TELMA
SAKUNO
A
ULTRA-soNoGRAFIA
No
DIAGNÓSTICO
Do
REFLUxo
GAsTRoEsoFÁGIco
EM
CRIANÇAS
ADissertação apresentada à Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do título de Mestre
em
Ciências Médicas.Coordenador do
Curso:
Prof. Dr.Armando
Joséd'Acampora
Orientador:
Prof. Dr.Murillo
Ronald
Capella
Co-Orientador:
Prof. Dr.Emil
Kupek
FLoRIANÓPoLIs
_
sc
èš. 1,:
Universidade
Federal
de
Santa Catarina
-,.¿.Centro
de
Ciências
da Saúde
.
.FÉ
Á
l
Mestrado
em
Ciên
'asM
'
/icas
~
15%
Tl'5LlvlA s
U
O
ESSA
DISSERTAÇÃO
FOIJULGADA
ADEQUADA PARA
A
OBTENÇÃO
DO
TÍTULO
DE
.
MESTRE
EM
CIENCIAS
MEDICAS
COM
ÁREA DE
CONCENTRAÇÃO
EM,CLÍNICA
MÉDICA EAAPROVAOA
EM
SUA
FORMA
FINALPELO
PROGRAMA
DE
sGRAD AÇÃO
EM
IENCIASMEDICAS
/,
Pr .D . and *José d'Acam ra
oorden or do Curso
Banca Examinadora: \
Prlf. Dr. Mun lo Ronald Capella Orientador
11/
Í
/.O
0/7
=o:o=
es SouzaProfi . e ulz Martins
Membro
Prof. Dr rd José de Araújo
mbro .
Za
\/`
b\/ ¿""
_ V _ Pfifrn ãšgnom
zé. \ embro Florianópolis, 17 de dezembro de 2002. ._-...~›--r» ,Hospital Universitário - Andar Térreo - Campus Úniversllário CEP 88040-970 Florianópolis - SC - Brasil
da - _
Universidade
Federal
de
Santa Catarina
Centro
de
Ciências
da
Saúde
_ê
Mestrado
em
Ciências
Médicas
ATA
DE DEFESA DE DISSERTAÇÃO
CANDIDATO:
TELMA SAKUNO
A
partir das oito horas e trinta minutos do dia dezessete de dezembro do ano dois mil e dois, no Auditório do Laboratório da Técnica Operatória, localizado no HospitalUniversitário da Universidade Federal de Santa Catarina, a Comissão Examinadora, constituída pelos Professores Murillo Ronald Capella, Antônio Soares Souza , José Luiz
Martins, Edevard José de Araújo e Nelson Grisard, procedeu ao exame da Dissertação de Mestrado apresentada pelo aluna
TELMA
SAKUNO,
intitulada“A
ULTRA-
SONOGRAFIA
NO
DIAGNÓSTICO
DO
REFLUXO
GASTROESOFÁGICO
EM
CRIANÇAS”.
Após explanação feita pelo candidato, 0mesmo
foi argüido pela Comissão Examinadora, sendo aprovadocom
os seguintes conceitos, nos termos da Resolução 010/CUn/97 e Regimento Intemo do Curso de Pós-Graduaçãoem
Ciências Médicas. Nadamais havendo a tratar, deu-se por encerrada a sessão e lavrou-se a presente ata que vai ser
assinada por todos os membro da Comissão Examinadora.
NOME:
IAT
' za*CONCEITO
¬\
'A
_ .. `fÍ\.\Prof. Dr. Murillo Ronald Capella .... ..
Prof. Dr. Antônio Soares Souza ... ._
Prof. Dr. José Luiz Martins ... ..
›
Prof. Dr. Edevard José de Araújo ... ..
gli
... .. rf ... ...
/
L/
Prof. Dr. Nelson Gnsard...... e
. . Florian ` deze ode 2002. L\ __ ` .Prof.Dr. ' 1 o
Ronal Capella
Presidente da Comissão Examinadora
Dšlši
imm .
Hospital Universitário - Andar T érreo - Campus Universitário
_ CEP 88040-970 Florianópolis - SC - Brasil
As
aparências para amente
sao de quatrotipos:
As
coisas são oque
parecem
ser;ou não
são,nem
parecem
ser;ou
são enão
parecem
ser;ou não
são,mas
parecem
ser.Posicionar-se corretamente frente a todos esses casos é a tarefa
do
homem
sábio.AGRADECIMENTOS
~
Ao
Prof. Dr. MurilloRonald
Capella, orientador desta dissertaçao, pelaamizade, estímulo e apoio durante todas as etapas desta caminhada.
Ao
Prof. Dr.Armando
Joséd”Acampora,
coordenadordo
curso deMestrado
em
Ciências Médicas, pelaamizade
e dedicação ao mestrado. ~Ao
Prof. Dr.Emil Kupek,
pelo cuidado e dedicaçaona
análise estatística.Aos
professoresdo
Curso de Mestrado
Ciências Médicas, pelosensinamentos.
Aos
colegasdo
Serviçode
Radiologiado
Hospital InfantilJoana de
~ ~ ~
Gusmao,
pelas sugestoes e colaboraçao.Aos
colegasdo
Serviço de Radiologiado
Hospital Universitárioda
Universidade Federal de Santa Catarina, pela colaboração e suporte tecnico.
Aos
colegas dos ambulatóriosdo
Hospital InfantilJoana de
Gusmão,
do
Hospital Universitário
da
Universidade Federalde
Santa Catarina e dospostos municipais de saúde, pelo
encaminhamento
dos pacientes.Ao
amigo
Antônio
ErvinoHamrnes
e à sua família, pelo auxíliona
Aos
funcionáriosdo
Serviçode
Radiologiado
Hospital InfantilJoana de
Gusmão
edo
Serviçode
Radiologiado
Hospital Universitárioda
Universidade Federal de Santa Catarina, pela ajuda
na
realização dosexames. -
Aos
funcionáriosda
bibliotecado
Hospital Universitário da_Universidade~
Federal
de
Santa Catarina, pela ajudana
obtençao das referências bibliográficas.Aos
funcionáriosdo
Centro de estudos eda
bibliotecado
Hospital InfantilJoana
deGusmão,
pelo auxíliona
digitação.~
E
a todosque de
maneira diretaou
indireta participaramna
elaboraçao desta dissertação,o
meu
MUITO
OBRIGADO!!!
