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ESCOLA SUPERIOR DE PROPAGANDA E MARKETING PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

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Academic year: 2022

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

VIVIANE EIKO ITO YAMASAKI

A INFLUÊNCIA DO AMBIENTE INSTITUCIONAL E DA GESTÃO NA FORMAÇÃO E CONTROLE DAS JOINT VENTURES INTERNACIONAIS

SÃO PAULO

2021

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VIVIANE EIKO ITO YAMASAKI

A INFLUÊNCIA DO AMBIENTE INSTITUCIONAL E DA GESTÃO NA FORMAÇÃO E CONTROLE DAS JOINT VENTURES INTERNACIONAIS

Tese apresentada como requisito para obtenção do título de Doutor em Administração de Empresas com ênfase em Gestão Internacional pela Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM.

Orientador: Prof Dr. Mário Henrique Ogasavara

SÃO PAULO 2021

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Ficha catalográfica

Yamasaki, Viviane Eiko Ito

A influência do ambiente institucional e da gestão na formação e controle das joint ventures internacionais / Viviane Eiko Ito Yamasaki. - São Paulo, 2021.

106 f.: il. p&b.

Tese (doutorado) – Escola Superior de Propaganda e Marketing, Programa de Doutorado em Administração – Gestão Internacional, São Paulo, 2021.

Orientador: Mário Henrique Ogasavara

1. Estratégia Internacional. 2. Joint Venture Internacionais. 3. Ambiente Institucional. 4. Gestão. 5. Formação de Joint Ventures. 6. Controle de Joint Ventures. I. Ogasavara, Mário Henrique. II. Escola Superior de Propaganda e Marketing. III. Título.

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VIVIANE EIKO ITO YAMASAKI

A INFLUÊNCIA DO AMBIENTE INSTITUCIONAL E DA GESTÃO NA FORMAÇÃO E CONTROLE DAS JOINT VENTURES INTERNACIONAIS

Tese apresentada como requisito para obtenção do título de Doutor em Administração de Empresas com ênfase em Gestão Internacional pela Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM.

Aprovado em 30 de Junho de 2021

BANCA EXAMINADORA

Presidente: Prof. Dr. Mário Henrique Ogasavara, Orientador, ESPM

Membro interno: Prof. Dra. Thelma Valéria Rocha Rodrigues, ESPM

Membro interno: Prof. Dra. Luciana Florêncio de Almeida, ESPM

Membro externo: Prof. Dra. Maria Laura Ferranty Maclenann, FEI

Membro externo: Prof. Dr. Gilmar Masiero, USP

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O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001.

This study was financed in part by the Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Finance Code 001

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DEDICATÓRIA

Dedico esta tese ao meu irmão, minha referência no verdadeiro significado da palavra amor.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todo corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Administração - PPGA da ESPM. Professores que me ensinaram na Graduação, Mestrado e Doutorado. Levo cada um de vocês como meu exemplo. Muito obrigada a todos vocês!

Agradeço em especial ao meu orientador Mario Henrique Ogasavara pela generosidade em compartilhar seus conhecimentos durante todos esses anos, pela excelência acadêmica e comprometimento. A professora Thelma Valéria Rocha Rodrigues por todo aprendizado, apoio e incentivo desde sempre. A Maria Laura Ferranty Maclenann por ter me incentivado ao extremo a cursar este desafio. Também dedico esta tese a vocês e a minha família. Agradeço a minha família, em especial ao meu pai e as minhas tias por tudo e pela nossa união, por sermos sempre um pelo outro.

Agradeço aos meus amigos que sempre estiveram ao meu lado me incentivando, em especial ao Gabriel Vouga Chueke, a Ana Carolina Moraes Soares, a Elisa Marson D´Andrea.

E aos amigos que conheci no PPGA, que sempre tornavam os nossos encontros em ótimos momentos.

Agradeço a professora Susana Costa e Silva pela disponibilidade em me aceitar no sanduiche em Portugal, que foi impedido pela pandemia.

Agradeço a ESPM como um todo e a secretaria, em especial a Jô.

