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SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DA FORRAGEM PELO CAROÇO DE ALGODÃO: COMPORTAMENTO INGESTIVO E CONSISTÊNCIA DA CAMADA FLUTUANTE DA DIGESTA RUMINAL

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Academic year: 2021

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SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DA FORRAGEM PELO CAROÇO DE ALGODÃO: COMPORTAMENTO INGESTIVO E CONSISTÊNCIA DA CAMADA FLUTUANTE DA

DIGESTA RUMINAL

Milton Luiz Moreira Lima 1; Wilson Roberto Soares Mattos 2; Luiz Gustavo Nussio 2; Eduardo Rodrigues de Carvalho 3*; Flávio Geraldo Ferreira Castro 4; Alliny das Graças Amaral 5

RESUMO: Objetivou-se nesse estudo, determinar os efeitos da substituição parcial da fibra em detergente neutro (FDN) da forragem pela FDN do caroço de algodão integral ou processado de várias formas sobre o comportamento ingestivo e consistência da camada flutuante da digesta ruminal em vacas lactantes da raça Holandesa canuladas no rúmen, distribuídas em delineamento quadrado latino 6×6, pelo tempo de 90 dias. Utilizaram-se duas dietas controle, uma com baixo (DBF = dieta baixa em forragem) e outra com alto (DAF = dieta alta em forragem) teor de FDN da forragem (FDNf), representando respectivamente os controle negativo (16% FDNf; DBF) e positivo (21% FDNf; DAF). Quatro rações experimentais foram balanceadas para conter 16% de FDNf e 5% de FDN do caroço de algodão integral ou processado de várias formas. Houve redução (P<0,05) nos tempos despendidos com as atividades de ruminação e mastigação (min/dia) nas dietas com caroço de algodão, comparadas à dieta com 21% de FDNf (DAF). Não houve efeito (P>0,05) da substituição parcial da FDNf pela FDN do caroço de algodão sobre a consistência da camada flutuante da digesta ruminal. Levando-se em consideração o comportamento ingestivo como critério de avaliação, a efetividade da FDN do caroço de algodão foi inferior a da dieta com 21% de FDNf (DAF), porém, ao se avaliar a consistência da camada flutuante da digesta ruminal, a efetividade da FDN do caroço de algodão foi equivalente às forragens utilizadas nesse trabalho. As formas de processamento não alteraram a efetividade da FDN do caroço de algodão.

Palavras-chave: fibra efetiva, línter, mastigação

PARTIAL SUBSTITUTION OF FORAGE WITH COTTONSEED: FEEDING BEHAVIOR AND RUMINAL MAT CONSISTENCY

ABSTRACT: The objective of this study was to determine the effects of the partial substitution of forage neutral detergent fiber (NDF) with whole or processed cottonseed NDF on feeding behavior and ruminal mat consistency of lactating Holstein cows cannulated in the rumen, which were assigned in a 6×6 Latin square design during 90 days. Two control diets were utilized, one with low (LFD = low forage diet) and another one with high (HDF = high forage diet) forage NDF (fNDF), which represented respectively the negative (16% fNDF; DBF) and positive (21% fNDF; DAF) controls. Four experimental rations were balanced to contain 16% fNDF and 5% NDF from whole or processed cottonseed. There was a reduction (P<0.05) in the times spent with rumination and mastication in the cottonseed diets compared with the 21% fNDF diet (DAF). There was no effect (P>0.05) of the partial substitution of fNDF with cottonseed NDF on ruminal mat consistency. Taking into account the feeding behavior as a criterion of evaluation, the effectiveness of cottonseed NDF was lower than the 21% fNDF diet (DAF), however, considering the ruminal mat consistency as a way of assessment, the effectiveness of cottonseed NDF was similar to the forages utilized in the present study. The ways of processing did not alter the effectiveness of cottonseed NDF.

Key-words: effective fiber, lint, mastication

1

Universidade Federal de Goiás, Escola de Veterinária e Zootecnia, Campus II, Samambaia.

2

Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Departamento de Zootecnia.

3

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano - Campus Iporá Avenida Oeste s/n, saída para Piranhas – Iporá/GO – CEP: 76.200-000 - Fone:(64) 3674-0400. *E-mail: eduardo.carvalho@ifgoiano.edu.br. Autor para correspondência.

4

AGROCRIA Comercio e Indústria LTDA.

