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A RESPONSABILIDADE CIVIL E O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO: O INSTITUTO E AS SUAS APLICAÇÕES FRENTE A UMA NOVA TECNOLOGIA

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ANTÔNIO EUFRÁSIO DE TOLEDO DE PRESIDENTE PRUDENTE

CURSO DE DIREITO

A RESPONSABILIDADE CIVIL E O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO: O INSTITUTO E AS SUAS APLICAÇÕES FRENTE A UMA NOVA TECNOLOGIA

Lucas Mangolin Alves

PRESIDENTE PRUDENTE 2017

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ANTÔNIO EUFRÁSIO DE TOLEDO DE PRESIDENTE PRUDENTE

CURSO DE DIREITO

A RESPONSABILIDADE CIVIL E O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO: O INSTITUTO E AS SUAS APLICAÇÕES FRENTE A UMA NOVA TECNOLOGIA

Lucas Mangolin Alves

Monografia apresentada como requisito parcial de Conclusão de Curso para obtenção do Grau de Bacharel em Direito, sob orientação do Prof.

Marcelo Agamenon Góis de Souza.

PRESIDENTE PRUDENTE 2017

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A RESPONSABILIDADE CIVIL E O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO: O INSTITUTO E AS SUAS APLICAÇÕES FRENTE A UMA NOVA TECNOLOGIA

Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Direito.

_______________________________

Marcelo Agamenon Góes de Souza Orientador

_______________________________

Luís Fernando Nogueira Examinador

_______________________________

Márcio Ricardo da Silva Zago Examinador

Presidente Prudente/SP, dia 30 de novembro de 2017.

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“Tudo o que temos de decidir é o que fazer com o tempo que nos é dado. ”

J.R.R.Tolkien, O Senhor dos Anéis:

A Sociedade do Anel

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AGRADECIMENTOS

Agradeço antes de mais nada a Deus, por tudo que ele tem me propiciado.

Agradeço a minha família, pelo amor e suporte fundamentais na minha vida.

Em especial meu pais, meu irmão e minha avó, pois com o amor do seio familiar que é construído a personalidade do indivíduo e sua educação.

Não poderia deixar de agradecer enormemente meu Professor Orientador Marcelo Agamenon Góis de Souza, o qual me guiou nesse projeto, e em sala de aula deu-me bases para formação acadêmica.

Igualmente agradeço aos integrantes da banca examinadora, os quais cederam seu tempo para analisar em primeira mão esse estudo desenvolvido.

Por último, mas não em menor importância a quem por ventura venha a ler esse presente trabalho, pois sem quem leia e discuta as ideias aqui presente não hão elas de florescer.

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RESUMO

Este estudo tem como objetivo realizar a análise do instituto da responsabilidade civil frente as novas tecnologias, para tanto lança mão de um raciocínio lógico argumentativo teórico, perpassando a análise histórica desse instituto, que é de fundamental importância para situar o próprio como um dos fundamentais elementos do direito civil, realizado a análise histórica-evolutiva, faz-se a compreensão e conceituação da responsabilidade civil, tomando por base o apresentado por sua evolução histórica, elencando nesse momento suas espécies, não todas, mas as fundamentais para o desenvolvimento do presente trabalho, pois feito essa análise que é possível realizar a análise do como comportasse o presente instituto no ramo das tecnologias inovadoras, ou seja, daquelas que trazem avanços não antes atingidos, nesse momento busca-se no presente, apresentar os mais variados posicionamentos acerca da posição que a responsabilidade civil deve adotar frente as mais variadas problemáticas de eventos danosos advindos de produtos inovadores, enfatizando nesse aspecto a necessidade de haver a primazia da segurança jurídica, tendo por ideal a segurança jurídica pode o presente trabalho realizar a análise da então tida maior inovação tecnológica da década, quiçá do século, que são os veículos autônomos, perpassando para tanto pela compreensão conceitual destes veículos, até culminar no como se dará a responsabilidade civil, tomando por base o todo no estudo.

Palavras-chave: Responsabilidade Civil; evento danoso; dano; segurança jurídica;

desenvolvimento exponencial; necessidades por tecnologias; desenvolvimento tecnológico de risco; normatização; veículos autônomos.

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ABSTRACT

This study has the objetive to do the parsing of the institute of civil responsability towards new technologies, to this using a logical argumentative reasoning, through a historical analysis, that have great importance to locating the institute how one of most important elements to civil right, making the analisys historical evolution can do the understanding and the conceptualization of the civil responsability, based on showed in historical evolution, it enumerates in this moment yours species, not all, but the principal to the development of this study, because with this review can be possible do the understanding how the institute operate in the branch of innovative technologies, that is, those bring advancets never again possibles, in this moment try in present, logde the most varied positions about the way of civil responsability have to do in the most varied problems that comes of damages events through innovatives products, understanding in this way that have been the primacy of the legal certainty, have the ideal of legal certainty can this working do the analysis of the grater innovation in this decade, maybe century, the self-propelled vehicle, make the conceptual understand of thoses vehicles, until how will be given the civil responsability in this aspect, based on the studied whole.

Keywords: Civil Responsibility; damage event; damage; legal certaintly; exponential development; technology’s needs; technological development of risk; normalization;

self-propelled vehicle;

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CC – Código Civil

CDC – Código de Defesa do Consumidor DE – Desenvolvimento Exponencial

DTR – Desenvolvimento Tecnológico de Risco Nor. – Normatização

NTEC – Necessidade por Tecnologias S.Jur. – Segurança Jurídica

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 11

CAPÍTULO I RESPONSABILIDADE CIVIL, SUA CRIAÇÃO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA ... 13

1 APONTAMENTOS INICIAIS ... Erro! Indicador não definido. 2 CONCEITUAÇÃO HISTÓRICA DA RESPONSABILIDADE CIVIL ... 13

2.1 Normatização da Vingança ... 14

2.2 A Composição Patrimonial ... 16

2.3 Responsabilidade Civil no Direito Francês ... 18

CAPÍTULO II RESPONSABILIDADE CIVIL O INSTITUTO ... 20

3 INTRODUÇÃO AO INSTITUTO ... 20

4 CONCEITUANDO RESPONSABILIDADE CIVIL ... 21

5 ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE CIVIL ... 23

5.1 Considerações Iniciais... 23

5.2 Responsabilidade Civil Direta e Indireta ... 25

5.2.1 Responsabilidade civil direta ... 25

5.2.2 Responsabilidade civil indireta ... 26

5.3 Responsabilidade Civil Subjetiva e Objetiva ... 27

5.3.1 Responsabilidade civil subjetiva ... 288

5.3.1.1 Elemento culpa ... 28

5.3.1.2 Elemento conduta ... 30

5.3.1.3 Elemento nexo causal ... 31

5.3.1.4 Elemento dano ... 32

5.3.2 Responsabilidade civil objetiva ... 33

6 DA COMPREENSÃO FINAL DO INSTITUTO FRENTE AO ESTUDADO ... 34

CAPÍTULO III O DESENVOLVIMENTO EXPONENCIAL TECNOLÓGICO E OS RISCOS DECORRENTES ... 36

7 DA COMPREENSÃO INICIAL DOS RISCOS ... 36

8 DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO VORAZ E IMPOSSIBILIDADE LEGISLATIVA ... 37

8.1 Perpetuação do Desenvolvimento de Risco ... 38

9 ESTUDO DOS RISCOS ... 41

9.1 Atividade Mencionada no parágrafo único do art. 927, Código Civil ... 43

9.1.1 Gerar risco por sua natureza ... 44

9.2 Da Relação entre o parágrafo único, 927, CC e Desenvolvimento Tecnológico de Risco ... 45

9.3 Da Teoria do Risco do Desenvolvimento ... 48

9.3.1 Os elementos da teoria ... 48

9.4 Da Indagação Feita ... 49

10 DA RESOLUÇÃO DOS RISCOS ... 49

CAPÍTULO IV VEÍCULOS AUTÔNOMOS A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA DO SÉCULO ... 53

11 APRESENTANDO OS VEÍCULOS AUTONÔMOS . Erro! Indicador não definido. 12 VEÍCULOS AUTÔNOMOS A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA... 53

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13 A SEGURANÇA DOS VEÍCULOS AUTÔNOMOS ... 55

14 BREVES CONSIDERAÇÕES ACERCA DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO PROPRIETÁRIO DE VEÍCULO AUTÔNOMO ... 56

15 PONDERAÇÃO FINAL DAS RESPONSABILIDADES APLICÁVEIS ... 58

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 59

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 62

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho, atento às problemáticas que os avanços tecnológicos apresentam, conforme será demonstrado em momento oportuno, objetiva-se com o estudo deste essencial instituto do direito dirimir as problemáticas e as consequências que os avanços tecnológicos apresentam, dando especial ênfase a uma nova tecnologia, os veículos autômatos.

