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NOVOS MODOS DE CONHECER MUNDOS

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Academic year: 2021

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NOVOS MODOS DE CONHECER MUNDOS

NEW WAYS OF EXPLORING WORLDS

Pedro Pinto de Oliveira1 Resumo: Desenvolvemos uma proposta de trabalho colaborativo em rede na construção de pesquisas interdisciplinares e interculturais e a comunicação transmídia dos seus achados no sentido da democratização da ciência no contexto contemporâneo. Nossa base teórica é a ideia relacional da comunicação e a noção de comunicabilidade, com aportes das correntes filosóficas da fenomenologia social, com Alfred Schutz e o pragmatismo clássico com John Dewey, Georg Mead e William James. Experimentamos possíveis aproximações entre os sistemas de significação da Ciência e das Artes, a partir de Nelson Goodman, em especial do Cinema, e a potência operativa da escritura audiovisual para a comunicação científica, com as noções de Michel de Certeau, Graeme Turner e Daniel Arijon. Dois conceitos operadores completam a nossa visada analítica, Acontecimento, com Louis Quéré e Vera França, e Performance, com Erving Goffman. Nesse artigo apresentamos um resumo das pesquisas que desenvolvemos a partir dessa formulação teórica e prática.

Palavras-chave: Comunicação; Filosofia; Ciência; Cultura. Audiovisual.

Abstract: We have developed a proposal to work collaboratively as a network to set up

interdisciplinary and intercultural research projects, as well as to set up transmedia communication tools for its findings on the democratization of Science in the contemporary context. Our theoretical base is the relational idea of communication and the notion of communicability, with inputs from the philosophical currents of Social Phenomenology with Alfred Schultz, and of Classic Pragmatism of John Dewey, George Mead and William James. We experimented potential approximations between the Arts’ and Sciences’ vehicles of signification, as laid out by Nelson Goodman, particularly in relation to Film and the operational potential of audio-visual writing for scientific communication, with notions of Michel De Certeau, Greame Turner and Daniel Arijon. Two operating concepts complement our analytical approach: Louis Quéré’s and Vera França’s Happening concept; and Erving Goffman’s Performance concept. In this article, we present an overview of the research projects we have developed out of this theoretical and practical formulation.

Keywords: Communication; Philosophy; Science; Culture; Audiovisual.

1 Pós-doutorado em Comunicação e Artes na Universidade da Beira Interior (UBI/Portugal), doutor em

Comunicação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mestre em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP). É professor da Faculdade de Comunicação e Artes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), membro do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Cultura Contemporânea (ECCO/UFMT) e Integra o Grupo de Pesquisa Multimundos.

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INTRODUÇÃO

Em nosso percurso situamos a noção comunicação na apreensão das formulações do filósofo John Dewey, base, juntamente com as noções do filósofo Alfred Schutz na construção do eixo teórico que sustenta as pesquisas que estamos levando a cabo e que trouxemos como contribuição para o Grupo de Pesquisa Multimundos. Em desdobramento, tratamos de apresentar o conceito de comunicabilidade, que começou a ser trabalhado desde o doutorado em Comunicação, na Universidade Federal de Comunicação (UFMG), e aprofundado nos estudos de pós-doutorado em Comunicação e Artes realizado na Universidade da Beira Interior (UBI), Covilhã/Portugal, em 2017. Os conceitos operadores de Acontecimento, com as formulações de Louis Quéré e Vera França, e de Performance, com Erving Goffman, constituem, também, base teórica para as nossas análises.

Por fim, trazemos um resumo do modo de comunicação dos achados das pesquisas que é uma proposta de operação transmídia - do texto verbal para o texto audiovisual científico – e os resumos das pesquisas que estamos trabalhando com essas bases teóricas e essa experimentação prática de uma nova escritura de ciência. São pesquisas na temática de comunicação e política. A primeira diz respeito a uma nova categoria de figura pública que atua, concomitantemente, na política e no agronegócio a qual chamamos de agropolítico e a segunda, trata sobre o uso dos “memes” nas campanhas eleitorais.

