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GIARDÍASE EM PEQUENOS ANIMAIS - REVISÃO DE LITERATURA

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GIARDÍASE EM PEQUENOS ANIMAIS - REVISÃO DE LITERATURA

Jhosani Beatriz Bispo da Silva1 Rodrigo Martins Ribeiro2 Debora da Silva Freitas Ribeiro3

RESUMO: Se tratando de parasitoses intestinais, sendo estes causadores de grandes prejuízos, tanto para a saúde dos animais, e também para a dos seres humanos, a Giardíase que é uma doença causada pelo protozoário Giardia spp. se destaca pela grande relevância em saúde pública por se tratar de uma zoonose. Dentre as espécies, a que acomete os mamíferos é a Giardia duodenalis, que também é conhecida como Giardia lamblia ou Giardia intestinalis. Sua transmissão ocorre através de água e alimentos contaminados, principalmente em lugares com pouca sanidade e higiene. Nos humanos têm uma maior prevalência em crianças, já nos animais o maior acometimento se dá naqueles que vivem em abrigos ou canis onde se tem um grande aglomeramento, dificultando a higienização do ambiente. Este trabalho tem como objetivo apresentar como ocorre o seu ciclo, os sinais clínicos, as formas de diagnóstico e de que modo pode ser feito o tratamento e controle da doença. A metodologia empregada foi a utilização da base de dados do Google Acadêmico, onde foram selecionados artigos que abordam o tema referido. Sendo assim, pelo seu alto poder zoonótico, se deve tomar as medidas de controle, para a prevenção desta doença, evitando assim, sua disseminação.

Palavras-chave: doença, giardia, parasita, zoonose.

INTRODUÇÃO

O protozoário Giardia sp. é caracterizado por causar diarreia aguda e crônica, parasita o intestino dos mamíferos, principalmente dos cães e humanos, em gatos tem uma menor prevalência. É responsável por aproximadamente 1 bilhão de casos de diarréia que ocorrem no mundo (TEODOROVIC, 2007; SANTANA et al., 2014).

Possui distribuição cosmopolita, ou seja, afeta pessoas e animais em todo o mundo, encontrando com maior frequência em climas temperado. A Organização Mundial de Saúde (OMS) já incluiu na lista de doenças negligenciadas, segundo MOREL (2006) esta classificação é para doenças mais prevalentes em países em desenvolvimento.

Este parasita é pertencente da ordem Diplomonadida, possui motilidade ativa se propagando no intestino delgado. Pode se apresentar de duas maneiras, como cisto e trofozoíto, sendo que as duas formas podem ser eliminadas nas fezes (SILVA et al., 2008).

O cisto é a forma infectante, possui formato oval, mede cerca de 8-12 µm de comprimento e 7-10 µm de largura, sua parede exterior é formada de glicoproteínas, que quando entra em contato com o organismo, sofre ação das enzimas digestivas desencadeando o

1 Discente do curso de medicina veterinária no Centro Universitário de Mineiros UniFimes Jhosanib5@gmail.com

2,3 Docente do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Mineiros UniFimes

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desencistamento, dando início a forma de trofozoíto que irá se multiplicar intensamente (NASCIMENTO, 2009)

O trofozoíto tem forma piriforme, simétrico, bilateral e tem aproximadamente 10-12 µm de comprimento por 5-7 µm de largura. Possui quatro pares de flagelos e uma estrutura ventral encontrada exclusivamente no gênero Giardia, chamado disco ventral ou disco adesivo, estrutura que permite adesão do parasita no intestino (SANTANA et al., 2014).

Figura 1. Representação esquemática comparativa entre trofozoíto e cisto. Fonte: Fernandes, 2012.

METODOLOGIA

Para a realização deste trabalho foi usada a base de dados do Google Acadêmico, onde foram utilizamos na busca os seguintes termos: Giardia spp., zoonoses, protozoários, cães, gatos. Os artigos selecionados compreenderam o período de 2002 a 2019 obras em português e na língua inglesa.

CICLO BIOLÓGICO

A transmissão se dá através da ingestão de água e alimentos contaminados, por fômites ou pela ingestão direta das fezes infectadas. Há dois estágios do ciclo, que é a forma cística e a forma trofozoítica. Quando o hospedeiro ingere algo contaminado, está ingerindo a forma cística, que logo após irá se instalar no intestino delgado, se transformando na forma de trofozoíto, ocorrendo a fissão binária e chegando a luz do intestino, onde ele irá se multiplicar intensamente (LEAL, 2015).

