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Ninho do vôlei: centro de treinamento de voleibol com arquitetura de baixo impacto ambiental

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NATAL

2019.

2

CENTRO

DE

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.

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NINHO DO VÔLEI:

Centro de treinamento de voleibol com arquitetura de baixo impacto ambiental

Trabalho final de graduação apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para conclusão de curso e obtenção do grau de Arquiteto e Urbanista. Orientador: Prof. Renato de Medeiros

Natal 2019.2

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Alves, Alana Dos Santos Maia.

Ninho do vôlei: centro de treinamento de voleibol com arquitetura de baixo impacto ambiental / Alana Dos Santos Maia Alves. - Natal, RN, 2019.

102f.: il.

Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura e Urbanismo.

Orientador: Renato Medeiros.

1. Edifício para esporte - Monografia. 2. Arquitetura e urbanismo - Monografia. 3. Projeto de arquitetura - Monografia. 4. Arquitetura esportiva - Monografia. 5. Centro de treinamento - Monografia. 6. Arquitetura de baixo impacto - Monografia. I. Medeiros, Renato. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BSE15 CDU 725.89

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NINHO DO VÔLEI:

Centro de treinamento de voleibol com arquitetura de baixo impacto ambiental

Trabalho final de graduação apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para conclusão de curso e obtenção do grau de Arquiteto e Urbanista. Orientador: Prof. Renato de Medeiros

Aprovação em 28 de novembro de 2019

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________

Renato de Medeiros – Orientador

_______________________________________________

Edna Moura Pinto

-

DARQ

_______________________________________________

Francisco Ricardo Avelino Dantas Filho – Convidado externo

Natal/RN

2019

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Primeiramente à Deus, que permitiu que tudo isso se tornasse realidade. Que se fez presente não apenas nestes anos como universitária, mas ao longo de toda minha vida.

À minha mãe, famosa Gizelda Maia, que esteve comigo durante toda esta caminhada e é a grande responsável por grande parte da minha formação profissional.

Ao meu pai, Aladim Alves, que sempre se fez presente mesmo quilômetros de distância nos separando fisicamente. Meu ponto de paz, meu melhor amigo e parceiro de vida.

Ao meu padrasto e pai de coração, Nestor Dantas, por toda paciência, carinho e atenção dada todos esses anos. Além da grande contribuição na minha formação pessoal e profissional.

Aos meus irmãos, Aline, Lídia e Nestor por toda parceria e momentos de descontração que aliviaram os estresses e nervosismo desta caminhada.

Ao meu orientador e amigo, Renato Medeiros, por toda paciência, disponibilidade, atenção. À minha família de coração e, maiores presentes de Deus, mamãe Dêdê, vovó Jura e Vovô Isaias por me aceitarem de abraços abertos a fazer parte dessa família que considero minha.

À Jacyara Gomes, por todo apoio e paciência durante esse último ano da graduação, por ser minha calmaria e felicidade diante toda tribulação.

Às amigas que muitas vezes chamei de anjos, Laryssa Raquel, Carol Freitas e Maiara Lucena por me aguentarem diariamente há tantos anos dividindo os melhores e piores momentos da vida comigo.

Aos amigos que o vôlei me deu, Ana Julia Rodrigues, Arthur Vinicius, Kadja Kaline, Dally Cortez, Iale Araújo, Léo Gurgel, Allane Araújo, Ewerton Mascena, Isabelle Carvalho, Rafaela Araújo, Guilherme Lima, Lucas Soares por proporcionar momentos incríveis e muitas vezes serem o cano de escape durante os estresses.

Aos amigos que posso chamar de irmãos, Allison Vale e Matheus Lopes, por me arrancarem tantos sorrisos e dividir comigo muitos momentos especiais (loucuras) durante esses anos.

Aos amigos que nasceram pela fé, Bebel Baker, Ítalo Matheus, Ítalo Rodrigues, Joyce Medeiros e Léo Pires por todos os abraços e palavras que me confortaram e alimentaram minha esperança. Aos meus futuros colegas de profissão Andreia Santos, Letícia Furtado, Letícia Galvão, Lucas Medeiros, Maria Clara Macêdo, Manuella Tavares, Lara Soares, Fernanda Rebouças, Jacira Lucena, Sara Steffane por compartilhar cada momento vivido nestes cinco anos e todos os “vai dar certo!”.

À todos que acreditaram em mim e fizeram parte da minha vida durante está árdua caminhada. Muito obrigada!

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O presente trabalho trata do desenvolvimento de um estudo preliminar de um Centro de treinamento de voleibol para a cidade Natal/RN, baseado nas diretrizes da arquitetura de baixo impacto ambiental, voltado ao treinamento, acompanhamento, preparação, recuperação e estadia temporária dos atletas da modalidade. O projeto é composto por um ginásio principal, quadra, sala de fisioterapia, enfermaria, refeitório, lavanderia, áreas de convivência, academia, alojamento, auditórios, sala de troféus, sala de reuniões e escritórios. Além disso, foi necessário a requalificação das calçadas do perímetro do terreno que se encontram totalmente degradadas. A principal motivação para a realização de um projeto dessa natureza se baseia na precária estrutura física para o desenvolvimento dessa atividade física, visto que não há espaço exclusivo, devidamente equipado e capaz de preparar melhor os atletas da modalidade, e também, a importância de incorporar no processo projetual a preocupação ambiental. Para a produção do trabalho foram realizadas pesquisas para o embasamento teórico, estudos de caso diretos e indiretos de propostas arquitetônicas com propostas semelhantes e visitas ao local de intervenção.

Palavras-Chave: Arquitetura e urbanismo, Projeto de arquitetura, arquitetura esportiva, Centro de treinamento, Arquitetura de baixo impacto.

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The present work deals with the development of a preliminary study of the Volleyball Training Center for the city of Natal / RN, based on the guidelines of the low environmental impact architecture, focused on the training, attendance, preparation, recovery and temporary stay of the athletes of the modality. The project consists of a main gymnasium, court, physiotherapy room, nursery, cafeteria, laundry, living areas, gym, accommodation, auditoriums, trophy room, meeting room and offices. Furthermore, it was necessary to requalify the perimeter pavements that are totally degraded. The main motivation for carrying out a project of this nature is based on the precarious physical structure for the development of this physical activity, since there is no exclusive space, properly equipped and able to better prepare the athletes of the sport, and also, the importance of incorporating in the project process the environmental concern. For the production of the work were conducted research for the theoretical basis, direct and indirect case studies of architectural proposals with similar solutions and visits to the intervention site.

Key words: Architecture and Urbanismo, Architectural design, Sports architecture, Training center, Low impact architecture.

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FIGURA 2 - ESTÁDIO MERCEDES-BENZ, EUA 19

