• Nenhum resultado encontrado

REVISTA MOTRICIDADE N.º 04

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "REVISTA MOTRICIDADE N.º 04"

Copied!
100
0
0

Texto

(1)

CORPO EDITORIAL DA MOTRICIDADE Editor-chefe Editores Juniores Editores Associados Conselho Editorial Consultores:

Prof. Doutor Victor Machado Reis (UTAD) Dr. Felipe José Aidar (UTAD, Portugal) Dr. André Carneiro (Furnorte-MG, Brasil) Prof. Doutor António José Silva (UTAD, Portugal) Prof. Doutor José Alberto Duarte (FADE-UP, Portugal) Prof. Doutor Ricardo Jacó Oliveira (UCB-DF Portugal) Prof. Doutor Jefferson Novaes (UFRJ-RJ, Portugal) Prof. Doutor José Vasconcelos Raposo (UTAD, Portugal) Prof. Doutor António Serôdio (UTAD, Portugal)

Prof. Doutor Carlos Albuquerque (ESSV, Portugal) Prof. Doutor Estelio Martim Dantas (UCB-RJ, Portugal) Prof. Doutor Francisco Bessone Alves (FMH-UTL, Portugal) Prof. Doutor João Paulo Brito (ESDRM-IPS, Portugal) Prof. Doutor João Paulo Vilas-Boas (FADE-UP, Portugal) Prof. Doutor José Rodrigues (ESDRM, Portugal) Prof. Doutor Leandro Machado (FADE-UP, Portugal) Prof.ª Doutora Maria Dolores Monteiro (UTAD, Portugal) Prof. Doutor Manuel Sérgio (Instituto Piaget, Portugal) Prof. Doutor José Fernandes Filho (EEFD/UFRJ, Brasil) Prof. Doutor Rodolfo Benda (UFMG-MG, Brasil Prof. Doutor Paulo Dantas (UNIGRANRIO-RJ, Brasil) Prof. Doutor Tiago Barbosa (IPB, Bragança, Portugal) Mestre Jaime Tolentino (Funorte-MG, Brasil) Mestre Mário Marques (UPO, Espanha) Mestre António Moreira (ESDRM-IPS, Portugal) Dr.ª Ana Maria Almeida Torres

(Hospital São Teotónio de Viseu, Portugal) Dr. José Ramos

(Centro Nacional de Medicina Desportiva, Portugal)

REVISTA

MOTRICIDADE

N.º 04

Revista Técnica e Científica

da Fundação Técnica e Científica do Desporto

(2)
(3)

resistir ao para-a-frentismo

{ EDITORIAL { ARTIGOS ????

{ 7

Motivos da prática esportiva de acordo com o nível

de competência percebida na idade adulta: um estudo piloto {Lores, A.; Murcia, J.; Dantas, E.

{ 22

O treino da flexibilidade muscular e o aumento da amplitude de movimento: uma revisão crítica da literatura {Coelho, L.

{ 38

Influência aguda da ordem dos exercícios resistidos em uma sessão de treinamento para peitorais e tríceps

{Novaes, J.; Salles, B.; Novaes, G.; Monteiro, M.; Monteiro, G.; Monteiro, M. { 46

Prevalência de sobrepeso e obesidade em homens adultos

segundo dois critérios de diagnóstico antropométrico {Filardo, R.; Petroski, E. { 55

Morfologia e crescimento dos 6 aos 10 anos de idade em Viana do Castelo, Portugal {Rodrigues, L.; Bezerra, P.; Saraiva, L.

{ 76

O método Pilates®sobre a resistência muscular localizada em mulheres adultas {Ferreira, C.; Aidar, F.; Novaes, G.; Vianna, J.; Carneiro, A.; Menezes, L. { 82

Ensino multidisciplinar en natação:

reflexão metodológica e proposta de lista de verificação

{Canossa, S.; Fernandes, R.; Carmo, C.; Andrade, A.; Soares, S.

ÍNDICE:

(4)

no desenvolvimento de Cursos vocacionados para a actividade física de recreação e lazer), poucas serão as entidades patronais que pro-movem essas actividades de uma forma orientada para a população em geral.

A Universidade Portuguesa, por via das recentes adequações que têm sofrido os cursos mais ligados à actividade física, tem procurado orientar--se para o cumprimento da função social que dá título a este editorial. Com efeito, quer na vertente de formação dos alunos, quer na vertente de investigação tem-se verificado essa tendência de revisitar o paradigma higienista do Desporto e seus âmbitos de intervenção.

A formação dos alunos, quando cumprida em colaboração próxima com a comunidade envol-vente, confere aos futuros profissionais compe-tências acrescidas e presta a essas comunidades um serviço inestimável. Assim, também urge articular continuamente os curricula universitários com as infra-estruturas de trabalho comunitárias, de forma a dar resposta a necessidades da sociedade e dando corpo à comum missão de extensão universitária. Importa que a Universi-dade faça chegar à comuniUniversi-dade o saber que produz. Mas fazê-lo chegar não sob uma forma erudita ou com orações de sapiência, antes fazendo-o com acções, com intervenções práticas. O Editor

Victor Machado Reis A utilização do exercício físico como meio para

fomentar o desempenho laboral e diminuir o absentismo laboral está vastamente descrita. Por outro lado, a despesa do estado e iniciativa privada com a saúde é enorme. Alguns dos factores que determinam uma tendência de cres-cimento exponencial da despesa com cuidados de saúde são os seguintes:

1.Factores económicos (ex. ciclo vicioso entre

aumento dos problemas de saúde dos traba-lhadores e aumento subsequente dos prémios de seguros de doença: inflação geral, aumento dos custos de cuidados de saúde por melhorias tecnológicas);

2.Factores demográficos (ex. aumento do número de mulheres, aumento da idade média dos trabalhadores, aumento do número de imi-grantes com deficiências prévias nos cuidados de saúde);

3.Doenças crónicas (ex. Diabetes, obesidade, etc). Reparem que dos 3 itens anteriormente men-cionados, dois (o primeiro e o terceiro) radicam directamente em hábitos típicos da vida sedentária.

Embora a procura de actividade física por parte da população em geral (nomeadamente da população activa) tenha crescido nas duas últimas décadas (reflectida, por exemplo, na proliferação de Ginásios e Academias bem como

A Universidade:

o seu papel social na prevenção da doença e promoção da saúde

(5)

FICHA DE ASSINATURA

Revista MotricidadeVol. 03 N.º04|Outubro’ 07

FTCD - Fundação Técnica e Científica e do Desporto

Av. 5 de Outubro, 12, 1.º E6 4520-162 Santa Maria da Feira Tel. 256 378 690 | Fax 256 378 692

www.motricidade.ftcd.org

Nome:

Morada: Profissão:

Código Postal: N.º Contribuinte:

Localidade: Contacto Telefónico:

E-mail:

ARevista Motricidade, especializada em Ciências da Saúde e Desporto, foi considerada a melhor edição científica nacional na sua área, com artigos exclusivos e de qualidade ímpar.

Pode consultar em:www.motricidade.ftcd.org

Por 60€ / ano (5€ por mês) contribui para promover a investigação e ciência que se produz em Portugal, podendo ainda enviar os seus artigos e estudos para apreciação e posterior publicação. Apelamos por isso a que renove ou faça a sua assinatura desta prestigiada publicação trimestral.

Envie esta ficha por fax para 256 378 692ou faça inscrição on-line em www.motricidade.ftcd.org

OPÇÕES DE PAGAMENTO

Transferência Bancária, mediante o envio de fotocópia do comprovativo de transferência para a conta da FTCD - Revista Motricidade

NIB: 0035 0306 00052582930 77 (Conta Caixa Geral de Depósitos - Portugal). Transferência Internacional por IBAN: PT50 0035 0005 258293077

(n.º Fax para o envio de comprovativo: 351 256 378 692).