Algumas formas irão se aderir na mucosa do intestino, já outras irão evoluir para a forma infectante de cisto que são formas mais resistentes, sendo eliminados nas fezes, contaminando

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o ambiente e outros hospedeiros, dando início ao um novo ciclo. Os cistos que forem excretados nas fezes dos hospedeiros podem permanecer viáveis por vários meses (GUIMARÃES, SOGAYAR, FRANCO, 2009; FERNANDES, 2012).

Figura 2. Ciclo de vida da Giardia duodenalis. Fonte: Leal, 2015.

SINAIS CLÍNICOS

Uma grande parte dos animais infectados são assintomáticos, mesmo assim eliminam cistos nas fezes podendo infectar outros e o ambiente. Os animais sintomáticos apresentam a síndrome diarreica, que pode ser crônica, contínua ou ocorrer surtos com durações variáveis.

Também pode estar presentes cólicas abdominais, flatulências, náuseas, perda de peso, as fezes podem se apresentar de consistência pastosa, fétida e com muco (LEAL, 2015).

Outras apresentações clínicas menos comuns são: síndrome de má absorção, que causa anorexia, distensão abdominal, flatulência, desnutrição, raquitismo, além de anemia; síndrome dispéptica, com sensação de desconforto epigástrico, plenitude gástrica pós-prandial, eructações, pirose e náuseas (SANTANA et al., 2014; JERICÓ, KOGIKA, ANDRADE NETO, 2019).

DIAGNÓSTICO

Pode suspeitar-se de giardíase, quando o animal tem histórico de diarreia persistente. O diagnóstico pode ser realizado através dos exames coproparasitológicos, que se faz a

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identificação microscópica dos cistos do parasita pelas fezes. A técnica mais usada é a flutuação em sulfato de zinco a 33% (Método de Faust), porém deve ser realizada coleta seriada, com no mínimo três amostras de fezes, pois pode ser pouco sensível (JERICÓ, KOGIKA, ANDRADE NETO, 2019). As técnicas de flutuação com sal e açúcar são menos recomendadas, pois podem causar deformações nos cistos.

Também pode ser utilizado o método de ensaio imunoabsorvente ligado à enzima (ELISA), cujo objetivo é detectar se existe antígenos (coproantígenos) específicos nas fezes (JERICÓ, KOGIKA, ANDRADE NETO, 2019). Segundo Liu et al. (2014) existe ainda a possibilidade de detecção por PCR e genotipagem deste protozoário em amostras fecais, ambientais e de água (CARVALHO, 2009).

Outra opção para a identificação de trofozoítos é fazer a biópsia do líquido duodenal e da mucosa do intestino delgado. Imunofluorescência indireta é uma técnica com 100% de especificidade em humanos (SCORZA, 2004). Não devemos esquecer de fazer o diagnóstico diferencial com outros patógenos, que podem ser confundidos com a giárdia, por apresentarem quadros clínicos semelhantes.

TRATAMENTO

Os produtos mais recomendados para o tratamento são o metronidazol na dose 25 a 50 mg/kg e, para os gatos, de 10 a 25 mg/kg, por via oral, a cada 12 h, durante 5 dias e o fembendazol na dose 50 mg/kg, por via oral, por 3 dias consecutivos (JERICÓ, KOGIKA, ANDRADE NETO, 2019).

Em humanos algumas cepas de Giardia apresentam resistência ao metronidazol, sendo o fármaco que causa melhores resultados é o Tinidazol. O albendazol possui efeito giardicida, porém causa problemas na medula óssea (ANDERSON, 2004), além disso em gatos causa neutropenia. Em alguns casos onde há muita desidratação causada pela diarreia é necessário fluidoterapia.

Outro caminho que pode ser seguido, é o uso de plantas medicinais no tratamento, segundo AMARAL (2006) espécies advindas das famílias Asteraceae, Fabaceae, Rutaceae e Verbenaceae possuem atividade giardicida.

CONTROLE

Tendo em vista que a contaminação se dá através de água e alimentos contaminados, a utilização de água fervida, filtrada, uma boa higienização dos alimentos antes do consumo e

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desinfecção de áreas contaminadas podem diminuir as chances de contaminação. Entres outras medidas, como, manter a higiene pessoal, além de não beber ou consumir alimentos de fontes desconhecidas.

Em relação aos cuidados com os animais, não deixar que entre em contato com fezes, manter a higienização do ambiente onde ele convive, restringir o acesso livre a rua. No caso de canis, evitar grandes aglomerações, isolar os animais infectados para tratamento, e deixar o ambiente o mais limpo dentro do possível.

