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Ivan Vale de Sousa (UNIFESSPA)

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Academic year: 2021

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HIBRIDIZAÇÃO PEDAGÓGICA E TECNOLÓGICA

Ivan Vale de Sousa – (UNIFESSPA) ivan.valle.de.sousa@gmail.com

RESUMO:

O ensino híbrido vem sendo discutido e utilizado no processo de organização das práticas pedagógicas, colocando o sistema e os sujeitos em destaque. Nesse sentido, são finalidades deste trabalho: discutir a importância das práticas híbridas de ensino; destacar a funcionalidade das tecnologias nas experiências de aprendizagem; refletir a relevância dos blogs educativos e apresentar metodologias do ensino remoto. Assim, espera-se que estas reflexões contribuam com as práticas híbridas de ensino na atualidade.

PALAVRAS-CHAVE: Ensino híbrido; Blogs educativos; Metodologias.

ABSTRACT:

Hybrid teaching has been discussed and used in the process of organizing pedagogical practices, placing the system and the subjects in the spotlight. In this sense, the purposes of this work are: to discuss the importance of hybrid teaching practices; to highlight the functionality of technologies in learning experiences; to reflecting the relevance of educational blogs and to present methodologies no hybrid teaching. Thus, it is expected that these reflections contribute to hybrid teaching practices today.

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1. Introdução

Para compreender o ensino híbrido é necessário conhecê-lo, verificar suas propostas, suas características e como se realiza na prática de ensino e aprendizagem. Antes do uso do ensino híbrido, as práticas de aprendizagem, na maioria das escolas públicas, passaram a ser remotas, tendo em questão as condicionantes da pandemia do novo coronavírus, visto que se tem pregado uma política de isolamento social, colocando a preservação da vida em primeiro lugar.

Apesar de haver a insistência de uma política de isolamento social, ainda existem pessoas contrárias às medidas. Daí, pensando no retorno das práticas escolares, aos poucos e com segurança, pensou-se no modelo de ensino híbrido. Esse modelo mescla formatos tradicionais e inovadores como a prática da leitura impressa para a leitura das telas de computadores, smartphones, celulares e tabletes. Assim, o ensino híbrido constitui-se como modelo educativo que os sujeitos aprendem parte por meio das tecnologias e outra em ambiente físico, a escola, sob a mediação do professor.

As características do ensino híbrido inserem-se na combinação entre as estratégias presenciais de aprendizagem com as propostas de aprendizagem on-line, atribuindo aos alunos a função de protagonistas e de mediadores aos professores de múltiplas aprendizagens. Mediante as condicionantes impostas pela Covid-19, é preciso considerar que as práticas pedagógicas híbridas trazem benefícios para as aprendizagens, porque tornam acessíveis os múltiplos conhecimentos.

O reconhecimento de que o ensino híbrido trouxe (e continua) trazendo transformações para o processo educacional reconhece e ressignifica a relação entre aluno e professor, que apesar dos discentes ganharem destaque, a função da docência continua fundamental, havendo, portanto, dois modelos de ensino híbrido possíveis de promoção do conhecimento: sustentados (modelos próximos dos tradicionais) e os disruptivos (modelos que requerem modificações significativas e estratégias).

A prática de ensino híbrido estrutura-se com as funções de mesclar o ensino remoto com o presencial na realização de estratégias de planejamento

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que atenda às individualidades de cada aluno e cada estilo de aprendizagem. Assim, neste trabalho, sucintas reflexões sobre o ensino híbrido, a funcionalidade dos blogs educativos e as metodologias de modelos educacionais híbridos dão sentidos às possibilidades de letramento na sociedade contemporânea.

2. As possibilidades emergenciais do ensino híbrido no século XXI

As ferramentas tecnológicas passaram a fazer parte do planejamento escolar tanto na formação de professores quanto na aprendizagem de alunos, sobretudo, no uso das ferramentas no ensino, como: Google Drive, Flipboard, Padlet, Instagram, Facebook e WhatsApp, entre outros, que nem sempre ocorre de maneira igualitária, pois nem todos os sujeitos têm acesso de qualidade à internet.

