito do tempo nos MIs difere para os tratamentos e para os outcomes (Figura 11). Os pacientes com poor outcome tˆem 0,51% menos chances de ocorrˆencia de MIs que os paci-entes com good outcome. Para os pacipaci-entes com tratamento narrativo, esperamos 1,59% a menos de chances de ocorrerem MIs. A dispers˜ao dos res´ıduos (Figura 12) apresenta-se mais aleat ´oria que os modelos anteriores, mas ainda nota-se um leve padr˜ao que pode ser melhorado com a an´alise longitudinal. O variograma dos res´ıduos n˜ao pode ser realizado por n˜ao estar implementado computacionalmente.

3.2.4 Vari´avel resposta - RPM

A vari´avel retorno ao problema (RPM) ´e uma proporc¸˜ao do n ´umero de RPMs em relac¸˜ao ao n ´umero de momentos de inovac¸˜ao (MI) numa mesma sess˜ao. Por tratar-se de uma proporc¸˜ao, usamos um modelo linear generalizado com func¸˜ao de ligac¸˜ao logit para a an´alise transversal.

Ajustamos, para a m´edia, os modelos apresentados na Tabela2e, o que apresentou me-nor func¸˜ao desvio (deviance = 719, 57) foi o modelo 09: ln



πi 1−πi



= β0+β1outcome∗

session+β2treat∗session. Na Tabela 6observa-se que os tratamentos diferem entre si (p-valor = < 0,0001 < α = 0,05, rejeita-se H0), assim como os outcomes poor e good tamb´em

(36)

3.2. An´alise com dados transversais 23

diferem (p-valor =< 0,0001<α= 0,05, rejeita-se H0). Com ambas interac¸ ˜oes significativas: outcome2∗session (p-valor =< 0,0001 < α= 0,05, rejeita-se H0) e treat2∗session (p-valor = 0,003 < α = 0,05, rejeita-se H0), temos que o efeito do tempo nos RPMs diferem para

as categorias de tratamento (cognitivo e narrativo) e para outcome good e poor (Figura 13). Para cada sess˜ao de terapia realizada, os pacientes com tratamento narrativo, diminuem a chances de ocorrˆencia de RPMs em 3,25%, chegando a 20a sess˜ao com probabilidades de ocorrˆencia de RPMs pr ´oximas aos dos pacientes com tratamento cognitivo. Para os pacien-tes com poor outcome, a cada sess˜ao realizada, a chance de ocorrerem RPMs ´e 4,18% a mais que os pacientes com good outcome.

Tabela 6: Output do modelo de regress˜ao linear para a var. RPM.

Coeficientes Estimativas Desvio Padr˜ao z value P-valor

β0 -1,177 0,115 -10,246 < 0,0001 β1treat2 (narrativo) 0,571 0,123 4,646 < 0,0001 β2session -0,040 0,010 -3,807 0,0001 β3outcome2 (poor) -0,216 0,113 -1,909 0,0563 β4treat2*session -0,033 0,011 -3,012 0,0026 β5outcome2*session 0,041 0,010 3,928 < 0,0001

Figura 13: Gr´afico de dispers˜ao vari´avel RPM.prop.

Os res´ıduos (Figura14) apresentaram um padr˜ao bem vis´ıvel e uma an´alise com modelos longitudinais ´e indicada. O variograma dos res´ıduos n˜ao pode ser realizado por n˜ao estar

(37)

Figura 14: Gr´afico dos res´ıduos do modelo ajustado.

implementado computacionalmente.

3.2.5 Conclus˜oes

A vari´avel explicativa treat apresentou diferenc¸a estat´ıstica entre os seus dois tratamentos (cognitivo e narrativo) para todas as vari´aveis respostas (OQ10, WAI, MI e RPM). Por´em, a interac¸˜ao treat∗session s ´o foi significativa para as vari´aveis MI e RPM, ou seja, o efeito do tempo nos MIs e RPMs ´e diferente para os tratamentos cognitivo e narrativo. J´a a vari´avel outcome n˜ao se mostrou estatisticamente significativa (poor vs. good) para as vari´aveis res-posta OQ10 e RPM, mas, para as outras vari´aveis (WAI e MI), temos diferenc¸as entre good outcome e poor outcome no in´ıcio do tratamento. Suas interac¸ ˜oes s˜ao significativas para as vari´aveis OQ10, MI e RPM, ou seja, o efeito do tempo sobre OQ10, MI e RPM diferem para good e poor outcome.

