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Trabalho doméstico não remunerado e a previdência social brasileira

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Academic year: 2021

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LETÍCIA DIAS MAIA

TRABALHO DOMÉSTICO NÃO REMUNERADO E A PREVIDÊNCIA SOCIAL BRASILEIRA

NATAL 2019

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TRABALHO DOMÉSTICO NÃO REMUNERADO E A PREVIDÊNCIA SOCIAL BRASILEIRA

Projeto de pesquisa apresentada ao curso de Ciências Atuariais, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, a ser utilizado como diretrizes para manufatura do Trabalho de Conclusão de Curso.

NATAL 2019

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Dedico esta pesquisa aos meus pais, à minha família, aos meus amigos, à ACTUAR Consult Júnior e à todos os professores do curso de Ciências Atuariais, em especial, à professora e orientadora Jordana Cristina por toda dedicação, colaboração, ensinamentos que me fizeram crescer e por acreditar em mim mesmo quando eu não acreditei.

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RESUMO

O trabalho doméstico não remunerado (TDNR), feito diariamente por brasileiras e brasileiros, por mais que não seja visto com a importância que tem, o movimento da economia, da sociedade, do trabalho e do ensino depende destas atividades. É uma troca de trabalho entre as pessoas que moram no mesmo domicílio. Mulheres são as que mais realizam estas tarefas, oferecendo suporte para que filhos, cônjuges e outras pessoas da família possam trabalhar para trazer capital ao domicílio e estudar para ser um(a) futuro(a) trabalhador(a) e servir ao país. Sem o TDNR, não há sociedade economicamente movimentada, porém não é visto como uma contribuição para a previdência social do Brasil. O reconhecimento desse trabalho na previdência teria um impacto grande na vida dos brasileiros ao receberem esses benefícios, vindos dessas contribuições acumuladas ao longo dos anos. Neste trabalho foi usada como base de dados a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2013 corrigida por Jesus et al. (2018). A presente pesquisa tem como objetivo discutir os efeitos do reconhecimento desta atividade, caso fosse levado em conta nas contribuições da previdência social. Na metodologia utilizada está o modelo de regressão logística feita para obter a razão de chance do indivíduo ser transferidor ou consumidor líquido. Tabelas de produção e transferência foram criadas de acordo com características socioeconômicas da população de idade ativa brasileira de 2013, além de discutir sobre os anos de contribuição da população deste mesmo ano somente em trabalho doméstico não remunerado. Reforçou-se a dominância das mulheres nesta função e que a idade, a renda e a escolaridade são diretamente ligadas ao tempo de atividades domésticas diárias.

Palavras-chave: Trabalho doméstico não remunerado, previdência brasileira,

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ABSTRACT

The unpaid housework (UH), made daily by brazilians, as much as it is not seen with the importance it has, the movement of economy, society, work and education depends on these activities. It is a work exchange among people living in the same household. Women do the most of these tasks, providing support for children, spouses and other family members, than they can work to bring capital to the home and study to be a future worker and serve the country. Without UH, there is no economically busy society, but it is not seen as a contribution to Brazil's social security. Recognition of this work in social security would have a major impact on the lives of Brazilians receiving these benefits from these accumulated contributions over the years. In this study, the 2013 PNAD (National household survey sample)corrected by Jesus et al. (2018) was used as a database. This research aims to discuss the effects of the recognition of this activity, if it were taken into account in social security contributions. In the methodology was used the logistic regression model made to obtain the individual's odds ratio to be a “time transfer” or “time consumer”. Production and transfer tables were created according to socioeconomic characteristics of the Brazilian working age population of 2013, besides discussing about the contribution years of the population of this same year only in unpaid domestic work. It was reinforced about the dominance of women in this function and that age, income and education are directly related to the time of daily domestic activities.

Keywords: Unpaid domestic work, Brazilian social security, gender inequality,

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...7

2. REVISÃO DE LITERATURA...11

2.1 A Divisão Sexual do Trabalho...11

2.2 Trabalho Doméstico Não Remunerado...13

2.3 Diferença Entre Gêneros...15

2.4 Previdência Social...16

3. METODOLOGIA...19

3.1 Fonte de Dados...19

3.2 Definições...20

3.1.1 Produção e Consumo...20

3.1.2 Transferidor e Consumidor Líquido...21

4. RESULTADOS...23

5. CONCLUSÃO...36

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1 INTRODUÇÃO

Para Barbosa (2011, p.01) “Na história da humanidade o trabalho sempre esteve presente, relacionado ao desenvolvimento humano e à transformação da natureza”. É considerado trabalho toda atividade que envolva um esforço e ação humana com um propósito final e que seja feita através das capacidades físicas e mentais do indivíduo. Fundamental para o desenvolvimento social e cultura de uma sociedade (BARBOSA, 2011). Por mais que este termo, atualmente, esteja ligado ao salário, nem todo trabalho é assalariado. Há uma diferença entre trabalho e emprego que é importante saber distinguir. Enquanto trabalho se define pela realização de tarefas, como dito anteriormente, o emprego, por sua vez, “reflete a relação entre o indivíduo e a organização onde uma tarefa produtiva é realizada, pela qual aquele recebe rendimentos, e cujos bens ou serviços são passíveis de transações no mercado”, segundo Woleck (2002 apud SOUZA, 1981, p. 26).

A PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios em 1995 classificou o trabalhador não remunerado, membro da unidade domiciliar e o empregado (aqueles que possuem carteira de trabalho assinada; são militares e funcionários estatutários; e outros) como ocupado.

O trabalho doméstico não remunerado - TDNR, por sua vez, é aquele que é feito por uma pessoa que atende às necessidades básicas humanas, sem fim lucrativo, mesmo com a possibilidade de ter uma contratação de terceiros envolvida. Segundo Bruschini (2006), este tipo de trabalho realizado, em sua maioria por “donas de casas”, sempre foi concebido como inatividade econômica. Barbosa (2011) afirma que o trabalho doméstico ainda continua invisível e desvalorizado por ser feito por mulheres. Com este pensamento, deve-se reconhecer esse serviço como trabalho e sua importância na questão econômica, na continuidade e reprodução social, levando a políticas voltadas à população de idade ativa que estão no mercado de trabalho produzem serviços domésticos.

Nas últimas décadas, observou-se um aumento considerável nas taxas de participação feminina no mercado de trabalho. Probst (2007) cita dados de pesquisas do IBGE (PNAD e “Perfil das Mulheres Responsáveis pelos Domicílios no

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Brasil”). Em 1973, por exemplo, 30,9% da População Economicamente Ativa (PEA) era feminina e, ao final da década de 90, aumentou para 41,4%. Sendo assim, muitas mulheres realizam hoje duplas jornadas, trabalhando não apenas dentro de seu domicílio, como também formalmente e remuneradas. Entre 1991 e 2000, a proporção de domicílios com responsáveis do sexo feminino aumentou de 18,1% para 24,9%.

