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ISSN 1982 6613 Vol. 2, Edição 5, Ano 2007.

REFLEXÕES SOBRE A HISTÓRIA DO CAPITALISMO

Jani Alves da Silva janimoreira@bol.com.br

Maringá - PR 2007

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REFLEXÕES SOBRE A HISTÓRIA DO CAPITALISMO

Jani Alves da Silva1 janimoreira@bol.com.br

Resumo

Este artigo tem como objetivo refletir sobre o modo de produção capitalista, tendo como foco compreender os movimentos inerentes do capital que determinam a vida material dos homens.

Busca-se compreender as questões da vida material dos homens, partindo da análise da totalidade dos fatos históricos. Tem-se como especificidade a análise das fases do capitalismo, bem como, as ideologias deste capital que se caracterizam como o Liberalismo e Neoliberalismo econômico.

Palavras-Chave: Capitalismo – Liberalismo – Neoliberalismo

Este artigo tem como objeto de estudo a Sociedade Capitalista e, conseqüentemente, os movimentos do capitalismo, no qual o objetivo é analisar o movimento do capitalismo, como sendo determinador das relações, exprimindo modos de ser e existir da sociedade.

Considera-se o conceito de Sociedade na sua amplitude, ou seja, sendo a própria forma dos homens se organizarem para viverem conjuntamente em determinado período histórico. E Capitalismo, como o modo de produção dessa sociedade, ou seja, o modo como os homens produzem, organizam e reorganizam suas vidas.

Deste modo, os homens na sociedade capitalista, por meio do trabalho e produção da mais-valia, contribuem para o desenvolvimento das ciências e das forças produtivas, que são as forças de produção capitalista. Entretanto, esse desenvolvimento está sobre domínio do

1 Mestre em Educação. Professora na Universidade Estadual de Maringá e Faculdade Unissa de Sarandi.

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capital e ao invés de haver uma superação dessa sociedade, há uma reorganização nas suas relações para manter a ordem.

Ao considerar este pressuposto, vale esclarecer que só conseguiremos compreender a sociedade e suas relações sociais, não por meio de abstrações que nos levam a idealizar e considerar o nosso pensamento como determinantes do real, mas encontram-se as explicações reais nas condições materiais da vida dos homens, nas suas ações e relações, que é o próprio trabalho. Como enfatiza Marx e Engels (1986, p. 24) “(...) teremos que examinar a história dos homens, pois quase toda a ideologia se reduz a uma concepção distorcida dessa história ou a uma abstração completa dela.”

O homem enquanto ser social inserido na sociedade capitalista e sendo força produtiva do capitalismo, produz o seu trabalho. Ele é a força que faz e move a sociedade, conseqüentemente, engendram contradições, necessitando de novas reorganizações na sociedade, e assim sucessivamente. Marx e Engels ressaltam que:

Tal como os indivíduos manifestam suas vidas, assim eles são. O que eles são coincide, portanto, com sua produção, tanto com o que produzem, como com o modo como produzem. O que os indivíduos são, portanto, depende das condições materiais de sua produção. (1986, p. 27).

Entende-se, portanto, que a sociedade capitalista está em constante movimento. Ela não é estática. A própria história da humanidade nos prova que existe um movimento nas formas como os homens organizam suas vidas. Então, a forma de ser da sociedade capitalista no Século XXI, não é a mesma na sua gênese. Afinal, nos perguntamos: Quais as formas de ser da sociedade capitalista? Como ela surgiu na História? De que forma isso se deu? É sobre essa contextualização histórico-social que este artigo propõe elucidar a seguir, por meio de uma breve retrospectiva histórica do capitalismo.

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As fases do capitalismo: comercial, concorrencial, monopolista e financeiro

Diversos pesquisadores marxistas: economistas e historiadores se propuseram a estudar a história do capitalismo. O tema é complexo e extenso, sendo abordado sob diversos enfoques. O nosso objetivo é retratar no movimento da história, a origem do capitalismo, na intenção de resgatar as questões econômicas, sociais e políticas para a compreensão de como foi se originando e se reorganizando a sociedade capitalista ao longo da e na história.

Antes do capitalismo, o feudalismo era o modo de produção do período histórico denominado de Idade Média, entre os séculos V ao XV, na Europa Ocidental. A crise do feudalismo se dá entre os séculos XIV e XV na Europa Ocidental. Esse período de crise, seguido de uma desintegração indica a transição para um novo modo de produção, o capitalista, que consolidará nos séculos XVIII e XIX.2

Várias foram as razões que levaram a sociedade feudal a crise, ou seja, a desintegração e abriu espaço para um novo modo de produção. Gradativamente mudanças vão sendo estabelecidas na forma de produção artesanal, criando a base para se processar o modo de produção através da manufatura. Dentre elas a superexploração feudal dos nobres sobre os servos, as revoltas camponesas e urbanas, a miséria, crise demográfica, mudanças climáticas, fome, peste negra (a partir de 1348), etc. Essas conseqüências tiveram efeitos dramáticos sobre a economia como a retração do consumo e com isso a queda acentuada do comércio, desvalorização da moeda, ruína de inúmeros senhores e assalariamento da mão-de-obra.