_RESUMO
... ..SUMMARY
... .. 1.INTRODUÇÃO
... .. 2.OBJETIVO
... .. 3.MÉTODO
... ._ 4.RESULTADOS
... .. ~ 5.DISCUSSAO
... .. ~ ó.CONCLUSAO
... .. 7.REFERÊNCIAS
... .. S.NORMAS
ADOTADAS
... ..APÊNDICES
... ..ANEXOS
... ..ÍNDICE
ooooooooooooooo no OOOOOOOOOOOOOOO 00 000000000000000 00 OOOOOOOOOOOOOOO 00 ooooooooooooooo ao ooooooooooooooo no ooooooooooooooo ou ooooooooooooooo Oo OOOOOOOOOOOOOOO 00 OOOOOOOOOOOOOOO to oooooooooooooooo On oooooooooooooooooRESUMO
O
refluxo
gastroesofágico(RGE)
é apassagem
involuntáriado
conteúdo gástrico para a luz
do
esôfago.É
uma
condiçãocomum
noslactentes e crianças menores, sendo,
na
maioria das vezes, consideradofisiológico,
no
entanto,pode
detemiinar manifestações clínicas e levar àdoença do refluxo
gastroesofágico.O
objetivo deste estudo foi avaliar a ultra-sonografia
como
meio
diagnósticodo
RGE,
comparando-a
com
a seriografiaesôfago-gastro-duodenal
(SEGD).
Foram
avaliadas 102 criançascom
suspeitaclínica
de
RGE
pormeio da
SEGD,
da
ultra-sonografiamodo
B
(US-MB)
eda
ultra-sonografiacom
Doppler
colorido (US-Doppler).As
variáveisestudadas
foram
a presença,número
etempo
de duraçãodo
RGE,
medidas
do
diâmetro de abertura da cárdia,
do comprimento do
esôfago intra-abdorninal edo
ângulo de His, e sinais de esofagite.Na
análise estatística, calcularam-se asensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo e valor preditivo negativo,
com
pS0,05.Mediu-se
o graude
correlação entre as variáveis e aplicou-se a regressão logística para estimaro
RGE
e a esofagite.Observou-
se
que
aSEGD
detectou oRGE
em
62,7%
dos casos, aUS-MB
em
83,3%
e aUS-Doppler
em
83,5%.Quando
secompararam
aUS-MB
e aUS-Doppler
com
aSEGD,
a sensibilidade foi de100%
e97,9%,
respectivamente, eo
valorpreditivo negativo de
100%
e 92,3%.As
variáveis mais preditivasde
RGE
foram
ocomprimento do
esôfago intra-abdominal eo
ângulode
His,enquanto
o
número
de episódios e otempo
de duração totalde
RGE
foram
asque mais
se correlacionaram
com
os achadosde
esofagite. Desta fonna, a ultra-sonografia mostrou-se
um
exame
capazde
diagnosticaradequadamente o
SUMMARY
The
gastroesophagealreflux
(GER)
is the involuntaryretum
of thegastric contents to the esophagus' lumen. It”s a
common
condition in infantsand
toddlers, beingmost
of the time considered a physiologic event.However,
it hasbeen
related to clinicalsymptoms
leading togastroesophageal
reflux
disease.The
objective of the present study is toevaluate the ultrasound in the diagnosis of the
GER, when
compared
to thebarium esophagogram.
One
hundred
and
two
(102) children With clinicallysuspected
GER
were
studied usingbarium esophagogram,
B-mode
ultrasound
(US-MB)
and Color Doppler
ultrasound (US-Doppler).The
variables studied
were
the existence,number
and
time duration ofGER,
theopening diameter of the cardia, the length of the intra-abdorninal esophagus,
the angle of His
and
esophagitis signs.The
statistical analysis has estimatedsensitivity, specificity, positive predicted value
and
negative predicted valueWith significant level of p50.05.
The
correlation degree for the variablesWas
measured and
the logistic regression estimated the binaryend
forGER
and
esophagitis.The
barium
esophagogram
detectedGER
in62.7%
of the cases, theUS-MB
in833%
and
theUS-Doppler
in835%.
When
US-MB
and
US-
Doppler
arecompared
Withbarium esophagogram,
the sensitivityWas
100%
and 97.9%,
with negative predicted value of100%
and
923%,
respectively.The
GER
more
predictive variablesWere
the length of the intra-abdominalesophagus and
the His angle, While thenumber
of episodesand
the totalduration of
GER
were
the variablesmore
correlated with the esophagitis.Thus
ultrasonography revealed itself a reliableexam
for diagnosingGER
1.
INTRODUÇÃO
O
refluxo
gastroesofágico(RGE)
é apassagem
involuntáriado
conteúdo gástrico para a luz
do
esôfago. Foi descritoem
1935
porWinkelstein'
como
um
acontecimento capazde
produzir manifestaçõesclínicas, e teve os primeiros achados radiológicos,
em
adultos, relatadosem
1945
por Berk2.Na
criança,o
seu diagnóstico radiológico foi descritoem
1947
porNeuhauser
&
Berenberg3,que
o consideraramcomo
sendo o
relaxamento persistente
da
cárdia, levando a vômitos freqüentesem
lactentes, ao qual
deram
onome
de
calásia.Carre4,
em
1951,num
estudo retrospectivo, descreveu a história naturalda
criançacom
RGE.
Observou que
as manifestações clínicas,geralmente, iniciam nas primeiras seis
semanas
de vida,sendo
que 60
a65%
destas crianças ficam curadassem
tratamento por volta dos dois anosde
idade, as
demais
persistemcom
sintomas importantes até os quatro anos,5%
desenvolvem
estenose e a taxa de mortalidade éde
5%,
mostrando
aimportância
do
reconhecimento e tratamento desta doença.É
uma
condiçãocomum
nos lactentes e crianças menores, sendo,na
maioria das vezes, considerado
como
um
evento fisiológico5'6.No
entanto,cada vez mais se
tem
relacionadoo
RGE
com
manifestações clínicascomo
o
retarde
do
crescimento, irritabilidade, distúrbiodo
sono, desviode
postura,anemia
crônica, esofagite, estenose esofágica5”7`“, dorabdominal
recorrente”, apnéia'3`l5 e manifestações respiratórias
como
broncoespasmo,
tosse crônica,
pneumonia
recorrente e reduçãoda
função pulmonars' 8`“'mm.
~
Os
fatores envolvidosna
fisiopatologiado
RGE
incluem
a açaodo
9
esôfago
em
retomaro
material refluído, o potencial agressordo
materialrefluído, a resistência intrínseca
da
mucosa
esofágica eo
relaxamentotransitório
do
esfincter esofágico inferior(RTEED22.
Dependendo
do
equilíbrioou
desequilíbrio entre esses fatores,o
RGE
determinará
ou não
a presença de manifestações clínicasou
alteraçõeshistopatológicas
no
esôfago, constituindo adoença do refluxo
gastroesofágico
(DRGE)m'
22' 23.A
doença do
refluxo gastroesofágico(DRGE)
pode
apresentarmanifestações clínicas consideradas típicas
como
pirose e regurgitação,ou
não
típicascomo
tosse crônica,broncoespasmo,
pneumonia
recorrente, apnéia, irritabilidade, distúrbiodo
sono, desviode
postura, retardedo
- -
A-
v,9,ii,ió-20,24 ~ . ,. .crescimento,
anemia
cronica ,que
sao inespecificas, dificultandoo
reconhecimentoda
doença.~
A
avaliaçao diagnósticado
RGE
e suas conseqüências persistemum
desafio, procurando-se ainda detemiinar qual
o melhor meio
diagnóstico.Meyers
et al”, Orensteing,Glassman
et allo eMc
Dougall26 salientamque
nenhum
exame
isolado é suficientemente sensível parao
seu diagnóstico.Os
exames
mais utilizados atualmentena
clínica para a pesquisado
RGE
são a cintilografia gastroesofágica(CGE),
a endoscopia digestiva alta(EDA),
a monitorização de24
horasdo
pH
esofágico (pHmetria de24
horas) e a seriografia esôfago-gastro-duodenal(SEGD).