Dado ao advento dos avanços tecnológicos, vivencia-se na atualidade uma época de grandes avanços no ramo das tecnologias, é sobre este aspecto de desenvolvimento voraz que se dá o enfoque do presente trabalho, tudo sobre o aspecto da responsabilidade civil.

Muito embora seja um dos principais objetos de estudo o desenvolvimento tecnológico e a responsabilidade civil, este trabalho também apresenta os avanços obtidos na área dos veículos tidos como autônomos, que são em primeira análise e em simples e grosseiras palavras, carros que dirigem sem a necessidade de um motorista em sua condução, havendo também os semiautônomos.

Diante da perspectiva dos avanços tecnológicos debruçasse ao estudo das responsabilidades civis, sobre o enfoque de analisar como este instituto se comporta frente às problemáticas que possam surgir nestas tecnologias tidas como novas, ou melhor, inovadoras.

Quanto ao que seriam os veículos autônomos e os avanços tecnológicos vivenciados nos últimos anos haverá tópico próprio para abordá-los, preocupa-se de início neste trabalho em abordar o instituto jurídico que está a nortear, qual seja, a Responsabilidade Civil, para com base no instituto compreender as consequências jurídicas oriundas dos fatos tecnológicos, já tão arduamente mencionados.

Busca, então, em primeira instância dar ao instituto em estudo um conceito e entender sua aplicabilidade, para então analisar, em um segundo momento, como o mesmo instituto afeta as novas tecnologias e por tabela os veículos autônomos, não sem antes discutir o que seriam tais veículos e os avanços que representam ao meio tecnológico, tudo de modo a conseguir relacionar o tema proposto com os Veículos Autônomos.

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Tomando por base que o principal objetivo da ordem jurídica-normativa é a de proteger o lícito e coibir e punir o ilícito, deste modo, cumprindo com o contrato social e por consequência a garantia da segurança jurídica, há nesse trabalho uma análise que visa a garantir a ordem jurídica e social frente ao possível e desenfreado avanço tecnológico e outra análise do como o avanço tecnológico afeta a vida das pessoas e por consequência a sociedade.

Tudo isto, sem não antes entender a evolução histórica do instituto estudado, haja visto que o mesmo é fruto de um profundo desenvolvimento histórico, criado para garantir a ordem social quando frente ao ilícito civil, ao dano patrimonial.

Pois, somente entendendo a origem, a história de algo, que se é capaz de compreender sua essência e seu desenvolvimento, o futuro, este futuro que será o de dirimir as problemáticas oriundas dos avanços tecnológicos exponenciais.

Iniciemos, portanto, o trabalho.

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CAPÍTULO I RESPONSABILIDADE CIVIL, SUA CRIAÇÃO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA

1 APONTAMENTOS INICIAIS

É inegável hoje que o estudo da responsabilidade civil possui grande relevância no estudo do direito, ainda mais ao direito civil.

O instituto da responsabilidade civil que é o principal objeto de estudo deste presente trabalho que almeja a compreensão da aplicação da responsabilidade civil aos produtos inovadores, frutos do avanço tecnológico.

Para tanto, faz-se preciso, antes de mais nada, entender em primeira análise o instituto da responsabilidade civil, para que então se possa passar para a sua aplicabilidade às novas tecnologias, com destaque aos veículos autônomos.

Portanto, inicia-se realizando um estudo quanto ao instituto, ou seja, realiza-se a análise do entendimento do que ele é, e o que representa às ciências jurídicas.

E, conforme inicialmente mencionado nesse capítulo, é entendido o estudo da responsabilidade civil pela nobre doutrina como um dos de maior relevância para a ciência do direito, em primazia ao direito civil, haja visto as consequências que a responsabilidade civil apresenta ao mundo dos fatos, conforme será longamente exposto no decorrer do estudo.

2 CONCEITUAÇÃO HISTÓRICA DA RESPONSABILIDADE CIVIL

Ante ao anteriormente dito, a responsabilidade civil, demonstra sua relevância, desde tempos imemoriáveis, visto que nos primórdios das civilizações humanas os indivíduos quando tinham algum prejuízo reagiam ao dano causado por puro instinto, sendo brutais em seus atos, predominando a vingança privada, ou seja, a justiça por suas próprias mãos. 1

Apesar, do termo vingança não ser o melhor e mais apropriado termo para o uso atualmente, há que se entender e de certa maneira concordar quanto ao

1Sobre o assunto há Orlando Estevão da Costa Soares, na obra Responsabilidade civil no direito brasileiro.

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fato de que inicialmente, quando havendo danos a alguém, este cometeria ato de vingança, sem que sofresse represálias estatais.

Ocorre que nos primórdios da sociedade o ofendido em seu bem jurídico para sentir-se justiçado e até mesmo ter sua reparação aos danos sofridos, agia por iniciativa própria e deste modo, por seus atos, alçaria a responsabilização aos danos sofridos.

Confirma o dito também Wendell Lopes Barbosa de Souza (2015, p11):

Nos tempos iniciais da raça humana, o dano não era contemplado pelo direito, não se cogitava de culpa e o agredido voltava-se diretamente contra o agressor sem perquirição de qualquer natureza sobre como teria se verificado o infortúnio.

O exposto por Wendell significa que o instituto da responsabilidade inicialmente não era, como bem deve-se esperar, devidamente delineado e esculpido, não havendo a previsão da culpa, um dos elementos da responsabilidade civil, na espécie subjetiva, conforme posteriormente será exposto.

Wendell reafirma, neste trecho extraído de seu trabalho, que era apenas um ato de vingança a responsabilidade, sem qualquer tutela estatal, conforme verifica-se nos trechos que seguem extraídos da citação: “voltava-se diretamente contra o agressor sem perquirição de qualquer natureza”, assim como no trecho, “o dano não era comtemplado pelo direito” (SOUZA, 2015, p11).

Ocorre então de nos primórdios o ofendido não sofrer qualquer tipo de represália ao vingar-se, objetivando com o ato de vingança sua reparação aos danos, havendo a brutalidade institucionalizada, ainda que não fosse a institucionalização de forma legal, mas social.

Os atos de vingança imperavam, principalmente, por não haver no direito qualquer previsão normativa de reparação aos danos, do como proceder quando sofresse danos.

2.1 Normatização da Vingança

Nesse sentido, o de que a sociedade era brutal e vingativa, não se deve pensar que a sociedade humana não continuaria a assim agir atualmente não fosse pela presença de normas que impeçam tal comportamento, ou seja, com a presença da responsabilidade civil, haja visto ser a vontade de obrigar um indivíduo a reparar um dano o esboço de um sentimento genuíno de justiça.