Fortalecendo a burguesia e a instalação do modo de vida urbana, da expansão marítima- comercial, mercantilismo, sistema colonial e reforma protestante (FARIA, 1993). De forma sucinta, essas articulações ocorridas na transição do feudalismo para o capitalismo culminaram na chamada acumulação primitiva do capital, ou seja, originou-se o capitalismo.3

2 Para compreensão dos principais processos históricos das sociedades ocidentais, nos portamos aos estudos de Faria; Marques; Berutti (1989) e Meurer (1996).

3 Sobre o processo de produção do capital, encontramos nos escritos de Marx (1985, p.41-289) em “O Capital:

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Vale lembrar que ao mudar a forma dos homens produzirem suas vidas, ou seja, havendo a necessidade dos homens se reorganizarem socialmente, há uma crise na forma de como os homens pensam sobre si mesmos.4 Marx e Engels (1986, p.37) afirmam que “(...) não é a consciência dos homens que determina a vida, mas a vida que determina a consciência”. Assim, a existência real dos homens passa a ter novas explicações, não somente a religiosa, como afirma Figueira:

Quando a sociedade feudal entra em crise, entra em crise a sua concepção religiosa que faz a existência humana derivar da vontade divina. [...] A nobreza, a classe dominante de então, aquela que em outras épocas dizia como era a vida e como ela devia ser conquistada, não conseguia agora, livrar-se das fantasias que toda classe decadente cria a respeito da existência real. Não podendo mais dirigir as forças sociais, pois estas já começam a tomar um rumo que contraria a sua existência como classe dominante, a aristocracia européia repele a atividade produtiva como algo contrário à existência, confundindo, evidentemente, a sua existência com a existência geral de todos os indivíduos. [...] O que importa dizer aqui é que a aristocracia não estava mais em condições de dizer como a vida deveria ser.

(2001, p. 12).

Com a crise do feudalismo e o capitalismo sendo consolidado, inicia-se a primeira fase do capitalismo nos séculos XIV ao XVII,5 denominado de capitalismo comercial, período anterior à primeira Revolução Industrial. Em linhas gerais, o sistema de produção era a manufatura em oficinas onde os trabalhadores produziam para um comerciante manufatureiro que pagava um salário e fornecia as ferramentas e a matéria-prima para os crítica da economia política”, doze capítulos destinados a elaboração de sua teoria que é a análise econômica e social do modo de produção do Capital sob a ótica do proletariado. Nesta obra, Marx vai tecendo a Teoria do Capital explicitando sobre a mercadoria e dinheiro, sobre o processo de troca, a transformação do dinheiro em capital, processo de trabalho e a mais-valia. “O conceito inicial de capital remonta ao período de desenvolvimento comercial da Idade Média, quando foram criadas novas formas de escrituração mercantil para o controle dos negócios. Nessa época, capital designava a quantia de dinheiro com que se iniciava qualquer atividade comercial. À medida que seu uso foi se consolidando, seu significado foi ganhando conotações mais amplas”. (Dicionário de Economia, 1985, p. 47).

4 Essa mudança na forma de pensar dos homens é uma discussão que retomaremos mais adiante quando nos reportaremos ao Liberalismo e a retomada deste, com o Neoliberalismo.

5 Cf. Silva, 1994, apud Meurer, 1996, p.4.

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trabalhadores. Houve um crescimento das cidades devido ao êxodo rural que se instaurava.

Como menciona Silva6 (1994 apud MEURER, 1996, p.5)

Este foi responsável pelo crescimento das cidades, com o surgimento dos bairros ricos, com casas suntuosas dos donos das fábricas, em contraposição aos bairros pobres onde famílias operárias viviam em condições miseráveis, sem conforto e higiene, aumentando a marginalização e o desemprego, a vadiagem e a mendicância.

Ao final do século XVIII na Inglaterra e início do século XIX, período denominado de “Primeira Revolução Industrial” com a utilização da máquina a vapor, indústria têxtil e construção das ferrovias (NOGUEIRA, 1993, p.23), cresceu a exploração da mão-de-obra operária barata nas fábricas nascentes, com o emprego massiço de mulheres e crianças e um aumento abusivo na jornada de trabalho.7 Sobre isso Silva (1994 apud MEURER, 1996, p. 5) menciona que

(...) trabalhavam de quatorze a dezesseis horas por dia e eram submetidos ao pagamento de multas e outras imposições quando cometiam alguma falta grave. Os empresários [donos das fábricas] preferiam a mão-de-obra feminina e infantil, muito mais barata; com isso crescia o desemprego entre o operariado masculino. Alguns empresários raptavam crianças órfãs de cinco ou seis anos ou as obtinham dos orfanatos, a fim de transformá-las em mão-de-obra gratuita em suas fábricas e minas.