Este comportamento da população feminina foi consequência de diversas alterações. As mudanças culturais, o aumento de escolarização das mulheres e a redução da taxa de fecundidade, segundo estes mesmos autores, são alguns exemplos. Por outro lado, Fontoura e Gonzalez (2009, p.23) também informam a outra realidade de diferenças no trabalho formal entre homens e mulheres: “Em 2008, enquanto o trabalhador brasileiro do sexo masculino recebia em média R$ 1.070,00, as trabalhadoras ganhavam R$ 700,00, ou seja, 65% do rendimento dos homens”. Ou seja, ainda não há uma equidade salarial entre homens e mulheres no Brasil.

A ideia de remunerar mulheres que exercem esta atividade “[...] é baseada na suposição de que ela produz uma mercadoria tão importante e valiosa quanto as mercadorias que seu marido produz no emprego” (DAVIS, 2016, p. 246). A autora do livro “Mulheres, Raça e Classe” adotou, por sua vez, o Movimento pela Remuneração das Tarefas Domésticas de Dalla Costa (1973 apud DAVIS, 2016, p.246). Entretanto, existem controvérsias a respeito disso. Se, por um lado, esse trabalho fosse remunerado e continuasse sendo feito apenas por mulheres, a remuneração legitimaria essa atividade como sendo responsabilidade feminina. Por outro lado, se não se reconhece esse tipo de atividade como geradora de produtos na economia, mantém-se muitas mulheres sem acesso à renda e a formas de vivenciar independência econômica (DAVIS, 2016).

Este tipo de trabalho (doméstico não remunerado) ainda não é visto legalmente como um trabalho que serve de contribuição para a previdência social. Por outro lado, existe uma contribuição indireta por parte desses trabalhadores, apesar de, historicamente e naturalmente, essas tarefas serem definidas como um trabalho inferior em relação ao trabalho formal remunerado (DAVIS, 2016). Mas

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estas tarefas diárias ajudam a movimentar a economia do país e garantem o bem-estar das famílias. Por exemplo, um (a) cônjuge que trabalha fazendo tarefas domésticas, assegura que seu/sua parceiro(a) possa se dedicar ao trabalho remunerado, não será beneficiado (a) pela aposentadoria, por não ser um emprego (formal ou informal). Sendo assim, o assunto é de suma importância, principalmente na atualidade, dentro da discussão de reforma na previdência brasileira.

As estimativas são de que, caso esse trabalho fosse remunerado ao longo de um ano, esse tipo de trabalho equivaleria a 11,2% do PIB brasileiro, chegando a R$ 260,2 bilhões em 2006 (MELO et. al 2007). Esse valor demonstra a grandiosidade da quantidade de trabalho feito cotidianamente no interior das famílias. Deste modo, pode-se afirmar que o reconhecimento desse trabalho na previdência teria um impacto grande na vida dos brasileiros, principalmente das mulheres, ao receberem esses benefícios vindos dessas contribuições acumuladas de trabalho doméstico. Socialmente, teria um impacto grande na independência, por exemplo, de muitas mulheres, que possuem jornadas maiores que o dobro da masculina em todos os grupos etários.

O objetivo deste trabalho é observar os efeitos de como seria se esta atividade doméstica não remunerada fosse tratada como uma forma de contribuição indireta para previdência atual, por assegurar o bem estar das famílias e a sua continuidade na humanidadek. Deseja-se discutir, a partir dessas análises, qual seria o impacto na previdência social brasileira, caso o trabalho doméstico não remunerado servisse como contribuição.

Porém, para fazer um estudo desse tema, o maior problema encontrado é a falta de informações brasileiras. Pois se sabe, por exemplo, que o tempo dedicado ao trabalho doméstico tende a ser subestimado quando captado através de uma única pergunta (número total de horas dedicadas por semana para esse tipo de trabalho), como é o caso da PNAD (JESUS, 2018). Para tanto, recorreu-se a uma análise da informação de tempo de trabalho doméstico já com a correção de sub-registro de horas realizada por Jesus (2018), com foco no tempo transferido de trabalho doméstico aos moradores do domicílio.

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que segue traz a revisão de literatura, onde são apresentadas algumas definições juntamente com situação atual do Brasil em relação ao trabalho, ao trabalho doméstico não remunerado, à divisão e diferenças entre homens e mulheres em relação ao trabalho e à previdência social brasileira. Na seção da metodologia, são apresentadas as fontes de dados utilizadas para este trabalho e algumas definições específicas da atividade doméstica não remunerada importantes para facilitar a contextualização da produção, consumo e transferência de trabalho doméstico. Na seção de resultados, os expõem de acordo com as fontes utilizadas e as metodologias utilizadas. Por último, a conclusão apresenta as potencialidades e limitações deste estudo, bem como uma agenda de estudos futuros.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A Divisão Sexual do Trabalho

De acordo com Bruschini (2006, p.334), “a definição de trabalho passou a ser a de ocupação econômica remunerada em dinheiro, produtos ou mercadorias, ou somente benefícios” com a nova Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) e suas alterações. Porém, a definição inicial continua sendo um esforço humano, uma atividade produtiva que, não necessariamente tem como finalidade monetária. Diferente de emprego, por exemplo, em que o indivíduo envolvido está participando da parte econômica, independentemente de sua função. Portanto, alguém que realiza tarefas domésticas sem remuneração, apesar de ser um trabalho, pode não ser um empregado ou uma empregada.

Fontoura e Gonzalez (2009) acreditam que a divisão sexual do trabalho e as desigualdades de gênero são as maiores causas para inserção desigual de homens e mulheres no mercado de trabalho. Como definição principal e simples, para Kergoat (2003, p.55), “A divisão sexual do trabalho é a forma de divisão do trabalho social decorrente das relações sociais de sexo”. Ou seja, são as diferenças que se observam entre homens e mulheres em relação ao trabalho, sendo ele remunerado ou não. Apesar do crescimento do empoderamento feminino no Brasil, fazendo com que mais mulheres ocupem espaços que, antes não era possível e, muitas outras conquistas econômicas e sociais, essas diferenças são formadas historicamente e enraizadas na cultura em todo o mundo. São citadas como “papel da mulher”, como fazer tarefas domésticas, até profissões como professora, enfermeira ou arquiteta e, “papel do homem” que geralmente é voltado para atividades com cargos maiores e manuais que envolve força, como o pedreiro, o médico e o engenheiro. Porém as “[...] condições em que vivem homens e mulheres não são produtos de um destino biológico, mas, antes de tudo, construções sociais” segundo Kergoat (2003, p.55).

Um dos problemas da divisão dos trabalhos entre homens e mulheres são as barreiras geradas, como, por exemplo, os homens terem mais probabilidade de pertencer à força de trabalho em relação às mulheres (OLIVEIRA, 1997). Outro

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exemplo é a segregação ocupacional: há dois mercados distintos para cada gênero, fazendo com que os homens consigam uma “aprovação social como trabalhador e o trabalho das mulheres se torna invisível porque é feito em casa” (OLIVEIRA, 1997, p.09) e, que esses “valores sociais encorajam os empregadores a banir mulheres de várias ocupações tornam comum a discriminação às mulheres porque presumivelmente os homens as sustentam”, como também cita Oliveira (1997, p.09).