O ensino híbrido tornou-se destaque, conhecido e discutido por muitos em decorrência da pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2) em pleno o século XXI. O contexto da pandemia colocou em evidência também as possibilidades de acesso ao conhecimento, revelando os contextos e as condições dos sujeitos acessíveis às práticas de ensino.

As evidências do ensino híbrido não podem ser confundidas com as políticas de educação a distância, já que os modos e as condições como as propostas de ensino são problematizados diferem os contextos de realização das práticas de ensino e aprendizagem. Nesse sentido, o ensino híbrido tornou-se possível nos contextos da educação no século XXI, já que uma das finalidades da hibridização no ensino é tornar os alunos protagonistas do próprio processo educativo.

Não tem como negar a semelhança que há entre a educação a distância e o ensino híbrido: ambos utilizam as tecnologias. Nunca na história da humanidade as tecnologias digitais da informação e comunicação tiveram tanta evidência, destacando suas funcionalidades às práticas de ensino e aprendizagem, além disso, o ensino híbrido tem revelado quão distante são os contextos das escolas de educação básica brasileira das experiências dos sujeitos.

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As reflexões sobre o ensino híbrido como proposta de igualdade não se firmam, porque sabemos que há diferentes contextos e condições que inserem os sujeitos nas propostas de ensino-aprendizagem. Ao pensar na possibilidade do ensino híbrido não basta apenas equipar a escola com as mais sofisticadas tecnologias, mas, principalmente, preparar o ser humano para se adaptar aos contextos de produção e divulgação do conhecimento.

O ensino híbrido exige competências e habilidades tanto de professores quanto de alunos, uma vez que tendo as condições possíveis e tecnológicas os sujeitos conseguem interagir e produzir suas convicções nos contextos multifacetados de saberes. A educação híbrida deve estar a favor da promoção dos aprendizados dos sujeitos, o que requer investimentos e condicionantes de acesso dos usuários às práticas que enxergam no uso das tecnologias os mecanismos para a construção e a ampliação dos discursos.

O hibridismo tecnológico no Brasil tem revelado diferentes contextos sociais muito conhecidos por nós mesmos, mas que com a crise sanitária mundial da pandemia do novo coronavírus se tornaram mais visíveis. É preciso pensar nas políticas educacionais também sob o viés da educação híbrida, pois ao envolver os sujeitos no processo híbrido de ensino implica oferecer-lhes as possibilidades de contato com o conhecimento antes de estar na sala de aula.

As políticas educacionais da educação básica precisam ampliar suas discussões, tornando-as práticas híbridas capazes de combinar diferentes contextos, espaços, atividades, estratégias e públicos. O ensino híbrido preconiza que haja mobilidade e conectividade que mesclam os contextos de aprendizagem, tornando-se necessário compreender a conceituação desse formato de ensino.

O ensino híbrido é um programa de educação formal no qual um aluno aprende, pelo menos em parte, por meio do ensino on-line, com algum elemento de controle do estudante sobre o tempo, lugar, modo e/ou ritmo do estudo, e pelo menos em parte em uma localidade física supervisionada, fora da residência. (CHRISTENSEN; HORN;

STAKER, 2013, p. 7)

A retórica de que as políticas educacionais precisam ser reconstruídas nunca foi tão urgente, sobretudo, na valorização do exercício da docência, oferecendo as condições necessárias para a realização do trabalho

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pedagógico. Não podemos, por exemplo, atribuir todo o insucesso da aprendizagem à figura do professor, é preciso pensar em quais condições e contextos estão envolvidos para que se encontre um caminho possível de colocar em destaque tanto professores quanto alunos.