FIGURA 3 - ESTÁDIO MINEIRÃO, BRASIL 19

FIGURA 4 - PALÁCIO DOS ESPORTES 20

FIGURA 5 – GINÁSIO SÍLVIO PEDROSA NA PARTE SUPERIOR DA FOTO NO COLÉGIO ATHENEU 20

FIGURA 6 - GINÁSIO PROF. MARCELO CARVALHO (DED) 21

FIGURA 7 - VISTA PARA O ARENA DO MORRO 32

FIGURA 8 - PLANO URBANO DO PROJETO 33

FIGURA 9 - ELEMENTOS ONDULADOS 33

FIGURA 10 - MAQUETE ESTRUTURAL DA PROPOSTA 34

FIGURA 11 - IMAGEM INTERNA DA QUADRA ESPORTIVA 35

FIGURA 12 - IMAGEM EXTERNA DO ARENA DO MORRO 35

FIGURA 13 - DETALHES DA COBERTURA 36

FIGURA 14 - CAMINHO INTERNO ACESSÍVEL 37

FIGURA 15 – MOCKUPS DA ESTRUTURA, COBERTURA E TELHAMENTO. 37

FIGURA 16 - PLANTA BAIXA DO NÍVEL 1 38

FIGURA 17 - PLANTA BAIXA DO NÍVEL 0 38

FIGURA 18 - CENTRO DE FORMAÇÃO OLÍMPICA 40

FIGURA 19 – PERSPECTIVA ILUSTRANDO GRANDE ÁREA VERDE 40

FIGURA 20 – PERSPECTIVA DO PROJETO 41

FIGURA 21 - CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DE VOLEIBOL 43

FIGURA 22 - PERSPECTIVA 44

FIGURA 23 - ALOJAMENTOS 44

FIGURA 24 - QUADRA DE TREINAMENTO 45

FIGURA 25 - CENTRO DE TREINAMENTO ESPORTIVO DA UFMG 47

FIGURA 26 - PERSPECTIVA 48

FIGURA 27 - DETALHAMENTO DA COBERTURA 48

FIGURA 28 - FACHADAS 49

FIGURA 29 - PERSPECTIVA 49

FIGURA 30 - DETALHE ESTRUTURAL DA COBERTURA 50

FIGURA 31 - LOCALIZAÇÃO DO BAIRRO 54

FIGURA 32 - EQUIPAMENTOS PÚBLICOS 55

FIGURA 33 - PARADA DE ÔNIBUS NA CALÇADA DO TERRENO 57

FIGURA 34 - CROQUI COM SENTIDO DOS FLUXOS DE AUTOMÓVEIS 58

FIGURA 35 - CALÇADA NA AV. CORONEL ESTEVAM 59

FIGURA 36 - CALÇADA RUA DOS CAICÓS 59

FIGURA 37 - AV. JERÔNIMO CÂMARA 59

FIGURA 38 - CALÇADA AV. JERÔNIMO CÂMARA 60

FIGURA 39 - VISTA AÉREA EM PERSPECTIVA DO TERRENO 60

FIGURA 40 - VISTA AÉREA DO TERRENO 61

FIGURA 41 - DETALHE DA TOPOGRAFIA DO TERRENO 62

FIGURA 42 - ZONA BIOCLIMÁTICA 8 62

FIGURA 43 - CARTA SOLAR DE NATAL NO TERRENO 63

FIGURA 44 - ROSA DOS VENTOS DE NATAL 64

FIGURA 45 - BRAINSTORM DO CONCEITO E PARTIDO 74

FIGURA 46 - VISTA DO ESTÁDIO NACIONAL DE PEQUIM 75

FIGURA 47 - EVOLUÇÃO PARA DEFINIÇÃO DO SEGUNDO PARTIDO ARQUITETÔNICO 75

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FIGURA 51 - CROQUI DA COBERTURA DOS BLOCOS 78

FIGURA 52 - PRIMEIRO ZONEAMENTO 79

FIGURA 53 - ZONEAMENTO DA PROPOSTA 80

FIGURA 54 - VISTA DOS ALOJAMENTOS 81

FIGURA 55 - VISTA DO REFEITÓRIO 81

FIGURA 56 - VISTA DO BLOCO ADMINISTRATIVO E DE SERVIÇO 82

FIGURA 57 - QUADRA COBERTA 82

FIGURA 58 - QUADRAS DE AREIA 82

FIGURA 59 - IMPLANTAÇÃO 86

FIGURA 60 - SETOR DE ASSISTÊNCIA 87

FIGURA 61 - REFEITÓRIO E COZINHA 87

FIGURA 62 - ALOJAMENTOS 88

FIGURA 63 - QUADRAS DE AREIA 89

FIGURA 64 - QUADRA COBERTA 90

FIGURA 65 - VISTA DO GINÁSIO 91

FIGURA 66 - VISTA DA CALÇADA 91

FIGURA 67 - TIJOLO ECOLÓGICO 92

FIGURA 68 - VISTA DA QUADRA COBERTA 93

FIGURA 69 - REPRESENTAÇÃO DAS TRELIÇAS METÁLICAS ESTRUTURAIS 93

FIGURA 70 - BRISES HORIZONTAIS 94

FIGURA 71 – BRISES APLICADOS NA COBERTURA DOS ALOJAMENTOS 94

FIGURA 72 - VIDRO LOW-E 95

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QUADRO 1 - DIRETRIZES DE PLANEJAMENTO PARA CONSTRUÇÃO DE QUADRAS BASEADO EM RIBEIRO (2011) 17 QUADRO 2 - RELAÇÃO DOS CRITÉRIOS A SEREM ADOTADOS NO PROJETO E SEUS BENEFÍCIOS DE ACORDO COM

O SELO CASA AZUL (CEF, 2010) 23

QUADRO 3 - MATERIAIS CONSTRUTIVOS DE BAIXO IMPACTO AMBIENTAL 27 QUADRO 4 - POSSÍVEIS MATERIAIS CONSTRUTIVOS DE BAIXO IMPACTO AMBIENTAL QUE PODEM SER

UTILIZADOS EM NATAL/RN 30

QUADRO 5 - RESUMO DO ESTUDO DE REFERÊNCIA DO ARENA DO MORRO 39

QUADRO 6 - RESUMO DO ESTUDO DE REFERÊNCIA DO CFO 42

QUADRO 7 - RESUMO DO ESTUDO DE REFERÊNCIA DO CDV 46

QUADRO 8 - RESUMO DO ESTUDO DE REFERÊNCIA DO CENTRO DE TREINAMENTO DA UFMG 51

QUADRO 9 - QUADRO RESUMO DOS ESTUDOS DE REFERÊNCIAS 52

QUADRO 10 - RESUMO DAS DIRETRIZES PARA A ZONA BIOCLIMÁTICA 8 63 QUADRO 11 – PARÂMETROS DE ACESSIBILIDADE APLICADOS AO PROJETO 66

QUADRO 12 - ÁREAS E PRESCRIÇÕES URBANÍSTICAS 85

QUADRO 13 - FICHA TÉCNICA DAS ESPÉCIES DA VEGETAÇÃO DA PROPOSTA 96 QUADRO 14 - TIPOS DE ESTABELECIMENTOS E SEU CONSUMO MÉDIO 97

(11)

TABELA 1 - TABELA DE INDICAÇÕES E ÍNDICES URBANÍSTICOS 65 TABELA 2 - PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO 70

(12)

AABB - Associação atlética do Banco do Brasil

CBCS - Conselho Brasileiro de Construção Sustentável CBV - Confederação brasileira de voleibol

CDV - Centro de desenvolvimento de voleibol CEF - Caixa econômica federal

CFO - Centro de formação olímpica DED - Ginásio Professor Marcelo Carvalho

FNRV – Federação Norte-riograndense de Voleibol IPCC - Intergovernmetal Panel on Climate Change LEED - Leadership in Energy and Environmental Design NBR - Normas brasileiras

PEAD - Polietileno de alta densidade PPR - Polipropileno copolímero random

USGBC - United States Green Building Council

WBCSD - World Business Council Sustainable Development ZPA - Zona de proteção ambiental

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INTRODUÇÃO ... 13

1 REFERENCIA TEÓRICO ... 16

1.1 ARQUITETURA ESPORTIVA ... 16

1.1.1 A ESTRUTURA FÍSICA DO VOLEIBOL NO RIO GRANDE DO NORTE ... 19

1.2 ARQUITETURA DE BAIXO IMPACTO AMBIENTAL ... 22

1.2.1 MATERIAIS CONSTRUTIVOS DA ARQUITETURA DE BAIXO IMPACTO AMBIENTAL 25 1.2.2 POSSÍVEIS APLICAÇÕES EM NATAL/RN ... 29

2 ESTUDO DE REFERÊNCIAS ... 32

2.1 REFERÊNCIA DIRETA ... 32

2.1.1 ARENA DO MORRO – Natal/RN – Herzog & de Meuron ... 32

2.2 REFERÊNCIA INDIRETA ... 39

2.2.1 CENTRO DE FORMAÇÃO OLÍMPICA (CFO) – FORTALEZA/CE – GCP Arquitetos .. 39

2.2.2 CENTRO DE TREINAMENTO DE VOLEIBOL DA SELEÇÃO BRASILEIRA – SAQUAREMA/RJ ... 43

2.2.3 CENTRO DE TREINAMENTO ESPORTIVO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS/MG... 46

2.3 QUADRO RESUMO DOS ESTUDOS DE REFERÊNCIAS... 51

3 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO ... 54

3.1 RESTRIÇÕES E CONDICIONANTES DO PROJETO ... 54

3.1.1 ÁNALISE DO ENTORNO E TERRENO ... 54

3.1.2 CONDICIONANTES CLIMÁTICAS ... 62

3.1.3 CONDICIONANTES LEGAIS ... 64

3.1.4 Plano Diretor de Natal ... 64

3.1.5 Código de Obras de Natal ... 65

3.1.6 NBR 9050 – Acessibilidade a edificação, mobiliário e equipamentos urbanos .. 66

3.1.7 Código de segurança e prevenção contra incêndio e pânico do estado do Rio Grande do Norte ... 69

3.1.8 PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO ... 70

4 CONCEPÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA ... 74

4.1 CONCEITO E O PARTIDO ARQUITETÔNICO ... 74

4.2 IDEIAS INICIAIS E CROQUIS ... 75

4.3 ZONEAMENTO ... 78

4.4 SOLUÇÃO FINAL ... 80

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5.3 SISTEMA CONSTRUTIVO E MATERIAIS ... 91

5.4 CONFORTO AMBIENTAL ... 94

5.5 PAISAGISMO ... 96

5.6 INTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA FRIA ... 97

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 99

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INTRODUÇÃO

O “Ninho do Vôlei: Centro de treinamento de voleibol com arquitetura de baixo impacto ambiental” é uma proposta de equipamento arquitetônico para a cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte. A cidade possui uma área de aproximadamente 167km² e se caracteriza pelas belezas naturais que proporcionam um grande fluxo da atividade turística na cidade.