Além disso, a autora comenta os motivos que levam a essa distinção, que são de natureza social e cultural. A demanda que tem preferência por homens, carrega uma certa discriminação, enquanto a oferta leva as mulheres a se qualificarem para “cargos femininos”, o que as limita no mercado de trabalho (OLIVEIRA, 1997).

A partir de pesquisas de uso do tempo é possível saber como está sendo distribuído o tempo dos habitantes em afazeres domésticos (SOARES, SABÓIA, 2007). Dados estes, que refletem fenômenos de origens socioeconômicas e demográficas, segundo as autoras.

Por exemplo, boa parte da população feminina no mercado de trabalho tem uma ‘dupla jornada’, pois como mencionado anteriormente, consiste na população que mais produz trabalho doméstico não remunerado. Motivos que podem ser por escassez de creches, pela renda que não atende todas as necessidades ou para contratar este serviço. Além das crianças, este grupo está socialmente “encarregado” de cuidar de idosos e, com o envelhecimento populacional, vai demandar mais tempo de cuidado ao passar da idade. Soares e Sabóia (2007, p. 08) acreditam que, “[...] futuramente, poderá se ouvir não mais sobre a dupla jornada, mas a tripla [...]”. Ou seja, em média, as mulheres dedicam mais tempo trabalhando, sendo remunerado ou não.

A desigualdade salarial entre os gêneros masculino e feminino nunca foi explicada por alguma variável observada. Por isso, a discriminação vem como uma explicação, segundo estudos já feitos que procuram o real motivo deste fato (PINHEIRO et al., 2016). Segundo a pesquisa de Pinheiro et al. (2016), entre 2004 e 2014, as mulheres obtiveram um crescimento de rendimento médio de 61%, já os homens cresceram em 44%. Apesar desses dados positivos e da diminuição de

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desigualdade sexual e racial de salário nestes anos apresentados, as mulheres conseguiram alcançar, em 2014, 70% da renda masculina, sem entrar na parte racial, onde a discriminação é maior. Ou seja, a população masculina ainda tem o rendimento médio do trabalho principal maior que do rendimento feminino, para os mesmos autores.

2.2 Trabalho Doméstico Não Remunerado

O trabalho doméstico não remunerado é um tipo de trabalho realizado diariamente nos domicílios pelos próprios ou próprias residentes, para atender as necessidades básicas de todos os moradores, cujos podem produzir e consumir da mesma atividade. São englobadas atividades básicas de limpeza ou manutenção e reparos na residência, até mesmo pagamento de contas em geral e cuidado com pessoas (geralmente, filhos e idosos). Levando em conta a definição de TDNR, a PNAD é a melhor fonte brasileira para ser considerado neste trabalho. Ela indica quem é o indivíduo responsável pelo domicílio, características de todas as formas de trabalho. No caso do doméstico não remunerado (atividades necessárias para próprio consumo e para outro membro e cuidados com pessoas), a pesquisa detalha quantas horas semanais a pessoa dedica àquilo.

A partir dos dados ponderados da PNAD 2014, o total de pessoas que estavam trabalhando na data de referência da pesquisa foi de 94.845.018 indivíduos, dos quais 66% são os homens, e 44% as mulheres. Cabe destacar que, entre as mulheres que estavam trabalhando, 90% delas cuidavam dos afazeres domésticos, enquanto apenas 51% dos homens o faziam.

(FELIX et al., 2014, p. 7)

Ao pesquisar os microdados da PNAD em 2014, Felix et al. (2014) observaram que, entre a população com trabalho formal, os homens dedicam 41 horas semanais, em média, enquanto que as mulheres dedicam 35 horas. “Uma possível explicação pode ser o fato das mulheres procurarem empregos com carga horária reduzida para conciliar com os afazeres domésticos e o cuidado da família” (FELIX et al., 2014, p. 7). Porém, ao somar essas horas com as dedicadas às

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atividades domésticas, temos ao total, mulheres com 59 horas semanais e homens com 51,54 horas semanais, em média em trabalho.

Entre 2001 e 2008, as mulheres diminuíram em cinco horas o tempo gasto com o trabalho doméstico – de 30,6 para 25,1 horas por semana –, enquanto os homens passaram de 11,2 para 10,0 horas semanais. Uma possível explicação estaria no aumento do acesso a recursos que facilitam a vida de quem realiza afazeres domésticos, como saneamento, acesso a água, a eletrodomésticos ou, ainda, a equipamentos públicos, como creches. Esta ampliação é em alguma medida confirmada pelos dados da PNAD, mas não parece ser suficiente para impactar de tal maneira a jornada de trabalho doméstico das mulheres, fato que merece ser mais investigado.

Outra pesquisa que traz informações sobre o trabalho doméstico é a PNAD Contínua. O indivíduo que faz essas tarefas se encaixa em um grupo que faz “trabalho nos afazeres domésticos” que, de acordo com a versão 1.5 das notas técnicas feitas pela PNAD Contínua (2018), são “atividades realizadas para benefício próprio, sem envolver qualquer tipo de remuneração (dinheiro, produtos ou mercadorias)”.

A Pesquisa Nacional de Uso do Tempo (ENUT) de 2012 a 2013, realizada na Colômbia, é uma fonte de dados que pode ser usada para comparar com a realidade brasileira e verificar a qualidade desse dado. A Colômbia, por sua vez, tem uma pesquisa mais completa sobre o uso do tempo, dedicado a atividades de trabalho e pessoais com habitantes a partir dos 10 anos de idade. Em relação ao TDNR, obtiveram o tempo de trabalho separando as atividades de cuidados a moradores das demais tarefas (JESUS,2018).

Jesus (2018) faz uma correção de dados em relação ao número de horas de atividades domésticas. A partir da padronização da divisão de trabalho doméstico não remunerado na ENUT Colômbia e observar o banco de dados da PNAD, a autora definiu o seu primeiro pressuposto de que “os entrevistados tendem a reportar melhor o tempo de trabalho doméstico de atividades que não envolvem cuidado”. Em outras palavras, a carga de horário de cuidados empregada na PNAD tem sido subestimada pela metodologia.

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Nas comparações feitas, a autora demonstra que as horas de cuidados de crianças parecem estar subestimadas pela metodologia empregada pela PNAD. Por esse motivo, a mesma atribuiu estas horas de cuidado que estariam faltando no tempo de afazeres domésticos não remunerados. Segundo os resultados, o trabalho doméstico de uma mulher adulta deveria ser, em média, 25% maior ao captado pela PNAD anual devido à ausência de declaração das horas de cuidados.

