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Biodepuração do efluente proveniente da carcinicultura, utilizando a ostra-do-mangue, Crassostrea rizhophorae

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ (UESC)

Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA) Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente (MDMA)

Biodepuração do efluente proveniente da

carcinicultura, utilizando a ostra-do-mangue,

Crassostrea rizhophorae

Karen Figueiredo de Oliveira

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i UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ (UESC)

Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA) Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente (MDMA)

Karen Figueiredo de Oliveira

Biodepuração do efluente proveniente da carcinicultura, utilizando a

ostra-do-mangue, Crassostrea rizhophorae

Ilhéus, 2011.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente da Universidade

Estadual de Santa Cruz

(PRODEMA/UESC) como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente. Área de Concentração: Arranjos Produtivos e agronegócios.

Orientador: Prof. Dr. Luís Gustavo Tavares Braga

Co-orientador: Prof. Dr. Francisco Carlos Fernandes De Paula

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KAREN FIGUEIREDO DE OLIVEIRA

Biodepuração do efluente proveniente da carcinicultura, utilizando a

ostra-do-mangue, Crassostrea rizhophorae

Essa dissertação foi julgada adequada e aprovada para a obtenção do título de Mestre

em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente pela Universidade Estadual de Santa

Cruz.

Ilhéus- BA, 17 de Fevereiro de 2011.

Banca Examinadora

________________________________________ Prof. Dr. Luis Gustavo Tavares Braga- UESC (Orientador)

___________________________________________ Profa. Dra. Ana Lúcia Salaro – UFV

__________________________________________ Prof. Dr. Francisco Carlos Fernandes de Paula - UESC

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“A vida é uma aventura onde por princípios somos todos iguais e não existem favoritos, cada um de nós merece ser valorizado, não importa a função e sim como a desempenhamos...

Tudo depende de como encaramos nossos desafios, porque desafios, nada mais são que oportunidades. E preciso traçar uma meta e seguir enfrente mesmo sabendo que algumas vezes será preciso corrigir os rumos... com criatividade e perseverança podemos superar qualquer obstáculo, basta acreditarmos na nossa própria forca e nunca esquecermos que não estamos sós nessa jornada e que ajudar os companheiros é construir nosso próprio sucesso.

Nosso objetivo deve ser uma vida plena, afinal, o que realmente importa não é apenas quem chegou antes, mas também, quem soube aproveitar melhor o percurso”.

Autor desconhecido

“A cada nova existência, o homem tem mais inteligência e pode melhor distinguir o bem e o mal” Allan Kardec - Livro dos Espíritos

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Aos meus pais, fontes de todas as minhas energias, luzes da minha vida... exemplos para ser seguidos e passado adiante.

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Agradecimentos

Ao curso de Pós - graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente – PRODEMA;

A DAAD - Deutscher Akademischer Austausch Dienst pela concessão da bolsa de Mestrado;

Ao INCT - TMCOcean pelo apoio e suporte oferecidos;

A FINEP, CAPES, FAPESB, CNPq e Universidade Estadual de Santa Cruz pelo auxílio financeiro e disponibilidade de veículos para locomoção até a área de trabalho.

Ao Professor Luis Gustavo Tavares Braga pela orientação, oportunidade oferecida e pelo conhecimento compartilhado.

Aos professores membros da banca, Dra. Ana Lúcia Salaro (Universidade Federal de Viçosa) e Dr. Francisco Carlos Fernandes de Paula (Universidade Estadual de Santa Cruz).

À Deus, por alcançar a graça de findar mais uma etapa em minha vida. Uma etapa cheia de provações, de tropeços, de lágrimas e também de muita aprendizagem. Mas, como Ele sabe de todas as coisas, depois da tempestade, sempre vem à calmaria.

Aos meus pais amados, sempre possibilitando meus sonhos com apoio incondicional. Torcendo e vibrando pelas minhas vitórias e me amparando nas horas difíceis;

Ao meu irmão amado e Deia pelo amor, amizade e o incentivo, apoiando e contribuindo para que eu persistisse apesar das dificuldades;

Aos professores do PRODEMA pelos ensinamentos, amizade e conselhos sempre bem vindos. Em especial ao Professor Max de Menezes (In memorian) que com seu carinho e conselhos foi exemplo de determinação e sabedoria.

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vi À equipe do Aquanut: Dani, João, Louise, Paulinha, Rafael, William, Karol, Hanna e Marta pelos momentos incríveis de alegrias, pela ajuda nos experimentos e pela amizade!

À equipe do Lab. de Monitoramento Ambiental pelo auxílio e disponibilidade nas análises microbiológicas;

À Professora Daniela Mariano pela amizade, auxílio nas análises e contribuição intelectual que proporcionou a este trabalho.

À equipe do laboratório de Ciências do Mar da Universidade Federal do Ceará, pela análise de metal pesado;

Às amizades feitas e refeitas no Prodema: Deyna, Raquel, Waleska, Ritinha, Polly, Anyran, Pc, Teco, Wilson, Jeff, Vivi e Aline.

À Maria Célia e Elielma, amigas queridas de conversas, de brincadeiras, conselhos e apoio, sempre!

E a todos que de alguma forma contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho.

Devo ressaltar aqui, o meu singelo agradecimento à todos os profissionais que ao longo da minha vida acadêmica, me ensinaram por meio de seus exemplos, como NÃO DEVO SER.

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Sumário

Resumo ... 1 Abstrat ... 2 Estrutura da Dissertação ... 3 1. Introdução Geral ... 4

2. CAPITULO I - Revisão de Literatura ... 5

2.1. Aquicultura ... 5

2.2. Situação da Aquicultura Mundial ... 6

2.3. Carcinicultura no Brasil ... 7

2.4. Os impactos da aquicultura ... 9

2.5. Aquicultura Sustentável ... 12

3. Referência Bibliográfica ... 14

4. Capítulo II - Caracterização do efluente da carcinicultura após processo de biofiltração pela ostra Crassostrea rizhophorea avaliando sua qualidade sanitária para o consumo ... 20 4.1. Introdução ... 20 4.2. Material e Métodos ... 22 4.3. Resultados e Discussão ... 26 4.4. Conclusões ... 39 4.5. Referência Bibliográfica ... 39 5. ANEXOS ... 45

5.1. Anexo 1: Distribuição da água para cultivo ao longo da fazenda ... 45

5.2. Anexo 2: Montagem do experimento ... 46

5.3. Anexo 3: Normas para publicação da Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal ... 47

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Lista de tabelas

Tabela 1. Valores médios e desvio padrão (n = 3) das variáveis: oxigênio dissolvido, oxigênio saturado, pH, condutividade, temperatura e salinidade, encontrados nos tratamentos ao longo das quatro semanas do experimento ...26

Tabela 2- Médias dos valores de DBO (demanda bioquímica de oxigênio), Cl-a (Clorofila – a), TSS (totais de sólidos em suspensão) e nutrientes dos efluentes provenientes dos tratamentos e porcentagem de remoção, durante as quatro semanas de experimento ...29

