• Nenhum resultado encontrado

UNIVERSIDADE DO PLANALTO CATARINENSE CURSO DE ENGENHARIA CIVIL REMI ANTONIO MATOS

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "UNIVERSIDADE DO PLANALTO CATARINENSE CURSO DE ENGENHARIA CIVIL REMI ANTONIO MATOS"

Copied!
71
0
0

Texto

(1)

0

UNIVERSIDADE DO PLANALTO CATARINENSE CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

REMI ANTONIO MATOS

ESTUDO DE CASO SOBRE O PROCESSO DE PLANEJAMENTO,

IMPLANTAÇÃO E CONTROLE DOS PROCEDIMENTOS

CONSTRUTIVOS DECORRENTES DO SISTEMA DE DRENAGEM

URBANA NA RUA LEONILDES COELHO DO MUNICÍPIO DE SÃO

JOSÉ – SC.

LAGES (SC) 2014 o o o

(2)

1

REMI ANTONIO MATOS

ESTUDO DE CASO SOBRE O PROCESSO DE PLANEJAMENTO,

IMPLANTAÇÃO E CONTROLE DOS PROCEDIMENTOS

CONSTRUTIVOS DECORRENTES DO SISTEMA DE DRENAGEM

URBANA NA RUA LEONILDES COELHO DO MUNICÍPIO DE SÃO

JOSÉ – SC.

Relatório de Estágio Supervisionado apresentado à Coordenação do Curso de Engenharia Civil da Universidade do Planalto Catarinense – UNIPLAC – como requisito necessário para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientação: Prof. Marcos Sebastião Ataíde, Eng.º Seg. do Trabalho.

Supervisão de Estágio: Carlos Eduardo de Liz, Eng. e Adm. M.Sc.

LAGES (SC) 2014

o o o

(3)

2

Matos, Remi Antonio

Estudo de Caso sobre o Processo de Planejamento, Implantação e Controle dos Procedimentos Construtivos decorrentes do Sistema de Drenagem Urbana na Rua Leonildes Coelho do Município de São José -

SC / por Remi Antonio Matos – Lages, Santa Catarina, 2014. 71 f.; 29 cm.

Relatório de Estágio Supervisionado – Universidade do Planalto Catarinense – Curso de Engenharia Civil, 2014.

Orientador: Prof. Marcos Sebastião Ataíde.

1. Saneamento básico. 2. Instalações Hidrossanitárias 3. Drenagem Urbana. I. Ataíde, Marcos Sebastião. II. Universidade do Planalto Catarinense. III. Título: Estudo de Caso sobre o Processo de Planejamento, Implantação e Controle dos Procedimentos Construtivos decorrentes do Sistema de Drenagem Urbana na Rua Leonildes Coelho do Município de São José - SC.

i o o

(4)

3

REMI ANTONIO MATOS

ESTUDO DE CASO SOBRE O PROCESSO DE PLANEJAMENTO,

IMPLANTAÇÃO E CONTROLE DOS PROCEDIMENTOS

CONSTRUTIVOS DECORRENTES DO SISTEMA DE DRENAGEM

URBANA NA RUA LEONILDES COELHO DO MUNICÍPIO DE SÃO

JOSÉ – SC.

Relatório de Estágio Supervisionado apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Universidade do Planalto Catarinense – UNIPLAC – como requisito necessário para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Civil, Relatório este que foi apresentado pelo acadêmico Remi Antonio Matos.

Lages (SC), 18 de Junho de 2014.

____________________________________________ Prof. Marcos Sebastião Ataíde, Eng.º Seg. Trabalho.

Orientador

____________________________________________ Prof. Carlos Eduardo de Liz, Eng.º e Adm. M.Sc.

Supervisor de Estágio

_____________________________________________ Prof. Alexandre Trípoli Venção.

Coordenador de Curso

ii o o

(5)

4 RESUMO

A Macrodrenagem é um processo de controle da retirada da quantidade excessiva de água do solo, acumulada em latifúndios, em nível de bacias hidrográficas. A ausência dessa prática pode gerar inundações e o alagamento das áreas propícias à proliferação de insetos transmissores de doenças e impedir o aproveitamento dos terrenos para as atividades agrícolas e/ou a edificação de moradias residenciais. Os projetos de Macrodrenagem consideram, sobretudo, os escoamentos das águas fluviais e as contribuições pluviais na vazão dos corpos d’água e, ainda, suas respectivas análises dinâmicas de acumulação em áreas topograficamente mais baixas. Este documento visa à divulgação das obras de engenharia para macrodrenagem que vêm sendo realizadas no Estado de Santa Catarina, mais especificamente em uma obra acompanhada diretamente pelo acadêmico, servindo de orientação, complementação e comparativo entre as alternativas preventivas oferecidas para as cheias, contenção de alagamentos nas cidades, recuperação de áreas com processos erosivos prejudiciais ao patrimônio e a qualidade de vida da população a que atende.

Palavras chave: Saneamento Básico; Instalações Hidrossanitárias; Drenagem Urbana.

(6)

5 ABSTRACT

The Macrodrainage is a control process of the withdrawal of excessive amount of soil water accumulated in large estates, in level basins. The absence of this practice can generate flooding and flooding areas conducive to the proliferation of disease-carrying insects and prevent the use of land for agricultural activities and/or construction of residential housing. The projects Macrodrainage consider primarily the flow of river waters and contributions storm water flows of water bodies and also their respective analyzes dynamics of accumulation in topographically lower areas. This document aims at the dissemination of civil works for macrodrainage that have been held in the state of Santa Catarina, more specifically in a work accompanied directly by academic, serving as orientation, complementing and comparing preventive alternatives offered for the floods, flooding containment in cities, recovery areas with erosion harmful to equity and quality of life of the population it serves. Keywords: Sanitation ; Hidrossanitary facilities ; Urban Drainage.

(7)

6 SUMÁRIO LISTA DE SIGLAS ... 8 LISTA DE FIGURAS ... 10 LISTA DE QUADROS ... 11 1 INTRODUÇÃO ... 12 1.1 Apresentação ... 12 1.2 Apresentação do Tema: ... 13 1.3 Descrição do Problema: ... 14 1.4 Objetivos:... 14 1.4.1 Geral: ... 14 1.4.2 Específicos: ... 14 1.5 Justificativa: ... 15 1.6 Metodologia: ... 16 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 17 2.1 Referencial Teórico ... 17 2.2 Urbanização no Brasil ... 17 2.3 Hidrologia Urbana ... 21 2.4 Drenagem... 26 2.4.1 Drenagem e Sustentabilidade: ... 28

2.4.2 Ausência de Regulação do Sistema de Drenagem: ... 30

2.5 Urbanismo, Governo e Políticas Intermunicipais ... 31

2.5.1 Proposição de Modificações para Aproximar a Gestão das Águas Pluviais Urbanas no Brasil à Sustentabilidade: ... 34

2.5.2 Dados sobre o Cenário da Gestão de Drenagem no Brasil: ... 35

2.6 Modelo de Drenagem Urbana ... 36

2.6.1 Atividades do Plano e Macrodrenagem: ... 37

2.7 Hidrologia da Bacia ... 39

2.8 Técnicas de Macrodrenagem ... 40

2.8.1 Manual de Drenagem Urbana: ... 41

2.8.2 Impactos na Drenagem Urbana: ... 41

2.9 Escoamento e Condicionantes de Projeto ... 44

2.9.1 Controle da Drenagem na Fonte: ... 47

2.9.2 Tipos de Drenagem: ... 55

3 METODOLOGIA DA PESQUISA ... 59

(8)

7

3.1.1 Método de abordagem: ... 59

3.1.2 Técnica da pesquisa: ... 59

3.1.3 Estrutura básica do Relatório:... 59

4 MATERIAIS E MÉTODOS ... 61

4.1 Levantamento de Dados ... 61

4.2 Tratamento dos Dados ... 62

4.3 Integração dos Dados ... 62

5 CONCLUSÕES ... 63

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 65

(9)

8

LISTA DE SIGLAS

φ – é a porosidade efetiva do material de preenchimento (volume de vazios/volume total)

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas A – Área drenada, em metros quadrados

Ab – Área base do sistema de infiltração, em metros quadrados Ai – Área Impermeável

