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Primeiras análises da dinâmica populacional do Estado do Ceará na última década 1

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populacional do Estado do Ceará

na última década

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Elaboração: Renato Pequeno2

Introdução

O período histórico vigente desde meados do século XX é marcado por um processo acelerado de globalização da produção e do consumo. Organiza-se, desde então, um novo sistema econômico, que tem reestruturado a produção e o território de todos os países, promovendo uma ordem econômica caracterizada pela comunhão global entre os lugares. Nesta expansão da economia globalizada, o Estado do Ceará assume um novo papel na divisão social e territorial do trabalho e deve ser considerado como uma fração do espaço total do planeta, cada vez mais aberto às influências exógenas e aos novos signos do presente.

Nos últimos trinta anos, frente às exigências da produção flexível, é visível sua reestruturação econômica e territorial, com objetivos claros de inserir-se na lógica da produção e do consumo globalizados. O dinamismo econômico e da construção do território cearense já se manifesta pela modernização da produção agrícola; pela implantação de indústrias, fruto da guerra fiscal; pela construção de infraestruturas associadas aos transportes, às comunicações, ao saneamento básico, aos recursos hídricos; pelo desenvolvimento de novas fontes

1 Texto em versão ainda não discutida junto ao Núcleo do Observatório das

Metrópoles de Fortaleza. Sua realização contou com a colaboração de Juciano Rodrigues, Arthur Molina, Marisa Valle Magalhães e Érica Tavares da Silva da equipe da coordenação nacional do Observatório das Metrópoles. Os cartogramas deste trabalho foram organizados pelo autor, com projeto gráfico de Lara Lima

2 Professor da UFC e Pesquisador do Núcleo do Observatório das Metrópoles de

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de energia; pela expansão de comércios e serviços especializados, incluindo o crescimento das atividades turísticas etc.

No âmbito regional, os programas governamentais buscaram garantir condições mínimas para a interiorização dos investimentos industriais a serem atraídos, aproveitando-se da conjuntura favorável em que se processava a reestruturação econômica no país. Além disso, grandes obras associadas ao abastecimento de água voltadas para viabilizar o agronegócio da fruticultura e outras que reestruturaram o sistema viário na faixa litorânea, com o intuito de facilitar a expansão do turismo de sol e praia.

Da mesma forma, foram elaborados programas de desenvolvimento urbano do Estado, tendo como principais ações estratégicas a realização de processos de planejamento na escala local, os quais buscavam promover o ordenamento territorial. Destaca-se também como objetivo deste programa a identificação de projetos estruturantes, os quais deveriam ser capazes de garantir às cidades do Ceará condições adequadas para atender às necessidades trazidas com as novas atividades.

Com isso pretendia-se consolidar uma rede urbana estruturada por cidades consideradas “estratégicas”, a qual viria a se contrapor ao histórico crescimento macrocefálico que prevalece no Estado, tendo a capital Fortaleza como ponto de convergência dos vários fluxos provenientes das diversas regiões em que o Ceará se subdivide.

Entretanto, as análises referentes às estratégias de desenvolvimento adotadas indicam o acirramento das desigualdades socioespaciais nas suas diferentes escalas. Na dimensão regional, a concentração de investimentos em determinadas micro-regiões derivaram numa maior amplitude das disparidades inter-regionais. No intra-urbano, as cidades que assumiram a função de organizar os espaços produtivos sob sua influência, passaram a conviver no curto prazo com os problemas decorrentes da urbanização desenfreada, atraindo contingentes populacionais oriundos do meio rural e mesmo de outras cidades menos dinâmicas, os quais passam a ocupar de forma predatória os espaços periféricos e as faixas de preservação permanente. Disto observa-se que apesar das políticas públicas implementadas desde as últimas décadas, os problemas

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urbanos presentes nas cidades cearenses tem crescido num ritmo mais acelerado que os investimentos em infraestrutura.

Neste artigo, pretende-se analisar a dinâmica do crescimento demográfico no Estado do Ceará a partir dos dados divulgados pelo IBGE referentes ao censo de 2010. É certo que as variáveis até aqui disponibilizadas não nos permitem maiores conjecturas e análises a respeito da dinâmica demográfica, mas para dar início ao debate, buscaremos verificar quais processos podem ser denotados mediante a compreensão das variações em termos de total da população, da distribuição etária e das diferenças de gênero.