UMA IDEIA DE COMUNICAÇÃO

A comunicação opera na sua instrumentalidade com o intuito de conduzir a experiência das pessoas ao compartilhamento ou troca dos significados – o que não significa, necessariamente, uma comunhão de significados na sua conclusão. John Dewey cita no “sentido de” como um fim em vista, mas não necessariamente que esse fim seja único, uma vez que os fins podem ser também em oposição e conflito e não só gerar consensos e compartilhamentos. Tantos os meios quanto os fins estão subordinados às diferentes instâncias da comunicação e às suas respectivas diferenças de qualidade da experiência, ao que chamamos de níveis da comunicabilidade.

Dewey (1929) aponta a importância social de que meios e fins da comunicação e seus objetos alcancem um sentido ético na partilha dos significados, de um bem comum. Objetos dignos de admiração como meios porque eles demonstram mudanças e padrões

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variáveis. E são dignos enquanto fins, diz o filósofo, porque em tais fins o indivíduo é retirado do seu isolamento e compartilha significados. Mas ele mostra também as consequências negativas de uma comunicação onde meios e fins ideais não são alcançados na experiência.

Aqui, como em muitas outras coisas, o grande mal está em separar funções

instrumentais e finais. A inteligência é parcial e especializada, porque a

comunicação e a participação são limitadas, sectárias, provinciais, confinadas a classe, festa, grupo profissional. Do mesmo jeito, nosso gozo de fins é luxuoso e corrupto para alguns; brutal, trivial, áspero para os outros; exclusão da vida de comunicação livre e completa, excluindo a partir da total posse de significados das coisas. Quando os meios e os fins de comunicação vivem juntos na experiência, existe uma inteligência que é o método e a recompensa da vida comum, e uma sociedade digna de admiração e lealdade (DEWEY, 1929, p. 205) (grifo nosso).

Na argumentação sobre a importância do entendimento do caráter simultâneo, instrumental e final da comunicação, Dewey avança na apreensão da instância da interlocução do eixo relacional. Quando os acontecimentos têm significados comunicáveis, diz o filósofo, eles têm marcas, anotações e são capazes de conotação e denotação. Eles são mais que meras ocorrências: eles têm implicações para os interlocutores. Conforme o autor explica, se considerarmos a forma ou o esquema da situação em que o significado e o entendimento ocorrem, encontramos envolvidos em presença simultânea e referência cruzada de imediatismo e eficiência, abertos e potenciais, o consumatório e o instrumental.

Em desdobramento, Dewey afirma que o próprio discurso é tanto instrumental como consumatório, situando-o, enquanto materialidade simbólica, nas instâncias da interlocução entre os sujeitos e o contexto, bases do paradigma relacional da comunicação. A comunicação é uma troca que busca algo desejado em uma situação “envolve reivindicação, apelação, ordem, direção ou pedido, que realiza a necessidade a um custo menor do que o trabalho pessoal exige, uma vez que obtém a assistência cooperativa de outros” (DEWEY, 1929, p. 203).

O filósofo relaciona a noção de comunicação enquanto “ponte e coração” da linguagem, também considerando o caráter instrumental e final desta última. Segundo ele, a linguagem é sempre uma forma de ação e, em seu uso instrumental, é sempre um meio de ação articulada para um fim, ao mesmo tempo em que encontra em si todos os bens de suas possíveis consequências. Segundo Dewey, não existe um modo de ação tão satisfatório e tão gratificante como o consenso de ação. Isso traz a sensação de compartilhamento e fusão em um todo. As formas de linguagem são incomparáveis na capacidade de criar esse sentido, em

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primeiro lugar com participação direta por parte de um público, e este, à medida que as formas literárias se desenvolvem, através da identificação imaginativa.

Ainda com ênfase na ação, Dewey mostra que um significado é um método de ação, uma maneira de usar as coisas como meio para a consumação compartilhada. O método é geral, já as coisas às quais é aplicado são particulares. O significado, por exemplo, da portabilidade é algo em que duas pessoas e um objeto compartilham. Mas a portabilidade, depois de apreendida, torna-se uma maneira de tratar outras coisas, amplia-se.