Tabela 3. Valores de Coliformes Totais, fecais e Salmonella encontrados no Canal de adução, canal de abastecimento, entrada e saída do tanque de cultivo e entrada e saída do sistema de tratamento ...35

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Lista de Figuras

Figura 1 – Porcentagem de remoção obtida na primeira semana de experimento para DBO (demanda bioquímica de oxigênio), Cl-a (Clorofila–a), TSS (totais de sólidos em suspensão), nitrito, nitrato, amônia total e fosfato encontrado nos efluentes após tratamentos com 60, 120 e 180 ostra...30 Figura 2 – Porcentagem de remoção obtida na segunda semana de experimento para DBO (demanda bioquímica de oxigênio), Cl-a (Clorofila–a), TSS (totais de sólidos em suspensão), nitrito, nitrato, amônia total e fosfato encontrado nos efluentes após tratamentos com 60, 120 e 180 ostra...32 Figura 3 – Porcentagem de remoção obtida na terceira semana de experimento para DBO (demanda bioquímica de oxigênio), Cl-a (Clorofila–a), TSS (totais de sólidos em suspensão), nitrito, nitrato, amônia total e fosfato encontrado nos efluentes após tratamentos com 60, 120 e 180 ostra... 33 Figura 4 – Porcentagem de remoção obtida na quarta semana de experimento para DBO (demanda bioquímica de oxigênio), Cl-a (Clorofila–a), TSS (totais de sólidos em suspensão), nitrito, nitrato, amônia total e fosfato encontrado nos efluentes após tratamentos com 60, 120 e 180 ostra. ...34 Figura 5 – Valores de Coliformes totais encontrados no efluente proveniente de tanques de cultivo de camarão e das ostras biofiltradoras...37

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Resumo

A aquicultura vem sendo praticada no Brasil desde o inicio do século 20, ganhando cada vez mais destaque na economia nacional. Os benefícios advindos do setor são de extrema importância para a economia brasileira. Porém, para atingir tal crescimento econômico, os ecossistemas aquáticos vêm sendo seriamente afetados. Impactos ambientais resultantes da expansão descontrolada das fazendas de cultivo em regiões costeiras têm motivado muitas críticas. Este trabalho teve por objetivo, verificar a capacidade de filtragem de um cultivo de ostras no controle de efluentes de uma carcinicultura, analisando a qualidade da água ao longo do experimento através do monitoramento das variáveis físicas, químicas e biológicas dos efluentes provenientes de sistema de consorciamento e avaliar a eficiência da biofiltração a partir da redução de concentração dos nutrientes. O experimento foi desenvolvido em uma fazenda localizada no município de Canavieiras – BA, com duração de quatro semanas contando com um sistema de fluxo contínuo de água proveniente da lagoa de decantação de um cultivo de camarão. Foram utilizadas 12 caixas d’água de fibra de vidro com capacidade de 170 L, contendo quatro tratamento e três repetições 60 ostras; 120 ostras e 180 ostras, e três repetições. As variáveis analisadas foram: pH, condutividade, salinidade, oxigênio dissolvido e temperatura da água, totais de sólidos em suspensão, Demanda Bioquímica do Oxigênio, Clorofila - a, PO4, NO3 e NH4. Os dados obtidos ao final do experimento foram submetidos à análise de variância em nível de 5% de significância. Em ambos os tratamentos as variáveis físico-químicas não apresentaram diferenças significativas. Dentro dos resultados obtidos a demanda bioquímica do oxigênio apresentou baixos valores ao longo de todo experimento, mantendo-se dentro dos padrões previsto na resolução CONAMA no 357. Com base nos resultados obtidos,

pode – se considerar que a espécie Crassostrea rizhophorae pode ser cultivada em viveiros de camarão funcionando como eficientes biofiltros, porém avaliando a condição sanitária para consumo foi observados a necessidade de processo depurativo das ostras após processo de filtração para posterior comercialização. Os melhores resultados observados em remoção foi encontrado no tratamento contendo 180 ostras. Palavras - chave: Depuração, efluente, carcinicultura, coliformes fecais, Crassostrea rizhophorae.

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Abstrat

Aquaculture has been practiced in Brazil since the early 20th century, gaining increasing prominence in the national economy. The benefits sector are of extreme importance for the Brazilian economy. However, for achieve such economic growth, aquatic ecosystems have been seriously affected. Environmental impacts of sprawl cultivation farms in the coastal regions have motivated many critics. This study aimed to verify the filtering capacity of a cultivation of oysters in the control of effluents from a shrimp, analyzing the water quality throughout the experiment by monitoring the physical, chemical and biological properties of effluent from the system of intercropping and evaluate the efficiency of biofiltration through reduced concentration of nutrients. The experiment was conducted on a farm localized in Canavieiras - BA, lasting for four weeks counting system with a continuous flow of water from the pond decantation from a shrimp farm. A total of 12 water tanks fiberglass with a capacity of 170 L, containing four treatment 60 oysters, 120 clams and oysters 180, and three replications. Variables were analyzed: pH, conductivity, salinity, dissolved oxygen and water temperature, total suspended solids, Biochemical Demand of Oxygen, chlorophyll - a, PO4, NO3 and NH4. The data obtained at the end of experiment were subjected to analysis of variance at 5% of significance. In both treatments the physico-chemical variables not significant differences. Within the results obtained biochemical oxygen demand, showed low values throughout experiment and remained within the standards established by the Resolution CONAMA 357. Based on the results it - considering that the species Crassostrea rizhophorae can be cultivated in shrimp ponds functioning as efficient biofilters, but evaluating the sanitary condition for consumption was observed the need to process the oysters after purifying process filtration for subsequent commercialization. The best results were observed removal was found in the treatment containing 180 oysters.

Key-words: clearance, effluent, shrimp farming, fecal coliform, Crassostrea rizhophorae.

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Estrutura da Dissertação

Esta dissertação apresenta-se dividida em dois capítulos, sendo que o capítulo II foi preparado de acordo com as normas da Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal:

Capítulo I - Descrição da aquicultura e da sua situação mundial e formas de cultivo.

Capítulo II - Caracterização do efluente da carcinicultura após processo de biofiltração pela ostra Crassostrea rizhophorea avaliando sua qualidade sanitária para comercialização.

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1. Introdução Geral

A criação de camarões marinhos cresce no ramo da aquicultura devido a demanda por consumo em todo o mundo. Desde a década de 70, a carcinicultura tem se constituído em uma atividade econômica muito importante no Brasil, gerando empregos e desenvolvimento para as regiões em que são implantadas. Esse desenvolvimento e intensificação ocorrem em função da alta rentabilidade econômica, elevada produtividade e fácil adaptação das espécies comercializadas. Segundo Rocha (2003)o Nordeste brasileiro tem representando a maior porcentagem da produção do pescado nacional.

