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Escavações arqueológicas de Dume (S. Martinho): resultados preliminares

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E

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". ­

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SUMARIO

Programa do dia 23 de Setembro de 1988 ............. ...... ......... . 9 A Arqueologia dos Castros no Norte de Portugal: balanr;o e per~pectivas

de investiga<;ao, por Manuela Martins . . . 11

Debate .. 37

Arqueoloxia Medieval en Galicia: unha aproximaci6n, por Francisco Fariiia

Busto & Jose Suarez Otero .' . . . 49 Debate . ... . ... . ... . . . ... . ... . ... ... .. . 79 Notas para 0 eSludo do perfodo Caslrejo·Romano no Concelho de Arouca,

por Antonio Manuel dos Santos Pinto da Silva .... . ... . ... .. . 85 Aplicaci6n de un modelo etnoarqueol6gico a la agricultura castrena,

por J. M. Vazquez Varela. . . . .. . .. .. . . .. . . .. . ... . . .. . .... . .. . ... . ... ... 99 La industria lftica tal/ada en la cultura castrena del suroeste de Galicia,

por Juan Antonio Cano Pan ... .. ... .. ... . . 107 Los objetos metalicos del Caslro de Torroso (Mos, Pontevedra),

por Antonio de la Pena Santos ... . ... . . . . ... .. ... . . . ... . 113 Do ,node los de habitat castrefio: Castro de Trona y Castro de Fozara,

por Jose Manuel Hidalgo Cunarro & Eugenio Rodriguez Puentes ... . ... . . 133

Debate . ... . 145

Que areas de produ<;ao e de dislribui<;ao de [fbulas do tipo transrnontano e do

tipo Meseta no nosso pals? por Salete da Ponte ... . ... . ... 157 Problemas de compartimentaci6n espacial do castrexo galaico,

por L. Xulio Carballo Arceo, Juan L. Naveiro Lopez & Pepa Rey Castineira . . . 167 Caixas-relicario medievais de S. TorcaJo (Guimaraes) (Reswno) ,

por Mario Jorge Barroca & Manuel Luis Real . . . 185 Escavar;oes arqueol6gicas no /greja de S. Mamede (Torre de Moncorvo),

por Alexandra Cerveira Lima, Miguel Rodrigues, Nelson Rebanda,

Paulo D6rdio Gomes & Ricardo Teixeira . ... .. ... . 187 Ferrarias medievais do Norte de Portugal, por Mario Jorge Barroca ... . ... 211 Escavar;oes arqueol6gicas de Dume (S. Martinho) - resultados preliminores,

por Luis Fernando de Oliveira Fontes ............ ............... 243 Fragmentos de dos piezas con decoraci6n visigoda de Santianes de

Pravia (Asturias), por Paloma Garcia Diaz . . . 257 Debate .. ...... ... _... _. ... . ... . .. . . ... . . .... ... . 269 A area de abastecimento de recursos perreos no cullura castrexa: 0 caso do

Val do Deza, por Luis Xulio Carballo Arceo & Manuel Lopez Cora . 275 V(a romana nos concellos do Pino e Boirnorto

(A

Coruna - Galicia):

veslixios arqueol6xicos e probable (razado, por Fermin Perez Losada 291

(3)

!

, Prospeccion eleclrica en zona urbana: aplicacion al estudio del trazado de

la muralla romana de Gij6n (Zona esteY, por M. C. Hernandez Lucendo,

M. E. Camara Moral, C. Fernandez Ochoa & P. Garcia Dias ... . ... .. . .. ... . 313

PROGRAMA [

Dalos paleon/ol6gicos sobre la ganader[a de la cullura caslrena en Galicia,

por Rafael Penedo Romero .... .. . .. .... ... ... ... . 325 Arqueosub en el Allanlico: prospecciones subacuaticas en la Galicia meridional,