ABRH – Associação Brasileira de Recursos Hídricos cm – centímetro

CSPE – Comissão de Serviços Públicos de Energia d – duração, em horas

Dh – Densidade Habitacional

hmax – profundidade máxima do dispositivo I – intensidade da chuva, em metros por hora

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística km – quilômetro

km² - quilômetro quadrado l – litro

LID – Low Impact Development (Desenvolvimento Urbano de Baixo Impacto)

m³ – metro cúbico

m/s – Condutividade hidráulica, em metros por segundo mm – milímetro

NBR – Norma Brasileira Regulamentadora OMS – Organização Mundial da Saúde P – Probabilidade

(10)

9

PDDrU – Plano Diretor de Drenagem Urbana

PDDUA – Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental PDDU-POA – Plano Diretor de Drenagem Urbana de Porto Alegre PDUs – Planos Diretores de Urbanização

PIB – Produto Interno Bruto

PNDU – Plano Nacional de Drenagem Urbana

q – coeficientee de infiltração, em metros por segundo RS – Rio Grande do Sul

s – segundo

SC – Santa Catarina

SCS – Soil Conservation Service SP – São Paulo

SNSA – Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental SSE – Secretaria de Saneamento e Energia de São Paulo UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais UNIPLAC – Universidade do Planalto Catarinense V – volume

(11)

10

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01: Microdrenagem – Boca de Lobo ... 36

FIGURA 02: Macrodrenagem – Canal em Galeria de Concreto ... 54

FIGURA 03: Trincheira de Infiltração ... 55

FIGURA 04: Sequência Construtiva de Pavimentação Permeável ... 56

(12)

11

LISTA DE QUADROS

Quadro 01: Alguns valores típicos de taxas de infiltração... 49 Quadro 02: Condutividade hidráulica saturada em diversos tipos de solo .. 50 Quadro 03: Porosidade efetiva para materiais típicos ... 50 Quadro 04: Classificação nominal de brita ... 52

(13)

12 1 INTRODUÇÃO

1.1 Apresentação

A urbanização desordenada como vem acontecendo em varias partes do país, como é visto, traz grandes problemas em todos os aspectos, mas um deles, enchentes, atinge de forma saída e arrojada as grandes, medias e pequenas cidades.

As medidas tomadas pelos governos não têm sido eficazes, pois além da complexidade do problema, os custos elevados e o transtorno das obras, ainda há de se pensar em quanto tempo o problema poderá ser atenuado com as medidas tomadas.

Através de estudos realizados em grandes centros, verificaram os especialistas em hidrologia, que a macrodrenagem é a forma mais apreciada e prática para que os problemas causados pela falta de vazão das águas sejam atenuados.

No quadro atual em que se encontram os grandes centros, sabe-se que o desordenamento da urbanização e a falta de planejamento são os propulsores do problema e que as soluções estão cada vez mais distantes da vista daqueles que se preocupam.

A drenagem e a sustentabilidade tratam-se hoje de um tema muito importante, no entanto, não se considera preocupação de grande parte da humanidade, o que prolifera o desordenamento das áreas habitadas.

Com referência ao que foi exposto, desenvolveu-se o estudo apresentado neste Relatório de Estágio que trata do tema “Estudo de Caso sobre o Processo de Planejamento, Implantação e Controle dos Procedimentos Construtivos decorrentes do Sistema de Drenagem Urbana na Rua Leonildes Coelho do Município de São José – SC”.

(14)

13

No que se refere ao objetivo principal, é de se comparar qualitativamente os métodos comumente executados e expostos em artigos e estudos publicados, confrontando suas características de funcionamento com os parâmetros estabelecidos nas Normas Técnicas e Manuais que regulamentam os procedimentos considerados mais adequados.

Quanto ao problema, fica registrado sobre o desordenamento na forma de urbanização e as consequências e problemas causados pelas enchentes e as atividades referentes à macrodrenagem como forma de solução.

Como conteúdo, o estudo apresenta o tema, objetivo geral e específicos, problemática, justificativa e referencial teórico constando exposição sobre a urbanização no Brasil, drenagem e sustentabilidade, ausência de registros no sistema de drenagem, urbanização e governos, propostas de modificação no sistema de drenagem, plano de drenagem urbana, plano de macrodrenagem, hidrologia no Brasil, técnicas de macrodrenagem, manual e impactos na drenagem urbana, escoamento e consequência do problema.

1.2 Apresentação do Tema:

A escolha do tema surgiu, primeiramente, com uma pesquisa bibliográfica abrangente, dos estudos que vêm sendo publicados sobre as obras em execução no estado de Santa Catarina, em conjunto dos trabalhos disponíveis em formato digital e Normas regulamentadoras nacionais existentes. Os estudos realizados demonstram que as questões de drenagem apresentam-se como desafios no planejamento e administração dos centros urbanos. A precariedade instalada na infra-estrutura e o adensamento desordenado populacional são apontados como fatores agravantes para a ocorrência do acúmulo das águas sem escoamento adequado, além da carência de recursos de certas localidades para construção de obras civis que contribuam para a alteração do comportamento das enchentes. Com o processo de urbanização, há uma diminuição significativa de espaços destinados ao reabastecimento contínuo de lençóis freáticos e, por conseguinte, uma ocorrência cada vez mais frequente de inundações, bem como da transmissão de patologias e gastos com recuperação de moradias gerados. As soluções não se apresentam unicamente com obras, mas também medidas de contenção das águas ditas não-estruturais, caracterizadas por um processo intenso e continuado de acompanhamento, sob a forma de documentação (estudos, diagnósticos e

(15)

14

relatórios expedidos regularmente), o mais abrangente possível, sendo garantido pelo envolvimento de agentes e órgãos responsáveis pela gestão de infra-estrutura, meio ambiente, saneamento básico e da sociedade civil. Todas as mudanças requeridas em busca de se solucionar as deficiências existentes devem ser concebidas de maneira a permitir alterações em suas diversas fases, tanto no processo de planejamento quanto no de construção.

1.3 Descrição do Problema:

O problema sobre o tema está em se obter conhecimento técnico sobre as práticas de instalação sanitária e os benefícios de um projeto executado conforme as especificações normativas e as leis vigentes.

Os profissionais da engenharia procuram desenvolver projetos que venham a suprir as necessidades nas instalações sanitárias. Cria-se então, a questão sobre a possibilidade de se obter ou não resultados próprios da realidade de cada local.

No entendimento sobre os problemas causados por enchentes nas áreas urbanas, vê-se que muitos dos recursos utilizados para amenizar este quadro, não resultam de firma positiva, sendo assim, os trabalhos de macrodrenagem podem estar sendo desenvolvidos de forma insuficiente nas áreas urbanas?

1.4 Objetivos:

1.4.1 Geral:

Desenvolver uma pesquisa bibliográfica através de registro de informações sobre a macrodrenagem e eficácia dos resultados referentes à necessidade vigente nas áreas urbanas.

1.4.2 Específicos:

 Reunir bibliografias que tratem dos processos de instalação de projetos sanitários prediais, através de pesquisas em literaturas de fontes seguras e confiáveis;

 Realizar um estudo teórico sobre a urbanização, hidrologia e drenagem no Brasil e regulação do sistema de drenagem;

(16)

15

 Analisar aspectos do urbanismo com relação às responsabilidades governamentais considerando-se as proposições de modificações necessárias para amenizar os problemas existentes com a falta de recursos de drenagem adequados;

 Determinar os impactos que os sistemas sanitários produzem sobre a população e ao meio ambiente, quando não dimensionados ou quando não recebem manutenção periódica;

 Elucidar os equipamentos e instalações que um projeto desta natureza requer;

 Apresentar modelos de drenagem urbana e atividades do plano de drenagem através da visão dos profissionais;

 Descrever a hidrologia em si, técnicas de macrodrenagem e escoamento.

1.5 Justificativa:

Justifica-se o desenvolvimento deste estudo, com buscas de informações em referenciais bibliográficos impressos e virtuais (livros, artigos, monografias), sobre a macrodrenagem, pelo fato de que os resultados a serem obtidos após à conclusão dos trabalhos inerentes a este fator, realmente venham a compensar os gastos financeiros, desgaste de equipes, aplicação e uso de materiais, equipamentos e combustíveis, como forma de aquisição de conhecimentos no referido tema.