A comunicação é consumatória e instrumental. É um meio de estabelecer cooperação, mas também, como deixa claro Dewey, um meio de dominação e ordem. Desse entendimento é que, em desdobramento, não podemos avaliar como negativo em si o caráter transmissivo da comunicação, um a priori fundacional criticado pelo pragmatismo, se apartado dos fins. Na continuidade da experiência, no contexto de cada aspecto sociocultural e histórico da ação comunicativa, é que podemos avaliar, e aqui é no sentido da crítica dos valores, como os indivíduos relacionam meios e fins para compartilhar ou para isolar os significados.

Segundo o filósofo pragmatista, a comunicação é incomparavelmente instrumental e incomparavelmente final.

É instrumental ao nos liberar da pressão de outro modo irresistível dos eventos e ao habilitar-nos para o viver num mundo de coisas que têm significado. É ao final como um compartilhar pelo qual os significados são ampliados, aprofundados e consolidados no sentido da participação (DEWEY, 1929, p. 204-205).

O autor usa a mesma palavra, uniquely, algo único, exclusivo, para expressar a ambivalência de valor, igual e simultâneo, de duas coisas diferentes de um mesmo fenômeno: “Communication is uniquely instrumental and uniquely final” (DEWEY, 1929, p. 204). Há, na definição, uma concepção implícita de lógica que admite a tensão contraditória. Acreditamos, ainda, que é a forma criativa encontrada por Dewey para chamar a atenção do caráter simultaneamente duplo da comunicação e, em desdobramento, atribui o mesmo valor, o mesmo peso de avaliação, de ambas as noções para o nosso entendimento sobre a importância da comunicação, meio e fim, na experiência.

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A comunicabilidade é vista com base no paradigma relacional da comunicação, como um esforço comum dos indivíduos em relação para um determinado entendimento recíproco, como uma qualidade da interação e dos discursos de se fazerem melhor entendidos, sentido final da comunicação, na ação compartilhada.

Qualidade e condição, a comunicabilidade é necessária para a vida comum compartilhada, conforme nos diz Dewey: a estrutura social depende da comunicabilidade social em oposição ao isolamento que produz a estrutura formal e rígida da vida. Os modos pelos quais a comunicabilidade humana atua são dados pela cultura. É essa característica de condição dada pela cultura que garante o compartilhamento dos significados e sua comunicabilidade, e aí então estamos falando também da dimensão instrumental da comunicação, através das formas que moldam a linguagem, na transmissão de hábitos e crenças.

Com base no pragmatismo clássico, desenvolvemos em desdobramento do conceito que integra a instrumentalidade e fins da comunicação. A comunicabilidade não é dada a

priori, ela é elaborada no próprio processo de interação (transação) com o outro e o mundo. É

essa relação entre os esforços de entendimento e o processo de interação entre os sujeitos, que confere uma natureza pragmática à comunicabilidade.

A comunicabilidade faz parte da configuração de modalidades de sociabilidade no processo de comunicação em relação ao contexto. Os esforços de comunicabilidade acionados dependem, a cada instante, do funcionamento e do uso das formas comunicativas disponíveis na transação entre os interlocutores postos em ação, tanto em nível subjetivo quanto em níveis intersubjetivo e social.

Os resultados dos esforços empreendidos na comunicação estão sujeitos às intenções dos sujeitos envolvidos em seus fins; avançam para além do conhecimento apenas dos códigos utilizados; abarcam as variações do contexto nos quais estão inseridos e da natureza do próprio percurso da ação. Condições essas que influenciam os diferentes graus de qualidade da consumação da experiência. O conceito de comunicabilidade, pensamos, permite a análise da globalidade do processo comunicativo, buscando a apreensão dos valores que são acionados na relação que integra tanto o aspecto da transmissão, enquanto formas que as estratégias comunicativas assumem, quanto os fins postos em ação pela comunicação.