5

Universidade Estadual de Goiás, São Luis de Montes Belos. Recebido em: 23/01/2014. Aprovado em: 25/04/2014.

(2)

INTRODUÇÃO

Os limites de fibra em detergente neutro (FDN) nas rações de vacas leiteiras são definidos não apenas por concentrações mínimas e máximas, mas também por atributos físicos, químicos e biológicos dos alimentos. Dois conceitos foram desenvolvidos para o balanceamento da FDN considerando-se esses atributos complementares. Define-se por fibra efetiva (FDNe) a capacidade da FDN de um alimento substituir a FDN da forragem (FDNf), mantendo inalterada a concentração da gordura no leite, sendo, portanto, um atributo biológico (LEONARDI et al., 2005). Por outro lado, a fibra fisicamente efetiva (FDNfe) é a fração do alimento que estimula a atividade mastigatória e secreção de saliva, contribuindo na neutralização dos ácidos graxos de cadeia curta produzidos no rúmen, prevenção da redução do consumo de matéria seca (MS), motilidade ruminal e redução na digestibilidade da FDN (ALLEN, 1997), ou seja, um atributo físico relacionado ao tamanho da partícula do alimento (MERTENS, 1997). Níveis inadequados de FDNfe em rações de vacas leiteiras podem ocasionar distúrbios metabólicos como a acidose ruminal, deslocamento do abomaso ou pelo menos a redução na concentração da gordura do leite (CLARK & ARMENTANO, 1993; VARGA et al., 1998).

A espessura e compactação da camada flutuante da digesta ruminal é essencial na retenção dos alimentos no rúmen, regulação da taxa de passagem e estímulo à ruminação (MERTENS, 1997; ALLEN & GRANT, 2000), além de ser utilizada como medida indireta na avaliação da FDNfe de rações (WEIDNER & GRANT, 1994). WELCH (1982) desenvolveu uma metodologia para avaliar a consistência da camada flutuante da digesta ruminal baseada na taxa de ascensão de um peso inserido no saco ventral do rúmen submetido à força constante de um peso externo. A redução na taxa de ascensão do peso interno é um indicativo de

maior espessura e empacotamento mais rígido da camada flutuante da digesta ruminal. Contrariamente, aumentos na taxa de ascensão do peso interno sugerem menor espessura e empacotamento menos rígido dessa camada. Assim, associada a outras medidas como o teor de gordura do leite e monitoramento do comportamento ingestivo, a consistência da camada flutuante da digesta ruminal auxilia na explicação de variações na FDNfe de rações.

Quando subprodutos são utilizados para substituir forragens em rações para vacas leiteiras, a concentração de FDNf pode diminuir e a FDN total deve aumentar, para nessa situação, compensar a menor efetividade da FDN dos subprodutos (FDNs). Esta estratégia vem sendo recomendada pelo NRC (2001), em que cada unidade percentual de redução na FDNf deve ser compensada pelo aumento de duas unidades percentuais da FDN total da dieta. Tais diretrizes têm funcionado bem nas dietas em que há uma distinção clara entre alimentos volumosos e concentrados. Entretanto, em função da sua composição nutricional, existem subprodutos, entre eles o caroço de algodão, que são difíceis de serem categorizados exclusivamente como forragens ou concentrados.

O caroço de algodão diferencia-se das demais fontes de FDNs por conter altas concentrações de FDN, energia, e moderado teor de proteína, tornando-o comumente utilizado em rações de vacas leiteiras de alta produção, tanto por aumentar a densidade energética da ração em função do seu alto teor de óleo, quanto na manutenção da concentração da FDN em níveis adequados (COPPOCK et al., 1987). Outro benefício do caroço de algodão em relação às demais fontes de FDNs é a sua lenta liberação do óleo no rúmen, o que ocasiona pequeno efeito na função ruminal (SULLIVAN et al., 2004).

O línter presente no caroço de algodão é composto quase que totalmente de celulose com alto grau de cristalização, sendo altamente digestível no rúmen, porém com taxa de

(3)

degradação lenta (PALMQUIST, 1995), representando aproximadamente 10% do peso total do caroço de algodão (COPPOCK et al., 1985). Entretanto, o línter dificulta o manuseio em sistemas mecanizados de alimentação, fazendo com que a utilização do caroço de algodão se torne limitada em certas propriedades produtoras de leite. Todavia, algumas técnicas de processamento têm sido desenvolvidas na tentativa de otimizar o caroço de algodão em sistemas mecanizados de alimentação, tais como o tratamento com amido gelatinizado de milho, a retirada do línter de forma mecânica e a peletização.