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Significa que é o sentimento de justiça algo quase que primordial ao indivíduo humano e, portanto, capaz de levá-lo a cometer dos mais variados atos para concretizar este sentimento e neste caso, não houvesse normas que estipulassem a reparação de danos, ou ainda, a punição aos delitos, seria natural ao homem realizar justiça por suas forças.

Nesse sentido, o de ser a responsabilidade um ato de vingança, atuavam os romanos nos primórdios de sua legislação em uma tentativa de regular a responsabilização e consequentemente ordenar a sociedade da época, conforme demonstrado por Alvino Lima (1999, p. 19):

A responsabilidade civil no direito romano tem seu ponto de partida na vingança privada, forma primitiva, selvagem talvez, mas humana, da reação espontânea e natural contra o mal sofrido; solução comum a todos os povos nas suas origens, para a reparação do mal pelo mal.

Tem-se que com o desenvolvimento das sociedades, no caso da própria sociedade romana, a autotutela demonstrou-se instável e injusta, promovendo insegurança jurídica à sociedade, visto que apenas a força prevalecia, daí a necessidade de regular de alguma maneira a responsabilização.

Ocorre que nos primórdios não havia com a vingança a reparação exclusivamente patrimonial do dano, em muitos dos casos fazia-se apenas com que o causador do dano sofresse de maneira física o mesmo que a vítima sofreu.

Deste modo há a evolução jurídica da reparação dos danos, onde passou-se a entender que a vingança privada não era efetiva, mas falha e injusta, ao fazer em certos casos com que o causador sofresse desmedidamente pelo dano patrimonial causado. Diante disto, o passo jurídico seguinte foi o de instituir a composição, ainda que não fosse exclusivamente patrimonial, momento em que passava o causador do dano a reparar a vítima na mesma proporção do dano causado.

Em dado momento o Estado (ressalta-se que no Mundo Antigo não havia a figura de Estado-Nação como há na atualidade, mas a figura do governante/monarca) passa a entender ser necessário sua intervenção, para evitar maiores problemáticas sociais e garantir a segurança jurídica e por consequência o bem-estar social, o que era na época entendido, principalmente pelos romanos, a manutenção de suas relações comerciais e por consequência dos seus status.

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Todavia, essa intervenção Estatal não se deu da maneira como hoje entende-se como ideal e justa, mas sua intervenção foi mais primitiva, com a criação da famosa Lei das XII Tábuas, que instituiu a ideia de proporcionalidade, onde deve o causador do dano responder na exata proporção do dano causado, ou seja, o mesmo dano que sofreu a vítima deverá o causador sofrer, não devendo ser além ou aquém.

Tem-se em um primeiro momento o entendimento, por parte dos entes estatais, haver a necessidade de intervir na vingança privada que era perpetuada pelos indivíduos, todavia, conforme mencionado, perpetuando um ideal de proporcionalidade de dano.

O vocabulário jurídico de Plácio e Silva corrobora com o entendimento anteriormente exposto, o de proporcionalidade da vingança, conforme pode-se ler abaixo (SILVA, 2007, p. 1360):

Do latim talio, taliones, é a designação atribuída à pena que consiste em aplicar ao delinqüente um dano igual ao que ocasionou. A pena de talião tem assento na própria Bíblia, conforme se inscreve no Cap XXI do Êxodo, versículos 23 a 25: se houver morte, então darás vida por vida. Olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé. Queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe.

Ainda nesse mesmo sentido de raciocínio, ocorre que o período das leis de talião foi um período em que a justiça estava baseada, em quase que todos os povos do Mundo Antigo, na vingança, isto até a civilização grega, como afirma Giselda Hinonaka (2005, p. 45).

Tem-se então, ante ao todo exposto, que houve a migração da vingança privada, onde o indivíduo agia por meios próprios objetivando sua reparação aos danos, ocorrendo desproporcionalidade entre o dano causado e a reparação, para a intervenção do Estado, que regulamentou a reparação, ainda que primitivamente, instituindo a proporcionalidade entre dano e reparação, ainda que houvesse um caráter eminente de vingança.

2.2 A Composição Patrimonial

Nesse segundo momento, em que houve a intervenção estatal na vingança privada, ocorre do Estado delimitar apenas o momento em que caberia a

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vingança privada e estipulando limites, a proporcionalidade, porém o ato de vingança era ainda concretizado pelo indivíduo.

Importante se faz ressaltar que em determinadas ocasiões ocorria a reparação ao dano não ser causar o mesmo dano ao causador, mas uma contraprestação patrimonial.

Nesse sentido afirma Wilson Melo da Silva (1962, p. 40):

É quando, então, o ofensor paga um tanto ou quanto por membro roto, por morte de um homem livre ou de um escravo, surgindo, em conseqüência, as mais esdrúxulas tarifações, antecedentes históricos das nossas tábuas de indenizações preestabelecidas por acidente do trabalho.

Ressalta-se também que, para a reparação não se fazia qualquer tipo de valoração de culpa do agente com relação ao dano causado, ou seja, um esboço da responsabilidade objetiva.

Foi apenas com o advento da Lex Aquilia, no direito romano, que se passou a ter a preocupação com a culpa do agente, onde haveria a reparação patrimonial, destaca-se, quando comprovada a culpa do agente para o evento danoso, ou seja, surge então a responsabilidade civil subjetiva.

Conforme destaca Maria Helena Diniz (2011, p. 27):

A Lex Aquilia de damno veio a cristalizar a ideia de reparação pecuniária do dano, impondo que o patrimônio do lesante suportasse os ônus da reparação, em razão do valor da res, esboçando-se a noção de culpa como fundamento da responsabilidade, de tal sorte que o agente se isentaria de qualquer responsabilidade se tivesse procedido sem culpa. Passou-se a arbitrar o dano à conduta culposa do agente. Logo, não restam dúvidas de que houve uma evolução no sentido de extrair o fator culpa da Lei Aquília, passando a reparação estar calcada no elemento subjetivo a partir de então.

Findava, deste modo, a vingança privada, ocorrendo a instituição da responsabilidade civil, seguindo preceitos de proporcionalidade do dano causado com a reparação, esta que era exclusivamente patrimonial.

Conforme determinava a Lex Anquilia, a reparação patrimonial ao dano causado considerava o valor do bem/objeto nos trinta últimos dias anteriores ao fato danoso (SOUZA, 2015, p. 15).

Há, portanto, o ideal de indenizar a vítima do evento danoso de forma efetiva, pelo valor real do bem.

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2.3 Responsabilidade Civil no Direito Francês

Com o fim da revolução francesa e o advento de Napoleão, este criou o famoso código Napoleônico, o qual foi de suma importância, pois estabeleceu as primeiras ideias de responsabilidade subjetiva e objetiva, acabando por influenciar diversos ordenamentos jurídicos pelo mundo, os quais passaram a adotar os preceitos das responsabilidades objetivas e subjetivas.

Consta, que inicialmente, o direito francês aos poucos aperfeiçoou as ideias de sua época, oportunidade que conceituou o princípio geral da responsabilidade civil, rompendo com as ideias de outrora ao abandonar a enumeração dos momentos em que deveria haver a composição obrigatória, (GONÇALVES, 2005, p05), ou seja, não havia mais um rol taxativo no ordenamento jurídico que determinasse a composição obrigatória.

Expõe quanto ao direito francês, Carlos Roberto Gonçalves (2005, p.

05):

Aos poucos, foram sendo estabelecidos certos princípios, que exerceram sensível influência nos outros povos: direito à reparação que houvesse culpa, ainda que leve, separando-se a responsabilidade civil (perante a vítima) da responsabilidade penal (perante o Estado); a existência da culpa contratual (a das pessoas que descumprem as obrigações) e que não se liga nem a crime nem a delito, mas se origina da negligência ou imprudência.