por Javier Francisco Luaces Anca & Maria Cristina Toscano Novella ... ... . Debate . ... .. . .. ... . .. . . .. . . . .. ... . . . , .. , .... . Participanles nos debates . . .... . .. ... . . ... ... .... . .. . Sessiio de encerramenlo. Alocuqao. por Vitor Oliveira Jorge . , . .. , .... .. . . .. . . Alocuqiio, por Fernando Real ... . ... . . . .. .. ... , . .. , ... ... . .. , . . .. . .. . . . Alocuqiio final, par Artur Carvalho Borges ... .. ... . .. .. .. .. . . .. .. . .. .

341 347 348 349 353 355

V.

Vl.

VII.

9 h. - Conferel NORTE Martins, 9,30 h. - Dcbate s 10 h. - Conferer GALIZA sor da Fa Compost 10,30 h. - Debate S

11 h. - Confcrer NORTE reira de Pono.

VIII.

11,30 h. ­ Debate S

12 h. - Confere GALIZ

12,30 h. ­

grinacim Debate s

19. 15 h. - Antonio 20. 15,15 h. - Antonio perfodo I

21. 15,30 h. - J.M.

Va,

queologi 22. 15,45 h. - J.A. Can 23. 16 h.- Antonio

Torroso hallazgo 24. 16,15 h. - Jose Mal

lCS, «Con los valle 16,30 h. - Debate s

17 h. - In

25. 17,30 h. - Xosefa E Carballo

(4)

2

ESCAVAC;OES ARQUEOL6GICAS DE DUME (S. MARTI'NHO)

- resultados preliminares

por

Luis Fernando de Oliveira Fontes

1. INTRODUc;:Ao

o

achado de ruinas arqueologicas no subsolo da Capela de Nossa Senhora do Rosario, na freguesia de Dume, e a pretensao das entidades locais de fazer obras de amplia9ao na Igreja Paroquial, localizada junto

a

primeira, levaram os seus responsaveis a solicitar, em 1986, a interven9ao do Servir,;o Regional de Arqueologia da Zona Norte. Ao implicarem remeximentos do subsolo, os trabalhos de constru9ao civil constituiam uma seria amea9a ao eSludo e preserva9ao futura de importantes vestigios arqueologicos de epoca romana e alto-medieva, que intimeros achados e referencias documentais atestavam para o 10caJl.

Neste sentido, 0 S.R.A.Z.N. e a Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho implementaram urn programa de escava90es de emergencia em Dume, a fim de se determinar a importfmcia dos vestigios e promover a sua salvaguarda e estudo.

As escava90es decorreram de Fevereiro a Dezembro de 19872, incidindo em areas amear,;adas por obras ja em curso, caso do interior da Capela de N. S.

( A localidade de Dume e conhecida, ja desde 0 Sec. XVIII (ARGOTE 1747) pcla abundancia de veslfgios arqueol6gicos de epoca romana, que lrabalhos agricolas ou de conslru~iio cfvil foram casualmente colocando a descoberlo. Por oUlro lado, inumeras fonles documentais referenciaram para 0 local uma inlensa ocupa~ao medieval, associada sobreludo ao Bispado de Dume, sendo 0

IUD)ulo do Bispo de S. Martinho a expressao malerial mais significaliva que se conhece. Embora os achados se disperscm por loda a freguesia,

e

nOl3vel a sua abundancia nas proximidades da igreja paroquial: pralicamenle em lodas as casas e lerrenos conliguos se enconlram fragmenlos de fusles e bases de colunas, ceramica e lelha, e mcsmo epfgrafes romanas (COSTA 1965;

COUTL'lHO 1957; FREITAS 1890; LEAL 1874; MACIEL 1980; MARTINS 1987; SILVA 1919).

Os trabalhos foram dirigidos pelo signalario sob a supervisao do Dr. Francisco M.S. de Sande Lemos (enlaO direclor do S.R.A.Z.N.). Conlamos ainda com a colabora~ao do Dr. Manuel L. Real, a quem agradecemos 0 acompanhamenlo dos lrabalhos.