Analisar bibliograficamente os documentos disponíveis sobre o assunto, tendo como base as literaturas disponíveis em formato digital e as impressas, partindo para uma conceituação dos benefícios das obras civis que veem na macrodrenagem a melhor solução para os problemas de alagamentos e enchentes que desvalorizam terrenos que afetam diretamente o bem estar da população atingida, seja pelo acúmulo indesejável das águas como também pela transmissão de doenças pelos vetores patogênicos que se desenvolvem junto a essas áreas.

Este estudo se justifica pela necessidade de atenção requerida dos profissionais de engenharia no seu dia a dia. Neste aspecto, tratar de instalação hidráulica e as propriedades deste processo, requer devida cautela no que se refere ao resultado final do trabalho, nunca esquecendo que tudo depende do tempo dedicado à elaboração do projeto e à observação das necessidades de cada caso em particular.

(17)

16 1.6 Metodologia:

O desenvolvimento seguirá através de uma revisão bibliográfica sobre os principais efeitos da implantação de sistemas de macrodrenagem em vias urbanas, argumentando sobre os procedimentos de instalação-manutenção e comparando com os resultados esperados quando de seu planejamento.

O confronto entre opiniões de alguns autores sobre o tema também é parte do estudo. Entende-se que esta forma metodológica de registro de informações abre um leque de alternativas para discussões que certamente consolidam os conhecimentos de quem pretende fazer uso deles.

Este Relatório apresenta, brevemente, os pontos prioritários para controle de cheias e combate às inundações através de ações conjuntas dos profissionais e técnicos envolvidos.

(18)

17 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este Capítulo busca reunir as informações retiradas das bibliografias pesquisadas, das Normas relacionadas.

2.1 Referencial Teórico

Neste instante do pré-projeto desenvolvido sobre o tema proposto, apresenta-se um apanhado de informações de artigo e demais trabalhos acadêmicos relacionados ao tema da pesquisa.

O Relatório de Estágio a ser desenvolvido apresentará, primeiramente, discussões sobre a urbanização e políticas legais e no decorrer a drenagem em relação aos recursos hídricos.

Para qualquer localidade onde se aglomerem pessoas para conviver em sociedade, faz-se necessário que faz-se tenha um projeto hidrossanitário para que faz-se possa evitar a proliferação de doenças e problemas físicos na localidade.

Diferente de algumas décadas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) preocupa-se de maneira alastrada com este aspecto, pois a falta de tratamento dos produtos e minerais contaminados pelos seres humanos proliferam doenças e causam grandes epidemias.

2.2 Urbanização no Brasil

Segundo a Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRH), o processo de urbanização no Brasil, nos últimos anos, se deu com o crescimento maior das cidades médias e um crescimento menor das metrópoles. A população urbana brasileira, hoje, é da ordem de 80% contra uma urbanização na década de 40 a 50 abaixo de 40%. O

(19)

18

processo de urbanização no Brasil foi, em grande parte, desordenado e falho na previsão da população total. A primeira questão a ser levantada é que o problema da drenagem está muito associado à questão da urbanização.

Na explicação de Tucci (2003), o ciclo hidrológico sofre fortes alterações nas áreas urbanas devido, principalmente, à alteração da superfície e a canalização do escoamento, aumento de poluição devido à contaminação do ar, das superfícies urbanas e do material sólido disposto pela população. Esse processo apresenta grave impacto nos países em desenvolvimento, onde a urbanização e as obras de drenagem são realizadas de forma totalmente insustentável, abandonada pelos países desenvolvidos já há trinta anos.

Em sequência, o autor ainda registra que:

A urbanização produz grande impermeabilização do solo. Esta relação pode ser obtida relacionando a área impermeável (Ai) e a densidade habitacional (Dh), AI (em %) = 0,489 Dh para Dh 120 hab/hectare e constante para valores superiores. Equação obtida com base em dados de São Paulo, Curitiba e Porto Alegre (1). A vazão máxima de uma bacia urbana aumenta com as áreas impermeáveis e com a canalização do escoamento. A vazão máxima unitária (1mm de precipitação) pode ser estimada com base na AI através de (dados de 12 bacias brasileiras), onde Qp é obtido em m3/s e A, área da bacia em km2 (2). Pode-se observar dessas equações que o aumento da vazão máxima depende da impermeabilização do solo e da ocupação da bacia pela população (3). O aumento relativo pode ser superior a seis vezes com a relação à situação de pré-desenvolvimento. Este aumento ocorre em detrimento da redução da evapotranspiração e do escoamento subterrâneo e da redução do tempo de concentração da bacia.

Na exploração do artigo, torna-se importante colocar, segundo a concepção de Tucci (2003), que “o impacto sobre a qualidade da água é resultado do seguinte: (a) poluição existente no ar que se precipita junto com a água; (b) lavagem das superfícies urbanas contaminadas com diferentes componentes orgânicos e metais; (c) resíduos sólidos representados por sedimentos erodidos pelo aumento da vazão (velocidade do escoamento) e lixo urbano depositado ou transportado para a drenagem; (d) esgoto cloacal que não é coletado e escoa através da drenagem. A carga de contaminação dos três primeiros itens pode ser superior à carga resultante do esgoto cloacal sem tratamento. Deve-se considerar de 90% da carga do escoamento pluvial ocorre na fase

(20)

19

inicial da precipitação (primeiros 25 mm). Em Curitiba, na bacia do rio Belém (42 km2) que drena o centro da cidade, com cerca de 60% de áreas impermeáveis mostrou um aumento de seis vezes na vazão média de inundação com relação às suas condições rurais”.

O grande desenvolvimento urbano no Brasil ocorreu no final dos anos 1960 até o final dos anos 1990, quando o país passou de 55 % de população urbana para 76 % (5). Esta concentração de população ocorreu principalmente em grandes metrópoles com aumento da poluição e da frequência das inundações em função da impermeabilização e da canalização. Nos últimos anos, o aumento da população urbana ocorre principalmente na periferia das metrópoles, ocupando áreas de mananciais e de risco de inundação e de escorregamento. Este processo descontrolado atua diretamente sobre as inundações pela falta de infra-estrutura e da capacidade que o poder público possui para cobrar a legislação. (TUCCI, 2003).

Neste prisma, o autor revela que as medidas atuais de controle à política existente de desenvolvimento e controle dos impactos quantitativos na drenagem se baseia no conceito de escoar a água precipitada o mais rápido possível. Este princípio foi abandonado nos países desenvolvidos no início da década de 1970 (6). A consequência imediata dos projetos baseados neste conceito é o aumento das inundações a jusante devido à canalização. Na medida em que a precipitação ocorre, e a água não é infiltrada, este aumento de volume, da ordem de seis vezes, escoa pelos condutos.

Para transportar todo esse volume, é necessário ampliar a capacidade de condutos e canais ao longo de todo o seu trajeto dentro da cidade até um local onde o seu efeito de ampliação não atinge a população. A irracionalidade dos projetos leva a custos insustentáveis, podendo chegar a ser dez vezes maior do que o custo de amortecer o pico dos hidrogramas e diminuir a vazão máxima para jusante através de uma detenção. Portanto, o paradoxo é que países ricos verificaram que os custos de canalização e condutos eram muito altos e abandonaram esse tipo de solução (início dos anos 1970), enquanto países pobres adotam sistematicamente essas medidas, perdendo duas vezes: custos muito maiores e aumento dos prejuízos. Por exemplo, no rio Tamanduateí o custo da canalização foi de US$ 50 milhões/km (com retorno das inundações), enquanto que no rio Arrudas, em Belo Horizonte, chegou a US$ 25 milhões/km (logo após sua conclusão sofreu inundações), ambos valores muito elevados. (TUCCI, 2003).

(21)

20

Neste aspecto, Tucci (2003) enumera sobre o controle moderno e sustentável as medidas de controle podem ser classificadas de acordo com o componente da drenagem em medidas:

a) na fonte: que envolve o controle em nível de lote ou qualquer área primária de desenvolvimento;

b) na microdrenagem: medidas adotadas em nível de loteamento; c) na macrodrenagem: soluções de controle nos principais rios urbanos.