Denota-se neste trecho a afirmação da adoção do Código Napoleônico pela responsabilidade civil subjetiva, quando por negligência ou imprudência do causador do evento danoso, consagrando o Código Civil francês a responsabilidade civil extracontratual na culpa do agente, como pode-se ler na citação acima no seguinte trecho: “a existência da culpa contratual (a das pessoas que descumprem as obrigações) ” (GONÇALVES, 2005, p 05).

O artigo 1382 Código Civil Francês é enfático ao dizer que a todos há o dever de reparar o dano causado a outrem, havendo a previsão do mesmo preceito por nosso pátrio Código Civil.

Cita-se abaixo o art. 1382 do Código Civil Francês2, apud Wendell Lopes Barbosa de Souza (2015, p.18):

2 No original: Tout fait quelconque de l’homme qui cause à autrui un dommage oblige celui par la faute

de qui il est arrivé, à le réparer. (Artigo 1.382 do Código Civil francês).

(19)

Artigo 1382. Qualquer fato de um homem que cause a outrem um dano obriga aquele pela falta que cometeu a repará-lo (Tradução feita por Wendell Lopes Barbosa de Souza).

Tem-se, portanto, que a teoria da responsabilidade prevista na Lex Anquilia no direito romano ainda possui fortes influências aos mais diversos ordenamentos jurídicos atuais, guardadas as devidas proporções de modificações necessárias na nobre legislação romana com o passar dos séculos.

Pode-se ter, portanto, o entendimento de que a normatizações modernas têm consagrado a culpa como um pressuposto essencial para a responsabilização civil, quando na modalidade subjetiva, conforme será posteriormente estudado nos elementos do instituto da responsabilidade civil, além é claro de nexo causal, do dano e conduta.

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CAPÍTULO II RESPONSABILIDADE CIVIL O INSTITUTO

3 INTRODUÇÃO AO INSTITUTO

Como pode-se constatar pelo título do presente capítulo, RESPONSABILIDADE CIVIL O INSTITUTO, torna-se claro a temática a qual será abordada, qual seja, o instituto em si, realizando um entendimento mais aprofundado do que seja este instituto jurídico.

Todavia, devemos realizar considerações iniciais, relacionando o presente capítulo com o já estabelecido no presente trabalho, assim como também com o tema do mesmo.

Há que se entender, inicialmente, haver nesse capítulo uma discussão quando a estruturação do instituto da Responsabilidade Civil, o compreendendo desde sua importância às ciências jurídicas (como um todo), principalmente ao já arduamente estabelecido em sua evolução histórica, estabelecendo uma relação entre a intenção de regramento do ato de ter de indenizar para com o entendimento do que é este ato.

Como visto anteriormente, o presente instituto é um meio de indenização, todavia, esta afirmativa é rasa ao deixar certas nuances de escanteio, daí a necessidade de conceituar de forma mais aprofundada o presente instituto.

Não só conceituá-lo, como também entender as circunstâncias que permitem surgir o dever de reparar e qual a melhor maneira para garantir seu cumprimento, ou seja, esmiuçar o conceito do instituto em tela, compreendê-lo como um todo.

Vale ressaltar a intenção desse presente trabalho, não há porque esmiuçar o instituto que é objeto desse trabalho neste presente capítulo, pois dada a sua importância ao mundo jurídico não é de estranhar que seja este um vasto instituto e que possui diversas nuances, as quais acabam relacionando-se com áreas que não são de relevância primordial ao que propõe este estudo.

Diante disso, o que objetiva neste capítulo em questão é elencar os principais elementos da responsabilidade civil, para deste modo ter em mente a definição básica do instituto e assim ser possível trabalhar no cerne da proposta do presente trabalho.

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Culminando, portanto, no ponto de debate que é a aplicabilidade da responsabilidade civil frente às novas tecnologias, ou melhor, a forma como esse instituto relaciona-se com essas tidas novas tecnologias.

Portanto, para a conceituação de Responsabilidade Civil.

4 CONCEITUANDO RESPONSABILIDADE CIVIL

Dado todo o contexto histórico de evolução da responsabilidade civil, torna-se fácil, em tese, conceituar a responsabilidade civil e entender a aplicação deste primordial instituto jurídico.

Entretanto, antes de apenas jogar neste estudo o conceito de responsabilidade civil, faz-se primordial estabelecer um breve contexto das ciências jurídicas como um todo.

Como anteriormente fora elencado acerca da evolução histórica da responsabilidade civil, vale ressaltar que as ciências jurídicas como um todo atualmente devem muito de sua base sólida e consolidada aos romanos.

Estes que já entendiam como objetivo do direito a realização da verdadeira justiça.

O sentido de que o direito possui a finalidade da ordenação dos comportamentos das pessoas em sociedade, significa que enquanto fenômeno social as ciências jurídicas pretendem normatizar/regrar condutas de acordo com o preconizado nos valores sociais, buscando nessa ceara, incentivar determinados comportamentos assim como também, desestimular, e nas melhores das hipóteses impedir a ocorrência de outros comportamentos, como explica Marcelo Benacchio (2012, p 642).

Significa o todo exposto de que as ciências jurídicas, na conformidade com os valores estabelecidos, objetivam estabelecer a segurança jurídica e a ordem jurídica, para tanto faz uso de normas (estas em sentido amplo, conforme preconiza Humberto Ávila) que estabeleçam condutas (comportamentos) que emanem do ente Estatal, cumprindo com o contrato social estabelecido por Jean-Jacques Rousseau, ao evitar e solucionar conflitos, ocorrendo deste modo a pacificação social, a segurança jurídica nas relações da vida social e principalmente na ordem jurídica- normativa.

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Neste escopo, surge a responsabilidade civil, isto quando imposta obrigação a alguém de reparar dano causado por fato seu ou por fato de pessoas ou coisas que dependam deste alguém.

É, portanto, a responsabilidade civil a consequência do convívio em sociedade, haja visto que é dever do indivíduo responder por seus atos ou fatos vinculados a sua pessoa, por descumprimento de uma norma jurídica existente ao tempo do fato jurídico.

Entende-se nesse escopo ser a responsabilidade civil a maneira na qual exterioriza-se justiça, em uma tradução de um dever moral de não prejudicar outrem alheio, ou seja, nenminem laedere, como explanado por Luciana Mahuad e Cassio Mahuad (2015, p. 34).

Ocorre deste modo ser a responsabilidade civil uma consequência de um ato cometido por indivíduo determinado que por este ato deverá ser responsabilizado a repará-lo, quando causado danos a outrem.

Nesse sentido bem elucida o Código Civil, que em seu artigo 927, caput, afirma que todo aquele que por ato ilícito causar dano a outrem ficará obrigado a repará-lo (BRASIL, 2002).

Fica ainda evidente que na atualidade há a presença de uma vasta gama de atividades que implicam por sua natureza em responsabilização, principalmente dado ao voraz avanço tecnológico.

No mesmo sentido explanam Luciana Mahuad e Cassio Mahuad (2015, p. 34):

Não há como negar, de fato, que toda atividade humana pode implicar responsabilidade civil e que esta possibilidade é cada vez maior com o desenvolvimento tecnológico. Uma sociedade avançada, que teme a decadência, tende a, cada vez mais, buscar o equilíbrio, sendo que a reparação dos prejuízos causados é uma das maneiras indicadas a tanto, revestindo-se ainda como instrumento garantidor de segurança a cada um dos membros que a integra. A indenização da vítima inocente traduz, por fim, justiça e solidariedade.