Pelas diferentes estratégias comunicativas postas em ação, os esforços entre os sujeitos em relação, incorporamos aqui, nessa noção de comunicabilidade, a argumentação de Alfred Schutz (2012) sobre a utilização de signos (seja na dimensão de artefatos feitos ou

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usados por alguém de modo a tornar possível a comunicação de alguma ideia para outra pessoa, ou como ações expressivas que servem ao mesmo propósito) na interação. O autor sugere que há um esforço e intenção expressiva de seu utilizador na sugestão de que o outro faça a leitura do signo e apreenda a sua mensagem.

É o que podemos incorporar, também, em outra aproximação da comunicabilidade enquanto esforços na ação comunicativa entre os sujeitos ou na utilização de estratégias de interação, trazendo a definição sobre uma determinada concepção de sujeito em relação. A dimensão da comunicabilidade é dada exatamente nos modos de interpelação entre os sujeitos. Se somos sujeitos em frente àquele que nos interpela e o que nos interpela é o outro (sujeito ou o social), a produção, apreensão, posicionamentos, convocações e afetações, as diferentes dimensões do ato comunicativo podem ser avaliadas também pelos esforços empreendidos nas instâncias da comunicabilidade.

José Luiz Braga (2011) desenvolve a proposta de existência de variações do processo de comunicação. A comunicação não é um acontecimento único, é um processo de múltiplas variações, imperfeito quanto é a própria natureza humana. Tratamos, portanto, no âmbito da comunicabilidade, de variantes esforços e infinitos resultados, que só podem ser examinados em um dado contexto. Tratamos, como Braga (2011), de variações de valor. “Parece-me razoável considerar que qualidades variam... qualitativamente”. É nessa crítica de valores que sustentamos para a realização de uma análise comunicacional a partir do conceito de comunicabilidade: a evolução dos valores em um dado contexto da ação comunicativa. O que é, para o pragmatismo, a investigação das relações entre meios e fins; o caráter variável e transitório, sociocultural e histórico, dos valores que não são eternos. As marcas que o processo comunicativo deixa para avaliarmos essas variações qualitativas. O que está na comunicação, e aí chegamos ao que transcende a comunicação. A característica de portabilidade da comunicação traz em si as marcas dos valores que a transcendem. É dessa visada conceitual que podemos sustentar que a comunicação é a instância constituidora de um real que a transcende.

A noção de comunicabilidade a partir do paradigma relacional situa a reflexão sobre as interações sociais no âmbito das incertezas, da pluralidade de intenções e gestos, das diferentes formas e conteúdos que marcam os processos comunicacionais, o que é próprio da natureza humana. É nesse sentido que devemos entender os diferentes esforços de comunicabilidade: tornar comum pode não ser necessariamente um fim em comum, ou de pelo menos um dos partidos que tomam parte do processo. Nos esforços de comunicação, as

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pessoas reverberam umas sobre as outras, podem se escutar mutuamente – e, por processos incrementais, podem se modificar a partir de aportes múltiplos e entremeados. Assim como, historicamente, podem se modificar as instituições. Mas essas modificações podem surgir independentemente dos esforços iniciais postos na interação, fins que são modificados durante o processo da ação comunicativa. É também essa instabilidade, própria do pulsar da vida social, que confere à comunicação a condição de “coração” da linguagem.

Esse é o nosso eixo teórico, que se abre para a incorporação de conceitos operadores. Em nossas pesquisas atuais trabalhamos com as noções de Acontecimento e Performance. Incorporamos aqui os aspectos que consideramos centrais dos conceitos para a nossa apreensão.

ACONTECIMENTO

A compreensão do conceito de Acontecimento conforme discutido por Louis Quéré (2005) situa como ruptura da normalidade, desencadeando sentidos e descortinando novas possibilidades. O acontecimento interrompe uma rotina, atravessa o já esperado e conhecido, faz-se notar por aqueles a quem ele acontece. Uma ocorrência que não nos afeta não se torna um acontecimento no domínio da nossa vida. É simples fato, do qual até podemos tomar conhecimento, mas pelo qual não somos tocados. Este primeiro aspecto nos permite uma conclusão importante: os acontecimentos se inserem na experiência humana, no âmbito de nossa vivência.