Essesexames
apresentamvantagens e desvantagens
quando comparados
entre si.A
cintilografia gastroesofágica avalia o esvaziamento gástrico epode
mostrar a aspiração
do
material radioativo para as vias aereass' 27.Embora
muito
específica”, épouco
sensível”.A
endoscopia digestiva alta avalia amucosa
esofágica, fazendoo
10
manifestações, clínicas típicas de
refluxo
apresentam evidências de esofagite à endoscopia3°.A
pHmetria
é consideradao
exame
padrão áureo,porém
também
apresenta limitações, pois
não
fornece informações sobre a anatomiado
tratodigestório e
não
é capaz de detectar os episódios derefluxo
com
pH
não
ácido31' 32.
É
de
técnica difícil, requer tempo,sendo
invasiva e desconfortávelpara
o
paciente,o
que
dificulta o seu usona
prática clínica diária.A
SEGD
constituio
exame
complementar
maiscomumente
utilizado”por ser acessível, de baixo custo e por pemiitir estudar a anatomia
do
tratodigestório”,
contudo
apresenta adesvantagem
de submeter o paciente à ~radiaçao ionizante, limitando
o
tempo
disponível para a pesquisado
refluxo8'22.
Uma
outra altemativa diagnósticado
RGE
é a ultra-sonografia,que
foi introduzida inicialmente
em
1984
porNaik
&
Moore”,
que verificaram
ser esse
exame
capaz de detectaradequadamente
oRGE.
No
entanto,não
foi~ ~
incorporada à clínica diária por achar se
que nao
forneciacom
precisao osdados
necessários para o diagnósticodo
RGE35`37.Com
o avanço
tecnológico e amelhora da
resolução deimagens da
ultra-sonografia,
além da
introdução denovas
tecnologias acopladas à ultra-sonografia,
como
oDoppler
colorido, Hirsch et al”,em
estudoscomparativos entre a ultra-sonografia
modo
B
(US-MB)
e a ultra-sonografiacom
Doppler
colorido (US-Doppler)com
a pHmetria, encontraramuma
concordância entre os
exames
de87%
e94%,
respectivamente, econstataram
um
aumento da
sensibilidadede
84,4%
para98%, quando
o
Doppler
era adicionado aomodo
B.Isso denota
uma
altapercentagem
de concordância entre a ultra-ll
Entretanto,
quando
sebusca
comparar
estasnovas
imagens
ultra-sonográficas
com
os achadosda
SEGD,
poucas
são as referênciasna
literatura39`4'.
Dessa
forma,na
procurade
um
exame
não
invasivo, rápido, acessível e barato para a investigaçãodo
RGE,
propõe-se a sua avaliação pormeio da
ultra-sonografia,
comparando-a
aoexame
maiscomumente
utilizadona
prática clínica diáriano
nosso meio, aSEGD.
2.
OBJETIVO
Estudar a ultra-sonografia
como
meio
de diagnósticodo refluxo
3.
MÉTODO
Foi realizado
um
estudo transversal, descritivo,não
controlado,efetuado
no
Serviço de Radiologiado
Hospital InfantilJoana de
Gusmão
(HIJG)
eno
Serviçode
Radiologiado
Hospital Universitárioda
Universidade Federal de Santa Catarina
(HU-UFSC),
Florianópolis, SantaCatarina.
O
estudo foiaprovado
peloComitê de
Éticaem
Pesquisascom
SeresHumanos
da
Universidade Federal de Santa Catarina, processo012/2001
(Anexo
1), estando de acordocom
as Diretrizes eNormas
Regulamentadoras
de
Pesquisaenvolvendo
SeresHumanos
-
Resoluções 196/96 e 251/97do
Conselho
Nacional de Saúde42” 43.3.1
População
de
estudoForam
examinadas 102
criançascom
idade entre 1 e224
meses,com
suspeita clínica
de
RGE,
encaminhadas
ao serviçode
radiologiado
HIJG
para realizarem
SEGD,
no
períodode
outubro de2001
a abrilde
2002. Estascrianças
procederam
dos ambulatórios de pediatria geral, de cirurgia pediátrica,de
pneumologia, de cardiologia e de otorrinolaringologiado
HIJG, do
ambulatório de pediatria geraldo
HU-UFSC
e dos postos14
~ 3.2 Critérios
de
inclusaoSuspeita clínica de
RGE.
Foram
consideradoscomo
suspeita clínicade
RGE
os seguintessintomas e sinais: vômitos
de
repetição, dorabdominal
inespecífica crônica erecorrente, dor retro-estemal, disfagia, pirose, déficit de crescimento
pôndero-estatural, irritabilidade, distúrbio
do
sono, infecção das vias aéreas superioresde
repetição (IVAS), tosse crônica,broncopneumonia de
~ ~
repetiçao,
broncoespasmo,
bronquite e apnéia transitória de repetiçao.3.3 Critérios
de
exclusãoForam
excluídasdo
estudo as crianças portadorasde
anomaliascongênitas, doenças
do
sistema nervoso central eem
usode medicações
como
anti-eméticos, anti-ácidos, bloqueadoresH2
e debomba
de
próton.3.4
Procedimentos
No
diada
realizaçãoda
SEGD,
o
responsável pela criança foiinformado que
se estava efetuandoum
estudo comparativo entreo
exame
radiológico e o
exame
ultra-sonográfico. Explicou-se o motivo, solicitando- se a inclusãoda
criança.Concordando
com
a participação, 0 responsávelassinou
o
consentimento pós-infonnado(Anexo
2). Realizou-seuma
breve entrevistacom
o
responsável para o preenchimentodo
protocolo(Apêndice
1) e
agendaram-se
osexames
ultra-sonográficos. ~As
avaliaçoes diagnósticasforam
feitas pelomesmo
médico
radiologista, iniciando-se
com
aSEGD,
realizadano
Serviçode
Radiologiaultra-15
sonografia
com
Doppler
colorido (US-Doppler), efetuadasno
Serviçode
Radiologia
do
HU-UFSC.
Foi instituído
jejum
de4
horas para as criançasmenores
de 6 meses,de 6
horas para as de 6meses
a 3 anos e de 8 horas para asde
acima
de 3 ~anos antes
da
realização de cadaexame.