Esboça-se, então, como demonstrado pelo art. 927, Código Civil e enfatizado na citação acima e neste presente trabalho, ser a responsabilidade civil o meio pelo o qual repara-se os danos oriundos de atividades e atos que causem tais danos, tudo com o fulcro de garantir-se a ordem social, evitando a ocorrência da autotutela, como demostrado no capítulo anterior, promovendo a paz social,

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segurança jurídica e o fundamental, a reparação aos danos sofridos, injustamente, por alguém.

É nesse sentido, que o presente trabalho se debruça, em conformidade com o anteriormente mencionado, há atualmente um avanço tecnológico o qual cria novas situações que possam e geram danos, daí a necessidade de realizar um estudo deste importante instituto, haja visto o já mencionado por Sérgio Cavalieri Filho (2012, p. 6):

Tudo ou quase tudo em Direito acaba em responsabilidade. A responsabilidade civil é uma espécie de estuário onde deságuam todas as áreas do Direito - Público e Privado, contratual e extracontratual, material e processual; é uma abóbada que concentra e amarra toda a estrutura jurídica, de sorte a não permitir a centralização de toda sua disciplina”

Demonstra-se a importância deste instituto ao Direito, visto que havendo dano a alguém há que se falar em responsabilidade civil, observados os elementos indispensáveis de sua atuação, em outras palavras, as circunstâncias que permitem surgir o dever de reparar e qual a melhor maneira para garantir seu cumprimento.

Sob esse escopo é iniciado o próximo tópico deste capítulo.

5 ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE CIVIL

Nesse tópico, como pode ser notado, haverá a discussão quanto as espécies de responsabilidade civil, elencando as tidas como essenciais para melhor análise do pretendido nesse trabalho, que é a de compreender o instituto da responsabilidade civil nas novas tecnologias.

5.1 Considerações Iniciais

De acordo com o estudado até o presente momento, entende ser a responsabilidade civil a forma pela qual há responsabilização, ou melhor, obriga um indivíduo por uma ação sua que acarretou a outrem dano a repará-lo.

Tudo em conformidade com o estipulado no artigo 927, Código Civil, como pode-se ler (BRASIL, 2002):

(24)

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Deve-se, antes de elencar as espécies de responsabilidade civil compreender que, conforme dispõe o artigo 927, Código Civil, ficará obrigado a reparar o dano aquele que por ato ilícito causar dano a outrem. Para tanto, destaca- se a presença do termo ato ilícito, ou seja, para compreender o momento de aplicabilidade deste instituto jurídico é preciso compreender plenamente o ato ilícito.

Como bem pode ser lido no já citado artigo 927, Código Civil, este remete ato ilícito ao disciplinado nos artigos 186 e 187 do mesmo diploma legal (BRASIL, 2002).

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

No mesmo sentido o artigo 187, Código Civil (BRASIL, 2002):

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Tais artigos elencam que a violação de direitos, assim como gerar danos patrimoniais ou marais a outrem acarreta em ato ilícito, do mesmo modo a extrapolação de direitos. Entende-se, portanto, haver a ocorrência de ato ilícito quando outrem sofrer violações, sejam elas morais ou patrimoniais, oriundas de fato de determinado indivíduo, seja este fato intencional ou não.

Em outras palavras, haverá ato ilícito quando houver violação a um dever jurídico preexistente.

Todavia, na mesma esteira de ato ilícito o artigo 188, Código Civil elenca quando não haverá ato ilícito (BRASIL, 2002):

Art. 188.Não constituem atos ilícitos:

I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;

II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.

Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.

(25)

Muito embora, estejam estes citados artigos do Código Civil para delimitar a ocorrência de ato ilícito, os mesmos (artigos 186 ao 188 do Código Civil) por si só são incapazes de esclarecerem quais seriam as circunstâncias, em concreto, que geram o surgimento do dever de reparar e qual a melhor maneira para garantir seu cumprimento.

Haja visto, os citados artigos, demonstrarem apenas quando há ato ilícito (artigos 186 e 187 do Código Civil) ou quando não o há (art.188 do Código Civil) e elencarem que o ocorrendo (o ato ilícito) terá seu agente a obrigação de reparar o dano por ele causado.

Por conta do todo exposto que as espécies de Responsabilidade Civil fazem essencial importância, visto serem os meios necessários de melhor compreensão do instituto, como também são capazes de melhor demonstrar sua ocorrência. Como será enfim exposto.

Insta explanar antes haver, para melhor entendimento neste estudo, na responsabilidade civil dois primas essenciais, são eles, o da responsabilidade civil subjetiva, o da responsabilidade civil objetiva, como também as responsabilidades direta e indireta cada qual possui seus elementos e momentos de ocorrência, tudo para melhor promoção desse essencial instituto.

5.2 Responsabilidade Civil Direta e Indireta

Como já explanando anteriormente, para que haja melhor compreensão do momento de aplicação da Responsabilidade Civil, faz-se preciso entender, ainda que brevemente, suas espécies. Nesse escopo inicia esse trabalho diferenciando e, consequentemente, conceituando estas duas espécies de responsabilidade civil.

5.2.1 Responsabilidade civil direta

Compreende como responsabilidade civil direta aquela em que o ato causador de dano é realizado por indivíduo determinado, onde é esse agente quem responderá pelo dano causado.

(26)

Tem-se, desse modo, ser essa responsabilidade civil a em que o agente que causou o dano é o mesmo quem deve repará-lo, sendo nada mais o que está disposto no artigo 927, caput, do Código Civil.

Insta salientar, para fins didáticos que esta responsabilidade é também chamada na doutrina por simples, ou ainda, por ato próprio, haja visto que a ação ou omissão causadora do dano deriva de ato do próprio agente causador do dano.

Observa ser latente a necessidade, como em todas as espécies de responsabilidade civil, de ser preciso comprovar o nexo de causalidade e o dano, para que então haja responsabilização e consequente reparação patrimonial.

Para corroborar com o explanado acerca do conceito de Responsabilidade Civil Direta, entende-se que a responsabilidade direta será “se proveniente da própria pessoa imputada – o agente responderá então por ato próprio (...)”, conforme demonstrado por Maria Helena Diniz (2003, p. 120).

Ocorrerá a responsabilidade civil direta da forma como foi anteriormente explanada, de que o agente que causa o dano será o responsável por reparar o dano por outrem suportado.

5.2.2 Responsabilidade civil indireta

Explicado a espécie de responsabilidade civil direta, passa-se a explicação do que compreende responsabilidade civil indireta, esta que vai em contramão da primeira.

A entender.

A ocorrência dessa espécie de responsabilidade dá-se quando o ato gerador do dano deriva de um agente, todavia um terceiro, não integrante do ato causador do dano, será o responsável por repará-lo, haja visto estar o agente causador do dano sob a guarda, responsabilidade, dever de cuidado, deste terceiro alheio.

Bem conceitua a responsabilidade civil indireta ou complexa, Maria Helena Diniz (2003, p. 120):

Se promana de ato de terceiro, com o qual o agente tem vínculo legal de responsabilidade, de fato de animal, e de coisas inanimadas sob sua guarda.

(27)

Nesse mesmo entendimento há no Código Civil a presença do artigo 932, incisos, o qual elenca situações em que um terceiro que não haja dada causa ao fato causador de danos será o responsável por reparar o dano do agente direto, por ter este terceiro alheio dever de guarda, cuidado ou ainda responsabilidade, como o caso de pais frente aos seus filhos menores (art. 932, I, Código Civil) (BRASIL, 2002).

5.3 Responsabilidade Civil Subjetiva e Objetiva

Em continuidade ao explanado no tópico anterior, continua esse a delimitar as espécies de responsabilidade civil, dessa vez perpassando a subjetiva e objetiva.