A partir da análise de questões sociais, culturais, ambientais e políticas, há duas vertentes que basearam está pesquisa: a grande carência de espaços públicos destinados à preparação e desenvolvimento dos atletas, cujo aqui terá foco os atletas da modalidade de voleibol, e a questão ambiental e sua relação com o homem e a construção civil.

Atualmente, Natal conta com quadras de escolas particulares e, esporadicamente, o ginásio Professor Marcelo Carvalho (DED) para realizar a preparação dos atletas das seleções de vôlei do estado e para receber eventos nacionais desta natureza. Essa realidade afeta diretamente no conforto, rendimento, recuperação e preparação dos mesmos, pois não proporcionam a estrutura adequada para tais atividades.

Além disso, entendendo a atual situação do sistema ambiental do planeta, sabemos que a sustentabilidade é um tema complexo e que atinge praticamente todas as áreas das ações humanas, principalmente na arquitetura. Segundo JOURDA (2013),em matéria de planejamento, infraestrutura, urbanismo e arquitetura temos uma grande responsabilidade, pois esse setor de atividades consome mais de 40% dos recursos naturais disponíveis no meio ambiente.

Baseado na percepção do autor acerca da limitada estrutura física que a cidade possui e da realidade preocupante da atual saúde ambiental do mundo, o objetivo deste trabalho é propor, em nível de estudo preliminar, um Centro de Treinamento de Voleibol para atletas das seleções do estado do Rio Grande do Norte, visando minimizar o impacto ambiental através da arquitetura.

Para alcançar tal objetivo, foram determinados três objetivos específicos, sendo eles: entender a relação da arquitetura e a sustentabilidade e como isso pode ser aplicado na atual situação e características de Natal; pesquisar tipos de materiais e técnicas construtivas que sejam menos nocivos ao meio ambiente, visando designar a opção mais viável; e determinar das soluções ecológicas existentes quais se adaptam melhor ao tipo de edificação proposta.

Para a condução do desenvolvimento e apresentação final da proposta, o procedimento metodológico desta pesquisa foi dividido em três etapas. Inicialmente, o embasamento teórico a partir do levantamento bibliográfico por meio de coleta de dados em livros, dissertações, teses e normas; em

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segundo lugar, levantamento de materiais, métodos construtivos e soluções de uso dos recursos naturais; e por fim, o desenvolvimento gráfico da proposta final. No embasamento teórico, dois conceitos foram estudados: Arquitetura Esportiva e Arquitetura de Baixo Impacto Ambiental, que serão discutidos, respectivamente, no primeiro capítulo.

Baseado nos dados obtidos, foi possível atingir uma maior percepção acerca das diretrizes a serem contempladas, definindo um conceito, partido, zoneamento e programa de necessidades que nortearam todo o processo. Além disso, foram levados em consideração estratégias de conforto ambiental, noção de estruturas e o cuidado com a realidade dos projetos complementares. Por fim, os desenhos técnicos e soluções volumétricas foram desenvolvidas nos softwares AutoCad e SketchUp, assim como as imagens finais foram realizadas no Lumiun e PhotoShop.

Então, a estrutura do trabalho se distribui em cinco capítulos: o primeiro refere-se ao referencial teórico, analisando os conceitos e ideias que baseiam o trabalho; o segundo capítulo apresenta os estudos de referências projetuais utilizados para elaboração da proposta; o terceiro trata do desenvolvimento do projeto através das restrições e condicionantes; o quarto contempla a concepção e desenvolvimento da proposta a partir das ideias iniciais com zoneamento, partido e conceito; e, enfim, o quinto corresponde ao memorial descritivo e justificativo da proposta com a escolha dos matérias, paisagismo, sistema estrutural, soluções de conforto e aspectos formais.

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1 REFERENCIA TEÓRICO

Durante as fases iniciais da pesquisa, fez-se necessário o embasamento teórico que cercam o tema, definindo e esclarecendo os conceitos que terão rebatimento no projeto. E é neste capítulo que trataremos desses temas, sendo eles: arquitetura esportiva, arquitetura de baixo impacto ambiental e impacto dos sistemas construtivos.

1.1 ARQUITETURA ESPORTIVA

O conhecimento e a circulação de informações sobre o tema de construções esportivas no Brasil são ainda incipientes, embora a memória de suas primeiras iniciativas já tenha mais de meio século (RIBEIRO, 2011). Ainda segundo Ribeiro (2011), a primeira manifestação do gênero no país consta de um inventário de plantas simplificadas e padrões técnicos de instalações esportivas, publicado em livro pela professora Maria Lenk, em 1941.

Segundo o arquiteto e urbanista Edmilson Edi (2012), a Arquitetura Esportiva é uma das especializações do curso de arquitetura, quando o profissional desenvolve todos os tipos de projetos e detalhamentos de todas as modalidades da prática de esportes. Esses projetos definem espaços e materiais que se adaptam ao projeto definido e buscam um conceito de linguagem arquitetônica cada vez mais inovadora. Tanto as estruturas, materiais, acabamentos, ventilação, iluminação, acústica e equipamentos adequados são estudados nos mínimos detalhes.

Os ambientes são elaborados por profissionais arquitetos especialistas que conciliam segurança, conforto, performance e economia, pois o ambiente deve ser o mais adequado possível para que o esportista, independente se amador ou não, dê o melhor de si nos treinamentos. (EDI, 2012).

Ribeiro (2011), organizou um guia simplificado de planejamento com oitos pontos chaves para o processo projetual de um equipamento esportivo, são eles:

• Adequar-se às normas vigentes com referência a uso e conforto dos portadores de deficiência; • Desenvolver um plano diretor para a instalação;

• Utilizar abordagem participativa;

• Pesquisar fontes de recursos financeiros; • Organizar um comitê de planejamento do projeto;

• Avaliar quando renovar, expandir ou substituir uma instalação;

• Desenvolver o documento de conteúdo do programa apara o arquiteto; • Utilizar planejadores profissionais.

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Dentro da realidade do projeto apresentado, Ribeiro também propôs diretrizes de planejamento para propostas de ginásios poliesportivos1, além de explicar pontos que ajudam na escolha de pisos,

revestimentos de paredes, tetos, entre outros que serão apresentados no quadro a seguir:

Quadro 1 - Diretrizes de planejamento para construção de quadras baseado em Ribeiro (2011).

DIRETRIZES DO PLANEJAMENTO

Escolha do local Devem ser posicionados de tal maneira que esteja a curta distância dos prédios de apoio e possa facilmente ser alcançado pelos pedestres;

Dimensões

As dimensões variam, e no caso dos poliesportivos é recomendado 15m x 27m x 5,5m (altura mínima) ou 27m x 45m x 7m (altura mínima divisível);

Salas especiais

Pode-se prever a construção de salas diferenciadas para determinadas modalidades esportiva, como sala de judô, sala de dança e sala de ginasticas;

Locação e planejamento das salas Divisão entre área “suja”, área “limpa” e área “molhada”.

DETALHES INTERIORES E EQUIPAMENTOS

Pisos

Deve apresentar um pequeno grau de elasticidade que absorva não mais do que 30% do esforço dinâmico. Deve ser antiderrapante, possuir o mínimo de aberturas e as cores não podem ser ofuscantes.

Paredes

Devem ser à prova de impactos de bola, de fácil manutenção e altura até de 2m do nível do piso. Deve possuir superfície plana, lisa e fechada. As cores devem contrastar a cor da bola.

Tetos Deve ser construído à prova de impactos de bolas e na superfície interna o objetivo é alcançar um grau de reflexão luminosa de 0,70.

Iluminação natural Deve ser uniforme e não-ofuscante.

Iluminação artificial

Deve ser definida logo no início do planejamento da construção. É essencial a ausência de reflexos, ótima percepção de objetos moveis e boa tonalidade luminosa

Ventilação Pode ser natural ou mecânica e deve ser definida na etapa inicial do planejamento.

Acústica O teto deve ser acusticamente projetado para garantir o tempo de reverberação permitido (1,8 segundo).

1 Ginásio poliesportivo é um recinto desportivo que dispõe de estruturas para receber diversos desportos. Fonte: https://dicionario.priberam.org/polidesportivo. Acesso em: 23 de maio de 2019.