Por cheque: Portugal 60€ (Estudantes 40€) à ordem de FTCD - Fundação Técnica e Científica do Desporto

(6)

FICHA TÉCNICA DA MOTRICIDADE Director Directores Adjuntos Director de Redacção Propriedade e Edição Design Gráfico Paginação Impressão e Acabamento Tiragem Periodicidade ICS N.º ISSN N.º Depósito legal Assinaturas Assinatura Anual

Preço deste número

Endereço para correspondência

Prof. Doutor Victor Machado Reis

Prof. Doutor Espregueira Mendes (Hospital São Sebastião) Mestre Alípio Oliveira (Comité Olímpico de Portugal) João Paulo Lourenço (FTCD)

FTCD - Fundação Técnica e Científica do Desporto Mário Cardoso

Laura Alves Lourenço Publidisa 1000 exemplares Trimestral 124607 1646-107X 222069/05 joaopaulo@sportspeople.pt

Portugal e Europa: €60 | Brasil e Palop: €80 | Outros Países: €100

Portugal e Europa: €15 | Brasil e Palop: €20 | Outros Países: €25

FTCD - Revista de Motricidade - Av. 5 de Outubro, 12, 1.º E6 4520-162 Santa Maria da Feira

| Tel. 256 378 690 | Fax 256 378 692 E-mail: joaopaulo@sportspeople.pt | www.motricidade.ftcd.org

(7)

Levando em conta que os interesses evoluem ao longo das diferentes idades, e sua inquestio-nável influência sobre o nível de prática esportiva na idade adulta, decidimos realizar uma análise do que motiva os universitários à prática das atividades físico-esportivas, considerando diversos fatores como gênero, idade, nível de prática e gosto pelo esporte. Com este fim, desenvolvemos o Questionário dos Interesses nas Atividades Físico-Esportivas e as Motivações que levam à Prática das mesmas numa amostra de 1512 estudantes universitários. Assim, os praticantes de atividades físico-esportivas explicam a parti-cipação neste tipo de atividades, por motivos vinculados à manutenção da forma física e aos benefícios que o exercício físico traz à saúde; aqueles que nunca praticaram argumentam que a prática físico-esportiva tira tempo de estudo e demonstram na falta de interesse, e os alunos que manifestam ter praticado algum esporte anteriormente, mas que deixaram de praticá-lo, indicam a falta de tempo livre e o nível de exigência dos estudos como razões para explicar o seu comportamento físico-esportivo. Se trata de um estudo preliminar e futuramente o ques-tinário deverá ser validado através de análise estatística.

Palavras-chave: Motivação, atividade físico-es-portiva, esporte, Universidade, Educação Física.

Reasons for physical practice according to the perceived competence level: a pilot study

Taking into account that the interests evolve along the different ages, and their unquestio-nable influence on the level of physical activity in adults, we have decided to carry out an analysis of the motivations of the university students toward the physical and sport activities, assisting to diverse factors like the gender, the age, the practice level and the pleasure for the sport. Therefore, we have developed the Questionnaire dealing with motivations and interests in sport and physical activities on a sample of 1512 university students. So, the practitioners of physical and sport activities will explain their participation in this activities, for reasons linked to keep fit and to the benefits of the exercise for the health; the non practitioners base their behavior in that the physical and sport practice removes time for the study and in the lack of interest, and the students to have practiced sport previously, but that they have stopped to practice it at the moment, they point out the lack of spare time and the level of requirement of their studies like reasons to explain their sport behavior. If it deals with a preliminary study and future the questinário will have to be validated through statistics analysis.

Keywords: Motivation, physical activity, sport, University, Physical Education.

Resumo

Abstract

Data de submissão: Novembro 2006 Data de Aceitação: Janeiro 2007

Motivos da prática esportiva de acordo com o nível de

com-petência percebida na idade adulta: um estudo piloto

Ana Pavón Lores1, Juan Antonio Moreno Murcia2, Estélio H. M. Dantas3 1 Unidad de Investigación en Educación Física y Deportes, Espanha. 2 Universidad de Murcia, Facultad de Ciencias del Deporte, Murcia, Espanha. 3 Universidade castelo Branco, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Lores, A.; Murcia, J.; Dantas, E.; Motivos da

prática esportiva de acordo com o nível de competência percebida na idade adulta: um estudo piloto. Motricidade 3(4): 7-21

(8)

A magnitude social do fenômeno esportivo junto às numerosas pesquisas, em que se de-monstra a correlação positiva entre a conser-vação de estilos de vida ativos e estados de saúde e bem-estar, constituem o ponto de partida para o crescente interesse no desenvolvimento dos aspectos relativos ao conhecimento e à com-preensão dos fatores que determinam que os indivíduos mantenham estilos de vida ativos1,13.

Assim, os indivíduos com atitudes positivas com relação ao exercício, geralmente têm com-portamentos de exercício físico mais intensos e mais frequentes do que as pessoas que têm menos atitudes positivas com relação ao mesmo. Tendência esta que foi corroborada por pesquisas posteriores36,24, em que se constatava a influência

das experiências com relação à participação em atividades físicas durante a infância e a adoles-cência e o nível de atividade física dos adultos, ou aquelas que confirmam a existência de uma correlação positiva significativa entre a atividade física durante a infância e a adolescência, des-tacando que a inatividade física mostra uma melhor possibilidade de previsão do que a própria atividade.

Além do mais, a natureza e o tipo de progra-mas de atividade física selecionados podem ter influência no tipo de atividade que os alunos escolhem para participar depois da formatura. Portanto, não devemos esquecer de que as pessoas ativas o são ao longo da vida e as se-dentárias se mantêm como tais independente-mente das circunstâncias, existindo uma grande influência da própria estória de atividade física do indivíduo para determinar o nível atual de atividade física1,30, já que os universitários são

conscientes das contribuições positivas que a participação de atividades físicas de forma regular têm sobre um estilo de vida saudável e ativo32,31.

Por isso, se partirmos das conclusões de Masachs et al. que dizem que os motivos se mantêm ou se modificam à medida que se pratica o exercício16 há um período de tempo, será

interessante observar como evoluem os inte-resses na atividade esportiva ao longo das diferentes idades, pela sua inquestionável

influência sobre o nível de prática esportiva na idade adulta. Daí a importância de analisar quais serão os interesses e as motivações que levam os estudantes universitários à prática ou ao abandono das atividades físicas, levando em conta, principalmente, os importantes benefícios que trazem à saúde física e mental.

Assim, o objetivo desta pesquisa é realizar uma análise da dimensão subjetiva dos hábitos esportivos da população universitária, ou seja, dos variados motivos que levam os estudantes a praticar esporte com maior ou menor intensi-dade, a abandonar mais ou menos temporal-mente a prática e, inclusive, a manifestar o seu desinteresse em tudo aquilo que representa a cultura esportiva considerando diversos fatores, como gênero, idade, nível de prática e gosto pelo esporte.

Metodologia

Amostra

Para realizar a seleção de uma amostra tão heterogênea como a formada pela população objeto do nosso estudo, foi necessário utilizar um procedimento de amostras aleatório estrati-ficado por conglomerados. Uma vez definido o tamanho da amostra foram determinadas as proporções considerando o gênero, à formação e ao curso específico, com um erro amostral de 4%. Finalmente, a amostra definitiva ficou composta por 1512 alunos da Universidad de Murcia (Espanha), todos eles de idades compreendidas entre 18 e 45 anos, com idade média de 21,93 anos (61,6% mulheres e 38,4% homens). Vale ressaltar que os procedimentos utilizados respeitam as normas internacionais de experimentação com humanos (Declaração de Helsínquia de 1975).

Procedimentos

Após a revisão dos trabalhos realizados ante-riormente sobre questionários de atitudes e motivações que levam à prática de atividades

(9)

físicas8,12,19,20,25, elaboramos o questionário dos

Interesses nas Atividades Físico-Esportivas e as Motivações que levam à Prática das mesmas (M.I.A.F.D.), com o objetivo de conhecer as opiniões dos universitários sobre a sua relação com a prática de atividades físico-esportivas. Embora esse instrumento conste de duas partes, neste trabalho somente expomos alguns resulta-dos obtiresulta-dos na segunda parte do questionário, o qual procuramos conhecer as motivações que induzam os universitários a se aproximar das atividades físico-esportivas, diferenciando três grupos: praticantes, não praticantes e ex--praticantes, para o qual se estabeleceram 13-14 motivos em cada um dos subgrupos.

Para recolher os dados utilizamos uma metodologia quantitativa (pesquisa mediante questionário auto-administrado). A pesquisadora principal fez entrevistas pessoais voluntárias, nas quais fazia a apresentação e, se necessário, esclarecia as dúvidas que surgiam, enquanto que para a escolha dos alunos se estabeleceram rendas aleatórias no hall da faculdade universitária selecionada. Os alunos entrevistados tinham que escolher um dos três grupos finalmente formados, em função da relação que tinham mantido com a prática de atividades físico-esportiva.

Estatística

Para a obtenção dos resultados realizaram-se estatísticas descritivas de todas as variáveis, como também, análises de independência entre variáveis, mediante os testes de «χ2de Pearson,

comple-tados com a análise do resíduo tipificado corrigido.

Resultados

Inicialmente realizamos uma análise descritiva, enquanto que nas seguintes análises utilizamos como variável dependente os motivos dos uni-versitários para justificar a relação com as atividades físicas e os esportes praticados no tempo livre, e como variáveis independentes o gênero, a idade, o nível de prática e a opinião dos estudantes quanto ao gosto ou não pelo esporte.