(5)

Luis Fe rlUJndo fh Oliveira Fontes

244

do Rosario (Sector B), e em areas cuja amea9a se manifestaria a curto prazo, caso do adro a Sui da Igreja Paroquial (Sector A).

Os objectivos da escavar;ao, condicionados pelo canicler de salvamento que a interventrao revestia, oricntaram-sc sobretudo para a confirma<;ao, ou infirmay30 da ex.istenc~a de ve tigios arqueol6gicos, avaliayao da sua impor­

Lancia e extens30 e, complementarmente, para a apreensao da sequencia ocupacional do sfLio.

Os resuItado obtidos ultrapassaram as expectativas iniciais,justificando pois a sua divulga<;ao, ainda que de um modo necessariamente sucinto e sem prejufzQ de uma Ulura analise mai ampla e pormenorizuda.

2. LOCALlZA<;.A.O GEOGRAFICA

A esta<;ilo arqueo16gica situa-se no lugar do Assenlo, junto

a

igreja

paroquial de Dume, no arredores de Braga.

As coordenadas geogrMicas do lugar. liradas em relar;ao

a

torre sineira da igreja,3 sao: '

Latitude - 41 33 18 N

Longitude - 041 25 E (meridiano Lisboa).

A stayao localiza-se na chamada «ribeira de Dume», em pi no vale do C.hado c pr6ximo do maciyo montanhoso que limita a bacia hidrogrMica a Sui, no inicio da planicie que se eSlende ate ao rio com um suave pendor para Oeste.

A altilude media do local e de 90 metros.

o

substrato rochoso granitico, granito porfir6ide de grao grosso a fino4,

e coberto por urn espesso solo humoso abundanlemente irrigado pelas Hnhas de agua que des em das elevayoes a Sui (Montelio , Monle Crasto e Monlariol), e que vao juntar-se na Ribeira de Gafos atravessando a planicie em direc<;ao ao Cavado.

A paisagem envolvente e marcadamente rural, de tipo «bocage», apresen­

lando-se relalhada em pequenas propriedades inlensamente agriculluradas, onde as culLuras do milho, 1 guminosas, vinho e [orragens constiluem as principais produ~oes.

o

acesso

a

estayao arqueologica pod fazer-se a parlir de Braga, seguindo pela estrada E.M. 589 ate ao seu cruzamento com a E.N. 205-4. Ai, virando

a

esquerda, e a cerca de 120 metros, encontra-se a Igreja Paroquial de Dume, conSlruida sobre as rufnas do antigo templo.

] Folhas n.O' 56 e 70 da cans 1 :25 000 dos S.C.E.

Folha 5D·Braga da carta 1 :50 000 dos .G.P.

3. ESTRUTURAS, ESTR

Por razQcs de facilida veCLar orienlador a sequend simulta nea dos vestigios do zn<;ao das constru<;6es, a lei Fase 1 - Os vestigia reCOrle aberto na arena gran lida, com uma profundidad~

estendia por toda a area es Sector B, correspondiam a de uma ampla area pavimen alvenaria de pedra e fragm muros revelavam nas suas lamenlo de paralelepipedos 4 horizonlais. Com cerca de Noroeste/Sudesle, as parcd ligeiramente afei<;oada para atraves de uma cinla de fra~

A estrutura do Seeloli corresponderia a um muro (!

Seclor B. 0 espolio recolhil por ser excIu ivamente de f As ceramicas comuns importac,:ao c alguns fragm~

fragment s de SigiJlata His~

-se tambem 3 fragmentos d relevado de vidro branco, , (ALARCAO 1965).