Por outro lado, o línter presente no caroço de algodão integral favorece a retenção do próprio caroço e outros componentes da dieta no rúmen, os quais são regurgitados e mastigados durante a atividade de ruminação. Verificou-se que apenas 0,4% do caroço de algodão integral foi excretado nas fezes de vacas lactantes ao passo que, a excreção aumentou para 11,3% quando as vacas foram alimentadas com caroço de algodão sem línter (COPPOCK et al., 1985).

Objetivou-se nesse estudo determinar os efeitos da substituição parcial da FDNf pela FDN do caroço de algodão integral ou processado de várias formas sobre o comportamento ingestivo e a consistência da camada flutuante da digesta ruminal em vacas leiteiras lactantes. Testou-se a hipótese de que as rações experimentais com substituição parcial da FDNf pela FDN do caroço de algodão integral ou processado de várias formas teriam efetividade de FDN equivalente a uma ração contendo somente forragem, tendo como parâmetros de avaliação o comportamento ingestivo e a consistência da camada flutuante da digesta ruminal.

MATERIAL E MÉTODOS

Animais, tratamentos e delineamento experimental

Desenvolveu-se o experimento no galpão para ensaios metabólicos da Fazenda Experimental de Bovinocultura de leite pertencente à The Ohio State University (Columbus, Ohio, Estados Unidos). Fez-se uso de seis vacas leiteiras lactantes da raça Holandesa canuladas no rúmen, que ao início do experimento estavam com 154,7 ± 66,3 dias em lactação (DEL) e produção média de 33 kg de leite/dia, sendo distribuídas em um delineamento quadrado latino 6×6. Alojaram-se as vacas em baias individuais equipadas com comedouro e bebedouro, onde receberam injeções de 500 mg de somatropina bovina sintética (bST) a cada 14 dias durante o experimento.

Nas seis dietas experimentais (Tabela 1), utilizaram-se o feno de alfafa e feno de gramínea (razão de 3:1 na % da MS, respectivamente) como forragens (Tabela 2). Formularam-se as dietas para vacas em lactação com 590 kg de peso vivo produzindo 31 kg de leite/dia contendo 3,5% de gordura, 3,3% de proteína e 90 DEL, conforme recomendações do NRC (2001). Balancearam-se as dietas com teores equivalentes de nutrientes (30% de FDN, 40% de carboidratos não fibrosos e 18% de proteína bruta, PB). Utilizaram-se valores contidos na biblioteca do NRC (2001) da composição química do milho triturado, semente de soja tostada e casca de soja para o balanceamento das dietas experimentais. Os demais alimentos (feno de alfafa, feno de gramínea e caroço de algodão) foram previamente analisados para determinação da MS, matéria mineral (MM), PB (AOAC, 2000) e FDN (VAN SOEST et al., 1991). Ajustou-se a formulação das dietas em cada período experimental devido à variação dos teores de MS e FDN das forragens utilizadas (Tabela 2), a fim de manter as concentrações da FDNf e demais nutrientes constante.

Balanceou-se a dieta com baixa porcentagem de FDNf (DBF) para conter 16% de FDNf proveniente do feno de alfafa + feno de gramínea e 30% de FDN total, e a dieta com

(4)

alta porcentagem de FDNf (DAF) para conter 21% de FDNf proveniente do feno de alfafa + feno de gramínea e 30% de FDN total. Essas dietas representaram respectivamente os controles negativo (DBF) e positivo (DAF), sendo comparadas com quatro dietas que continham 16% de FDNf proveniente do feno de alfafa + feno de gramínea e 5% de FDN proveniente do caroço de algodão integral, caroço de algodão tratado com 2,5% de amido gelatinizado de milho, caroço de algodão sem

línter (removido mecanicamente) ou caroço de algodão peletizado.

As formas de processamento do caroço de algodão foram selecionadas para avaliação da importância do línter (no caso das rações com caroço de algodão integral, tratado com 2,5% de amido gelatinizado de milho e sem línter) e do tamanho das partículas (no caso do caroço de algodão peletizado) na efetividade da fibra do caroço de algodão.

