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SACRAMENTOS SINAIS DA MISERICÓRDIA

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Academic year: 2021

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1 SACRAMENTOS SINAIS DA MISERICÓRDIA

INTRODUÇÃO

Os sacramentos são dons de Deus, confiados a sua Igreja, dados aos que tem fé, para que tenham a força de dar testemunho no mundo do grande mistério do amor de Deus por todos. Os sacramentos são sinais da misericórdia e do amor de Deus aos homens, são concedidos para a vida, uma vida ligada a Deus, aos irmãos e a tudo que Deus criou.

Os sacramentos não são prêmios dados as pessoas “boas”, eles se fazem presentes em todos as etapas da vida do ser humano. A Igreja apresenta 7 sacramentos: Batismo, Eucaristia, Penitência, Confirmação (Crisma), Matrimônio, Unção dos Enfermos e Ordem. Alguns destes sacramentos são ministrados uma única vez na vida, como o Batismo, Confirmação (Crisma) e Ordem. (A Ordem é o sacramento graças ao qual a missão confiada por Cristo aos Apóstolos continua a ser exercida na Igreja, até ao fim dos tempos: é, portanto, o sacramento do ministério apostólico. E compreende três graus: o episcopado, o presbiterado e o diaconado).

Por vezes, por questões históricas, pelo pecado das estruturas, a Igreja passou por dificuldades e perseguições, encontrando incompreensões e dificuldades de manifestar os sacramentos como sinais do amor de Deus, sendo que em alguns momentos os ritos dos sacramentos foram influenciados por contextos sociais e temporais, no que tange sua ministração e organização ritual.

OS DESAFIOS AO AMOR DA IGREJA

A sociedade atual apresenta para a Igreja verdadeiros desafios para sua compreensão de misericórdia e caridade. A própria palavra MISERICORDIA, é uma junção de duas outras palavras, MISERE / CORDES, ou seja, do latim misere = miséria, e cordes = coração. Literalmente a palavra misericórdia é sentir a miséria do outro com o coração!

Podemos nos questionar de como que a Igreja sente a miséria de tantos irmãos que hoje não podem se aproximar dos sinais do amor de Deus nos sacramentos, mesmo que sejam pessoas, que tenham fé, mas devido a questões existenciais se encontram privadas dos sacramentos. A caridade, ou amor, é a resposta da Igreja diante desses irmãos e irmãs que se encontram privados da força dos sacramentos.

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2 De um lado, a Igreja é detentora de uma riqueza religiosa que é maior do que a “cultura religiosa” por ela incentivada, de outro, temos a sociedade que está em um processo de mudança muito rápida, fazendo-se necessária muita caridade da Igreja como mãe e dos fiéis como filhos amados, para viverem o amor pleno em todas as dimensões da vida.

O maior desafio está nas complexas relações da violência urbana, criminalidade, presos, casais de 2ª união, abortos, novos modelos familiares, etc. diante da busca sincera de conversão, e o desejo de Deus para que sua Igreja seja sinal no mundo de uma realidade que ultrapasse as barreiras e os limites do pecado.

É necessário que a Igreja vigie para que o rico depósito da fé não seja banalizado. Nos momentos de incertezas e dúvidas o melhor é permanecer firme com a Igreja, levando à reflexão e à oração, sem jamais querer impor mudanças bruscas. A final, o filho que ama sua mãe, não exige dela mudanças bruscas, mas tenta convencer, com amor, apresentando suas razões e submetendo-se às decisões da mãe. Vale recordar que Igreja, não se reduz à hierarquia (diáconos, padres e bispos), mas é “Povo de Deus”, ou seja, todos os batizados formam a Igreja de Cristo!