ESle conjunLO de eSlrull de uma «villa» romana, cuja dessa epoca encontrados na Fase 2 - A fase seg za<;ao/adaptayao de parle d:

parede (estrulura C') e no' orientayao de base, Lerlio de

, Agradecemos a idcnlifica~3o d indicayoes para caraclerizar as ce

• Sinlomalicamenlc, as dala~6e (TRANOY 1981) conco rdam com

(6)

245

I

Escava,oes Arqueoiog ica.I' de Dume - resultados preliminares

3. ESTRUTURAS , ESTRATIGRAFIA E ESPOUO

Par razoes de facilidade de exposi~ao e Iim ilaryao de esparyo e tendo como vector orientador a sequcnc ia constru ti va registada, farcmos uma abordagem simultallea dos vestigios do dois sectores escavados, integrando a caracleri­

za~ao das constru~5es, a Jeitura estratignHica e a analise do esp61io exumado,

Fase 1 - Os vesLigios mais antigos correspondiam, no Sector A, a urn recorte abeno na arena granilica (estrutura A), de forma tronco-conica inver­

lida, com uma profundidadc de 0, 60 m e 0, 70 m de largura maxima, que e estendia por toda a area escavada com uma orientacao Noroeste/ Sude le; no Sector B, correspondiam a da is muros que constituiam os limites oIte e Sui duma ampla area pavimcmada com «opus signinum» (estruturas A' e F'), Em alvenaria de pedra e fragmentos de tijolo, ligados por argamassa amarela, os muros revelavam nas sua face urn aparelho regular resultante do assen­

tamento de paralelepfpedos de granito, corn a face externa afeiryoada, em fiadas horizontais, Corn cerca de 0,50 m de largura e uma orientaryao igualmente Noroeste/Sude te, as paredes assentavam directamente na arena granitica, Ij geiramente afei~oada para as reeeber. A liga~ao parede/pavimento era feita at raves de uma cinta de fragmentos de «tegulae», tipo rodape.

A eSlrutura do S etor A, que inlerpretamos como val a de funda~.ao,

corresponderia a urn muro que, pela sua orientar;,ao, se articularia corn os do Sector B. 0 espolio recolhido nos enchimentos associados a esses vestigios, por ser exclusivamente de fabrico romano, refor~a essa artic ularyao.

A' ceramicas comuns sao predominantes, limitando-se as cerflInicas de imponayao e alguns fragmentos de anfora de formas indeterminavei, e a 3 (ragmentos de Sigillata Hispanica datavel dos Secs. I e II d.C.5Recolheram­

-se tambem 3 fragmentos de vidro de cor verde-gelo, decorados com um fio relevado de vidro branco. de forma indeterminavel, datavel do Sec, I d.C.

(ALARCAO 1965).

Este conjuDto de estruturas e camadas deverao corresponder aos ve tigios de uma «villa» r mana, cuja existencia se presumia da abundancia de epfgrafes dessa cpoca encontrados na' imediac;:oes6,

Fase 2 - A fase seguinte correspondia, no Sector B, a uma rcutili­

za~ao/adaplayaO de parle da «villa», revelada pela conslru~ao de uma nova parede (estrulura C') e novO pavimenlo que, manLCndo embora a mesma orienlaryao de base, Lerao definido nov os esparyos interiores.

gradecemos a identifica~1io da Sigillata

a

Dra. Manuela Delgado, que nos fomeceu tarnbem

indica~6es para caracLerizar as cer-micas,

• Sintornaticamentc, as dala~oes apontadas poa Alain Tranoy para algumas epigrafcs de Dume (TRAj OY 1981) concordam com a cronologia fornecida pelo e polio.

(7)

Luis Fernando de Oliveira Fontes Escava<;6es IIr,

246

o

novo pavimento. de terra batida. recobre 0 pavimento de «opus signinum» e encosta as estruturas A' e C. Esta ultima. de alvenaria de granito e fragmentos de tijolo. com duas fases de 0.60 m de largura, apresenta urn aparelho de excelente qualidade que aproveita silhares almofadados e pedras afei<;oadas de outras constru<;6es. Assenta no pavimento de «opus» atraves de urn alicerce definido por uma fiada de blocos ligeiramente salientes em rela<;ao ao prumo da parede.

