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Editora Penalux Guaratinguetá, 2020

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Academic year: 2021

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Editora Penalux

Guaratinguetá, 2020

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NO PASSADO

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Depois de toda a verdade que restava

De todos os enganos nas estradas sem retorno De toda chuva que escorreu pelos vidros das janelas empoeiradas das tuas coxas

De todas as pontes elevadas Impedindo a passagem Depois de tudo

Depois do mundo Depois do fundo

Depois do teu cheiro na varanda do meu peito Do teu jeito na bola de cristal 

Que brilha na mesa da sala Das lições que ninguém ensinou Depois de toda a música do piano Que continuava a tocar

De todas as fotos queimadas no barro Depois de tudo Depois do mundo Depois do fundo Havia o ar Armar miolo-poemaspravoce.indd 15 miolo-poemaspravoce.indd 15 20/10/2020 23:56:5820/10/2020 23:56:58

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Você se lembra

Que havia uma promessa Ainda que não dita

Sobre o peso que havia no ar? Você se lembra

Que havia um esmorecer Um amanhecer e um anoitecer Dentro do quarto

Dentro do girar da chave da porta Dentro dos cantos do meu beijo? Você se lembra

Que havia, ainda que não dita Uma vida inteira

Dentro de um pote de vidro Transparente e embaçado? Uma vida inteira

Num tempo

Em que eu costumava Cantar pra você.

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Uma mosca passou rente ao teto

Com os olhos vidrados numa mancha escura Pequena e frágil

Como o bater das minhas asas Era vigente entender

O que havia de tão intenso Na mancha escura do teto Na mancha escura do osso Na mancha escura do coração O que atraía as moscas pra dentro? Era um complexo de café e avelã, Um cheiro de carne exposta ao ar Ou era a escuridão 

Que tentava dominar o coração?

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Sonho sempre que meu corpo é como um lago 

Profundo, escuro e com a claridade interna de um desespero em vaga-lumes

E mesmo que a lâmina afiada da morte

Tente apagar a luz dos olhos que outrora foram meus

E mesmo que tente apagar o amor, o tempo, as nuvens doces em algodão

A roda da vida gira em sorte e encanto Trazendo a reza de encontrar todo dia No cheiro da sua voz

O caminho de volta a superfície Mesmo que eu ainda

Não saiba nadar Em águas turvas

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Acalma teu coração Que é feito de vento

Em puro desatino descendo a ladeira Como uma criança em dias de sol Com brisa amena e cheia de energia Gritando a plenos pulmões

O quanto é bom existir Naquele momento Naquele tempo Naquele vento

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Se eu pudesse Reduzir em minutos As horas que rasgam

A sua distância dentro de mim Eu faria sol em noite sem luar

E mandaria chover nas flores que estavam secas No arado vivo da minha terra

Se eu pudesse resumir em versos Cada um dos sorrisos que você me põe Sairiam sonetos intermináveis

Com métricas diferentes Por tamanho e intensidade Por graça e presença

Se eu pudesse, ah, se eu pudesse Te resumir a mim

Guardaria preso dentro do meu peito Preso, feito amor

Feito ar

Guardaria seguro

Dentro dos olhares que ainda vou viver Dos lugares que ainda vou sentir E das voltas ao mundo

Que cabem dentro

Do contorno do teu corpo.

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A depressão também ama Solene e impertinente

Ama entre os medos do abandono

E os gritos da cabeça inquieta no meio da noite Ama como quem nunca amou antes

Mas como se tivera amado todas as vezes

É um tronco misturado numa pilha bagunçada de rou-pas sujas

E um iminente choro de algo que não se reconhece Existe um vazio preso dentro do coração

Da depressão de quem ama Do depressor, do defensor

Existe um vazio preso dentro de tudo Dos olhos cansados, das viseiras baixas

Existe, até mesmo, as veias sobressaltadas dos braços em repouso

A depressão também ama Sem saber receber o que se dá Sem saber dar o que se recebe

Sem entender o porquê das noites insones Olhando sem acreditar a própria sorte Não há sanidade, há amor

Não há só o vermelho do sangue Há também o da boca, do corpo Da rosa cravada ao peito no passado E, no fundo, escondido

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Este livro foi composto em Utopia Std pela Editora Penalux e impresso em papel

off-white 80 g/m², em outubro de 2020.

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Referências

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