Os envolvimentos dos alunos nas práticas pedagógicas híbridas tornam-se metodologias ativas quando permitem aos sujeitos realizarem suas interrogações na exploração e conexão com as estratégias do conhecimento, envolvendo-os nos espaços dialógicos que não centrem na figura do professor todo o processo de aprendizagem, o que denota autonomia dos sujeitos para que possam explorar territórios do conhecimento desconhecidos por eles.

O ensino remoto tem representado um laboratório em construção para a realização do ensino híbrido, capaz de redesenhar os caminhos das estratégias em técnicas de aprendizagem ativa “diretamente relacionada às novas propostas educacionais” (ANDRADE; SOUZA, 2016, p. 4).

Em qualquer processo de aprendizagem, o professor carece de assumir a função de mediador das múltiplas aprendizagens. Para um novo século não são esperados apenas que os alunos sejam formados para atuarem em tempos desafiadores, mas há a necessidade também de repensar e propor a formação de professores para os desafios de novos tempos. Há com urgência a necessidade de ressignificar o processo de ensino com os aspectos cognitivos e sociais da aprendizagem.

É preciso compreender que nas práticas pedagógicas híbridas o comportamento humano é provocado aos modelos de adaptação, já que o ensino híbrido “permite que os estudantes avancem rapidamente se já dominaram um conceito, parem se precisarem assimilar alguma coisa ou retrocedam e retardem algum conteúdo que precise ser revisado” (HORN; STAKER, 2015, p. 10).

O processo pedagógico híbrido desenvolve nos alunos além das habilidades de leitura, produção e análise, a função de tutoria das próprias aprendizagens, constituindo-se como sujeitos proficientes e contribuindo com as mudanças de seus perfis para os novos desafios de aprendizagem. A hibridização pedagógica e tecnológica somente terá sentido quando tornar as

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experiências híbridas em contextos e situações capazes de promover e provocar a autonomia protagonista dos conhecimentos.

O pensamento sobre a formação do aluno de alta performance coloca em destaque as possibilidades ou não da educação híbrida, que pode apresentar pontos positivos e negativos, pois quando os sujeitos não têm as condições mínimas de acesso às práticas tecnológicas digitais de ensino, a aprendizagem híbrida não funciona, uma vez que “professores de escolas inovadoras buscam formas de unir o ensino on-line com a experiência da escola física” (HORN; STAKER, 2015, p. 32).

O uso da tecnologia não estabelece um processo de troca da figura do professor, distanciando as competências esperadas para cada etapa de ensino. Assim, as tecnologias são ferramentas que devem estar a serviço da educação, auxiliando professores e alunos a encontrarem os melhores caminhos para o processo de ensino e aprendizagem.

As contribuições do ensino híbrido para os contextos contemporâneos colocam em destaque que as práticas de ensino precisam, com urgência, tornaram-se inclusivas colocando a educação como política democrática, ressignificando a sala de aula como um exemplar e amplo laboratório das múltiplas aprendizagens, considerando a heterogeneidade dos sujeitos e como as estratégias de ensino são planejadas, adequadas e reconstruídas.

Ao pensar no engajamento dos alunos nas práticas híbridas, pensam-se também nas condicionantes e nos contextos em que estão inseridos. Há, ainda, a necessidade de discutir que nem sempre uma mesma metodologia é capaz de atender a todos, visto que a educação na perspectiva híbrida precisa equiparar propostas às experiências tecnológicas e sociais dos sujeitos, pois não se pode falar de uma educação do futuro sem que os sonhos e necessidades do presente não sejam contemplados.

A educação híbrida somente será vista como prática democrática e inclusiva quando todos os envolvidos tiverem as mesmas oportunidades e possibilidades de problematizar, construir e ampliar os conhecimentos. Sabemos que no vasto território do Brasil há outros milhares de “brasis” sem condições mínimas de acesso aos que estão à margem da sociedade. Pode-se

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dizer que os contextos são heterogêneos e neles estão os sujeitos com suas carências e aptidões, vislumbrando na escola a possibilidade de mudar as rotas de suas trajetórias.