No Sector A, sobre os enchimentos da fase anterior foi construida a estrutura B. que se desenvolvia em arco de cfrculo definindo uma planta absidal em arco prolongado.

Assentando directamente na arena granitica. era formada por grandes silhares de gran ito almofadados. dispostos em duas linhas paralelas limitando urn enchimento interior de cascalho. calhaus e argamassa de terra argilosa.

totalizando uma espessura de 1.20 m. Montados em fiadas horizontais regu­

lares. apresentavam as «almofadas» viradas para 0 exterior. definindo na face interna da parede uma superffcie lisa e na externa uma superficie irregular.

Esta estrutura associava-se a vestfgios de pavimenta<;i'lo in'terior, defini­

da por uma fina camada horizontal de argamassa amarela. bastante consistente.

Tanto no Sector A como no B. as camadas associadas as constru<;6es descritas ofereceram esp6lio ceramico relati vamente abundante, predomi.­

nando fabricos ni'lo romanos. Individualizou-se para esta fase urn grupo de ceramicas cinzentas. bern cozidas. com paredes pouco espessas e geralmente com superficies alisadas. por vezes polidas. As pastas apresemtam graos de quartzo ni'lo boleados. por vezes de gran des dimens6es, e abundantes elementos de micas. Aparece muito fragmentada.

Interpretamos a estrutura B do Sector Acomo urn tro<;o da abside SuI da primitiva igreja de Dume. cuja configura<;ao. atendendo ao tra<;ado do alarga­

men to posterior (ver Fase III). nos sugere uma planta absidal tipologicamente enquadravel na arquitectura pre-romanica. adentro do perfodo vulgarmente designado Suevo-Visig6tico (ALMEIDA 1962; CABALLERO ZOREDA 1987;

COUTINHO 1978; SCHLUNK 1978). Admitimos mesmo. que possa corres­

ponder ao edificio que 0 Bispo S. Martinho sagrou sede da diocese de Dume.

em 558. e cuja constru<;i'lo e expressamente referida em documento do ultimo quartel do Sec. VF.

Relativamente as estruturas do Sector B. 0 seu identico posicionamento estratigrafico relativo e a sua associa<;i'lo a ceramica do mesmo tipo da prove­

niente do Sector A.levam-nos a coloca-las num momento cronologico proximo

1 S. Gregorio Turonense, contemporaneo de S. Martinho de Dume nos «Miracula S. Martini».

Livro IV, cap. 7. refere a existencia de urn templo em Dume, que teria sido constrllfdo cerca de 550: c ... Erat eniro. eo tempore Miro Rex Civitate illa, in qua decessor ejus Basilicam Sancti Martini aedificaverat ....» (AMARAL 1803-4).

do da estrutura B do Secto plausivel que correspondam fontes documentais referem igreja de Dume. «virado a B e que portanto teria sidl pre-existente.

Fase 3 - Um conjunto gamento da primitiva igreja.

Sector B, definem 0 terceirc

o

referido alargamentc anterior (estrutura B), ao quo (estrutura C). 0 antigo ter constru<;ao, cujo tra<;ado pal forme mostrava 0 acoplamel De facto, a estrutura C s envolvia em toda a sua exten revelando os arranques respl nave (?). Um pequeno tro<;o d paroquial, revelando a exist.

Com uma largura medi granitica atraves de uma val a A constru<;ao era em alvenaJ suas faces urn aparelho regu fiadas horizontais. Ao nfvel soes, alguns com vestigios d(

mente salientes em rela<;llo ~

Na abside Sui aparecia sobrepunha a estrutura B: era tijolo e pedra (granito e calc misturados com cal, areia e mente compaclO, com uma ( massa assentava sobre uma como forro do pavimento pI sedimentos subjacentes. A uniforme, revelando vestfgij melho.