A JUSTIÇA E A MISERICÓRDIA

Justiça e misericórdia são dois aspectos de uma mesma moeda. No aspecto bíblico a justiça de Deus é fruto da misericórdia, onde as decisões de Deus nascem sempre de um conhecimento profundo das misérias dos homens, um conhecimento sentido com o coração! Assim sendo, a Igreja é chamada a ser sinal da misericórdia, já que o juízo, para a implantação da justiça divina deveria ser reservado a Deus, o único que conhece por dentro os corações de seus filhos.

Dois momentos privilegiados na Igreja para testemunhar a misericórdia de Deus nos sacramentos são: na Penitência, quando um filho deseja retornar à comunhão da Igreja, e na Unção dos enfermos, quando os seus filhos necessitam de apoio na doença e fraqueza. De fato a bula do “Ano da Misericórdia” do Papa, dá uma atenção privilegiada a estes dois sacramentos. O Papa se dirige a toda a Igreja com as seguintes palavras:

“Este é o momento favorável para mudar de vida! Este é o tempo de se deixar tocar o coração. Diante do mal cometido, mesmo crimes graves, é o momento de ouvir o pranto das pessoas inocentes espoliadas dos bens, da dignidade, dos afetos, da própria vida.

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3 Permanecer no caminho do mal é fonte apenas de ilusão e tristeza. A verdadeira vida é outra coisa. Deus não se cansa de estender a mão”.

Continua dizendo que:

“Deus e a Igreja estão dispostos a ouvir o clamor do seu povo que deseja retornar. Nenhum pecado é tão grande que Deus não possa perdoar! Basta acolher o convite à conversão e submeter-se à justiça, enquanto a Igreja oferece a misericórdia”.

Neste contexto, a relação entre justiça e misericórdia são duas dimensões que fazem parte de uma única realidade que se desenvolve passo a passo, até atingir o seu ponto mais elevado na plenitude do amor.

Na Sagrada Escritura, a justiça é concebida essencialmente como um abandonar-se confiante à vontade de Deus. Contudo, a Bíblia também relata a justiça como sendo divina e Deus como juiz, onde ela se dá na observância integral da Lei e no cumprimento dos mandamentos dados por Deus. Esta visão, porém, levou muitas vezes a cair no legalismo, mudando o sentido original e escondendo o valor profundo que a justiça possui.

Por sua vez, Jesus fala mais vezes da importância da fé, que da observância da lei. É neste sentido que devemos compreender as suas palavras, quando, sentado à mesa com Mateus e outros publicanos e pecadores, disse aos fariseus que o acusavam por esta atitude: «Ide aprender o que significa: Prefiro a misericórdia ao sacrifício. Porque Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores» (Mt 9, 13).

Diante da visão duma justiça como mera observância da lei, que julga dividindo as pessoas em justos e pecadores, Jesus procura mostrar o grande dom da misericórdia que busca os pecadores para lhes oferecer o perdão e a salvação. Por causa desta sua visão tão libertadora e fonte de renovação, acredita-se que Jesus tenha sido rejeitado pelos fariseus e os doutores da lei que para serem fiéis à lei, limitavam-se a colocar pesos sobre os ombros das pessoas, anulando, porém, a misericórdia do Pai.

A propósito, é muito significativo o apelo que Jesus faz ao texto do profeta Oseias: «Eu quero a misericórdia e não os sacrifícios» (6, 6). Jesus afirma que, a partir de agora, a regra de vida dos seus discípulos deverá ser aquela que prevê a misericórdia em primeiro lugar, como Ele mesmo dá testemunho partilhando a refeição com os pecadores, mostrando-nos quão essencial é a misericórdia e até onde ela chega.

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4 Será, portanto, este Ano Santo um extraordinário tempo para se viver, na existência de cada dia, a misericórdia que o Pai, desde sempre, estende sobre nós. Neste Jubileu, deixemo-nos surpreender por Deus. Ele nunca se cansa de escancarar a porta do seu coração, para repetir que nos ama e deseja partilhar conosco a sua vida.