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Equipamentos instalados

Para os casos que possuem aparelhos de ginastica e esportes que dependem da utilização de aparelhos específicos: a sobrecarga deve ser considerada nos cálculos estruturais, os elementos devem ser instalados durante a execução e não podem atrapalhar a realização de outras modalidades.

Equipamentos técnicos Relógios, placares e marcador de tempo devem estar bem visíveis.

Dependências Sala de equipamentos deve possuir espaço suficiente para acomodar os equipamentos e aparelhos da(s) modalidade(s).

Vestiários Permitir fácil acesso. Altura mínima de 2m. Impedir visão externa. Possuir armários.

Fonte: RIBEIRO (2011)

No Brasil, um dos escritórios mais conceituados e especializados no campo da Arquitetura Esportiva é o BCMF arquitetos, foi criado em 2001 e está localizado em Belo Horizonte. O Complexo esportivo de Deodoro, a modernização do estádio Mineirão e o Espaço Olímpico do Rio para as Olímpiadas de 2016 são alguns dos projetos de destaque desenvolvidos pelo escritório.

Existem muitos exemplos de construções na arquitetura esportiva que incentivam a prática e costumam apresentar inovações construtivas nesse setor. Utilizando, muitas vezes, os princípios de sustentabilidade e inovação tecnológica. Dentre alguns exemplos de projetos renomeados da arquitetura esportiva que utilizaram esses fundamentos, respectivamente, temos: Estádio Akron, localizado em Zapopán, México; Estádio Mercedes-Benz, nos Estados Unidos, que ganhou o selo LEED2

Platinum da categoria; e o Estádio Mineirão, em Minas Gerais, primeiro estádio do Brasil a receber a certificação LEED Platinum.

2 LEED (em inglês: Leadership in Energy and Environmental Design; em português: Liderança em Energia e Design Ambiental) é uma certificação para construções sustentáveis, concebida e concedida pela organização não governamental United States Green Building Council (USGBC), com intuito de promover e estimular práticas de construções sustentáveis, satisfazendo critérios para uma construção verde. Fonte: Wikipédia, Acesso em: 07 de nov de 2019.

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Figura 1 - Estádio Akron, México

Fonte:http://akronestadio.mx/

Figura 2 - Estádio Mercedes-Benz, EUA

Fonte: https://www.businessinsider.com/photos-atlanta-falcons-new-mercedes-benz-stadium-2017-1

Figura 3 - Estádio Mineirão, Brasil

Fonte: http://estadiomineirao.com.br

1.1.1 A ESTRUTURA FÍSICA DO VOLEIBOL NO RIO GRANDE DO NORTE

Há várias décadas, o voleibol passou a ser um esporte presente na vida de muitos norte-rio-grandenses amantes da modalidade. Englobando praticantes de faixa etária entre 8 e 65 anos, estudantes e profissionais, o vôlei do RN sempre foi reconhecido nacionalmente através de grandes participações e ótimos resultados nos principais campeonatos brasileiros do escolar ao máster.

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Sua estrutura física, inicialmente, girou em torno de três principais ginásios distribuídos na região central da cidade de Natal, sendo eles: o Palácio dos Esportes (Figura 4), Ginásio Sílvio Pedrosa no colégio Atheneu (Figura 5) e o Ginásio Professor Marcelo Carvalho (popularmente conhecido como DED) apresentado na Figura 6.

Figura 4 - Palácio dos Esportes

Fonte: http://datatrindade.blogspot.com/2017/11/palacio-dos-esportes-em-natal-foto.html Figura 5 – Ginásio Sílvio Pedrosa na parte superior da foto no colégio Atheneu

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Figura 6 - Ginásio Prof. Marcelo Carvalho (DED)

Fonte: https://portalnoar.com.br/ginasio-ded

Por muitos anos esses ginásios foram a “casa” do voleibol rio-grandense, sendo locais de treinamento e sediando campeonatos. Atualmente, a realidade não é muito discrepante e dois, entre os três citados, ainda são utilizados para contemplar os campeonatos realizados na cidade. Infelizmente, hoje em dia o ginásio do colégio Atheneu é utilizado apenas para atividades escolares.

Visto que os locais citados são públicos, há também instituições privadas que disponibilizam suas estruturas para atender as seleções do estado, que apesar das boas condições físicas, há uma grande singularidade como os horários disponíveis, a quantidade de pessoas permitidas e a quantidade de materiais disponíveis. Em exemplo desses locais temos: as quadras da AABB (Associação atlética do Banco do Brasil), e os colégios Henrique Castriciano, Facex e Tereza de Lisieux.

Em conversa com atletas e profissionais da modalidade, a respeito das atuais condições físicas à disposição no estado, foi unanime a noção do quanto são limitadas e precárias. E, portanto, há um grande interesse por parte dos mesmo por um local de treinamento e desenvolvimento apropriado capaz de comportar e oferecer ambientes de trabalho ideais para as atividades esportivas.

Através do esporte, foi possível conhecer muitas cidades brasileiras e ver de perto a diferença na estrutura física dos outros locais comparados aos daqui. Locais de treinamentos apropriados,

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estrutura física que atende um leque de atividades voltadas à modalidade, comodidade para atletas e funcionários, disponibilidade flexível afim de atender as reais necessidades das equipes, entre outras. Atualmente, praticantes e profissionais da área já estão acostumados com o que nossa realidade tem a oferecer, sabendo das reais condições e tendo consciência da dificuldade para mudar a situação. Entretanto, apresentar uma proposta que englobe todas as soluções que as atuais dependências físicas necessitam é um interesse popular, visto que a proposta gera benefícios à saúde, incentiva a prática, gera emprego, valoriza a imagem do estado no ramo esportivo, entre outros.

1.2 ARQUITETURA DE BAIXO IMPACTO AMBIENTAL

Sabemos que esse tipo de projeto considera a integração entre a edificação com o meio ambiente, a fim de possibilitar uma melhor qualidade de vida dos usuários e menos impactos negativos ao nosso meio. Dessa forma, inicia-se um laço entre a sustentabilidade e a construção civil que:

É a arquitetura que quer criar prédios objetivando o aumento da qualidade de vida do ser humano no ambiente construído e no seu entorno, integrado com as características da vida e do clima locais, consumindo a menor quantidade de energia compatível com o conforto ambiental, para legar um mundo menos poluído para as futuras gerações. (CORBELLA e YANNAS, 2009, p.19)

Essa diretriz arquitetônica, é também conhecida como “arquitetura bioclimática”, termo esse que foi introduzida pela primeira vez pelos irmãos Olgyay (1963) na década de 60, e foi definida como uma arquitetura que busca utilizar, por meios de seus próprios elementos, as condições favoráveis do clima com o objetivo de satisfazer às exigências de conforto térmico do homem.

Para Lima (1995), o projeto bioclimático trata do controle de fluxo de energia entre o entorno e o ambiente construído para fins de conforto e bem-estar dos usuários. Além de procurar minimizar o consumo energético, a partir de uma arquitetura adaptada ao meio ambiente, esta também é sensível ao impacto na natureza e degradação ambiental (FRANÇA, CRUCINSKY, 2010).

Segundo a CEF (2010), a indústria da construção civil é responsável por grande parte do impacto sobre o meio ambiente, principalmente pelo nível de emissão de gases de efeito estufa3

associados aos materiais convencionais utilizados nas edificações, bem como pela geração de resíduos tanto na obra como durante todo o ciclo de vida da construção.

3 Gases de efeito estufa, segundo JOURDA (2013), são componentes gasosos que contribuem com suas propriedades físicas para o efeito estufa, impedindo que os raios solares escampem da atmosfera terrestre. O aumento da sua concentração na atmosfera terrestre é um dos principais fatores do aquecimento climático.

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A indústria da construção civil vem por muitos anos causando impactos significativos sobre o meio ambiente. A construção consome muita energia desde a fase de extração até o seu processo final. O grande impacto gerado pelo uso dos recursos não renováveis é determinante para que algumas regiões vão se tornando verdadeiros desertos que levaram algumas gerações para voltarem a serem reaproveitados (JOHN, 2000).

Segundo dados obtidos da World Business Council Sustainable Development (WBCSD) e Intergovernmetal Panel on Climate Change (IPCC), a construção civil é:

• Atividade que consome 75% de todos os recursos naturais;

• 30% das emissões de gases de efeito estufa são oriundas da indústria da construção; • As edificações são responsáveis por mais de 40% da demanda de energia mundial;

• Até 2025 está previsto um aumento do consumo de materiais e recursos de 45% se comparado ao ano de 2000;

• Produção de grandes quantidades de entulho.

No Brasil, o Selo Casa Azul4, (CEF, 2010) indica critérios sustentáveis agrupados por temas:

qualidade urbana; projeto e conforto; eficiência energética; conservação de recursos materiais; gestão da água e práticas sociais. Dentre esses critérios, os mais relevantes são aqueles voltados ao tema desta pesquisa – centro de treinamento de baixo impacto ambiental – ou seja, projeto e conforto; e eficiência energética (Quadro 2).