Os
exames
foram
realizadoscom
intervalomáximo
de
48
horas entresi,
na
seguinte seqüência:1°
exame
Seriografia esôfago-gastro-duodenal 2°exame
Ultra-sonografiamodo
B
3°
exame
Ultra-sonografiacom
Doppler
colorido3.4.1 Seriografia esôfago-gastro-duodenal
A
seriografia esôfago-gastro-duodenal foi realizadacom
o aparelhode
radioscopia
telecomandado
SiregraphDl,
Siemens,com
a técnicade
exposição automática, distância fonte-filme de 1,20
metro
(Anexo
3).O
paciente foi
examinado na
posição supina, usando-secomo
meio de
contrasteo
sulfato de báriona
diluição de 0,5 g/ml,no
volume
de 10 ml/Kg,administrado por
mamadeira ou
copo. Iniciou-se oexame
com
o estudoda
deglutição.
Com
o pacienteem
posição supina,com
a cabeça rodadaem
90°, administrou-seo
contraste pormamadeira
para os lactentes e porcopo
nascrianças maiores,
que
foi colocadoem
pequenas
quantidadesna boca
poruma
assistentede
sala deexame.
Observou-se o esvaziamento faríngeo, orelaxamento
do
esfíncter cricofaríngeo e omovimento
do
palatomole
eda
cartilagem epiglótica.
O
estudo anatômico e o peristaltismo esofágicoforam
16
intrínsecas,
compressões
extrínsecas, sinais de esofagite e presençade
hémia
hiatal.
Uma
radiografia foi realizada ao nívelda
junção esôfago-gástrica paraposterior
medição do
ângulode
His.A
morfologia eo
esvaziamento gástrico edo
arco duodenalforam
avaliados procurando-se possíveis causas deRGE
secundário a obstruções.
Após
o
estudodo estômago
edo
arco duodenal,o
restante
do
contraste foi administradona
posição sentada,retomando o
paciente àmesa
de
exame
após eructar,quando
possível.Com
o
campo
de
radiação restrito ao
mínimo
possível ecom
exposição intermitente aos raios-x, estudou-se a junção esôfago-gástrica
na
pesquisa dehémia
hiatal edo
RGE.
O
tempo
de radioscopiamáximo
foi estabelecidoem
5 minutos eo
tempo
deexame, de
10 a 15 minutos.Quando
presente, cada episódiode
RGE
foi registrado.3.4.2 Ultra-sonografia
modo
B
e ultra-sonografiacom
Doppler
coloridoO
equipamento
de ultra-sonografia utilizado, tanto para a avaliação pelomodo
B
como
para oDoppler
colorido, foio Logic
400 (Anexo
4),com
o transdutor de
tempo
realconvexo
de 5,0MHz.
Inicialmente foi realizadoum
rastreamentode
todoo abdome,
avaliando-se as principais vísceras.A
seguir,
o
transdutor foi posicionadona
região epigástrica, abaixodo
processo xifóide
do
estemo, ligeiramenteem
posição oblíquaem
relação àlinha
média
parao
estudoda
porção intra-abdominaldo
esôfago,que
foiavaliada
em
todo o seucomprimento no
plano longitudinal. Neste plano, oesôfago é identificado
como
uma
estrutura tubular, trilaminar,com
asparedes hipoecogênicas
(camada
muscular) e o centro hiperecogênico(camada
mucosa).As
câmaras cardíacas são visualizadasna
porção superior e anterior, o lobo esquerdodo
fígado anterior e inferiormente, e a aorta é vistaem
um
corte oblíquo atrásdo
esôfago (Figura 1).I7
Figura l - Imagem ultrasonográfica mostrando ai anatomia normal da junção
esôfago-gástrica. (C) coração. (D) diafragma. (FIG) lobo esquerdo do fígado. (E) estômago cheio de líqtiido. (A) aorta. (^ ^ ^ ^) porção
intra-abdominal do esôfago.
O
comprimento do
esôfago intra-abdominal foimedido do
pontoonde
ele cruza o diafragma até o início da curvatura
do
fundo gástrico.Foram
realizadas três
medidas
consecutivascom
o pacienteem
jejum.Na
seqüência. foi feita a repleção gástrica. utilizando-se águano
volume
de 10ml/Kg
de peso.com
o
paciente sentado. sendo estimulada zt eructação antesdo
paciente retornar àmesa
deexame.
Os
pacientes foramexaminados
na posição supina e onúmero
de rcfluxos,quando
presentes. foram registrados.O
tempo
de pesquisado
RGE
foi de 15 minutos. Três novasmedidas do
comprimento do
esôfago intra-abdominal foram realizadas após a repleçãogástrica. fazendo-se
uma
média
aritmética. Nestemomento.
mediu-seo
18
3.5
Categoria
e definiçaodas
variáveis3.5.1
Quanto
ao
paciente,foram
estudadas
as seguintes variáveis:Sexo.
Idade - dividida
em
grupos etáriossegundo
a classificaçãode
Marcondes
44.Sintomas
e sinais.3.5.2
Quanto
ao
estudopor
imagem, foram
estudadas
as seguintesvariáveis:
A.
Seriografia esôfago-gastro-duodenalExistência
de
RGE
- foi consideradaquando
se visualizou oretomo
do
material baritíferodo
estômago
para o esôfago (Figura 2).Número
de episódiosde
RGE.
Tempo
de duração de cada episódio deRGE,
medido
em
segundos.Tempo
de duração total deRGE
em
segundos,somando-se
otempo
de todos os episódios de
RGE.
Medida
do
diâmetro de aberturada
cárdia a cada episódiode
RGE
usando
régua milimetrada (Figura 2).Medida
do
ângulo de His durante a ingestãodo
contraste - traçando-se
uma
linha paralela à porção distaldo
esôfago e outra linhatangenciando
o
fundodo
estômago, junto à junção esôfago-gástrica,utilizando régua milimetrada e
medindo
com
transferidor a interseçao dessas linhas (Figura 3).I9
Sinais sugestivos de esofagite -
quando
havia dificuldadeou
demora
do
esôfagoem
retomar0
material refluído para0
estômago
(“clearance" lento), espessamento de pregas mucosas, irregularidade
da mucosa,
reduçãoda
distensãodo
esôfago, ulceraçõesou
estreitamentos persistentes.
Presença
de hémia
hiatal -quando
se identiñcou pregasda
mucosa
gástrica
acima
do
diafragma.Distúrbio
da
deglutição -quando
seobservou
retardeno
esvaziamento
da
faringe,refluxo
de contraste para a nasofaringeou
sua aspiração para as vias aéreas.
Presença de
anommlidades
anatômicasdo
esôfago,estômago
e arcoduodenal,
como
compressão
extrínseca,membrana
pré-pilórica,estenose hipertrófica
do
piloro,espasmo
pilórico, obstruçaodo
arcoduodenal.