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RESUMO

As joint ventures internacionais (IJVs) têm sido uma das formas mais utilizadas pelas empresas multinacionais (EMNs) se internacionalizarem e acessarem os diferentes mercados estrangeiros. Entretanto, a decisão de estabelecer uma IJV envolve decisões estratégicas e que podem ser impactadas por aspectos internos e externos. A presente tese tem como objetivo investigar a influência dos ambientes institucionais e da gestão na formação e no controle das IJVs. Para atingir tal objetivo, foram desenvolvidos três artigos na tese, sendo uma revisão de literatura e dois estudos empíricos. O primeiro artigo investiga a influência da cultura nas IJV, buscando entender como a literatura se desenvolveu ao longo do tempo e propor uma agenda futura de pesquisas atuais. A partir deste primeiro artigo, foram desenvolvidos dois estudos quantitativos com base na teoria institucional e na perspectiva de capital humano, utilizando uma amostra de 4.826 IJVs localizadas na Europa e América Latina. Assim, o segundo artigo analisa a formação das IJVs sob a ótica da nacionalidade dos parceiros e do número de parceiros, que constituem perspectivas relevantes nesta estratégia de estabelecimento das IJVs, mas pouco explorada na literatura. O terceiro artigo analisa os fatores externos e internos que interferem no controle acionário das IJVs. Nestes dois últimos artigos empíricos, foram investigados os efeitos indiretos da moderação dos ambientes institucionais com a gestão, a localização e o tamanho da IJV, utilizando a análise de efeitos marginais, o que trouxe achados importantes para a literatura. A tese contribui para a literatura, mostrando a relevância da utilização da base teórica institucional e a perspectiva de capital humano para os estudos de estabelecimento das IJVs. Adicionalmente, a importância de considerar aspectos relacionados à formação das IJVs sob a ótica de nacionalidade e quantidade de parceiros. Por fim, evidencia a necessidade de analisar a moderação dos ambientes institucionais relacionadas à estratégia de formação e controle de propriedade das IJVs, indicando que não podem ser apenas analisadas via uma relação direta.

Palavras-chaves: Estratégia Internacional, Joint Venture Internacionais, Ambiente Institucional; Gestão; Formação de Joint Ventures; Controle de Joint Ventures.

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Abstract

International joint ventures (IJVs) have been one of the most used entry mode strategies by multinational companies (MNCs) to internationalize and access different foreign markets.

However, the decision to establish an IJV involves strategic decisions that can be impacted by internal and external aspects. This thesis aims to investigate the influence of institutional environments and management on the formation and control of IJVs. Three articles were developed in the thesis to achieve this goal, one being a literature review and two empirical studies. The first article investigates the influence of culture on IJVs, seeking to understand how literature has developed over time and to propose a future agenda for current research.

From this first article, two quantitative studies were developed based on institutional theory and the perspective of human capital, using a sample of 4,826 IJVs located in Europe and Latin America. Thus, the second article analyzes the formation of the IJVs from the partners’

nationality and quantity, which are relevant aspects of this strategy for establishing the IJVs, but not so much explored in the literature. The third article analyzes the external and internal factors that interfere with the IJVs' shareholding control. In these last two empirical articles, the indirect effects of moderating institutional environments with the management, location, and size of the IJV were investigated, using the analysis of marginal effects, which brought essential findings to the literature. The thesis contributes to the literature, showing the relevance of using the institutional theoretical basis and the human capital perspective for studies on the establishment of IJVs. Additionally, the importance of considering aspects related to the formation of IJVs from the perspective of nationality and the number of partners.

Finally, it highlights the need to analyze the moderation of institutional environments related to the formation and property control strategy of IJVs, indicating that they cannot only be analyzed via a direct relationship.

Keywords: International Strategy, International Joint Venture, Institutional Environment;

Management; Formation of Joint Ventures; Control of Joint Ventures.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1– Estrutura da tese ... 18

Figura 2- Projeto de Pesquisa ... 19

Figura 3 - Corpus da Pesquisa ... 25

Figura 4 – Autores ... 26

Figura 5 – Co-ocorrência das palavras-chaves ... 29

Figura 6 – Tree of Science - Raízes, Tronco, Folhas em relação à Cultura e Joint Venture Internacionais ... 29

Figura 7 – Mapa da literatura sobre Cultura e Joint Ventures Internacionais ... 32

Figura 8 – Efeito marginal da Gestão expatriada da IJV com o Ambiente Normativo ... 59