Ressalta-se, novamente a importância na compreensão das espécies de responsabilidade civil, no tocante em que são elas, as espécies os meios pelos quais melhor entende-se esse relevante instituto.

Nessas duas espécies em questão, nota-se elementos importantes que determinam e diferenciam uma espécie doutra. Servindo, em muitos das oportunidades como meio de conceituação e compreensão da própria responsabilidade civil.

Constituem elementos comuns de ambas as espécies:

I- Conduta;

II- Nexo Causal;

III- Dano;

Há, todavia, um quarto elemento, porém esse está presente apenas na espécie subjetiva:

IV- Culpa;

É, portanto, esse quarto elemento o que distingue responsabilidade civil subjetiva da objetiva.

Melhor será entendido, suas distinções, ao ser realizado o estudo pormenorizado de cada espécie.

(28)

5.3.1 Responsabilidade civil subjetiva

Como explanado anteriormente, quando da ocorrência desta espécie de responsabilidade civil, haverá a presença de quatro elementos:

I- Conduta;

II- Dano;

III- Nexo Causal;

IV- Culpa;

Denota-se, que a falta de um dos elementos desta responsabilidade civil acarretará na falta de sua aplicação, significa dizer que, não havendo no caso em concreto um dos elementos não será abarcado, a situação em tela, por essa espécie de responsabilidade civil.

Imperativo é ressaltar que dada a presença nessa espécie de responsabilidade civil do elemento culpa, ela também é denominada por responsabilidade civil culposa, por ser desse modo a culpa o elemento que distingue responsabilidade civil subjetiva da objetiva, será iniciada a análise por esse elemento.

5.3.1.1 Elemento culpa

Como mencionado no CAPÍTULO I: RESPONSABILIDADE CIVIL, SUA CRIAÇÃO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA, e defendido pela doutrina, entende-se ter, o presente instituto, nascido juntamente com a compreensão de culpa, ou seja, na demanda em que se pleiteasse responsabilizar o agente, necessariamente abarcaria a possibilidade de ser esse agente capaz de conhecer e observar o dever imposto a ele, desse modo possibilitaria a sua liberdade, como elencado por Luciana Mahuad e Cassio Mahuad (2015, p. 49) .

Significa dizer que haveria responsabilidade quando o agente tivesse culpabilidade, tendo culpabilidade é o agente imputável, ou seja, possui a capacidade de entendimento e autodeterminação, assim sendo, é capaz de responder por seus atos, podendo ser responsabilizado a reparar os danos causados.

(29)

Para a ocorrência de culpa, e consequentemente da responsabilidade civil subjetiva, nesse sentido, é de essencial importância que seja o agente imputável.

Em mesmo sentido, da necessidade de ser imputável, entende Sergio Cavalieri Filho, tanto que explana sobre a imputabilidade (2012, p. 52):

O conjunto de condições pessoais que dão ao agente capacidade para poder responder pelas consequências de uma conduta contrária ao dever;

imputável é aquele que podia e devia ter agido de outro modo. Disso se conclui que a imputabilidade é pressuposto não só da culpa em sentido lato, mas também da própria responsabilidade. Por isso se diz que não há como responsabilizar quem quer que seja pela prática de um ato danoso se, no momento em que o pratica, não tem capacidade de entender o caráter reprovável de sua conduta e de determinar-se de acordo com esse entendimento [...]. Dois são os elementos da imputabilidade: maturidade e sanidade mental. Importa o primeiro desenvolvimento mental; e o segundo, higidez. Consequentemente, imputável é o agente mentalmente são e desenvolvido, capaz de entender o caráter de sua conduta e de determinar- se de acordo com esse entendimento”

Como mencionado a imputabilidade é pressuposto da culpa e por consequência da responsabilidade civil culposa, sendo preciso, nesse escopo, ter o agente a capacidade de compreender a reprovabilidade de seu ato e nesse sentido comportar-se, pois em contrário não haverá a imputabilidade e por consequência culpa e responsabilização.

Ocorre pelo exposto que havendo imputabilidade há culpabilidade, sendo essa compreendida como a previsibilidade que possui o agente quanto da consequência de um ato voluntário seu, ou seja, consegue o agente prever e entender o resultado que seu ato gera.

Assim também entende, como também amplia o mencionado, Rui Stocco (1999, p. 66):

Envolve a ideia de toda falta de um dever jurídico. Em sentido amplo, latu sensu, com o sentido de injúria da Lei Aquilia, compreende também a ofensa dolosa. Em sentido estrito, reside a ideia de previsibilidade das consequências de nossos atos voluntários.

Significa que, o agente é capaz de entender que seu ato gerará um prejuízo e o realiza, cometendo desse modo ato ilícito ao gerar perdas para outrem, ocorrendo de ser o agente imputável restará a ele o dever de reparar os danos causados.

(30)

5.3.1.2 Elemento conduta

Sem a conduta não há o que reparar.

Torna passível realizar a presente afirmação ao verificar ser a conduta a ação do indivíduo que gera danos a outrem, ação essa que foi mencionada em diversas ocasiões por esse trabalho.

Complementando, seria a ação o ato humano de um agente ou terceiro, de fato de animal, coisa, que gere dano para outrem, acarretando no dever de repará-lo patrimonialmente.

É a conduta, então, ato voluntário, compreendendo dois elementos, liberdade de agir e consciência na atitude do agente, ou seja, o causador do ato danoso age por vontade tendo consciência de seu agir (imputabilidade).

Corroborando com o exposto há Sérgio Cavalieri Filho (2010, p. 24):

Entende-se, pois, por conduta o comportamento humano voluntário que se exterioriza através de uma ação ou omissão, produzindo consequências jurídicas.

A ação ou omissão é o aspecto físico, objetivo, da conduta, sendo a vontade o seu aspecto psicológico, ou subjetivo.

Denota-se na afirmativa de Cavalieri o seguinte trecho:

“comportamento humano voluntário”, esse simples trecho já corrobora por si só o mencionado por esse trabalho como sendo conduta a ação que produz danos.

(CAVALIERI FILHO, 2010, p. 24).

Perceptível é, também, que sem a presença de uma conduta que provoque danos não há o que reparar, sem ter o que reparar não há responsabilidade civil, portanto, daí extrai-se a importância desse elemento ao instituto em estudo.

É presente igualmente na conduta, embora não seja oriunda de fato do agente direto, a responsabilização por fato de terceiro, ou ainda da coisa ou animal, isso por determinação legal, como pode ser verificado no já mencionado artigo 932, Código Civil, por haver, por algum motivo um dever de guarda, vigilância e cuidado, como é o caso dos pais com relação aos seus filhos menores (BRASIL, 2002).

(31)

5.3.1.3 Elemento nexo causal

Pela doutrina é entendido como segundo elemento a ser analisado, sendo o primeiro a conduta3.

Embora esse trabalho não o tenha assim analisado, ou seja, analisado os elementos em ordem de apuração para presença do instituto da responsabilidade civil, concorda com esse posicionamento doutrinário, pois seria ilógico analisar a presença de culpa sem não antes analisar se houve conduta e a relação desta para com o dano.

A respeito da conceituação de nexo causal o Código Penal o conceitua em seu artigo 13, ao elencar ser necessário que o resultado dependerá da existência de um crime, e esse será imputável àquele que deu causa. In verbis (BRASIL, 1940):

Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.

Significa que será objeto da pena aquele que cometeu o ilícito penal, do mesmo modo há que se entender na esfera civil o nexo causal, ou seja, será responsável aquele que possui relação, conexão para com o evento danoso, o ilícito civil.

Desse modo, é ressaltado que ninguém poderá ser responsabilizado por algo que não o fez ou participou, desse modo, não há sentido examinar culpa de alguém que não deu causa ao evento (CAVALIERI FILHO, 2010, p. 46).