Figura 2 - Visualização do refluxo gustroesofágicn na
scriografia esôfago-gaslro-duodenal e mensuração do diâmetro de abertura da
cárdia (* '
Figura 3 - Mcnsuração do ângulo dc His (*) na señografia csôl`ago~gastro-duodenal.
B.
22
Ultra-sonograña
modo
B
e ultra-sonografiacom
Doppler
coloridoExistência
de
RGE
- foi consideradaquando
se observou o conteúdogástrico
movendo-se
para o interiordo
esôfago distalno
modo
B
(Figura 4) e,
na US-Doppler,
notou-seo
movimento
do conteúdo
gástrico para
o
interiordo
esôfago distal,que
se traduziuem
coloração azul e/ouvermelha
(Figura 5).Número
de
episódiosde
RGE.
Tempo
de
duraçãode cada
episódiode
RGE,
medido
em
segundos.Tempo
de
duração total deRGE
em
segundos,somando-se
otempo
de
todos os episódios deRGE.
Medida do
diâmetrode
aberturada
cárdia a cada episódiode
RGE,
medido
em
milímetros pelo “software”do
próprio aparelhode
ultra-sonografia
(Figura 6).Três
medidas do comprimento
do
esôfago intra-abdominalem
jejum
estabelecendo-se a média,
medido
do
pontoque
ele cruzao
diafragmaaté
ajunção
esôfago-gástrica (Figura 7).Três
medidas
do
comprimento
do
esôfago intra-abdominal pós-prandial estabelecendo-se a média,
medido
do
pontoque
ele cruzao
diafragma até a junção esôfago-gástrica.
Medida do
ângulode
His após a repleçãodo
estômago,medido
pelo “software”do
próprio aparelho de ultra-sonografia, traçando‹seuma
linha paralela à porção distaldo
esôfago e outra linha tangenciandoo
fundo
do estômago
(Figura 8).Presença
de
anormalidades anatômicasdo
esôfago,estômago
e arco25
Figura 8
-
Mensuração do ângulo de His (*) na ultra-sonografia, (F) fígado. (E) estômago, (C) coração, (A) aorta.3.6 Análise Estatística
Os
programas Access
2000®
(Microsot`t®) e Excel2000®
(Microsoft®)foram
empregados
para a construção deum
banco
de dados parao
armazenamento
das variáveis. Para a análise estatística utilizaram-se ospmgmmas
EPIINFO
zooo°” «zSTATA
ó.o@.Foram
utilizadas na análise estatística:medidas
descritivas, coeficicntedc
Spearman,
tabelas 2 x 2 e regressão logística.As
medidas
descritivasempregadas
foram média, mediana, desvio26
O
testenão
paramétricode
Spearman
mediu o
graude
correlação entre otempo
de duraçaode
cada episódio deRGE
com
0
seu respectivodiâmetro
de
aberturada
cárdia.As
tabelas 2 x2 foram montadas
para os cálculosde
sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo, valor preditivo negativo,com
intervalode
confiança de95%
(pS0,05).A
regressão logística estimou0
desfecho binário paraRGE
e esofagite, sendo consideradas as seguintes variáveis independentes:o
número
de episódiosde
RGE,
o
tempo
de duração totalde
RGE,
o
valormáximo
do
diâmetroda
cárdia durante oRGE,
o
ângulode
His eo
4.
RESULTADOS
Dentre as 102 crianças examinadas,
54
(52,9%)
erarndo
sexomasculino e
48
(47,1%)do
sexo feminino.A
idade variou de 1mês
a224 meses
(18,6 anos),com
amédia de
68,3
meses
(5,7 anos),o
desvio padrãode
57,7meses
e amediana de
61,0meses
(5,1 anos), 15,0 e 108,0 meses, respectivamente, 1° e 3° quartis.TABELA
1 - Distribuição porgrupo
etário das criançascom
suspeitade
refluxo
gastroesofágico,examinadas
pormeio da
seriografiaesôfago-gastro-duodenal
(SEGD)
eda
ultra-sonografiamodo
BÍDoppler,
segundo
a classificaçãode Marcondes.
Número
Percentagem
Recém-nascido (0 a 28 dias) 0 O
Lactente (29 dias a 2 anos exclusive) 31 30,4 Pré-escolar
Escolar Pré-puberal
Puberal Pós-puberal
(2 anos a 6 anos exclusive) (6 anos a 10 anos exclusive) (10 anos a 12-14 anos) (12-14 anos a 14-16 anos) (14-16 anos a 18-20 anos) 30,4 15,7 8,8 8,8 5,9 Total 100,0
28
TABELA
2
Distribuiçao das manifestaçoes clínicas das criançascom
suspeita derefluxo
gastroesofâgico,examinadas
pormeio
da
seriografia esôfago-gastro-duodenal(SEGD)
eda
ultra-sonografia
modo
B/Doppler.Sintomas
e sinaisNúmero
Percentagem
GastrointestinaisVômito
17 16,7Dor
abdominal
35
34,3Dor
retroesternal22
21,6 Disfagia 3 2,9 Pirose 8 7,8 RespiratóriosTosse
crônica 35 34,3Broncopneumonia
de
repetição4
3,9Broncoespasmo
4
3,9 Bronquite9
8,8Apnéia
transitória 2 2,0Infecção das vias aéreas superiores 19 18,6
Outros
Déficit
de
crescimento6
5,9Irritabilidade 17 l6,7
Distúrbio
do sono
24
23,5O
número
de queixas referido por paciente varioude
1 a 5,com
mediana de
2 queixas por paciente.29
Quanto
à presençaou não do
RGE,
das 102 crianças examinadas,64
(62,7%) apresentaram
RGE
na
SEGD
e 85 (83,3%)na
US-MB.
Das
102crianças,
79
colaboraram para a realizaçãodo
exame
US-Doppler,
sendoque
66
(835%)
apresentaramRGE.