Figura 9 – Efeito marginal da Gestão expatriada da IJV com o Ambiente Normativo ... 61

Figura 10 – Efeito marginal da localização da IJV com o Ambiente Normativo ... 63

Figura 11 – Efeito marginal da localização da IJV com o Ambiente Regulatório ... 64

Figura 12 – Efeito marginal da Gestão expatriada da IJV com o Ambiente Normativo ... 90

Figura 13 – Efeito marginal da Gestão expatriada da IJV com o Ambiente Regulatório ... 91

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Estatística Descritiva e Matriz de Correlação ... 57 Tabela 2 – Resultados da Regressão Logit: Efeitos estimados dos ambientes institucionais, gestão e moderações sobre a nacionalidade do parceiro da IJV ... 58 Tabela 3 - Resultado da Regressão Linear Múltipla em dados de painel: Efeitos estimados dos ambientes institucionais, gestão e moderações sobre o número de parceiros da IJV ... 60 Tabela 4 – Estatística Descritiva e Matriz de Correlação ... 87 Tabela 5 – Resultado das regressões: Efeitos estimados dos ambientes institucionais, gestão e moderações sobre o controle da IJV ... 89

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Efeito marginal da Gestão expatriada da IJV com o Ambiente Normativo e a Nacionalidade do parceiro. ... 59 Gráfico 2 – Moderação da Gestão da IJV com relação ao Ambiente Normativo e Número de Parceiros da IJV ... 62 Gráfico 3 – Moderação da Localização com relação ao Ambiente Normativo e Número de Parceiros da IJV ... 63 Gráfico 4 – Moderação da Localização com relação ao Ambiente Regulatório e Número de Parceiros da IJV ... 65 Gráfico 5 – Moderação da Gestão da IJV com relação ao Ambiente Normativo e Controle da IJV ... 90 Gráfico 6 – Moderação da Gestão da IJV com relação ao Ambiente Regulatório e Controle da IJV ... 91

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO DA TESE ... 15

ARTIGO 1 –A INFLUÊNCIA DA CULTURA NAS JOINT VENTURES INTERNACIONAIS: UMA REVISÃO DA LITERATURA ... 20

1. INTRODUÇÃO ... 20

2. REVISÃO DA LITERATURA: INFLUÊNCIA DA CULTURA NAS JVS ... 22

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 23

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ... 25

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS... 32

6. REFERÊNCIAS ... 35

ARTIGO 2 – A INFLUÊNCIA DOS AMBIENTES INSTITUCIONAIS E DA GESTÃO NA FORMAÇÃO DAS JOINT VENTURES INTERNACIONAIS ... 42

1. INTRODUÇÃO ... 42

2. REVISÃO DA LITERATURA E DESENVOLVIMENTO DE HIPÓTESES ... 44

2.1 Formação das IJVs ... 45

Nacionalidade dos parceiros ... 45

Número de parceiros ... 46

2.2 Ambientes institucionais ... 47

Pilar Normativo versus Formação da IJV ... 48

Pilar Regulatório versus Formação da IJV ... 49

Pilar Cognitivo versus Formação da IJV ... 50

2.3 Gestão das IJVs ... 51

2.4 Moderação ... 52

Ambientes Institucionais com Gestão da IJV ... 52

Ambientes Institucionais com Tamanho da IJV ... 53

Ambientes Institucionais com Localização da IJV ... 53

3. METODOLOGIA ... 54

3.1 Amostra ... 54

3.2 Variáveis do estudo ... 55

4. RESULTADOS ... 56

4.1 Nacionalidade dos parceiros das IJV ... 57

4.2 Número de parceiros das IJVs ... 60

5. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO ... 65

6. REFERÊNCIAS ... 68

(14)

ARTIGO 3 - QUAIS FATORES INFLUENCIAM O NÍVEL DE CONTROLE DAS JOINT

VENTURES INTERNACIONAIS? ... 76

1. INTRODUÇÃO ... 76

2. REVISÃO DA LITERATURA E HIPÓTESES ... 78

2.1 Controle das IJVs ... 78

2.2 Ambientes Institucionais ... 79

Pilar Normativo ... 80

Pilar Regulatório ... 81

Pilar Cognitivo ... 81

2.3 Gestão da IJV ... 82

2.4 Moderação ... 83

Gestão e Ambientes institucionais ... 83

Tamanho da IJV e Ambientes Institucionais ... 84

Localização das IJVs e Ambientes Institucionais ... 84

3. METODOLOGIA ... 84

3.1 Amostra ... 85

3.2 Variáveis do estudo ... 85

4. RESULTADOS ... 87

5. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO ... 92

6. REFERÊNCIAS ... 94

CONCLUSÃO DA TESE ... 102

(15)