Tabela 1. Composição percentual dos ingredientes e análise nutricional das dietas experimentais

Caroço de algodão

Item DBF¹ Integral Amido Sem línter Peletizado DAF²

Ingredientes, % da MS Feno de alfafa 29,04 29,04 29,04 29,04 29,04 37,95 Feno de gramínea 9,62 9,62 9,62 9,62 9,62 12,65 Caroço de algodão - 10,15 10,40 12,50 12,17 - Resíduo de cervejaria 9,70 9,70 9,70 9,70 9,70 9,70 Casca de soja 7,78 0,72 0,82 2,20 1,80 - Farelo de soja, 48% PB 1,80 2,40 1,25 4,55 3,22 -

Semente de soja tostada 8,77 5,20 6,25 - 2,12 -

Milho triturado 26,81 28,44 28,19 27,66 27,60 24,74 Sebo bovino 1,67 - - - - 1,67 Peletes de Cr3O2³ 2,75 2,75 2,75 2,75 2,75 2,75 Calcário 0,71 0,81 0,81 0,81 0,81 0,45 Fosfato monossódico 0,55 0,40 0,40 0,40 0,40 0,55 Óxido de magnésio 0,15 0,12 0,12 0,12 0,12 0,12 Premix minerais4 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 Premix vitamínico5 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 Análise nutricional MS, % 47,8 46,5 48,0 46,9 47,3 48,0 PB, % da MS 18,1 18,1 18,5 18,1 17,9 17,9 MO, % da MS 92,8 92,8 92,8 92,7 92,7 92,4 MM, % da MS 7,16 7,25 7,22 7,28 7,27 7,59 FDN, % da MS 36,3 35,8 33,1 32,7 35,8 32,2

MS = matéria seca; PB = proteína bruta; MO = matéria orgânica; MM = matéria mineral; FDN = fibra em detergente neutro

1

DBF = dieta baixa em forragem; 2DAF = dieta alta em forragem

3

Composição: 83% de casca de soja, 15% de melaço em pó e 2% de Cr3O2 4

Composição: 0,1% Mg, 38% Na, 58% Cl, 0,04% S, 5.000 mg/kg Fe, 7.500 mg/kg Zn, 2.500 mg/kg Cu, 6.000 mg/kg Mn, 100 mg/kg I, 60 mg/kg Se e 50 mg/kg Co

5

(5)

Tabela 2. Composição nutricional das forragens utilizadas nas dietas experimentais

Feno de alfafa Feno de gramínea

Item Média Amplitude Média Amplitude

MS, % 85,7 80,7 - 88,1 88,0 84,7 - 89,2

FDN, % da MS 40,7 27,3 - 50,1 63,4 53,2 - 67,1

MS = matéria seca; FDN = fibra em detergente neutro

Amostragens e análises laboratoriais

Conduziu-se o experimento por 90 dias, divididos em seis períodos de 15 dias, sendo oito dias de adaptação às dietas experimentais e seis dias de coletas de dados. Misturaram-se as rações, uma vez ao dia após pesagens dos alimentos por meio de um misturador horizontal, o qual permanecia ligado por sete minutos para cada ração experimental. Forneceram-se as rações ad libitum em duas refeições diárias (06h00min e 18h00min), sendo a quantidade oferecida ajustada diariamente para obter 10% de sobras (matéria natural), a fim de garantir o máximo consumo voluntário de MS por parte dos animais. Amostras do feno de alfafa, feno de gramínea, caroço de algodão (integral e processado de várias formas) e das seis dietas experimentais foram coletadas do nono ao décimo segundo dia de cada período experimental, e as sobras das dietas experimentais foram coletadas do décimo ao décimo terceiro dia de cada período experimental. Congelaram-se as amostras a –4 ºC, sendo posteriormente reunidas para formar uma amostra composta de feno de alfafa, feno de gramínea, caroço de algodão (integral e processado de várias formas) e das seis dietas experimentais por animal e por tratamento ao final de cada período de coleta.

Amostras do feno de alfafa, feno de gramínea, caroço de algodão (integral e processado de várias formas) e das seis dietas experimentais, previamente descongeladas e secas em estufa de ventilação forçada a 65ºC durante 48 horas e moídas em moinho tipo Wiley dotado com peneira de 1 mm (Wiley Mill; Arthur H. Thomas, Philadelphia, Pennsylvania, Estados Unidos), foram analisadas para determinação de MS, MM, PB

(AOAC, 2000) e FDN (VAN SOEST et al., 1991).