Motivações que levam à prática de ativi-dades físico-esportivas

Na tabela 1, vemos como os 797 praticantes de atividades físico-esportivas se identificam em maior grau com os motivos vinculados à manutenção da forma física (16,55%) e aos benefícios que o exercício traz à saúde (16,52%). Seguem nesta ordem a necessidade de liberar energia e tensões (15,21%), como lazer e para passar o tempo (13,99%), para melhorar a imagem e o aspecto físico (11,85%), para relacionar-se e conhecer gente (8,66%), porque gosta de superar-se (8,10%) e porque gosta de competir (5,42%). Ressaltam, pelo contrário, as baixas porcentagens obtidas alegando motivos tais como agradar a família (0,12%), porque está na moda (0,21%), pela influência dos professores e treinadores (0,48%) e porque seus amigos praticam (1,04%).

Os 196 universitários que nunca praticaram nenhuma atividade físico-esportiva durante seu tempo livre baseiam seu comportamento em que tira tempo de estudo (18,69%) e na falta de interesse (18,69%). Os motivos menos selecio-nados foram a idade (0,37%), a dificuldade de acesso ao esporte (0,93%), os motivos de saúde (1,12%) e a falta de meios econômicos (2,06%). Os 519 alunos que manifestam ter praticado esporte anteriormente, mas que não o fazem atual-mente, indicam a falta de tempo livre (23,5%) e o nível de exigência dos estudos (20,93%) como razões para explicar o seu comportamento físico-esportivo. Com menor peso, encontram-se valores baixos de motivações associadas à perda de interesse (5,22%), ao desestímulo causado pela desistência da prática dos amigos (4,24%), à falta de associações esportivas (3,76%), à pro-blemas econômicos (3,62%), à propro-blemas de saúde (3,55%), à falta de informação (2,09%), à falta de apoio e estímulo familiar (1,88%), à idade (1,53%) e às más experiências em práticas anteriores (1,53%).

(10)

Porque gosto de estar em forma

Pelos benefícios que obtenho para a saúde

Para liberar a energia e as tensões acumuladas durante o dia Como lazer e para passar o tempo

Para melhorar minha imagem e aspecto físico Para me relacionar e conhecer gente Porque gosto de me superar Porque gosto de competir Outros motivos

Porque meus amigos praticam

Por influência dos meus professores e treinadores Porque está na moda

Para agradar a minha família

16,55 16,52 15,21 13,99 11,85 8,66 8,10 5,42 1,85 1,04 0,48 0,21 0,12 556 555 511 470 398 291 272 182 62 35 16 7 4

Motivos dos não praticantes

Porque tira tempo de estudo Por falta de interesse

Por sair cansado do trabalho e/ou aula Porque nunca tive habilidade para esportes As instalações estão muito longe do meu domicílio Falta de instalações e horários adequados Por falta de apoio e tradição familiar Porque meus amigos não praticam esporte Outros motivos

Por falta de meios econômicos Por motivos de saúde

É difícil ter acesso ao esporte

Por considerar-se muito velho para isso

Percentagem (%) 18,69 18,69 14,58 14,02 8,41 7,66 4,67 4,49 4,30 2,06 1,12 0,93 0,37 Frequência 100 100 78 75 45 41 25 24 23 11 6 5 2 Motivos de abandono

Por falta de tempo livre

Porque os estudos exigem muito de mim

Porque os horários são incompatíveis com as minhas ocupações Faltam instalações esportivas adequadas/próximas ao meu domicílio Porque já não me interessa

Outros motivos

Porque meus amigos deixaram de praticar

Por falta de associações para praticar esporte como lazer Por problemas econômicos

Por problemas de saúde Por falta de informação

Porque não existe um apoio e estímulo familiar Por causa da idade

Por más experiências em práticas anteriores

Percentagem (%) 23,50 20,93 13,49 10,22 5,22 4,45 4,24 3,76 3,62 3,55 2,09 1,88 1,53 1,53 Frequência 338 301 194 147 75 64 61 54 52 51 30 27 22 22

(11)

Motivações físico-esportivas de acordo com o gênero

Para 52,7% da amostra que se declara prati-cante de atividades físico-esportivas, os principais motivos dos homens são o gosto pela compe-tição (36,9%), porque gostam de superar-se (43,5%), para relacionar-se e conhecer gente (43,5%), porque seus amigos praticam (6,3%) e pela influência dos professores e treinadores (3%), enquanto que as mulheres não têm inte-resse por esses motivos. Elas, à diferença dos homens (tabela 2), preferem as atividades físico--esportivas para melhorar a imagem e o aspecto físico (57,9%), para liberar a energia e as tensões acumuladas durante o dia (69,6%) e pelos bene-fícios que traz à saúde (74,1%).

Do total de 13% dos estudantes entrevistados que não praticam atividades físico-esportivas, encontramos 8,1% dos homens que afirmam

que é difícil ter acesso ao esporte (p<.05); 44,7% das mulheres que acham que nunca tiveram habilidade para esportes (p<.001).

Para 34,3% da amostra que já não pratica atividades físico-esportivas durante o seu tempo livre, os problemas econômicos (11,2%), a falta de instalações adequadas ou próximas ao seu do-micílio (29,9%), a exigência dos estudos (60,1%), a falta de tempo livre (67,4%) e a incompati-bilidade de horários com as ocupações diárias (40,9%) são motivos vinculados à não prática entre as mulheres, enquanto que os homens são contrários a essa opinião (tabela 2). Além disso, as más experiências em práticas anteriores e a perda de interesse constituem um motivo para 7,2% e 21,6% dos homens, enquanto 96,6% e 87,6% das mulheres acham o contrário (p<.05).

Tabela 2: Distribuição percentual, total, χ2e p valor das motivações que levam à prática de atividades físicas de acordo com o gênero.

Motivos dos praticantes

Porque gosto de competir Sim, é um motivo de prática. Não é um motivo de prática Porque gosto de me superar Sim, é um motivo de prática Não é um motivo de prática

Para me relacionar e conhecer gente Sim, é um motivo de prática

Não é um motivo de prática Porque meus amigos praticam Sim, é um motivo de prática Não é um motivo de prática Por influência de meus professores Sim, é um motivo de prática Não é um motivo de prática Para melhorar minha imagem / / aspecto físico

Sim, é um motivo de prática Não é um motivo de prática Para liberar energia e tensões Sim, é um motivo de prática Não é um motivo de prática Pelos benefícios que traz à saúde Sim, é um motivo de prática Não é um motivo de prática

Motivações físico-esportivas p .000 .000 .000 .008 .040 .000 .007 .029 χ2 102,654 35,179 18,537 7,498 4,674 15,278 7,290 4,851 Total 23 77 34,4 65,6 36,8 63,2 4,4 95,6 2 98 50,3 49,7 64,6 35,4 70,2 29,8 Feminino (%) (%) Resíduo - 10,1 10,1 - 5,9 5,9 - 4,3 4,3 - 2,7 2,7 - 2,2 2,2 3,9 - 3,9 2,7 - 2,7 2,2 - 2,2 6,4 93,6 23,4 76,6 28,7 71,3 2,2 97,8 ,8 99,2 57,9 42,1 69,6 30,4 74,1 25,9 Masculino (%) Resíduo 10,1 - 10,1 5,9 - 5,9 4,3 - 4,3 2,7 - 2,7 2,2 - 2,2 - 3,9 3,9 - 2,7 2,7 - 2,2 2,2 36,9 63,1 43,5 56,5 43,5 56,5 6,3 93,8 3 97 44 56 60,4 39,6 66,9 33,1

(12)

Motivações físico-esportivas de acordo com a idade

Entre os praticantes de atividades físico--esportivas, os principais motivos dos menores de 21 anos são liberar a energia e as tensões acumuladas durante o dia (68,2%), enquanto que 38,6% dos maiores de 22 anos rejeitam esta motivação (p<.05) (tabela 3).

Para os que já não praticam atividades físico--esportivas durante o seu tempo livre, a exigência dos estudos (61,9%) e a falta de informação

(7,7%) são motivos associados à não prática entre os menores de 21 anos; os maiores de 22 anos que não confirmam esta opinião atingem 47,5% e 96,6% respectivamente. No entanto, o fato de que os amigos tenham deixado a prática constitui um motivo para 14,8% dos maiores de 22 anos, enquanto 90,9% dos menores de 21 acham o contrário.