Conclu´ımos que, para os quatro modelos (apresentados na Tabela7), com dados tratados como observac¸ ˜oes independentes (sem correlac¸˜ao entre medidas de um mesmo indiv´ıduo), ainda observamos correlac¸˜ao nos res´ıduos. Nos variogramas apresentados (Figuras7,10), realizados com os res´ıduos dos modelos ajustados, h´a presenc¸a de correlac¸˜ao entre medi-das de um mesmo indiv´ıduo. Os modelos longitudinais tˆem em conta uma estrutura de correlac¸˜ao entre medidas de um mesmo indiv´ıduo e ´e o nosso pr ´oximo passo na an´alise

(38)

3.2. An´alise com dados transversais 25

dos dados neste estudo.

Tabela 7: Modelos com melhor ajustamento para dados transversais.

Var. Resposta E[Yi] =Xiβ

OQ10 E[Yi j] =β0+β1outcome∗session+β2treat

WAI E[Yi j] =β0+β1outcome+β2treat+β3session

MI ln πi

1−πi 

=β0+β1treat∗session+β2outcome∗session

RPM ln πi

1−πi 

(39)
(40)

4

A N ´A L I S E L O N G I T U D I N A L P O R VA R I ´A V E L

Ap ´os a an´alise com dados transversais e a constatac¸˜ao de uma correlac¸˜ao entre medidas de um mesmo indiv´ıduo, an´alises com modelos longitudinais foram realizadas. Testamos quatro modelos longitudinais descritos na sec¸˜ao2.4, e na parte fixa de cada modelo longi-tudinal foram usados os modelos determinados na an´alise transversal para cada vari´avel resposta.

4.1 va r i´avel resposta - O Q10

Na sec¸˜ao 3.2.1(an´alise transversal dos dados) definimos que, para OQ10 como vari´avel resposta, o modelo com melhor ajustamento ´e E[Yi j] = β0+β1outcome∗session+β2treat.

Testamos os quatro modelos longitudinais, e na Tabela 8, apresentamos os crit´erios de selec¸˜ao para comparac¸˜ao dos modelos.

Tabela 8: Comparac¸˜ao de modelos longitudinais para a var. OQ10.

Var. resposta: OQ10 AIC Likelihood

Modelo I - C. Symmetry 4380,767 -2183,383

Modelo II - Random Intercept and Slop 4340,386 -2161,193 Modelo III - corr. Exponencial 4271,563 -2126,782 Modelo IV - corr. Gaussiana 4269,983 -2125,991

O modelo que apresentou menor AIC e maior verossimilhanc¸a foi o modelo IV - com efeito aleat´orio e estrutura de correlac¸˜ao gaussiana, por´em, os ´ındices do modelo III - com efeito aleat´orio e estrutura de correlac¸˜ao exponencial ficaram muito pr ´oximos, levando-nos `a an´alise gr´afica do variograma da Figura 16 (te ´orico vs. emp´ırico). Nesse variograma foi sobreposto o variograma emp´ırico e os variogramas te ´oricos das estruturas de correlac¸˜ao gaussiana e exponencial dos modelos ajustados. Observamos que a estrutura de correlac¸˜ao exponencial obteve um melhor ajustamento (melhor aproximac¸˜ao `a linha do variograma emp´ırico). De-finimos ent˜ao que o modelo com melhor ajustamento ´e o Modelo III, que possui um efeito

(41)

aleat ´orio e uma estrutura de correlac¸˜ao exponencial.

Tabela 9: Output do Modelo III de regress˜ao longitudinal para a var. OQ10.