A PNAD contínua em 2016, por sua vez, considerou outras formas de trabalho além do remunerado, como o doméstico e atividades de cuidado com membros da residência. O manual básico da entrevista da PNAD contínua diz que “O objetivo foi realizar os ajustes necessários aos processos referentes à pesquisa”. Deste modo, expandiu-se o conceito de afazeres domésticos e em relação a PNAD anual, porém não resolveu a subenumeração das horas de trabalho doméstico (JESUS et al., 2018).

2.2.1 Diferença Entre Gêneros

É de suma importância lembrar que essa realidade depende de fatores socioeconômicos e demográficos da população, como as classes sociais e os gêneros. Como apontam Jesus et al. (2018) em seus resultados, pela PNAD 2013, as horas médias de realização de atividades domésticas há um crescimento até os 60 anos das mulheres chegando a quase quatro horas por dia. Enquanto na carga de produção desses afazeres feitos pelos homens existe um comportamento estável ao decorrer dos anos, sendo uma hora em média por dia sua maior carga. Deste modo, pode-se dizer que, em média, são produzidas por ambos os sexos 5 horas de trabalho doméstico não remunerado diariamente.

Ainda sobre a produção de trabalho doméstico, Soares (2008) concluiu que, quando não há uma outra pessoa para realizar essas atividades, os homens de arranjos unipessoais (moram sozinhos) se dedicam um pouco mais a elas. Por outro lado, quando há uma mulher no domicílio, é praticamente automática a transferência para ela.

Em relação ao consumo, as mulheres consomem mais tempo desse trabalho que os homens, por produzirem mais (JESUS, 2018). Além disso, quanto maior seu

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nível de renda, menor será a produção desse trabalho, sendo viável obter este mesmo serviço, terceirizando-o. De acordo com a literatura de Donehower (2014), os membros da família deveriam consumir igualmente esse trabalho doméstico. Ou seja, das 5 horas produzidas, 2 horas e meia deveriam ser para cada um, caso seja um casal. Porém, como já observamos, a transferência é feita de forma desigual, na realidade.

Apesar da questão de gênero ser um fator que tem um peso forte na divisão de tempo de tarefa doméstica, a média não é regra. Existem casos fora da média e esta divisão está cada vez mais sendo feita de forma mais igualitária entre homens e mulheres quando comparamos com o passado, com o avanço nas questões de gênero, intervenções do feminismo, mulheres cada vez mais empregadas, entre outros fatores. Apesar de ainda as mulheres estarem com a maior parte do tempo de produção.

Sendo assim, pensando em fazer uma pesquisa de forma justa para todos, independentemente de gênero ou outro fator que pode influenciar as cargas de trabalho, este trabalho será redigido com base em dois termos da literatura: transferidor líquido, ou seja, aquele que produz mais que consome e o consumidor líquido, aquele que mais consome do que produz o trabalho doméstico não remunerado.

2.2.2 Previdência Social

A seguridade social se define como um conjunto de políticas voltadas para o bem-estar e necessidades básicas de um ser humano ao se encontrar em situações como a morte, doença, invalidez, desemprego, velhice e precariedade na economia. É dividida em saúde, assistência social e a previdência social, no qual, este será um dos temas principais debatidos neste trabalho.

A diferença de gênero nessa discussão é imprescindível sendo, em relação à previdência, as taxas femininas de contribuição por idade, entre 1990 e 1999, é maior que as de homens entre 10 e 29 anos e, menores a partir de 30 anos. Além disso, Beltrão et al. (2002) expõem que, entre 25 a 29 anos as mulheres têm sua

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maior contribuição (58,6%) neste mesmo período e, supõem que seja por uma saída do mercado devido a cuidado com os filhos e, posteriormente não conseguem se inserirem novamente em atividades formais que possam contribuir para a previdência. Enquanto entre 30 e 39 anos, as taxas de contribuição à previdência masculina é de 64,1% (BELTRÃO et al., 2002).

Ao pesquisar sobre mulheres que trabalham para a agricultura de subsistência e familiar no campo, encontramos que, geralmente são caracterizadas como inativas, assim, sua contribuição familiar também desconsiderada para a previdência. Este é somente um exemplo do mercado privado que, em sua produção de bens e serviços não remunerados é tida como uma atividade não produtiva (PINHEIRO et al., 2016).

O art. 13 (Lei de n. 8.213, de 24 de julho de 1991) disciplina in verbis “É segurado facultativo o maior de 14 (quatorze) anos que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social, mediante contribuição, desde que não incluído nas disposições do art. 11”, ou seja, desde que não exerça as atividades remuneradas como um segurado obrigatório. Segundo o § 1º do art. 11 do Regulamento da Previdência Social – RPS (Decreto n. 3.048, de 6 de maio de 1999) que informa sobre o perfil do segurado facultativo, entre os indivíduos que podem se filiar facultativamente, estão as donas de casa. De acordo com o INSS (2019), a categoria “Facultativo de baixa renda é uma forma de contribuição ao INSS com o valor reduzido de 5% do salário-mínimo”. Pessoas com baixa renda que fazem somente o trabalho doméstico não remunerado e não tenha renda própria estão dentro dela. Cujas contribuições podem ser usadas para benefícios como: aposentadoria por idade, por invalidez, auxílio-doença, auxílio-reclusão, salário-maternidade e, até mesmo a Aposentadoria por Tempo de Contribuição e a Certidão de Tempo de Contribuição – CTC, pagando a diferença entre 5% e 20% (alíquota total).

A PEC (Proposta de Emenda Constitucional) nº 6/2019 da Reforma da Previdência foi promulgada em novembro de 2019. As novas regras não mudam enquanto as donas de casa, que poderão contribuir para o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) facultativamente. Elas têm três tipos de alíquota, percentual aplicado no cálculo do valor da contribuição: 5% para as pessoas de baixa renda e

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tem direito somente à aposentadoria por idade, 11% também sem direito a se aposentar por tempo de contribuição, ao contrário da alíquota de 20%.

“A proteção da mulher, no que tange às questões trabalhistas e da seguridade social, está invariavelmente associada com a promoção da igualdade entre os sexos.” (BELTRÃO et al., 2002, p. 08). Proteção esta, que é necessária por motivos como a desigualdade salarial, maternidade, cuidado com idosos, afazeres domésticos e outras tarefas e necessidades que este grupo convive.

Em contexto nacional, a inserção das mulheres na seguridade social depende dos avanços delas em relação ao mercado de trabalho (BELTRÃO et al., 2002, p. 11). A partir de 1960, com a Lei Orgânica da Previdência Social (Lops) e o Instituto Nacional da Previdência Social (INPS), iniciaram-se as medidas de diferenciação sexual. Hoje, suas principais são tempo de serviço, idade, maternidade e fator previdenciário, de acordo com Beltrão et al. (2002).