O acontecimento é portador de uma diferença e de ruptura. Ele rompe o esperado, a normalidade; ele quebra uma sequência e, num primeiro momento, desorganiza o nosso presente. Ele penetra sem aviso prévio, e gera impasse. O desdobramento se vê comprometido. O acontecimento gera interrogação. Como, nos diz Quéré, o Acontecimento convoca passado e futuro. Faz-nos olhar para trás e indagar: onde ele estava anunciado e não foi percebido? De onde ele vem, e que causas vieram a provocá-lo?

No âmbito conceitual, a noção de acontecimento é, portanto, de base pragmatista, no domínio da experiência individual ou coletiva, buscando entender a conduta, de como os indivíduos sofrem e reagem na relação de ocorrências não previstas ou que, mesmo previstas, no caso, por exemplo, de eleição como um acontecimento, tais ações afetam, provocam rupturas no cotidiano. Os acontecimentos são componentes da organização da experiência, mas que não ficam restritos ao universo do discurso. Os acontecimentos são coisas concretas,

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reais, antes de serem colocadas no discurso, e que vão para além da lógica de uma construção restrita ao processo de midiatização.

Nessa visada, uma elaboração progressiva do acontecimento se produz através de um trabalho de enquete, distribuído através de vários atores sociais que participam desse trabalho de constituição dos sentidos compartilhados pela articulação da comunicação.

Entendemos, portanto, que, na comunicação, o conceito de acontecimento é a chave da pesquisa proposta, não só nomeando o acontecimento, como na sua narrativa que inscreve o acontecimento em um espaço de tempo, articula um encadeamento de sentidos e na configuração do contexto no qual ele se insere.

PERFORMANCE

Nessa compreensão relacional da comunicação, a ferramenta conceitual que a noção da performance apresenta para a investigação é trabalhada com a preocupação de enfatizar as diferentes características da performance coletiva dos grupos, tanto na relação midiatizada quanto na comunicação face a face – as ações políticas que são performadas nas ruas. Situamos a noção de performance, segundo Goffman, enquanto ação realizada a qual os indivíduos treinam e ensaiam:

[...] Uma performance pode ser definida como toda e qualquer atividade de um determinado participante em uma certa ocasião, e que serve para influenciar de qualquer maneira qualquer dos participantes. Tomando um participante em especial e sua atuação como ponto básico de referência, podemos nos referir àqueles que contribuem para as outras performances como o público, os observadores, os outros participantes. O padrão preestabelecido da ação desenvolvida durante uma performance e que pode ser apresentada ou encenada em outras ocasiões pode ser chamada de “parte” ou de “rotina”. Estes termos situacionais podem facilmente ser relacionados com os casos de estrutura convencional. Quando uma pessoa ou um ator executa o mesmo papel para o mesmo público em ocasiões diferentes, quase surge uma relação social. Definir papel social como encenação de direitos e deveres de um certo status, podemos dizer que um papel social envolverá um ou mais dos papéis, e cada um destes papéis diferentes pode ser executado pelo performer em uma série de ocasiões, para os mesmos tipos de público ou para um público das mesmas pessoas (GOFFMAN, 1959, p. 15-16).

A performance bem-sucedida implica, conforme aponta Goffman (2007), o uso de “técnicas verdadeiras” que mantêm as suas situações sociais reais. O seu esforço na gestão do desempenho é de, expressivamente, manter uma definição da situação. Incorporamos, também, no desdobramento desse percurso, para situar a noção de performance, uma característica do desempenho dos indivíduos: a manutenção da sua fachada social –

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estratégias na gestão da imagem que assumem maior vulnerabilidade, tensões e riscos para os atores sociais que atuam no amplo cenário da visibilidade midiática.