Coeficientes Estimativas Desvio Padr˜ao t value P-valor

β0 24,271 1,972 12,308 <0,0001 β1 outcome2 (poor) 0,158 2,100 0,075 0,9405 β2 session -0,829 0,108 -7,664 <0,0001 β3 treat2 (narrativo) 1,537 1,563 0,983 0,3318 β4 outcome2*session 0,703 0,128 5,512 <0,0001 ν2(var(Ui)) 10,526 - - 2(var(Wi)) 20,880 - - 2(var(Zi j)) 10,700 - - 12,324 - -

-Figura 15: Gr´afico OQ10 x session (regress˜ao longitudinal).

Analisando os efeitos do Modelo III (Tabela9), observamos que a vari´avel outcome n˜ao tem diferenc¸a estat´ıstica (p-valor = 0,940>α= 0,05, n˜ao se rejeita H0) entre os seus tratamentos

(good e poor), no entanto, sua interac¸˜ao com o tempo (session) ´e significativa (p-valor = 0,000<α= 0,05, rejeita-se H0) e, com isso, conclu´ımos que o efeito do tempo sobre o OQ10 ´e diferente para os dois n´ıveis de outcome. Os pacientes comec¸aram num mesmo n´ıvel de sintomatologia e, ao longo das sess ˜oes terapˆeuticas, o valor de OQ10 diminuiu para good outcome, sugerindo uma melhora no n´ıvel de depress˜ao/ansiedade pela influˆencia da

(42)

4.2. Vari´avel resposta - WAI 29

Figura 16: Variograma te ´orico vs. emp´ırico OQ10.

terapia, enquanto o poor outcome praticamente n˜ao teve alterac¸˜ao no valor ao longo das sess ˜oes (Figura 15). A vari´avel session, que ´e o tempo no modelo, ´e significativa (p-valor = 0,000< α= 0,05, rejeita-se H0). J´a a vari´avel treat (que na an´alise com dados transversais era significativa - tinha diferenc¸a entre tratamentos), n˜ao possui diferenc¸a estat´ıstica entre seus dois tratamentos (cognitivo e narrativo)(p-valor = 0,332>α= 0,05, n˜ao se rejeita H0) e, sua

interac¸˜ao, tamb´em testada, n˜ao se mostrou significativa, logo, n˜ao temos diferenc¸a entre os n´ıveis de tratamento e tamb´em n˜ao se observou efeito do tempo em OQ10 para diferentes tratamentos. Isso expressa que, ao inserirmos no modelo a correlac¸˜ao existente entre as observac¸ ˜oes, os tratamentos cognitivo ou narrativo n˜ao influenciam na sintomatologia do paciente.

4.2 va r i´avel resposta - W A I

Ao analisarmos os dados longitudinalmente, a correlac¸˜ao entre as observac¸ ˜oes de um mesmo indiv´ıduo s˜ao consideradas no modelo. Os quatro modelos longitudinais testados tˆem seus crit´erios de selec¸˜ao apresentados na Tabela10.

Os menores valores de AIC s˜ao dos modelos com efeito aleat ´orio e correlac¸˜ao exponen-cial ou gaussiana, todavia, com pouqu´ıssima diferenc¸a entre os valores. O mesmo acontece para os valores de m´axima verossimilhanc¸a. Analisando o ajustamento do variograma te ´orico vs. emp´ırico (Figura 18), comparando os dois modelos, conclu´ımos que ambos os

(43)

Tabela 10: Comparac¸˜ao de modelos longitudinais para a var. WAI.

Var. resposta: WAI AIC Likelihood

Modelo I - C. Symmetry 4160,566 -2074,283

Modelo II - Random Intercept and Slop 4126,933 -2055,467 Modelo III - corr. Exponencial 4104,246 -2044,123 Modelo IV - corr. Gaussiana 4103,490 -2043,745

modelos possuem um bom ajustamento. Como a diferenc¸a entre os modelos I I I e IV ´e con-siderada insignificante, o modelo escolhido ser´a o modelo III - com efeito aleat´orio e estrutura de correlac¸˜ao exponencial, mantendo-se a mesma estrutura escolhida para a vari´avel OQ10. Os resultados do modelo est˜ao apresentados na Tabela11.

Tabela 11: Output do Modelo I I I de regress˜ao longitudinal para a var. WAI.