Adota-se para esta análise diferentes unidades espaciais: o Ceará no Brasil; o Estado em suas mesorregiões definidas pelo IBGE; os municípios que compõem o Estado; as relações existentes entre Fortaleza, núcleo da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) e os demais municípios considerados periféricos à metrópole. Cumpre aqui destacar que, a RMF assume regionalizações diversas: uma definida pelo IBGE correspondendo a uma das sete mesorregião do Estado, composta por 11 municípios; outra, adotada pela Rede de Pesquisa Observatório das Metrópoles e que representa a delimitação político administrativa instituída pelo Governo Estadual, agrupando 15 municípios. (Ver figuras 1 e 2)

Em termos demográficos, de acordo com os dados do Censo de 2010 (IBGE), o Ceará corresponde ao oitavo estado brasileiro em termos de população absoluta, sendo também o terceiro da região Nordeste, não havendo alteração em sua posição hierárquica com relação ao Censo Demográfico de 2000. Apesar de tradicionalmente considerado como estado de emigrantes, em termos relativos, o Ceará apresenta leve acréscimo em seu percentual no total da população brasileira.

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Figuras 1. Ceará e RMF. Situação geográfica

O Ceará em suas Mesorregiões

Importante analisar a composição das diversas mesorregiões do Estado do Ceará, para que se possa melhor compreender as dinâmicas demográfica.

Mesorregião de maior destaque, a Região Metropolitana de Fortaleza

representa, na escala estadual, o ponto máximo da concentração de investimentos e da disseminação das desigualdades socioespaciais. Desde uma escala mais ampla, de acordo com os estudos do IBGE sobre as Regiões de Influência de Cidades realizado em 2007, Fortaleza possui a terceira maior região de influência entre as cidades, num total de aproximadamente 20 milhões de pessoas, sendo superada apenas por São Paulo e o Rio de Janeiro. Tomam parte de sua região de influencia, grande parte dos Estados do Rio Grande do Norte, Piauí, Maranhão, indo até o Pará.

A leitura da estrutura viária estadual, onde quase todas as principais rodovias convergem para a metrópole, esclarece esta condição da RMF. Mesmo na metrópole, estas disparidades se reproduzem, havendo forte polarização de Fortaleza, enquanto núcleo, sobre os demais municípios.

Tratando-se da mais densa capital brasileira em termos populacionais, observa-se ainda que Fortaleza apreobserva-senta-observa-se conurbada com os municípios vizinhos, os quais têm nestas áreas limítrofes à capital, seus mais densos setores. Ressalta-se ainda a maior concentração de indústrias, algumas das quais ainda remanescem em Fortaleza, porém grande parte já se redistribuiu nos municípios periféricos,

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por conta de facilidades logísticas e de incentivos fiscais, concentrando-se no distrito industrial de Maracanaú ao sudoeste, no eixo industrial ao longo da BR 116 ente Pacajús e Horizonte ao sudeste. Outras tendem a se concentrar no extremo oeste da RMF nas adjacências do Porto do Pecém, onde foi implantado um novo porto e está previsto um complexo petroquímico e siderúrgico.

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Figura 2: Estado do Ceará em mesorregiões

A Mesorregião Norte, composta por 36 municípios, quatro dos quais tomam parte da RMF (São Gonçalo, Chorozinho, Cascavel e Pindoretama), praticamente abraça a Mesorregião Metropolitana. Tomam parte desta mesorregião: os municípios litorâneos ao leste e ao oeste da Metrópole; os municípios peri-urbanos em situação de transição entre o sertão e o litoral; e outros que tomam parte das serras úmidas conhecidas como maciço do Baturité. A expansão de empreendimentos imobiliários associados à segunda residência e a intensificação das relações diárias com a RMF, no atendimentos às demandas por serviços, em meio a uma paisagem tradicional da caatinga sobressaem como algumas de suas características. Na Mesorregião Norte destacam-se os seguintes municípios: o município de Itapipoca, com mais de 100.000 habitantes tornando-se mais uma cidade de porte médio com funções diversificadas; com população acima de 50.000 pessoas, sobressaem-se: Canindé, município orientado pelo indústria do turismo religioso regional, Cascavel e Trairi, os quais juntamente com outros da faixa litorânea têm apresentado crescimento urbano e demográfico maior associado ao turismo e aos empreendimentos a ele associados.

