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Relato preparado por Graciela Pagliari (Relações Internacionais/UFRGS) [versão preliminar, favor não citar e não circular]

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Academic year: 2021

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Relato preparado por Graciela Pagliari (Relações Internacionais/UFRGS) [versão preliminar, favor não citar e não circular]

Apresentação:

Durante os dias 20 e 21 de outubro de 2003 teve lugar, na Universidade de Brasília, o Seminário “Agenda de Segurança Andino Brasileira”. Este seminário foi o segundo previsto para este ano no âmbito do projeto de pesquisa internacional que leva o mesmo nome do seminário.

Este projeto de pesquisa sobre a agenda de segurança dos países andinos e do Brasil é desenvolvido por professores-pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no Brasil, da Universidad Torcuato Di Tella, Argentina; do IEPRI da Universidad Nacional da Colômbia; da FLACSO do Equador e da Universidad Central da Venezuela.

Este seminário foi apoiado pela Friedrich Ebert Stiftung no Brasil (FES/ILDES). Sua realização tornou-se possível graças ao empenho do Instituto de Relações Internacionais da UNB, que o organizou em parceria com a FES/ILDES.

O primeiro seminário decorrente deste projeto foi realizado em maio de 2003 em Bogotá, na Colômbia, sob os auspícios da Friedrich Ebert Stiftung (FESCOL) e com o apoio do IEPRI (Universidad Nacional). Embora tenha tratado de vários temas em seus sete painéis (ver relatos específicos), o seminário de Bogotá tratou especialmente do conflito colombiano e das dinâmicas políticas regionais e globais que estão ligados a este conflito, além de analisar os atores, temas e mecanismos institucionais relevantes para a identificação e sistematização da agenda de segurança bilateral e multilateral entre os países da região.

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O seminário de Brasília também discutiu vários temas em seus seis painéis, mas, sobretudo, procurou analisar as perspectivas governamentais e não-governamentais sobre a Amazônia como área em que as agendas de segurança e de desenvolvimento estão mais diretamente relacionadas. Os seis painéis realizados em Brasília estavam assim intitulados: 1) Segurança e Desenvolvimento na Amazônia: o papel da OTCA. 2) Amazônia como Problema de Segurança: Perspectiva sobre o SIVAM. 3) Sociedade Civil e os Temas de Segurança: Amazônia e América Latina. 4) Crime Organizado e Narcotráfico como Temas de Segurança Regional. 5) O Papel das Forças Armadas na Segurança Regional. 6) Agenda de Segurança Andino-Brasileira: Temas e Controvérsias. Ao lado de especialistas andinos, argentinos e brasileiros que discutiram o tema Agenda de Segurança Andino Brasileira, o Seminário contou com a presença de um público formado por militares, professores universitários, diplomatas e estudantes.

Dada a impossibilidade de resgatar de maneira sintética cada uma das intervenções realizadas ao longo dos dois dias, optou-se por organizar os dados disponíveis em torno de três eixos que perpassaram todos os debates temáticos. Em primeiro lugar, a tensão entre as demandas de segurança tais como são percebidas pelos Estados nacionais e pela sociedade civil. Em segundo lugar, o grau de (sobre) determinação da agenda pela política de seguranca dos Estados Unidos para a região. Em terceiro lugar, a necessidade de ampliar a discussão sobre a agenda de seguranca levando em conta os demais países da América do Sul.

1 – Demandas por Segurança: entre Estado e Sociedade Civil

O papel e as atribuições relativas ao Estado Nacional e a abrangência do termo segurança foram preocupações que estiveram no centro dos debates indicando que as transformações apresentadas pelo término da Guerra Fria, se por um lado, indicam a concordância dos palestrantes quanto às mudanças sofridas pelo tema segurança, por outro, indicam a dificuldade em estabelecer uma nova dimensão do conceito eis que hoje a noção de segurança diz respeito a vários níveis tais como, o ambiental, o social, o criminal, o da segurança pública, nacional,

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individual. Da mesma forma, no que diz respeito ao papel do Estado Nacional ressaltou-se que a presença da União na Amazônia legal brasileira é mínima, permitindo às forças locais o desempenho de um papel preponderante, demonstrando uma imensa debilidade do Estado (Alfredo Costa Filho).