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3 METODOLOGIA

3.1 Fontes de Dados

De acordo com o Manual Básico da Entrevista da PNAD Contínua - PNADC, a pesquisa é realizada trimestralmente, em território nacional e através de uma amostra de domicílios selecionados e planejados por rotação, que representam resultados para os níveis geográficos da pesquisa. O cuidado de pessoas e os afazeres domésticos estão, respectivamente, no tópico 13.3 e 13.4 em “principais atividades que exerceu na semana de referência”. A primeira variável está dividida em “realização de tarefas de cuidados de moradores que eram crianças, idosos, enfermos ou pessoas com necessidades especiais”, “para qual morador dedicou esses cuidados” e o “cuidado de parentes que não moravam no domicílio e que precisavam de cuidados (crianças, idosos, enfermos ou pessoas com necessidades especiais)”. Já em 13.4 estão a “realização de tarefas domésticas para o próprio domicílio”, a ”realização de tarefa doméstica em domicílio de parente” e o “total de horas dedicadas às atividades de cuidados de pessoas e/ou afazeres domésticos”.

No catálogo da PNADC encontra-se dados desde o 2º trimestre de 2013. Ao comparar a população de idade ativa (PIA) destes primeiros dados da PNADC com o mesmo período de 2019, por sexo, o percentual de mulheres para os dois anos são maiores que para os homens, aumentando de 52,3% para 52,5% (IBGE, 2019, p. 10; IBGE, 2013, p. 6).

Por outro lado, ao observar as pessoas ocupadas nesses períodos, os homens têm percentuais maiores que as mulheres em ambos os anos, com 57,6% em 2013, embora tenha uma melhoria, em relação a igualdade, com 55,9% de homens ocupados. O que reforça a maior inserção de mulheres no mercado de trabalho (IBGE, 2019, p. 16; IBGE, 2013, p. 10).

Embora essas duas fontes de informações, PNAD anual e Contínua, sejam amplamente utilizadas nas pesquisas sobre trabalho doméstico não remunerado, cabe ressaltar que a metodologia utilizada para captação das horas pode não ser a mais adequada.

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(2018), originados da PNAD. São dados corrigidos de produção de trabalho doméstico, além das estimativas de consumo e transferência. Ao utilizar esses dados, o trabalho doméstico não remunerado para esse estudo será composto tanto de afazeres quanto de cuidado de crianças (correção dos autores), já que os entrevistados não costumam contar o tempo desses cuidados dentro do TDNR. Visto que o custo de uma criança para um país é privado, mas com o benefício coletivo em tê-las, futuramente, como trabalhadoras, teríamos dados mais completos e mais próximos à realidade. Além disso, será utilizada a população de idade ativa (PIA) dos 15 aos 65 anos para comparar os transferidores e consumidores líquidos por grupo de idade.

A PNAD ou Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios iniciada em 1967 é uma ferramenta fundamental para formulação, validação e avaliação de políticas para desenvolvimento econômico do Brasil. Realizada anualmente até 2016, foi substituída por uma metodologia mais atualizada: PNAD Contínua. A partir dela, foi possível obter uma maior cobertura territorial, além de informar trimestralmente a população sobre força de trabalho no Brasil.

3.2 Definições

3.2.1 Produção e Consumo

Para termos uma melhor contextualização sobre afazeres domésticos e divisão de tarefas domésticas na família, as definições de produção e consumo são imprescindíveis. Este é o subtema que a população mais se identifica quando o assunto é tratado, por refletir a realidade de todas as famílias, porém ainda pouco discutido.

A produção nada mais é do que produzir o trabalho doméstico não remunerado, ou seja, fazer afazeres do dia a dia. E, mesmo que haja algum tipo de terceirização com empregadas(os) domésticas(os), ainda há um pagamento de contas em banco ou levar os filhos na escola que, também são consideradas tarefas domésticas, mas não são levados em conta.

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até acender uma lâmpada colocada por si mesmo ou outra pessoa da família. Em outras palavras, o consumo é se beneficiar de tudo que foi feito naquela residência para as necessidades básicas dos moradores.

3.2.2 Transferidor e consumidor líquido

Para que um membro da casa possa consumir, alguém deve produzir: a própria pessoa ou outro morador. De modo rápido e simples de explicar, o transferidor líquido é aquele que produz mais do que consome o trabalho doméstico não remunerado. O consumidor líquido, por sua vez, significa o contrário: consome mais do que produz. Com base as premissas que Donehower (2014) usou para saber o valor do tempo em produção aos seus consumidores, chega-se a correção de Jesus et al. (2018) de acordo com a PNAD 2013 e PNADC 2016, e conclui-se a média de horas de trabalho doméstico por sexo e idade. Que prova o senso comum e realidade da maioria das famílias: são as mulheres que fazem boa parte da produção. Portanto, mulheres brasileiras são, em geral, as transferidoras líquidas e, homens são os consumidores líquidos, na maioria dos casos.

Além desses dois termos, temos a produção para autoconsumo que ocorre quando toda a produção doméstica é consumida pela própria pessoa que produziu, que é o caso das pessoas que moram sozinhas. Este grupo não será tão debatido neste trabalho, pois eles consomem de acordo com sua própria produção, ou seja, não há uma transferência de trabalho doméstico não remunerado. Outro grupo não incluso são as famílias que partem de casais homoafetivos, pelo fato de que a PNAD 2013 não incluiu esta população em sua pesquisa.

Neste trabalho, foram utilizadas análises descritivas de produção, consumo e transferências de homens e mulheres que estão inseridos no grupo etário de 15 aos 65 anos. Além disso, foi feita uma regressão logística e calculada uma razão de chance com o objetivo de identificar os fatores associados à condição de transferidora líquida (TL) ou de ser consumidora líquida (CL) de acordo com variáveis socioeconômicas, demográficas e geográficas. Foi calculado também o tempo de produção anual de homens e mulheres para cada faixa etária e, somente

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para mulheres, foram levados em consideração o decil de renda e sua escolaridade. Para elas foram feitos cálculos de transferência de tempo de trabalho, assim como na previdência social atual.

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4 RESULTADOS

Para iniciar os resultados, foi preciso observar a quantidade de produção, consumo e transferência e como se comportam para cada sexo em 2013, de acordo com a PNAD 2013 corrigida por Jesus (2018) e com as estimativas feitas pela autora. Desta base de dados, foram filtradas as pessoas de 15 a 65 anos, ou seja, pessoas que pertencem à População em Idade Ativa - PIA.

A Tabela 1 apresenta o número médio de horas de produção, consumo e transferência de homens e mulheres. Nela está sendo comparado a média de horas, por semana, produzindo, consumindo e transferindo trabalho doméstico não remunerado para homens e mulheres.

Percebe-se que há uma diferença muito clara entre a quantidade de horas. em média, que as mulheres realizam a atividade doméstica, chegando a quase 4 horas (3,59), em relação aos homens que, por sua vez, não atingem ao menos 1 hora (0,91). No consumo, há uma diferença menor, sendo a PIA feminina a que mais consome. Portanto, pode-se dizer que elas estão produzindo mais que consumindo e, consequentemente, transferindo mais horas para o sexo oposto. Ao analisar a transferência, tecnicamente, mulheres estão produzindo uma média de 1,90 horas a mais do que consomem e transferindo este trabalho para os homens, enquanto eles não chegam, ao menos, transferir o trabalho, pois seu saldo foi positivo. Além disso, é importante ressaltar que, somente a População em Idade Ativa - PIA (pessoas acima de 15 anos) está sendo analisada. E que a produção da população total (de 4,5144 horas) usada é maior que seu próprio consumo total (de 3,191 horas), pois a diferença que está sobrando (1,3234 horas) é referente ao consumo dessas atividades de cuidados produzidas pela PIA por crianças e idosos.