Pela presente argumentação é perceptível a importância de analisar o nexo causal em primazia da culpa, assim como nota-se também haver o entendimento de que o nexo causal se relaciona com as condições de imputação objetiva ao ato de omissão ou ação geradores de dano, estes que foram por alguém realizados.

Em outras palavras, entende-se como a relação entre o ato danoso e seu agente, um não haveria sem a presença do outro.

3 Nesse sentido entende Sérgio Cavalieri Filho, Luciana Mahuad e Cassio Mahuad.

(32)

Denota-se, para que haja a presença do instituto da responsabilidade civil dever haver entre a conduta do indivíduo e o dano uma conexão, um elemento que possa aferir ser o último (dano) consequência da conduta, a essa relação de conexão denomina-se nexo causal, nas palavras ilustres de Sergio Cavalieri Filho (2010, p. 47):

Em suma, o nexo causal é elemento referencial entre a conduta e o resultado. É um conceito jurídico-normativo através do qual poderemos concluir quem foi o causador do dano.

Imperativo é esclarecer ser preciso que o agente tenha cometido ato ilícito para que haja a aplicação do instituto em tela, como foi estabelecido de início neste capítulo sobre a ocorrência e conceituação de ato ilícito.

O agente praticando ato ilícito, e sendo esse o elemento referencial entre a conduta e o resultado danoso, será então o agente do ato ilícito objeto do dever de reparar o ilícito.

Em suma, é o nexo causal indispensável para que haja a configuração da responsabilidade civil, por ser ele a ponte que liga o fato danoso com o seu agente.

Embora, haja no nexo causal a imputação do dever de reparar daquele que tenha relação para com o evento danoso, pode ocorrer de terceiro ter que arcar com a indenização ao que arca com a perda patrimonial, como no elencado no 932, Código Civil, todavia tal aspecto será posteriormente abordado ao tratar da responsabilidade objetiva.

5.3.1.4 Elemento dano

O dano é o motivo de existir da responsabilidade civil.

É esse elemento presente na responsabilidade, assim como os demais, exceto a culpa quando na responsabilidade civil objetiva, e sendo ele (o dano) de essencial importância, não há como deixar de ser abordado por esse trabalho, ainda que sua abordagem seja apenas conceitualmente.

Ressalta a relevância do dano, Sergio Cavalieri Filho (2010, p. 72):

O dano é, sem dúvida, o grande vilão da responsabilidade civil. Não haveria que se falar em indenização, nem em ressarcimento, senão houvesse o

(33)

dano. Pode haver responsabilidade sem culpa, mas não pode haver responsabilidade sem dano. Na responsabilidade objetiva, qualquer que seja a modalidade do risco que lhe sirva de fundamento – risco profissional, risco-proveito, risco criado, etc. –, o dano constitui o seu elemento preponderante. Tanto é assim que, sem dano, não haverá o que reparar, ainda que a conduta tenha sido culposa ou até dolosa.

Demonstrado sua importância, por conceito de dano tem-se entendido como a diminuição de um bem jurídico (patrimônio, honra, imagem, dentre outros) afetado e lesado pela conduta de um indivíduo.

Nesse escopo entende também Carlos Roberto Gonçalves (2006, p.88):

A concepção normalmente aceita a respeito do dano envolve uma diminuição do patrimônio de alguém, em decorrência da ação lesiva de terceiros. A conceituação, nesse particular, é genérica. Não se refere, como é notório, a qual o patrimônio é suscetível de redução

Desse modo, retornamos ao anteriormente dito neste tópico, o dano deve ser a consequência de um ato lesivo e ilícito de um agente determinável, sendo indispensável sua ocorrência para que o lesado pleiteie reparação, pois “sem dano, não haverá o que reparar, ainda que a conduta tenha sido culposa ou até dolosa”, como dito na citação de Sergio Cavalieri Filho, mencionada acima (2006, p. 88), ou seja, pouco importa a intenção do agente ao realizar o ato, sem a ocorrência de perdas não se tem o que reparar, não havendo a legitimação da ocorrência do instituto da responsabilidade civil.

5.3.2 Responsabilidade civil objetiva

Ante ao todo exposto por esse capítulo, resta o entendimento do conceito de responsabilidade civil objetiva.

Seu entendimento está, como anteriormente afirmado, intimamente atrelado a compreensão da responsabilidade civil subjetiva, e esta à objetiva.

Como fora estabelecido em responsabilidade civil subjetiva, nesta espécie de responsabilidade civil tem a análise da culpa do agente direto, do causador do evento danoso, para tanto perpassasse pelas análises dos demais elementos constitutivos.

(34)

Ocorre, todavia, na responsabilidade civil objetiva não haver a análise da culpa, como foi arduamente mencionado no decorrer desse capítulo.

Nesse sentido, na responsabilidade objetiva a conduta do agente, seja ela culposa ou dolosa tem menor relevância, visto haver relação de causalidade (nexo causal) entre o dano (pressuposto essencial para reparação) e a conduta, haverá dever de indenizar por parte do agente, ressaltando o fato de ter ou não agido com culpa ou dolo, de acordo com a teoria do risco. (RODRIGUES, 2003, p.11).

De acordo com Carlos Roberto Gonçalves (2006, p. 21):

Nos casos de responsabilidade objetiva, não se exige prova de culpa do agente para que seja obrigado a reparar o dano. [...] Quando a culpa é presumida, inverte-se o ônus da prova. O autor da ação só precisa provar a ação ou omissão e o dano resultante da conduta do réu, porque sua culpa já é presumida.

Nota-se a presença de culpa presumida, significando que o agente já é considerado culpado pelo evento danoso, restando a ele demonstrar que esse evento danoso operou por um fato que não possui nexo de causalidade para com sua conduta, o demonstrando ficará isento de reparar o prejuízo sofrido por outrem.

6 DA COMPREENSÃO FINAL DO INSTITUTO FRENTE AO ESTUDADO

No decorrer desse capítulo ficou claro que haverá a presença da responsabilidade civil sempre que houver um dano causado a outrem.

É o dano, portanto, o motivo de haver a responsabilidade civil, seja ela em qualquer de suas espécies, nas elencadas nesse trabalho ou nas não elencadas, haja visto pouco importar a intenção do agente em primeiro plano, havendo dano discutirá o dever de indenizar.

Ficará o dever de reparar o dano causado claro quando demonstrado que o agente causador em sua conduta (ou seja, sua ação ou omissão) concorreu para que houvesse tal resultado de perdas (patrimoniais ou morais).

A depender da espécie de responsabilidade civil haverá a análise do elemento culpa, onde realizar-se-á a análise do elemento subjetivo da conduta do agente que proporcionou o evento danoso.

(35)

Na sua falta (do elemento subjetivo) não haverá dever de indenizar, ainda que haja a presença dos demais elementos da responsabilidade, por ser esse a pedra basilar da responsabilidade civil em sua espécie subjetiva, culposa.

Todavia, isso não ocorre quando na responsabilidade civil objetiva, por partir-se do pressuposto de que o agente agiu já possui culpa, restando apenas a análise dos demais elementos, pois na falta de qualquer dos outros três elementos não falar-se-á de reparação quando na esfera objetiva da responsabilidade civil.

Desse modo, conclui-se nesse trabalho com o entendimento do instituto da responsabilidade civil, podendo agora passar-se a análise da aplicação dele nas novas tecnologias, realizando-se profunda análise quanto ao tema.

