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Rev. Assoc. Med. Bras. vol.57 número1

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Academic year: 2018

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1 Rev Assoc Med Bras 2011; 57(1):1

EDITORIAL

A publicação “Critical analysis of the use of statistical tests in Brazilian publications related to digestive tract sur-gery”1 analisa as publicações nacionais em cirurgia

gastro-enterológica, quanto à força da evidência e quanto ao uso de testes estatísticos, em dois extremos de tempo: 1987 e 2007. Conclui que: houve aumento de estudos em animais (de 3,33% para 19,7%); a distribuição dos trabalhos segundo a força de evidência permaneceu inalterada (ensaios rando-mizados [menos de 3%] e não randorando-mizados, coortes pros-pectivos ou históricos, e estudos caso-controle); e a utiliza-ção de testes estatísticos aumentou de 40% para 70%, apesar de o uso adequado não ter sofrido impacto.

Apesar das limitações implícitas na avaliação de dois extremos no tempo, esta análise fundamenta-se, como tem sido a geração da informação cientíica em nosso meio, na área cirúrgica gastroenterológica. Tal exposição dos fatos é realizada com método explícito e reprodutível, de maneira clara, objetiva e compreensível, fornecendo elementos para algumas relexões a seguir.

Sempre que abordamos o tema “nível ou força de evidência publicada”, devemos fazê-lo ao menos com duas visões: quanto às consequências à tomada de decisão clínica, e quanto às con-sequências à avaliação da qualidade do publicador.

A força da evidência traduz o nível de incerteza, inerente às inferências da publicação, quanto ao efeito produzido nos pacientes pelas exposições ou intervenções descritas ou exe-cutadas2. Os testes estatísticos só deverão ter utilidade

quan-do o nível de incerteza é pequeno na concepção da pesquisa, conirmando ou não a aplicabilidade, com expectativas de resultados na prática semelhantes aos do estudo. As conse-quências à tomada de decisão com base nas publicações é di-retamente proporcional ao nível de incerteza das mesmas e, portanto, quanto menor a força publicada, maior o risco de uma prática imprevisível quanto aos efeitos nos pacientes.

Atualmente, avaliar a qualidade do publicador e/ou do autor se limita a uma série de indicadores supericiais3,

como o número de citações obtidas ao longo de um deter-minado período, ou a publicação em revistas internacionais, não importando a força da evidência dessas publicações, nem tampouco a força da evidência das publicações que as citam. Propostas de análise como a deste trabalho de Orso IRB et al.1 atingem alguns stakeholders e devem determinar

algumas consequências:

1. Nos leitores: devem saber identiicar o nível de incerteza da evidência publicada ao considerá- las em suas decisões;

2. No peer review: devem explicitar a força da evidência relacionada com as publicações que aprova;

3. Nos avaliadores de qualidade: devem rever seus indi-cadores conferindo o devido peso aos publiindi-cadores e/ou autores na dependência da força da evidência publicada;

Importância da análise dos níveis de evidência publicados

4. Nos autores: devem fazer um esforço em produzir e di-vulgar informações com nível elevado de força de evi-dência, protejendo os pacientes de decisões incertas do ponto de vista dos desfechos;

5. Nos inanciadores da pesquisa: devem apoiar e estimu-lar pesquisadores dispostos a desenvolver projetos factí-veis para responder a cada categoria de questão clínica;

6. Nas Universidades: devem fortalecer, por meio de seus programas de pós-graduação, iniciativas que contem-plem a produção de produtos relevantes, novos, fortes e aplicáveis, estimulando a publicação em periódicos nacionais;

7. Nos publicadores: devem ocupar seu papel de forma-dores de opinião, contribuindo com o sistema de saú-de saú-de maneira apropriada, uma vez que são os gransaú-des responsáveis por tornar pública a informação cientíica consistente, mas também a inconsistente.

Este trabalho de Orso IRB et al.1 reproduz experiências

internacionais diversas4-7, com variações na distribuição das

proporções de força da evidência publicada, que determi-nam diretamente a necessidade de testes estatísticos apro-priados. As deiciências nos testes estatísticos utilizados não são um problema maior, uma vez que são efeitos e não causa da fraqueza da evidência gerada8.

Esse exemplo de avaliação de qualidade deve ser seguido e valorizado, pois fortalece a ideia da Medicina que conside-ra a experiência e os valores dos pacientes, mas também a evidência cientíica que permeia essa relação entre o médico e seu paciente.

R

EFERÊNCIAS

1. Nobre MR, Bernardo WM, Jatene FB. Evidence based clinical prac-Evidence based clinical prac-tice. Part III – Critical appraisal of clinical research. Rev Assoc Med Bras. 2004; 50:221-8.

2. Kuroki LM, Allsworth JE, Peipert JF. Methodology and analytic tech-niques used in clinical research: associations with journal impact factor. Obstet Gynecol. 2009; 114: 877-84.

3. Hopewell S, Dutton S, Yu LM, Chan AW, Altman DG. he quality of reports of randomised trials in 2000 and 2006: comparative study of articles indexed in PubMed. BMJ. 2010; 340:c723.

4. Chan AW, Altman DG. Identifying outcome reporting bias in ran-domised trials on PubMed: review of publications and survey of au-thors. BMJ. 2005; 330:753.

5. Chan AW, Altman DG. Epidemiology and reporting of randomised trials published in PubMed journals. Lancet. 2005; 365:1159-62. 6. Dauphinee L, Peipert JF, Phipps M, Weitzen S. Research

methodol-ogy and analytic techniques used in the Journal Obstetrics & Gyne-cology. Obstet Gynecol. 2005; 106:808-12.

7. Gurusamy KS, Gluud C, Nikolova D, Davidson BR. Assessment of risk of bias in randomized clinical trials in surgery. Br J Surg. 2009; 96:342-9.

8. Orso IRB, Pereira JCR, Albuquerque LACD, Cecconello I, Jukemura J. Critical analysis of the use of statistical tests in Brazilian publica-tions related to digestive tract surgery. Rev Assoc Med Bras. 2011; 57(1):35-41.

WANDERLEY MARQUES BERNARDO

Referências

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