Coeficientes Estimativas Desvio Padr˜ao t value P-valor

β0 50,980 1,863 27,361 <0,0001 β1 outcome2 (poor) -2,667 1,831 -1,456 0,1538 β2 treat2 (narrativo) -1,711 1,675 -1,021 0,3138 β3 session 0,247 0,044 5,633 <0,0001 ν2(var(Ui)) 20,124 - - 2(var(Wi)) 10,805 - - 2(var(Zi j)) 9,848 - - 12,968 - -

-Para a vari´avel WAI, n˜ao temos diferenc¸a estat´ıstica entre os tratamentos cognitivo e narrativo, assim como para good outcome e poor outcome. O efeito de treat e outcome n˜ao ´e significativo para essa vari´avel. O efeito do tempo (session) ´e significativo (p-valor<0,0001

< α = 0,05, rejeita-se H0), e a alianc¸a paciente- terapeuta (WAI) aumenta com o passar

das sess ˜oes. A Figura 17 est´a representando a vari´avel WAI em func¸˜ao do tempo e e as retas representam o good outcome e o poor outcome s˜ao apenas para efeitos de visualizac¸˜ao - vimos que nesse modelo n˜ao temos diferenc¸a estat´ıstica entre os dois n´ıveis de outcome.

(44)

4.2. Vari´avel resposta - WAI 31

Figura 17: Gr´afico WAI x session (regress˜ao longitudinal).

(45)

4.3 va r i´avel resposta - M I

Na an´alise longitudinal estamos testando quatro modelos (sec¸˜ao2.4), mas, no caso dos momentos de inovac¸˜ao (MIs), a vari´avel resposta ´e uma proporc¸˜ao, e n˜ao temos como tes-tar as estruturas de correlac¸˜ao gaussiana e exponencial porque n˜ao est˜ao implementadas computacionalmente. Apenas os Modelos I (C. Symmetry) e o Modelo II (Random Intercept and Slop) foram testados. Por tratar-se de uma proporc¸˜ao, usamos os modelos lineares ge-neralizados mistos com func¸˜ao de ligac¸˜ao logit (sec¸˜ao 2.4.1). A diferenc¸a ´e que estamos modelando a raz˜ao de chances de ocorrˆencia de MIs e n˜ao o valor total.

Os modelos foram ajustados com a parte f ixa definida na sec¸˜ao3.2.3, η

i = β0+β1 treat∗

session+β2 outcome∗session. O Modelo II obteve uma func¸˜ao desvio bem menor (deviance=

103129, 50) que o Modelo I (deviance=114374, 4), por´em, as duas interac¸ ˜oes n˜ao s˜ao signifi-cativas e foram retiradas do modelo (outcome2∗session (p-valor = 0,141>α= 0,05, n˜ao se rejeita H0) e treat2∗session (p-valor = 0,171>α= 0,05, n˜ao se rejeita H0)).

Na Tabela12observamos que o Modelo II continuou com menor func¸˜ao desvio, e o Modelo I teve pequena alterac¸˜ao na func¸˜ao desvio, contudo, ainda mais elevado que o ajustamento do Modelo II. O modelo escolhido (Modelo II) tem os resultados reportados na Tabela13.

Tabela 12: Comparac¸˜ao de modelos longitudinais para a var. MI.

Var. resposta: MI.prop Deviance

Modelo I - C. Symmetry 115416,8

Modelo II - Random Intercept and Slop 103129,5

Tabela 13: Output do Modelo I I de regress˜ao longitudinal para a var. MI.

Coeficientes Estimativas Desvio Padr˜ao z value P-valor

β0 -1,911 0,227 -8,411 <0,0001

β1outcome2 (poor) -0,588 0,219 -2,683 0,0073

β2treat2 (narrativo) 0,466 0,225 2,077 0,0378

β3session 0,043 0,013 3,367 0,0008

O tempo (session) ´e significativo (p-valor = 0,0008 < α= 0,05, rejeita-se H0), os MIs

au-mentam com o passar das sess ˜oes de terapia (Figura19). O efeito do outcome ´e significativo (p-valor = 0,007<α= 0,05, rejeita-se H0), ou seja, os pacientes com poor outcome tˆem cerca

de 44,45% a menos de chances de ocorrˆencia de MIs. A vari´avel treat tamb´em ´e signifi-cativa (p-valor = 0,038< α = 0,05, rejeita-se H0) e, com isso, os pacientes com tratamento

(46)

4.4. Vari´avel resposta - RPM 33

n˜ao foram significativas, ou seja, os MIs, para os diferentes n´ıveis de tratamento e outcome, n˜ao s˜ao afetados pelo efeito do tempo (session).

