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Assistência de Enfermagem do Trabalho: Prevenção de Doenças Ocupacionais

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Assistência de Enfermagem do Trabalho:

Prevenção de Doenças Ocupacionais

Thaís Adriana do Carmo

Doutora em Saúde Pública. Coordenadora do Curso de Farmácia da Faculdade de Americana. Coordenadora do Curso de Especialização em Enfermagem do Trabalho da Universidade Cruzeiro de Sul

Valéria Aparecida Masson

Doutora em Enfermagem. Coordenadora do Curso de Enfermagem da Faculdade de Americana

Resumo

O enfermeiro do trabalho é o profissional que assiste diretamente ao trabalhador em seu local de trabalho e atua de modo a promover a qualidade de vida no trabalho. No presente trabalho objetivou-se analisar por meio de revisão de literatura as atribuições e contribuições do enfermeiro na prevenção de doenças ocupacionais. Trata-se de estudo descritivo, exploratório e retrospectivo por meio de pesquisas em bases de dados científicas e consulta a livros a respeito do tema. Os dados foram extraídos da literatura e agrupados em três núcleos de conhecimentos: a história da enfermagem do trabalho, o profissional da enfermagem do trabalho e suas principais atribuições e a assistência de enfermagem do trabalho na prevenção de doenças ocupacionais. .O enfermeiro do trabalho atua na prevenção de doenças ocupacionais por meio do desenvolvimento de programas de proteção à saúde do trabalhador. Os achados permitem afirmar que esse profissional é de grande relevância na avaliação e desenvolvimento de programas de prevenções de acidentes e de doenças profissionais divulgando conhecimentos, orientando a adoção de comportamentos saudáveis, para promoção da saúde e prevenção de doenças ocupacionais.

Palavras-chave: Enfermagem do Trabalho, Doenças

Ocupacionais, Assistência de Enfermagem.

Abstract

The labor nurse is the professional who attends directly to the employee in the workplace and acts in order to promote the quality of working life. This study aimed to review assignments and nursing contributions in the prevention of occupational diseases. It is a descriptive, exploratory and retrospective literature study through research in scientific databases and consulting books on this subject. Data were extracted from the literature and grouped into three core areas: the work nursing history, the professional labor nursing and its main duties and labor nursing care in the prevention of occupational diseases. The present review shows that this professional is very important in the assessment and development of prevention of accidents and occupational diseases spreading knowledge programs, guiding the adoption of healthy behaviors for health promotion and prevention of occupational diseases.

Keywords: Occupational Health Nursing, Occupational

Diseases, Nursing Care.

Cristiane Akemmy Sacco Tasso

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Introdução

É cada vez maior a preocupação com a saúde do trabalhador. Segundo Lino et al (2012), os primeiros relatos que abordam essa questão, datam do século XVIII. Em 1700, Bernardino Ramazzini, famoso médico italiano, publicou a obra “As doenças dos trabalhadores” na qual apresentou uma inédita classificação e sistematização das doenças do trabalho (LINO et al, 2012; VASCONCELOS; GAZE, 2009) .

A abordagem inicial era centrada no modelo biologicista e acabou originado a medicina do trabalho, como especialidade médica, na Inglaterra, na primeira metade do século XIX(MARZIALE et al, 2010, MENDES; DIAS, 1991).

Com a industrialização e a urbanização observada a partir da II Guerra Mundial, modificou-se a relação entre o trabalho e as novas formas de produção, originando novas abordagens que resultaram na “Saúde Ocupacional”. Esse campo, caracterizado por uma ação multi e interdisciplinar, passou a considerar além dos aspectos biológicos, os aspectos sociais e psicológicos do trabalhador (MARZIALE et al, 2010, MENDES; DIAS, 1991).