Motivos dos que nunca praticam

É difícil ter acesso ao esporte Sim, é um motivo de abandono Não é um motivo de abandono Nunca tive habilidade para esportes Sim, é um motivo de não prática Não é um motivo de não prática

.047 .000 χ 5,666 14,553 2,6 97,4 38,3 61,7 (%) (%) Resíduo - 2,4 2,4 3,8 - 3,8 1,3 98,7 44,7 55,3 (%) Resíduo 2,4 - 2,4 - 3,8 3,8 8,1 91,9 10,8 89,2

Motivos dos que abandonaram

Por problemas econômicos Sim, é um motivo de abandono Não é um motivo de abandono Falta de instalações próximas Sim, é um motivo de abandono Não é um motivo de abandono Os estudos exigem muito Sim, é um motivo de abandono Não é um motivo de abandono Por falta de tempo livre Sim, é um motivo de abandono Não é um motivo de abandono Por incompatibilidade de horários Sim, é um motivo de abandono Não é um motivo de abandono Por más experiências anteriores Sim, é um motivo de abandono Não é um motivo de abandono Porque deixou de me interessar Sim, é um motivo de abandono Não é um motivo de abandono

.048 .049 .039 .019 .001 .049 .021 3,263 2,980 4,692 5,927 11,399 3,128 6,029 10 90 28,2 71,8 57,7 42,3 64,8 35,2 37,2 62,8 4,2 95,8 14,4 85,6 (%) (%) Resíduo 1,8 - 1,8 1,7 - 1,7 2,2 - 2,2 2,4 - 2,4 3,4 - 3,4 - 1,8 1,8 - 2,5 2,5 11,2 88,8 29,9 70,1 60,1 39,9 67,4 32,6 40,9 59,1 3,4 96,6 12,4 87,6 (%) Resíduo - 1,8 1,8 - 1,7 1,7 - 2,2 2,2 - 2,4 2,4 - 3,4 3,4 1,8 - 1,8 2,5 - 2,5 5,4 94,6 21,6 78,4 48,6 51,4 55 45 23,4 76,6 7,2 92,8 21,6 78,4

(13)

Tabela 3: Distribuição percentual, total, χ2 e p valor das motivações que levam à prática de atividades físicas de acordo com a idade.

Motivos dos praticantes

Para liberar energia e tensões Sim, é um motivo de prática Não é um motivo de prática

Motivações físico-esportivas p .048 χ2 3,976 Total 64,6 35,4 Maior de 21 (%) (%) Resíduo - 2 2 61,4 38,6 Menor de 21 (%) Resíduo 2 - 2 68,2 31,8

Motivos dos que já praticaram

Pela exigência dos estudos Sim, é um motivo de abandono Não é um motivo de abandono Por falta de informação Sim, é um motivo de abandono Não é um motivo de abandono Meus amigos deixaram de praticar Sim, é um motivo de abandono Não é um motivo de abandono

.033 .038 .049 4,626 4,419 4,127 57,7 42,3 5,7 94,3 11,7 88,3 (%) (%) Resíduo - 2,2 2,2 - 2,1 2,1 2 - 2 52,5 47,5 3,4 96,6 14,8 85,2 (%) Resíduo 2,2 - 2,2 2,1 - 2,1 - 2 2 61,9 38,1 7,7 92,3 9,1 90,9

Motivações físico-esportivas de acordo com o nível de prática

Entre os praticantes de atividades físico--esportivas (tabela 4), os principais motivos de prática dos iniciantes são melhorar a imagem e o aspecto físico (54,6%) (p<.05). No entanto, os avançados e os de maior expe-riência justificam como motivos da prática

que gostam de competir (28,3% e 44,3%, respectivamente) (p<.001) e que gostam de superar-se (37,3% e 54,1%, respectivamente) (p<.001); no caso dos mais experientes aparece também a influência dos professores e trei-nadores (6,6%) (p<.05).

Tabela 4: Distribuição percentual, total, χ2 e p valor das motivações que levam à prática de atividades físicas de acordo com o nível de prática.

Motivos dos praticantes

Gosta de competir Sim, gosto Não gosto Gosto de me superar Sim, gosto Não gosto

Por causa dos meus professores Sim, me influenciaram

Não me influenciaram

Para melhorar a minha imagem Sim Não Motivações p .000 .000 .017 .046 χ2 43,038 19,688 8,160 5,771 Total 23,1 76,9 34,5 65,5 2 98 50,3 49,7 + Experientes (%) (%) Resíduo 4,1 - 4,1 3,4 - 3,4 2,6 - 2,6 - 1,8 1,8 44,3 55,7 54,1 45,9 6,6 93,4 39,3 60,7 Avançado (%) Resíduo 3,6 - 3,6 1,7 - 1,7 ,3 - ,3 - 1 1 28,3 71,7 37,3 62,7 2,2 97,8 48,5 51,5 Iniciante (%) Resíduo - 6 6 - 3,6 3,6 - 1,8 1,8 2 - 2 12,1 87,9 27 73 1 99 54,6 45,4

(14)

Tabela 5: Distribuição percentual, total, χ2 e p valor das motivações que levam à prática de atividades físicas de acordo com o gosto pelo esporte.

Motivos dos praticantes

Porque gosto de competir Sim, é um motivo de prática Não é um motivo de prática Porque gosto de me superar Sim, é um motivo de prática Não é um motivo de prática

Para me relacionar e conhecer gente Sim, é um motivo de prática

Não é um motivo de prática Como lazer e para passar o tempo Sim, é um motivo de prática Não é um motivo de prática Para agradar a minha família Sim, é um motivo de prática Não é um motivo de prática Porque gosto de estar em forma Sim, é um motivo de prática Não é um motivo de prática

Motivações físico-esportivas p .007 .003 .010 .049 .049 .048 χ2 6,142 7,854 6,332 3,209 8,238 4,045 Total 23 77 34,4 65,6 36,8 63,2 59,4 40,6 ,5 99,5 70,3 29,7 Não gosta (%) (%) Resíduo - 2,5 2,5 - 2,8 2,8 - 2,5 2,5 - 1,8 1,8 2,9 - 2,9 - 2 2 0 100 5 95 10 90 40 60 5 95 50 50 Gosta (%) Resíduo 2,5 - 2,5 2,8 - 2,8 2,5 - 2,5 1,8 - 1,8 - 2,9 2,9 2 - 2 23,6 76,4 35,1 64,9 37,5 62,5 59,9 40,1 ,4 99,6 70,8 29,2

Motivos dos que nunca praticam

Faltam instalações e horários Sim, é um motivo de prática Não é um motivo de não prática Nunca tive habilidade para esportes Sim, é um motivo de prática Não é um motivo de não prática Por falta de interesse

Sim, é um motivo de não prática Não é um motivo de não prática

.012 .000 .013 6,531 16,590 6,500 20,9 79,1 38,3 61,7 51 49 (%) (%) Resíduo - 2,6 2,6 4,1 - 4,1 2,5 - 2,5 11,7 88,3 55,8 44,2 62,3 37,7 (%) Resíduo 2,6 - 2,6 - 4,1 4,1 - 2,5 2,5 26,9 73,1 26,9 73,1 43,7 56,3

Motivos dos que abandonaram

Por más experiências anteriores Sim, é um motivo de abandono Não é um motivo de abandono Porque deixou de me interessar Sim, é um motivo de abandono Não é um motivo de abandono

.026 .000 6,074 25,294 4,2 95,8 14,4 85,6 (%) (%) Resíduo 2,5 - 2,5 5 - 5 10,3 89,7 36,2 63,8 (%) Resíduo - 2,5 2,5 - 5 5 3,4 96,6 11,6 88,4

(15)

Motivações físico-esportivas de acordo com o gosto pelo esporte

De um total de 52,7% da amostra praticante de atividades físico-esportivas, os alunos que gostam de esporte escolhem como motivos de prática: o gosto pela competição (23,6%) (p<.01), porque gostam de superar-se (35,1%) (p<.01), para relacionar-se e conhecer gente (37,5%) (p<.01), como lazer e para passar o tempo (59,9%) (p<.05) e porque gostam de estar em forma (70,8%) (p<.05). No entanto, para os alunos que não gostam de praticar esporte o principal motivo de prática é agradar a família (5%) (p<.05) (tabela 5).

Além disso, os entrevistados que gostam de esporte, que nunca praticaram nenhuma atividade físico-esportiva em seu tempo livre, baseiam a falta de motivação na carência de instalações e horários adequados (26,9%) (p<.05), enquanto os entrevistados que não gostam de esporte, a falta de motivação está no fato de nunca ter tido habilidade para esportes (55,8%) (p<.001) e na falta de interesse (62,3%) (p<.05).

Por último, os universitários que não gostam de esporte e que já o praticaram anteriormente, mas não o fazem atualmente, justificam a decisão nas más experiências em práticas anteriores (10,3%) (p<.05) e na perda de interesse (36,2%) (p<.001). Opinião totalmente contrária à mani-festada por aqueles alunos universitários que gostam de esporte (96,6% e 88,4%, respectiva-mente) (tabela 5).

Discussão

Levando em conta que as motivações são conceitos dinâmicos que variam em função do tempo de prática e que raramente se concretizam em um só motivo16,6, pretendemos aprofundar

a análise dos hábitos físico-esportivos da popu-lação universitária com o objetivo de concretizar quais são os motivos que vão determinar entre

os estudantes universitários o interesse pela prática de esportes ou atividades físicas ou o abandono mais ou menos temporário da prática e, inclusive, a falta de interesse e relação a tudo o que representa o entorno físico-esportivo.