Ainda como forma dessa debilidade, Andrés Serbin destaca que a América Latina apresenta um déficit quanto ao Estado de direito, tendo em vista que o mesmo não chega a todos os lugares, provocando um déficit social na busca pela solução dos problemas da sociedade. Se, como destacado por Carlos Arturi, a emergência de novos atores transnacionais retirou do Estado o papel de único ator no cenário internacional, indica que deve haver uma solidificação do Estado pois ainda se busca a resposta às ameaças pensando em unidade nacional tendo em vista, que a instabilidade política e de conflitos e o combate ao terrorismo sem pátria depois do 11 de setembro de 2001, indica um retorno ao conceito de segurança nacional da Guerra Fria. No mesmo sentido,Tomaz Guedes da Costa, ressalta que ainda ocorre a referência ao Estado como centro da análise na busca por respostas ao crime organizado, ao tráfico de drogas e às migrações.

No que diz respeito à questão da segurança na região da Amazônia os palestrantes deixaram claro a falta de mecanismos eficazes para garanti-la, pois o Tratado de Cooperação Amazônica - TCA em apreciação não possui instrumentos e nem órgãos administrativos que funcionem. Alfredo Costa Filho aponta uma necessária vontade política com relação ao tema Amazônia para que se possa pensar em instituições válidas, aliado a isso, uma organização com prestígio técnico para funcionar, a definição de prioridades consensuais entre todos os oito países participantes e a co-participação dos mesmos, uma sede própria com uma administração descentralizada. Aponta ainda a necessidade de diálogo com a sociedade pois as decisões devem ser tomadas segundo as necessidades da população, sob pena de as mesmas sentirem-se isoladas das decisões tomadas.

Nessa direção apontam também os palestrantes Dom Evangelista Alcimar Caldas Magalhães e Claudia Donoso ao colocar a dissociação das necessidades da população e o desenvolvimento de política públicas que possam atendê-las. A massa de migrantes “desplazados” fugindo da guerrilha mostra que a população não sabe a quem recorrer, e a caracterização dessas ameaças como internas – da

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mesma forma as “fumigações” aéreas desencadeadas pelo Plano Colômbia II, que causam danos à saúde física e psicológica das populações - indicam que uma América Latina como uma zona de paz pode estar ameaçada por fatores internos dos países muito mais do que por ameaças externas de conflito entre Estados Nacionais. Como havia a sensação de a América Latina não ser uma zona de conflitos com relação ao resto do mundo, a segurança não se tornou prioritária para a sociedade civil, à mesma importavam os problemas econômicos e sociais que assolavam a América Latina ficando, portanto, a questão da segurança nas mãos do Estado.

2 - Os grandes temas em debate e o papel dos Estados Unidos

Se para os norte-americanos os grandes temas são o terrorismo, o narcotráfico e o crime organizado, do ponto de vista de nossos países o enfoque se dá em outros temas, como a biopirataria e a seguranca pública (Marco Aurélio Cepik). A política norte-americana frente às drogas converteu-se na maior fonte de insegurança para a região, na opinião de Luis Alberto Restrepo, pois o Estado norte-americano considera a política de drogas uma questão de segurança nacional, e quer colocar, cada vez mais, nossa Polícia e até mesmo as Forças Armadas, agindo ativamente nessa política. No entanto, isso leva a geração e a retomada de guerras de baixa intensidade.