A Mesorregião Noroeste também reúne municípios de biomas diversos, dada a inclusão de municípios litorâneos, a presença de serras úmidas e outras partes características da caatinga. Cada uma delas pode ser reconhecida como um compartimento homogêneo associada às condições edafoclimáticas. Todavia, o município de Sobral, com mais de 188.000 habitantes se destaca como centro regional histórico, cujo desenvolvimento se vincula tradicionalmene ao comércio e à prestação de serviços para toda a mesorregião por ele organizada e, mais recentemente, à industrialização com destaque para o setor calçadista. Na faixa litorânea destacam-se Camocim e Acaraú, municípios com população próxima a 60.000 habitantes, destacando-se como centros regionais do litoral extremo-oeste, os quais, juntamente com outros de menor porte, têm recebido investimentos no setor turístico e na carcinicultura, atividades estas nem sempre harmônicas com a pesca tradicional que ainda resiste. Na Chapada da Ibiapaba, micro-região fronteiriça com o Piauí, destaca-se o município de Tianguá, com

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população acima de 68 mil pessoas, organiza um corredor de municípios serranos, com cidades com população entre 20 e 50 mil habitantes, todos eles com predominância da atividade agrícola mais tradicionais.

Na Mesorregião dos sertões cearenses, destaca-se a presença de seis centros regionais com mais de 50.000 habitantes, organizando suas regiões de influência direta, tendo todos eles em comum as condições climáticas típicas da caatinga. Trata-se da região mais pobre do Estado do Ceará, tradicional celeiro de migrantes nos períodos de estiagem mais prolongados. Sobressaem dentre todos, um par de municipalidades vizinhas, Quixadá e Quixeramobim, como as mais populosas, 80.000 e 71.000 respectivamente. Outros como Tauá, Crateús, Acopiara e Boa Viagem, outrora centros regionais também vinculados à tradicional produção pecuária extensiva e de algodão arbóreo, mais conhecidos como binômio gado-algodão, responsáveis pela ocupação de grande parte do sertão, remanescem com suas atividades econômicas tradicionais, fazendo da convivência com o semi-árido, sua estratégia de desenvolvimento sustentável. O Sul do Estado corresponde à Mesoregião estruturada em torno de aglomeração urbana composta por três municípios que, somados, ultrapassam a população de 420.000 pessoas: Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha. Desde 2009, um conjunto de nove municípios compõe a Região Metropolitana do Cariri, através de lei complementar estadual, perfazendo um total de 560 mil habitantes. A diversidade das atividades econômicas - notadamente o comércio, os serviços e a indústria tradicional vinculada ao couro - associadas ao turismo religioso e às condições climáticas favoráveis, verdadeiro oásis no semi-árido, bem como a localização distante da RMF, cerca de oito horas por via rodoviária, fazem com que a região assuma características particulares, inclusive mantendo importantes vínculos também com a Região Metropolitana do Recife, dada a sua eqüidistância em relação às mesmas.

A Mesorregião do Centro Sul se organiza em torno dos municípios de Iguatu (96 mil habitantes e do Icó (64 mil habitantes). Tratando-se de municípios vizinhos, os mesmos organizam região com características fito-geográficas similares aos sertões, com atividades vinculadas ao tradicional binômio gado-algodão. Difere todavia a presença de recursos hídricos represados em açudes

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que permitiram a perenização do rio Jaguaribe, ao longo do qual se distribui a maioria dos núcleos urbanos, e os mais antigos perímetros irrigados do Estado do Ceará, fruto de políticas públicas derivadas do período desenvolvimentista que resultou na criação da Sudene, e até hoje estão associados à produção agrícola e à organização do espaço agrário cearense.

Por fim, tem-se a Mesorregião do Jaguaribe reunindo municípios do médio e baixo Jaguaribe, da chapada do Apodi (fronteira com o Rio Grande do Norte) e os do litoral extremo leste, coincidentes com a foz do rio. Trata-se de região das mais dinâmicas do Estado do Ceará, dadas algumas importantes atividades econômicas tais como: o turismo no litoral, centradas nas praias de Aracati (69.000 hab.); o agronegócio de frutas tropicais (especialmente melão e banana) na Chapada do Apodi e no Tabuleiro de Russas, comandados por Limoeiro do Norte (56.000 hab.); a tradicional indústria cerâmica e recente indústria calçadista, concentradas em Russas, maior município com quase 70 mil habitantes. Todas elas, somadas ao papel de Morada Nova, município com mais de 60 mil pessoas, com tradicional agricultura familiar, refletida em uma feira semanal, fazem desta mesorregião, uma das mais equilibradas em termos de rede-urbana. Contribui para tanto, a presença de eixos viários regionais que atravessam a região, seja na direção do Centro Sul, (BR 116) direção de Mossoró (RN), cidade de porte médio que se coloca como alternativa a Fortaleza na prestação de serviços e no comércio, notadamente aquele associado ao agronegócio.