No final do século XX, com a incorporação do trabalhador na compreensão e nas discussões do impacto do trabalho sobre o processo saúde doença, a Saúde Ocupacional passou a ser entendida como “Saúde do Trabalhador” (MARZIALE et al, 2010, MENDES; DIAS, 1991). No Brasil, o Estado começou a intervir na Saúde do Trabalhador em 1920, com Carlos Chagas. Mas, uma politica pública claramente definida legalmente sobre o tema, só ocorreu com a Portaria 3237/72, que criou o Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho (SESMET) (LINO et al, 2012).

Aos poucos esse tema foi conquistando o interesse dos profissionais da saúde e dos nos trabalhadores culminando na concepção de que, faz parte do direito à cidadania a real garantia de um ambiente de trabalho totalmente saudável. A Constituição Federal Brasileira, em seus artigos 5º e 7º, assegura os direitos sociais e fundamentais dos trabalhadores, que têm direito à garantia de sua incolumidade física e mental (BRASIL, 1988).

Segundo a legislação brasileira, todo e qualquer empregador, tem o legítimo dever de assegurar condições de trabalho em ambiente sadio. A lei exige inclusive que sejamrealizados exames admissionais e demissionais para que o trabalhador retorne ao mercado com a certeza e garantia de que sua saúde não foi de forma alguma prejudicada (BRASIL, 1996).

O profissional enfermeiro do trabalho, especialista em saúde ocupacional e que presta assistência de enfermagem aos trabalhadores, promove e zela pela saúde do trabalhador contra os riscos ocupacionais. Ele atua aindano atendimento aos doentes e acidentados, visando seu bem-estar físico e mental, também gerenciando a assistência, sendo o responsável técnico pelas ações e pela equipe de enfermagem (CASTRO, SOUSA E SANTOS, 2010).

O enfermeiro do trabalho vem conquistando cada vez mais espaço nas empresas, passando a fazer parte do respectivo corpo de funcionários atuando diretamente na orientação e prevenção de doenças ocupacionais e contribuindo portanto, na melhoria da qualidade de vida do trabalhador. (LIMA, LIMA, 2009).

Diante da importância do profissional da enfermagem do trabalho no cenário atual, este artigo teve por objetivo abordar as contribuições da enfermagem do trabalho,tanto no cuidado ao trabalhador quanto na prevenção de doenças ocupacionais e na promoção da saúde no local de trabalho.Nesse sentidofoi elaborado um breve histórico sobre a enfermagem do trabalho no Brasil por meio de revisão de literatura focando o profissional de enfermagem do trabalho, sua formação, qualificação,atribuições e o seupapelna prevenção de doenças ocupacionais.

Metodologia

Trata-se de um estudo descritivo de revisão de literatura.Foram selecionados materiais publicados em livros ebases de dados tais como Bireme e Ministério da Saúde. Foram utilizados os seguintes descritores para a busca de artigos: enfermagem do trabalho, doenças ocupacionais, assistência de enfermagem, saúde, trabalho.

Durante o tratamento analítico dos dados, realizou-se uma pré-análise do material mediante uma pesquisa exploratória, buscando identificar a enfermagem do trabalho, o profissional de enfermagem do trabalho e suas atribuições profissionais. Em seguida, realizou-se a exploração dos objetos de estudo, elaborando-se a análielaborando-se dos artigos identificados sobre a temática assistência de enfermagem na prevenção de doenças ocupacionais.A partir disso, foi possível a identificação de três núcleos temáticos:a história da enfermagem do trabalho, o profissional da enfermagem do trabalho e suas principais atribuições e a assistência de enfermagem do trabalho na prevenção de doenças ocupacionais.

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Resultados e Discussão

História da Enfermagem do Trabalho

Carvalho (2001) define enfermagem do trabalho como a ciência e a prática especializada que promove e presta serviços de saúde aos trabalhadores, incidindo na proteção, na promoção e na recuperação da saúde do trabalhador, e contribuindo para um local de trabalho saudável e seguro.