(36)

CAPÍTULO III O DESENVOLVIMENTO EXPONENCIAL TECNOLÓGICO E OS RISCOS DECORRENTES

7 DA COMPREENSÃO INICIAL DOS RISCOS

As ciências jurídicas como um todo preocupam-se com as transformações sociais que gerem efeitos jurídicos, ou seja, as mudanças e as transformações das relações sociais com potencialidade em gerar efeitos jurídicos, neste sentido há a presença do ramo de estudo nas Ciências Jurídicas da Responsabilidade Civil.

Este ramo de estudo do Direito visa dirimir as problemáticas oriundas dos danos causados ao direito, no intuito tanto de evitar que ocorram danos, como também estabelecer regras indenizatórias decorrentes destes danos aos direitos, reprimindo o ilícito civil, impondo responsabilidade àquele que o comete e causa danos ao direito de outrem.

É sob este escopo que é realizado o presente trabalho, como muito já fora explanado.

Com o presente capítulo, busca-se realizar uma análise da existência de um desenvolvimento tecnológico que proporciona riscos à sociedade, e por consequência ao direito. Tome por base o fato de que atualmente há a ocorrência do fenômeno do desenvolvimento técnico-científico voraz, percebendo que deste resulta em uma potencialidade de gerar danos por sua própria natureza.

Com o intuito de entender a possível ocorrência de danos e suas consequências no ramo do desenvolvimento técnico-científico realiza-se uma análise crítica argumentativa acerca da ocorrência de danos, ou do risco de danos decorrentes do desenvolvimento tecnológico voraz.

Toda a análise da ocorrência de risco de danos abarca a possibilidade das ciências-jurídicas preveem ou não a responsabilidade civil no quesito do desenvolvimento tecnológico e como dá-se a responsabilização nesse caso.

Ante ao exposto é iniciado o presente capítulo.

(37)

8 DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO VORAZ E IMPOSSIBILIDADE LEGISLATIVA

Na atual conjectura social presenciamos um período de desenvolvimento técnico-científico sem precedentes, alcançamos patamares inimagináveis de avanço tecnológico, e é sob este escopo que realizamos o presente trabalho, visando realizar a análise teórica da possibilidade de aplicação do ramo jurídico da Responsabilidade Civil aos danos oriundos do desenvolvimento tecnológico.

Entretanto, faz-se preciso que inicie o trabalho com análise dos avanços tecnológicos e científicos que tem a sociedade vivenciado nos últimos anos, ou melhor, décadas, e colocá-lo frente às ciências jurídicas. Para tanto, esse estudo estabelece uma premissa básica, para que sobre ela discorra o raciocínio argumentativo, entenda-se, portanto, o Direito é incapaz de acompanhar o avanço tecnológico, logo é incapaz de a tudo legislar;

Pode assim ser afirmado, ao tomar por base o dito por Raymond Kurzweil. Em suas argumentações Kurzweil demonstra que vivencia a sociedade global uma era de saltos tecnológicos, onde as máquinas ficam com seus processadores a cada instante mais velozes e eficientes em analisar e processar informações, estas que ficam cada vez mais complexas, o trecho que segue adiante reforça o mencionado é do livro A Era das Máquinas Espirituais de Ray Kurzweil (2013, p. 13):

Os computadores dobraram de velocidade a cada três anos no começo do século XX, a cada dois anos nas décadas de 1950 e 1960, e estão agora dobrando de velocidade a cada doze meses. Esta tendência irá continuar, e os computadores atingirão a capacidade de memória e a velocidade de computação do cérebro humano por volta do ano 2020.

Ainda sob o escopo do voraz desenvolvimento Gordon Moore diz que o desenvolvimento tecnológico é exponencial. Moore realiza essa afirmação ao perceber que o número de transistores de um circuito integrado dobra a cada dois anos, ou seja, tem-se um desenvolvimento exponencial que também descreve o avanço tecnológico que se presencia até o presente, incluindo placas gráficas. Há, portanto, de acordo e exposto pelo trabalho Cramming more components onto integrated circuits: proceeding of the IEEE 86 (Maior acúmulo de componentes nos

(38)

circuitos integrados: procedimentos do IEEE 86 – tradução desse estudo) que em um determinado período de tempo, como por exemplo o de vinte-trinta anos, houve avanços tecnológicos que possibilitaram que as pessoas com um mesmo valor econômico adquirissem mil vezes mais poder de processamento (MOORE, 1998, pp.

82-85).

Com o rápido desenvolvimento técnico-científico o direito torna-se incapaz em estar presente nos mais diversificados ramos tecnológicos, e por não se fazer presente ocorre falta de normatização e deste fator há a problemática de que os fatos relevantes ao cotidiano se tornam atípicos às ciências jurídicas.

Do exposto dificulta-se, portanto, na resolução de possíveis conflitos jurídicos oriundos das mais diversas possibilidades.

Tome-se por exemplificação do mencionado o caso UBER.

Neste interessante caso tem a presença de conflito jurídico, ocasionado pela falta de regulamentação das leis que se fez, e faz frente ao UBER, onde há uma massiva discussão intrínseca ao fato de ser ou não legal este tipo de serviço prestado, uma vez que este serviço não está normatizado.

O estudo em tela, se sente impelido por esclarecer o entendimento de que por simplesmente não estar normatizado um serviço, este não se torna ilícito, para tanto é preciso que a prestação do serviço afronte norma que vede expressamente sua execução e a considere (sua execução) ilícita, como não é essa discussão objeto de estudo, não será aprofundado.

Retomando ao estudo, ocorre, portanto, que o avanço tecnológico é constante e impossível ao Direito de prever seus próximos avanços, tendo como consequência prática a falta de regulamentação que é um gravame à sociedade.

Afirma-se ser um gravame, ao tomar por base a análise cotidiana, como a mencionada anteriormente acerca do UBER, desta análise cotidiana verifica a presença da insegurança jurídica oriunda da imprevisibilidade jurídica de determinados fatos do cotidiano.

8.1 Perpetuação do Desenvolvimento de Risco

Milton Santos, que é citado por Fernando Campos Scaff e por Patrícia Faga Iglesias Lemos, no trabalho intitulado Responsabilidade Civil Contemporânea,

(39)

“vivemos o meio técnico-científico-informacional, com o desenvolvimento científico e tecnológico na base da produção, da utilização e do funcionamento do espaço”

(2011, p. 85).

Da afirmação acima há o entendimento da presença de uma integralização do meio denominado técnico-científico-informacional com a sociedade. Onde a sociedade faz, cada vez mais, uso destes meios (técnico- científico-informacional) e dele possui maiores necessidades.

Há, portanto, a ocorrência de dois fatores de grande relevância nas últimas décadas referentes ao fato tecnológico-científico, quais sejam (SCAFF;

LEMOS, 2011, p.85):

1) Desenvolvimento Exponencial (DE);

2) Necessidade cada vez maior por novas tecnologias (NTEC);

Estes dois fatores significam que: as tecnologias avançam exponencialmente, e em mesma medida há o aumento das necessidades sociais por novas e diversificadas tecnologias.

Deste modo há que, o segundo fator (NTEC) fomenta o primeiro (DE) a um novo patamar, este primeiro fator por sua vez amplia o segundo ao chegar ao novo patamar ansiado, criando para a sociedade a expectativa de criação de um novo patamar, desta maneira é mantido esse ciclo de avanços.

Resulta da somatória destes dois fatores, um terceiro fator:

3) a ocorrência do desenvolvimento tecnológico de risco (DTR) Logo temos a fórmula 1:

Todavia, como é possível fazer este apontamento? O de que com o aumento das necessidades tecnológicas e das tecnologias há um desenvolvimento de risco.

É possível de se fazer o apontamento, visto o avanço técnico-científico acabar proporcionando desdobramentos de risco por produtos defeituosos e pela própria falta de normatização quanto a estes produtos inovadores, observa-se que são produtos inéditos e desconhecidos.

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