Esse período histórico representa a transição da produção manufatureira para outro modo de produzir que é a produção industrial moderna, substituindo a habilidade e destreza humana pela rapidez, precisão do sistema de máquinas. Esse momento, segundo Moraes (2001, p.29) é marcado pelo livre mercado e “(...) pelas severas crises de superprodução,

6 Cf. SILVA, Francisco de Assis. História geral: 1º grau. São Paulo: Moderna, 1994.

7 Os escritos de Marx em O Capital – Livro primeiro, vol. I, 1984, p.261-345, retrata sobre a jornada de trabalho e a exploração da mão de obra infantil de crianças e mulheres devido à avidez por trabalho excedente.

NOGUEIRA (1993) também retrata as condições de trabalho e a introdução das crianças enquanto trabalhadores no século XIX, baseando-se nos estudos de Marx e Engels.

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pânicos financeiros e pela disputa de grandes potências na corrida para dominar impérios neocoloniais. Suas primeiras décadas foram marcadas por guerras continentais e sucessivas revoluções”.

No final do século XIX, tem-se o início da segunda fase da Revolução Industrial com o advento da eletricidade como força motriz e motor de combustão através do uso da gasolina e óleo diesel. Assim os navios passaram a ganhar maior velocidade e abriu-se espaço para o invento do automóvel e avião, e com o modelo de produção fordista e taylorista.8 Segundo Paulo Netto (2001, p. 19), este período é de profundas modificações na estrutura política, social e econômica “(...) trata-se de um período histórico em que o capitalismo concorrencial sucede o capitalismo dos monopólios, articulando o fenômeno global (...) conhecido como estágio “imperialista”.9

Essa forma do capital se organizar e reorganizar-se nos diferentes períodos históricos é o chamado capital em processo ou contradição do capital. Segundo Marx o capital é uma contradição em processo, pois

(...) por um lado, tende a reduzir a um mínimo o tempo de trabalho enquanto por outro lado, coloca o tempo de trabalho como única medida e fonte da riqueza. Portanto, diminui o tempo de trabalho na forma de tempo de trabalho necessário, para aumentar na forma de trabalho excedente; coloca, portanto, cada vez mais, o trabalho excedente como condição – questão de vida e morte – do trabalho necessário. (1986, p. 228)

Mazzuchelli (1985), ao tentar compreender os sentidos das crises e as tendências gerais do capitalismo, baseando-se nos estudos de Marx, enfatiza que, as contradições são

8 O modelo Fordista é um conjunto de métodos para a racionalização da produção elaborados pelo industrial Henry Ford (1863-1947), baseado no princípio de que uma empresa deve se dedicar a produzir apenas um produto, sendo o trabalho especializado, cada operário realizando determinada tarefa. Já o modelo Taylorista, criado por Frederick Winslow Taylor (1856-1915) é um conjunto de normas para determinar o aumento da produtividade, controlando os movimentos do homem e da máquina, com prêmios e remuneração para quem produz mais. (Cf. Verbetes Fordismo, Taylorismo. Dicionário de Economia, Nova Cultual, 1985).

9 Sobre o estágio imperialista do capitalismo no começo do século XX, Lênin escreveu sua obra em 1916, utilizando-se da obra de J. A. Hobson. A obra de Lênin mostra que a primeira guerra imperialista mundial (1914-18) foi uma guerra pela “partilha do mundo“. (1987, 4ª ed., p. 10).

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imanentes da sociedade capitalista e as crises exteriorizam essas contradições, possibilitando ao capital abrir um novo ciclo de reorganizações. Neste sentido, afirmamos que, o capital para viver precisa se destruir um pouco, ou seja, destruir o que ele mesmo criou, pois “(...) o verdadeiro limite da produção capitalista é o próprio capital”. É o que acontece, por exemplo, na grande indústria quando o capital não depende mais do trabalho vivo. A partir desse momento, toda a possibilidade de dominar a natureza depende das ciências, da máquina para continuar produzindo.

Na segunda metade do século XIX, começa a se instaurar o que os economistas denominam de tendência monopolistas do capitalismo. O que caracteriza esse processo dinâmico e contraditório do sistema capitalista é a concentração de capital, o que significa dizer que as pequenas e médias empresas cedem lugar às grandes indústrias, devido às necessidades cada vez mais de capitais. Levando-as a uma associação cada vez maior com os bancos, caracterizando o que se convencionou de capitalismo financeiro.

Na transição do capitalismo concorrencial para o monopolista encontra-se como destaque a se observar, conforme ressalta Paulo Netto (2001, p.20) que “(...) a constituição da organização monopólica obedeceu à urgência de viabilizar um objetivo primário: o acréscimo dos lucros capitalistas através do controle dos mercados”. Para Lênin (1985, p.