INTRODUÇÃO DA TESE

As empresas multinacionais (EMNs) podem expandir internacionalmente e acessar os mercados estrangeiros de diferentes formas, em particular quando realiza o investimento direto estrangeiro (IDE). As duas principais formas que as EMNs selecionam para entrar nestes mercados internacionais são por meio de estabelecimento de subsidiárias integrais (wholly-owned subsidiaries) ou joint ventures (Makino & Neupert, 2000; Yiu & Makino, 2002). A presente tese propõe a investigar as Joint Ventures Internacionais (IJV), um tema investigado pelos pesquisadores de Negócios Internacionais por décadas, mas que ainda constitui uma agenda de pesquisa de grande interesse na academia (Nippa & Reuer, 2019). As IJV são entidades legalmente independentes formadas por duas ou mais multinacionais de diferentes países que partilham de investimentos de capital e retornos (Chang et al., 2015).

A organização chamada IJV está propensa a ser controlada pelas matrizes das empresas multinacionais que a constituíram (Shenkar & Zeira, 1987), tornando-se uma estratégia de internacionalização de muitas EMNs ao redor do mundo. Isto porque por meio das IJVs, as EMNs conseguem entrar e acessar outro país de uma forma que possam trabalhar melhor os recursos e aproveitar as oportunidades que seriam mais difíceis de alcançar se entrassem sozinhas por meio de subsidiárias integrais (Child & Yan, 2003).

Nas IJVs, as EMNs compartilham não apenas a propriedade, mas também o controle administrativo composto pela gestão (Huang et. al, 2020). A gestão se refere ao padrão ou quantidade de poder de decisão que cada parceiro no exercício das operações diárias do empreendimento (Choi & Beamish, 2004; Yan & Gray, 2001; Steensma & Lyles, 2000). O controle de propriedade (participação acionária) por meio do investimento realizado na IJV é importante na perspectiva da EMN. A aversão ao risco alimenta um desejo de garantir um alto grau de controle, mesmo que isso possa ser ruim para os retornos da IJV (Fattoum-Guedri, Guedri & Delmar, 2018).

O risco advém do funcionamento dos ambientes institucionais. Por exemplo, Asiedu e Esfahani (2010) investigando subsidiárias de manufatura indicaram que a porcentagem no controle por parte da EMN pode ser influenciada por leis locais do país anfitrião que regem o IDE naquele local. Uma vez que os países são diferentes em graus variados de acordo com as características de seus sistemas de negócios, especificamente, seus sistemas jurídicos, financeiros, econômicos e administrativos (Whitley, 2001, 2003).

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Segundo Aguir & Misra (2017), o impacto dos fatores institucionais do país nas decisões estratégicas no contexto internacional de negócios não foi examinado extensivamente. O ambiente institucional é composto pelos três pilares: ambiente normativo, ambiente regulatório e ambiente cognitivo/cultural (Scott, 1995). O ambiente institucional fornece o contexto para as regras e normas da sociedade (ex. leis, normas, regulamentos, costumes entre outros) sendo a autoridade final que rege e legitima a ação coletiva (Luo, 2005). Esse contexto institucional oferece oportunidades e define limites para a operação da IJV em determinado país. Deste modo, o ambiente institucional pode diminuir ou aumentar as oportunidades para as IJVs (Clark & Ramachandran, 2019), mostrando a importância da base da teoria institucional (North, 1990; Scott, 1995) neste campo de análise.

Os ambientes institucionais além de influenciar no controle como visto anteriormente, podem influenciar também na formação da IJV. Estudos anteriores mostraram que, por um lado, os parceiros locais possuem um melhor entendimento do ambiente regulatório e conseguem obter meios extralegais para lidar com a complexidade ambiental (Wang et al., 2005). Por outro lado, os parceiros estrangeiros têm maior probabilidade de perceber um maior grau de incerteza no ambiente regulatório como as leis, regras e padrões (Lin & Wang, 2002).

