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Valdney Gomes da Cruz (Graduado FIO/Ourinhos)

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Academic year: 2021

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II Colóquio da Pós-Graduação em Letras UNESP – Campus de Assis

ISSN: 2178-3683

www.assis.unesp.br/coloquioletras coloquiletras@yahoo.com.br

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Valdney Gomes da Cruz (Graduado – FIO/Ourinhos)

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REESSUUMMO: Voltado para um assunto específico: a velhice, este trabalho analisa alguns poemas O de Carlos Drummond de Andrade, a saber, “Infância”, “Cerâmica”, “Confidência de Itabirano” e “Áporo”. A velhice na poesia de Drummond assume a perspectiva do tédio e da monotonia frente à realidade da vida moderna na cidade grande. Sua visão pessimista é contraposta à própria infância vivida em Itabira do Mato Dentro, Minas Gerais, que emerge aos anseios da sociedade recém industrializada do século passado, na qual viveu o poeta e nela construiu toda sua obra. Numa volta ao passado o autor mergulha nas reminiscências da infância para construir seu estilo saudosista. As imagens do campo e o cotidiano da fazenda retratam a paz e o sossego de uma vida bucólica que pouco se imagina viver nos grandes centros, em que o corre-corre, o trabalho e as muitas ocupações acabam por transformar o homem num ser máquina. Suas atividades agora são desenvolvidas de forma mecânica e sistematizadas. Para ele, o tempo se estende num espaço curto e determinado, sem perspectiva nenhuma de romper com essa realidade que por fim tende a desumanizar o indivíduo, diminuí-lo como ser humano e roubar-lhe a liberdade. Com isso, procura-se entender como esta passagem de nossas vidas (a velhice) é abordada na poesia de Drummond, com o intuito de levantar considerações sobre a postura adotada pelo poeta frente à realidade que o cerca em contraposição às expectativas humanas. Devido a pouca pesquisa sobre o assunto fazem-se necessárias maiores pesquisas sobre o tema. A metodologia aplicada aqui é baseada em uma pesquisa bibliográfica com algumas poesias do autor mais voltadas para a temática da velhice em sua obra. Finalmente, este trabalho propõe fazer uma reflexão da vida moderna na cidade grande pela ótica do poeta, focando o homem como objeto central no mundo em que vive, as relações humanas e principalmente, sua perspectiva de vida ao longo de sua existência. P

PAALLAAVVRRAASS--CCHHAAVVEE: Literatura; poesia; velhice.

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Trata-se de um trabalho de análise poética, organizado a partir da escolha de três poemas de Carlos Drummond de Andrade: “Infância”, “Áporo” e “Cerâmica”, do livro Sentimento do Mundo, Rio de Janeiro: Record, 1998 e Antologia Poética, Rio de Janeiro: Record, 1999.

Os procedimentos na escolha dos poemas obedeceram à temática do trabalho. Já o tratamento metodológico aplicado nesta análise abordará critérios de caráter literário, pois seu nível de estudo explora o assunto dentro de uma obra

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Trata-se de um trabalho de análise poética, organizado a partir da escolha de três poemas de Carlos Drummond de Andrade: “Infância”, “Áporo” e “Cerâmica”, do livro Sentimento do Mundo, Rio de Janeiro: Record, 1998 e Antologia Poética, Rio de Janeiro: Record, 1999.

Os procedimentos na escolha dos poemas obedeceram à temática do trabalho. Já o tratamento metodológico aplicado nesta análise abordará critérios de caráter literário, pois seu nível de estudo explora o assunto dentro de uma obra poética.

Esta é uma análise que retrata o aspecto da velhice na poesia de Drummond, sob várias perspectivas humanas, como a esperança e a nostalgia.

Com ele procura-se entender – Qual a perspectiva nesta fase da vida, os sonhos e os sentimentos que poluem o espírito do homem moderno?

Devido a pouca pesquisa sobre o tema fazem-se necessárias maiores pesquisas sobre o assunto.

O objetivo deste trabalho é levantar considerações sobre a postura adotada pelo poeta frente à realidade da vida moderna em contraposição à vida no campo.