17) “(...) a dificuldade de concorrência e a tendência para o monopólio nascem exatamente, da grandeza das empresas”. É então, a chamada transformação da concorrência em monopólios, assim sendo a livre concorrência gera a concentração de produção e esta, atingindo certo grau de desenvolvimento conduz ao monopólio.10 Onde as empresas através

10 O monopólio é uma forma de organização de mercado da economia capitalista em que uma empresa domina a oferta de determinado produto ou serviço, que não tem substituto (verbete, 1985, p. 287). Lênin (1985, p. 21) estabelece que os verdadeiros monopólios surgiram por volta dos anos 1860-1870.

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do “acordo de cavalheiros11” se organizam em pool, cartel e o truste12 no intuito de adquirir vantagens e facilidades para escaparem à livre concorrência.

Lênin menciona que quando os cartéis tornam-se uma das bases da vida econômica, pode-se dizer que o capitalismo tornou-se imperialista. Portanto, os cartéis

(...) estabelecem entre si acordos sobre as condições de venda, as trocas, etc.

Repartem os mercados entre si. Determinam a quantidade dos produtos a fabricar. Fixam os preços. Repartem os lucros entre as diversas empresas, etc. (1985, p. 22).

Segundo Paulo Netto a finalidade central das organizações monopólicas na economia capitalista é favorecer que:

(...) os preços das mercadorias e serviços produzidos pelos monopólios tendem a crescer progressivamente; b) as taxas de lucro tendem a ser mais altas nos setores monopolizados; c) a taxa de acumulação se eleva, acentuando a tendência descendente da taxa média de lucro e a tendência ao subconsumo; d) o investimento se concentra nos setores de maior concorrência, uma vez que a inversão nos monopolizados torna-se progressivamente mais difícil; e) cresce a tendência a economizar trabalho

‘vivo’, com a introdução de novas tecnologias; f) os custos de venda sobem com um sistema de distribuição e apoio hipertrofiado – o que por outra parte, diminui os lucros adicionais dos monopólios e aumenta o contingente de consumidores improdutivos (pois a tendência ao subconsumo). (2001, p. 20).

Com a concorrência transformando-se em monopólio, resulta um imenso progresso na “socialização integral da produção”. E particularmente no domínio dos aperfeiçoamentos

11 Expressão utilizada por Paulo Netto (2001, p. 20).

12 Pool é a reunião temporária de duas ou mais empresas, com fins especulativos, possuindo caráter de manipulação de preços. Forma estoque de ações de mercadorias comercializadas em bolsas (cereais, café, açúcar, etc.), procura forçar a elevação de seus preços e então pode vender com lucros. Cartel é um grupo de empresas independentes que produzem artigos semelhantes, assim formalizam um acordo para sua atuação coordenada, de forma a constituir um monopólio de mercado. Truste é um tipo de estrutura em que várias empresas, já detendo a maior parte de um mercado, combinam-se ou fundem-se para assegurar esse controle estabelecendo preços elevados que lhes garantam altas margens de lucro. (SANDRONI, Paulo, 1985). Em linhas gerais, são formas de organizações e práticas monopólicas referentes ao agrupamento das empresas com o intuito de aumentar a taxa de lucros.

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e inovações técnicas. Nesta fase imperialista, segundo Lênin (1985, p. 23) “(...) a produção torna-se social, mas a apropriação continua privada”, como os meios de produção ficando nas mãos dos monopolistas.

Essa fase é denominada de Imperialista por ser o momento histórico de uma guerra imperialista, de “(...) partilha do mundo, pela distribuição e redistribuição das colônias, das zonas de influência do capital financeiro”. (LÊNIN, 1985, p. 10). Isto significa dizer que o excedente de capitais dos monopólios juntamente com a crise determina a impossibilidade de se investir na própria produção, tornando-se necessário exportar capitais, ou seja, encontrar outras áreas onde se pudessem investir os capitais excedentes, outros mercados consumidores.

Bottomore afirma que

(...) o imperialismo era uma condição dos monopólios, que, por sua vez, eram as condições para a existência do capital financeiro. Mas este era em si mesmo a força motriz do imperialismo e uma das características que o definiam. Pode-se, assim dizer, que a criação dos monopólios está subjacente ao capital financeiro. (2001, p. 48).

A fase denominada capitalismo financeiro do século XX, tem como característica a regulação econômica pelo mercado internacional. Vimos anteriormente que o capital vai se reorganizando e dando vazão para o desenvolvimento de um mercado cada vez mais internacional. Com a fase monopolista o capital se reestrutura de forma que a ênfase está na dominação sobre todos os continentes do mundo e do mercado internacional que está se consolidando. Porém, o próprio capital sofre suas contradições e com a crise de 1929, período de entreguerras, o capital sofre sua crise de superprodução, com início nos Estados Unidos, mas atingindo todos os países.