Quadro 2 - Relação dos critérios a serem adotados no projeto e seus benefícios de acordo com o Selo Casa Azul (CEF, 2010)

CRITÉRIOS BENEFÍCIOS

Adequação à topografia do terreno

A adequação da edificação à topografia do terreno visa a reduzir o volume de terra movimentado com remoções, cortes e aterros, principais causas de problemas com erosão.

Paisagismo eficiente

Um paisagismo planejado de forma eficiente dentro do projeto pode ser um meio para reduzir o efeito de ilha de calor dentro das zonas urbanizadas, produzido, em grande parte, pelas áreas abertas com pavimentação impermeável. Espaços de convivência Estes devem levar em conta o porte do

empreendimento, e a sua localização em relação

4 É um instrumento de classificação socioambiental de projetos de empreendimentos habitacionais, que busca reconhecer os empreendimentos que adotam soluções mais eficientes aplicadas à construção, ao uso, à ocupação e à manutenção das edificações (Selo Casa Azul CAIXA, 2010).

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aos usuários é muito importante para que tenham um uso efetivo por parte dos moradores.

Coleta seletiva

Esses espaços devem ser previstos na fase da elaboração dos projetos, de forma a evitar a necessidade de adaptações futuras para destinação de locais com essa finalidade.

Equipamentos de lazer, sociais e esportivos

Promover maiores espaços de convivência entre os usuários, o que pode ser feito por meio da construção de equipamentos de lazer, sociais e esportivos.

Desempenho técnico – vedações

Visa a propiciar maior conforto térmico, tanto aos moradores do empreendimento como aos do entorno imediato, a partir de uma melhor interação local entre eles

Desempenho técnico – orientação ao sol e ventos

Melhora a salubridade do ambiente, além de reduzir o consumo de energia.

Iluminação natural de áreas comuns Melhora a salubridade do ambiente, além de reduzir o consumo de energia.

Ventilação e iluminação natural de banheiros Melhora a salubridade do ambiente, além de reduzir o consumo de energia.

Fonte: Selo Casa Azul (2010)

Sabe-se que a concepção de um projeto de baixo impacto depende da compreensão entre a relação do edifício e o meio ambiente. Contudo, segundo Oliveira (2006), devido à falta de entendimento sobre o impacto das decisões projetuais e dos fenômenos físicos envolvidos na relação entre clima, edificação e usuário, o projetista tem negligenciado o desempenho térmico energético das edificações.

Como consequência e a fim de suprir as deficiências de projeto e as necessidades de conforto dos usuários, o projetista recorre frequentemente ao uso dos sistemas ativos de condicionamento de ar e iluminação artificial, desconsiderando os impactos negativos dessa decisão como: perda do bem-estar físico e mental, baixa produtividade, o grande gasto de energia e até mesmo comprometimento da saúde (OLIVEIRA, 2006).

Entre os desafios para o desenvolvimento de construções residenciais sustentáveis no Brasil, está a necessidade de maiores investimentos em pesquisas no setor (estudo de 7 novas tecnologias construtivas sustentáveis, eco materiais e sistemas de gestão sustentáveis), adoção de novos paradigmas para todos os profissionais da área envolvidos, desde o projeto até a execução do empreendimento, implantação de regulamentações e conscientização das empresas públicas e privadas visando um menor impacto ambiental.

Tendo em vista os graves problemas ambientais enfrentados pelo nosso planeta, a introdução de uma cultura arquitetônica que considera relevante os condicionantes ambientais parece urgentes e atuais (BITTENCOURT, 2015). Portanto, o processo de projeto de um edifício de baixo impacto ambiental

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deve ser desenvolvido a partir de diretrizes que se baseiam nos aspectos urbanos, climáticos, construtivos e humanos. Para isso, nada mais justo que conhecer os métodos e materiais desse tipo de construção.

1.2.1 MATERIAIS CONSTRUTIVOS DA ARQUITETURA DE BAIXO IMPACTO AMBIENTAL

Os números da construção civil no país revelam a magnitude das possibilidades e obstáculos que temos para frente visando produzir e consumir materiais mais sustentáveis. Segundo dados do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), 15% do PIB brasileiro vem dessa área. Em contrapartida, ela causa impacto social e ambiental na mesma dimensão: consome 80% dos recursos naturais extraídos e produz 80 milhões de toneladas por ano de resíduos. E o funcionamento dos edifícios responde por cerca de 18% do consumo total de energia do país e 20% da água boa parte dela desperdiçada (PLANETA SUSTENTAVEL, 2010).

Na construção civil há inúmeras possibilidades de técnicas e materiais construtivos que variam preço, qualidade, durabilidade, tamanho, peso, entre outras características. No Brasil, o tipo de sistema construtivo mais utilizado é a alvenaria convencional pela pouca exigênciade mão de obra especializada, mas que, por outro lado, pode gerar grande impacto no meio ambiente devido à grande quantidade de desperdício.

Apesar de já dispor de um mercado em expansão no segmento de construção sustentável, sobretudo no âmbito de materiais, o Brasil ainda engatinha na área de sistemas construtivos sustentáveis, mas tem perspectivas bastante positivas para o setor visto que esse meio pode trazer benefícios como menos desperdício, agilidade na execução e inovação.

A escolha dos materiais de construção é um dos fatores agregados à sustentabilidade na arquitetura e na construção civil. No entanto, é importante saber que não existe um material totalmente sustentável em qualquer situação ou tipo de uso, ou seja, depende da situação em que o projeto se insere, nomeadamente, função do material (revestimento, alvenaria, estrutura, etc.), modo de produção, parte da obra em que será aplicado (pavimento, cobertura, parede, etc.), local de implantação da obra, zona bioclimática, hábitos e costumes do usuário, e ainda a energia incorporada no fabrico ou preparação (OLIVEIRA, 2015).

Ainda segundo Oliveira (2015), a análise da sustentabilidade dos materiais de construção pode ser feita sobre três critérios, nomeadamente, o critério social, o critério económico e o critério ambiental. Numa obra sustentável, o princípio utilizado é o uso de materiais ecológicos, que são todos artigos de origem artesanal ou industrializada, que sejam não-poluentes, atóxicos, benéficos ao meio ambiente e à saúde dos seres vivos, contribuindo para o desenvolvimento sustentável. Segundo o

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Instituto Ecobrasil (2010), os produtos e tecnologias ambientalmente amigáveis devem atender aos seguintes quesitos:

• Ecologia – Coletar dados que comprovem o desempenho sustentável dos processos construtivos, produtos e tecnologias recomendados, do ponto de vista da gestão e uso de matérias-primas e insumos básicos, energia, água, emissão de poluentes, normatização, cumprimento das leis vigentes, embalagem, transportes (logística), potencial de reuso e/ou reciclagem;

• Economia – Recomendar ecoprodutos e tecnologias sustentáveis adequados à realidade financeira e capacidade de investimento do cliente, com prazo e taxas de retorno definidos (payback);

• Saúde – Avaliar a biocompatibilidade e sanidade dos produtos recomendados com o ser humano e organismos vivos em geral, com o objetivo de gerar um ambiente saudável e de elevada qualidade para seus ocupantes e vizinhança;

• Responsabilidade social – Recomendar o uso de materiais que atendam às normas brasileiras e internacionais de qualidade e padronização (NBR 16001), cuja fabricação contribua para inserção da população desfavorecida no mercado de trabalho e consumo, bem como para fixação do homem em sua região de origem.

Atualmente, ainda é muito utilizada a justificativa de que “métodos construtivos sustentáveis são mais caros”, porém, segundo Ambiente Brasil (2012), a adoção de soluções ambientalmente sustentáveis na construção não acarreta em um aumento de preço, principalmente quando adotadas durante as fases de concepção do projeto. Em alguns casos, podem até reduzir custos. Além disso, as dificuldades para escolha correta dos materiais é conseguir alinhar conceitos de sustentabilidade com a disposição do material desejado no mercado.

Muitas vezes, dependendo da região em que se deseja construir a edificação, o emprego de materiais sustentáveis não é viável devido aos custos. Lembrando que é um contrassenso usar um material de baixo impacto ambiental se em seu processo de fabricação for incorporado grandes quantidades de energia. É por esse motivo que um planejamento estratégico é fundamental para que o material adequado seja incorporado na construção

Para o Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), existem seis passos que devem ser seguidos para escolha de insumos e fornecedores para se incorporar materiais sustentáveis em um empreendimento:

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2º: verificação da licença ambiental da empresa fabricante dos materiais desejados;

3º: selecionar os materiais de forma a se atingir as necessidades do projeto, com eficiência e sem prejudicar de forma significativa o meio ambiente;

4º: Respeito às normas técnicas que garantem a qualidade do produto adquirido; 5º: Análise da durabilidade do produto;

6º: Produtos que garantam a saúde e segurança dos usuários.