Desta forma, os praticantes de atividades físico-esportivas vão explicar a participação nesse tipo de atividades, por motivos vinculados à manutenção da forma física e aos benefícios que o exercício traz à saúde. Outros motivos são a necessidade de liberar energia e tensões, como lazer e para passar o tempo, para melhorar a imagem e o aspecto físico, para relacionar-se e conhecer gente, porque gostam de superar-se e porque gostam de competir. Ressaltam, pelo contrário, as baixas porcentagens obtidas ale-gando motivos como agradar a família, porque está na moda, pela influência dos professores e treinadores e porque os amigos o fazem.

Entre a população universitária encontramos diversos estudos que abalam esses resultados40,14,33,

indicando a preferência dos estudantes pelo lazer, a saúde e a forma física, e o bem-estar geral. Enquanto outros autores25,29indicam como

grandes motivos para a prática de esportes, aqueles com relação à saúde e à interação social. De fato, quando os estudos focalizam a popu-lação em geral, os motivos que levam as pessoas à prática de esportes estão vinculados à “fazer exercício físico”, “por lazer”, “porque gosta de esportes” e para “manter e melhorar a saúde”, motivos que prevalecem sobre as motivações de caráter competitivo4,11.

Quando Cervelló6fala do fenômeno do

aban-dono esportivo estabelece que deve ser conside-rado como um fato contínuo, que vai desde pessoas que deixam de praticar um esporte em particular, mas passam a praticar outro, ou o mesmo esporte, mas em diferente nível de intensi-dade, até aquelas que abandonam definitivamente o esporte. A partir dessa idéia e para simplificar

(16)

a análise, foi necessário diferenciar os univer-sitários que nunca praticaram nenhuma atividade físico-esportiva em seu tempo livre dos que não o estão fazendo atualmente, seja de forma temporal ou definitiva, mas que antes a exerciam. Desta forma, os primeiros baseiam seu compor-tamento em que a prática físico-esportiva tira tempo de estudo e na falta de interesse5,10,26,8,4.

Alegam também, justificando sua atitude, que saem cansados do trabalho e/ou aula, que nunca tiveram habilidade para esportes, que as insta-lações estão muito longe, que faltam horários e instalações adequados, que falta apoio e tradição familiar e que os amigos não praticam esportes. Os motivos selecionados em menor grau foram a idade, a dificuldade de acesso ao esporte, os motivos de saúde e a falta de meios econômicos. Tal como podemos observar em vários tra-balhos41,12, aqueles que não praticam esporte se

destacam entre os que indicam que o praticariam por motivos alheios ao próprio esporte, tais como econômicos e profissionais. Por outro lado, os alunos que manifestam já ter praticado algum esporte, mas não o fazem atualmente, indicam a falta de tempo livre e o nível de exi-gência dos estudos como razões para explicar o seu comportamento físico-esportivo18,40,14,26.

Outros motivos são a incompatibilidade de horários e a falta de instalações esportivas adequadas ou próximas ao seu domicílio7. Em

ordem decrescente aparecem motivações asso-ciadas à perda de interesse, ao desestímulo causado pela desistência da prática dos amigos, à falta de associações esportivas, aos problemas econômicos, aos problemas de saúde, à falta de informação, à falta de apoio e estímulo familiar, à idade, e às más experiências em práticas anteriores.

Resultados estes que não são muito díspares dos encontrados em outras pesquisas4,9,5, nas

quais se menciona como motivos que levaram a população espanhola ao abandono da prática de atividades esportivas: “por falta de tempo”, “por sair cansado do trabalho”, “pela saúde (lesões etc.)” e “por preguiça e desânimo”. Destacam o estudo de Ruiz e García26, no qual os universitários

almerienses selecionam a falta de tempo devido à exigência do trabalho ou estudo, seguido da preguiça ou desânimo, o horário incompatível com suas obrigações, gostar mais de outras coisas, a não prática dos seus amigos e a distância de seu domicílio, como motivos que explicam o abandono da prática.

Paralela e inevitavelmente a influência dos estereótipos no ensino da Educação Física se traduz numa série de diferenças, tanto de interesses e motivações quanto no grau de participação em certas atividades físicas, em função do gênero do aluno, tal como foi detectado em numerosas pesquisas18,7,21,34,35,20,29.

Desta forma, o gênero dos alunos vai influenciar na percepção da atividade física e da Educação Física, como também no seu envolvimento com o esporte e as razões que o levam à praticá-lo. Não obstante, devemos entender que a partici-pação de mulheres e homens em atividades físicas e esportivas não é somente quantitativa, como também, varia dependendo de fatores como o tipo de esporte, as motivações da prática, a facilidade ou dificuldade de acesso e a dispo-sição e distribuição do tempo livre35,38,39.

Realmente relevante é que o gênero é, junto com a idade, o principal elemento diferenciador dos motivos da prática esportiva2,27. Para os

alunos da Universidad de Murcia que se declaram praticantes de atividades físico-esportivas, os principais motivos dos homens são porque gostam de superar-se, para relacionar-se e conhecer gente, porque gostam de competir, porque os amigos praticam e pela influência dos professores e treinadores. Não obstante, as praticantes preferem as atividades físico-esportivas pelos benefícios que traz à saúde, para liberar a energia e as tensões acumuladas durante o dia e para melhorar a imagem e o aspecto físico. Ou seja, os homens valorizam mais aqueles aspectos vinculados à capacidade pessoal, à competição, ao hedonismo e às relações sociais, enquanto as motivações que levam as mulheres à pratica de atividades físico-esportivas estão mais relacio-nadas com a forma física, a imagem pessoal e a

(17)

saúde, tal como tínhamos antecipado ao conceber as hipóteses iniciais. Estes resultados coincidem com os encontrados em numerosas pesquisas22,37,1,41, nas quais os homens eram

identi-ficados com motivos competitivos, de relação social e de lazer, e as mulheres com a saúde, os fins terapêuticos e a estética corporal.

Dos estudantes entrevistados que não praticam atividades físico-esportivas em seu tempo livre, os homens afirmam que é difícil ter acesso ao esporte, enquanto as mulheres acham que nunca tiveram habilidade para esportes. Além do mais, para os alunos que já não praticam atividades físico-esportivas durante o seu tempo livre, a falta de tempo livre, a exigência dos estudos, a incompatibilidade de horários com as ocupações diárias, a falta de instalações adequadas ou próxi-mas ao seu domicílio e os problepróxi-mas econômicos são motivos vinculados ao abandono entre o gênero feminino. Enquanto para os homens são a perda de interesse e as más experiências em práticas anteriores que constituem as motivações básicas que levam ao abandono. Estes resultados diferem dos encontrados por Salguero et al.28, em

que se detectam escassas diferenças entre homens e mulheres nas causas de abandono. Assim, a habilidade percebida tinha uma maior contribuição entre as mulheres, enquanto a falta de interesse se considerava de maior importância entre os homens.

Como já mencionamos, a análise levando em conta a idade é fundamental, já que constitui um grande elemento diferenciador no estudo dos motivos de prática físico-esportiva3,39. De fato,

a idade média de abandono oscila em torno aos 18 anos28, que é quando se iniciam os estudos

universitários, com o grande salto qualitativo e quantitativo que isto implica, o que junto com a falta de coordenação entre a estrutura esportiva e a acadêmica vai favorecer o abandono do esporte. Encontramos numerosos estudos dedi-cados a explicar as motivações que guiam os praticantes em função da idade. Desta forma, alguns trabalhos15mencionam que os mais jovens

estão mais motivados por fatores externos e motivos extrínsecos, outros citam33,40 que o

componente divertido do esporte e da atividade física é a principal motivação entre os jovens, diminuindo à medida que vão amadurecendo e aumentando a necessidade de ser eficaz, se esforçar e ter êxito, enquanto, outros estudos18,22

estabelecem que em idades menores há um maior interesse em relação ao rendimento, ao lazer e à relação social, diminuindo sua impor-tância à medida que aumentam a idade e os motivos vinculados à saúde. Entre os praticantes de atividades físico-esportivas, os principais motivos dos menores de 21 anos são em liberar a energia e as tensões acumuladas durante o dia, enquanto os maiores de 22 anos rejeitam esta motivação. Para os que já não praticam ativi-dades físico-esportivas durante seu tempo livre, a exigência dos estudos e a falta de informação são motivos associados ao abandono entre os meno-res de 21 anos. No entanto, o fato de que os amigos tenham deixado a prática constitui um motivo importante para os maiores de 22 anos. Nas motivações que levam à prática de ativi-dades físico-esportivas, evidencia-se a relação estabelecida entre o nível de prática e o tipo de esporte praticado. Desta forma, os alunos avançados e mais experientes justificam como motivos da prática o fato de que gostam de superar-se e de competir; os que gostam de co-mpetir, acrescentam a influência dos professores e treinadores, tudo em evidente relação com o esporte de competição. Ficam para os iniciantes, todos aqueles motivos vinculados à melhorar a imagem pessoal e o aspecto físico, predomi-nantes entre as atividades saudáveis e lúdico--recreativas próprias do esporte para todos. Isto está em consonância com os resultados obtidos em outras pesquisas23, que parecem indicar que

quanto maior é o nível de prática maior é o interesse demonstrado em relação aos valores competitivos e sociais do esporte, enquanto nos níveis inferiores parecem predominar as motiva-ções próximas à preocupação com a imagem

(18)

pessoal e ao conceito do esporte-saúde como elemento indispensável para uma melhor quali-dade de vida.