Várias são as razões que podem ser apontadas para explicar essa crise de caráter contraditório do sistema capitalista, pois a produção que objetiva o lucro baseando-se no trabalho assalariado e na exploração do trabalhador é quem gera a concentração de renda, a

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riqueza produtiva; porém o consumo do mercado, na fase da crise estrutural, não acompanha o crescimento da produção. Faria (1989) explica que:

Em síntese, como a capacidade de consumo do mercado não acompanha o ritmo de crescimento da produção, cada vez mais explosivo, em função do avanço das forças produtivas e do aumento da produtividade, chega-se a uma situação de superprodução e contração do mercado. Este quadro, contraditoriamente, acaba por gerar uma queda da taxa de lucro do capitalista, na medida em que este se vê impossibilitado de vender suas mercadorias com o mesmo nível de lucratividade. Assim, há excesso de mercadorias, ao mesmo tempo em que seus preços despencam e, no entanto, não encontram compradores. Paralelamente, os preços dos produtos agrícolas e das matérias-primas diminuem drasticamente, pauperizado fazendeiros e trabalhadores rurais, que não conseguem adquirir as mercadorias produzidas pela indústria. O desemprego é o passo seguinte, ampliando a recessão. Em linhas gerais, estes são os mecanismos que levaram o sistema capitalista, em 1929, à sua maior crise estrutural. . (FARIA, 1989, p. 275).

Desta forma, a crise estrutural devido à superprodução em 1929, segundo Moraes (2001, p. 29) “(...) daria ainda mais autoridade às saídas reguladoras que vinham sendo formulados por liberais reformistas, adeptos da intervenção estatal, desde o início do século.” Naquele período a necessidade estava em corrigir os efeitos desastrosos da superprodução. Enquanto a Inglaterra continuava com o livre mercado, outros países como Estados Unidos, Alemanha e Japão utilizaram a intervenção estatal, o protecionismo, o apoio do poder público para implantar e fortalecer a indústria, o comércio, os transportes, o sistema bancário (MORAES, 2001). Esse período caracteriza-se por um “positivo” papel da doutrina Keynesiana13 que tem como ênfase a interferência do Estado sob o manejamento

13 Doutrina Keynesiana (Keynesianismo) é a filosofia social exposta por Jonh Maynard Keynes (1883-1946) no final de sua Teoria geral do emprego, do juro e da moeda (1936). Seria uma modalidade de intervenção do Estado na vida econômica, sem atingir totalmente a autonomia da empresa privada. As políticas dessa doutrina propunham solucionar o problema do desemprego pela intervenção estatal, desencorajando o entesouramento em proveito das despesas produtivas, por meio da redução da taxa de juros e do incremento dos investimentos públicos. (SANDRONI, Paulo. 1985).

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macroeconômico para controlar a atividade econômica através de políticas monetária a taxa de juros e gastos públicos.

No mesmo período, na América Latina, segundo Moraes (2001, p. 31) um papel similar coube a Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL) com o Estado desenvolvimentista e nacional-populismo sendo forma de integração política das massas operárias e populares. Neste sentido, o Estado populista torna-se o principal agente da industrialização na América Latina, na qual a burguesia industrial, ainda pouco expressiva, necessitará de um Estado intervencionista, forte e controlador das tensões sociais. Mas após o período da Segunda Guerra Mundial, pós-1945, as companhias multinacionais

(...) espalhavam pelo mundo suas fábricas e investimentos e movimentavam gigantescos fundos financeiros envolvidos nesses processos – lucros a serem remetidos, royalties,14 patentes, transferências, empréstimos e aplicações.

(MORAES, 2001, p. 32).

A partir de 1970 a crise de superprodução mundial mostrou sintomas claros de uma nova configuração e dinâmica da produção e acumulação do capital, a denominada globalização da economia. No próximo subitem, pretendemos abordar sob a questão do neoliberalismo e a globalização da economia, como também, a doutrina de pensamento que dominava para legitimar a sociedade capitalista em suas fases – o liberalismo clássico.

Do liberalismo clássico ao neoliberalismo

Ao abordar sobre o contexto histórico da sociedade capitalista, desde a crise do feudalismo no século XIV até a chamada globalização da economia e capitalismo financeiro internacional no século XX. O intuito foi de perceber que existe um movimento no modo de produção capitalista e de que este encontra na sua própria contradição a crise para novas reorganizações, a fim de manter o capital elevado. Juntamente com as questões econômicas,

14 Valor pago ao detentor de uma patente ou criador da obra original, pelos direitos de sua exploração comercial.

Recebem também percentagem do lucro ou do preço de venda, ou sobre a venda. (SANDRONI, 1985, p. 386).

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encontram-se as doutrinas de pensamentos que influenciam e acabam determinando a forma de ser do mundo social e econômico.15 Neste contexto histórico retratado, duas doutrinas de pensamento obtiveram seu auge determinante: o Liberalismo e o Neoliberalismo.