Dessa forma, a enfermagem do trabalho é parte da ciência da enfermagem em saúde pública e, como tal, utiliza os mesmos procedimentos e técnicas empregados por esta, como: promoção da saúde do trabalhador; proteção contra agentes químicos, físicos, biológicos, mecânicos, ergonômicos e psicossociais; proteção contra os riscos decorrentes de suas atividades laborais; manutenção da saúde do mais alto grau de bem estar físico e mental; recuperação de lesões, de doenças ocupacionais, visando a reabilitação para o trabalho (BULHOES, 1986).

Consiste ainda, na aplicação dos princípios e procedimentos de enfermagem com a finalidade de promover, conservar e restaurar a saúde do trabalhador e grupos nos seus locais de trabalho, contribuindo assim, para o seu bem estar e ótimo desempenho (ANTUNES, 2009).

A enfermagem do trabalho surgiu quando as primeiras leis de acidente do trabalho se originaram na Alemanha, em 1884, estendendo-se logo a vários países da Europa. Essas leis chegaram ao Brasil por meio do decreto legislativo nº 3.724 de 15 de janeiro de 1919, que dava parâmetros legais de proteção aos trabalhadores expostos aos riscos do dia a dia (BULHOES, 1986).

Em meados do século XX, surgiu na sociedade a preocupação por medidas e soluções que minimizassem os riscos de adoecimento e de morte dos trabalhadores em decorrência de atividades laborativas. Tal preocupação gerou a busca pelo conhecimento da relação entre saúde, trabalho e doença, e de tantos outros fatores que afetavam a saúde do trabalhador. Essas medidas sugeriram o aparecimento de outras ciências, além das ciências tradicionais, tais como: a higiene industrial, a segurança do trabalho, a medicina do trabalho, a saúde ocupacional e a enfermagem do trabalho (CARVALHO, 2001).

A primeira escola de enfermagem no Brasil foi criada em 1890 no hospício de Pedro 2º, que nos dias de hoje é o Uni-Rio. Em 1931, foi regulamentado no Brasil o exercício de enfermagem. Já em 1955 foi aprovada a lei do exercício Profissional de Enfermagem no Brasil.

Apesar de muitas enfermeiras trabalharem em indústrias desde 1940, no contexto da Medicina Industrial e Ocupacional, a enfermagem brasileira não tinha envolvimento legal na proteção dos trabalhadores até 1959, quando a Organização Internacional do Trabalho, através da Resolução 112, estipulou a obrigatoriedade dos serviços de saúde ocupacional nas empresas(MARZIALE, 2005 apud MARZIALE, 2010, pg 42).

De fato, a história da enfermagem do trabalho no Brasil é bastante atual. A assistência de enfermagem do trabalho era vista mais como um atendimento emergencial na empresa, o que não a valorizava. Entretanto, o espaço para a atuação profissional, principalmente do enfermeiro do trabalho, foi se ampliando, seja na assistência direta aos trabalhadores e a seus familiares, ou no desempenho de funções administrativas, educacionais, de integração ou de pesquisa, entre as décadas de 50 e 70. (LIMA; LIMA, 2009).

Em 1972, o auxiliar de enfermagem do trabalho foi incluído na equipe de saúde ocupacional, pela portaria nº 3.237 do Ministério do Trabalho. Em 1973, a partir da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEN), foram criados os órgãos de regulamentação do exercício da enfermagem no Brasil: o COFEN, elaborado e aprovado pela lei 7.498/86, e os conselhos regionais de enfermagem.Em 1974, ocorreu o primeiro curso de especialização em enfermagem do trabalho no estado do Rio de Janeiro. Porém, a inclusão do enfermeiro do trabalho na equipe de saúde ocupacional ocorreu por meio da Portaria nº 3.460 do Ministério do Trabalho, em 1975, após uma manifestação da Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ANENT, 2008).No ano de 1978 foi publicada a Portaria nº 3214 que trata das normas reguladoras da medicina do trabalho, criando as chamadas NR’s – Normas Regulamentadoras (ANENT, 2008).