A questão das drogas não deveria ser tratada como um problema de segurança, mas sim, como uma questão de educação, de saúde pública e de regulação estatal. No caso da Colômbia a questão das drogas fomenta guerrilhas internas e incentiva uma guerra por território onde a população civil é o perdedor imediato. Pois a América do Sul enfrenta o problema da ineficiência do Estado enquanto promotor da segurança (Mônica Hirst). A escalada da violência se depara com instituições fracas, com a fragilidade da democracia de nossos países e com a manutenção de instituições republicanas, e ainda, por em ser uma zona de segurança e influência dos Estados Unidos.

Os Estados Unidos nomeiam a sua política para a região ora como de guerra contra o narcotráfico, ora de guerra contra o terrorismo, conforme lhes

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convêm, de forma a sempre estarem balizados em uma agenda prioritária. Com o Plano Colômbia II os Estados Unidos buscam a militarização do problema das drogas, mas os palestrantes concordam que essa não é a melhor forma de tratar a questão pois a parte mais fraca da cadeia das drogas é que sofreria as maiores conseqüências. Por isso, discutir o papel das Forças Armadas atualmente é muito importante.

3 - Agenda de Segurança Andino - Brasileira: rumos e ampliações

Em um primeiro momento, para que se possa falar em uma agenda de segurança andino - brasileira deve-se partir dos mesmos pressupostos, enfocar parâmetros semelhantes. Não há um caminho possível para uma agenda comum se a conceituação for diferenciada. No caso do Peru, como citado por Manuel Mindreau, a discussão entre segurança e defesa engloba os mesmos conceitos, mas o mesmo não ocorre no Brasil.

Também com relação ao Brasil, pouco se avançou na questão do Livro Branco e do papel das Forças Armadas, o que inviabiliza a fixação de parâmetros de ação imediatos. Por isso, para Marco Aurélio Cepik, pensar uma agenda de segurança andino-brasileira engloba questões de integração das Forças Armadas, mas para que isso seja possível, deve-se pensar em primeiro lugar as questões internas de cada uma das Forças Armadas eis que pouco se avançou nas políticas nacionais de segurança. O Brasil, por exemplo, ainda não rompeu seu dilema de recursos bilaterais ou mecanismos multilaterais, oscila entre ações bilaterais ou multilaterais (Alcides Costa Vaz), por isso pensar uma agenda de segurança andino-brasileira passa também pela questão da atuação dos Estados Unidos na Colômbia.

Por isso, no que diz respeito à agenda colombo-venezuelana os dois países enfrentam as mudanças na agenda de segurança de maneiras diversas segundo Socorro Ramirez e Ana Maria Sanjuán, pois a diferença nas agendas externas passa pelas situações internas de cada um desses países. Antes da criação de efetivos mecanismos comuns não há como ter uma agenda comum.

Os mecanismos regionais hoje existentes não servem para se contrapor às ameaças que surgem. Depois do 11 de setembro está clara a necessidade de um

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novo sistema coletivo de segurança interamericano (Adrian Bonilla). No entanto, as políticas bilaterais tem sido a tônica entre nossos países em detrimento do multilateralismo, ocorre que é a partir da agenda estadunidense que se pensa uma agenda andino-brasileira.

Conclusões

Para uma agenda de cooperação andino-brasileira com relação aos temas de segurança, instituições coletivas são essenciais. Num certo sentido, o nível de relacionamento bilateral com ênfase em políticas nacionais deve ser ultrapassado como forma primordial de lidar com os problemas de segurança na região. Da mesma forma, a sociedade civil deve interagir de maneira mais assertiva com o Estado a fim de que políticas públicas de segurança possam ser criadas e efetivamente implementadas. Pois a agenda atual é complexa e a complexidade desses desafios ainda não encontra a resposta em políticas públicas que possam responder a essas necessidades.

As reflexões produzidas pelo Seminário servem para indicar um caminho conjunto e alternativo seja para os formuladores das políticas dos países envolvidos, seja para os acadêmicos no sentido da criação de uma agenda de respostas às demandas surgidas.

Referências

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