No tro<;o Oeste da abs apresentava uma entrada de apresentava ainda uma espe~

tijolos e de telhas e placas de e que na parte corresponde

(8)

247

EscQvQ,oes Arqueologicas de DumR. - resultados preliminares

do da estrutura B do Sector A. Em term os de interpreta~ao, afigura-se-nos plausivel que correspondam a vestfgios do celebre mosleiro de Dume, que as fontes documentais referem ter side fundado pelo Bispo S. Martinho junto a igreja de Dume, «virado a Braga» (AMARAL 1803-8 e FERREIRA 1928-59), e que portanto teria side construido aproveilando a «villa» romana pre-existente.

Fase 3 - Urn conjunto de estruturas e camadas correspondentes ao alar­

gamento da primitiva igreja, no Sector A, e a redu~ao do espa~o construido, no Sector B, definem 0 terceiro momento na ocupa~ao do sitio.

o

referido alargamento traduziu-se na desmontagem parcial do ediffcio anterior (estrutura B), ao qual se adossou, pelo lado eXlerno, uma nova parede (estrutura C). 0 antigo templo ficou completamente soterrado pela nova

constru~ao, c ujo trapdo parece ter side determinado pelo pre-existen te con­

forme mostrava 0 acoplamento das paredes na abside SuI.

De facto, a estrutura C surgia encostada

a

face externa da estrutura B, que envoI via em toda a sua extensao, prolongando-se ainda para Este e para Oeste, revelando os arranques respectivamente da abside da cabeceira e do corpo da nave (?). Urn pequeno tro~o desta eSlrutura foi ainda detectado a Norte da igreja paroquial, revelando a existencia de uma abside Norte.

Com uma largura media de 0,80 m, implantava-se solidamente na arena granitica atraves de uma val a de funda~ao ligeiramente mais larga que a parede.

A constru~ao era em alvenaria de pedra e fragmentos de tijolo, revelando as suas faces urn aparelho regular e de boa qualidade, dispondo-se os blocos em fiadas horizontais. Ao nivel do alicerce apresenta blocos de maiores dimen­

soes, alguns com vestfgios de «almofada», colocados espa~adamente e ligeira­

mente salientes em rela~ao ao prumo da parede.

Na abside SuI aparecia com urn pavimento de excelente qualidade que se sobrepunha a estrutura B: era de argamassa feita com fragmentos irregulares de tijolo e pedra (granito c calcario), com cerca de 4 cm de comprimento medio, misturados com cal, areia e barro, formando uma especie de betao extrema­

mente compacto, com uma espessura media de 10 cm. Esta camada de arga­

massa assentava sobre uma camada de calhaus e cascalho, que funcionava como forro do pavimento propriamente dito, isolando-o do contacto com os sedimentos subjacentes. A superffcie embora desnivelada, apresentava-se uniforme, revelando vestfgios de uma fina camada superficial de barro ver­

melho.

No tro~o Oeste da abside SuI, junto ao arranquc do corpo da nave (?), apresentava uma entrada definida por uma soleira e urn cunhal. Neste tro~o

apresentava ainda uma especie de rodape exterior, formado por fragmentos de tijolos e de telhas e placas de ard6sia, com uma largura aproximada de 0, 40 m, e que na parte correspondenle 11 soleira dava fugar ao que parecia ser urn

(9)

,

l

; l

;

Luis FerfUlndo de Oliveira Fonles Escava~6es Ar

248

degrau, formado por tres tijolos com restos de mosaicos8.

o

aspe to construtivo mais interessante da estrutura que tern os vindo a descrever estava, porem, nos apendices que arrancavam radialmente do to po da abside Sui , e que interpretamos como contrafortes (estruluras CI, C2 e C3).