TABELA
3
-Comparação
do
diagnósticodo
refluxo gastroesofágico naultra-sonografia
modo
B
(US-MB),
utilizando-se a seriografia esôfago~gastro-duodenal(SEGD)
como
teste dereferência. |
SEGD
+
l_
TOTAL
+
ó4` 21 85 US-MBTO7`AL
I64
‹ 38 I pso,o5 Sensibilidadel00,0%
(92.9-
100,0) Especificidade44,7%
(29,0-
61,5)Valor preditivo positivo
75,3%
(64,5-
83,7)TABELA
4
-Comparação
do
diagnósticodo
refluxo gastroesofagicona
ultra-sonografia
com
Doppler
colorido (US-Doppler),utilizando-se a seriografia esôfago-gastro~duodenal
(SEGD)
como
teste de referência.SEGD
l' l+
l_
'rorwut
PPM+
l 4ól20
óó
S-Do 1| 12 13U
TOTAL
47] 32|79
Sensibilidade EspecificidadeValor preditivo positivo
Valor preditivo negativo
pso.o5
97,9%
(87,3-
99,9)37,5%
(2l,7-
56,3)69,7%
(57,0-
80,1)TABELA
5
-Comparação
do
diagnósticodo refluxo
gastroesofagicona
ultra-sonografia
com
Doppler
colorido (US-Doppler),utilizando-se a ultra-sonografia
modo
B
(US-MB)
como
teste de referência _
US-MB
lerl+
l_
TOTAL
PP+
65
l 166
S-DoU
TOTAL
i ` Sensibilidade EspecificidadeValor preditivo positivo
Valor preditivo negativo
pso,o5
98,5%
(90,7-
91,9)92,3%
(62,1-
99,6)98,5%
(90,7-
99,9)32
TABELA
6
- Valoresda
Sensibilidade (S), Especificidade (E), Valorpreditivo positivo
(VPP)
e Valor preditivo negativo(VPN)
com
seus respectivos intervalosde
confiança,quando
a ultra-sonografiamodo
B
(US-MB),
a ultra-sonografiacom
Doppler
colorido(US-Doppler)
e a seriograña esôfago-gastro-duodenal
(SEGD)
sãocomparadas
entre si.S
E
VPP
VPN
l l
US.M|;
X
SEGD
mo.o (929 -100.0) 44.7 129.0 -ó1.5› 75.3 (ó4.5 -83.7) 100.0 ‹77.1 -100.01(Tabela 3)
US.|)0pp|e¡-
X
SEGD
97.9 (873 -99.9) 37.5 (2 I .7 - 56.3) 69.7 (57.0 - 80.1) 92.3 (62.1 - 99.6)(Tabela 4)
US
DopphrX
US.MB
98.5 [90.7 -99.9) 92.3 (62.l - 99.6) 98.5 (90.7 -99.9) 92.3 (fi2.I - 99.6)(Tabela S)
TABELA
7
- Coeficiente de correlação deSpearman
parao
tempo de
duração
de
cada episódio derefluxo
gastroesofágicocom
o
seu respectivo diâmetro
de
aberturada
cárdia.Episódio
de
RGE
1” 2“ 3° 4” 5° 6°
SEGD
0,35 0,42 - - - -US-MB
0,40 0,53 0,58 0,71 0,52 -US-Doppler
0,48 0,40 0,48 0,33 1,00 -LEGENDA:
SEGD
- seriogralia esôfago-gastro-duodenal, US-MB - ultra-sonografia modo B, US-33
A
diferençado comprimento do
esôfago intra-abdominalem
jejum
epós-prandial foi
em
média
0,12mm
no
US-MB
e 0,20mm
no US-Doppler.
A
regressão logísticacom
desfecho binário paraRGE
mostrou
uma
correlação direta
com
o
diagnóstico deRGE
com
base naUS-MB,
utilizando-se a
SEGD
como
teste de referência.As
variáveisque
semostraram
mais preditivasforam o comprimento médio do
esôfago intra-abdominal
em
jejum
eo
ângulo de His.Constmiu-se o
algoritmo I (Figura 9) e, aplicando-se este algoritmocom
o
valorde
P
2
0,10, obteve-se100%
de sensibilidade e23,8%
de
falsos positivos.A
partir deste algoritmo, testou-se diferentes valoresde
P
e construiu-Diagnóstico de
RGE
em
criançascom
base naUS
MB
(
Algontmo
I utilizando-se aSEGD
como teste, de referência. >‹t
Figura 9
-
Algonuno I Diagnóstico do refluxo gastroesofágico (RGE)em
cnanças,
com
base na ultra sonografiamodo
B
(US-MB)
utilizando-sc a senografia esôfago-gastro duodenal (SEGD)
como
teste deLEGENDA
*significa multiplicação "sigiiiñca potenciação, I sigmfica divisão, e = 2 718282(base de logantmo natural)
RGEU
pod: ter valor 0 (diagnóstico negativo) ou l(diagnóstico positivo) CMEIJU significa coinpnmenlo médio do esofago intra-
35
Figura l0¬
-
CurvaROC
I\\(1:e‹¿:§§v/er operator characteristic) para o diagnóstico derefluxo gqsüoësqfágico
em
crianças,com
base na ultra-sonografiamodo
B
(US-MB)
utilizando-se a seriograña esôfago-gastro-duodenal36
A
regressao logísticacom
desfecho binário paraRGE
mostrouuma
correlação direta
com
0
diagnósticode
RGE
com
basena US-Doppler,
utilizando-se a
SEGD
como
testede
referência.A
variávelque
semostrou
mais preditiva foi
o comprimento
médio
do
esôfago intra-abdominalem
jejum.
Construi-se
0
algoritmoH
(Figura ll) e, aplicando-se este algoritmocom
o
valor deP
2
0,04, obteve-se100%
de
sensibilidade e37,3%
de
falsos positivos.A
partir deste algoritmo, testou-se diferentes valoresde
P
e construiu-37
utilizando-se a
SEGD
como teste de referência.É
lI»
lvl
|Nã0|
'Í
Algoritmo
IL
Diagnóstico deRGE
em
crianças, com base naUS-Doppler)\
/
Figura 11 -
LEGENDA:
Algoritmo Il - Diagnóstico do refluxo
gastroesofágico (RGE)
em
crianças,
com
base na ultra-sonograñacom
Doppler colorido (US- Doppler) utilizando-se a seriografia esôfago-gastro-duodenal(SEGD)
como
teste de referência.*significa multiplicação, **signiñca potenciação, / significa divišão, e = 2,7l8282
(base de logaritmo natural).
RGEDC
pode ter valor 0 (diagnóstico negativo) ou l (diagnóstico positivo),CMEUDC
significa comprimento médio do esôfago intra-38
Figura 12
-
CuãvaRÓÇ*E_%¿vg~‹›pmt‹›_r
vouñiligzxósfieo dg1:. vao' ,Ó j
em
;cnanças,W _;na
-somgrafia39
Quanto
aos sinais sugestivos de esofagite detectáveisna
SEGD,
observou-se
24
(23,5%) criançascom
“clearance” lento. Destes pacientes,todos apresentaram ao
exame
US-MB
trêsou
mais episódiosde
RGE
e87,5%
tiveram quatroou
mais episódiosde
RGE.
Dos
pacientessem
sinaisde esofagite na
SEGD
somente
2,6%
apresentaram quatroou
mais episódiosde
RGE
aoexame
US-MB.
A
regressão logísticacom
desfecho binário para esofagitemostrou
uma
correlação direta
com
o diagnóstico de esofagitecom
basena
US-MB,
utilizando-se a
SEGD
como
teste de referência.As
variáveisque
semostraram mais
preditivasforam
otempo
de duração totaldo
RGE
eo
número
de
episódios deRGE.
Constmiu-se o
algoritmo III (Figura 13) e, aplicando-se este algoritmocom
o
valorde
P 2
0,50, obteve-se87,5%
de sensibilidade e97,4%
de
40
)\
<
Diagnóstioo de esofagite
em
crianças, com base naUS-MB
Algoritmo
In' utilizando-se aSEGD
comoteste de referência.