Se levarmos em conta o gosto manifestado pela amostra em relação com o esporte e as atividades físico-esportivas, os praticantes que gostam de esporte mencionam como motivos de prática que gostam de estar em forma, o lazer e passar o tempo, para relacionar-se e conhecer gente, prazer de superar-se e o prazer de competir. No entanto, para os alunos que não gostam de esporte os principais motivos de prática são agradar a família, evidenciando a importância do apoio social na adoção e manutenção de padrões de exercício17,13. Entre os estudantes que gostam

de esportes apesar de nunca terem praticado nenhuma atividade físico-esportiva em seu tempo livre, a falta de motivação se baseia na carência de instalações e horários adequados, enquanto para os entrevistados que não gostam de esportes, a ausência de motivação deve ter fundamento no fato de nunca ter tido habilidade e na falta de interesse. O grupo de universitários que não gosta de esporte e também não tem prática físico-esportiva no momento, justifica decisão pela perda de interesse e pelas más experiências acumuladas em práticas anteriores.

Definitivamente, as motivações são conceitos dinâmicos, já que as necessidades pessoais mudam com o passar do tempo. Por isso é fundamental

conhecer o estabelecimento diferencial das mo-tivações para cada momento e a sua evolução ao longo do tempo se nossa pretensão é fomentar a idéia da mudança de atividade esportiva vs. a opção de abandono, na busca de um estilo de vida ativo durante a idade adulta.

Ressalta-se no entanto, que o presente estudo é uma pesquisa preliminar, e que oportunamente o questionário apresentado deverá ser validado através de métodos estatísticos apropriados (aná-lise factorial exploratória e confirmatória).

Agradecimentos

A informação contida neste artigo faz parte da Tese de doutorado apresentada por Ana Pavón Lores, no ano de 2004: “Motivaciones e

intereses de los universitarios murcianos hacia la práctica físico-deportiva” (Motivações e interesses dos

universitários murcianos que levam à prática físico-esportiva), dirigida pelo Dr. Juan Antonio Moreno da Universidad de Murcia (Espanha).

Correspondência

Juan Antonio Moreno Murcia Facultad de Ciencias del Deporte Universidad de Murcia, Parque Almansa 30730 San Javier, Murcia, Spain Tel.: 968 19 33 58 ext. 21 E-mail: morenomu@um.es

(19)

Referências

1. Blasco, T.; Capdevila, Ll.; Pintanel, M.;

Valiente, L.; Cruz, J. (1996). Evolución de los patrones de actividad física en estudiantes univer-sitarios. Revista de Psicología del Deporte, 9-10: 51-63.

2.Bungum, T.; Dowda, M.; Weston, A.; Trost,

S. G.; Pate, R. (2000). Correlates of physical activity in male and female youth. Pediatric

Exercise Science, 12(1): 71-79.

3.Campbell, P. G.; MacAuley, D.; McCrum, E.; Evans, A. (2001). Age differences in the motiva-ting factors for exercise. Journal of Sport &

Exercise Psychology, 23(3): 45-57.

4. Centro de Investigaciones Sociológicas

(1997). Informe sobre tiempo libre y deportes. Noviembre 1997. Estudio nº 2.266.

5. Centro de Investigaciones Sociológicas (2000). Informe sobre la juventud española. Octubre--Noviembre 1999. Estudio nº 2.370.

6.Cervelló, E. M. (2000). Una explicación

de la motivación deportiva y el abandono desde la perspectiva de la Teoría de Metas: Propuestas para favorecer la adherencia a la práctica depor-tiva. Primer Congreso Hispano-Portugués de Psicología. Santiago de Compostela.

7.Fan, L.; Gu, M.; Wang, H.; Yu, X.; Lu, M.;

Wang, X. N. (2000). A nationwide survey on students’ physical activities after school. Sport

Science, 20(2): 7-11.

8.García Ferrando, M. (2001). Los españoles y el

deporte: Prácticas y comportamientos en la última década del siglo XX. Encuesta sobre los hábitos deportivos de los españoles, 2000. Madrid: C. S. D. y Ministerio

de Educación, Cultura y Deporte.

9.García Ferrando, M. (2005). Encuesta sobre hábitos deportivos de los españoles. Avance de

resul-tados: C. S. D. y C. I. S.

10. Gómez, M.; Ruiz, F.; García, M. E.; Piéron, M. (2003a). Evolución de los hábitos deportivos de los estudiantes de la Universidad

de Almería. Actas del IX Congreso Nacional de

Psicología de la Actividad Física y el Deporte “Perspectiva Latina”. León: Asociación de

Psico-logía del Deporte, 79-84.

11.Gómez, M.; Ruiz, F.; García, M. E.; Piéron,

M. (2003b). Motivos aludidos, por el alumnado de Educación Secundaria Post-Obligatoria, para practicar actividades físico-deportivas: Un estudio longitudinal. Actas del II Congreso Mundial

de Ciencias de la Actividad Física y del Deporte: Deporte y Calidad de vida. Área 6. Enseñanza de la Educación Física. Granada: Facultad de Ciencias de la

Acti-vidad Física y el Deporte, 118-123.

12.Gutiérrez, M.; González-Herrero, E. (1995).

Motivos por los que los jóvenes practican actividad física y deportiva: análisis de una muestra de estudiantes universitarios. Aplicacions i

fonaments de les activitats físico-esportives. Lleida:

INEFC, 363-374.

13.Gutiérrez, M. (2000). Actividad física, estilos

de vida y calidad de vida. Revista de Educación

Física, 77: 5-14.

14.Llopis, D.; Llopis, R. (1999). Motivación y

práctica deportiva. In: Nieto, G.; Garcés de Los Fayos, E. J. (Eds.). Psicología de la Actividad Física y

el Deporte, Tomo I. Murcia: Sociedad Murciana de

Psicología de la Actividad Física y el Deporte, 127-134.

15.López, C.; Márquez, S. (2001). Motivación en jóvenes practicantes de lucha leonesa. Revista

de Psicología del Deporte, 10, 1: 9-22.

16.Masachs, M.; Puente, M.; Blasco, T. (1994).

Evolución de los motivos para participar en programas de ejercicio físico. Revista de Psicología

del Deporte, 5: 71-80.

17. Miguel Salgado-Araujo, J. L. (1998). Revisión de la literatura actual sobre la con-tinuidad del cambio de conducta em relación a la actividad física. Apunts: Educación Física y Desportes, 56: 66-77.

(20)

18. Moreno, J. A.; Gutiérrez, M. (1998b).

Intereses, actitudes y motivación hacia la práctica terrestre y acuática de los españoles. In: Moreno, J. A.; Rodríguez, P. L.; Ruiz, F. (Eds.). Actividades

acuáticas: Ámbitos de aplicación. Murcia: Universidad

de Murcia, 185-204.

19.Moreno, J. A.; Rodríguez, P. L.; Gutiérrez,

M. (1996). Actitudes hacia la Educación Física: Elaboración de un instrumento de medida. Actas

del III Congreso Nacional de Educación Física de Facultades de Educación y XIV de Escuelas Universitarias de Magisterio. Guadalajara:

Univer-sidad de Alcalá, 507-516.

20.Pavón, A. (2001). Intereses y actitudes hacia la

práctica físico-deportiva en la etapa universitaria.

Trabajo presentado para la obtención del DEA. Murcia: Universidad de Murcia.

21.Pavón, A. (2004). Motivaciones e intereses de los universitarios murcianos hacia la práctica físico-deportiva. Tesis doctoral. Dir. Dr. Juan Antonio

Moreno. Murcia: Universidad de Murcia.

22.Pavón, A.; Moreno, J. A.; Gutiérrez, M.; Sicilia, A. (2003a). La práctica físico-deportiva en la Universidad. Revista de Psicología del Deporte, 12, 1: 39-54.

23.Pavón, A.; Moreno, J. A.; Gutiérrez, M.;

Sicilia, A. (2003b). Intereses y motivaciones de los universitarios: diferencias en función del nivel de práctica. Cuadernos de Psicología del Deporte, 3, 1: : 33-43.

24. Piéron, M.; Telama, R.; Almond, L.;

Carreiro da Costa, F. (1999). Estilo de vida de jóvenes europeos: Un estudio comparativo. Revista

de Educación Física, 76: 5-13.