Estudos preliminares sobre a dinâmica populacional recente

Considerando a distribuição populacional, segundo Mesorregiões, algumas questões se destacam. Poderíamos dizer que, ainda que todas elas tenham apresentado crescimento populacional absoluto na década considerada para análise, não só continua como foi reforçada uma rede urbana marcada por forte macrocefalia, uma vez que a RMF concentra perto de 40% da população total do Estado, nos dois anos censitários.

Em segundo lugar em concentração de população, teríamos a mesorregião noroeste cearense, com cerca de 16% da população total do Estado nos dois anos. Dessa forma, se somarmos a população total dessa mesorregião à da RMF,

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teríamos mais da metade de toda a população do Estado, cerca de 55% em 2000 e 57%, em 2010. Disto depreende-se que, apesar das ações planejadas e dos investimentos realizados, remanesce o crescimento mais acentuado na RMF. No que tange a variação populacional na década, a RMF apresentou os maiores crescimentos, tanto absoluto, quanto relativo. Foram mais de 537 mil novos habitantes no período, representando um crescimento de cerca de 18,5 %. A RMF seguiram-se em termos de crescimento populacional absoluto, as Mesorregiões do Noroeste e Norte, conforme tabela 2.

Tabela 1. Ceará. População total, segundo mesorregiões. 2000 e 2010.

Mesorregião total_2000 % relativo CE total_2010 % relativo CE

Centro-Sul 357.360 4,8% 376.239 4,5% Jaguaribe 484.830 6,5% 528.274 6,3% Metropolitana Fortaleza 2.930.374 39,4% 3.468.137 41,0% Noroeste Cearense 1.178.307 15,9% 1.326.771 15,7% Norte Cearense 876.403 11,8% 1.006.582 11,9% Sertões Cearenses 814.125 11,0% 869.778 10,3% Sul Cearense 789.262 10,6% 876.600 10,4% TOTAL ESTADO 7.430.661 100,0% 8.452.381 100,0% Fonte: IBGE, 2000 e 2010

Tabela 2. Ceará. Variação da População Total, segundo mesorregiões, 2000 a 2010.

Mesorregiões Variação absoluta Variação relativa

Centro-Sul 18.879 5,28% Jaguaribe 43.444 8,96% Metropolitana 537.763 18,35% Noroeste Cearense 148.464 12,60% Norte Cearense 130.179 14,85% Sertões Cearenses 55.653 6,84% Sul Cearense 87.338 11,07% TOTAL ESTADO 1.021.720 13,75% Fonte: IBGE, 2000 e 2010

Por sua vez, quando se observa a classificação dos municípios do Estado segundo classes de tamanho de sua população, constata-se outro tipo de alteração (ver tabela 3). Há uma pequena redução do número de municípios com até 50 mil habitantes e aumenta a quantidade de municípios com população variando entre 50 e 500 mil habitantes.

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Aumenta, dessa forma, o número de cidades de porte médio, tanto aquelas com função de organizar espaços não metropolitanos, como as que se alojam nas metrópoles. Da mesma forma, cresce o percentual de concentração de população nessa última classe de municípios. Juntos os municípios nas faixas entre 50 e 500 mil habitantes já representam mais de um terço da população cearense, passando de cerca de 27,5 % para 34,5 % da população total. Os municípios menos populosos perdem representatividade no total passando de cerca de 43% para 36%. Vale destacar que somente a capital é responsável por 29% da população total do Estado do Ceará.