Ademais, o outro desafio está relacionado a gestão da operação internacional, na perspectiva de capital humano (Becker, 1993), que pode ser realizada por uma equipe matriz (expatriados) e/ou funcionários locais (Cordeiro, Ogasavara & Masiero, 2017). Por exemplo, para reduzir a incerteza, funcionários com mais experiência em mercados locais são os mais indicados para gerir a IJV em ambientes de altos riscos (Hilmersson & Jansson, 2012).

Diante deste contexto acima delineado com relação às IJVs, ambiente institucional e gestão, esta tese de doutorado, com base na teoria institucional e na perspectiva de capital humano, propõe investigar a seguinte questão de pesquisa: Qual a influência do ambiente institucional e da gestão na formação e controle das joint ventures internacionais?

Para responder a esta pergunta de pesquisa e alcançar a compreensão sobre o tema de IJV proposto que possui interesse contínuo de investigação pela academia (Nippa & Reuer, 2019), a tese busca alcançar os três objetivos específicos: (i) entender a influência da cultura nas IJV por meio de uma revisão da literatura; (ii) analisar a influência dos ambientes institucionais e da gestão na formação das IJVs; e (iii) analisar quais fatores influenciam o nível de controle das IJVs.

Com isso, esta tese é composta por três estudos convertidos em artigos. O primeiro, consiste em um artigo de revisão da literatura relacionando a influência da cultura com IJV

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tendo utilizado a ferramenta “Tree of Science” para identificar os trabalhos publicados de acordo com a posição da árvore: raiz, tronco e folhas. Em outras palavras, na raiz constam os artigos seminais, nos troncos os avanços destes trabalhos seminais, e por fim as folhas que trazem os avanços atuais sobre o tema. Neste artigo de revisão também foi utilizada a ferramenta Vosviewer para a realização da dupla checagem, tornando o trabalho mais robusto.

Nota-se que a pretensão inicial foi estudar a relação da cultura (um dos ambientes institucionais) com IJVs. Porém, os resultados mostraram que o escopo deveria não limitar a cultura, mas estender também aos outros ambientes institucionais. A contribuição deste artigo se dá na identificação e relação dos artigos seminais com os avanços atuais sobre o tema, além de propiciar uma agenda de pesquisa futura.

Por consequência dos achados recentes na revisão da literatura de estender a análise com os ambientes institucionais, foram estruturados os próximos dois estudos. O segundo artigo investigou a formação das IJVs analisando sob a perspectiva de nacionalidade e o número de parceiros. Avaliou assim a influência dos aspectos externos (ambientes institucionais) e dos aspectos internos (gestão da IJV) na formação das IJVs. O número de parceiros é pouco pesquisado como um pilar estratégico na formação de uma IJV, e quando pesquisado, a quantidade de parceiros é repetidamente designada como uma variável de controle (Hennart & Zeng, 2002; Chiao et al. 2009). Além das relações diretas este os aspectos e formação das IJVs, foi proposta a moderação das variáveis dos ambientes institucionais com a gestão, localização e o tamanho das IJVs.

Por fim, o terceiro estudo analisou o controle acionário das IJVs. De acordo com Nippa

& Reuer (2019), um dos temas com oportunidades de pesquisas para a literatura das IJV se refere as estruturas de controle acionário das EMNs nas IJVs localizadas em países distintos.

Foi analisado a influência dos ambientais institucionais, da gestão, da localização e do tamanho no controle das IJVs. Neste estudo também foi analisado o efeito da moderação dos ambientes institucionais.

O ineditismo e contribuição da tese para o debate de estudos de IJVs consta na análise conjunta de constructos não encontrados na literatura ao analisar dois principais pontos.

Primeiramente a influência dos ambientes institucionais e da gestão na formação das IJV, utilizando como variáveis dependentes a Nacionalidade do Parceiro e o Número de parceiros.