Apesar de a carcinicultura gerar apresentar grande potencial econômico, tecnologias não apropriadas podem ocasionar uma série impactos ambientais nos ecossistemas naturais. A adubação contínua, renovação constante de água e arraçoamento em excesso acabam por gerar um efluente de descarte rico em nutrientes. Estes são despejados diretamente, e muitas vezes sem qualquer tratamento prévio, nos ambientes adjacentes aos tanques de cultivo. Suas consequências são: a salinização, o aumento das concentrações de nutrientes na água e no sedimento e o incremento das populações de fitoplâncton e de bactérias. Essas alterações podem acarretar um desequilíbrio de grande proporção levando a eutrofização, alterando toda estrutura do ecossistema e da qualidade da água.

Preconiza-se a utilização de boas práticas de manejo para diminuir tais impactos que podem ser estabelecidas com diferentes estratégias. O consórcio do cultivo de camarões com organismos potencialmente filtradores pode reduzir o impacto causado, contribuindo com a sustentabilidade do ambiente. Entre os organismos aquáticos cultiváveis, destacam-se as ostras que têm a capacidade de biorremediação de nutrientes e ainda pode gerar benefícios mútuos para os organismos cultiváveis (JONES & PRESTON, 1999).

O objetivou-se com este trabalho avaliar a capacidade de filtragem do cultivo de ostras (Crassostrea rizhophorea) no controle do efluente da carcinicultura e a condição biológica das ostras para consumo após processo de filtração.

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2. CAPITULO I - Revisão de Literatura

2.1. Aquicultura

A aquicultura pode ser definida como o cultivo dos seres que têm na água o seu principal ou mais frequente ambiente de vida. Desta forma, abrange não apenas os organismos estritamente aquáticos, mas também os que passam menor tempo de sua existência em terra, podendo ser utilizados para a alimentação humana (CAMARGO & POUEY, 2005).

A Carcinicultura brasileira, que se baseia na exploração do camarão branco do Oceano Pacífico (Litopenaeus vannamei), embora tenha utilizado pouco mais de 3,0% (18.500 ha) do seu potencial (600.000 ha) em 2009, é uma atividade com viabilidade técnica, econômica, social e ambiental demonstradas na Região Nordeste. Haja vista que sua participação na mitigação da pobreza, já é uma realidade amplamente demonstrada, pois a mesma contribui de forma significativa para a geração de negócios, renda, divisas e empregos permanentes no meio rural dessa região (ABCCAM, 2011).

Essa atividade independente da intensidade de produção, podendo ser classificada como um ecossistema que depende da energia solar, com subsídios antropogênicos. Os tanques, viveiros, aquários, lagos, açudes, e mesmo os próprios organismos cultivados nestes ecossistemas podem ser considerados sistemas termodinâmicos abertos, fora do equilíbrio, que trocam continuamente energia e matéria com o ambiente para diminuir a entropia interna (HENRY-SILVA & CAMARGO, 2008).

Camargo & Pouey (2005), ressaltam que o cultivo controlado ou semicontrolado de animais aquáticos pelo homem é uma atividade que teve início na China, há 4.000 anos aproximadamente, com o monocultivo da carpa. Mas, antes disto, os chineses já utilizavam as macroalgas marinhas como fonte de alimento. Documentos históricos sugerem que os chineses, de certa forma, as cultivavam em estruturas submersas na água. Pode-se dizer, então, que o oriente foi o berço da aquicultura, e não é coincidência que hoje, o continente asiático responda por cerca de 90% da produção mundial dos

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6 alimentos provenientes da água, sendo que a China é responsável por mais da metade dessa produção.

Nos últimos anos, essa atividade adquiriu considerável crescimento nos países em desenvolvimento, merecendo especial destaque os empreendimentos que se dedicam ao cultivo de camarões (COUTO JR, 2007).

2.2. Situação da Aquicultura Mundial

Segundo a FAO (1997), a exploração indiscriminada do estoque pesqueiro natural, e a crescente diferença entre a quantidade de pescado capturado e a demanda de consumo, tornaram a aquicultura um das alternativas mais viáveis no mundo para produção de alimento, para consumo humano de alto valor protéico. Os pescados perfazem 8,6% da produção global de alimentos, representando 15% do total de proteína de origem animal, sendo atualmente a quinta maior fonte de proteína, perdendo apenas para o arroz, produtos florestais, leite e trigo. O rápido crescimento na produção aquícola é resultado do relevante aumento da aquicultura na Ásia, e do aumento na produção de espécies como a carpa, sendo que em 1994 esta espécie representou quase metade do volume total cultivado de organismos aquáticos, excluindo-se as plantas aquáticas.

Atualmente a aquicultura converteu-se em uma atividade consolidada capaz de abastecer à incessante demanda por produtos pesqueiros, frente ao estancamento das capturas observado desde o final dos anos 80. Tal fato pode ser justificado pelos índices médios anuais de crescimento de 9,2% que a aquicultura mundial vem apresentando a partir de 1970, comparados com apenas 1,4% da pesca e 2,8% da produção de animais terrestres (CAMARGO & POUEY, 2005)

Segundo dados da FAO (2008), a contribuição da aquicultura, representado pela somatória dos diversos organismos cultiváveis, para os estoques de suprimentos mundiais continua crescendo, em 1995, a produção era de 2.007 t, aumentando para 90.190 t em 2003 e caindo para 65.000 t em 2006. E em questões comparativas, o setor vem apresenta taxa de crescimento anual de 8,8% há várias décadas, comparado com a pesca (1,2%) e a pecuária (2,8%). A taxa de crescimento mais expressiva tem sido observada no cultivo de crustáceos que no período de 2000-2004 alcançou valor de

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7 19,2% comparado a 18,9% durante o período de 1970-2004. Considerando que a aquicultura está se expandindo e se intensificando em quase todas as regiões do mundo, espera-se que esta atividade supere a pesca de captura como fonte de pescado para alimentação (FAO, 2007; FAO, 2009). Nos últimos dez anos, a aquicultura apresentou crescimento superior a qualquer outro segmento de produção animal com incremento médio anual de 6,5%,em termos mundiais e de 10,8% no Brasil (FAO, 2011).

Ainda, segundo a FAO (1996), a importância que a aquicultura tem para o homem moderno baseia-se no fato desta servir como promissora alternativa para o extrativismo, o qual chegou ao seu limite máximo sustentável em 1995, com um total de 100 milhões de toneladas ao ano. A produção mundial de pescado em 2002 foi em torno de 133 milhões de toneladas, sendo que a produção proveniente da aquicultura foi de 39,8 milhões de toneladas, onde o cultivo continental representou 60% e o marinho 40%.

2.3. Carcinicultura no Brasil

O Brasil apresenta condições favoráveis ao desenvolvimento das mais diversas modalidades de aquicultura, por possuir um grande potencial hídrico, proveniente das bacias hidrográficas, das numerosas represas espalhadas por todo país e da sua produtiva região costeira. Apresenta também uma riqueza de espécies, diversos microclimas e áreas adequadas ao desenvolvimento da atividade. Aliado a estas vantagens, também é um país essencialmente agrícola, apresentando uma grande disponibilidade de produtos e subprodutos que podem ser utilizados na formulação de rações a um custo relativamente baixo. A topografia, na maioria das regiões, favorece a construção de tanques, bem como a condução da água para o abastecimento por gravidade. Esses fatores, associados com a necessidade de produzir um produto de qualidade, têm levado a um aumento no cultivo de organismos aquáticos (CAMARGO & POUEY, 2005).