Contornando a explicação, Tucci (2003) reporta que essas medidas são adotadas de acordo com o estágio de desenvolvimento da área em estudo. As principais medidas sustentáveis na fonte têm sido: a detenção de lote (pequeno reservatório), que controla apenas a vazão máxima; o uso de áreas de infiltração para receber a água de áreas impermeáveis e recuperar a capacidade de infiltração da bacia; os pavimentos permeáveis. Estas duas últimas medidas minimizam também os impactos da poluição.

As medidas de micro e macrodrenagem são as detenções e retenções. As detenções são reservatórios urbanos mantidos secos com uso do espaço integrado à paisagem urbana, enquanto que as retenções são reservatórios com lâmina de água utilizados não somente para controle do pico e volume do escoamento, como também da qualidade da água. Atualmente, a maior dificuldade no projeto e implementação dos reservatórios é a quantidade de lixo transportada pela drenagem que obstrui a entrada dos reservatórios. Os volumes necessários para o amortecimento devido à urbanização (alta impermeabilização) são da ordem de 420 a 470 m3/ha. Considerando uma profundidade média de 1,5 m, a área necessária é da ordem de 3% da área total da bacia de drenagem urbanizada. (TUCCI, 2003).

No reforço de sua explanação, o autor prossegue:

Para implementar medidas sustentáveis na cidade é necessário desenvolver o Plano Diretor de Drenagem Urbana. O Plano se baseia em princípios onde os principais são os seguintes: (a) os novos desenvolvimentos não podem aumentar a vazão máxima de jusante; (b) o planejamento e controle dos impactos existentes devem ser elaborados considerando a bacia como um todo; (c) o horizonte de planejamento deve ser integrado ao Plano Diretor da cidade; (d) o controle dos efluentes deve ser avaliado de forma integrada com o esgotamento sanitário e os resíduos sólidos. (TUCCI, 2003).

Na conclusão desta explanação, Tucci (2003) define que o Plano Diretor deve ser desenvolvido utilizando medidas não-estruturais (principalmente a legislação) para

(22)

21

os novos desenvolvimentos (loteamentos e lotes) e medidas estruturais por sub-bacia urbana da cidade. Neste último caso, são projetadas as medidas para evitar os impactos já existentes na bacia para um horizonte de desenvolvimento econômico e para um risco de projeto. Geralmente, a combinação de detenção (ou retenção) com a ampliação da capacidade de escoamento que minimize o custo, tem sido adotada. O custo de uma detenção urbana aberta é da ordem de R$110/m3, enquanto que numa detenção fechada o custo aumenta em sete vezes. A alternativa de detenção fechada só deve ser adotada quando fisicamente não é possível o uso de uma detenção aberta. O aumento de escoamento por condutos ou canais é utilizado apenas para compatibilizar os locais de amortecimento, pois seu custo é ainda superior aos anteriores. Para áreas muito densificadas o custo médio das medidas estruturais é da ordem de R$ 1,5 – 2 milhões/km2, reduzindo para menos de R$ 1milhão em áreas onde, em parte, é possível utilizar medidas não-estruturais. A principal medida não-estrutural é a legislação para controle dos futuros desenvolvimentos. Essa legislação pode ser incorporada no Plano Diretor Urbano ou em decretos municipais específicos. A prefeitura de Porto Alegre introduziu no Plano Diretor Urbano e Ambiental artigo que obriga aos novos empreendedores a amortecer o aumento da vazão em função da urbanização. Foi proposto um artigo de lei para o controle na fonte (desenvolvimento dos lotes) que induz o usuário ao uso das medidas na fonte.

2.3 Hidrologia Urbana

Na concepção de Neto (sd) a hidrologia urbana abrange todas as inter-relações entre causas e efeitos dos impactos hidrológicos.

Normalmente, as bacias ocupadas pelo processo de urbanização são de portes pequeno e médio. Devido à variação natural dos parâmetros que influem no comportamento hidrológico da bacia, a distinção entre bacias pequenas e médias é imprecisa e até mesmo subjetiva. Comumente, bacias com tempo de concentração inferior a 1 hora e/ou área de drenagem não superior a 2,5 km² são classificadas como pequenas. Bacias com tempo de concentração superior a 12 horas e/ou área de drenagem maior que 1.000 km² se classificam como grandes; bacias médias se situam entre esses dois tipos. (NETO, sd)

(23)

22

Ainda registra o autor que na grande maioria das vezes, não se dispõe de registros de vazão nas áreas nas quais se pretende realizar obras de drenagem urbana. No entanto, pode-se sintetizar as vazões de projeto por meio dos dados de precipitação. É nesse contexto que a classificação da bacia em pequena ou média é fundamental. Embora se possa utilizar o método racional em bacias pequenas, não é recomendável que o mesmo seja usado para o cálculo das vazões em bacias de porte médio. Devido à necessidade de se considerar a variação temporal da intensidade da chuva e o amortecimento na bacia de porte médio, são usadas, normalmente, técnicas baseadas na teoria do hidrograma unitário, pois do contrário as vazões de pico seriam superestimadas.

A escolha do método de cálculo pode ser auxiliada por meio da tabela 3, por apontar alguns atributos das bacias pequenas e médias. Para se decidir o grau de proteção conferido à população com a construção das obras de drenagem, deve-se determinar a vazão de projeto. Deve-se, também, conhecer a probabilidade P de o valor de uma determinada vazão ser igualado ou superado em um ano qualquer. A vazão de projeto é imposta de tal forma que sua probabilidade P não exceda um determinado valor pré-estabelecido. Uma vez que a sociedade, através de seus representantes, é que deve decidir o risco aceitável pela comunidade e o quanto ela está disposta a pagar pela proteção conferida pelas obras, a escolha do período de retorno é um critério definido em esferas políticas. (NETO, sd)

Na sua forma explicativa, Neto (sd) registra que é difícil avaliar os danos resultantes de uma inundação, principalmente quando esses danos não passam de mero transtorno. Os prejuízos decorrentes de inundações (mesmo que frequentes) de sarjetas e cruzamentos em áreas residenciais, podem até mesmo ser desprezíveis, se o acúmulo de água durar pouco de cada vez. Já em uma zona comercial, esse mesmo tipo de ocorrência pode causar transtornos mensuráveis. Em alguns casos, a disposição e possibilidade da população beneficiária em financiar as obras por meio de tributos é que acaba definindo o projeto.

Conclui o autor registrando que a aplicação de métodos puramente econômicos para o estabelecimento do período de retorno é limitada pela impossibilidade de levar em conta aspectos que não podem ser expressos em termos monetários, por motivos éticos. Além disso, a relação benefício custo é de difícil quantificação. Quanto maior o período de retorno adotado, maior será a proteção conferida à população; por outro lado não só o custo, como também o porte das obras e sua interferência no ambiente urbano serão maiores. Tal fato, comumente, leva os poderes decisórios a escolher períodos de retorno pequenos, imprimindo uma falsa sensação de segurança na população, encorajando-a, de certa forma, a ocupar áreas impróprias.

(24)

23

Sobre as consequências da urbanização na drenagem da bacia, Neto (sd) explica que o comportamento do escoamento superficial direto sofre alterações substanciais em decorrência do processo de urbanização de uma bacia, principalmente como consequência da impermeabilização da superfície, o que produz maiores picos e vazões. Já na primeira fase de implantação de uma cidade, o desmatamento pode causar um aumento dos picos e volumes e, consequentemente, da erosão do solo; se o desenvolvimento urbano posterior ocorrer de forma desordenada, estes resultados deploráveis podem ser agravados com o assoreamento em canais e galerias, diminuindo suas capacidades de condução do excesso de água. Além de degradar a qualidade da água e possibilitar a veiculação de moléstias, a deficiência de redes de esgoto contribui também para aumentar a possibilidade de ocorrência de inundações. Uma coleta de lixo ineficiente, somada a um comportamento indisciplinado dos cidadãos, acaba por entupir bueiros e galerias e deteriorar ainda mais a qualidade da água. A estes problemas soma-se a ocupação indisciplinada das várzeas, que também produz maiores picos, aumentando os custos gerais de utilidade pública e causando maiores prejuízos. Os problemas advindos de um mal planejamento não se restringem ao local de estudo, uma vez que a introdução de redes de drenagem ocasiona uma diminuição considerável no tempo de concentração e maiores picos a jusante.