É pensando nesses possíveis “brasis” que muitos dos alunos da educação básica estão inseridos e para novos tempos da educação híbrida deve ser pensado o protagonismo dos sujeitos que constroem as aprendizagens híbridas, mantendo um diálogo assertivo com as teorias e práticas. Nesse sentido, é inegável a função do professor como “consultor, de facilitador da aprendizagem, de alguém que pode colaborar para dinamizar a aprendizagem do aluno, desempenhará o papel de quem trabalha em equipe, junto com o aluno, buscando os mesmos objetivos” (MASETTO; BEHRENS, 2000, p. 142).

A dinamização das práticas pedagógicas encontra autorização quando as realidades sociais nas quais os sujeitos estão inseridos são mapeadas, a fim de pensar nas possibilidades que podem ser propostas no processo de ensino e aprendizagem. Assim como no ensino regular, na prática híbrida, o professor desenvolve uma política de colaboração, colocando no mesmo plano as finalidades da aprendizagem.

A emergência de pensar os novos modelos educacionais híbridos traz para centro do debate outros saberes urgentes que compreendem o uso das “tecnologias digitais de informação e comunicação, o conhecimento da prática colaborativa e reflexiva, além da habilidade em promover debates e discussões neste novo ambiente são fundamentais para a construção do fazer docente” (DEBASTIANI; FRANCO; NOGUEIRA, 2018, p. 6).

Não há como negar que os impactos da pandemia não tenham influenciado no processo de ensino e aprendizagem. Isso é fato. Sabemos que para novos tempos com seus desafios, necessitamos pensar em novas estratégias que constatam o protagonismo desenvolvido pelos sujeitos. Assim, o lugar epistêmico da escola nunca se tornou tão necessário, pois aprendemos significativamente por meio do processo de interação e pelas experiências que somente as retóricas escolares são possíveis de estruturar.

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Os fundamentos da educação híbrida devem ser promotores de uma educação humanitária em que os sujeitos tenham as oportunidades de construir suas retóricas nas possibilidades oferecidas pelos novos tempos. Nesse sentido, as formas de ensino e aprendizagem propostas no século XXI necessitam enxergar nas tecnologias digitais da informação e comunicação o lugar de cada um e sua inclusão.

3. Os blogs educativos na promoção de modelos híbridos

As mudanças do século XXI com o surgimento da pandemia do novo coronavírus têm ressignificado a funcionalidade dos blogs no processo de ensino e aprendizagem. Nunca se procurou tanto por blogs com sugestões de atividades de leitura e escrita para serem desenvolvidas no contexto da educação básica, que ora se alterna em ensino remoto, ora em ensino híbrido.

Os blogs destinam-se a assuntos específicos e variados que são pensados nos públicos característicos para a divulgação dos conteúdos. Neles, é possível encontrar textos de divulgação científica, como se destinam, unicamente, a assuntos políticos, divulgação de eventos acadêmicos e compartilhamento de atividades pedagógicas, além de representar espaço discursivo-social às denúncias das mazelas humanitárias.

Os blogs têm sido utilizados com diferentes finalidades, como servir de lócus virtual para convencer o interlocutor de determinados serviços, sendo acessados cada vez mais por meio das tecnologias móveis. Além disso, cumprem entre outras funções a de que os usuários interagem no trabalho com o texto e a hipertextualidade, graças ao advento da internet.

Quando há a publicação de textos no espaço da blogosfera, amplia-se as chances de que outros interlocutores têm de apreciá-los, mantendo uma relação dialógica entre o produtor e seus agentes. Os blogs fixam os propósitos textuais, porque aproxima os leitores de suas convicções sobre a língua.