A metodologia aplicada aqui é baseada em uma pesquisa bibliográfica com algumas poesias do autor mais voltadas para a temática da velhice em sua obra.

Finalmente, este trabalho propõe fazer uma reflexão da vida moderna na cidade grande, pela ótica de Drummond, focando o homem como objeto central no mundo em que vive; as relações humanas e, principalmente, a perspectiva de vida ao fim de sua existência.

A velhice na poesia de Carlos Drummond de Andrade é o elemento que norteia todas as imagens e ideias que o poeta se propôs retratar, com presença marcante de temas que refletem a relação homem x mundo. Logo, toda criação estende-se num tempo determinado, mais precisamente a fase de grandes transformações e desenvolvimento tecnológico pela qual passou o país.

Sua visão otimista frente a um mundo no qual ainda paira uma nuvem de esperança é, às vezes, contraposta a uma visão mais pessimista, comum a todos os homens quando não há esperança nenhuma.

Este antagonismo de ideias, marca importante de sua obra, torna-se um valioso campo de reflexão pelo qual o poeta possibilita criar, a partir de um ponto qualquer, considerações que fogem à liberdade de interpretação.

Baseado neste critério, o conceito de velhice aparece associado à ideia de resignação na poesia de Drummond e assume também, a responsabilidade de

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absorver, em toda sua linearidade, sentimentos, experiências e valores de uma sociedade em constante evolução.

Papel fundamental deste estudo, procura-se aqui discutir a real necessidade de interpretar poesia pelo sentido do tempo, lembrando que em literatura não existem verdades, apenas suposições e que estas ganham cada vez mais força ao passo que são desenvolvidas no campo da existência humana.

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Voltado para um assunto específico, este trabalho analisa três poemas de Carlos Drummond de Andrade, a saber: “Infância”, “Áporo” e “Cerâmica”, do livro Sentimento do Mundo, Rio de Janeiro: Record, 1999.

Moldado em torno das reminiscências do passado, o poema “Infância” resgata o saudosismo de uma época marcante em sua vida. A fim de resgatar a infância perdida em sua memória, o poeta refere-se às imagens mais descompassadas e descomprometidas com a servidão do tempo – “Meu pai montava a cavalo, ia para o campo / Minha mãe ficava sentada cosendo. / Meu irmão pequeno dormia”. Embalado pela nostalgia, há nessa obra a tentativa de se viver o passado, onde o poeta recorda as lembranças de quando era criança, exaltando a paz e o cotidiano de uma vida pacata.

A propósito de sua infância na fazenda, cheia de aventuras, descobertas e, principalmente, longe das agruras da vida moderna, Drummond estabelece um verdadeiro confronto entre o sossego do campo e o espírito que move o homem da cidade. Para isso, recorre ao seu herói preferido na infância, Robinson Crusoé, personagem principal das histórias infantis do escritor americano Daniel Defoe. Foi por meio dele que Drummond idealizou a vida quando criança e tendo como referência a mesma obstinação do herói para encarar o mundo, declara: “Eu sozinho menino entre mangueiras / lia a história de Robinson Crusoé. / Comprida história que não acaba mais”.

Começava, assim, a construção de sua visão crítica à realidade e, dessa forma, as reminiscências do passado em contraposição à vida madura, trazidas à tona, refletem a crise existencial por que passou o poeta, e recompõem um quadro de nostalgia e perspectivas vãs.

E como Drummond, igualmente Robinson Crusoé, cresceu e se libertou da ficção, tornara-se um dos maiores poetas da literatura brasileira, aquele que desde

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um bom denunciante das angústias que afligem o homem moderno – “desde criança pressenti o velho que havia em mim”. A genialidade do autor comprova-se assim.

Desencantado com a vida adulta, buscando compreender a si mesmo, conclui: “E eu não sabia que minha história / era mais bonita que a de Robinson Crusoé”.