O variograma te ´orico n˜ao ´e realiz´avel, pois U2

iti j - interac¸˜ao entre o efeito aleat ´orio do

indiv´ıduo com o tempo - ´e um processo n˜ao estacion´ario.

Figura 19: Gr´afico MI.prop x session (regress˜ao longitudinal).

4.4 va r i´avel resposta - R P M

Como acontece com os momentos de inovac¸˜ao (MIs), a vari´avel resposta RPM ´e uma proporc¸˜ao do n ´umero de ocorrˆencias de RPMs para com o n ´umero de ocorrˆencias de MIs. Utilizamos os modelos lineares generalizados mistos com func¸˜ao de ligac¸˜ao logit, uma vez que vamos modelar as chances de ocorrˆencia de RPMs (o modelo te ´orico est´a descrito na sec¸˜ao2.4.1). Por tratar-se de um modelos generalizado misto, somente o Modelo I (C. Symme-try) e o Modelo II (Random Intercept and Slop) podem ser testados por estarem implementados computacionalmente.

Comec¸amos por ajustar os dois modelos longitudinais com a parte f ixa determinada no estudo transversal: ηi = β0+β1 treat∗session+β2 outcome∗session. Na an´alise

longitu-dinal, a interac¸˜ao treat∗session, n˜ao foi significativa (para Modelo II: p-valor = 0,603> α= 0,05, n˜ao se rejeita H0). Retiramos a interac¸˜ao e, na Tabela14, temos as func¸ ˜oes desvio para os modelos testados. O modelo com menor func¸˜ao desvio ´e o Modelo II (Random Intercept

(47)

and Slop), e os resultados est˜ao apresentados na Tabela15.

Tabela 14: Comparac¸˜ao de modelos longitudinais para a var. RPM.

Var. resposta: RPM Deviance

Modelo I - C. Symmetry 575,92

Modelo II - Random Intercept and Slop 514,62

Tabela 15: Output do Modelo I I de regress˜ao longitudinal para a var. RPM.

Coeficientes Estimativas Desvio Padr˜ao z value P-valor

β0 -1,097 0,201 -5,461 <0,0001

β1outcome2 (poor) -0,208 0,226 -0,916 0,3595

β2session -0,068 0,017 -3,974 <0,0001

β3treat2 (narrativo) 0,406 0,187 2,171 0,0299

β4outcome2*session 0,048 0,023 2,034 0,0420

Figura 20: Gr´afico RPM.prop x session (regress˜ao longitudinal).

O efeito do tempo (session) ´e significativo (p-valor =< 0,0001 < α= 0,05, rejeita-se H0), o n ´umero de ocorrˆencias e RPMs diminui com o passar das sess ˜oes de terapia (Figura 20). Para a vari´avel outcome, o efeito n˜ao ´e significativo (p-valor = 0,359 > α= 0,05, n˜ao se rejeita H0), ou seja, n˜ao temos diferenc¸a entre good e poor outcome para a chance de

(48)

signifi-4.5. Conclus ˜oes 35

cativa (p-valor = 0,042 < α= 0,05, rejeita-se H0), o efeito do tempo nos RPMs ´e diferente

para poor e good outcome. Os pacientes com poor outcome tˆem 4,87% a mais de chances de ocorrˆencia de RPMs que os pacientes com good outcome no decorrer das sess ˜oes. J´a o tipo de tratamento (cognitivo e narrativo) ´e significativa (p-valor = 0,030 < α = 0,05, rejeita-se H0), logo, os pacientes com tratamento narrativo possuem valores mais altos que os de

tra-tamento cognitivo, observando que, ao avanc¸armos no tempo, essa diferenc¸a permanecer´a, n˜ao sendo afetada pelo tempo (a interac¸˜ao treat∗session n˜ao ´e significativa).