Os blogs, que como vimos são considerados ícones da Web 2.0, tornaram-se em pouco tempo muito populares em praticamente todas as áreas, principalmente em função de sua simplicidade. Mesmo depois de mais de uma década do seu boom, eles continuam a ser um recurso muito rico para uso em educação, do Ensino Básico ao Superior. A facilidade para sua criação e para a publicação de posts, a possibilidade de colaboração e seu potencial de interação

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posicionaram o blog como uma ferramenta de destaque na educação contemporânea. (MATTAR, 2013, p. 79)

Os blogs apresentam inúmeras funcionalidades que vão desde a discussão de uma notícia com temas atuais à valorização das questões sociais do contexto de inserção dos interlocutores, além de possibilitar a realização do trabalho pedagógico na perspectiva da hipertextualidade. O fazer pedagógico com tais propósitos compreende o hipertexto como espaço de leitura e escrita no âmbito da sala de aula, pois os sujeitos assumem a função de leitores e escritores de produzirem “uma série de previsões para ligações possíveis entre segmentos, que se tornam opções de escolha para os hipernavegadores” (MARCUSCHI, 2001, p. 83).

As funções dos blogs na educação ampliam os acessos ao conhecimento, reorientam o percurso na ação de planejar, além de repensarem uma proposta interativa na produção da linguagem. É por meio do planejamento que o professor vislumbra os impasses e as soluções utilizáveis dos blogs como recursos das propostas de aprendizagem, pois, além de tornar conhecidas as metodologias desenvolvidas, há a hibridização dos sujeitos no contexto educativo e tecnológico.

Ao utilizar o blog na mediação pedagógica com a finalidade de estudar leitura, escrita, ortografia, entre outras funções, o professor oportuniza os estudantes nos propósitos sociais no trabalho com a linguagem. Os sujeitos assumem o posicionamento de leitor-autor-coautor destacam os conhecimentos formulados na interação da sala de aula, como também estabelece uma política de aproximação entre teoria e prática na flexibilidade de um planejamento estruturado e aberto às mudanças.

A concepção do ensino híbrido não fortalece, nem estabiliza uma política de hiato entre a teoria e a prática do conhecimento. A teoria orienta e aponta os caminhos para a realização da aprendizagem, a prática, por sua vez, atribui sentidos aos conhecimentos teóricos. Assim, aproximar os contextos, ferramentas e modelos de ensino, o aluno envolve-se na “elaboração da escrita colaborativa de gêneros textuais e fomenta vertentes dialógicas inseridas no ambiente digital que se baseia na interação e na transparência ética” (SOUSA, 2017, p. 179).

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A utilização dos blogs no contexto das aprendizagens tem sido cada vez mais constante, uma vez que permite a diferentes textos serem publicados e lidos por uma gama maior de leitores, além de possibilitar a interação com diferentes interlocutores. Ao pensar as funcionalidades dos blogs na educação, ampliam-se e são encontradas suas utilidades aos contextos de modelos de ensino híbrido.

Além de atribuir vozes à escrita do aluno, os blogs tornam públicas as ideias discentes no contexto das aprendizagens e com isso confere “legitimidade ao que é dito e, ao mesmo tempo, tornam mais significativa a tarefa para o aluno, o qual escreve, então, para produzir conhecimento a partir de sua perspectiva a respeito de determinado tema” (SCHÄFER; LACERDA; FAGUNDES, 2009, p. 5).

A legitimação da educação híbrida coloca as redes sociais como característica formativa das comunidades de internautas com propósitos e sentidos diferenciados. Por exemplo, um grupo de professores que se comunica em um grupo restrito de WhatsApp apresenta objetivos diferentes das comunidades virtuais frequentadas por diferentes jovens, por isso, trazer a discussão das redes sociais para a sala de aula implica ampliar as propostas de ensino e aprendizagem em experiências possíveis.

A discussão que traz para o debate pedagógico a linguagem utilizada pelos noviços leitores e escritores, aproxima o professor do mundo dos alunos e as tecnologias têm essa função. Assim, o uso dos blogs no contexto das aprendizagens traz à baila a necessidade de adequação da linguagem na receptividade dos diferentes gêneros textuais que tomam forma no contexto da blogosfera.