Por fim, Drummond confirma que sua história real é mais bonita que a história inventada de seu herói. De fato, existe neste poema a ideia de que a vida para ele só é digna de ser contemplada apenas deste aspecto, em encará-la do ponto de vista da liberdade e do tempo discorrido. Ser humano livre e senhor do tempo, não prisioneiro dele, aprisionado à rotina e à determinação desta sociedade desumanizadora e alienante, que fugiu aos ideais iluministas de igualdade, fraternidade e liberdade, rendendo-se ao jogo dos interesses, da competição e do egoísmo.

Moldado em torno da eterna dificuldade que norteia a vida humana, o poema “Áporo” pinta um quadro de sofrimento e luta pela sobrevivência: “Um inseto cava/ cava sem alarme/ perfurando a terra sem achar escape.” Em face dessa realidade, percebe-se neste poema que o significado de “Áporo”, aqui relacionado a inseto (metáfora de homem), tem forte relação com a ideia de dificuldade, pois a vida na terra, embora estabelecida num mundo em que dominam as classes sociais mais elevadas, com sua tecnologia de ponta, aparelhos de última geração, carros modernos, aviões e tudo o que de mais fantástico o dinheiro pode comprar, sabemos que é uma realidade distante da maioria da população mundial, que, assim como “Um inseto” meio ao seu “fazer exausto”, também é o homem frente ao mundo em que vive, numa dificuldade sem par.

Por outro lado, na incessante busca de compreender a existência humana e as relações do homem com Deus e o mundo, o ser humano se depara com uma grande verdade: somente quando estamos morrendo é que aprendemos viver. Sozinho, pouco se sabe sobre o mundo. O destino de um homem é lutar desesperadamente para manter-se vivo e, como num “Que fazer exausto em país bloqueado” sem grandes oportunidades, a vida por si só torna-se inútil e enfadonha.

Perdido o senso humanitário, preso ao consumismo, talvez a única fonte de alívio aos sofrimentos diários a que está habituado, o homem perde, com isso, sua identidade, roubada pela falsa ideia que o dinheiro pode causar; ou seja, a ideia, ainda que momentânea de poder. Assim, à medida que o apego aos bens materiais substitui valores mais transcendentais como o amor, o respeito e a solidariedade ao próximo, o homem se desumaniza e transforma-se num ser egoísta e solitário.

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Ao comparar a existência humana, fragmentada em fatos do cotidiano, tais quais “os cacos da vida”, com que o poeta constrói “uma estranha xícara”, percebe-se a condição humana diminuída à inutilidade de um objeto qualquer. Sendo assim, com este poema, Drummond concebe a vida sob a ótica do engessamento, porque cerâmica, ou seja, ser engessado, preso pelo sistema que conduz a vida ao determinismo desta sociedade alienante.

No mundo das fórmulas prontas, assim como um objeto, o homem vem ao mundo determinado para a servidão. De acordo com esta realidade, tem seu livre arbítrio aniquilado; assim, a saída é aceitar os padrões estabelecidos pela sociedade moderna e, dessa forma, ocupar o seu espaço em uma de suas esferas.

Neste aspecto, o homem para Drummond é apenas uma peça no aparelho de engrenagem que transforma o mundo, sem grandes expectativas de mudança. E como objeto, pronto para ser substituído a qualquer momento, da mesma maneira que uma xícara é trocada por outra quando quebrada.

Assim como disse em seus versos: “uma estranha xícara/ Sem uso ela nos espia do aparador” – está a vida a nossa volta, espiando-nos também e mostrando para nós o quão pouco aproveitamos dela.

C

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Com tudo, ao analisarmos a velhice na poesia de Drummond, percebemos sua visão pessimista de mundo e entendemos que a vida moderna nos grandes centros, aos olhos desse grande poeta perde sua referência e, diferente do campo, aonde “a vida vai devagar”, o tempo mata o homem e segue conturbado.

R

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ANDRADE, Carlos Drummond de. Sentimento do Mundo. 5 ed. Rio de Janeiro: Record, 1999.

SANT’ANNA, Afonso Romano de. Carlos Drummond de Andrade: uma análise da obra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.

Referências

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