Comportamento ingestivo

Monitoraram-se as vacas para avaliação do comportamento ingestivo no nono dia de cada período de coleta durante 24 horas contínuas, utilizando-se o método de varredura instantânea (MARTIN & BATESON, 2007). As atividades de alimentação, ruminação e ócio foram monitoradas a cada cinco minutos por meio de observação visual, calculando-se o tempo despendido em cada atividade (min/dia) pela multiplicação do número total de eventos por cinco. Determinou-se o tempo de mastigação pela soma dos tempos de alimentação e ruminação. Os tempos despendidos com alimentação, ruminação e mastigação por kg de MS e FDN consumidos foram calculados dividindo-se o tempo total de cada uma dessas atividades pelo consumo diário de MS e FDN. O comportamento ingestivo das vacas não foi monitorado durante as ordenhas, sendo os tempos gastos em cada atividade ajustados proporcionalmente para 24 horas utilizando-se a seguinte equação (HARVATINE et al., 2002):

Tempo ajustado (min/dia) = tempo despendido na atividade × 1.440/ 1.440 - tempo despendido na ordenha em minutos

Os coeficientes de efetividade física da FDN das dietas experimentais e seus respectivos intervalos de confiança foram obtidos de acordo com a metodologia utilizada por Mooney e Allen (1997). Nesse caso, utilizou-se o mesmo valor da atividade basal de

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mastigação calculado por estes autores (355 min/dia).

Consistência da camada flutuante da digesta ruminal

Avaliou-se a consistência da camada flutuante da digesta ruminal duas e seis horas transcorridas a alimentação da manhã no décimo dia, e quatro horas após a alimentação da manhã no décimo primeiro dia dos períodos de coleta (WELCH, 1982). Amarrou-se um metal de 454 g a um cordão de náilon inserido no saco ventral do rúmen, através da cânula, duas horas antes de cada medição, atravessando a camada flutuante da digesta ruminal. Após o período de duas horas para estabilização da camada flutuante da digesta ruminal, fixou-se um metal de 1.362 g à outra extremidade do cordão de náilon, do lado de fora do rúmen, computando-se o tempo de ascensão do metal de 454 g, a cada 20 segundos, até o ponto superior da camada flutuante da digesta ruminal, assim como o deslocamento vertical do metal de 1.362 g. As taxas acumuladas de ascensão do metal interno (cm/s) foram calculadas para os tempos de um, dois, cinco e nove minutos, dividindo-se o deslocamento do metal externo (cm) por cada tempo de referência (s) gasto para o metal interno atingir o ponto máximo superior da camada flutuante da digesta ruminal.

Análise estatística

Procedeu-se a análise estatística por meio do procedimento de modelos mistos (PROC MIXED) do pacote estatístico do SAS (1999), adotando-se o seguinte modelo: Yijk =  + Vi + Pj + Tk + eijk, em que: Yijk corresponde ao dado referente da i-ésima vaca, do j-ésimo período e do k-ésimo tratamento;  corresponde à média geral observada; Vi corresponde ao efeito aleatório da i-ésima vaca; Pj corresponde ao efeito fixo do j-ésimo período; Tk corresponde ao efeito fixo do

k-ésimo tratamento; e eijk corresponde ao erro aleatório associado a i-ésima vaca, j-ésimo período e k-ésimo tratamento. Compararam-se os efeitos de tratamentos por meio dos seguintes contrastes:

CA versus DBF: avaliar a inclusão de 5% da FDN proveniente do caroço de algodão integral ou processado de várias formas em uma dieta basal contendo 16% de FDNf versus a DBF.

CA versus DAF: avaliar a inclusão de 5% da FDN proveniente do caroço de algodão integral ou processado de várias formas em uma dieta basal, contendo 16% de FDNf versus a DAF.

Dieta com caroço de algodão tratado com 2,5% de amido gelatinizado de milho versus a dieta com caroço de algodão integral: avaliar o tratamento do caroço de algodão integral com 2,5% de amido gelatinizado de milho.

Dieta com caroço de algodão sem línter versus as dietas com caroço de algodão integral e tratado com 2,5% de amido gelatinizado de milho: avaliar a presença do línter no caroço de algodão.

Dieta com caroço de algodão peletizado versus as dietas com caroço de algodão integral, tratado com 2,5% de amido gelatinizado de milho e sem línter: avaliar o tamanho das partículas do caroço de algodão peletizado.