Com a crise do modo de produção feudal e com a implantação e consolidação do modo de produção capitalista, fez-se necessário um conjunto de fundamentos para justificar e colaborar com a manutenção da ordem capitalista da sociedade. Duas escolas de pensamento liberal econômico se fazem presentes neste contexto: A Escola Fisiocrata,16 na França e a Escola Clássica,17 na Inglaterra.

A doutrina liberal teve como berço a Inglaterra, diferente de outros países como os Estados Unidos, Alemanha, Japão e Rússia onde o Estado era quem que mandava com suas políticas protecionistas. Na obra “A Riqueza das Nações” (1776) de Adam Smith (1723- 1790) representante da Escola Clássica Inglesa, encontramos os argumentos da ordem política liberal. De forma sintetizada podemos compreender que o principal argumento do liberalismo é o destaque de que “(...) a procura do lucro e a motivação do interesse próprio estimulariam o empenho dos agentes, recompensariam a poupança, a abstinência presente, remunerando o investimento”. (MORAES, 2000, p.7).

Essa doutrina, ou melhor, esse verdadeiro sistema de pensamento, prega a necessidade de desregulamentar e privatizar as atividades econômicas, reduzindo os Estados a funções aparentemente simples e bem delimitados, seria apenas parâmetros. Essa forma de

15 Conforme retratamos anteriormente (p.4), havendo mudança na forma dos homens produzirem suas vidas, ou melhor, havendo a necessidade dos homens se reorganizarem socialmente, há concomitantemente uma crise na forma de como os homens pensam sobre si mesmos e suas relações.

16 As doutrinas de pensamento dos fisiocratas surgiram na França, na segunda metade do século XVIII, tendo como principal representante François Quesnay. Segundo Faria (1989, p. 134) “[...] o pensamento dos fisiocratas surgiu como oposição à teoria mercantilista, que caracterizou a época de transição. Os mercantilistas não concebiam a existência de leis econômicas e defendia a intervenção do estado na economia, o que representava a expressão do poder arbitrário do Estado Absolutista.” Assim, os fisiocratas defendiam que os fenômenos econômicos processavam segundo uma ordem imposta pela natureza.

17 Na mesma época em que surgiu na França, a ciência econômica com os fisiocratas, na Inglaterra, em 1776, Adam Smith publicava “A Riqueza das Nações”. Smith foi o principal representante da escola clássica inglesa, juntamente com Stuart Mill, Thomas Malthus e David Ricardo.

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pensar, de acordo com Petras (1997, p.15) “(...) ganhou adesões e floresceu durante a maior parte do século XIX, sucumbindo então, primeiramente com a eclosão da Primeira Guerra Mundial (1914) e posteriormente com o colapso do capitalismo durante a década de 1930.”

Quando o modo de produção artesanal, na sociedade feudal, sofre suas contradições dando base para a manufatura18 se instaurar, há então uma mudança na forma de produzir através do processo da divisão do trabalho. Smith (1983) revela essa preocupação, enfatizando através de um argumento liberal, que há no homem uma propensão natural para a troca. A sua idéia é de que seria inerente ao indivíduo a troca de mercadorias, o consumo, o lucro, para assim, destacar de que se deve realmente produzir, pois a riqueza de uma nação advém do trabalho dividido e a livre concorrência.

As atividades de produção na manufatura sendo regulamentadas primeiramente pelas corporações de ofício, depois os monopólios e o Estado Absolutista19 são o alvo de interesse da doutrina liberal, pois a ênfase é de ir contra os regimentos e os estatutos que controlavam a forma da produção. Neste sentido, a burguesia se opunha contra a visão de mundo da época e o governo arbitrário da nobreza feudal que já estavam em desintegração.

(...) a partir de então, uma série de idéias deixam de ser apenas intuições, reveladas aqui e ali. Elas começam a constituir um verdadeiro sistema de pensamento, um sistema que afirma, convictamente, que o mundo seria melhor – mais justo, racional, eficiente e produtivo – se nele reinasse, soberana, a livre iniciativa, se as atitudes econômicas dos indivíduos (e suas

18 Segundo Paul Singer (1985, p. 10) a manufatura foi à primeira forma histórica de produção capitalista. “Era constituída por empresas que produziam mercadorias com métodos artesanais, isto é, sem uso de máquinas movidas por energia não humana. Nas manufaturas, trabalhavam dezenas ou mesmo centenas de pessoas, sob ordens de um empregador capitalista. Em cada manufatura se desenvolvia extensa divisão do trabalho, cada linha de produção sendo dividida em numerosas tarefas distintas. Cada grupo de trabalhadores se dedicava especializadamente a uma dessas tarefas, o que permitia grandes ganhos de produtividade.”