Quanto à absorção do Enfermeiro do Trabalho, qualquer que seja o grau de risco ocupacional, a legislação brasileira prevê apenas e somente um Enfermeiro do Trabalho para as empresas que tenham uma quantidade igualou superior a 3.501 empregados (MAURO, 1998).Dentre as normas, a NR7, diz respeito ao Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) que estabelece “[...] a obrigatoriedade da elaboração e implementação de programa para a promoção e preservação da saúde dos trabalhadores”. (AZEVEDO, 2010). Acredita-se ser esse programa uma das principais áreas de atuações do enfermeiro do trabalho, uma vez que o mesmo deverá ser planejado e implementado com base nos riscos levantados, deve levar em consideração as questões que incidem diretamente sobre o indivíduo e sobre a coletividade, tendo um caráter de prevenção, promoção da saúde e de diagnóstico precoce de doenças ocupacionais.

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O profissional da enfermagem do trabalho e suas principais atribuições

Segundo diferentes autores a equipe de Enfermagem do trabalho tem um papel muito importante na prevenção das doenças, das incapacidades e promoção da saúde dos trabalhadores nas empresas. (Bulhões,1986;Carvalho 2014).

Em um estudo realizado por Carvalho (2014) encontra-se que, na última década, a Enfermagem do Trabalho ganhou destaque, uma vez que essa ocupação está fortemente direcionada para a Promoção da Saúde, e são os enfermeiros os profissionais de saúde que podem estar mais perto dos trabalhadores, para conhecer as suas necessidades.

Conforme afirma Bulhões (1986, p. 204):

O processo de enfermagem dentro da saúde do trabalhador consiste em promoção de cuidados e proteção aos trabalhadores, torná-los conscientes dos riscos a que estão expostos e fazer com que participem do seu autocuidado. Com isso pretende-se minimizar os riscos ocupacionais.

É sabido que o papel da enfermagem do trabalho é mais do que essencial na qualidade de vida e consequentemente na saúde do trabalhador (LIMA,LIMA, 2009).

O enfermeiro do trabalho é o profissional que além da graduação em enfermagem, possui a Especialização em Saúde Ocupacional, na qual visa à evolução de sua atividade atuando no contato direto ao trabalhador e na administração do Ambulatório, ampliando suas ações através de pesquisas e métodos de trabalho, permitindo uma mão de obra produtiva, sadia e rentável às empresas, através dos processos de avaliação da saúde, determinando o bem-estar do trabalhador (CARVALHO, 2014).

Em relação à educação e formação profissional de Enfermagem em Saúde Ocupacional (ESO), no Brasil, a ANENT recomenda currículo mínimo para os cursos de Especialização em Enfermagem do Trabalho, com conteúdo programático específico para o desenvolvimento da profissão, mas não oferece certificação como o faz a Associação Norte-Americana de Enfermeiros de Saúde Ocupacional (American

Board for Occupational Health Nurses - ABOHN).

Os Conselhos Regional e Federal de Enfermagem são responsáveis por determinar e supervisionar as funções de todos os profissionais envolvidos na prática de enfermagem no Brasil (MARZIALE, 2010).

Mauro (1998) cita em seu trabalho o perfil profissional do especialista em enfermagem do trabalho:

• Ser profissional de Enfermagem de nível superior;

• Estar de acordo com a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), documento oficial do Ministério do Trabalho;

• Ser portador de Certificado de Especialização em Enfermagem do Trabalho;

• Poder enquadrar-se nas normas dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho, conforme a Portaria 3.214/78 - NR-4.