Goffman usa o termo fachada para se referir àquilo que o indivíduo disponibiliza de si mesmo, o que escolhe tornar público. O autor fala de equipamento expressivo intencional e, em contraposição, o fundo é aquilo que o indivíduo não quer mostrar na situação. Nessa caracterização, a fachada é composta, conforme o autor, de três partes: cenário e, mais ligados à fachada pessoal, a aparência e a maneira. O cenário é o pano de fundo do quadro da experiência social, refere-se às partes cênicas de equipamento expressivo. Na parte da fachada pessoal (itens de expressividade ligados diretamente ao ator), podemos incluir: figurino, sexo, idade, aparência, atitudes, padrões de linguagem, expressões faciais, gestos corporais, entre outros. Alguns são mais fixos, não variando de uma situação para outra do indivíduo, outros podem variar, como a expressão facial e os gestos, numa representação, de um momento a outro. Goffman diz ser conveniente dividir os estímulos que formam a fachada pessoal em “aparência” e “maneira”, em função das informações que esses estímulos transmitem:

[...] Pode-se chamar de “aparência” aqueles estímulos que funcionam no momento de revelar o status social do ator. Tais estímulos nos informam também sobre o estado ritual temporário do indivíduo, isto é, se ele está empenhado numa atividade social formal, trabalho ou recreação informal, se está realizando, ou não, uma nova fase de ciclo das estações ou no seu ciclo de vida. Chamaremos de “maneira” os estímulos que funcionam no momento para nos informar sobre o papel de interação que espera desempenhar na situação que se aproxima (GOFFMAN, 1959, p. 31).

O AUDIOVISUAL CIENTÍFICO E A CHAVE DA LINGUAGEM

Desenvolvemos estudos teóricos e práticos de um novo modo de comunicação dos achados das pesquisas, em um processo transmídia. Os textos verbais, como o artigo científico, por exemplo, são base dessa operação, ganhando o caráter de um pré-roteiro da escritura audiovisual. Os achados das pesquisas que estamos realizando serão comunicados em ambos os modos. Acreditamos que o audiovisual científico se apresenta como uma escritura de potência para a democratização da ciência.

Reiteramos a relevância do debate sobre uma “forma audiovisual” que comporte o tipo de conteúdo científico. Nosso propósito, portanto, é trazer à reflexão a formatação das linguagens audiovisuais para acolher a discussão científica. Propomos a construção e a identificação do formato do artigo audiovisual científico tal qual temos na linguagem verbal o

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formato científico – em sua distinção, por exemplo, do formato jornalístico, poético, entre outros.

As chaves do texto audiovisual, o que mostrar e como mostrar, precisam estar compromissadas com seu objeto de estudo. Esse texto audiovisual obrigatoriamente deverá apresentar uma narrativa que esteja sustentada pelo eixo teórico e metodológico proposto, em acordo com seus conceitos operadores e com os achados que apresenta. Não é isso que está em exame quando analisamos a qualidade de um texto verbal científico?

O audiovisual científico tem condições de ser mais uma escritura para o avanço da produção acadêmica com suas inferências e reflexões. As articulações da pesquisa devem estar voltadas para a consolidação da área, se a palavra “consolidar” significar também experimentar, abrir, avançar nas pesquisas sobre as linguagens ao nosso dispor para a democratização do conhecimento. A discussão sobre os parâmetros e as possibilidades do audiovisual científico é uma questão “transversal” e “observável” entre as várias linhas de pesquisa, indo ao encontro, também, dos propósitos do lugar da epistemologia nos estudos da comunicação.

A natureza desses trabalhos na área de comunicação cumpre os esforços de diálogo com o nosso objeto de pesquisa, o processo de aprendizado e a reflexão de uma experiência nova. Nosso desafio, a partir dessas experimentações com a escritura audiovisual, é superar as disjunções conceituais de forma/conteúdo para a construção de novos modos de comunicação científica.

Estamos levando a cabo duas pesquisas na temática de comunicação e política cujos resultados serão apresentados também em audiovisual. Salientamos que ambas as pesquisas avançam dentro do contexto de trabalhos em rede, nas conexões a partir do novo Grupo de Pesquisa Multimundos. Uma como membro do GT de Comunicação Política da Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação (SOPCOM). A outra com o novo grupo de pesquisa que está sendo criado, sob a coordenação da professora Vera França, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o Observatório de Celebridades: estudos de acontecimentos e figuras públicas - narrativas afetos e sentidos que atravessam o cotidiano.