Estes processos estão inter-relacionados de forma bastante complexa, resultando em problemas que se referem não somente às inundações, como também à poluição, ao clima e aos recursos hídricos de uma maneira geral. Os problemas que dizem respeito ao controle de inundações são decorrentes da elevação dos picos das cheias, ocasionada tanto pela intensificação do volume do escoamento superficial direto (causado pelo aumento da densidade das construções, e consequente impermeabilização da superfície), como pela diminuição dos tempos de concentração e de recessão. Esta diminuição é também oriunda do acréscimo na velocidade de escoamento devido à alteração do sistema de drenagem existente, exigida por este aumento da densidade de construções. (NETO, sd)

Em atenção a isto, Neto (sd) ainda profere que os problemas de controle de poluição diretamente relacionados à drenagem urbana têm sua origem na deterioração da qualidade dos cursos receptores das águas pluviais. Além de aumentar o volume do escoamento superficial direto, a impermeabilização da superfície também faz com que a recarga subterrânea, já reduzida pelo aumento do volume das águas servidas (consequência do aumento da densidade populacional), diminua ainda mais, restringindo as vazões básicas a níveis que podem chegar a comprometer a qualidade da água pluvial nestes cursos receptores, não bastasse o fato de que o aumento do volume das águas servidas já é um fator de degradação da qualidade das

(25)

24

águas pluviais. Os problemas climáticos são, basicamente, decorrentes do aumento da densidade das construções. Embora se constituam em impactos de pequena escala que se processam de forma lenta, podem, a longo prazo, alterar significativamente o balanço hídrico que, por sua vez, podem reduzir as vazões mínimas e, consequentemente, produzir certo impacto sobre a qualidade das águas pluviais.

Neto (sd) coloca que segundo Uehara (1985), as precipitações totais podem aumentar em até 10% em relação à zona rural. Segundo a mesma fonte, a umidade relativa do ar pode sofrer um acréscimo de até 8% e pode chegar a haver um aumento de 1ºC na temperatura do ar, enquanto o aumento da nebulosidade pode atingir até 100%. Já os problemas relacionados aos recursos hídricos são uma consequência direta do aumento da demanda de água, decorrente do aumento da densidade populacional.

Afirma o autor que logo se vê que estes problemas são inerentes ao aumento das densidades populacional e de construções ou, em outras palavras, ao processo de urbanização em si, formando um emaranhado complexo de causas e efeitos, relacionados de forma não biunívoca.

Portanto, tal complexidade não permite que possa haver soluções eficientes e sustentáveis que não abranjam todos os processos e suas inter-relações, o que exige que se atue sobre as causas. Entretanto, os impactos decorrentes do processo de urbanização em uma bacia não são apenas de origem hidrológica. Não menos importantes são os impactos não hidrológicos que, no caso específico do Brasil, possuem relevância bastante significativa. Devido a suas características particulares, os impactos não-hidrológicos mais importantes no que concerne à drenagem urbana no Brasil são provenientes da ocupação do solo e do comportamento político-administrativo. (NETO, sd)

Torna-se importante repetir as palavras do autor “Dentre os problemas relativos à ocupação do solo, sobressaem-se as consequências da proliferação de loteamentos executados sem condições técnicas adequadas, decorrente da venalidade e da ausência quase total de fiscalização apropriada, idônea e confiável, o que dificulta (e muito) a aplicação de critérios técnicos na liberação de áreas para loteamento. Como consequência direta da ausência absoluta da observação de normas que impeçam a ocupação de cabeceiras íngremes e de várzeas de inundação, são ocupados terrenos totalmente inadequados ao assentamento. Os problemas sociais decorrentes, principalmente, da migração interna, fazem com que grandes contingentes populacionais se instalem em condições extremamente desfavoráveis, desprovidos das mínimas condições de urbanidade, inviabilizando a imposição das mais

(26)

25

básicas normas de atenuação de inundações. Compostas em grande parte por indivíduos analfabetos ou semi-alfabetizados, estas comunidades são praticamente impermeáveis a qualquer tentativa de elucidação de problemas tipicamente urbanos. O êxodo rural e o consequente crescimento desenfreado e caótico das populações urbanas no Brasil têm contribuído negativa e significativamente aos problemas relacionados às questões da drenagem urbana. A inexistência de controle técnico da distribuição racional da população dificulta a construção de canalizações para que se possa eliminar áreas de armazenamento. Dentro da realidade brasileira, a hipertrofia acelerada e desordenada das grandes cidades faz com que dificilmente seja possível impedir o loteamento e a ocupação de áreas vazias, já que não há interesse do poder público em desapropriá-las e ocupá-las adequada e racionalmente, fazendo que surjam áreas extensas e adensadas sem qualquer critério.”

Via de regra, o comportamento político-administrativo no Brasil dispensa quaisquer comentários. Nos ateremos apenas a suas consequências no que diz respeito à drenagem urbana, deixando uma discussão mais profunda sobre o assunto aos que estudam o código penal brasileiro. O crescimento de uma cidade exige que a capacidade dos condutos seja ampliada, o que aumenta os custos e acirra a disputa por recursos financeiros entre os diversos setores da administração pública, fazendo com que prevaleça, quase sempre, a tendência viciosa de se atuar corretivamente em pontos isolados da bacia, sendo que a escolha desses locais é frequentemente desprovida de quaisquer critérios técnicos. A drenagem secundária é, então, sobrecarregada pelo aumento da vazão, fazendo com que ocorram impactos maiores na macrodrenagem. A isso, soma-se o fato de que, invariavelmente, as políticas corretivas de médio e longo prazos são relegadas a segundo plano, devido ao populismo imediatista frente aos propósitos eleitorais periódicos, a cada quatro anos. Além disso, os grandes lobbies de especuladores junto ao poder público dificultam a aplicação de medidas para disciplinar a ocupação do solo. (NETO, sd)

Neto (sd) concretiza que devido às características do relevo, há uma tendência natural de que a ocupação humana de uma bacia hidrográfica ocorra no sentido de jusante para montante. Como quase não há controle público sobre a urbanização indisciplinada das cabeceiras da bacia, além de não haver interesse político na ampliação da capacidade de macrodrenagem, há um aumento significativo na frequência das enchentes, o que acaba por provocar prejuízos periódicos e desvalorização de propriedades de maneira sistemática, principalmente para as populações assentadas a jusante, em consequência da ocupação a montante. Nota-se que os impactos de características não-hidrológicas na drenagem urbana se originam, em sua totalidade, nos problemas sociais brasileiros, consequência dos interesses políticos locais e, em última instância, da estrutura organizacional macroeconômica do país.

(27)

26

No entanto, cabe ao engenheiro propor soluções técnicas a esses problemas de origem alheia à engenharia, mesmo em condições adversas, de difícil solução a curto e médio prazos.

É necessária a quantificação do impacto das condições reais da urbanização sobre o escoamento, para que se possa disciplinar a ocupação do solo, através de uma densificação que seja compatível com os riscos de inundação. A construção de pequenos reservatórios em parques públicos e o controle sobre a impermeabilização dos lotes e das vias públicas devem ser adotados antes que o espaço seja ocupado. Essas medidas, quando exercidas nos estágios iniciais da urbanização, exigem recursos relativamente limitados. A construção de reservatórios e diques, a ampliação das calhas dos rios e outras soluções estruturais de alto custo podem ser evitadas com o planejamento racional da ocupação urbana. Além disso, a ampliação da calha dos rios é, de certa forma, um paliativo, pois há aumento da velocidade no canal, o que pode agravar as inundações a jusante. (NETO, sd)

A construção de reservatórios não é uma solução barata e, se houver um nível de poluição significativo na água do rio, seu represamento pode vir a se constituir em uma eventual fonte de moléstias e até de epidemias. NETO (sd).