Essa atividade de cultivo se destaca no contexto do setor pesqueiro mundial, pela inclusão social, dando oportunidades para micro e pequenos empreendedores, gerando empregos, renda e divisas para as populações desfavorecidas do meio rural litorâneo dos países em desenvolvimento (ROCHA, 2000).

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8 Segundo dados da Associação Brasileira dos Criadores de Camarão - ABCC , o Nordeste, com seus 3.300 km de litoral, é responsável por 94% de todo o camarão produzido no Brasil. Entre os maiores produtores estão o Rio Grande do Norte e a Bahia, mas a atividade cresce também nos estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Piauí (ABCCAM, 2011).

No Brasil, a produção de camarão marinho foi iniciada na década de 70, na região Nordeste, com a introdução da espécie exótica Marsupenaeus japonicus e adquiriu o caráter tecno-empresarial no final da década de 80 com a aclimatação e viabilidade do cultivo da espécie Litopenaeus vannamei .Essa espécie é originária da costa do Pacífico e teve excelente adaptação às condições tropicais de clima, solo e água principalmente as encontradas no litoral nordeste (SOUZA, 2007).

Segundo Rocha (2000) entre os anos de 1996 e 2000, este setor registrou taxa média de expansão territorial na ordem de 20% ao ano. Somente nos últimos dois anos a aquicultura apresentou elevação na produção de 43,8%, passando de 289.050 toneladas/ano para 415.649 toneladas/ano, sendo que a carcinicultura representou 16%, com produção de 65.189 t (MPA, 2010).

Devido à necessidade de produção, a carcinicultura tem evoluído, oferecendo seguridade alimentícia com a produção de proteína animal, geração de empregos (FAO, 1996), despertando expectativas positivas no contexto social, ao contribuir para a superação da pobreza, fixação do homem na sua região e gerando receitas significativas na exportação dos produtos e geração de trabalhos diretos e indiretos (GUZENSKI, 2000).

A previsão é de que até 2030 a demanda internacional de pescado aumente em mais 100 milhões de toneladas por ano, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). A produção mundial hoje é da ordem de 126 milhões de toneladas. O Brasil é um dos poucos países que tem condições de atender à crescente demanda mundial por produtos de origem pesqueira, sobretudo por meio da aquicultura. Segundo a FAO, o Brasil poderá se tornar um dos maiores produtores do mundo até 2030, ano em que a produção pesqueira nacional teria condições de atingir 20 milhões de toneladas (MPA, 2011).

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2.4. Os impactos da aquicultura

Apesar das expectativas positivas, não se pode desconsiderar que o cultivo de organismos aquáticos apresenta riscos significativos do ponto de vista ambiental (PHILLIPS et al., 1993). Segundo Boyd (2003) a carcinicultura apresenta como principais impactos: destruição de manguezais, inundação de áreas e outros ambientes aquáticos sensíveis por projetos aquícolas; conversão de terras agrícolas a tanques aquícolas; poluição da água; uso de drogas, antibióticos, e outros produtos químicos para controle de enfermidades; salinização de terras e água por efluentes, esgotos, e sedimentos de águas salobras provenientes de sistemas de engorda; uso excessivo de água subterrânea e outras fontes de água doce para abastecimento de tanques; propagação de doenças animais da cultura de organismos para populações nativas; efeitos negativos sobre a biodiversidade causados pela fuga de espécies não-nativas introduzidas para produção, morte de pássaros e outros predadores, conflitos com outros usuários dos recursos hídricos e rompimento das comunidades vizinhas.

As práticas aquícolas são caracterizadas pelos efluentes com alto teor de matéria orgânica e elevadas concentrações de nutrientes particulados e dissolvidos, além do baixo conteúdo de oxigênio dissolvido (BOYD, 1990). Esse efluente contribui para a degradação ambiental, mudanças de habitats e eutrofização das águas costeiras (NAYLOR et al, 2000). Isso ocorre, pois, o cultivo de animais aquáticos produz grande quantidade de nutrientes na forma de resíduos metabólicos, além disso, os organismos cultivados consomem de 20 a 30% de o suprimento alimentar (HALL et al., 1992). Os resíduos gerados na cadeia produtiva vão ser carreados para os corpos d’água receptores e, pela própria dinâmica marinha, esses compostos retornam ao sistema de cultivo, podendo comprometer a saúde dos organismos cultivados (COSTA, 2006).

Estes efluentes são enriquecidos com nitrogênio, fósforo, material particulado em suspensão e matéria orgânica, que gera demanda bioquímica de oxigênio (Páez-Osuna, 2001). Quando lançado continuamente, sem tratamento adequado, nos ecossistemas aquáticos, o efluente da aquicultura pode favorecer o processo de eutrofização artificial dos corpos d’água receptores destes efluentes (Paez-Osuna 2001; Henry-Silva & Camargo, 2008).

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10 Os corpos d’água adjacentes às fazendas de aquicultura recebem esse efluente com cargas elevadas de nutrientes, o que acelera o processo de eutrofização. Esse é um dos maiores problemas ambientais relacionados à aquicultura. A ração, que é adicionada aos viveiros para que o crescimento das espécies cultivadas ocorra o mais rápido possível, contribui para a eutrofização das águas dentro e fora das fazendas. Os recursos hídricos são contaminados, comprometendo a qualidade das águas e de aquíferos. A biodiversidade fica ameaçada com o descaso do lançamento de efluentes sem tratamento, disseminando doenças em crustáceos, comprometendo a segurança alimentar das comunidades tradicionais (OLIVEIRA et al, 2009).

Baird et al. (1996) ressalta que a aquicultura pode ser implementada em vários níveis de produção, sendo que as características dos efluentes dependem basicamente da qualidade da água de abastecimento, da qualidade e da quantidade dos alimentos fornecidos, do tempo de residência do efluente dentro dos sistemas de criação, das espécies criadas, da densidade de estocagem e da biomassa dos organismos.

Na maioria dos cultivos, os efluentes são despejados diretamente e sem nenhum tratamento prévio em lagoas e baías, e, ao atingir o meio ambiente, este resíduo ameaça a fonte de sobrevivência e varias comunidades que habitam tradicionalmente as regiões de mangue, em especial, pescadores e pequenos agricultores (ROCHA, 2000).

Silvert (1992) classifica os impactos da aquicultura como interno, local ou regional. Os impactos internos são aqueles que interferem no próprio sistema de criação, como por exemplo, a redução de oxigênio dissolvido em um viveiro de piscicultura. Já os impactos locais se estendem a um quilômetro à jusante da descarga dos efluentes. Os efeitos sobre os ambientes aquáticos, com uma escala espacial de vários quilômetros, são considerados impactos regionais.