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Tabela 1- Média diária de produção, consumo e transferência da PIA por sexo, Brasil, 2013 Mulheres Homens Produção 3,5970 0,9174 Consumo 1,6528 1,5382 Transferência -1,9443 0,6208

Fonte: PNAD 2013, dados corrigidos por Jesus (2018)

O Gráfico 1, por sua vez, apresenta a média de horas de produção por sexo e por nível de instrução. Em todos os níveis, as mulheres fazem mais trabalho doméstico do que os homens. Para elas, percebe-se que os níveis de instrução determinam o quanto de horas elas dedicam ao TDNR. Por exemplo, aquelas com ensino superior incompleto e completo são as que menos fazem as tarefas domésticas. Nestes casos, provavelmente, elas possam transferir o serviço para um terceiro (empregadas(os) domésticas(os), por isso, o número menor). Também está associado ao fato de que quanto maior a escolaridade, maior a renda e possibilidade de comprar serviços que substituem o trabalho doméstico, como comprar comida fora de casa e investir em eletrodomésticos que diminuem a carga de trabalho. Também se explica pelo fato de essas mulheres terem menos filhos e, por isso, terem menor demanda em seus domicílios. Por outro lado, para população feminina sem instrução ou com o fundamental incompleto, a realidade, na maioria das vezes, não permite contratar o serviço terceirizado, por isso, as horas de produção são maiores, assim como há diferenças no número médio de filhos.

Para os homens, ao contrário das mulheres, o nível de instrução não é um fator que influencia a quantidade de horas de produção das atividades. O gráfico 1 mostra que a diferença entre os níveis é de pouco tempo, não chega a 0,5 horas por dia.

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Gráfico 1 - Média de produção da PIA por sexo e nível de instrução no Brasil, em 2013

Fonte: PNAD 2013, dados corrigidos por Jesus (2018)

O Gráfico 2, desta vez, apresenta a média de horas para o consumo para as mesmas variáveis do gráfico 1: nível de instrução e sexo. Em relação ao gráfico anterior, chegando em torno das 4 horas semanais, este não chega às 2 horas, ou seja, em geral, a população (na maioria, feminina) produz mais do que consome este tempo de trabalho. Os níveis de instrução não determinam bruscamente as diferenças para ambos os sexos, além de serem menores que as encontradas no gráfico 1. Para toda a população observada, quanto maior o nível de instrução, menor é o tempo que elas usam da produção, em sua maioria das vezes.

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Gráfico 2 - Média de consumo da PIA por sexo e nível de instrução no Brasil, em 2013.

Fonte: PNAD 2013, dados corrigidos por Jesus (2018)

No gráfico 3 observa-se, nitidamente, uma grande diferença de número

negativos e positivos para mulheres e homens, respectivamente. Isto apenas reforça o que foi visto no primeiro gráfico, em que a população feminina transfere o trabalho, ao contrário dos homens que apenas consomem (consumidores líquidos), de acordo com a média da população observada da PNAD. Seus níveis de instrução, pelo resultado, ajudam na quantidade de horas transferidas. Por exemplo, mulheres de superior incompleto são as que menos transferem, enquanto as com o fundamental incompleto são as que mais transferem.

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Gráfico 3 - Média de transferência da PIA por sexo e nível de instrução no Brasil, em 2013

Fonte: PNAD 2013, dados corrigidos por Jesus (2018)

Em todas as análises da Tabela 1 e dos Gráficos 1 ao 3 é perceptível que há uma diferença grande de consumo entre os sexos, ou seja, homens e mulheres consomem da mesma forma, porém não produzem do mesmo modo, a diferença na produção é maior.

A regressão logística é um técnica com o objetivo de predizer de um evento ocorrer. Este que, neste caso, é a probabilidade da pessoa ser transferidor ou consumidor líquido, ou seja, a variável resposta é binária, ou seja, para a consumidora líquida, (denominada de “fracasso”) e, para a transferidora líquida, (denominada de "sucesso"), sendo este, o evento de interesse. Foi considerado o banco de dados da PNAD de 2013, com p=5 variáveis independentes

denotadas como . A função de ligação é

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O modelo de regressão logística múltipla (com mais de uma variável explicativa, como mostra a tabela 2) foi iniciada de uma variável resposta binária, com cálculos realizados pelos software Rstudio e Stata. Foi estimada a probabilidade de ser uma pessoa transferidora líquida (TL) de acordo com as seguintes variáveis explicativas demográficas e socioeconômicas.

As variáveis independentes utilizadas foram sexo, qualitativa nominal, definida por duas categorias: mulheres e homens; a idade do morador na data de referência filtrada somente para a idade ativa, uma variável quantitativa discreta, representada em valores numéricos e inteiros dos 15 aos 65 anos; as variáveis qualitativas (ou categóricas) ordinais, representando duas classificações dos indivíduos: o nível de instrução, da categoria “sem instrução” até a mais elevada “superior completo” e o decil de renda domiciliar per capita, ordenado do 1º (mais pobres) ao 10º (mais ricas) decil e; uma variável qualitativa nominal: região brasileira que o morador reside, incluindo todas as 5, sem ordem entre as categorias. No qual, todas as variáveis foram ponderadas pelo peso amostral (quantidade de pessoas com as mesmas características). Os indivíduos que moram sozinhos no domicílio foram desconsideradas, pois os mesmos realizam atividades domésticas para o seu próprio consumo (todas as horas que produz, consome). Já que este trabalho está se tratando de tempo de transferência, este grupo não se encaixaria no cálculo.

Tabela 2 – Variáveis respostas e explicativas da regressão logística múltipla para dados da PNAD, Brasil, em 2013

Variáveis Respostas Variáveis Explicativas

Idade

0=consumidora líquida Sexo

1=transferidora líquida Decil de renda domiciliar per-capita Região

Escolaridade

Fonte: Elaboração própria

Como resultados, como mostra a tabela 3, foi concluído que aumenta 0,9% de chance de ser um transferidor líquido a cada ano que se passa. Além disso, o homem tem 96% menos chance de ser TL em comparação às mulheres, reforçando

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o que já foi observado anteriormente neste trabalho.

Em relação à renda, conforme o decil de renda domiciliar per capita aumenta, as chances do indivíduo ser um transferidor líquido reduz, em geral. As mulheres mais ricas, de 10º decil, por exemplo, tem -12,6% de chance de serem transferidoras, em relação às mulheres mais pobres (1º decil).