Apenas urn deles foi detectado em toda a sua extensao, apresentando as mesmas caracterfsticas construtivas da estrutura C, acima descrita . Tinha urn compri­

mento de 2,30 m e 0,50 m de largura, terminando por um travamento em bloea de granite com a largura da parede.

A disposi~ao dos vestfgios revela uma planta cruciforme com os bra<;os dcfinidos pelas absides semicirculares prolongadas, sendo possivel reconsli­

tuir a quase totalidadc do seu lra<;ado a excep~ao da parte que corresponderia a nave da igreja.

Factos hist6ricos relatados pelas fontes escritas9, mais do que 0 espolio recolhido refercnciavel a esta fase, sugerem-nos uma cronologia que se podera situar situar entre finais do Sec. IX e infcios do Sec. XII, correspondendo, grosse modo, ao periodo <ia Reconquista Crista e de afirmar;:ao da nacionali­ dade.

No Sector B verificou-se uma redw;ao do espa~o construido, resulLante do adossamento de novas paredes (estruturas B' e E') a face interna das estruturas mais anrigas (A' e F ). Apenas com runa face, apresentavam urn enchimento de calhaus e cascalho com terra, dispersos caoLicamente, atingindo uma largura de 0,80 m. 0 aparclho era irregltiar, denotando uma constru<;ao pouco cuidada.

Sem val a de funda~ao, assentavam em estratos subjacentes de abandono.

Embora 0 espolio ceramico e a sequencia estraligrafica nos permitam situar estas eSlruturas no mesmo momenta ocupacional, verificamos existir uma nitida diferen~a de qualidade conslruLiva entre as estruturas do Sector A e as do Sector B: bern alicer~adas e com urn aparelho cuidado no primeiro; de

constru~ao fruste e irregular no segundo. ESLa discrepancia tecnico-construliva revela-nos uma distinr;ao entre 0 ediffeio religioso e as constru~6es pr6ximas, nao sendo possivel, porem, definir a fun<;ao correspondente a estas tillimas.

o

enterramento (estrutura D) identificado no interior da abside Sui, ter­

-se-ia efectuado num momento terminal da ocupa<;ao correspondente a esta terceira fase. A sua implanla9ao traduziu-se no rom pimento do pavimento dn.

, Com uma LemaLica decorauva gcomeLrica, com paralelos nos mosaicos romanos do «Con­

venLus Bracarensis» (ACUNA CASTROVIEJO 1974), aprescnLam a particularidade dc as «Lessc·

lac», com cerea de I cm de lado, asscnLarem sobre Lijol6es com as dimens6es medias dc 30 )( 40xI0.

9 A doaS;iio de Dume ao Bi po de Mondonhedo, S. Rosendo, em 877; a delimiLa\,ao do Lermo de Dume e confirma\,iio da doa~iio anterior. em 91 1; 0 processo de resLaura\,ao da Diocese de Braga que se desenvolveu por finai. do Si!c. Xl; e rinaimenLc, a devoluvao de Dume

a

Diocese de Braga, em 1103, consLiLuem indlcios seguros da movimenLavao de inLeresses religiosos, POliLicos e economicos em cujo conleXLO fara mais scnlido a reconsLruc;:ao da igreja (COSTA 1959 e 1965).

estrutura C e estratos infcri(

da estruLUr a B. De forma tr

Oeste e mais alargada a Este de gran ito afei~oados e fur grande Jaje de calcario e du, vam-se restos osteologic centro-Oeste, pOSi<;30 que S

Fase 4 - Nesta fase in

~ao de anexos, enterramentc que corresponderiam a dcfi mas, provavelmente ja em r

Estas estruturas e cne!

obtida uma rela~30 estratig cios religiosos de concep~a(

-nos

a

actual igreja da paroq se terao realizado entre os ~

Fase 5 - Correspond(

relacionado-se quer com a <I

a reconstrucao da casa c jar Estes revolvimentos provoc e simuiLaneamcnte na estra zada da sequencia ocupacio

4. CONSIDERA<;OES I

o

objectivo fundamen

quer a existencia de vcstig his t6rico-c ien tffico.