Ainda segundo Rocha (op cit), o crescimento da carcinicultura no Nordeste, a par dos índices econômicos divulgados pelos produtores, vem sendo associado à destruição de um dos ecossistemas mais complexos do planeta, o manguezal, além de atingir mata ciliares e carnaubais e causar danos acumulativos às bacias hidrográficas onde se inserem. Essas atividades tendem a aumentar a taxa de sedimentação de matéria orgânica nos corpos hídricos receptores de seus efluentes, devido à excessiva produção

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11 de produtos de excreção e sobras de ração. Dependendo das condições ambientais, o sistema pode não apresentar condições de autodepuração, gerando um grande acúmulo de nutrientes ao longo da camada sedimentar e intensificação do metabolismo bêntico levando, muitas vezes, o ambiente a um processo de eutrofização e possível situação de anôxia (FREITAS et al. 2008).

De acordo com Troell & Berg (1997) essa alteração no sistema promove a variação da composição de nutrientes na coluna d’água dos corpos receptores, alterando o metabolismo, ocasionando anoxia, aumentando o fluxo do nitrogênio e fósforo, acidificação, turbidez e resultar em outros processos associados à eutrofização.

Redding et al. (1997) ressalta que a resposta inicial no ambiente aquático está associada com o aumento da biomassa de fitoplâncton, concentração da clorofila-a e elevação no nível de produção primária e de bactérias causado pelo aumento das concentrações de nutrientes na água e no sedimento, redução dos teores de oxigênio dissolvido devido o consumo pelos microrganismos heterotróficos. Posteriormente, há um aumento de compostos nitrogenados tóxicos podendo comprometer o sistema de criação e a qualidade do pescado (BACCARIN & CAMARGO, 2005; HENRY- SILVA et al., 2006). Além de prejudicar o ecossistema local, principalmente pela sedimentação, ocorrem mudanças na produtividade e na estrutura da comunidade que ali se encontra, assim também, como a diminuição da diversidade biológica (COSTA, 2006).

O intenso aporte de matéria orgânica (MO) particulada resulta no aumento das taxas de sedimentação, promovendo uma colonização bacteriana maior ((FREITAS et al., 2008), intensificando a mineralização desta matéria orgânica e a regeneração bêntica de nutrientes (CANFIELD, 1989). Segundo Hargreaves (1998), esta MO é altamente lábil, com baixa relação C: N, que favorece a rápida decomposição e o aumento dos fluxos de nutrientes na interface sedimento - coluna d’água.

A carcinicultura é extremamente dependente da qualidade da água dos estuários, portanto, alterações causadas nesse ambiente se refletirão no desempenho das fazendas (SOUZA, 2007). A escolha de locais impróprios para o desenvolvimento desta atividade, associada a um manejo inadequado agrava seu potencial poluidor já que o

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12 aporte excessivo de MO em locais de baixa hidrodinâmica pode ultrapassar sua capacidade de mineralização, que tenderá a se acumular no sedimento (BOYD, 2001).

Diante da situação criada pelo cultivo intensivo de camarão e a descarga de seus efluentes, demandando para os ecossistemas compostos orgânicos que podem poluir os recursos hídricos, surgiu à necessidade do tratamento para reuso dos efluentes desses cultivos. Os resíduos lançados podem ser reduzidos através da utilização de organismos que incorporam partículas em suspensão e nutrientes para seu desenvolvimento. Além disso, existe a vantagem de produzir mais organismos em um só cultivo, gerando renda e reduzindo a constante dependência de captação de água (CAVALCANTE, 2006).

2.5. Aquicultura Sustentável

A aquicultura moderna deve contemplar, além do lucro, a preservação ambiental e o desenvolvimento social. A preocupação com o ambiente deve ser parte integrante do processo de produção, utilizando técnicas que aperfeiçoam a produção de organismos aquáticos considerando os possíveis impactos do sistema de criação (VALENTI, 2000).

Nos últimos 40 anos, a carcinicultura devastou praticamente a metade dos manguezais no mundo, para atender a demanda dos países desenvolvidos como EUA e Japão. A Tailândia mais da metade do seu manguezal foi destruído a partir de 1960, com produtividade de 3.421kg/hectare. Nas Filipinas, em 70 anos, os mangues diminuíram de 448.000 para 110.000 hectares, e no Equador, a perda do manguezal varia de 20 a 50%, com produtividade de 633 kg/hectare (OLIVEIRA et al., 2009).

O cultivo de organismos aquáticos depende fundamentalmente dos ecossistemas nos quais está inserida, podendo provocar alterações ambientais. No entanto, pode-se reduzir o impacto sobre o meio ambiente a um mínimo indispensável, de modo que não haja redução da biodiversidade, esgotamento ou comprometimento negativo de qualquer recurso natural e alterações significativas na estrutura e funcionamento dos ecossistemas. Não se pode desenvolver tecnologia visando aumentar a produtividade sem avaliar os impactos ambientais produzidos (VALENTI, 2002).

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13 Neste contexto, Henry-Silva (2006) destaca que atualmente procura-se buscar soluções para os efeitos do impacto ambiental dos cultivos aquícolas causados pelos efluentes, visando à manutenção de um sistema de produção sustentável. Por isso, é necessário considerar mecanismos viáveis para minimizar esses impactos, planejando adequadamente a utilização dos recursos naturais e elaborando estratégias eficientes de desenvolvimento sustentável.

É preciso que as atividades aquícolas se enquadrem no modelo de sustentabilidade, enfatizando práticas ecologicamente corretas. Negativamente, a aquicultura produz quantidade considerável de detritos, incluindo nitrogênio e fósforo dissolvidos, que são liberados para o ambiente aquático, muitas vezes, sem tratamento. Explorar esses elementos como fontes de nutrientes e, ao mesmo tempo reduzir descargas para o ambiente, é possível lagoas e decantação e o consórcio de organismos biofiltradores (COSTA, 2006).

As lagoas de decantação vêm sendo utilizadas na carcinicultura com propósito de melhorar a qualidade da água residuária proveniente dos viveiros antes do efluente ser descartado no rio e dele para o mar, porém, muitos carcinicultores não aderem a essa prática devido o investimento de espaço e dinheiro em algo que não trará benefícios financeiros para a fazenda.

O uso desses organismos biofiltradores como, algas e moluscos para reduzir impactos da aquicultura vem sendo aplicados em pequena escala para visando minimizar os impactos do cultivo. O consórcio de ostras e o de cultivo de camarão pode atuar de forma eficaz no controle de efluentes, e ainda proporcionar uma renda extra para os produtores (FOLKE & KAUTSKY, 1989).

No cultivo de moluscos bivalves, há um aparente aumento de nutrientes na água, mas, em contraste com o cultivo de camarão, a liberação de nutrientes não altera significativamente a quantidade de nutrientes preexistente. Na realidade, ocorre uma redução de 25% através do plâncton consumido, enquanto que 30% se sedimentam como fezes e 45% são dissolvidos na água (KAUTSKY e FOLKE, 1989). Com isso, o cultivo de ostras diminui o risco de eutrofização e atua como um sistema tampão natural, desde que a densidade de cultivo seja adequada (FREITAS et al., 2008).