• Estar classificado pelo COFEN no quadro I, Lei 7.498/86 e Decreto nO 94.406/87;

• Estar registrado como Especialista em Enfermagem do Trabalho com base na Resolução 173/94 do COFEN;

• Ter sensibilidade social no que se refere à situação dos trabalhadores;

• Ter interesse para melhorar a qualidade de vida no âmbito do trabalho e família do trabalhador;

• Ter conhecimento sobre a legislação do trabalho existente no pais e convênios internacionais aceitos;

• Demonstrar atitudes e aptidões para desempenhar as funções de enfermagem neste campo, evidenciadas pela capacidade, responsabilidade, espírito de investigação e de luta pela saúde do trabalhador;

• Demonstrar conhecimentos dos aspectos epidemiológicos da saúde ocupacional, da administração, do ensino e da assistência para esta área;

• Demonstrar capacidade de trabalho em equipe e em grupo.

A demanda pela Enfermagem em Saúde Ocupacional no Brasil tem aumentado consideravelmente nos últimos anos, devido ao crescimento do número de indústrias no país e em decorrência de mudanças na legislação específica dessa área, como ocorrido com as normas que estabelecem que hospitais com mais de 501 trabalhadores, empresas de transporte com mais de 751 trabalhadores (Norma Regulamentadora 29) e companhias agrícolas com mais de 500 trabalhadores (Norma Regulamentadora 31) são obrigados a ter pelo menos um enfermeiro especialista em Saúde Ocupacional (MARZIALI, 2010).

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De acordo com a Associação Nacional dos Enfermeiros do Trabalho (ANENT, 2016), os Enfermeiros de Saúde Ocupacional (ESO), no Brasil, desempenham atividades relacionadas à higiene ocupacional, segurança e medicina, e integram grupos de estudo de proteção da saúde e segurança do trabalhador. As responsabilidades de ESO, de acordo com a ANENT (2016), incluem tarefas variadas, relacionadas à prevenção de doenças e acidentes de trabalho e à promoção da saúde no trabalho.

Em um estudo realizado por Marziali (2010) em relação às atribuições e responsabilidades dos ESOs dos atuais países desenvolvidos e países em desenvolvimentocomo o Brasil, esses dividem objetivos comuns relacionados à proteção dos trabalhadores contra acidentes de trabalho e doenças ocupacionais e à promoção de segurança e saúde no trabalho. Além disso, os resultados deste estudo demonstraram que ESOs brasileiros e norte-americanos desenvolvem tanto atividades de gerenciamento quanto de promoção da saúde, de educação e de pesquisa.

Dentre as principais atribuições que o enfermeiro do trabalho possui podem ser destacadas: atuação no campo da higiene ocupacional e segurança do trabalho, elaboração e execução de programas de proteção à saúde dos trabalhadores,identificação das causas de absenteísmo, de doenças profissionais e lesões traumáticas (Lima, Lima 2009; Castro et al, 2010; Oliveira e André, 2010, Barbosa et al, 2008, Marziale, 2010,COREN, 2007 ):

Tais atribuições podem ser divididas em três vertentes: administrativas, assistenciais e educacionais (Lima, Lima 2009; Castro et al, 2010; Oliveira e André, 2010, Barbosa et al, 2008, Marziale, 2010):

Atribuições administrativas:

• Planejar, organizar e executar o processo de trabalho da equipe de enfermagem do trabalho definindo procedimentos de rotina e ou específicos da área;

. Planejar, organizar e executar atividades em conjunto com outros profissionais do SESMET (Serviço Médico Espécializado em Engenharia e Medicina do Trabalho) (diagnósticos de problemas e proposta de intervenções), incluindo trabalho integrado com a CIPA (BRASIL, 1978);

• Organizar prontuários e registros dos funcionários, bem como documentos da empresa ligados ao setor (ex: Programa de Proteção de Riscos Ambientais (PPRA), Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO), entre outros

• Controlar estoque de materiais e insumos quando houver (BRASIL, 1978).