25.Reyes, S.; Garcés, E. (1999). ¿Por qué las personas hacen deporte?. Un análisis descriptivo en una población de estudiantes universitarios.

In: Nieto, G.; Garcés de Los Fayos, E. J. (Eds.). Psicología de la Actividad Física y el Deporte. Murcia:

Sociedad Murciana de Psicología de la Actividad Física y el Deporte, 121-126.

26.Ruiz, F.; García, E. (2002). El abandono y

la ausencia de práctica de actividad físico-depor-tiva de tiempo libre del alumnado de la univer-sidad de Almería. Un estudio longitudinal. Revista

Digital Lecturas: Educación Física y Deportes, 8, 47.

http://www.efdeportes.com/efd47/aband.htm

27.Ruiz, F.; García, E.; Hernández, A. I. (2001).

El interés por la práctica de actividad físico--deportiva de tiempo libre del alumnado de la Universidad de Almería. Un estudio longitudinal.

Apunts: Educación Física y Deportes, 63: 86-92. 28.Salguero, A.; Tuero, C.; Márquez, S. (2003).

Adaptación española del Cuestionario de Causas de Abandono en la Práctica Deportiva: vali-dación y diferencias de género en jóvenes nadadores. Revista Digital Lecturas: Educación Física

y Deportes, 8 (56).

http://www.efdeportes.com/efd56/aband.htm

29.Sánchez, A.; García, F.; Landabaso, V.;

Nicolás, L. (1998). Participación en actividad física de una muestra universitaria a partir del modelo de las etapas de cambio en el ejercicio físico: un estudio piloto. Revista de Psicología del

Deporte, 7(2): 233-245.

30.Sánchez-Barrera, M.; Pérez, M.; Godoy, J.

(1995). Patrones de actividad física de una muestra española. Revista de Psicología del Deporte, 7-8: 51-71.

31. Sánchez, E.; García, J. M. A. (2001).

Análisis de las motivaciones para la participa-ción en la comunidad. Papers: Revista de Sociología, 63/64: 171-189.

32.Savage, M. P. (1998). University students’

motivation for participation in a basic instruc-tion program. College Student Journal, 32, 1: 58-65.

33.Segura, J.; Cebriá, J.; Casas, O.; Corbella, S.;

Crusat, M.; Escanilla, A.; Grau, G.; Sanromá, M. (1999). Hábitos de actividad física en estudiantes universitarios. In: Nieto, G.; Garcés de Los Fayos, E. J. (Eds.). Psicología de la Actividad Física y el

Deporte. Murcia: Sociedad Murciana de Psicología

(21)

34.Scraton, S.; Flintoff, A. (2002). Gender and sport: A reader. London: Routledge.

35.Sicilia, A. (2002). Desigualdad y género en la Educación Física escolar. Actas del III Congreso

Internacional de Educación Física. Jeréz de la Frontera:

FETE-UGT, 679-697.

36.Taylor, W. C.; Blair, S. N.; Cummings, S. S.;

Wun, C. C.; Malina, R. M. (1999). Childhood and adolescent physical activity patterns and adult physical activity. Medicine and Science in Sports and

Exercise, 31(1): 118-123.

37.Torre, E.; Cárdenas, D.; García, E. (2001). La

motivación en la práctica físico-deportiva. Revista

Digital Lecturas: Educación Física y Deportes, 7, 39.

http://www.efdeportes.com/efd39/motiv.htm

38.Vázquez, B. (2001). La cultura física y las

diferencias de género en el umbral del siglo XXI.

In: Devís, J. (Ed.). La Educación Física, el Deporte y la Salud en el siglo XXI. Alcoy: Marfil, 213-226.

39. Wang, C. K. J.; Biddle, S. J. H. (2001). Young people’s motivational profiles in physical activity: A Cluster Analysis. Journal of Sport &

Exercise Psychology, 23 (1).

40.Weinberg, R.; Gould, D. (1996). Fundamentos

de psicología del deporte y el ejercicio físico. Barcelona:

Ariel Psicología.

41.White, S. A. (1995). The perceived purposes of sport among male and female intercollegiate and recreational sport participants. International

(22)

O treino da flexibilidade muscular põe em evidência uma série de princípios neurofisioló-gicos e um conjunto intrincado de propriedades musculares e visco-elásticas. São diversos os métodos de estiramento realizados nos contextos clínico e desportivo. Apesar da sua utilização ser comum, não é usual os profissionais de saúde e educação reflectirem sobre as componentes e eficácia dos diversos métodos de estiramento. Neste artigo, realizamos uma revisão crítica dos diversos métodos utilizados no treino de flexibi-lidade, assim como dos princípios e parâmetros que com eles se relacionam. Daremos especial ênfase aos princípios em que se baseia a facili-tação neuromuscular proprioceptiva e os diversos métodos de relaxamento local, como o aqueci-mento. Para além disso, teremos em conta os dados reveladores relativos ao paradoxo do Coeficiente de elasticidade, os quais podem ajudar a conceber uma filosofia de intervenção do treino de flexibilidade divergente relativa-mente ao que classicarelativa-mente tem sido defendido e efectivado.

Palavras-Chave:Estiramento passivo, Estiramento activo, Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva, Aquecimento, Coeficiente de elasticidade.

The muscular flexibility training and the range of movement improvement: a critical literature review

The muscular flexibility training put in evidence a train of neurophysiological principals and an intricate amount of muscular and viscous-elastic properties. There are a lot of stretching methods, used on the clinical and sport contexts. Despite its common utilization, it isn’t usual the health and educational profes-sionals reflect about the compounds and efficacy of the diverse stretching methods. In this article, we realize a critical review about the diverse methods used on the flexibility training, as the principles and parameters related with that. We will done special emphasis to the principles of the proprioceptive neuromuscular facilitation and the diverse local relaxation methods, like warming. We will also have in count the revealing data relating to the Elasticity Coefficient para-dox, witch can help to conceive an intervention philosophy of the flexibility training different from what it have being defended and practiced.

Key-words:Passive stretching, Active stretching, Proprioceptive Neuromuscular Facilitation, Warming, Elasticity Coefficient.

Resumo

Abstract

Data de submissão: Julho 2006 Data de Aceitação: Maio 2007 Coelho, L.; O treino da flexibilidade muscular e o

aumento da amplitude de movimento: uma revisão crítica da literatura. Motricidade 3(4): 22-37

(23)

Introdução

Conceptualmente, a flexibilidade muscular tem sido definida em termos da amplitude de movimento disponível por parte de uma articulação, amplitude essa dependente da extensibilidade dos músculos. Podemos atender à flexibilidade como “a habilidade para mover uma articulação ou articulações através de uma amplitude de movimento livre de dor e sem restrições, dependente da extensibilidade dos músculos, que permite que estes cruzem uma articulação para relaxar, alongar e conter uma força de alongamento” (1, p. 142, cap. 5).

O treino de flexibilidade é utilizado cada vez mais frequentemente nos contextos clínico e desportivo, tanto na preparação como na con-clusão de treinos, assim como parte de treinos autónomos que visam o estiramento global ou a reeducação postural.

Neste artigo, iremos rever os diferentes tipos de métodos terapêuticos utilizados para alongar os tecidos moles, considerando uma revisão sustentada da literatura, tanto no respeitante às diferentes modalidades e variantes de alon-gamento, como no respeitante aos diferentes parâmetros de estiramento muscular, como a frequência e a duração dos estiramentos. Iremos igualmente questionar a eficácia de uma série de modalidades de intervenção com vista ao ganho de flexibilidade, tendo sempre em conta a literatura existente.

Desenvolvimento

Propriedades mecânicas e neurofisioló-gicas dos tecidos

A flexibilidade está dependente de diversas propriedades mecânicas e neurofisiológicas do tecido contráctil e do tecido não contráctil.

As propriedades neurofisiológicas do tecido contráctil estão dependentes do funcionamento do fuso neuromuscular, do órgão tendinoso de

Golgi e das fibras neuronais associadas, estruturas envolvidas num complexo processo de inervação recíproca.

As propriedades mecânicas do tecido muscular dependem dos sarcómeros e respectivas pontes transversas de actina e miosina. Quando um músculo é alongado passivamente, o alonga-mento inicial ocorre no componente elástico em série e a tensão aumenta agudamente. Após certo ponto, ocorre um comprometimento mecânico das pontes transversas à medida que os fila-mentos se separam com o deslizamento e ocorre um alongamento brusco nos sarcómeros2. Se um

músculo é imobilizado na posição alongada por um período prolongado de tempo, o número de sarcómeros em série aumenta, dando origem a uma forma mais permanente de alongamento muscular. O músculo irá ajustar o seu compri-mento com o tempo de modo a manter a maior sobreposição funcional entre actina e miosina3.