O variograma te ´orico n˜ao p ˆode ser feito (mesma situac¸˜ao que os MIs), pois Ui2ti j

-interac¸˜ao entre o efeito aleat ´orio do indiv´ıduo com o tempo - ´e um processo n˜ao esta-cion´ario.

4.5 c o n c l u s˜oes

Com a an´alise longitudinal, conclu´ımos que, a sintomatologia (OQ10) tem scores menores com o passar do tempo (session) para pacientes com good outcome, j´a para os pacientes com poor outcome, o score de OQ10 tem m´ınima variac¸˜ao (Figura15). Os tratamentos cognitivo e narrativo n˜ao tˆem efeito significativo para a sintomatologia do paciente. A alianc¸a paciente - terapeuta (WAI) aumenta conforme avanc¸amos no tempo (session), sem ser influenciada pelo tipo de tratamento (cognitivo ou narrativo) ou pelo outcome (good ou poor) ao qual o paciente foi submetido (Figura 17). Os momentos de inovac¸˜ao (MIs) aumentam com o n ´umero de sess ˜oes, mas, nem o tipo de tratamento, nem o outcome tˆem efeito significativo sobre o aumento na chance de ocorrˆencia de MIs ao longo das sess ˜oes (suas interac¸ ˜oes com session n˜ao foram significativas). Observamos tamb´em que, os tratamentos diferem entre si: para o tratamento narrativo, esperamos uma chance de ocorrˆencia de MIs, 59,40% maior do que para o tratamento cognitivo. Os pacientes com good outcome possuem 55,55% de chan-ces a mais de ocorrˆencia de MIs que os pacientes com poor outcome (Figura19). As chances de ocorrˆencia de retornos ao problema (RPMs) diminuem com o passar das sess ˜oes (Figura 20). O good outcome e o poor outcome n˜ao tˆem diferenc¸a estat´ıstica nas primeiras sess ˜oes, n˜ao obstante, sendo a interac¸˜ao significativa, com o passar das sess ˜oes, esperamos que os pacientes com poor outcome tenham 4,87% mais chances de ocorrˆencia de RPMs que os pacientes com good outcome. A interac¸˜ao do tratamento com o tempo (treat∗session) n˜ao ´e significativa, o efeito do tempo nos RPMs n˜ao difere para os tipos de tratamentos (cognitivo e narrativo), entretanto, os tratamentos tˆem diferenc¸a entre si, e pacientes com tratamento narrativo tˆem, em m´edia, 50,14% a mais de ocorrˆencias de RPMs que os pacientes com tratamento cognitivo. Os modelos com melhor ajustamento com dados longitudinais est˜ao

(49)

apresentados na Tabela16.

Tabela 16: Modelos com melhor ajustamento para dados longitudinais.

Var. Resposta Modelos

OQ10 Yi j = Xi jβ+Ui+Wi(ti j) +Zi j

com: Xi j =E[Yi j] = β0+β1outcome∗session+β2treat

Wi(ti j) →estrutura de correlac¸˜ao exponencial temporal

WAI Yi j = Xi jβ+Ui+Wi(ti j) +Zi j

com Xi j= E[Yi j] =β0+β1outcome+β2treat+β3session

Wi(ti j) →estrutura de correlac¸˜ao exponencial temporal MI ηi j= Xi jβ+Ui1+Ui2ti j+Zi j com: ηi j → ln  π i j 1−πi j 

Xi jβ=β0+β1outcome+β2treat+β3session

RPM ηi j= Xi jβ+Ui1+Ui2ti j+Zi j com: ηi j → ln  πi j 1−πi j 

Xi jβ=β0+β1outcome∗session+β2treat

O efeito da vari´avel treat, no estudo transversal, ´e significativa (p-valor < α = 0, 05, rejeita-se H0) para todas as vari´aveis resposta. J´a sua interac¸˜ao, era significativa apenas