RESUMOS DE PESQUISAS

Discutimos o papel central da imagem na paisagem política contemporânea, dada a relevância das redes sociais, a multiplicação das fontes de informação e o surgimento de

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conceitos como “fatos alternativos” e “notícias falsas”. Destacamos aqui um resumo de nossas primeiras reflexões da pesquisa com uma comunicação para a Universidade de Coimbra/Portugal intitulada “A imagem suspeita e a pergunta de Maria João Silveirinha”.

Conforme Albert Jacquard, uma questão nos abre o mundo e estimula novos conhecimentos. Partimos, dessa maneira, de uma pergunta condutora feita pela professora Maria João Silveirinha no GT Comunicação Política durante a realização do X SOPCOM, em novembro de 2017, na cidade de Viseu. Ao ouvir um pesquisador dizer que “é preciso suspeitar das imagens”, Maria João Silveirinha perguntou: “não devemos suspeitar das palavras também”? Para reforçar a pertinência da questão, trazemos a lembrança da obra distópica de George Orwell, “1984”

Extraímos reflexões úteis sobre a imagem enquanto controle, poder ou espetáculo, mas não damos a mesma a atenção ao que o autor inglês também denuncia: a manipulação da palavra escrita, o trabalho rotineiro, burocrático de reescrever o passado. Afinal, no romance, as palavras é que são atiradas no buraco da memória. Assim situadas uma e outra suspeição, a pergunta da professora conduz a nossa discussão proposta a partir das instâncias da comunicação, instrumental & final. Tratamos dos processos de manipulação técnica das imagens, tradicional base da “suspeita”, e o seu uso na política no contexto contemporâneo. Nosso eixo teórico é a ideia relacional da comunicação formulada pelos filósofos Alfred Schutz, da fenomenologia social, e John Dewey, do pragmatismo clássico. Incorporamos a noção de manipulação técnica de Daniel Arijon na produção de filmes documentários, enquanto organização de fatos e arranjos da realidade, o chamado “tampering with”, e as formas da comunicação audiovisual com seus os elementos significadores caracterizados por Graeme Turner.

Apresentamos, como procedimento metodológico, um estudo múltiplo de casos de “memes políticos”, buscando analisar a relação entre seus processos de montagem, a instância da medialidade vista nas formas do dispositivo, e a construção de significação, a instância da finalidade. O deboche, o escárnio, os ataques pessoais aos opositores são procedimentos antigos na política, quase sempre tendo sua raiz em preconceitos, segundo a filósofa Hannh Arendt, ancorados no passado.

Os memes são as novas formas de mensagens dessas velhas estratégias comunicativas, que circulam na internet em escala crescente, utilizadas por grupos sociais de todos os matizes ideológicos. Nesse caso, nosso olhar busca a compreensão tanto do uso instrumental de imagens quanto do seu fim detrator por esse tipo de ciberativismo, em especial em acontecimentos eleitorais, provocando sérias distorções para a democracia comunicada. (OLIVEIRA, UNIVERSIDADE DE COIMBRA, 2018).

Na outra pesquisa situamos uma nova categoria de figura pública que atua, concomitante, na política e nos negócios. Acreditamos que, como propõe Vera França na criação do Observatório de Celebridades, a conjunção dos temas acontecimento e figuras públicas, enquanto fenômenos de carga simbólica e pragmática (provocam sentidos, emoções, se desdobram em narrativas, geram públicos e comportamentos) se mostram ricas em possibilidades, e com capacidade de agregar diferentes interesses.

No enquadramento conceitual abordamos as questões da discussão sobre os fenômenos do populismo e as distorções da democracia comunicada em diálogo com as artes, em especial o Cinema. Abaixo, o resumo da nossa comunicação apresentada na Universidade

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da Beira Interior, Covilhã/Portugal, com o título “O agro é tech, o agro é pop, o agro é político: o “mundo rural” e o cultivo do agropolítico no Brasil”.