A Igreja sabe que é necessário anunciar a misericórdia de Deus, fazendo com que todos sintam-se participantes desta grande graça, contemplando o rosto de Cristo, sobretudo numa época como a nossa, cheia de grandes esperanças e fortes contradições. A Igreja é chamada, em primeiro lugar, a ser verdadeira testemunha da misericórdia, professando-a e vivendo-a como o centro da Revelação de Jesus Cristo.

A misericórdia brota do mais profundo mistério de Deus, do coração da Trindade, como uma fonte que nunca secará. Sempre que alguém tiver necessidade poderá busca-la, porque a misericórdia de Deus não tem fim. A Igreja deseja que os seus sinais sejam de vida e vida em plenitude. Os seus sacramentos são remédios para a alma sofrida do homem moderno, que mesmo vivendo em meio a um grande desenvolvimento socioeconômico, também é vítima do isolamento, da pobreza, da injustiça e sofrimento. É tempo de reconciliação, é tempo de reconhecer que necessitamos de Deus, dos irmãos e da natureza!

Neste Ano Jubilar da Misericórdia, que a Igreja se faça eco da Palavra de Deus que ressoa, forte e convincente, como uma palavra e um gesto de perdão, apoio, ajuda, amor. Que ela nunca se canse de oferecer misericórdia e seja sempre paciente a confortar e perdoar. Que a Igreja se faça voz de cada homem e mulher e repita com confiança e sem cessar: «Lembra-te, Senhor, da tua misericórdia e do teu amor, pois eles existem desde sempre» (Sl 25/24, 6).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Gostaríamos de finalizar nosso texto com as palavras do Papa, que na conclusão de sua bula do Ano da Misericórdia, nos afirma que as chagas de Cristo nos revelam a seriedade da misericórdia de Deus. Por isso, o Santo Padre nos convida a voltarmos ao texto do Evangelho, no qual, o Cristo, glorioso e por chagas ferido, sopra sobre seus discípulos concedendo-lhes o Espírito Santo para a remissão dos pecados. Assim, podemos com confiança bendizer ao Senhor que, em sua Páscoa, nos revelou a "feliz culpa que nos fez merecer tão grande Redentor".

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5 A “feliz culpa” que nos permitiu conhecer o amor do Pai ao extremo, e não a caricatura do Deus que, em seu grande livro - ou no disco rígido de um moderno computador - registra todos os pecados. A “feliz culpa” que proclama um Pai sempre justo, mais disposto a perdoar do que a condenar. Tal como diz são Bernardo, as chagas de Cristo nos revelaram sua misericórdia. A sua e também a misericórdia do Pai:

Onde poderá nossa fraqueza encontrar um descanso seguro e tranquilo, senão nas chagas do Salvador?

Nelas habito com segurança, sabendo que Ele pode salvar-me. Grita o mundo, o corpo me oprime, o diabo prepara-me embustes,

mas eu não caio, porque estou alicerçado em pedra firme. Se cometo um grande pecado,

minha consciência provoca-me remorsos,

mas não perderei a paz, porque me lembrarei das chagas do Senhor. Seus desígnios eram desígnios de paz, e eu o ignorava.

Mas o cravo penetrante para mim se transformou

numa chave que me abriu o conhecimento da vontade do Senhor. As feridas que seu corpo recebeu nos deixam ver os segredos de seu coração;

Deixam-nos ver o grande mistério de piedade; Deixam-nos ver a afetuosa misericórdia de nosso Deus,

pela qual nos visitou o sol que nasce do alto. Portanto, meu único mérito é a misericórdia do Senhor. Não serei pobre em méritos, enquanto não o for Ele em misericórdia.

E, como muita é a misericórdia do Senhor, muitos são também meus méritos.

E embora eu tenha consciência de meus inúmeros pecados, onde inúmeros foram os pecados, infinita foi a graça.

E se a misericórdia do Senhor dura sempre,

Referências

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