Além de permitir a escrita colaborativa, os blogs admitem também que os sujeitos produtores além de interagir, atribuem características singulares à produção escrita no âmbito digital, como também os direcionam a realizar novas leituras. A mediação híbrida pedagógica e tecnológica, nessa perspectiva, coloca os sujeitos no “desenvolvimento de diversas competências, tanto relacionadas a habilidades pessoais como àquelas que dizem respeito à

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produtividade e ao trabalho cooperativo” (SCHÄFER; LACERDA; FAGUNDES, 2009, p. 7).

Os blogs nas práticas de ensino funcionam como ferramentas de aprendizagem, como recursos interativos entre os diferentes sujeitos que trazem para o contexto digital suas hipóteses e dificuldades na elaboração dos gêneros textuais e na inserção dos falantes da língua no contexto híbrido de aprendizagem que a pandemia destacou.

A produção do conhecimento no contexto digital exige familiaridade no manuseio dos recursos tecnológicos na cultura escrita da escola, atribuindo ao professor a função de mediador e orientador do conhecimento e, ao aluno, a ampliação do repertório linguístico-cultural.

Mediante a mediação do professor há a possibilidade de realização de trabalho interativo entre os sujeitos de diferentes instituições de ensino, que podem pertencer ao mesmo bairro ou na recepção de outras áreas do conhecimento. A intervenção potencializa e caracteriza o espaço virtual para a escrita colaborativa, capaz de ampliar o pensamento crítico e atribuir a função de autoria aos estudantes.

Os blogs cumprem o propósito social de publicação dos saberes produzidos no contexto da sala de aula, porque são capazes de socializar as propostas bem-sucedidas para que outras instituições possam utilizar. Precisamos ampliar novos olhares às tecnologias e aos recursos que os alunos têm disponíveis para o desenvolvimento de suas aprendizagens, porque cada contexto é marcado pela especificidade de suas condicionantes.

Nesse contexto de hibridização, os blogs são espaços possíveis de realização de um projeto de escrita, reescrita e retextualização dos gêneros textuais que são publicados, há que se dizer também que os blogs precisam ser mantidos em constante processo de reconstrução.

Os textos não são colocados por acaso no espaço da blogosfera, por isso a organização textual precisa ser refeita a cada nova leitura e acesso, o que permite trabalhar com os hipertextos e as multimídias na ampliação da

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cultura escrita proposta na instituição escolar, destacando o enriquecimento das práticas leitoras.

O trabalho pedagógico com a leitura visa possibilitar ao aluno o contato com diversos contextos de uso da linguagem, orais ou escritos, para aprender adequá-la às diversas situações vividas no cotidiano. Nesse contexto de interação entre professor, aluno e texto, o papel do professor é o de mediador, colaborando com seus interlocutores na construção de sujeitos: questionando, sugerindo, provocando reações, exigindo explicações sobre as informações ausentes do texto, refutando, polemizando, concordando e negociando sentidos mediante as pistas deixadas no texto. (MOURA; MARTINS, 2012, p. 90)

O sucesso da abordagem metodológica com a inserção dos blogs na prática pedagógica no ensino da leitura e da escrita implica flexibilidade no planejamento do professor e nas formas receptivas dialógicas com as transformações no contexto social, enxergando de maneira diferente as tecnologias na acessibilidade do conhecimento. Assim, o uso e a funcionalidade dos blogs são muitas e rebuscam investigações possíveis e propostas acessíveis às experiências de produção de novos saberes.

4. Metodologias da Educação Híbrida

Todo processo educativo apresenta seu conjunto metodológico, o que não ocorre de maneira diferente com os modelos educacionais do ensino híbrido. A proposição de educação híbrida não abandona os modelos da educação tradicional (ensino presencial), mas se adequa aos moldes do ensino híbrido. Nesse sentido, tendo em foco a emergência da educação híbrida no contexto educacional contemporâneo, apresento algumas sucintas metodologias desse formato de ensino e aprendizagem.