Ao destacar a variável região, os moradores do Nordeste e do Centro-Oeste têm menos chances de serem transferidores líquidos, comparado com a região Norte.

A escolaridade que tem uma influência para as mulheres nesta questão diz que pessoas que não tem nenhuma instrução formal, quando comparadas à pessoas com escolaridade até ensino médio, tem 31,7% a menos de chances de serem transferidoras. Para as pessoas mais escolarizadas esta probabilidade aumenta para 32,5%. Conclui-se, portanto, que as pessoas com escolaridade até o ensino médio apresentam mais chances de serem transferidoras líquidas.

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Tabela 3 - Coeficientes estimados a partir de modelo de regressão logístico para a probabilidade de ser transferidor líquido no Brasil, em 2013

Variáveis Razão de chance Erro Padrão z P>z Idade 1,01 0,0000 338 0,00 Sexo Mulher (Referência) Homem 0,04 0,0000 5554 0,00

Decil de renda domiciliar per-capita 1º decil (Referência) 2º decil 0,82 0,0012 -134 0,00 3º decil 0,71 0,0010 -238 0,00 4º decil 0,70 0,0010 -255 0,00 5º decil 0,63 0,0009 -336 0,00 6º decil 0,75 0,0010 -212 0,00 7º decil 0,66 0,0009 -306 0,00 8º decil 0,65 0,0009 -318 0,00 9º decil 0,72 0,0010 -246 0,00 10º decil 0,87 0,0012 -94 0,00 Região Norte (Referência) Nordeste 0,82 0,0009 -173 0,00 Sudeste 1,00 0,0011 2 0,04 Sul 1,16 0,0014 121 0,00 Centro-oeste 0,95 0,0013 -36 0,00 Escolaridade

Até Médio completo (Referência)

Sem instrução 0,68 0,0007 -383 0,00 Superior completo 0,67 0,0006 -409 0,00 Constante 9,08 0,0157 1275 0,00 Número de observações 95139334 Teste qui-quadrado 44100000 Pseudo R2 0,34

Fonte: PNAD 2013, dados corrigidos por Jesus (2018), cálculo feito pela autora

O Gráfico 4 mostra as horas de produção anual por sexo e idade de acordo com a PNAD de 2013, dados corrigidos. Para os resultados serem obtidos, as horas

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diárias foram multiplicadas pelos 7 dias da semana, 4 semanas em cada mês e 12 meses em cada ano. Nitidamente, mulheres têm horas de produção maiores que homens. Enquanto o mínimo de horas que uma mulher média faz por ano é de 620,85 aos 15 anos de idade, homens iniciam a idade ativa fazendo 219,81 horas. Além do mais, o máximo de horas que uma mulher média faz estão nos seus 29 anos, idade em que geralmente tem seus filhos, chegando a 1395,33 horas. Por outro lado, o máximo de horas é de 448,80 aos seus 37 anos. Por causa dessa distância de horas, as próximas análises serão voltadas apenas para mulheres, pois apesar de uma melhora observada em divisão de TDNR entre homens e mulheres, ainda não chegou ao ponto de analisá-los de forma igualitária.

Gráfico 4 - Horas de produção anual por sexo e idade no Brasil, em 2013

Fonte: PNAD 2013, dados corrigidos por Jesus (2018), cálculo feito pela autora

O Gráfico 5 localizado logo abaixo mostra o total de horas produzidas anualmente apenas por mulheres em 2013 de acordo com sua idade e decil de renda, da menor (decil 1) a maior (decil 10). A primeira análise é que quanto menor sua renda, mais trabalho doméstico não remunerado as mulheres realizam principalmente nas idades mais novas até seus 50 anos. As mulheres com maior

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renda têm condições de terceirizar este serviço em que, na maioria das vezes é feito por aquelas que estão nos decis mais baixos. Dos 50 anos até os 65 anos, a quantidade de horas se aproxima bastante, elevando até as horas de mulheres com as rendas mais altas (decil 10, por exemplo). Apesar da aproximação, ainda há uma diferença grande entre o decil 1 e o decil 10. O máximo de horas de produção foi aos 24 anos das mulheres de decil 1 que trabalharam 2.151,52 horas anuais, enquanto as mulheres de decil 10 produziram 520,60 horas, ou seja, 4,13 vezes a produção de mulheres com renda baixa. Quando as de renda alta começaram sua idade ativa (15 anos) trabalhando 240,58 horas ao ano, as de renda mais baixa (decil de renda 1) trabalharam 787,69 horas, mais que mulheres com 24 anos de renda maior.

Gráfico 5 - Produção anual em hora de trabalho doméstico não remunerado de mulheres por renda e idade no Brasil, em 2013

Fonte: PNAD 2013, dados corrigidos por Jesus (2018), cálculo feito pela autora

O gráfico 6 expõe a produção anual em horas de TDNR somente por mulheres entre 15 e 65 anos baseado, dessa vez, pelo nível de escolaridade. Antes da análise é imprescindível citar que os três últimos níveis de instrução: “médio

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completo e equivalente” não tem dados da idade 15, “superior incompleto e equivalente” não tem dados da idade 15 e 16 e “superior completo” não tem dados para as idades mais novas de 15 a 18 anos. O que é normal, pois nestas idades ainda não é possível ter estes níveis de ensino. Por isso, para obter uma análise de forma mais justa, serão observados, neste caso, apenas as mulheres a partir dos 19 anos, por tem dados para todos os níveis.

O grupo etário de 20 a 30 anos é o que mais tem diferença de horas entre as mulheres de níveis diferentes. Aos 24 anos, por exemplo, tem a maior quantidade de horas anualmente trabalhadas que são feitas por mulheres com ensino fundamental incompleto ou equivalente de 1.903,63 horas, enquanto mulheres com a mesma idade de ensino superior completo fazem 487,24 horas, quase 4 vezes menor do que o primeiro caso. Assim como no Gráfico 5, ao passar dos anos, a diferença se torna menor, porém ainda com sua desigualdade. Algo que chamou atenção, que poderia ser um senso comum, não foi: mulheres sem instrução não são as que mais fazem trabalho doméstico, apenas aos 35 e 39 anos. Elas, geralmente, têm trabalho remunerado desde muito jovens, por falta de oportunidade e de estudo. Enquanto as que têm alguma instrução procuram dividir o tempo entre estudo, trabalho remunerado e afazeres domésticos.

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Gráfico 6 - Produção anual em horas de trabalho doméstico não remunerado de mulheres por nível de escolaridade e idade no Brasil, em 2013

Fonte: PNAD 2013, dados corrigidos por Jesus (2018), cálculo feito pela autora

Ao analisar o gráfico 7, conclui-se que uma mulher média transfere muito ao longo da vida, enquanto os homens não transferem, pois os déficits são maiores que zero. Ao 29 anos é quando as mulheres mais transferem este trabalho.