Atribuições técnicas:

• Realizar a sistematização da assistência de enfermagem voltada para a saúde ocupacional, atentando-se na fase de coleta de dados para levantamento de problemas e intervenções, minimizando o absenteísmo (CARVALHO, 2001);

• Elaborar um plano de assistência de enfermagem a ser prestada pela equipe de enfermagem do trabalho para a proteção, recuperação, preservação e reabilitação da saúde do trabalhador (LIMA e LIMA, 2009; CARVALHO, 2001).

• Realizar procedimentos de enfermagem como testes de acuidade visual, curativos, testes funcionais entre outros (AZEVEDO, 2010). • Promover educação em saúde por meio de campanhas embasadas nos principais problemas de saúde do trabalhador: hipertensão, diabete, vacinação, tabagismo, alcoolismo, primeiros socorros, obesidade; • Promover medidas de biossegurança;

• Supervisionar e avaliar o funcionamento do processo de trabalho em enfermagem, bem como supervisionar a equipe de enfermagem do trabalho

• Estimular a utilização dos Equipamentos de proteção Individual a partir de treinamentos e conscientização de acordo com a NR-06 (Brasil, 1978).

Atribuições de educação em Saúde e em Serviço: • Treinamento da equipe de enfermagem do trabalho de todos os processos de trabalho do setor.

• Desenvolvimento de estratégias de educação em saúde do trabalhador com base na problematização dos riscos ocupacionais e nos dados de morbidade, promovendo proteção da saúde e prevenção de doenças e agravos ocupacionais

• Desenvolver treinamento e capacitação com membros da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes- CIPA sobre assuntos pertinentes a saúde do trabalhador para que os mesmos possam se empoderar na prevenção de

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• Manter-se atualizado em relação às tendências e inovações tecnológicas, científicas de sua área de atuação e das necessidades do setor/ departamento;

• Desenvolvimento de materiais educativos como folderes e cartazes, ações sociais, atividades lúdicas com o objetivo de promover o bem-estar e qualidade de vida no local de trabalho.

O Enfermeiro em Saúde Ocupacional exerce importante papel na busca de melhores condições de vida e de trabalho para trabalhadores. É de suma importância as atividades que esses profissionais desenvolvem no sentido de implementar ações de segurança e saúde dos trabalhadores, as quais podem ser utilizadas para a elaboração de diretrizes para a prática da Enfermagem em Saúde Ocupacional no Brasil (MARZIALE, 2010).

Assistência de enfermagem do trabalho na prevenção de doenças ocupacionais

As doenças laborais ou ocupacionais são aquelas que o indivíduo adquire em função de sua exposição a agentes ou condições que possam desencadeá-la. Em virtude disso existem hoje padrões mínimos para que determinadas funções sejam desempenhadas de maneira a oferecer o menor risco possível à saúde do trabalhador (BARBOSA, 2011).

Para que as doenças ocupacionais possam ser evitadas existe a necessidade de se compreender o contexto em que elas se desenvolvem e os fatores que as desencadeiam,assim, dentre os fatores relacionados às doenças ocupacionais, pode-se citar o próprio ambiente de trabalho, suas características físicas e psicológicas; os instrumentos de trabalho;o espaço em si e a sua própria organização. Pode-se mencionar também os diversos fatores de risco (físicos, químicos, ergonômicos, mecânicos, biológicos e psicossociais) com os quais o trabalhador se depara em seu cotidiano (LIMA, LIMA, 2009).

Ainda Lima, Lima (2009) descrevem que entre os agentes físicos mais nocivos á saúde do trabalhador estão os ruídos, vibrações, temperaturas extremas (elevadas ou baixas), a umidade, pressões consideradas anormais e as radiações. Já entre os fatores químicos pode-se citar a poeira, gases, nevos e vapores, que de alguma forma penetram no corpo do indivíduo favorecendo uma série de doenças.