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14 A ostra do mangue, Crassostrea rhizophorae (Guilding, 1828) pertence ao Filo Mollusca e a Classe Bivalvia. São animais que possuem concha com duas valvas irregulares e ásperas, são bentônicos, são filtradores é sua alimentação é baseada na ingestão de zooplâncton e fitoplâncton, possuem hábito bentônico. Recentemente, o cultivo da C. rhizophorae vem sendo desenvolvido nos estuários e em canais de efluentes das fazendas de camarão marinho Litopaneus vannamei como alternativa de cultivo extra (OLIVEIRA et al., 2009).

Segundo Guimarães (2008) as ostras podem melhorar a qualidade de água de efluentes dos viveiros de camarão significativamente. O uso de bivalves como ostras, mexilhões ou mariscos como biofiltros naturais, pode ser uma estratégia efetiva de remoção de pequenas partículas em suspensão dos efluentes podendo desta forma, reduzir a carga orgânica.

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20

4. Capítulo II - Caracterização do efluente da carcinicultura após

processo de biofiltração pela ostra Crassostrea

rizhophorea avaliando sua qualidade sanitária para o

consumo

4.1. Introdução

A atividade de cultivo de camarão é um dos segmentos da aquicultura que mais se destaca no contexto do setor pesqueiro mundial, tanto pela inclusão social, como pela geração de empregos e renda. Os benefícios advindos do setor são de extrema importância para a economia brasileira, porém, para atingir tal posição de crescimento econômico, os ecossistemas aquáticos vêm sendo seriamente afetados (COSTA, 2006).

Entretanto, a carcinicultura apresenta riscos significativos do ponto de vista ambiental. O crescimento da atividade sem considerar o uso de práticas sustentáveis, leva a destruição da vegetação costeira, redução da qualidade da água, salinização dos solos, devastação de áreas de manguezal, aumentar a ocorrência de epidemias e ainda diminui a produtividade do cultivo (PHILLIPS et al., 1993; BROWDY & HOPKINS, 1995).

A utilização dos recursos hídricos pelas fazendas de camarão pode levar a degradação ambiental gerada pelo descarte inadequado dos efluentes. Páez–Osuna (2001) ressalta que os corpos d’água adjacentes às fazendas de aquicultura recebem, via efluentes, cargas elevadas de nutrientes acelerando o processo de eutrofização. A mistura de sobras de ração e metabólitos da produção resulta no aporte de nutrientes presentes no efluente. Este é rico em sólidos em suspensão, nutrientes e clorofila-a, aumenta a demanda bioquímica do oxigênio, diminuindo assim a qualidade da água e comprometendo a produção dos organismos cultivados. Esses efeitos podem ainda, gerar sérios impactos aos ecossistemas onde são liberados e aumentar a taxa de sedimentação.

Em busca da sintonia entre lucro, sustentabilidade do negócio e cumprimento das leis ambientais, a carcinicultura marinha precisa buscar novas ferramentas

(31)

21 tecnológicas e metodologias de cultivo mais eficientes e menos impactantes (JUNIOR, 2005).

O cultivo intensivo de camarão e a descarga de seus efluentes contendo compostos orgânicos que podem poluir os recursos hídricos. Neste contexto surgi a necessidade do tratamento e reuso dos efluentes que ainda podem ter ser reduzidos através da utilização de organismos que incorporam partículas em suspensão e nutrientes para seu desenvolvimento. Além disso, existe a vantagem de produzir mais organismos no mesmo espaço, gerando renda e diminuindo a constante dependência de captação de água (CAVALCANTE, 2006). Porém, segundo Igarashi et al. (1991) um dos grandes problemas na criação de camarão em cativeiro, mesmo em condições propícias, são as enfermidades. As bactérias chegam a atingir concentrações de 103 a 106 UFC/ml em cultivo de larva de camarões da família Penaeidae e consequentemente prejudicar o cultivo em consórcio.

A ostra do mangue, Crassostrea rhizophorae (Guilding, 1828), pertencente ao Filo Mollusca e a Classe Bivalvia, são animais que possuem concha com duas valvas irregulares e ásperas, apresentam hábito bentônico e são filtradores onde sua alimentação é baseada na ingestão de zooplâncton e fitoplâncton. Seu uso como biofiltros naturais são uma possível alternativa de consórcio em aquicultura para reduzir o impacto causado pelos efluentes, explorando os elementos liberados e ao mesmo tempo reduzir descargas orgânicas (COSTA, 2006).

No cultivo de moluscos bivalves, há aparente aumento de nutrientes na água, mas, em contraste com o cultivo de camarão, a liberação de nutrientes não altera significativamente a quantidade de nutrientes preexistentes. Segundo Folke & Kaurtsky (1989) em ambientes de cultivo de bivalves observa-se redução de 25% do plâncton, esse percentual pode diminui o risco de eutrofização e a sua concha, atua como sistema tampão natural, desde que a densidade de cultivo seja adequada (FREITAS, 2008).

Apesar da eficiência de remoção pela filtração, esses organismos podem reter e concentrar toxinas, poluentes químicos e biológicos em seus tecidos. Alguns contaminantes, como é o caso dos metais pesados, são organo-depositários, podem biomagnificar, quando presentes na água, no fitoplâncton, nos animais e finalmente no homem (TURECK & OLIVEIRA, 2003). Segundo Barros (1995) as ostras possuem

(32)

22 grande capacidade filtrante, cerca de cinco litros de água/hora, chegando a reter no tecido cerca de 75% das espécies bacterianas presentes no ambiente.

Segundo Marinho-Soriano et al. (2002), a utilização de ostras como organismos biorremediadores é uma forma de explorar o uso dos efluentes da carcinicultura como fonte de energia e ao mesmo tempo reduzir descargas ao ambiente, através do cultivo de ostras e da sedimentação. Pautado em tais características a investigação da provável eficiência de remoção da ostra do mangue na redução de nutrientes do efluente da carcinicultura é de grande importância para monitorar a situação das águas de cultivo ao longo do tempo. A qualidade da água dá uma previsão da provável poluição no momento da coleta e o molusco da bioacumulação de bactérias e metais em seus tecidos (ZANETTE, 2006).

Neste contexto, a integração do cultivo de camarões associada ao de ostras pode vir a ser alternativa de mitigação dos impactos gerados pela carcinicultura sendo utilizada na cadeia produtiva como tecnologia simples, viável e limpa para se tornar uma atividade sustentável, podendo estender essa tecnologia para todos os ramos da aquicultura. Para viabilizar sua comercialização, uma análise profunda das condições microbiologias e de concentrações de metal-traço deve ser realizada para viabilizar sua comercialização e atestar sua eficiência em reduzir o impacto da carcinicultura sem afetar sua qualidade para consumo.