Ç
O
š@¿#l“š“
Í
`K
I
J
Figura 13
-
Algoritmo III - Diagnóstico de esofagiteem
crianças,com
base naultra-sonografia
modo
B
(US-MB)
utilizando-se a seriografia esôfago-gastro-duodenal (SEGD)como
teste de referência.LEGENDA: *significa mulliplicação, *'signiñcn poteuciaçio. / significa divisão. e = 2,7l8282
(base de logaritmo natural).
NEPRGEU
signiñca o número de episódios deRGE
na-41
A
regressão logísticacom
desfecho binário para esofagitemostrou
uma
correlação direta
com
o
diagnóstico de esofagitecom
basena US-Doppler,
utilizando-se a
SEGD
como
testede
referência.As
variáveisque
semostraram
mais preditivasforam 0
tempo
de duração totaldo
RGE,
onúmero
de episódios deRGE
eo
ângulo de His.Construi-se
o
algoritmoIV
(Figura 14) e, aplicando-se este algoritmo,com
o valorde
P
2
0,30, obteve-se93,3%
de sensibilidade e96,9%
de
42
utlhzando-se a
SEGD
como teste de referencia.C
|.
EsofagxtveAlgoritmo IV
Didgnóstico de esofagiteem
crianças,com
base naUS-DoppleiD\
J
Figura 14
-
Algoritmo IV~
Diagnóstico de esofagiteem
crianças.com
base naultra-sonografia
com
Doppler colorido (US-Doppler) utilizando-se a seriografia esôfago-gastro-duodenal (SEGD)como
teste de referência.LEGENDA: *significa multiplicação, “significa potenciaçäo. / significa divisão, e = 2,7l8282
(base de logaritmo natural),
NEPRGEDC
significa o número de episódios deRGE
na US-Doppler, ANGHISDC significa o ângulo de His medido na US-Doppler.43
Na
SEGD
não
se observou distúrbioda
deglutiçãonem
hémia
hiatal,sendo
observadoum
casode compressao
extrínsecado
terçomédio
do
esôfago pela artéria subclávia direita aberrante.
Nenhum
caso de anormalidade anatômica foi detectadona
US-MB
ou
5.
DISCUSSÃO
O
interesseno
refluxo gastroesofágico(RGE)
na
criançatem
crescidonos últimos anos
em
virtudedo
seu reconhecimentocomo
causade
doençase
do avanço
tecnológico,que
passou a diagnosticá-locom
maior
freqüência e exatidãos” 8.O RGE
é considerado fisiológicoquando não
apresenta manifestações~ ~
clínicas e
anomial quando
determina manifestaçoes clínicasou
alteraçoes histopatológicas, sendodenominado
doença do refluxo
gastroesofágico(DRGE)““5.
~
A
DRGE
pode
se apresentarcom
manifestaçoes clínicas consideradastípicas
como
a pirose e a regurgitação, situaçãona
qualo
tratamentopode
~ser instituído
sem
a suacomprovaçao
diagnóstica pormeio de
exames
comp1ementares46.
No
entanto, grande parte dos pacientescom
DRGE
apresenta manifestações clínicas
não
típicas,que
são inespecíficas e exigirãouma
comprovação
diagnóstica pormeio
deexames
complementares. Essasmanifestações clínicas
podem
ser as mais variadas possíveis,como
o
retardedo
crescimento, irritabilidade, distúrbiodo
sono, desviode
postura,anemia
crônica, esofagite, estenose esofágica5'7 H, dorabdominal
recorrente”,apnéiams, broncoespasmo,
tosse crônica epneumonia
recorrente 5' 8`“' 1619'2l
Na
fisiopatologiado
RGE
estão implicados vários fatores, edependendo do
equilíbrioou
desequilíbrio entre eles,o
RGE
determinaráou
não
a presençade
manifestações clínicasou
alterações histopatológicasno
esôfago, constituindo a
doença do refluxo
gastroesofágico(DRGE)l°'
22' 23.Esses fatores incluem a ação
do
esfincter esofágico inferior (EEI),o
45
refluído, o potencial agressor
do
material refluído, a resistência intrínsecada
mucosa
esofágica eo
relaxamento transitóriodo
esfincter esofágico inferior(RTEED22.
O
EEI,o
grande responsável pela barreira anti-refluxo,não
éuma
estrutura anatômica verdadeira, e
sim
um
esfincter fisiológico, resultadoda
~interaçao de seis fatores:
do pinçamento
diafragmático,da zona
de altapressão (ZAP),
do comprimento do
esôfago intra-abdominal,da
pressão intra-abdominal,do
ângulo de His eda
mucosa
em
roseta22.O
esôfago atravessao
diafragma pelo hiato esofágico,que
éum
orifício
em
forma de
alçaformado
pelo pilar diafragmático direito.A
ação~ ~
pinçadora, durante a contraçao diafragmática,
aumenta
a pressao ao níveldo
~
Existe
uma
zona de
alta pressao, identificadaem
estudosmanométricos, entre o esôfago e a cárdia
que
varia de 10 a 55mmHg49.
EstaZAP
relaxa durante a deglutição e regurgitação.Altorki et also, Boix-Ochoasl e
DeMeester
et al” acreditamque o
esôfago intra-abdominal é a
chave
de todo o sistema anti-refluxo.O
fator~
determinante é
o
comprimento do
esôfago exposto à pressao intraabdominal.
Quando
ela aumenta, o esôfago respondecomo
um
tubomole
ecolaba.
Quanto maior o comprimento do
esôfago intra-abdominal,maior
éo
mecanismo
valvular 5253.O
esôfago intra-abdominal cresceprogressivamente
com
o crescimentoda
criança.O
comprimento
médio
éde
20
mm
nosRN,
e de30
a 35mm
em
redor dos 2-4 anos.E
é por volta dos24 meses
de idadeque
o esôfago intra-abdominal adquireum
comprimento
suficiente .para
manter
uma
pressãoadequada
ao níveldo
EEI54.Para
que o
esôfago intra-abdominal colabe e funcionecomo
um
lacre,46
A
maneira
oblíquacom
que o
esôfago seune
aoestômago fomia o
ângulo de His.