19 Forma de governo na qual a autoridade do monarca, que se confunde com o próprio Estado, se investe de poderes absolutos, limitados apenas por sua vontade. Organização política característica do período de formação e consolidação dos Estados modernos dominou a sociedade européia entre os séculos XV e XVIII. No plano de Economia Comercial ou do Mercantilismo. Originário da crise do feudalismo, o Estado Absolutista, aliado à burguesia mercantil, quebrando as barreiras regionalistas do feudo e da comuna; instituiu o protecionismo econômico; criou impostos e armou exércitos; realizou as conquistas ultramarinas e impôs o monopólio do comércio colonial. Foi ainda nesse regime que a aristrocracia (nobreza e clero) assegurou a manutenção de muitas formas de exploração das terras típicas do feudalismo, intensificando-se, ao mesmo tempo, a apropriação das terras comunais por grandes proprietários. (SANDRONI, Paulo, 1985, p.7).

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relações) não fossem limitadas por regulamentos e monopólios, estatais ou corporativos. (MORAES, 2000, p. 7).

Portanto, entende-se que a doutrina liberal quer e prega a necessidade de desregulamentar e privatizar as atividades econômicas daquela época, na qual a função do Estado seria apenas a “(...) manutenção da segurança interna e externa, a garantia dos contratos e a responsabilidade por serviços essenciais de utilidade pública” (Ibidem). Ou seja, o Estado não deveria atuar diretamente na produção econômica, como enfatiza Smith

(...) a obrigação de superintender a atividade das pessoas particulares e de orientá-las para as ocupações mais condizentes com o interesse da sociedade.

Segundo o sistema da liberdade natural, ao soberano cabem apenas três deveres: três deveres, por certo de grande relevância, mas simples e inteligíveis ao entendimento comum: primeiro, o dever de proteger a sociedade contra a violência e a invasão de outros países independentes;

segundo, o dever de proteger, na medida do possível, cada membro da sociedade contra a injustiça e a opressão de qualquer outro da mesma, ou seja, o dever de implantar uma administração judicial exata; e, terceiro, o dever de criar e manter certas obras e instituições públicas que jamais algum indivíduo ou um pequeno contingente de indivíduos poderão ter interesse em criar e manter [...] (SMITH, 1983, p. 47).

Percebe-se que o neoliberalismo no final do século XX aos nossos dias, não só no nome, tem muita semelhança com a doutrina liberal, porém o contexto histórico em que se instaura é outro, tornando-se assim um fenômeno distinto do liberalismo clássico. A diferenciação histórica entre o liberalismo clássico e o neoliberalismo é de fundamental importância para a compreensão, pois os parâmetros econômicos são outros. Moraes (2000, p.

14) ressalta que os liberais clássicos combatiam a política do estado mercantilista e os regulamentos impostos pelas corporações de ofícios, “(...) o principal propósito dos neoliberais é a crítica e o desmantelamento do estado Keynesiano (e o Welfare State), bem como das modernas corporações e dos sindicatos trabalhistas.” Quanto aos países

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subdesenvolvidos os inimigos são o “Estado desenvolvimentista e a chamada democracia populista”. (MORAES, 2001, p. 11).

Ainda em termos de contexto diferente, Petras (1997) traça um paralelo de diferenças contextuais entre liberalismo e neoliberalismo. O autor salienta que o liberalismo combateu através de suas doutrinas de livre comércio as restrições pré-capitalistas, enquanto o neoliberalismo combate o capitalismo sob influências do estado de bem-estar social. Essas doutrinas defenderam a economia de exportação dos produtos considerados de “riqueza nacional”, porém o liberalismo recorria ao desaparecimento da agricultura comunitária camponesa, enquanto que o neoliberalismo prejudica as indústrias nacionais, públicas e privadas. No liberalismo ocorria a abertura de mercados, no neoliberalismo a ênfase não é mais no mercado local, mas no internacional. Há também uma diferenciação na classe trabalhadora: de camponeses a proletários no liberalismo; de trabalhador assalariado a autônomos e classe informal, no neoliberalismo. No liberalismo ocorreu à formação da legislação trabalhista e previdência social, já o neoliberalismo prejudica o movimento trabalhista e impõe uma postura contra todo forma de manifestação e movimento social.

Assim, percebemos que os efeitos que essas duas doutrinas exercem sobre a economia do contexto que representam são diferentes, pois as relações sociais destes períodos são outras. Petras menciona que

(...) a imposição política de um modelo econômico pré-industrial (neoliberalismo) sobre uma formação social avançada exerce efeitos aberrantes na economia e na sociedade, desarticulando os setores econômicos a as regiões interligadas e também marginaliza e (...) exclui as classes produtivas (operários e fabricantes), fundamentais para o mercado nacional. (1997, p.17).