Adotou-se nível de significância de 5% (P<0,05) e tendências de 10% (P<0,10) entre os tratamentos. Os valores reportados nas tabelas de resultados representam as médias dos quadrados mínimos e correspondentes erro padrão da média (EPM).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Comportamento ingestivo

O tempo despendido com alimentação (min/dia) não foi afetado (P>0,05) pelos tratamentos (Tabela 3), porém houve redução

(7)

(P<0,05) no tempo gasto com ruminação e mastigação (min/dia) nas dietas com caroço de algodão, comparadas à dieta com 21% de FDNf (DAF). Quando expressos por unidade de MS ou FDN consumida (min/kg MS ou FDN), os tempos gastos com alimentação, ruminação e mastigação foram menores (P<0,01) nas dietas com caroço de algodão em relação à dieta com 21% de FDNf (DAF) (Tabela 3), devido ao aumento no consumo de MS nas dietas com substituição parcial da FDNf pela FDN do caroço de algodão, em comparação à dieta com 21% de FDNf (DAF). Por outro lado, os tempos despendidos com alimentação e mastigação, também expressos por unidade de MS ou FDN consumida (min/kg MS ou FDN) foram maiores (P<0,05) nas dietas com caroço de algodão, comparadas à dieta com 16% de FDNf (DBF) (Tabela 3), em função da redução no consumo de MS nas dietas com substituição parcial da FDNf pela FDN do caroço de algodão, comparadas à dieta com 16% de FDNf (DBF) (LIMA et al., 2014).

A partir desses resultados, concluiu-se que as dietas com caroço de algodão, independentemente da forma de processamento, não apresentaram o mesmo estímulo à atividade de mastigação, comparadas à dieta com 21% de FDNf (DAF), o que contraria, pelo menos parcialmente, o argumento de que o línter se liga às partículas longas da dieta e se estratifica ao longo da fração sólida da digesta ruminal, fazendo com que o caroço de algodão seja regurgitado e remastigado pelo animal junto com a forragem, estimulando a atividade de ruminação (COPPOCK et al., 1985; HARVATINE et al., 2002). Os coeficientes de efetividade física da FDN calculados a partir da atividade de mastigação foram de 0,46; 0,44; 0,71 e 0,28 (±0,29), respectivamente para a dieta com caroço de algodão integral, tratado com 2,5% de amido gelatinizado de milho, sem línter e peletizado. Diferentemente dos resultados obtidos na presente pesquisa, CLARK & ARMENTANO (1993) não verificaram efeito da substituição parcial da FDN da silagem de

alfafa pela FDN do caroço de algodão nas atividades de alimentação e ruminação de vacas leiteiras.

(8)

Tabela 3. Efeito da substituição parcial da FDN da forragem pela FDN do caroço de algodão sobre o comportamento ingestivo de

vacas leiteiras lactantes

Item DBF1

Caroço de algodão

DAF2 EPM3

P Integral Amido Sem

línter Peletizado CA vs. DBF4 CA vs. DAF5 Amido 6 Línter7 Peletizado8 Alimentação Min/dia 288 288 287 307 281 304 12 NS NS NS NS NS Min/ kg MS 11,8 13,5 13,2 13,9 12,8 15,2 0,9 0,02 <0,01 NS NS NS Min/kg FDN 33,6 37,4 40,4 43,2 37,2 48,6 3,3 0,03 <0,01 NS NS NS Ruminação Min/dia 427 420 426 441 420 476 33 NS 0,05 NS NS NS Min/ kg MS 17,6 19,4 19,9 20,1 19,1 23,8 2 NS <0,01 NS NS NS Min/kg FDN 49,5 54 61,3 63,1 54,1 76,1 6,3 0,07 <0,01 NS NS NS Matigação Min/dia 710 708 713 748 701 780 37 NS 0,02 NS NS NS Min/ kg MS 29,4 32,8 33 34 31,9 39 2,8 0,03 <0,01 NS NS NS Min/kg FDN 83 91 101 106 90 124 9 0,03 <0,01 NS NS NS

MS = matéria seca; FDN = fibra em detergente neutro

1

DBF = dieta baixa em forragem, 2DAF = dieta alta em forragem; 3EPM = erro padrão da média

4

CA vs. DBF = contraste entre as dietas com caroço de algodão integral ou processado de várias formas versus a DBF