Nas
criançascom
ocomprimento do
esôfago intra-abdominalnonnal, este ângulo é
agudo”. Quanto
mais agudo,maior
éo
gradientede
pressão
que
impede o
refluxo55.Quando
o
paciente tenta vomitar,o
conteúdo gástrico é
jogado
contrao fundo do
estômago,que
estreita esteângulo e
comprime
o esôfago.No
pacientecom
ângulode
His obtuso, aparte superior
do estômago
écomo
um
funilque
joga oconteúdo
gástrico diretamenteno
esôfago. Bardají eBoix-Ochoasõ demonstraram
estefenômeno
em
cães e ressaltaram a importânciado
ângulode
His para amelhor
escolhada
técnica para a correção cirúrgicado
RGE5
1.A
mucosa
em
roseta é a configuraçãoem
forma de
roseta das pregasda
mucosa
da
junção esôfago-gástrica.Quando
há
aumento
da
pressãointra-~
gástrica,
ou
com
a pressao negativado
esôfago intra-abdominal, estas pregasse apertam, funcionando
como
uma
válvula anti-refluxo fraca. Ela está presentequando
o ângulode
His é normal57.O
retardeno
esvaziamento gástricocombinado
com
as contrações gástricasaumentam
a pressao intra gástrica predispondo ao refluxoss.A
habilidadedo
esôfagoem
retomar o material refluído é conhecidacomo
“clearance” esofagiano edepende do
peristaltismo esofagiano eda
ação neutralizante
da
saliva deglutidan.~
O
peristaltismo esofágiconao
está diretamente relacionadocom
a barreira anti-refluxo,mas
sim
com
a presençade
esofagite.Um
peristaltismo esofágiconormal
é necessário para se evitarum
contato prolongadoda
z - , , . , . 22, 9
mucosa
esofagicacom
o conteudo gastrico acido 5 .A
presença de ácidos biliares e tripsinano
material refluído,além de
47
por
aumentar
a permeabilidadeda
mucosa
esofágica aos íonsde
hidrogênio”.
A
resistência intrínsecada
mucosa
esofágica éuma
característica individualque
pode
explicar a variabilidade das lesõesmucosas”.
O
relaxamento transitóriodo
esfincter esofágico inferior(RTEEI)
sãoos relaxamentos
do
EEI
que
independem
da
deglutição eduram
mais de
5segundos.
Provavelmente
éo
mecanismo
que
permite a saídado
ardo
estômago
em
resposta à distensao gástrica e seria a principal causade
RGE23,
59, óo.~ ~
Na
avaliaçaodo
diagnósticodo
RGE,
osmétodos
sao direcionados aoestudo desses fatores implicados
na
sua fisiopatologia,embora
nenhum
exame
utilizado seja capaz de avaliá-losem
conjunto,sendo
necessário, porvezes, somar-se
exames
para a suacomprovação
diagnóstica8'1°'25”26.~
Vários sao os
exames
disponíveis para a pesquisado
RGE,
como
o
teste
de
Bemstein, a endoscopia digestiva alta(EDA),
amanometria
esofagiana, a cintilografia gastroesofágica
(CGE),
a monitorizaçãode 24
horas
do
pH
esofágico (pHmetriade 24
horas) e a seriografia esôfago-gastro-duodenal
(SEGD).
~
O
testede
Bemstein
consistena
instilaçao de ácido hidroclorídricono
esôfago distal por
meio de
uma
sonda
naso-esofágicacom
a finalidadede
reproduzir os sintomas referidos pelo pacienteól. Inicialmente foi idealizado para reproduzir dor precordial e posteriormente foi modificado para
o
estridor e a irritabilidadeg.
O
seu usona
população pediátrica é limitado, pois requer capacidadedo
pacienteem
descrever o sintoma duranteo
testes' 8.A
endoscopia digestiva alta éo
exame
de
escolha parao
diagnósticode esofagite,
no
entanto,menos
de50%
dos pacientescom
manifestações48
endoscopia”. Assim, esse
exame
é útil para pesquisar a existênciade
lesõesmucosas
eou
complicações associadas aoRGE5.
A
manometria
avalia o tônus musculardo
esôfago, diagnosticandoindiretamente
o
RGE
pormeio do
estudodo
tônusdo
esfincter esofágico inferior (EEI) e identificando distúrbiosda
motilidade esofágicaóz. Sabe-seque
pressões abaixo de 5mmHg
seriam a principal causade
RGE49'63. ~Todavia, cerca de
metade
das criançascom
DRGE
apresenta pressoesnormais nesta zona49'63 e
não
é raro pacientescom
DRGE
exibirem altaspressões ao nível
do
EEI64.A
cintilografia gastroesofágica utiliza o material radioativo tecnécio(Tc 99m). Avalia o esvaziamento gástrico e
pode
mostrar a aspiraçãodo
material radioativo para as vias aéreas, identificando os pacientes propensos
a desenvolver
pneumonia
aspirativa5'27.Embora
muito
específica28, épouco
sensível para o diagnóstico
de
aspiração”.~ ~
A
pHmetria
é considerada oexame
padrao áureo para a avaliaçaodo
RGE,
sua freqüência e intensidade.No
entanto, ela é invasiva, desconfortável para o paciente, de técnica difícil,uma
vezque o
eletrododeve
estarbem
posicionado e calibrado, requertempo
e éde
difícil uso rotineiro pela suanão
disponibilidadena
maioria dos centros diagnósticosós.~ ~
A
pHmetria nao
é capaz de detectar os episódiosde refluxo
com
pH
nao
ácido3"32. Esse fato é especialmente importante nas crianças,
uma
vezque
oconteúdo gástrico
pode
ser neutralizado após o aleitamento”, pois tantoo
~
refluxo
ácidocomo
o nao
ácidopodem
ser responsáveis por vários sintomaspulmonaresg' 66`68.
Não
avalia a anatomiado
trato digestório, e15%
dospacientes
com
manifestações clínicas típicas deRGE
apresentam apHmetria
49
A
seriografia esôfago-gastro-duodenal é oexame
mais utilizado porser acessível e
de
custo baixo.Além
de
diagnosticar a presençado
RGE,
permite estudar a anatomia
do
trato digestório, avaliando a presençade
hémia
hiatal, esofagite péptica, estenose, incoordenaçãoda
deglutição,obstrução duodenal e
má
rotação”. Apresenta as desvantagensda
necessidade
do
usodo
contraste baritado e de usar raios ionizantes, oque
limita
o
tempo
de
exameg' 22.A
partirde
1984,com
os trabalhos deNaik
&
Moore”,
a ultra-sonografia (US)
passou a seruma
opção na
tentativado
diagnósticodo
RGE.
Apesar
denão
se tertomado
um
exame
de
uso corrente, ela mostraalgumas
vantagens sobre os
demais meios
diagnósticos, equando
comparada
aoexame
padrao áureo (pHmetria), apresentaboa
concordânciade
resultados.Tani et al7O,
quando
compararam
a ultra-sonografiamodo
B
(US-MB)
com
a pHmetria, encontraram concordânciade
79,8%
entre estes exames.A
sua sensibilidade e especificidade
também
foram
testadas por Lazzari et al",que
encontraram88,4%
de sensibilidade e58,33%
de
especificidade para aUS-MB.
Do
mesmo
modo,
Riccabona
et al” encontraram100%
de
sensibilidade e
87,5%
de
especificidade para aUS-MB
quando comparada
com
a pHmetria.Hirsch et al38,
em
1996,em
estudos comparativos entre aUS-MB
com
a
pHmetria
e a ultra-sonografiacom
Doppler
colorido (US-Doppler)com
apHmetria, encontraram concordância entre os
exames
de
87%
e94%,
respectivamente.