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Segundo o PDDU-POA Vol VI 2005 o principal objetivo do Plano Diretor de Drenagem Urbana é criar os mecanismos de gestão da infra-estrutura urbana, relacionados com o escoamento das águas pluviais, dos rios e arroios em áreas urbana. Este planejamento visa evitar perdas econômicas, melhorar as condições de saneamento e qualidade do meio ambiente da cidade, dentro de princípios econômicos, sociais e ambientais definidos pelo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental.

O Plano Diretor de Drenagem Urbana (PDDrU) tem como principais produtos: • Regulamentação dos novos empreendimentos;

• Planos de controle estrutural e não-estrutural para os impactos existentes nas bacias urbanas da cidade;

• Manual de drenagem urbana.

A Regulamentação, nos registros do PDDU-POA Vol VI 2005, consiste de um decreto municipal que estabeleça os critérios básicos para o desenvolvimento da drenagem urbana para novos empreendimentos na cidade. Esta regulamentação tem o objetivo de evitar que os impactos indesejáveis, devidos à implantação da edificação e parcelamento do solo com drenagem inadequada, sejam gerados nas cidades. O Plano de controle estabelece as

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alternativas de controle de cada bacia da cidade, reduzindo o risco de ocorrência de inundação na mesma. O Manual de Drenagem representa o documento que orienta a implementação dos projetos de drenagem na cidade.

2.8.1 Manual de Drenagem Urbana:

Dentro dos estudos elaborados no Plano Diretor de Drenagem Urbana, foi desenvolvido um manual para orientar os profissionais que planejam e projetam a drenagem urbana, bem como as diretrizes para a ocupação de áreas ribeirinhas.

Os objetivos principais deste manual, conforme o PDDU-POA Vol Vide 2005, são as definições dos seguintes critérios:

• Variáveis hidrológicas dos projetos de drenagem urbana na cidade de Porto Alegre; • Alguns elementos hidráulicos;

• Aspectos de ocupação urbana relacionados com a drenagem urbana; • Legislação e regulamentação associada;

• Critérios de avaliação e controle do impacto da qualidade da água.

Este manual, ainda com base no PDDU-POA Vol Vide 2005 orienta, mas não obriga a utilização dos critérios aqui estabelecidos. Os únicos elementos limitantes são os da legislação pertinente. Cabe ao projetista desenvolver seus projetos dentro do conhecimento existente sobre o assunto, do qual este manual é apenas uma parte do processo.

2.8.2 Impactos na Drenagem Urbana:

Conforme resultado de pesquisas apresentado pelo PDDU-POA Vol VI 2005, as inundações em áreas urbanas resultam de dois processos, que podem ocorrer isoladamente ou de forma integrada:

• áreas ribeirinhas: os rios geralmente possuem dois leitos: o leito menor, onde a água escoa na maior parte do tempo; e o leito maior, que é inundado em média a cada 2 anos.

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O impacto devido à inundação ocorre quando a população ocupa o leito maior do rio, ficando sujeita à enchentes;

• devido à urbanização: ocupação do solo, com consequentes impermeabilizações das superfícies e implementação de rede de drenagem, faz com que aumentem a magnitude das inundações, bem como a sua frequência. O desenvolvimento urbano pode também produzir obstruções ao escoamento como aterros, pontes, drenagens inadequadas, entupimentos em condutos e assoreamento. A política na drenagem urbana, que prioriza a simples transferência de escoamento, e a falta de controle da ocupação das áreas ribeirinhas têm produzido impactos significativos que são os seguintes, revela o PDDU-POA Vol VI 2005:

• aumento das vazões máximas (em até 7 vezes, Leopold (1968)) devido à ampliação da capacidade de escoamento de condutos e canais, para comportar os acréscimos de vazão gerados pela impermeabilização das superfícies;