A area intervcncionad area amea<;ada, ofcreceu t

posi~ao de estruturas basta estende do Sec. I d.C. ate a Reveste particular imj alto-medievais de Dume.

A potencia esuatigrafi das rufnas e mesmo

algum~

pacional cuja primeira e pro oferecem ampJas pcrspecl qui teeton icos-decorati vos;

(10)

249

Escava,oes ArqlUologicas de DumP. - resultados preliminares

estrutura C e estratos inferiores, e na dcsmontagcm e aproveitamento parciais da estrulura B. De forma trapezoidal alongada, ligeiramente mais estreita a Oeste e mais alargada a Este, apresentava paredes formadas por grandes blocos de granito afei((oados e fundo de terra. A cobertura era composta por uma grande laje de calcario e duas mais pequenas de granito. No interior encontra­

vam-se restos osteologicos de urn individuo. amontoados na parte centro-Oeste. posi((ao que sugere ter side alvo de viola((uo.

Fase 4 - Nesta fase inclufmo remeximentos, repavimenta((oes, constfU­

((aO de anexos, enterramentos e abertura das primeiras vales de saque de pedra, que corresponderiarn a definitiva desactiva((ao da igreja e constru((oes proxi­

mas, provavelmcnte ja em ruinas.

Estas estruturas e enchimentos arLicular-se-iam, embora nao tenha side obtida uma rela((ao estratigrafica evidence, com a constru((ao de novos edifi­

cios religiosos de COnCep((aO arquitectonica absolutamente distinta. Referimo­

-nos

a

actual igreja da paroquia c

a

capela de N. S. do Rosario, cujas edifica((oes se terao realizado entre os Secs. XVI e XVII.

Fase 5 - Corresponde aos revolvimentos e perturba((oes mais recentes, rclacionado-se quer com a amplia((ao do corpo Este da actual igreja quer com a reconstfU((aO da casa e jardim da propriedade que limita 0 adro do lade Sui.

Estes revolvimentos provocaram significativos danos nas ruinas arqueologicas e simultfineamente n estratigrafia, dificultando a interpreta((ao pormenori­

zada da sequencia ocupacional do sitio.

4. CONSIDERA<;OES FINAlS

o

objectivo fundamental das escava((oes foi atingido, comprovando-se quer a existencia de vestigios arqueoJogicos quer a sua imponfmcia e valor hi t6rico-cienlifico.

A area intervencionada. apesar de corresponder a uma pequena parte de area ameac;ada, ofercceu bastante espolio ceramico e revelou uma sobre­

posi((iio de estruluras bastante significaLiva. atestando uma ocupac;ao que se estendc do Sec. I d.C. ate aos nossos dias.

Reveste particular imponiincia 0 que tudo indica ser a igreja e mosteiro alto-medievais de Dume.

A potencia eSlratigrMica existente, 0 relativo born estado de conserva((ao das rufnas e mesmo alguma monumentalidade, aliadas ~ rica sequencia ocu­

pacional uja primeira e provisoria Ieitura intentamos nas paginas precedentes, ofere cern ampJas perspectiva ' para 0 estudo desta esta((ao: aspectos ar­

quitcctonicos-decoralivos; estrutura9ao do espa((o envolvente e anicula((ao

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Luis Fernando de Oliveira FOnles

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templo/mosteiro; tipologias e fabricos ceramicos; evolw;ao temporal e caracte­

risticas da ocupayao - sao algumas das mtiltiplas questoes que ficaram em aberto e que s6 futuras escavayoes arqueo16gicas poderao dar resposta.

Braga, Setem bro de 1988

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Referências

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