Baseado nisso, foi elaborado um quadro síntese com os materiais construtivos da arquitetura de baixo ambiental que estão disponíveis e são úteis para a construção de edifícios no Brasil.

Quadro 3 - Materiais construtivos de baixo impacto ambiental

MATERIAL BENEFICIO

Tijolo ecológico

Não precisa ser cozido em fornos, eliminando assim a utilização de lenha e a derrubada de dez árvores para a fabricação de mil tijolos. Sem lenha, sem fumaça sem emissão de gases de efeito estufa.

Concreto verde

Alta resistência e ainda usa menos cimento que o tradicional. Ele é bem competitivo porque em obras de maior dimensão, como edifícios altos, pontes e viadutos, podem ser usadas peças menores e se economiza nas dimensões de pilares e outras estruturas de sustentação.

Piso reciclado

A Locaville desenvolveu uma fibra reciclada a partir do aço. Tecnologia, chamada de Eco Fibra, é usada na mistura de concreto aplicado aos pisos. Sendo assim a indústria do aço que emite 1,46 toneladas de CO2 para cada tonelada de aço produzido, não terá mais de fabricar tanto material.

Tubulação verde

A Braskem desenvolveu um plástico verde extraído de etanol de cana-de-açúcar é feito 100% de fontes renováveis. Para cada tonelada de polietileno verde produzido (e a estimativa é de que se fabrica 200 mil toneladas deles por ano) são capturados e fixadas até 2,5 toneladas de CO2 na atmosfera, segundo informações da empresa que gastou cerca de R$ 500 milhões na implementação da planta.

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Cal ecológico

- Tinta natural mineral e saudável;

- Isento de substâncias derivadas de petróleo, tais como solventes e COVs (compostos orgânicos voláteis);

- Lavável e hidro-repelente;

- Pode ser guardada por longos períodos; - Ideal para obras naturais, ecológicas e sustentáveis.

Placa ecológica

- Material 100% reciclado pós-consumo; - Baixa absorção de umidade (< 4%); - Resistente a agentes químicos em geral; - Isolante termo acústico.

Ecotinta mineral

Pintura ecológica e sustentável de casas, apartamentos, imóveis comerciais e indústrias em geral. Uma tinta de estilo home&Office, sem COVs ou substâncias derivadas de petróleo.

Ecotinta bioargila

Pintura ecológica e sustentável de obras com paredes e características naturais, rústicas ou de bioarquitetura e permacultura. Ecotinta bioargila é 100% natural. Telha ecológica - Anti-mofo; - Anti-fungo; - Não trinca; - Não quebram;

- Máxima resistência a chuva de granizos 100% impermeáveis;

- Protege até 85% da temperatura solar; - Não propaga chamas;

- Suporta até 150kgs/m²;

- Semiacústicas, não propaga som; - 0% celulose (papel/papelão).

Madeira plástica

Opção sustentável altamente resistente imune a pragas, cupins, insetos e roedores, sua fabricação é feita com diversos tipos de plásticos reciclados e resíduos vegetais de agroindústrias.

Tubulações PEAD e PPR

São totalmente atóxicos, dispensam o isolamento térmico das peças e proporcionam uma redução de 20% no custo se comparados a instalações de água quente de cobre.

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1.2.2 POSSÍVEIS APLICAÇÕES EM NATAL/RN

A seleção dos materiais a serem utilizados num projeto arquitetônico, tem impacto direto sobre grande parte das decisões referentes ao conforto, eficiência energética, estética, flexibilidade, entre outros, podendo minimizar impactos durante o processo de obras e influenciar o conforto ambiental das edificações ao longo de sua utilização. A sustentabilidade na escolha de materiais não está somente na escolha do material por si, mas principalmente na utilização eficiente, e consciente, dos materiais disponíveis na região que será implantado o projeto.

É de suma importância conhecer o clima da cidade onde será implementado o projeto, visto que desde o início do século XIX, os arquitetos preocuparam-se em adaptarem seus projetos às condições climáticas locais.

Para compreender melhor o processo projetual em locais de clima tropical, o arquiteto Armando de Holanda na obra “A arte de construir no Nordeste” de 2010, sugere que deve-se criar uma sombra, recuar as paredes, vazar os muros, proteger as janelas, abrir as portas, continuar os espaços construir com pouco conviver com a natureza e construir frondoso, ou seja, repleto de flores e árvores.

O clima tropical também influencia diretamente na deterioração dos materiais de construção. A radiação do clima tropical sob a ação dos raios ultravioleta provoca a destruição da estrutura do polietileno, do cloreto de polivinil, do poliestireno e outros plásticos. A radiação intensa ativa e acelera os processos físicos, químicos e fotoquímicos desses materiais.

Atualmente, softwares são utilizados para avaliação térmica do clima tropical em construções residenciais nas estações quentes e frias (GHRAB-MORCOS, 2005). No entanto, apesar da existência de diversos trabalhos sobre a especificação dos materiais de construção, com o propósito de obter conforto ambiental, houve grande dificuldade em obter pesquisas que considerem a influência de ventilação natural e ocupação pelos usuários ao entorno da construção.

Além das condicionantes climáticas, sabe-se que a definição dos matérias construtivos utilizados na construção civil, passam por uma série de análises baseadas na mão-de-obra, custo benefício, impactos ao meio ambiente, qualificação das empresas da cidade, tempo de execução, entre outros. A partir disso, o Quadro 4 define alguns materiais construtivos de baixo impacto ambiental que podem ser utilizados na construção civil na cidade de Natal/RN e, dentre eles, serão definidos os materiais utilizados na execução do projeto apresentado.

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Quadro 4 - Possíveis materiais construtivos de baixo impacto ambiental que podem ser utilizados em Natal/RN MATERIAL IMAGEM Tijolo ecológico Telha ecológica Piso reciclado Ecotinta

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

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2 ESTUDO DE REFERÊNCIAS

No presente capítulo, serão apresentadas as referências projetuais que auxiliaram a concepção final da proposta deste trabalho. Para isso, foram analisados quatro projetos arquitetônicos, sendo um de forma direta e três de forma indireta.

O projeto abordado de forma direta foi o Arena do Morro, localizado no bairro Mãe Luiza em Natal/RN e as análises indiretas foram sobre os projetos Centro de Formação Olímpica (CFO), na cidade de Fortaleza/CE; o Centro de Treinamento de Voleibol da Seleção Brasileira, em Saquarema/RJ; e o projeto do Centro de Treinamento Esportivo da Universidade Federal de Minas Gerais/MG.

Todos esses projetos serviram de base para as tomadas de decisões acerca da proposta aqui apresentada, além de auxiliar na elaboração do programa de necessidades, pré-dimensionamento, questões funcionais, estéticas e estruturais.

2.1 REFERÊNCIA DIRETA

2.1.1 ARENA DO MORRO – Natal/RN – Herzog & de Meuron

Vencedor do prêmio “ArchDaily Prédio do Ano” de 2015 na categoria de equipamento esportivo, o complexo cultural Arena do Morro (Figura 7), é um projeto do escritório suíço Herzog & de Meuron. Seu conceito se desenvolveu a partir da leitura da paisagem urbana do bairro e da busca da compreensão de elementos característicos da forma do lugar.

Figura 7 - Vista para o Arena do Morro

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O projeto para o ginásio Arena do Morro, é o primeiro projeto realizado dentro da proposta para o plano urbano "Uma Visão Para Mãe Luiza" (Figura 8), que o escritório responsável desenvolveu junto com o Centro Sócio Pastoral Nossa Senhora da Conceição em 2009, que conta com 11 etapas, sendo essa a primeira contendo uma quadra poliesportiva cercada por arquibancadas para 420 pessoas, salas multiuso para dança e educação, um terraço com vista para o mar, assim como vestiários e banheiros.

Figura 8 - Plano urbano do projeto

Fonte: https://www.archdaily.com.br. Acesso em: 19 de fevereiro de 2019.

A concepção tomou partido de uma estrutura já existente no terreno: uma quadra de cimento circundada por pilares e treliças em duas águas ainda sem paredes ou cobertura. O aproveitamento da estrutura preexistente limita-se ao aspecto formal - altura máxima e concepção em duas águas – fazendo necessário a substituição dos materiais.

Abaixo da grande cobertura, foram inseridos volumes circulares que, ao serem envolvidos por uma parede independente que também circunda as arquibancadas, criam uma parede ondulada que funciona como limite entre a edificação e o espaço público, além de tornar os ambientes harmoniosos.