Objetivou-se verificar a capacidade de depuração dos efluentes provenientes de uma carcinicultura pela ostra (Crassostrea rhizophorae), através da analise das variáveis físicas, químicas e biológicas dos efluentes avaliando sua condição sanitária para consumo.

4.2. Material e Métodos

O experimento foi desenvolvido na Fazenda Maricanes, localizada no município de Canavieiras, sul do estado da Bahia (15° 40’ 30” S e 38° 56’ 50” W). O experimento teve a duração de quatro semanas, com coletas semanais, ocorrendo durante o período de 24/05/2010 a 14/06/2010.

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23 A água para o abastecimento dos tanques que carcinicultura chega a fazenda Maricanes por meio de bombeamento e por gravidade e, é distribuída para os tanques pelo canal de abastecimento. Após o período de residência da água no tanque, ocorre a renovação da água. O efluente gerado é direcionado à lagoa de decantação, para posteriormente ser lançada no ambiente aquático adjacente a fazenda (Anexo 1).

Para o tratamento dos efluentes foi montado um sistema constituído de 12 tanques experimentais de fibra de vidro com capacidade individual de 170 L, instalados ao ar livre a cinco metros da margem da lagoa de decantação da fazenda. Os tanques estavam protegidos por cerca elétrica e mantidos sob proteção de sombrite (50%) para reduzir a intensidade solar. A estrutura contava com sistema de fluxo contínuo de água proveniente da lagoa de decantação com auxilio de uma bomba d’água de 1 cv.

O efluente era distribuído de forma independente em cada tanque por meio de tubulação de PVC, onde a entrada se dava pela superfície, com vazão constante e controlada por registro de 15 mL/s e a saída por sistema “tipo” monge, liberando apenas a água do fundo dos tanques. Na parte externa da tubulação de saída de cada tanque foi instalado um registro para viabilizar as coletas de amostras de efluente.

Foram utilizados 1080 indivíduos adultos da espécie Crassostrea rizhophorae com tamanho médio de 10 cm, obtidos de uma produção comercial na Baía de Camamu, Bahia (13º40’02’’S e 38º55’08’’O). As ostras foram distribuídas em lanternas comerciais próprias para o cultivo, com três prateleiras. Essas lanternas apresentam formato cilíndrico com 30 cm de diâmetro e altura de 120 cm com três andares (Anexo 2). O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com quatro tratamentos e três repetições. Em cada lanterna (unidade experimental) foi colocada uma densidade definida de ostras de acordo aos tratamentos propostos: tratamento controle (sem ostras); tratamento com 60 ostras (20 ostras/andar); tratamento com 120 ostras (40 ostras/andar) e tratamento com 180 ostras (60 ostras/andar). Em seguida essas lanternas foram colocadas nos tanques mantendo distância de 15 cm do fundo.

A cada intervalo de sete dias, entre 9h00 e 10h00, eram coletadas amostras 2 L da efluente de cada tanque que eram acondicionadas e mantidas refrigeradas em isopor com gelo até a chegada aos laboratórios para posterior análise. As medidas de potencial

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24 hidrogeniônico (pH), salinidade e condutividade elétrica foram obtidas in loco utilizando-se o aparelho multiparamêtro (YSI modelo 63-10FT). O oxigênio dissolvido e a temperatura foram medidos com auxílio de um oxímetro (YSI modelo 55-12FT).

Nos laboratórios de Oceanografia Química e Monitoramento Ambiental foram analisados: Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO5), Nitrito (NO2), Nitrato (NO3),

Amônia total (NH3/NH4) Fosfato (FO4-3), Clorofila-a, Totais de Sólidos em Suspensão

(TSS). Para o cálculo da DBO5, considerou-se a diferença inicial e final do oxigênio

dissolvido no período de cinco dias de incubação, a uma temperatura de 20±1 ° C, com água de diluição geralmente a 40% de acordo com APHA (1992). Para determinação dos nutrientes inorgânicos dissolvidos: nitrito (NO2), nitrato (NO3), concentrações de

amônia total (NH3/NH4), fosfato (FO4-3) por espectrofotometria na região do visível

(GRASSHOFF et al., 1983) e, posteriormente, medições espectrofotométricas foram realizadas utilizando um espectrofotômetro (LAMBDA EZ 201). Para a determinação da clorofila-a foi utilizado o método de PARSONS et al., (1984) e para totais de sólidos em suspensão (TSS) após processo de filtragem a vácuo, foi determinado pelo método de APHA (1998).

As porcentagens de remoção dos nutrientes, clorofila-a, turbidez, para cada tratamento, foram calculadas pela equação: R = 100-[(100 × Cetrat)/Ce em que: R = porcentagem de remoção; C etrat = concentração de nutriente no efluente tratado e Ce = concentração de nutriente no efluente de carcinicultura.

Os resultados das variáveis limnológicas do efluente tratado pelas macrófitas foram submetidos à análise de variância (ANOVA one-way) e as médias, quando detectadas, foram comparadas pelo teste Tukey (P<0,05).

Para análise da qualidade sanitária da água de cultivo das ostras foram utilizados frascos plásticos previamente esterilizados com capacidade para 500 ml. Os frascos eram mergulhados a aproximadamente 10 cm da superfície em cada unidade experimental. Com relação à avaliação das ostras, três exemplares de cada unidade experimental foram coletados e acondicionados em sacos plásticos. Todas as amostras de água e ostra foram acondicionadas em caixas de isopor com gelo, para manterem

(35)

25 temperatura inferior a 10°C durante o transporte até o laboratório para análise da presença de Salmonella, coliformes totais e fecais e metal pesado.

O processamento das amostras da água e das ostras foi realizado no Laboratório de Monitoramento Ambiental da Universidade Estadual de Santa Cruz. Para detecção de Coliformes fecais e totais das amostras de ostra foi feita a retirada a parte mole da concha de forma que não houvesse contaminação. Posteriormente cada amostra foi triturada e diluída em água destilada de em série de 10-1, 10-2 e 10-3. A diluição também foi realizada nas amostras de água e efluente. Com auxílio de bomba a vácuo, foi filtrado 1 mL de cada amostra através de uma membrana filtrante de 47mm de diâmetro e 0,45µm de porosidade estéril. Com auxilio de uma pinça as membranas eram colocadas sobre a superfície da placa de petri contendo o meio de cultura Chromocult Coliform Agar, incubadas a 37°C por 24 horas em estufa para posterior contagem de unidades formadoras de colônias (UFC). A detecção de Salmonella nas amostras de água, efluente e ostras, foi realizada segundo a técnica dos Tubos Múltiplos com três séries de quatro tubos para as amostras de ostras e três séries de quatro tubos para as amostras de água e efluente (APHA, 1998), constando de um teste presuntivo e três testes confirmativos. Ao fim do experimento amostras do efluente tratados e exemplares da espécie Crassostrea rizhophorae foram coletados e levados ao laboratório para posterior análise microbiologia, seguindo a metodologia descrita acima.