5

CA vs. DAF = contraste entre as dietas com caroço de algodão integral ou processado de várias formas versus a DAF

6

Amido = contraste entre a dieta com caroço de algodão tratado com 2,5% de amido gelatinizado de milho versus a dieta com caroço de algodão integral

7

Línter = contraste entre a dieta com caroço de algodão sem línter versus as dietas com caroço de algodão integral e tratado com 2,5% de amido gelatinizado de milho

8

Peletizado = contraste entre a dieta com caroço de algodão peletizado versus as dietas com caroço de algodão integral, tratado com 2,5% de amido gelatinizado de milho e sem línter

(9)

Consistência da camada flutuante da digesta ruminal

A consistência da camada flutuante da digesta ruminal não foi afetada (P>0,05) pelos tratamentos, corroborando os resultados obtidos anteriormente quando houve substituição parcial da FDNf pela FDN do caroço de algodão (HARVATINE et al., 2002). A ausência de resposta (P>0,05) na espessura e empacotamento da camada flutuante da digesta ruminal entre as dietas com caroço de algodão e a dieta com 21% de FDNf (DAF) é um indicativo de que o estímulo aos receptores de tensão ou estimulação táctil na parede do rúmen seriam suficientes para manter as atividades de ruminação e mastigação comparáveis entre esses tratamentos, entretanto, houve redução (P<0,05) na atividade de ruminação e mastigação (min/dia) nas dietas com caroço de algodão, comparadas à dieta com 21% de FDNf (DAF). Diante do exposto, infere-se que na presente pesquisa houve efeito da substituição parcial da FDNf pela FDN do caroço de algodão sobre o

comportamento ingestivo de vacas leiteiras no terço médio da lactação, mas não ocorreu resposta (P>0,05) dessa substituição sobre a consistência da camada flutuante da digesta ruminal. De qualquer maneira, trabalhos adicionais são necessários na elucidação dos resultados obtidos nesse experimento.

Em estudos anteriores, a consistência da camada flutuante da digesta ruminal foi reduzida quando houve a substituição parcial da forragem pela casca de soja (WEIDNER & GRANT, 1994) ou pelo farelo proteinoso de milho úmido (ALLEN & GRANT, 2000). Nestes trabalhos, ficou evidente que a redução na espessura e empacotamento da camada flutuante da digesta ruminal foi responsável pela redução na atividade de mastigação nas rações que incluíram a casca de soja ou o farelo proteinoso de milho úmido. Estes resultados também reforçam a hipótese de que o caroço de algodão apresenta efetividade de fibra diferenciada em relação a esses dois subprodutos devido ao seu maior tamanho de partícula.

Tabela 4. Efeito da substituição parcial da FDN da forragem pela FDN do caroço de algodão

sobre a consistência da camada flutuante da digesta ruminal de vacas leiteiras lactantes

Item DBF¹

Caroço de algodão

DAF² EPM3 Integral Amido Sem

línter Peletizado Distância, cm 1 min 8,6 9,7 10,9 9,9 12,7 9,0 1,6 2 min 13,7 13,9 16,5 14,6 18,9 14,3 2,3 5 min 22,9 22,6 24,8 23,1 27,3 25,2 3,2 9 min 29,5 28,1 29,9 29,1 33,9 35,0 3,6 Taxa acumulativa de ascensão, cm/s 1 min 0,15 0,16 0,17 0,16 0,21 0,15 0,03 2 min 0,12 0,12 0,13 0,12 0,16 0,12 0,02 5 min 0,08 0,075 0,079 0,077 0,091 0,081 0,01 9 min 0,055 0,052 0,055 0,054 0,063 0,065 0,006 1

DBF = dieta baixa em forragem, 2DAF = dieta alta em forragem; 3EPM = erro padrão da média

CONCLUSÕES As rações com caroço de algodão e a

dieta com 21% de FDNf (DAF) apresentaram efetividade de FDN equivalentes, levando-se

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em consideração a consistência da camada flutuante da digesta ruminal como medida indireta de avaliação. As formas de processamento (tratamento com 2,5% de amido gelatinizado de milho, remoção mecânica do línter e peletização) não alteraram a efetividade da FDN do caroço de algodão. Recomenda-se a substituição parcial da FDNf pela FDN do caroço de algodão em rações de vacas leiteiras no terço médio da lactação.

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