Enfim, no cenário neoliberal, o Estado e os sindicatos são os responsáveis pela crise econômica, pois nesta visão, eles impedem o sucesso de suas propostas. O sistema estatal é

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tido como improdutivo, repassando para o privado a competência que era dele. É a lógica do mercado em evidência afirmando que o Estado mínimo é o único possível e culpando que a crise se dá porque os sistemas institucionais como saúde, educação, políticas de empregos, etc, não atuam dentro da lógica de mercado.

Ao analisar os fundamentos do neoliberalismo, Petras (1997) ressalta que na política neoliberal cinco metas são implantadas: A estabilização de preços e das contas nacionais, a privatização dos meios de produção e das empresas estatais, a liberalização do comércio e dos fluxos de capital, a desregularização da atividade privada e a austeridade fiscal, que é a restrição aos gastos públicos. Os defensores do neoliberalismo acreditam que essas são as armas para a maximização de lucros. No entanto, eles possuem uma forma de pensar que

“abstrai do mundo real” 20 uma vez que

(...) postula um mundo formado por indivíduos que concorrem, e supõe que tais indivíduos devam comportar-se de forma competitiva para maximizar os lucros. (...) concluem que a economia de livre mercado é o resultado racional da livre concorrência entre indivíduos. (PETRAS, 2001, p.18).

Sendo o neoliberalismo um conjunto de pensamento inserido no contexto histórico do capitalismo financeiro internacional, suas metas formam um conjunto de ideologias, que segundo Petras (1997, p. 37) deve ser entendido “(...) para justificar e promover a reconcentração de riquezas, a reorientação do Estado em favor dos super ricos e o principal mecanismo para transferir riquezas para o capital estrangeiro”. Desta forma a ideologia neoliberal obscurece o real. Como enfatiza Petras:

A metodologia individualista do neoliberalismo obscurece as verdadeiras forças sociais, mantendo as suas fictícias suposições “abstratas.” Nesse

20 Não há como concordar e acreditar nas políticas neoliberais, uma vez em que Marx e Engels postularam as contradições inerentes que explicam a ideologia enquanto falsa representação, ou seja, uma forma de abstração.

No prefácio de Ideologia Alemã (1986, p.17), os autores afirmam que os homens sempre fizeram falsas representações sobre si mesmas e organizaram suas relações em função dessas representações. Portanto, buscar soluções antes de mais nada, requer que se pense na história humana, na totalidade.

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sentido, concordamos com o neoliberalismo em um ponto: a teoria neoclássica não tem nada a ver com a forma como o mundo real está organizado e funciona. O neoliberalismo pode ser um conjunto elegante de equações matemáticas baseadas em suposições primitivas e insustentáveis.

(1997, p. 19).

Desta forma, enfatiza-se que o contexto histórico é primordial para a compreensão do neoliberalismo e vice-versa, pois este se trata de uma metodologia individualista que determina no indivíduo concepções falsa sobre o contexto e as relações em que está inserido.

Podemos afirmar que o neoliberalismo é a ideologia do capitalismo num momento em que o capital vive um regime de acumulação predominantemente financeiro. Sobre isto, Moraes afirma que o termo possui vários significados:

1. Uma corrente de pensamento e uma ideologia, isto é, uma forma de ver e julgar o mundo social;

2. Um movimento intelectual organizado, que realiza reuniões, conferências e congressos, edita publicações, cria think-tanks, isto é, centros de geração de idéias e programas, de difusão e promoção de eventos;

3. Um conjunto de políticas adotadas pelos governos neoconservadores, sobretudo a partir da Segunda metade dos anos 70, e propagados pelo mundo a partir das organizações multilaterais criadas pelo acordo de Bretton Woods21 (1944), isto é, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) (2001, p.10).

A reflexão para compreender a sociedade capitalista e os movimentos do capital leva-nos à tentativa de análise da totalidade, do concreto-real, que é determinado historicamente. Portanto, ao analisar as fases do capitalismo comercial, concorrencial,

21 Nome pelo qual ficou conhecida a Conferência Monetária e Financeira das Nações Unidas, realizada em julho de 1944, em Bretton Woods (New Hampshire, EUA) com representantes de 44 países, para planejar a estabilização da economia internacional e das moedas nacionais prejudicadas pela Segunda guerra mundial. “Os acordos assinados em Bretton Woods tiveram validade para o conjunto das nações capitalistas lideradas pelos Estados Unidos, resultando na criação do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD)”.

(SANDRONI, 1985, p. 83).

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monopolista e financeiro, percebe-se o movimento do capital para manter a sociedade capitalista, ou seja, o capital foi se reorganizando para manter-se: tratando de reproduzir-se, a fim de que o capital mantivesse a sua valorização. Porém, as mudanças nas relações sociais, as questões econômicas e políticas são as expressões dessas reorganizações que também sofrem modificações. Diante disto, as doutrinas de pensamento liberal e neoliberal representam ideologias que determinam a forma de ser do mundo econômico e suas relações, mas evidentemente em contextos históricos diferentes, em outros parâmetros econômicos.

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