Figura 9 - Elementos ondulados

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A integração do projeto com o bairro foi tão clara que, segundo o escritório, a proposta se adaptou tão bem à paisagem do entorno que é “como se fosse a peça que faltava no quebra-cabeça, ocupando um grande terreno vazio às margens do bairro, ele completa-o e define um novo e generoso espaço cívico visível a distância” (Herzog & de Meuron, 2014).

Essa conexão entre o projeto e o bairro foi bastante positiva, como afirma o vice-presidente do Centro Sócio Pastoral Nossa Senhora da Conceição:

O impacto do ginásio Arena do Morro em Mãe Luiza vem sendo profundo e multidirecional, ele nasce nas atividades desportivas e culturais, transborda em uma cultura de paz, produz parcerias estratégicas e transformará, com a sua mensagem humanista e moderna, a realidade da nossa cidade e do Brasil. (Andrade, Ion de. 2015. p. 15)

Com uma estrutura considerada simples, os materiais e métodos construtivos são locais. A cobertura é feita de telhas onduladas de alumínio padronizadas com isolamento. Mas ao invés de serem assentadas juntas umas das outras, elas são colocadas como se fossem uma pilha de painéis soltos, mas sobrepostos, deixando aberturas que permitem iluminação e ventilação natural e ao mesmo tempo abrigando da chuva.

Figura 10 - Maquete estrutural da proposta

Fonte: http://arcoweb.com.br. Acesso em: 19 de fevereiro de 2019.

A parede interna, curva, é feita de blocos de concreto manufaturados localmente e especialmente desenvolvidos para esse projeto. Cada bloco possui lâminas verticais arredondadas, dispostas diagonalmente. Ao girar os blocos, as diferentes orientações das lâminas criam vários níveis de transparência e privacidade.

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Figura 11 - Imagem interna da quadra esportiva

Fonte: https://www.archdaily.com.br. Acesso em: 19 de fevereiro de 2019.

É nítida a preocupação com o conforto ambiental através de soluções simples de aberturas que proporcionam boa qualidade de luz natural durante o dia e ventilação cruzada. Durante o período noturno, a ideia é reversa, onde o edifício se transforma numa lanterna gigante, brilhando e revelando as atividades internas.

Figura 12 - Imagem externa do Arena do Morro

Fonte: http://arcoweb.com.br. Acesso em: 19 de fevereiro de 2019.

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Durante a visita ao Arena do Morro ficou claro o carinho e cuidado que os usuários têm sobre o espaço. A visita que ocorreu às 10 horas do dia 22 de fevereiro de 2019, possibilitou experimentar um pouco do que jovens e adultos vivenciam no dia-a-dia naquele local. Esse tipo de vivência, onde há a oportunidade de ser usuário direto do espaço projetado é de suma importância para entender, visualizar e sentir a relação entre os aspectos arquitetônicos e as pessoas.

Outro aspecto importante da visita ao local foi a oportunidade de ver como as tomadas de decisões projetuais funcionam no dia-a-dia. Especificamente no dia da visita havia muita chuva, o que possibilitou observar de perto como a cobertura escorre as águas pluviais (Figura 13) e como seria imponente a captação dessas águas durante este período.

Figura 13 - Detalhes da cobertura

Fonte: Acervo do autor (2019).

Quanto aos materiais e técnicas construtivas, é notória a qualidade da execução da obra, assim como sua acessibilidade. Suas salas possuem formas arredondadas, com passeios seguindo o mesmo formato de forma suave e os corrimãos executados dentro dos parâmetros das normas de acessibilidade (Figura 14). Além disso, os arquitetos elaboraram um mockup’s5 da arquibancada,

5 Mockup é um modelo em escala ou de tamanho real de algum projeto ou objeto, utilizado para demonstração, avaliação de design ou outro propósito qualquer em que seja adequado. Fonte: goo.gl/LfhKgO. Acesso em: 19 de fevereiro de 2019.

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cobertura e paredes de cobogó para certificar que a execução destes itens fosse feita de forma adequada (Figura 15).

Figura 14 - Caminho interno acessível

Fonte: Acervo do autor (2019).

Figura 15 – Mockups da estrutura, cobertura e telhamento.

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O programa de necessidade é sucinto, ficando distribuído em dois níveis: o primeiro nível (Figura 16) é composto basicamente por um mirante com vista para o mar e o reservatório de água, e o nível abaixo possui 12 ambientes distribuídos ao redor da quadra (Figura 17).

Figura 16 - Planta baixa do nível 1

Fonte: https://goo.gl/D4VVbZ. Acesso em: 19 de fevereiro de 2019.

Figura 17 - Planta baixa do nível 0

Fonte: https://goo.gl/D4VVbZ. Acesso em: 19 de fevereiro de 2019.

Em resumo, o projeto possui bastante qualidade espacial e que, apesar do programa conciso, há uma grande funcionalidade e ligação entre os ambientes circulares. A utilização dos cobogós é outra característica e marca da obra, cuja organização garante privacidade e ao mesmo tempo ventilação natural. Outro ponto importante é a qualidade ambiental, com ventilação e iluminação natural em todos os ambientes, e construtiva, utilizando-se de métodos e técnicas locais. Além disso, a preocupação entre a relação do ambiente interno com o externo através da permeabilidade visual, a conexão entre os equipamentos do entorno e acessibilidade universal.

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Quadro 5 - Resumo do estudo de referência do Arena do Morro

ARENA DO MORRO

AUTORES: Herzog & de Meuron

ANO DE CONSTRUÇÃO: 2014

LOCALIZAÇÃO: Natal/RN

REBATIMENTO NA PROPOSTA:

• Relação com entorno • Aproveitamento da iluminação e

ventilação natural • Sistema estrutural

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

2.2 REFERÊNCIA INDIRETA

2.2.1 CENTRO DE FORMAÇÃO OLÍMPICA (CFO) – FORTALEZA/CE – GCP Arquitetos

O Centro de Formação Olímpica (Figura 18), é um complexo com 45 mil m² de área construída para 24 modalidades esportivas, localizado em frente à Arena Castelão, em Fortaleza/CE. Seu programa é extenso e comporta espaços para atender do esporte de base até o profissional de alto rendimento, com espaços para treinamento e alojamento.

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Figura 18 - Centro de formação olímpica

Fonte: http://www.gcp.arq.br. Acesso em: 19 de fevereiro de 2019.

Desenvolvido pelo escritório paulista GCP Arquitetos em 2012 e executado em 2015, esse projeto foi destinado principalmente como base para delegações estrangeiras dos Jogos Olímpicos de 2016 sediado no Rio de Janeiro. Seu programa comporta um ginásio coberto para 17 mil espectadores, alojamento, refeitório, vestiários, ambulatório, laboratório, academia, sala de fisioterapia, auditório, biblioteca, salas de apoio para a confederação e uma ampla área verde (Figura 19).

Além de todos os procedimentos legais cabíveis aos arquitetos e urbanista durante o processo de concepção, esse projeto foi concebido de acordo com normas para poder ser homologado pelas diversas confederações que utilizariam o espaço.

Figura 19 – Perspectiva ilustrando grande área verde

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O projeto também contempla soluções para redução do consumo de água e energia, além de focar na relação entre o público e o privado. As questões climáticas também foram consideradas e visando o conforto ambiental, optou-se pelo uso de coberturas na cor branca, para evitar a formação de ilhas de calor 6, além do uso de painéis metálicos perfurados nas fachadas, para o devido sombreamento

das esquadrias.

Uma curiosidade do complexo é que à medida que ele cria espaços de convivência e disponibiliza parte das instalações para uso de escolas e comunidades vizinhas, também preserva a posição hierárquica do programa destinado aos atletas.

O complexo nasceu em um lote de 86 mil m² com uma superestrutura dos edifícios construídos em concreto pré-moldado ou in situ7, cobertura em estrutura metálica, fechamentos laterais variam entre

alvenaria e vidro com painéis metálicos, enquanto as paredes internas são em alvenaria, vidros ou drywall. Afirma Sérgio Coelho, do escritório GCP Arquitetos, para o site Galeria da Arquitetura:

Utilizamos de forma extensiva fechamentos em painéis de aço pré-pintado – fechados ou perfurados –, seja como elementos de acabamento de fachadas ventiladas, brise-soleil ou puramente de acabamento sobre alvenarias e paredes drywall. (https://www.galeriadaarquitetura.com.br. Acesso em 19 de fevereiro de 2019).

Figura 20 – Perspectiva do projeto

Fonte: http://www.gcp.arq.br. Acesso em: 19 de fevereiro de 2019.