Da obra distópica de George Orwell, “1984”, trazemos a noção do “buraco da memória”, o apagamento de qualquer marca de controvérsias e conflitos no mundo para o controle da ordem ditada pelo Grande Irmão. Os registros em imagens e palavras são apagados ou reescritos para que a ideia da normalidade prevaleça. Tal operação totalitária implica no cerne da falta de liberdade para conhecer a existência de outros mundos possíveis. A perda da liberdade sem a noção do que se perde e do que não é dado a conhecer é trazida para essa reflexão pelas contribuições do filósofo Günther Anders, na sua obra “La Obsolescência del Hombre”. Anders fala sobre o “mundo completo”: ações, opiniões e sentimentos dados como uma obediência a uma ordem sem que se perceba como ordem.

Nesse contexto de “naturalização” de uma lógica de controle, discutimos o surgimento de uma nova ordem na política pelo poder econômico de produtores do mundo rural no Brasil, partindo da análise de uma figura pública de uma nova categoria de atores sociais da politica brasileira: o agropolítico - aquele que opera dos “dois lados do balcão”, atuando simultaneamente no exercício de um mandato político e como produtor rural. Na mídia televisiva, com uma peça de propaganda, o setor veicula o espetáculo do agronegócio do Brasil que dá certo, apresentando-se como moderno: “o agro é tech, o agro é pop, o agro é tudo”. Busca, como situa Sidney Hook, agregar um sentimento chave, a empatia da sociedade com as coisas e os homens do mundo rural. Na política, acompanhamos a transformação da estratégia política do agronegócio, com o surgimento dessa nova figura pública. Além de apoiar candidatos ligados ao setor, o agronegócio incentiva a participação do próprio produtor como protagonista, mas nem todos: o perfil principal é de empresários rurais com grande poder econômico.

Em nossa pesquisa, apresentamos um estudo de caso da entrada efetiva desses empresários rurais na política como candidatos em Mato Grosso, estado do Centro-Oeste brasileiro que é uma referência nacional do agronegócio. Nossa linha do tempo começa em 2002, com a entrada na disputa eleitoral do chamado “rei da soja”, o empresário bilionário Blairo Maggi em sua trajetória de governador eleito naquele ano, reeleito em 2006 e eleito senador em 2010. Maggi, principal cabo eleitoral em Mato Grosso das campanhas presidenciais de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Roussef e atual ministro da Agricultura do presidente Michel Temer, anunciou que está fora das eleições de 2018, mas sua figura ainda inspira a candidatura de dezenas de agropolíticos de diferentes partidos e seu poder político ainda mantém a força da lógica do “mundo rural”, onde política é a realização das coisas que beneficiem o seu mundo e é a gente do setor que sabe como agir do lado de lá do balcão para atender aos interesses do lado de cá.

As estratégias comunicativas acionadas pelo agropolítico para sustentar visão da ordem econômica ditada pela produção, o centro “natural” do mundo da vida, são analisadas com base no eixo teórico da ideia relacional de comunicação formulada pelos filósofos Alfred Schutz e John Dewey. As noções do contexto neoliberal mundial enquanto ameaça para a democracia pela normatização da ordem econômica como valor superior a todas as demais esferas da nossa existência são trazidas da obra de Wendy Brown. A outra ameaça à democracia, a fragilidade dos partidos no mercado eleitoral onde se impõe a figura do agropolítico com seus recursos financeiros próprios e organização independente da estrutura partidária, é vista a partir das noções de Pippa Norris. (OLIVEIRA, UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR, 2018).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A nossa colaboração no trabalho em rede nas pesquisas interdisciplinares que levamos a cabo na proposta do Grupo de Pesquisa Multimundos é buscar, conhecer e questionar como estão sendo construídos os mundos contemporâneos e as suas formas de comunicação e cultura, identificando não só papel de novas linguagens emergentes mas a sua experimentação para a escritura científica em acordo como o seu tempo, com o contexto dos mundos da vida.

A disseminação de saberes e conhecimentos passa pela urgente e consciente democratização da ciência. O sentido ético dessa partilha tem o seu valor na própria ideia da democracia comunicada contra qualquer tipo de totalitarismos. Conhecer mundos é, também, dar a conhecer esses mundos para o outro.

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Referências

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