Para análise de metal traço as ostras foram medidas, lavadas e abertas com auxílio de espátula de aço inox e o conteúdo mole foi acondicionado em bandejas de alumínio, pesado e mantido em estufa a 60ºC por 24 horas. Após esse período, as amostras foram retiradas, novamente pesadas e acondicionadas em frasco de vidro e enviadas ao laboratório de Biogeoquímica de Ambientes Costeiros/LABOMAR da Universidade Federal do Ceará. As determinações de Cu foram efetuadas por espectrofotometria de absorção atômica de chama convencional, utilizando o espectrofotômetro de absorção atômica AA-6200 Shimadzu, com média de limite de detecção de 0,14 µg/ml para Cu. Os resultados foram expressos em µg/g de peso seco (ppm). Para facilitar a comparação com as concentrações máximas permitidas pelo Ministério da saúde (55871/65), que são em peso úmido, considerou-se a massa corpórea desses organismos, que é em cerca de 70% composta de água, e multiplicando

(36)

26 os valores das concentrações de metais obtidos para peso seco por 0,3 para obter os valores de concentração de metais em bivalves por peso úmido.

Para avaliar a adequação da água foi realizado um comparativo de acordo com a Resolução n° 357 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) de 17/03/2005, que dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o enquadramento de cultivo de ostras. A maioria dos padrões normativos quantifica coliformes por serem indicadores importantes de contaminação fecal. No Brasil, a Resolução CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) N° 357, de 17 de março de 2005, Art 2°, adota as seguintes definições: “Águas salobras: águas com salinidade superior a 0,5‰ e inferior a 30‰.

4.3. Resultados e Discussão

Os resultados obtidos para temperatura, salinidade, oxigênio dissolvido, pH e condutividade elétrica indicam que esses parâmetros se mantiveram constantes e sem diferenças significativas entre os tratamento e, ao longo das quatro semanas do experimento (Tabela 1).

Tabela 1. Valores médios e desvio padrão (n = 3) das variáveis: oxigênio dissolvido (OD), oxigênio saturado (Osat), pH, condutividade (Cond), temperatura (Temp) e salinidade (Sal), encontrados nos tratamentos ao longo das quatro semanas do experimento Tratamento OD (mg L-1) Osat (%) pH Cond (µS/cm) Temp (oC) Sal (‰) 1ª Semana Sem ostra 3,13±0,26 30,67±3,49 7,54±0,04 12,65±0,61 28,53±0,05 6,86±0,19 60 ostras 3,53±0,28 36,80±0,94 7,41±0,04 12,91±0,03 28,17±0,34 6,93±0,05 120 ostras 3,13±0,20 30,17±3,36 7,48±0,01 12,76±0,04 28,03±0,17 6,83±0,05 180 ostras 2,77±0,12 27,47±2,43 7,50±0,01 12,63±0,34 27,90±0,00 6,93±0,04 2ª Semana Sem ostra 1,22±0,37 14,23±4,59 6,89±0,06 10,86±0,96 24,53±0,52 6,23±0,56 60 ostras 1,46±0,22 17,77±2,78 6,94±0,01 13,87±1,66 25,26±0,42 7,93±0,95 120 ostras 1,53±0,63 18,43±7,79 6,85±0,04 15,37±0,58 25,47±0,40 8,80±0,29 180 ostras 1,08±0,25 12,77±2,99 7,03±0,12 13,03±1,45 24,77±0,45 7,53±0,83 3ª Semana Sem ostra 3,54±0,24 44,30±1,39 6,29±0,00 10,31±0,04 25,27±0,40 5,80±0,00 60 ostras 2,63±0,23 30,93±5,96 6,34±0,08 10,32±0,09 25,37±0,29 5,73±0,04

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27 120 ostras 2,26±0,14 28,40±1,44 6,32±0,01 10,36±0,05 25,33±0,20 5,80±0,00 180 ostras 1,96±0,41 23,87±5,27 6,26±0,06 10,34±0,08 25,07±0,26 5,80±0,08 4ª semana Sem ostra 3,30±0,74 38,07±7,83 6,58±0,15 10,45±0,31 20,83±0,34 6,23±0,04 60 ostras 3,53±0,81 42,33±10,48 6,46±0,04 10,07±0,41 21,90±0,36 5,97±0,12 120 ostras 3,02±0,73 33,90±9,18 6,61±0,19 10,39±0,32 21,13±0,61 6,17±0,05 180 ostras 2,34±1,20 26,2±13,96 6,48±0,09 10,45±0,13 21,47±0,77 6,33±0,05

A temperatura ao longo do período amostrado variou entre 21,13 °C a 28,53 °C. O oxigênio dissolvido, apresentou baixos valores, variando de 1,08 a 3,54 mg.L-1. Variações similares de temperatura foram encontradas no estudo realizado por Siqueira (2008), onde foi avaliado o sistema de cultivo da ostra do gênero Crassostrea. Segundo Henry-Silva & Camargo (2008), a temperatura elevada da água contribuiu para a redução das concentrações de oxigênio dissolvido, em decorrência da redução da solubilização deste gás. Os valores obtidos neste trabalho inferiores a 2 mg.L-1 podem ser resultantes do horário em que foram realizadas as medições e também, pela ausência de aeradores artificiais. Diemer et al. (2010) também encontrou baixos valores de oxigênio dissolvido nas primeiras horas do dia. Segundo Reyes (1995) e Ramos e Castro (2004) a concentração ideal de oxigênio dissolvido adequada para o cultivo de ostra do mangue, deve estar entre 2 e 5 mgL-1.

A salinidade encontrada no efluente tratado variou entre 5,7 a 8,8‰, sendo o parâmetro que apresentou maior variação. A faixa considerada ótima para o melhor desempenho da espécie é de 15‰, como recomendada por Pereira et. al., (2001) e Arana (2004) para o gênero Crassostrea sp, podendo sobreviver numa amplitude de 8 a 32‰. Os valores encontrados apresentaram-se abaixo dos recomendados, porem, não foi observado mortandade dos animais. Os menores valores foram encontrados na terceira semana e pode estar relacionados à intensa precipitação hídrica que ocorreu nos dias anteriores a coleta.

Valores de pH oscilaram de 6,26 a 7,54 durante o período de experimentação, ou seja, próximos da faixa de neutralidade, e podem estar relacionados à fotossíntese pelo fitoplâncton (HENRY-SILVA & CAMARGO, 2000). Porém é importante ressaltar que a faixa de pH para águas salinas é de 8 segundo Esteves (1998). A condutividade elétrica apresentou ao longo do período experimental valores de 9,48 a 15,83 µS/cm.

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28 De forma geral, todos os parâmetros físicos e químicos avaliados no experimento estiveram dentro dos valores considerados adequados para o cultivo da espécie, como não houve diferença estatística, pode-se afirmar que as condições eram similares para todos os tratamentos.

Com relação aos dados de demanda bioquímica de oxigênio (mg.L-1), CL-a (µg.L-1), totais de sólidos em suspensão (mg.L-1), nitrito (µM), nitrato (µM), amônia total (µM), foram verificadas diferenças significativas entre os tratamentos ao longo das semanas de experimento (tabela 2).

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