2.4 Drenagem

Conforme indicativo do GEL-SSE (2010), sobre a gestão da interface entre o tema drenagem urbana e resíduos sólidos pode-se afirmar que a coleta e disposição final do lixo urbano em áreas dispersas têm relevância nos aspectos de: Saúde pública; Controle da poluição; Drenagem urbana. Os serviços de limpeza e desassoreamento de canais são realizados pela Secretaria de Serviços e Urbanização.

O que vem causando um problema significativo é o local de destino final do material retirado destes canais, pois apresentam contaminação por esgotos domésticos. Trata-se de um problema regional, haja vista a carência de local de armazenamento, pois a maioria dos aterros está desativada.

O correto planejamento das ações que envolvem o desassoreamento/limpeza e coleta de resíduos pode otimizar recursos, sendo que a sistematização dos dados que caracterizam o serviço (frequência, material coletado e georreferenciamento) deve nortear o programa de educação ambiental, bem como de combate à erosão (volume e características dos sedimentos).

Na concepção de Neto (sd), drenagem é o termo empregado na designação das instalações destinadas a escoar o excesso de água, seja em rodovias, na zona rural ou na

(28)

27

malha urbana, sendo que a drenagem desta última é o objetivo do nosso estudo. A drenagem urbana não se restringe aos aspectos puramente técnicos impostos pelos limites restritos à engenharia, pois compreende o conjunto de todas as medidas a serem tomadas que visem à atenuação dos riscos e dos prejuízos decorrentes de inundações aos quais a sociedade está sujeita.

O caminho percorrido pela água da chuva sobre uma superfície pode ser topograficamente bem definido, ou não. Após a implantação de uma cidade, o percurso caótico das enxurradas passa a ser determinado pelo traçado das ruas e acaba se comportando, tanto quantitativa como qualitativamente, de maneira bem diferente de seu comportamento original. As torrentes originadas pela precipitação direta sobre as vias públicas desembocam nos bueiros situados nas sarjetas. Estas torrentes (somadas à água da rede pública proveniente dos coletores localizados nos pátios e das calhas situadas nos topos das edificações) são escoadas pelas tubulações que alimentam os condutos secundários, a partir do qual atingem o fundo do vale, onde o escoamento é topograficamente bem definido, mesmo que não haja um curso d’água perene. O escoamento no fundo do vale é o que determina o chamado

Sistema de Macro-Drenagem. (NETO, sd).

Reforça o autor comentando que o sistema responsável pela captação da água pluvial e sua condução até o sistema de macro-drenagem é denominado Sistema de Micro-drenagem, e será o objeto do nosso estudo. De uma maneira geral, as águas decorrentes da chuva (coletadas nas vias públicas por meio de bocas-de-lobo e descarregadas em condutos subterrâneos) são lançadas em cursos d’água naturais, no oceano, em lagos ou, no caso de solos bastante permeáveis, esparramadas sobre o terreno por onde infiltram no subsolo. Parece desnecessário dizer que a escolha do destino da água pluvial deve ser feita segundo critérios éticos e econômicos, após análise cuidadosa e criteriosa das opções existentes. De qualquer maneira, é recomendável que o sistema de drenagem seja tal que o percurso da água entre sua origem e seu destino seja o mínimo possível. Além disso, é conveniente que esta água seja escoada por gravidade. Porém, se não houver possibilidade, pode-se projetar estações de bombeamento para esta finalidade.

Neto (sd) coloca que: Dentre os diversos fatores decisórios que influenciam de maneira determinante a eficiência com que os problemas relacionados à drenagem urbana podem ser resolvidos, destacam-se a existência de:

a) meios legais e institucionais para que se possa elaborar uma política factível de drenagem urbana;

(29)

28

b) uma política de ocupação das várzeas de inundação, que não entre em conflito com esta política de drenagem urbana;

c) recursos financeiros e meios técnicos que possam tornar viável a aplicação desta política;

d) empresas que dominem eficientemente as tecnologias necessárias e que possam se encarregar da implantação das obras;

e) entidades capazes de desenvolver as atividades de comunicação social e promover a participação coletiva;

f) organismos que possam estabelecer critérios e aplicar leis e normas com relação ao setor.

Há, além disso, a necessidade de que as realidades complexas de longo prazo em toda a bacia sejam levadas em consideração durante o processo de planejamento das medidas locais de curto e médio prazos. Por fim, mas não menos importante, a opinião pública deve ser esclarecida através da organização de campanhas educativas, completa Neto (sd).

2.4.1 Drenagem e Sustentabilidade:

Cruz et al (sd) comentam que consideram-se sustentáveis os sistemas de drenagem que minimizam a perturbação aos processos naturais e sociais e o ônus a empreendedores e municipalidades para manutenção e ampliação de sua infra-estrutura. Desta forma, o grau de integração do sistema de drenagem a outras atividades e ao meio serve como parâmetro para identificar seu nível de sustentabilidade, isto é, se é ou não sustentável. Diante destas observações, a estratégia de Desenvolvimento Urbano de Baixo Impacto (LID) se mostra o melhor método para aproximar a drenagem urbana ao desenvolvimento sustentável, tendo em vista que sua implementação pode ser compatível com o sistema existente, além de providenciar melhorias, especialmente no caso de reformulações de empreendimentos em regiões com sistemas combinados de drenagem (KLOSS & CALARUSSE, 2006 apud CRUZ, sd), pelo redirecionamento de águas pluviais para seu aproveitamento, infiltração e evaporação, mitigando os impactos provenientes da urbanização desordenada, por exemplo pela recarga subterrânea e potencial diminuição do efeito conhecido como “ilha de calor”.

(30)

29

A seguir, Cruz et al (sd) demonstram que a estratégia de LID consiste no planejamento de empreendimentos e espaços urbanos para a conservação de processos hidrológicos e de recursos naturais, além da prevenção à poluição o solo e das águas. Os elementos-chave para alcançar estes objetivos são (USDoD, 2004):

• Conservação – Preservação de vegetação e solo nativos, minimizando o emprego de áreas impermeáveis e permitindo a manutenção de caminhos naturais de drenagem; • Projetos locais únicos – Elaboração de projetos que respeitem peculiaridades locais naturais e assegurem a proteção de toda a bacia, em detrimento a padronizações; • Direcionar escoamento para áreas vegetadas – Encorajar infiltração e recarga de aquíferos, terras úmidas e riachos, aproveitamento controle e tratamento realizado pela natureza;

• Controles distribuídos de pequena-escala – Empregar técnicas de manejo hídrico o mais próximo possível da fonte de geração do escoamento, de forma integrada ao ambiente, para mimetizar processos hidrológicos naturais;

• Manutenção, prevenção à poluição e educação – Trabalhar a educação e envolvimento público (inclusive de profissionais) objetivando a redução de cargas de poluentes e o aumento da eficiência e longevidade de sistemas de drenagem, exonerando o poder público.

Preferem dizer os autores que assim, solo, vegetação (fitoremediação) e micro-técnicas verdes (especialmente fitotecnologias) são utilizados numa miríade de formas para harmonizar atividades de controle quali-quantitativo da drenagem com as demais atividades humanas, visando a atender fins sociais e recreacionais.

O planejamento de empreendimentos trabalha o máximo aproveitamento de recursos naturais (água pluviais, energia) e de serviços providenciados por estes (regulação térmica, infiltração, evaporação e tratamento de águas) com mínimo dano ao meio ambiente ao (a) adequar projetos arquitetônico-estruturais às características locais, (b) delimitar de forma clara as áreas a serem preservadas, (c) priorizar perturbações inevitáveis no período de estiagem e em áreas com menor capacidade de infiltração, (d) empregar técnicas verdes, (e) minimizar áreas impermeáveis e movimentação de terras e (f) sequenciar atividades construtivas para controlar a produção de sedimentos e minimizar a compactação do solo. A filosofia vigente consiste em “deixar que a natureza faça seu trabalho”, minimizando a construção de sistemas artificiais para desempenhar as mesmas funções pré-existentes. (CRUZ et al, sd)

(31)

30

Na continuidade, Cruz et al (sd) colocam que dentre os dispositivos incentivados, constam algumas das BMPs, especialmente as que atuam de forma integrada às funções locais (pavimentos permeáveis e telhados verdes ou telhados reservatórios), assim como se utilizam bio-retenções e fundações verdes, além de práticas simples, como o preparo do solo para o plantio de jardins, a convergência de escoamento não-agressivo para áreas vegetadas e a utilização de coletores de água de chuva, que, a depender do tratamento, pode servir para diversos usos. Embora já existam estudos e aplicações de LID pelo mundo deste a década de 80, inclusive congressos específicos, poucos são os estudos no país relacionados à sua implementação, limitando-se aos trabalhos desenvolvidos no Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS (SOUZA, 2005 e SOUZA et al, 2007). Nestes, se realiza uma revisão das práticas de controle da drenagem, simulações numéricas para comparação de comportamento dos diferentes sistemas de drenagem em escala de parcelamento de uso do solo (condomínios), além de investigação quanto às alterações institucionais necessárias para implementação desta estratégia no município de Porto Alegre para novos empreendimentos. Sob a luz das propostas de abordagem para o gerenciamento sustentável da drenagem urbana apresentadas através da estratégia de LID, seguem algumas ponderações sobre os aspectos institucionais das estratégias predominantes atualmente no Brasil.