As características mecânicas do tecido mole não contráctil estão dependentes das forças de sobrecarga e distensão tecidular, sendo que a

curva sobrecarga - distensão concebe o

compor-tamento dos tecidos perante uma força de deformação. Quando sobrecarregadas, inicial-mente as fibras de colagéneo alongam-se. Com sobrecarga adicional, ocorre deformação recupe-rável na amplitude elástica. Assim que o limite elástico é alcançado, ocorre falha sequencial das fibras de colagéneo e no tecido na amplitude plástica, resultando em libertação de calor e um novo comprimento quando a sobrecarga é libertada4,5.

O comportamento visco-elástico dos tecidos moles durante um alongamento compõe-se de uma deformação ou creep, expressando-se mais precisamente na fluage muscular. Tal comporta-mento muscular pode ser expresso pela seguinte equação 6:

Índice de deformação = Força aplicada / / Coeficiente de elasticidade x Tempo

(24)

A deformação muscular será maior em músculos com menor Coeficiente de elasticidade e estará proporcionalmente dependente da Força aplicada e do factor Tempo.

Mais tarde, no decorrer deste artigo, iremos ter em consideração aquilo que pode ser denomi-nado de “paradoxo do coeficiente de elasticidade”.

Métodos de estiramento

Existem três métodos básicos para alongar os componentes contrácteis e não contrácteis da unidade músculo-tendinosa: estiramento passivo, inibição activa (inclui o estiramento activo) e auto-alongamento1. O auto-alongamento pode

envolver alongamento passivo, inibição activa ou ambos.

De seguida, iremos precisar os diversos tipos de alongamento passivo.

ESTIRAMENTO PASSIVO

Estiramento passivo manual

Este é o tipo de estiramento em que o terapeuta ou instrutor aplica uma força externa ao segmento de modo a alongar os tecidos, sem realização de qualquer tipo de esforço por parte do doente ou desportista.

Exploremos seguidamente determinados parâmetros relativos à efectuação deste tipo de estiramentos.

Diversos estudos têm sido realizados com vista à compreensão do tempo necessário de estiramento com vista à obtenção de uma deformação permanente dos tecidos, ou seja, ao ganho de flexibilidade.

A primeira referência data de 19877, estudo

no qual o alongamento passivo foi aplicado nos abdutores da anca de indivíduos saudáveis por 15 e 45 segundos e dois minutos, na mesma intensidade. Segundo o estudo, o alongamento de dois minutos não apresentou mais vantagens no aumento da amplitude de movimento que os alongamentos mais prolongados.

No estudo de Bandy e Irion8, datado de 1994,

foi concluído que um estiramento estático de 30 segundos é mais efectivo que os alongamentos de tempos inferiores, mas não mais capaz de produzir melhorias na amplitude de movimento que o estiramento de 60 segundos.

Bandy et al.9concluíram também que não há

vantagens adicionais na realização de estiramen-tos com tempos superiores a 30 segundos de duração. Para além disso, demonstraram que não é vantajosa a passagem da frequência de estiramento de uma para três vezes por dia.

À semelhança dos estudos anteriores, Roberts e Wilson10 também estudaram os

tempos de estiramento estático e passivo em jovens desportistas. Concluíram que estira-mentos de 15 segundos eram mais vantajosos que estiramentos de tempos inferiores.

A única investigação com vista ao estudo de tempos de alongamento realizada em indivíduos idosos corresponde ao estudo de Feland et al.11.

Neste estudo, foi demonstrado haver vantagens na realização de estiramentos longos, até 60 segundos de duração. Os autores explicaram os resultados com a necessidade de sujeitos mais idosos, com menor elasticidade tecidular, neces-sitarem de períodos mais prolongados de tempo para conseguirem a máxima deformação das suas estruturas musculares.

Um estudo recente12apontou para os mesmos

resultados, em termos de ganhos de amplitude de movimento, tanto com um estiramento de 30 segundos de duração como com diversos estiramentos de cinco segundos de duração.

Há uma necessidade premente de estudar mais profundamente os tempos necessários à realização de estiramentos, principalmente no respeitante àqueles que são progressivos e globais. Por exemplo, o trabalho de fisioterapia de cadeias musculares, previsto no método de Mézières13, Reeducação Postural Global e

Stretching Global Activo14e método de Busquet15,

advoga a realização de estiramentos muito pro-longados no tempo. O trabalho de alongamento

(25)

realizado nestes métodos respeita escrupulosa-mente a fórmula da fluage muscular, apresentada no capítulo anterior. Segundo o que a fórmula prediz, Souchard16 defende as duas seguintes

premissas relativas ao trabalho passivo de alon-gamento:

(1) Quanto mais prolongamos o tempo

de alongamento, mais significativo é o comprimento ganho. Para ser eficaz, é preciso, então, praticar posturas de alon-gamento prolongadas no tempo, não alongamentos bruscos.

(2) Quanto mais aumentamos o tempo de

alongamento, mais podemos diminuir a força de tracção. A lentidão dos alonga-mentos, associada à moderação das tracções permite todas as descompressões articulares; só tracções manuais suaves e prolongadas é que permitem o tensionamento progres-sivamente global das cadeias musculares. Em última análise, tanto a intensidade quanto a duração do alongamento dependem da tole-rância do paciente ou desportista e da resistência física do terapeuta ou instrutor. Um alonga-mento manual de baixa intensidade aplicado pelo maior tempo possível será mais confortável e mais prontamente tolerado pelo indivíduo, resultando igualmente em mais resultados com maior controlo e segurança do processo de treino17.

Estiramento estático vs. Estiramento balístico Como vimos, um alongamento mantido por um período mínimo de tempo significa um conjunto amplo de resultados no respeitante ao ganho de amplitude articular. A dependência do factor tempo diz respeito não só à variável temporal prevista na fórmula de fluage muscular, como também a factores de natureza neuromo-tora. Referimo-nos à acção do reflexo miotático de encurtamento, ligado à sensibilidade do fuso neuromuscular. É bem sabido que um estiramento deve ser suficientemente lento e prolongado de

modo a se conseguir vencer a tendência que o músculo apresenta para encurtar no momento do alongamento por acção do reflexo miotático1.

Por essa razão de natureza teorética, actual-mente é rara a investigação realizada em torno dos estiramentos ditos balísticos. Estes são alongamentos “bruscos”, de alta intensidade, realizados a grande velocidade. Como tal, são estiramentos menos seguros e, provavelmente, menos eficazes em termos do aumento de amplitude de movimento. A tensão ocasionada no músculo derivada da grande velocidade de estiramento e, como tal, da estimulação do reflexo miotático, compreende cerca do dobro da tensão ocasionada com o estiramento estático18.

Na literatura, pode ser encontrado um estudo de 199319, segundo o qual o alongamento balístico é

menos eficaz do que o alongamento estático na melhoria da elasticidade muscular. Para além disso, o estiramento balístico tem demonstrado não possuir mais vantagens na preparação para o treino de força explosiva relativamente ao estiramento estático20,21.

Estiramento passivo mecânico prolongado

Corresponde ao tipo de alongamento mantido por períodos prolongados de tempo, conseguido por meio da aplicação de uma força externa de baixa intensidade, usando-se o peso do próprio paciente ou sistemas mecânicos como tracção, pesos, sistema de polias, splints dinâmicos ou gessos.

É o tipo de estiramento utilizado em muitas situações de patologia contraturante ou em situações de patologia neurológica com presença de hipertonia e consequente encurtamento e/ou mesmo deformidade segmentar ortopédica.

O parâmetro tempo de alongamento é concebido como um dos mais importantes a ter em conta neste tipo de estiramentos.

Vários estudos têm sugerido que um período de 20 minutos ou mais é necessário para que o alongamento resulte numa melhoria da ampli-tude articular quando se utiliza um alongamento mecânico prolongado de baixa intensidade22,23,24.

Referências

Documentos relacionados

Entre os objetivos da oficina, que aqui serão brevemente relatados, estão: desconstruir estereótipos criados e usados lato sensu para referir-se a pessoas com

Portanto, se o escoamento da produção de soja do Centro-Oeste fosse realizada em vias rodoviárias que estivem em bons estados de conservação haveria significativas reduções

Senhor Lourival de Jesus por conta de seu falecimento, solicitando uma Moção de Pesar inclusive, solicitou também a restauração das estradas da zona rural, em especial

The effect of cysteine addition into the Beltsville Thawing Solution BTS extender and centrifugation on the integrity of plasma membrane PI of swine semen storage at 17 °C for 72

Para desenvolvermos este estudo, no primeiro momento realizamos uma revisão de literatura, na qual apresentamos considerações sobre o ensino de Língua Portuguesa, abarcando o ensino

Item Código

Este estudo apresenta como tema central a análise sobre os processos de inclusão social de jovens e adultos com deficiência, alunos da APAE , assim, percorrendo

Por exemplo: quando você tem a impressão de que alguém quer deixar o sistema, você testa isso deixando essa pessoa dar uns passos para a frente e então pedindo a ela que diga se