6 Ilha de calor se refere a uma anomalia térmica resultante, entre outros fatores, das diferenças de absorção e armazenamento de energia solar pelos materiais constituintes da superfície urbana. (COSTA, 2009).

7 In situ refere-se a uma fabricação ou construção que é feita no local da construção principal. (Wikipédia, Acesso em 19 de fevereiro de 2019).

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A viabilização do projeto estava relacionada a rigorosos parâmetros de eficiência energética e conforto térmico, de acordo com as certificações ambiental. O escritório responsável afirma que essa preocupação esteve presente em todas as etapas, como explica Sérgio:

“Em uma das edificações implantamos um telhado-jardim que tem como função não apenas prover uma área pública ajardinada, mas isolar térmica e sonoramente os vestiários. Já na circulação térrea da arena multiuso, painéis metálicos perfurados e rasgos fechados em policarbonato alveolar propiciam excelente ventilação e iluminação natural". (https://www.galeriadaarquitetura.com.br. Acesso em 19 de fevereiro de 2019).

Por outro lado, durante a análise do projeto, percebeu-se também um ponto negativo que não terá rebatimento algum na proposta aqui apresentada: a utilização de refrigeradores de ar no ginásio principal. Apesar de utilizar, em muitos momentos, o conforto térmico e a eficiência energética como diretrizes do projeto, a utilização do ar-condicionado foi um ponto que me chamou a atenção e até confundiu um pouco sobre como essa escolha se encaixaria num projeto de baixo impacto ambiental.

Quadro 6 - Resumo do estudo de referência do CFO

CENTRO DE FORMAÇÃO OLÍMPICA (CFO)

AUTORES: GCP Arquitetura ANO DE CONSTRUÇÃO: 2015 LOCALIZAÇÃO: Fortaleza/CE REBATIMENTO NA PROPOSTA: • Uso de materiais • Estratégias bioclimáticas • Cobertura

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2.2.2 CENTRO DE TREINAMENTO DE VOLEIBOL DA SELEÇÃO BRASILEIRA – SAQUAREMA/RJ O Centro de Desenvolvimento do Voleibol (Figura 21), coordenado pela CBVe localizado em Saquarema, um pouco mais de 100km do centro do Rio de Janeiro, foi inaugurado em 2001 e comporta toda a estrutura necessária para a formação e treinamento de atletas, como quadras de vôlei de praia, ginásio, piscinas, sala de musculação, sala de fisioterapia, além de espaços de convivência e o Museu do Vôlei.

Figura 21 - Centro de Desenvolvimento de Voleibol

Fonte: https://www.esportudo.com/centro-de-desenvolvimento-do-voleibol

O centro possui uma das melhores e mais modernas estruturas para o desenvolvimento de atletas da modalidade. A proposta do local é proporcionar um melhor tempo de preparação, permitindo que os atletas foquem somente nos treinos, com tranquilidade e longe de agitação e distração. Afirma a técnica de Vôlei de Praia Letícia Pessoa para a Folha de São Paulo em 2004, “Isso aqui é maravilhoso. Você fica concentrado totalmente no vôlei. Ninguém perde tempo aqui. O atleta tem que andar no máximo uns cinco minutos para ter tudo ao seu alcance”. O terreno foi doado à CBV pela prefeitura de Saquarema e houve uma aplicação de mais de 6 milhões de reais para sua construção. O espaço é um refúgio para atletas nacionais e internacionais que buscam uma estrutura qualificada para melhor desenvolver suas habilidades e competências na modalidade.

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Figura 22 - Perspectiva

Fonte: Acervo pessoal de Francileide Custódio (2019).

Todas as seleções principais e de base, tanto feminina quanto masculina, podem desfrutar do complexo esportivo que possui 108 mil metros quadrados e hospeda até 115 pessoas nos alojamentos (Figura 23). Os profissionais têm à disposição quatro quadras cobertas, que podem se desdobrar em oito, quatro quadras de vôlei de praia, um campo de futebol, salas de musculação, fisioterapia e aquecimento, além de espaços para pesquisa, reuniões e alimentação (Figura 24).

Figura 23 - Alojamentos

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Figura 24 - Quadra de treinamento

Fonte: Acervo pessoal de Francileide Custódio (2019).

Faz-se importante ressaltar que, mesmo considerando essa referência como indireta, houve a oportunidade de, em 2015, passar uma semana alojada no centro e vivenciar um pouco toda a estrutura disponível. É clara a diferença das instalações físicas entre o que possuímos em Natal. Além disso, ajudou a perceber como um espaço voltado às necessidades reais motiva e prepara melhor os atletas. A ótima estrutura faz com que diversos torneios aconteçam no CDV. Entre eles estão algumas edições dos Campeonatos Brasileiros de Seleções Estaduais (CBS), etapas dos Circuitos Brasileiros de vôlei de praia de base e amistosos das seleções. Anualmente, acontece no CDV um campeonato Master, competição para atletas acima de 35 anos, reunindo cerca de 2 mil pessoas. O CDV também já recebeu um campeonato de judô.

De forma geral, essa referência foi ponto chave para a realização do programa de necessidades do projeto que será apresentado aqui. Além disso, a distribuição espacial, relação dos ambientes com os espaços verdes, valorização dos espaços de convivência e os métodos de utilização da ventilação natural foram bem analisados e serão rebatidos no projeto também.

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Quadro 7 - Resumo do estudo de referência do CDV

CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DE VOLEIBOL

AUTORES:  Desconhecido ANO DE CONSTRUÇÃO: 2001 LOCALIZAÇÃO: Saquarema/RJ REBATIMENTO NA PROPOSTA: • Espaços de convivência • Áreas verdes • Programa de necessidades • Pré-dimensionamento

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

2.2.3 CENTRO DE TREINAMENTO ESPORTIVO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS/MG

O Centro de treinamento esportivo da UFMG (Figura 25) possui uma grande volumetria e concepção espacial orgânica. Com uma área construída total de 18.758m², o projeto foi destinado à preparação de atletas olímpicos também do exterior. Na 18ª Premiação de Arquitetura do IAB MG de 2016, o comitê julgador do prêmio destacou a “especialidade diferenciada” criada pela estrutura metálica da cobertura.

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Figura 25 - Centro de treinamento esportivo da UFMG

Fonte: https://www.arcoweb.com.br. Acesso em: 22 de fevereiro de 2019.

O projeto é composto por três níveis: o térreo é destinado à área de apoio aos atletas vinculados à natação e atletismo, como vestiários, restaurante, depósito, consultório e salas de fisioterapia. Já o segundo pavimento, encontra-se apenas o setor administrativo e patamar técnico. O terceiro andar é destinado à piscina, depósito, vestiários, sala de árbitros e sala de hidromassagem. Além disso, o complexo possui uma pista de atletismo na parte mais baixa do terreno com cerca de 1,7 hectares. O pavilhão que abriga a piscina possui uma grande volumetria construído com estruturas mistas – pilares e lajes de concreto armado com vigamento e coberturas metálicas. Sendo o ponto de destaque da edificação, a cobertura curva (Figura 26 e 27) que circunda toda a estrutura e se prolonga para a fachada oeste, é composta por um conjunto de capas responsáveis pelo isolamento termoacústico. “A superfície deste invólucro foi cortada por fendas opacas ritmadas, destinadas à coleta da água das chuvas e saída do ar aquecido da piscina” detalha um dos arquitetos responsáveis Juliano Nemer.

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Figura 26 - Perspectiva

Fonte: https://www.arcoweb.com.br. Acesso em: 22 de fevereiro de 2019.

Figura 27 - Detalhamento da cobertura

Fonte: https://www.arcoweb.com.br. Acesso em: 22 de fevereiro de 2019.

Visando oferecer luz e ventilação natural e permitir integração com o exterior, as fachadas (Figura 28) são de vidro com complementos de painéis de tijolo queimado, aplicados em uma estrutura secundária e fixadas com o auxílio de uma treliça metálica, garantindo a amarração do conjunto. Já nas fachadas leste (Figura 29), duas caixas envidraçadas abrigam a circulação vertical, composta por elevador e escada.

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Figura 28 - Fachadas

Fonte: https://www.arcoweb.com.br. Acesso em: 22 de fevereiro de 2019.

Figura 29 - Perspectiva

Fonte: https://www.arcoweb.com.br. Acesso em: 22 de fevereiro de 2019.

Outra preocupação quanto o conforto ambiental foi a escolha da vedação do terceiro pavimento – local que abriga a piscina aquecida – onde foi elaborado um estudo detalhado para evitar a condensação de calor. O vão recebeu uma chapa metálica perfurada em Z, que sustenta as chapas de vidro, que medem três metros de largura por um de altura. Através dessa solução, o ambiente recebe ventilação natural e evita a condensação da água.

Referências

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