Tabela 3. Ceará. Municípios, segundo classes de população total. 2000 e 2010. censo 2000 censo 2010 População N. municípios tot_pop % sobre pop. total CE N. municípios tot_pop % sobre pop. total CE menor 20 mil 98 1.232.361 16,6% 92 1.222.438 14,5% de 20 a 50 mil 62 1.986.632 26,7% 59 1.846.572 21,8% de 50 a 100 mil 18 1.168.000 15,7% 25 1.607.462 19,0% de 100 a 500 mil 5 902.266 12,1% 7 1.323.724 15,7% Acima de 500 mil 1 2.141.402 28,8% 1 2.452.185 29,0% Total 184 7.430.661 100,0% 184 8.452.381 100,0% Fonte: IBGE, 2000 e 2010

Seria natural a queda do número de municípios menores por conta do crescimento vegetativo da população, mas considerando a política de desenvolvimento conduzida pelo governo do Estado nas últimas décadas, observa-se que esteja havendo uma redistribuição de população nos centros regionais em detrimento dos pequenos municípios. Mais ainda, contribui para este decréscimo o fato de que ao longo da década não foram criados novos municípios, os quais, majoritariamente, são de pequeno porte. As figuras seguintes mostram o Estado e seus municípios, quanto ao tamanho da população.

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Figura 3: Ceará. Municípios classificados segundo tamanho da população, 2000.

As mesorregiões metropolitanas, norte e noroeste agrupam transformações que indicam o seu crescimento populacional, tanto na metrópole, como ao longo do litoral oeste em direção à fronteira com o Estado do Piauí. Maranguape e Itapipoca ultrapassando o total de 100.000 habitantes; Granja e Viçosa no extremo noroeste e Acaraú e Trairi na faixa litorânea oeste chegam a mais de 50.000 pessoas. Ao sul, apenas Barbalha atravessa o total de 50.000 juntando-se ao Crato e a Juazeiro do Norte como os mais populosos da mesorregião.

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Figura 4: Ceará. Municípios classificados segundo tamanho da população, 2010.

A próxima figura (5) indica os municípios com crescimento demográfico superior a 20 % ao longo dos anos 2000, confirmando as análises anteriores, visto que a maioria dos municípios com os percentuais mais significativos se situa nas mesorregiões metropolitana, norte e noroeste. Reforça-se o destaque para a RMF, onde 11 de seus 15 municípios tiveram variação superior a 20% entre os censos de 2000 e 2010.

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Figura 5: Ceará. Municípios com variação no seu crescimento demográfico superior a 20% entre 2000 e 2010, IBGE

Considerando o conjunto de mesorregiões que compõem o Estado do Ceará, no que concerne à média de idade da população, chama atenção, em todas as unidades espaciais de análise, que a idade média da mulher supera a do homem, denotando maior longevidade da primeira (ver tabelas 4 e 5). Destaques para as mesorregiões Metropolitana e Sul do Estado, onde as pessoas do sexo feminino apresentam idade média dois anos maior. Isto indicaria que justamente nas

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regiões mais urbanizadas, o homem estaria vivendo menos. Seria tal característica já conseqüência da violência urbana e do estilo de vida?

Em termos absolutos e relativos, prevalecem as mulheres sobre os homens para todas as mesorregiões, exceto na mesorregião Norte, onde se tem o predomínio do sexo masculino. A diferença entre homens e mulheres é maior na meso-região metropolitana em relação às demais. Empregos domésticos, dentre outras facilidades de trabalho nos setores secundário tradicional e terciário não especializado oferecidos na metrópole poderiam ser os responsáveis por esta alteração dada a proximidade entre as duas mesorregiões. Algo a investigar!

Tabela 4: População total de homens e mulheres: números absolutos e relativos Meso- regiões 2000 2010 total_ homens total_ mulheres %_h %_m ptotal_h ptotal_m %_h %_m Centrosul 175.598 181.762 49,1 50,9 184.331 191.908 49,0 51,0 Jaguaribe 241.459 243.371 49,8 50,2 262.473 265.801 49,7 50,3 Metrópole 1393.250 1537.124 47,5 52,5 1650.222 1817.915 47,6 52,4 Noroeste 587.223 591.084 49,8 50,2 660.239 666.532 49,8 50,2 Norte 444.709 431.694 50,7 49,3 507.209 499.373 50,4 49,6 Sertões 404.494 409.631 49,7 50,3 431.307 438.471 49,6 50,4 Sul 381.741 407.521 48,4 51,6 424.307 452.293 48,4 51,6 3628.474 3802.187 4120.088 4332.293 Fonte: IBGE, 2000 e 2010

Tabela 5: Ceará. Idade média da população, segundo sexo e variações.