2.4.2 Ausência de Regulação do Sistema de Drenagem:

A título de informação sobre o tema, registra-se o que consta no GEL-SSE (2010, p. 33) que: “no município de Itanhaém, bem como em toda a Baixada Santista, não existe regulação para a prestação de serviço de drenagem urbana. A Secretaria de Saneamento e Energia de São Paulo (SSE), dentro de suas ações de valorização da função reguladora no Estado, desenvolveu projeto de ampliação de competências da já operante Comissão de Serviços Públicos de Energia (CSPE), para assumir competências reguladoras delegadas sobre os serviços de saneamento. Estas ações estão sendo desempenhadas pela ARSESP.”

Observa-se que:

a) Ficaram estabelecidos como principais elementos estratégicos: Estrutura de agência multissetorial (regulação dos setores de saneamento e energia), com Conselhos de Orientação distintos para cada área; Visão abrangente sobre a ação reguladora, com abertura a novos modelos e técnicas de prestação dos serviços, sem

(32)

31

perder o foco sobre finalidades específicas; Exercício de competências reguladoras próprias ou delegadas;

b) Possibilidade de regulação e/ou fiscalização de serviços funcionalmente integrados ou segmentados.

Apresenta o artigo do GEL-SSE (2010) que tanto para o saneamento como para a energia, a combinação entre novas técnicas e modelos gerenciais abre caminho para o desenvolvimento de ações reguladoras específicas, pouco exploradas até agora. Ela deve recepcionar tanto os serviços funcionalmente integrados, como segmentos independentes, inclusive novas modalidades de organização técnica e gerencial.

2.5 Urbanismo, Governo e Políticas Intermunicipais

A construção e manutenção das grandes cidades requerem muitas modificações no solo. São as ruas pavimentadas, cortes de colinas e montanhas, aterros, fundações para os prédios, etc. isto tudo importa na necessidade de desvio (natural) das águas da chuva, lençóis freáticos e rios das adjacências.

Faz-se necessário, então, que se considere o que está no comprometimento das autoridades dos órgãos afins na busca de atenuar os problemas causados pelo que foi citado anteriormente.

Os problemas urbanos de Porto Alegre que vão desde as calçadas públicas mal feitas ate a completa ausência de qualquer estratégia de desenvolvimento urbano, antes cio trair um possível descaso, denunciam problemas de estratégia de enfrentamento dos problemas de planejamento e gestão urbana. (MARQUES E TUCCI, sd, p. 226).

Comentam ainda os autores que tornou-se um lugar comum dizer que os novos tempos de globalização e exaltação das tecnologias de informação tendem a reforçar os papéis das cidades.

Morais (2011) explica que especialistas recomendam inovação nos projetos de contenção e o abandono de soluções tradicionais, que são dispendiosas e podem causar mais problemas. Reconhecem também a tendência dos governos de concentrar as ações de saneamento em água e esgoto, esquecendo-se da drenagem.

(33)

32

Inundações como as que atingiram fortemente São Paulo e outras cidades, no fim do ano, são resultado de décadas de abandono das ações de drenagem urbana, principalmente entre o início da década de 1970 e do século XXI. Enquanto medidas de cunho regulatório e planos de investimentos de âmbito nacional aguardam a aprovação do Legislativo, iniciativas dos governos federal, estaduais e municipais vão vencendo a inércia histórica com as obras para amenizar os efeitos das enchentes e inundações. Os especialistas, no entanto, reconhecem: tudo é, ainda, muito incipiente. Vontade política, prioridade, dedicação, mais recursos e revisão tecnológica das práticas de saneamento são indispensáveis. (MORAIS, 2011)

Márcio Baptista, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e um dos especialistas brasileiros que enxergam na renovação e inovação - técnicas, políticas e institucionais, apud Morais (2011) comenta que “o melhor caminho na busca de soluções para as cidades. A inovação tecnológica representada pela adoção do modelo "não-estruturante" de ações de drenagem urbana já domina a elite brasileira do setor de saneamento ambiental e, aos poucos, vai mobilizando corações e mentes rumo a medidas mais sensatas e sustentáveis”.

"Todas as soluções não-estruturantes são mais baratas que o modelo tradicional, que é mais caro e só aumenta os problemas urbanos", justifica o coordenador do Programa de Modernização do Setor de Saneamento, Ernani Miranda, da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA) do Ministério das Cidades. Ele relaciona quatro fundamentos do novo padrão: contenção do processo de impermeabilização; implantação de parques lineares; adoção de reservatórios (piscinões) de retenção; e disseminação de áreas de infiltração. Juntas, essas medidas diminuem o volume e o fluxo das águas pluviais, restabelecem a paisagem urbana, com mais verde, o reavivamento da diversidade biológica, humanismo e conforto visual; além de atenuar a violência com que as águas invadem o ambiente da cidade e confrontam a fragilidade humana. (MORAIS, 2011).

Neste contexto, Morais (2011) destaca que já a coordenadora de Estudos Setoriais Urbanos do Ipea, Maria da Piedade Morais, destaca a importância dos investimentos em drenagem urbana para a manutenção de condições estáveis nas áreas de ocupação pelo homem. "São fundamentais para conter os deslizamentos de terra e as enchentes provocadas pela ocupação antrópica e desordenada do solo, inclusive em áreas de proteção ambiental." Segundo ela, construções sem técnicas adequadas, especialmente em regiões de declive acentuado, colaboram para a impermeabilização do solo. "Foi o que ocorreu em Santa Catarina. Em alguns municípios, como Petrópolis, no Rio de Janeiro, esses deslizamentos de terra são recorrentes", observa. Ela aponta um grave erro de estratégia dos gestores públicos: "Habitualmente, (eles) dirigem os recursos de saneamento básico para água e esgoto, negligenciando a drenagem".

(34)

33

Ano após ano, a tragédia brasileira das inundações urbanas se repete de forma cada vez mais intensa, especialmente nas grandes regiões metropolitanas, também sempre maiores a cada temporada. Mas é tudo muito previsível: apenas duas cidades brasileiras, Porto Alegre (RS) e Santo André (SP), possuem serviço formal de drenagem. Só Porto Alegre mantém controle sobre novas áreas de desenvolvimento. "Inundações são consequência do aumento das áreas impermeáveis e da canalização dos rios", informa o professor Carlos Eduardo Morelli Tucci, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), considerado o maior especialista brasileiro no assunto. (MORAIS, 2011).

Na busca de soluções ou algo que atenue os problemas provocados pelo, ao uso do solo e de aplicação de recursos inadequados de drenagem, Morais (2011) aponta que “um diagnóstico para solução do problema, que se repete a cada estação chuvosa, foi feito no início desta década, em estudo oficial do Ministério das Cidades, elaborado a partir da Oficina

de Trabalho para Apresentação de Textos de Referência sobre a Atuação do Governo Federal em Drenagem Urbana. Fruto de um reservado encontro entre 16 especialistas

brasileiros do setor, realizado em Goiânia, em maio de 2003, o documento aponta princípios gerais para conferir eficiência à drenagem: adoção de políticas públicas que integrem as quatro pontas das ações de saneamento ambiental (abastecimento de água, esgoto sanitário, drenagem urbana e gestão de resíduos sólidos/lixo); maior participação dos responsáveis pelos impactos no pagamento dos custos das soluções; controle social da gestão da drenagem urbana; e, adoção de inovações ambientais na definição das soluções”.