Há ainda os fatores biológicos, comuns diante dos contatos do dia-a-dia das pessoas e os ergonômicos, sem ainda deixar de mencionar o estresse ocupacional e o assédio moral, como fatores psicossociais. Todos

esses fatores desencadeiam doenças diversas, de natureza infecciosa, parasitária, neoplasias, doenças sanguíneas, visuais, auditivas e de pele, dos aparelhos respiratório, digestivo, osteomuscular, gastrointestinal, além de transtornos mentais e de comportamento, entre outras (BRASIL, 2005; LIMA, LIMA, 2009; CASTRO, 2010).

A Norma Regulamentadora 32 (NR-32) descreve situações de exposições a riscos à saúde do trabalhador, a saber: riscos biológicos, riscos químicos e radiação ionizante. A diminuição ou eliminação dos agravos à saúde do trabalhador estão em grande parte relacionados à sua capacidade de entender a importância dos cuidados e medidas de proteção às quais deverão ser seguidas no ambiente de trabalho (BRASIL, 2005).

A baixa adesão ao uso dos equipamentos de proteção individual e o seu manuseio incorreto são decorrentes de fatores como desconforto, incômodo, descuido, esquecimento, falta de hábito, inadequação dos equipamentos, quantidade insuficiente e a descrença quanto ao seu uso. Esses fatores são agravados pela precária infraestrutura, aspectos organizacionais do trabalho, falta de conhecimento devido à não existência de educação permanente, sobrecarga de trabalho, estresse, cansaço físico e falta de tempo (NEVES, 2011).

O fato dos profissionais terem conhecimento sobre os riscos no ambiente de trabalho nem sempre garante a adesão ao uso de medidas protetoras. Em geral, esse conhecimento não se transforma numa ação segura de prevenção de acidentes e doenças ocupacionais, o que sinaliza a necessidade de ações mais efetivas para mudar essa realidade, assim a presença do enfermeiro pela vigilância em saúde é indispensável na manutenção da segurança na unidade de trabalho, possibilitando a promoção de atividades educativas para essa população, com o intuito de diminuir os riscos de estarem adquirindo doenças ocupacionais relacionadas a seu trabalho (SANTOS, BRASILEIRO, 2013).

Cabe ao enfermeiro do trabalho, além do levantamento dos riscos e do trabalho de conscientização, promover ciclos de palestras, incentivar a imunização por meio de vacinas, a realização de exames periódicos para avaliar a saúde do trabalhador, o incentivo à atividade física, bem como a conscientização dos perigos do cigarro, álcool e drogas diretamente em sua saúde (LIMA, LIMA, 2009).

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BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 07 - Programa de. Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego,

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Norma Regulamentadora 32 – NR-32. Revisão: COREN-SP 2007. São Paulo: Demais Editoração e

Publicação Ltda; 2007. 5. Considerações Finais

O objetivo desse estudo foi verificar por meio da literatura as atribuições do enfermeiro do trabalho, verificou-se que o profissional de enfermagem do trabalho elabora, desenvolve e realizam planos e programas de proteção à saúde de todos os empregados, realizando inclusive inquéritos sanitários, estudando as causas de absenteísmo, levantando doenças profissionais e lesões traumáticas, procedendo a estudos epidemiológicos, coletando dados estatísticos de morbidade e mortalidade de trabalhadores, investigando e analisando possíveis relações com as atividades funcionais. Esse profissional também avalia e desenvolve programas de prevenções de acidentes e de doenças profissionais divulgando conhecimentos e sempre estimulando e orientando a aquisição de hábitos sadios, para prevenir doenças ocupacionais.A enfermagem do trabalho busca sempre aprofundar e desenvolver conhecimentos ampliando seu papel junto a saúde do trabalhador.

Conclui-se que o enfermeiro tem como particularidade em seu papel relativo aos riscos ocupacionais e às medidas preventivas a capacidade de estudar e realizar as condições de segurança e periculosidade do órgão ou da empresa, promovendo observações nos locais de trabalho e analisando-as em equipe, para identificar as necessidades relativas ao campo da segurança, higiene e toda e qualquer melhoria do trabalho.

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Referências

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