Idade média

mesorregião homem mulher total Var. M- H

metropolitana 29,83 32,09 31,01 2,26 norte 29,91 30,60 30,25 0,69 noroeste 29,42 30,55 29,99 1,12 sertões 31,58 32,59 32,09 1,01 sul 29,72 31,72 30,75 2,00 Centro-sul 32,09 33,46 32,79 1,37 Jaguaribe 31,39 32,68 32,04 1,29 Ceará 30,15 31,79 30,99 1,64 Fonte: IBGE, 2010

Quando nos deparamos com a RMF, subdividida entre o núcleo, a capital Fortaleza, e os demais municípios que compõem a sua periferia, chama atenção

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as significativas diferenças entre os mesmos, entre as quais: a maior longevidade no núcleo da RMF associada a uma maior idade média independente do gênero, representando mais que o dobro em relação à periferia. Isto indicaria que o desenvolvimento concentrado na capital em termos de acesso aos equipamentos de saúde e as infraestruturas urbanas básicas estaria influenciando na maior expectativa de vida.

Merece ser pesquisado com maior detalhamento a redução da variação da idade média das mulheres sobre os homens nos municípios periféricos da RMF. De qualquer forma, isto denotaria a maior proximidade dos padrões de qualidade de vida da periferia metropolitana em relação ao interior do Estado do Ceará, se comparado com o município pólo, ao qual a periferia estaria fisicamente mais perto.

Tabela 6. RMF. Idade média da população, segundo variações entre homens e mulheres. 2010.

idade média Total abs.

homem mulher total Var. M- H M - H % M-H/ tot.

núcleo 30,34 32,94 31,72 2,60 156.349 6,38%

periferia 28,73 29,96 29,35 1,23 10.253 0,95%

RMF - Obs. 29,83 32,06 31,00 2,23 166.602 4,72%

Fonte: IBGE, 2010

Considerando a distribuição de população em suas faixas etárias, algumas transformações podem ser claramente observadas. Em geral, conforme apresenta o Censo 2010, reduz-se o contingente demográfico nas faixas mais jovens, com idades inferiores a 20 anos. Ao mesmo tempo, observa-se a expansão da população em todas as demais faixas, denunciando tendência de aceleração do processo de envelhecimento da população.

Estreita-se a base e alarga-se o topo e especialmente aumenta o meio da pirâmide demográfica para todas as mesorregiões, conforme ilustram os gráficos seguintes. A redução da base da pirâmide mostra-se mais intensa para Fortaleza,

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o núcleo da RMF, da mesma forma que faixas intermediárias indicam maior representatividade da população entre 20 e 49 anos, se comparadas às demais. Fundamental perceber que estes dados indicam a necessidade de criação e implementação de políticas públicas específicas voltadas para essas mudanças. Novos equipamentos sociais, espaços públicos mais acessíveis e mesmo alterações na composição arquitetônica das unidades habitacionais se colocam como desafios para os gestores com relação ao futuro próximo.

Considerações finais

A guisa de conclusão, observa-se que a partir da divulgação destes primeiros dados, já se pode perceber um conjunto de alterações socioespaciais. Para o caso do Ceará, ainda que de forma bastante incipiente, arriscaríamos dizer que os dados apontam para uma maior concentração da população em algumas regiões por conta das facilidades, das oportunidades e dos investimentos.

No caso, é possível reconhecer a concentração populacional nas mesorregiões metropolitana, norte e noroeste como impacto da lógica excludente dos macro-vetores adotados como elementos motrizes do desenvolvimento do Ceará, quais sejam: o turismo na faixa litorânea, o agronegócio da fruticultura especialmente no baixo curso dos rios Jaguaribe e Acaraú, a indústria concentrada na RMF. Some-se a isso, a metrópole que nos indica tendência de dispersão no seu crescimento ao mesmo tempo que concentra investimentos em infra-estrutura e centraliza o poder.

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Anexo: Pirâmides etárias para as mesorregiões cearenses: 2010 X 20003

1. Estado do Ceará

2. Mesorregião Metropolitana de Fortaleza

3 Gráficos organizados e elaborados por Juciano Rodriguez, pesquisador do

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3. Mesorregião Norte

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5. Mesorregião Sertões Cearenses

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7. Mesorregião Centro Sul

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9. Região Metropolitana de Fortaleza – Observatório das Metrópoles

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