• aumento da produção de sedimentos devido à desproteção das superfícies e a produção de resíduos sólidos (lixo); •deterioração da qualidade da água superficial e subterrânea devido a lavagem das ruas, transporte de material sólido, contaminação de aquíferos e as ligações clandestinas de esgoto cloacal e pluvial;

• danos materiais e humanos para a população que ocupa as áreas ribeirinhas sujeitas às inundações;

• impactos que ocorrem devido à forma desorganizada como a infra-estrutura urbana é implantada, podendo ser citadas: pontes e taludes de estradas que obstruem o escoamento; redução de seção do escoamento por aterros; deposição e obstrução de rios, canais e condutos por lixo e sedimentos; projetos e obras de drenagem inadequadas.

Sobre os pactos nas áreas ribeirinhas o PDDU-POA Vol VI 2005 registra que as inundações ocorrem, principalmente, pelo processo natural, no qual o rio ocupa o seu leito maior, de acordo com os eventos chuvosos extremos (em média com tempo de retorno superior a dois anos). Este tipo de inundação ocorre normalmente em bacias grandes (>500 km2), sendo decorrência de processo natural do ciclo hidrológico. Os impactos sobre a

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população são causados principalmente pela ocupação inadequada do espaço urbano. Essas condições ocorrem, em geral, devido às seguintes ações:

• como no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental, da quase totalidade das cidades brasileiras, não existe nenhuma restrição quanto ao loteamento de áreas com risco de inundação, a sequência de anos sem inundações é razão suficiente para que empresários loteiem áreas inadequadas;

• invasão de áreas ribeirinhas, que pertencem ao poder público, pela população de baixa renda;

• ocupação de áreas de médio risco, que são atingidas com frequência menor, mas que quando o são, provocam prejuízos significativos. Os principais impactos sobre a população são:

• prejuízos de perdas materiais e humanas;

• interrupção da atividade econômica das áreas inundadas;

• contaminação por doenças de veiculação hídrica como leptospirose, cólera, entre outras;

• contaminação da água pela inundação de depósitos de material tóxico, estações de tratamentos e outros equipamentos urbanos.

Sobre as limitações de algumas medidas de controle, o PDDU-POA Vol VI 2005 demonstra as limitações das medidas de controle, frequentemente usadas no Brasil, baseadas na transferência de escoamento para controle das inundações urbanas, são caracterizadas a por ¾ Drenagem urbana, a canalização de arroios, rios urbanos ou uso de galerias para transportar rapidamente o escoamento para jusante, priorizando o aumento da capacidade de escoamento de algumas seções, não consideraram os impactos que são transferidos. Este processo produz a ampliação da vazão máxima com duplo prejuízo, fazendo com que haja necessidade de novas construções, que não resolvem o problema, apenas o transferem.

Registra o PDDU-POA Vol VI 2005 que mesmo considerando que a solução escolhida deva ser a canalização (rios, condutos e galerias para a drenagem secundária), o custo desta

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solução chega a ser, em alguns casos, cerca dez vezes maior que o custo de soluções que controlam na fonte a ampliação da vazão devido à urbanização.

Como em drenagem urbana o impacto da urbanização é transferido para jusante, quem produz o impacto geralmente não é o mesmo que sofre o impacto. Portanto, para um disciplinamento do problema é necessário a interferência da ação pública através da regulamentação e do planejamento.

A política de controle das inundações nas áreas ribeirinhas tem sido de construir obras de proteção, que geralmente representam custos muitos altos para toda a comunidade. Quando as obras de proteção de inundações não são construídas, os prejuízos ocorrem nos anos mais chuvosos. Nesta situação, a política é a de fornecer recursos para atender aos flagelados. Este recurso chega aos municípios na forma de fundo não-reembolsável e não é necessário realizar concorrência pública para o seu gasto. Considerando que as áreas de risco geralmente são ocupadas por população de baixa renda, com esta política dificilmente haverá processo preventivo de planejamento do espaço de risco, conforme o PDDU-POA Vol VI 2005.

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