para as vari´aveis MI e RPM, ou seja, o efeito do tempo para essas duas vari´aveis defere para cada tipo de tratamento ao longo das sess ˜oes de terapia. Ao fazermos a an´alise lon-gitudinal, onde os modelos incorporam tamb´em a correlac¸˜ao existente entre medidas de um mesmo indiv´ıduo, ela passa a n˜ao ter diferenc¸a entre tratamentos cognitivo e narrativo para as vari´aveis OQ10 e WAI, e suas interac¸ ˜oes com o tempo, passam a n˜ao ser signi-ficativas para todas as vari´aveis resposta. Conclu´ımos, assim, que, ao considerarmos a correlac¸˜ao existente entre as medidas de um mesmo indiv´ıduo, o tipo de tratamento apli-cado, cognitivo ou narrativo, n˜ao tem efeito algum sobre as vari´aveis em estudo (OQ10, WAI, MIs e RPMs). Na Tabela17apresentamos as significˆancias de todas as vari´aveis e de suas interac¸ ˜oes com o tempo.

Tabela 17: An´alise do efeito da vari´avel treat.

Vari´avel resposta

An´alise transversal An´alise longitudinal

β(treat2(narrativo)) β(treati∗sessioni j) β(treat2(narrativo)) β(treati∗sessioni j)

p-valor sig. p-valor sig. p-valor sig. p-valor sig. OQ10 0,0020 RH∗

0 0,1060 NRH∗∗0 0,3318 NRH0 0,0849 NRH0 WAI 0,0044 RH0 0,1263 NRH0 0,3138 NRH0 0,8531 NRH0 MI <0,0001 RH0 <0,0001 RH0 0,0378 RH0 0,1706 NRH0 RPM <0,0001 RH0 0,0026 RH0 0,0299 RH0 0,6034 NRH0 *RH0→rejeita-se a hip ´otese nula **NRH0→n˜ao se rejeita a hip ´otese nula

(50)

4.5. Conclus ˜oes 37

A vari´avel outcome, em an´alise transversal, tem diferenc¸a entre n´ıveis para as vari´aveis WAI e MI, e sua interac¸˜ao com session ´e significativa para as vari´aveis OQ10, MI e RPM. Ao realizarmos a an´alise longitudinal dos dados - considerando a correlac¸˜ao existente entre as medidas de um mesmo indiv´ıduo - o tipo de tratamento passa a ter interac¸ ˜oes significati-vas apenas para as vari´aveis OQ10 e RPM, ou seja, pacientes com good outcome tˆem valores mais baixos no OQ10 (melhora na sintomatologia) e menores chances de ocorrerem RPMs do que os pacientes com poor outcome. Na Tabela 18 apresentamos as significˆancias de outcome em estudo transversal e longitudinal, assim como as significˆancias de sua interac¸˜ao com o tempo (session).

Tabela 18: An´alise do efeito da vari´avel outcome.

Vari´avel resposta

An´alise transversal An´alise longitudinal

β(outcome2(poor)) β(outcomei∗sessioni j) β(outcome2(poor)) β(outcomei∗sessioni j)

p-valor sig. p-valor sig. p-valor sig. p-valor sig. OQ10 0,5294 NRH∗∗ 0 <0,0001 RH0 0,9405 NRH0 <0,0001 RH0 WAI <0,0001 RH∗ 0 0,8059 NRH0 0,1538 NRH0 0,4612 NRH0 MI <0,0001 RH0 <0,0001 RH0 0,0073 RH0 0,1407 NRH0 RPM 0,0563 NRH0 <0,0001 RH0 0,3595 NRH0 0,0420 RH0

*RH0→rejeita-se a hip ´otese nula **NRH0→n˜ao se rejeita a hip ´otese nula

Ap ´os esse estudo do comportamento de cada vari´avel (OQ10, WAI, MI e RPM)como vari´avel resposta em relac¸˜ao a tratamentos e tempo (treat, outcome e session), vamos, no cap´ıtulo seguinte, analisar como elas est˜ao a relacionar-se entre si - como est˜ao a influenciar-se.

(51)

Imagem

Figura 2 : Exemplo de um variograma.
Figura 6 : Gr´afico dos res´ıduos do modelo ajustado.
Figura 7 : Variograma dos res´ıduos do modelo ajustado.
Tabela 4 : Output do modelo de regress˜ao linear para a var. WAI.
+7

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