 A educação híbrida dá destaque ao uso dos recursos tecnológicos com fins de promover ambientes de aprendizagem e flexibiliza a participação dos sujeitos, facilitando o processo de ensino e aprendizagem.

 O ensino híbrido emprega as metodologias da educação presencial aos modelos da aprendizagem on-line, em que envolve os sujeitos em propósitos e projetos de metodologias ativas, envolvendo-os em pesquisas e os inserindo em contextos digitais, isto é, aos contextos das plataformas virtuais.

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 A hibridização do ensino pode tornar as aulas participativas, responsivas e flexíveis desde que os alunos têm as condicionantes para aprender no contexto híbrido, esclarecendo que nesse contexto, a sala de aula tem mudado.

 A função autodidata dos alunos é provocada, levando-o da posição passiva ao posicionamento de alunos protagonistas. Ao protagonizar o conhecimento por meio de atividades complexas, que ora interage de maneira coletiva, ora participa de forma individual.

 Na educação híbrida, o professor de maneira destacada assume a função de orientador das aprendizagens, mediador e facilitador do que os alunos precisam e de que forma podem aprender.

 Os níveis educativos da educação híbrida revelam os contextos favoráveis e desfavoráveis das escolas, dos professores e, primordialmente, dos alunos. Há que se dizer que o ensino híbrido revela os contextos sociais e tecnológicos em que professores e alunos estão envolvidos.

 No ensino híbrido as metodologias apresentam resultados com técnicas e tecnologias diversificadas, que de certo modo, tornam independentes os alunos nos seus níveis e estilos de acesso às aprendizagens.

 As estratégias da educação híbrida revelam as propostas contemporâneas de acessar e produzir conhecimentos, transitando do contexto presencial ao contexto virtual das plataformas digitais.

 A educação híbrida mescla os pontos positivos do ensino presencial (tradicional) com as perspectivas e modelos de ensino on-line (e-learning) como transição de duas modalidades de ensino e aprendizagem possíveis de realizar.

 Como ocorre no ensino presencial, as metodologias da educação híbrida, os objetivos são a formação crítica, promissora, reflexiva, proficiente e autônoma dos alunos, já que estes se tornam autodidatas na realização das atividades por via do uso das

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tecnologias de ambientes de aprendizagens virtuais, que também são esperados nos modelos educacionais híbridos.

 Na educação híbrida, o papel do professor não muda apenas se amplia na apresentação de novas propostas realizadas a partir de multimodos digitais.

 As formas de avaliação mudam com o funcionamento das aulas híbridas e realizam-se em um contexto de colaboração e reflexão.

 Na metodologia da educação híbrida, o professor desconstrói sua posição de mediador único, pois aprende com os alunos que muitas vezes têm mais afinidades com as tecnologias que o próprio docente, já que o contexto híbrido de ensino é composto de relação dialógica das aprendizagens na troca de saberes.

 A aprendizagem híbrida adequa as propostas pedagógicas aos currículos, além de flexibilizar as aprendizagens, já que a metodologia híbrida propõe pensar as mudanças dos modelos educacionais.

 No processo de ensino e aprendizagem híbrido, professores e alunos adequam-se às novas modalidades de ensinar e aprender em um contexto flexível de produção do conhecimento.

À medida que compreendemos as metodologias do ensino híbrido, entendemos também que as propostas curriculares devem estar adaptadas aos contextos de realização e promoção das aprendizagens. Assim, é preciso incluir todos no propósito de aprender e, principalmente, constituírem-se como sujeitos capazes e proficientes.

5. Considerações finais

Todas as reflexões em torno do ensino híbrido e sobre os blogs educativos não se exaurem, nem cabem no espaço discursivo deste trabalho, já que os propósitos associados aos recursos metodológicos de ensino-aprendizagem se renovam à luz das intervenções realizadas na interface tradicional e inovadora. Para cada proposta de ensino híbrido há a necessidade de elaboração e prática de um planejamento específico para cada ação detalhada no processo de ensino e aprendizagem.