Há também a vacinação para os cães, no Brasil a vacina se chama GiardiaVax® (Fort Dodge Animal Health), que é realizada com um extrato de trofozoítos inativados de Giardia.

A vacinação é recomendada por via subcutânea em cães a partir de 8 semanas de idade, duas doses, com intervalo de 14 a 28 dias entre as doses e revacinação anual (JERICÓ, KOGIKA, ANDRADE NETO, 2019).

CONCLUSÃO

Contudo, a giardíase raramente apresenta complicações, no entanto, pelo fato de ser uma zoonose, causando prejuízos à saúde pública e pela sua elevada prevalência, se faz de grande importância o uso de medidas preventivas, como por exemplo o de se utilizar água fervida, diminuindo as chances de infecção, dos animais e dos seres humanos. Dar a devida atenção aos sinais clínicos, fazer a escolha do melhor exame para o diagnóstico, aquele que irá oferecer uma maior especificidade e sensibilidade, para então se dar início ao tratamento, onde se deve optar pelo fármaco mais indicado para a espécie acometida. Além disso se faz necessário mais estudos para avaliar o potencial da vacina disponível atualmente apenas para os cães, assim considerando seu uso em outras espécies.

REFERÊNCIAS

AMARAL, Flávia M. M.; et al. Planta e constituintes químicos com atividade giardicida.

Ver. Brás. Farmacogn. V. 16 suppl.0 João Pessoa Dez. 2006.

ANDERSON, Kirten A., et. al. Impact of Giardia vaccination on asymptomatic Giardia infections in dogs at a research facility. Canadian Veterinary Journal. V.45(11), p.924-930.

Nov, 2004.

CARVALHO, T. T. R. Estado atual do conhecimento de Cryptosporidium e Giardia. Revista de Patologia Tropical, v.38, n.1, p. 1-16, 2009.

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FERNANDES, A. D. P. Parasitismo por Giardia spp. em Canis de criação na região de Viseu, Portugal. Dissertação de mestrado em Medicina Veterinária, 93p., 2012.

GUIMARÃES, S; SOGAYAR, M. I. L; FRANCO, M. F. Giardia duodenalis: variabilidade da composição protéica e antigênica, de proteases e isoenzimas, e de ácidos nucléicos entre os isolados. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo. 1999. vol.41, n.1, pp.45- 58, 2009.

JERICÓ, M. M.; KOGIKA, M. M.; ANDRADE NETO, J. P. Tratado de medicina interna de cães e gatos. 1. ed. Rio de Janeiro: Roca, 2019.

LEAL, S. M. F. Prevalência de Cryptosporidium spp. e de Giardia spp. em cães do distrito de Bragança, Portugal. Dissertação de mestrado integrado em Medicina Veterinária, 101p., 2015.

LIU, H.; SHEN, Y.; YIN, J.; YUAN, Z.; JIANG, Y.; XU, Y.; PAN, W.; HU, Y.; CAO, J.

Prevalence and genetic characterization of Cryptosporidium, Enterocytozoon, Giardia and Cyclospora in diarrheal outpatients in china, Infectious Diseases, v.14, n. 25, p. 1-6, 2014.

MOREL, C. M. Inovação em saúde e doenças negligenciadas. Cadernos de Saúde Pública, Volume: 22, Número: 8, 2006.

MALTEZ, D. S. Manual das doenças transmitidas por alimentos. Manual de doenças transmitidas por alimentos; secretaria do estado de SP, 4 P., 2002.

NASCIMENTO, F. B. Giardíase - revisão de literatura. Monografia a faculdade de medicina veterinária ufrgs, 27 p., 2009.

SANTANA, L. A.; VITORINO, R. R.; ANTONIO, V. E.; MOREIRA, T. R.; GOMES, A. P.

Atualidades sobre a giardíase. Infectologia, v. 102, n. 1, p. 7-10, 2014.

SILVA, A.S.S.; MAURER, C. G.; GASPERI, D.; PESSOA, G. A.; ZANETTE, R. A., ANTONOW, R. R.; VOGEL, F. S. F.; SANGIONI, L. A.; MONTEIRO, S. G. Protozoários em cães de canis de Santa Maria – RS. Revista da FZVA Uruguaiana, v.15, n.1, p. 191-199, 2008.

SCORZA, V. eficácia de uma vacina contra Giardia lamblia em gatinhos. jornal canadense de pesquisa veterinária. Revista canadense de medicina veterinária, 2004.

TEODOROVIC, S; BRAVERMAN J. M; ELMENDORF H. G. Níveis incomumente baixos de variação genética entre isolados de Giardia lamblia. Us national library of medicine. vol.

6, 2007.

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