Morais (2011) destaca o que pensa Tucci: “um dos especialistas que esteve no encontro de Goiânia, estima o passivo brasileiro com drenagem urbana e danos ambientais decorrentes de inundações em R$ 21 bilhões (cerca de 0,2% do PIB). Segundo ele, 99% das inundações no Brasil são geradas por drenagem mal projetada e dão prejuízos de cerca de R$ 7,5 bilhões/ano ao País. Em 2005, Tucci preparou um programa de águas pluviais para o Ministério das Cidades, que não decolou. O horizonte de ação do plano seria de 20 anos, com resultados mais ponderáveis nos primeiros seis a sete anos e redução do prejuízo nacional para cerca de R$ 1 bilhão anuais - "já que nenhum plano elimina o prejuízo (por completo)", segundo o professor. O programa cobrava a elaboração de um Plano Nacional de Drenagem Urbana e implementação de investimentos sustentáveis, escalonados por tamanho de cidades”.

Considerando todos os recursos para solucionar a gama de problemas no tema em questão, Morais (2011) registra que: "Só obras não resolvem inundações", reconhece o secretário Ernani Miranda, cuja equipe prepara um conjunto de medidas e regras para tentar

(35)

34

tratar o problema com a dimensão e prioridade que requer. São planos nacionais de saneamento e drenagem e um projeto de lei para executar o que já está previsto na legislação há quase três anos, porém sem regulamentação. Os técnicos consideram que, com esses instrumentos e a Lei 11.445, de janeiro de 2007, se tem uma base regulatória sólida para submeter governos de todos os níveis a compromissos compulsórios com o saneamento.

2.5.1 Proposição de Modificações para Aproximar a Gestão das Águas Pluviais Urbanas no Brasil à Sustentabilidade:

Citam Cruz et al (sd) que com base no estudo efetuado por Souza (2005) para Porto Alegre e no panorama atual de gestão das águas pluviais urbanas no Brasil exposta neste artigo, mostra-se evidente a necessidade de realizar uma reformulação do corpo técnico institucional, mediante sua capacitação, implementação plena da legislação e integração do setor de águas pluviais com os demais setores com atuação direta no espaço urbano para minimizar esforços e executar atividades de forma mais completa.

A legislação que regulamenta o uso do solo se aplica apenas à cidade formal (Tucci, 2004), restringindo-se à observação do sombreamento de edificações e, ao tráfego, sendo interessante considerar seu não atendimento caso se comprove a preservações de funções hidrológicas ou mesmo a inserção de exigências como limitação de áreas impermeáveis efetivas (por exemplo 5%) ou manutenção de áreas verdes (por exemplo 50%). O PDDUA de Porto Alegre, por exemplo, embora estabeleça (artigo 135, parágrafo 6) que as condições hidrológicas de pré-desenvolvimento de parcelamentos de uso do solo devem ser mantidas, direciona o controle da drenagem ao uso de detenções (artigo 97) para limitar a vazão máxima de saída dos mesmos. Tendo em vista que o controle por meio de LID pode servir à limitação de volume e qualidade do escoamento (potencial exigência futura), além da vazão de pico, a apresentação de comprovação destes controles pode eximir o empreendedor da construção de detenções ou permitir que estas tenham volume inferior ao obtido pela formulação proposta no decreto, mas suficiente para controlar para níveis de pré-ocupação. (CRUZ et al, sd)

Explicam os autores que a participação de um especialista na área de drenagem de pluviais na entidade municipal responsável pelo desenvolvimento urbano permite que esta área seja contemplada na definição de estratégias locais, devendo ser considerada pela municipalidade. A estruturação de corpo técnico com incumbência de avaliar a efetividade de medidas de controle da drenagem, fiscalizar projetos, atualizar e revisar a legislação surge como alternativa interessante, particularmente em municípios razoavelmente desenvolvidos, em que inexiste um setor encarregado do controle da drenagem urbana.

(36)

35

Cruz et al (sd) deixam registrado que um levantamento das características locais atuais e de pré-ocupação urbana de solo, vegetação, clima, topografia e hidrografia devem conferir base de referência para preservar áreas especiais, avaliar o desempenho de medidas de controle e fiscalizar projetos de drenagem de pluviais, além de identificar com isto potenciais metas hidrológicas de gestão. Em paralelo, devem ser trabalhados programas de monitoramento e pesquisa das características hidrológicas regionais, bem como um programa de capacitação geral (funcionários públicos, empreendedores e usuários).

Para auxiliar no desenvolvimento destes programas, sugere-se a elaboração de projetos-piloto, como a reformulação de edificações públicas, especialmente dos setores responsáveis pela fiscalização e aprovação de projetos. A utilização de mecanismos de incentivo ao controle de drenagem nos moldes de LID, podendo estes apresentar caráter punitivo (por exemplo, cobrança de taxa por uso do sistema público, como avaliado em Forgiarini et al., 2007) e/ou de premiação (por exemplo um selo de certificação da edificação), pode auxiliar na aproximação de sistemas de drenagem à sustentabilidade inclusive por “preparar terreno” para a instalação de legislação que obrigue o controle total das condições hidrológicas de pré-ocupação (e não apenas vazão máxima). A municipalidade pode trabalhar estas alternativas, como já o fazem parcialmente o município de Santo André (Santo André, 1997) e os E.U.A., Canadá, México e Índia (USGBC, 2007). (CRUZ et al, sd)

Neste ponto, concluem os autores que em escala maior, a federação pode avaliar a possibilidade de aplicar punições pesadas a municipalidades que pela ausência de controle, principalmente quanto à qualidade de seus efluentes, degradarem corpos d’água. A Política Nacional de Recursos Hídricos (Brasil, 1997) contemplaria esta possibilidade caso o lançamento difuso de efluentes provenientes de uma mesma municipalidade fossem avaliados de forma conjunta, sendo assim passíveis de sujeição à outorga.

2.5.2 Dados sobre o Cenário da Gestão de Drenagem no Brasil:

Citam Cruz et al (sd) que a gestão da drenagem urbana na maioria dos municípios brasileiros ainda não é vislumbrada com a devida importância, dada a ausência de um planejamento específico para o setor. De forma geral, o gerenciamento da drenagem urbana é realizado pelas secretarias de obras municipais e apresenta-se desvinculado das ações planejadas para os demais setores relacionados, como água, esgoto e resíduos sólidos.

Segundo IBGE (2000), em 99,8% dos municípios, o serviço de drenagem urbana é prestado pelas próprias Prefeituras Municipais, normalmente sob incumbência das secretarias municipais de obras e serviços públicos e em 73,4% dos municípios não há instrumentos reguladores do sistema de drenagem urbana. Os sistemas de drenagem existem em 78,6% dos municípios brasileiros, com incrementos de

Referências

Documentos relacionados

A educação em saúde tem papel primordial no processo de prevenção e reabilitação, pois, o diálogo e a troca de informações entre o paciente, o profissional e sua

demonstraram que: 1 a superfície das amostras tratadas com o glaze pó/líquido foram as que apresentaram uma camada mais espessa de glaze, com superfícies menos rugosas; 2o grupo

Sendo assim, o programa de melhoria contínua baseado no Sistema Toyota de Produção, e realizado através de ferramentas como o Kaizen, poderá proporcionar ao

Na tentativa de avaliar a confiabilidade das medidas lineares realizadas em radiografias panorâmicas, comparando-as com imagens obtidas por meio de TC, Nishikawa et al., 2010

Raichelis 1997 apresenta cinco categorias que na sua concepção devem orientar a análise de uma esfera pública tal como são os conselhos: a visibilidade social, na qual, as ações e

Derivaram de ações capazes de interferir no dimensionamento desta unidade, especialmente que atuassem sobre as vazões e qualidades de água a demandar e

Se pensarmos nesse compromisso de engajamento como fator primordial para o exercício de ativismo pelas narrativas artísticas, a proposta de divisão dos conceitos

Justificativa: Como resultado da realização da pesquisa de Mestrado da aluna foram encontradas inconsistências na informação sobre o uso de Fitoterápicos pelos