Se analisarmos apenas o tempo interrupto de trabalho doméstico sem remuneração que uma mulher média transfere para outra pessoa ao longo da vida, em idade ativa, deve-se dividir o total de horas transferidas dos 15 aos 65 anos de idade pela quantidade de horas em ano (24 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 𝑎𝑜 𝑑𝑖𝑎 × 7 𝑑𝑖𝑎𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑠𝑒𝑚𝑎𝑛𝑎 × 4 𝑠𝑒𝑚𝑎𝑛𝑎𝑠 𝑎𝑜 𝑚ê𝑠 × 12 𝑚𝑒𝑠𝑒𝑠 𝑎𝑜 𝑎𝑛𝑜), ou seja, 8.760 horas anuais. Chega-se a um resultado de que, uma mulher média transfere um pouco mais de 3 anos corridos, enquanto os homens não chegam a transferir, com déficit de quase 2 anos com atividades domésticas.

Porém, como este trabalho tem como intuito incluir esse tempo de transferência como contribuição na previdência, ou seja, quantos anos uma mulher dos 15 aos 65 anos se dedica ao trabalho doméstico, leva-se em consideração a carga de um trabalho com média de 8 horas diárias, assim como os cálculos previdenciários. Portanto, somam todas as horas trabalhadas ao longo da vida e

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dividimos pelas 40 horas de trabalho semanais em 1 ano (8 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑎𝑠 × 7 𝑑𝑖𝑎𝑠 𝑛𝑎 𝑠𝑒𝑚𝑎𝑛𝑎 × 4 𝑠𝑒𝑚𝑎𝑛𝑎𝑠 𝑎𝑜 𝑚ê𝑠 × 12 𝑚𝑒𝑠𝑒𝑠 𝑎𝑜 𝑎𝑛𝑜), ou seja, 1.920 horas por ano.

Com toda a transferência, o resultado do cálculo significa que uma mulher média faz um pouco mais de 17 anos em sua idade ativa de trabalho sem remuneração, caso fosse um trabalho de 8 horas diárias. Os homens, por sua vez, não tem tempo de contribuição, com déficit de 5,71 anos. Este é um dos motivos que a idade mínima de contribuição da população feminina na previdência deve ser, no mínimo, de 3 anos a menos que da idade masculina.

Para a previdência social atual são exigidos, além da idade mínima, 15 anos de contribuição em trabalho remunerado. Isso indica que mulheres médias acumulam 32 anos de contribuição em forma de trabalho remunerado e não remunerado quando chegam na idade de aposentadoria.

Gráfico 7 - Horas de transferência anual por sexo e idade no Brasil, em 2013

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5 CONCLUSÃO

Embora tenha sido a ideia inicial deste trabalho de tratar todos os indivíduos de forma igualitária ao chamar de “transferidor líquido” e “consumidor líquido”, esta não é a realidade do país, atualmente. Apesar da diminuição de horas de TDRN ao passar do tempo, com a vinda da tecnologia e com mais mulheres em ambiente de trabalho, a maioria das horas de trabalho doméstico não remunerado são uma realidade das mulheres, chegando até quatro horas diárias. Porém, os afazeres domésticos sempre foram vistos como uma inatividade econômica. Com o aumento de mulheres na população economicamente ativa, quanto mais passam-se os anos, mais elas têm jornadas de trabalho, seja ele remunerado ou formalmente. Porém, muitas vezes procuram emprego com carga horária reduzida para conseguirem conciliar com o trabalho doméstico. Por outro lado, a equidade salarial, de inserção no mercado e de direitos entre homens e mulheres ainda não está presente no Brasil, como mostra a divisão sexual do trabalho. Além disso, a transferência também é distribuída de forma desigual, partindo do ponto que as cinco horas diárias produzidas por ambos os sexos teriam que ser consumidas igualmente, mas não são. Devido a tudo isso, remunerar as mulheres que praticam esta atividade é baseado pelo fato de que seu trabalho é tão importante quanto de seu marido, que trabalha remunerado. Ou seja, a proteção da mulher é feita de acordo com suas necessidades trabalhistas também.

As análises foram feitas de acordo com a fonte de dados base: a PNAD de

2013 com a correção de Jesus et al. (2018). Um delas foi a apresentação das horas diárias de produção, consumo e transferência de homens e mulheres, por nível de instrução. O mesmo foi feito, desta vez, anualmente e somente para as mulheres, para produção de acordo com a renda per capita e o nível de instrução delas. Além disso, o modelo de regressão logística foi estimado com o objetivo de conhecer a razão de chance de ser transferidora líquida (TL) ou consumidora líquida (CL) de acordo com variáveis socioeconômicas.

Os resultados mais pertinentes foram que mulheres realizam quase 4 horas diariamente de trabalho doméstico, enquanto os homens não atingem ao menos 1

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hora diária. O que mais chama atenção é que, para os homens, o nível de instrução não é um fator que influencia as horas de produção, ao contrário das mulheres. Em resumo, pode-se concluir que homens e mulheres consomem da mesma forma, porém não produzem do mesmo modo, pois a diferença na produção é maior. Foi visto também que o mínimo de horas que uma mulher média trabalho neste meio por ano é de 620,85 aos 15 anos de idade, para homens são 219,81 horas. Observando somente as mulheres, há uma grande diferença entre os decis em que, o máximo de horas de produção ocorre aos 24 anos das mulheres de decil 1 que trabalharam 2.151 horas anuais, enquanto as mulheres de decil 10 produziram 4 vezes menos que mulheres com renda baixa. Além disso, a possibilidade de contar este tempo de transferência na previdência social brasileira, resultou em 3,8 anos de contribuição para uma mulher média.

O estudo é de suma importância para a elaboração de futuras reformas da previdência brasileira, principalmente quando se trata de direitos igualitários para ambos os sexos dentro do mercado de trabalho, como tempo de contribuição previdenciária, além de rever a desigualdade salarial de mulheres que, em sua maioria, têm dupla jornada de trabalho. Entre a população feminina também há uma diferença de realidades, por exemplo, ao se tratar de escolaridade e renda per capita, como foram citados neste trabalho. Para as menos privilegiadas, o estudo pode ajudar em programas de assistência como capacitação e creches, e assim, poderem ter uma independência financeira e uma qualidade de vida melhor.

Uma limitação encontrada no trabalho foi a própria PNAD de não inclusão de casais homoafetivos, o que introduz uma outra: o aumento de igualdade de gênero em relação às horas de trabalho doméstico, em comparação aos anos anteriores. A ideia inicial de ser chamar somente de “transferidores líquidos” e “consumidores líquidos” ainda não pode ser uma realidade, enquanto a transferência for desigual.

Os próximos passos de um trabalho como este é argumentar mais sobre os outros nichos que não foram explorados nesta pesquisa, como a questão racial, as regiões urbanas e rurais (ao se tratar de mulheres que trabalham no campo, principalmente, existe uma carência grande de assistência social relacionada ao trabalho). Além disso, outro ponto é o cálculo de benefício pelo tempo de trabalho

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doméstico não remunerado para os transferidores líquidos, ou seja, quanto vale o TDNR.

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