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Ao aliar as ferramentas tecnológicas às práticas de ensino implica-se colocar em destaque os sujeitos, suas aprendizagens e seus contextos. Evidencia-se com isso que os blogs educativos inserem os discursos nos contextos de produção da aprendizagem, em uma perspectiva inclusiva. A justificativa do ensino híbrido está, justamente, na promoção da inclusão de todos os que precisam produzir e divulgar conhecimentos.

O modelo de ensino híbrido, ainda, constitui-se como grande desafio nas escolas brasileiras, visto que existem contextos diferentes e condições de seus indivíduos. Nem sempre conectar as práticas de ensino às tecnologias representa a realização da hibridização pedagógica e tecnológica nos contextos de ensino, pois mais que poder estudar é ser atendido, conforme cada necessidade de letramento.

Em síntese, o ensino híbrido precisa ser mais discutido, revelando suas principais características e funções, mas, principalmente, acontecer de maneira a inserir o protagonismo aos sujeitos envolvidos, desburocratizando a educação no reconhecimento das ferramentas tecnológicas como aliadas ao processo de ensino e aprendizagem para um novo século que nos desafia.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, M. C. F; SOUZA, P. F. Modelos de rotação do Ensino Híbrido: estações de trabalho e sala de aula investida, 2016. Disponível em: <http://etech.sc.senai.br/index.php/edicao01/article/view/773>. Acesso em: 26 jun. 2021.

CHRISTENSEN, C; HORN, M; STAKER, H. Ensino híbrido: uma inovação disruptiva? Uma introdução à teoria dos híbridos. Maio de 2013. Disponível em: <https://s3.amazonaws.com/porvir/wp-content/uploads/2014/08/PT_Is-K-12-blended-learning-disruptive-Final.pdf>. Acesso em: 25 abr. 2021.

DEBASTIANI, N. J; FRANCO, V.S; NOGUEIRA, C.M.I. Educação a distância: uma análise da prática docente segundo pressupostos da natureza do conhecimento científico. In: Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância, v. 17, n. 1, 2018. Disponível em: <http://seer.abed.net.br>. Acesso em: 26 jun. 2021.

HORN, M. B; STAKER, H. Blended: usando a inovação disruptiva para aprimorar a educação. Trad. Maria Cristina Gularte Monteiro. Revisão técnica Adolfo Tanzi Neto; Lilian Bacich. Porto Alegre: Penso, 2015.

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MARCUSCHI, L. A. O hipertexto como um novo espaço de escrita em sala de aula. In: Linguagem & Ensino, vol. 4, n. 1, p. 79-111, 2001. Disponível em: <http://www.periodicos.ufpel.edu.br>. Acesso em: 10 abr. 2021.

MASETTO, M. T; BEHRENS, M. Novas tecnologias e mediação pedagógica. São Paulo: Papirus, 2000.

MATTAR, J. Web 2.0 e redes sociais na educação. São Paulo: Artesanato Educacional, 2013.

MOURA, A. A. V; MARTINS, L. R. A mediação da leitura: do projeto à sala de aula. In: BORTONI-RICARDO, S. M, et al. (Orgs.). Leitura e mediação pedagógica. São Paulo: Parábola Editorial, 2012.

SCHÄFER, P. B; LACERDA, R; FAGUNDES, L. C. Escrita colaborativa na cultura digital: ferramentas e possibilidades de construção do conhecimento em rede. In: CINTED-UFRGS – Novas Tecnologias na Educação. Vol. 7, n. 1, julho, 2009. Disponível em: <http://www.seer.ufrgs.br>. Acesso em: 10 abr. 2021.

SOUSA, Ivan Vale de. Definição e funcionalidade do blog na mediação pedagógica. In: LINGUAGEM: Estudos e Pesquisas. Catalão – GO, vol. 21, n.2, p.167-182, jul./dez. 2017. Disponível em: <https://www.revistas.ufg.br>. Acesso em: 29 abr. 2021.

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