Pesquisas anteriores utilizam-se apenas a variável número de parceiros como uma variável de controle. A tese considera que a formação da JV tem que ser analisada como uma variável dependente, sendo a questão de nacionalidade e quantidade de parceiros, aspectos cruciais

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para este arranjo de empreendimento internacional. Em segundo lugar, investigar os fatores que influenciam o nível de controle com base na teoria institucional e perspectiva do capital humano, sendo eles: os ambientes institucionais e a gestão. Em ambos os estudos a originalidade está na investigação da moderação dos ambientes institucionais, na verificação do efeito da localização das IJVs e o tamanho da IJV. Particularmente, a utilização do método de efeitos marginais na análise das moderações. Este método tem sido pouco explorado na literatura de negócios internacionais (D’Angelo et al., 2013), mas é uma importante forma de mostrar com maior robustez os efeitos relativos da variável moderada em análise. Isto mostrará até que ponto a variável moderadora atenua ou amenta os efeitos sobre a formação e controle das IJVs.

Em suma, conforme a Figura 01 a seguir, a tese está estrutura da seguinte forma: após a (i) introdução da tese; (ii) artigo de revisão sobre a influência da cultura na formação das IJVs; (iii) segundo sobre a influência dos ambientes institucionais e da gestão na formação das IJVs; (iv) o terceiro artigo que investiga os fatores que influenciam o nível de controle das IJVs; (v) a conclusão da tese.

Capítulo 01

Introdução, objetivos e contribuições

Capítulo 02

Artigo 1 - A influência da cultura nas joint ventures internacionais: uma revisão da literatura

Capítulo 03

Artigo 2 - A influência dos ambientes institucionais e da gestão na formação das Joint Ventures Internacionais

Capítulo 05 Conclusão da tese

Capítulo 04

Artigo 3 - Quais fatores influenciam o nível de controle das Joint Ventures Internacionais?

Figura 1– Estrutura da tese

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A seguir, na Figura 02 encontra-se um sumário do projeto de pesquisa deste Doutorado.

Pergunta de Pesquisa

Qual a influência do ambiente institucional e da gestão na formação e controle das joint ventures internacionais?

Objetivo geral da tese

Entender a influência do ambiente institucional (Normativo, Regulatório e Cognitivo) e da gestão na formação e no controle das IJV. Investigando os efeitos diretos e o efeito na moderação dos ambientes institucionais com a Gestão, com a localização e o tamanho da IJV.

Objetivo específicos Paper 1

- Propiciar uma agenda futura de pesquisa no intuito de estimular novos debates e direcionamentos na literatura de IJVs

Paper 2

- Compreender a influência dos aspectos externos (ambientes institucionais) e dos aspectos internos (gestão da IJV) na formação da IJV considerado pela perspectiva da escolha da nacionalidade do parceiro e da quantidade.

- Analisar os efeitos da localização da subsidiária (região) na estrutura da formação destas IJVs.

- Analisar os efeitos indiretos que podem relacionar os ambientes institucionais com a formação da IJV.

- Avaliar os efeitos marginais para analisar como o tamanho, localização e gestão da IJV podem moderar a relação entre os ambientes institucionais e a formação da IJV em termos de nacionalidade e quantidade de parceiros.

Paper 3

- Analisar a influência do ambiente institucional, da gestão e da localização no controle das IJVs (controle acionário).

- Analisar a relação entre o controle da IJV com os (i) ambientes institucionais, (ii) com a gestão da IJV, (iii) e com a localização da IJV (América Latina versus Europa).

Ambientes Institucionais

Gestão

Formação IJVs Nacionalidade do

Parceiros

Controle

Número de Parceiros Revisão da Literatura

Figura 2- Projeto de Pesquisa

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ARTIGO 1 –A INFLUÊNCIA DA CULTURA NAS JOINT VENTURES INTERNACIONAIS: UMA REVISÃO DA LITERATURA

RESUMO

O presente artigo busca apresentar a influência da cultura na performance das Joint Ventures Internacionais por meio do mapeamento da literatura. Para auxiliar na organização dos inúmeros artigos sobre o tema foi utilizado a ferramenta Tree of Science (ToS), conhecida também como a árvore da ciência. Primeiramente foi feita a busca avançada na base de dados da Web of Science (WoS), na qual foram encontrados 179 artigos, que posteriormente foram exportados para um arquivo de texto com as referências selecionadas, e em seguida inseridos na plataforma ToS. A partir de então foi criada a árvore da ciência que classifica por meio da análise das redes de citações as referências em três níveis: a raiz, que reúne os artigos seminais; o tronco, que agrega artigos estruturadores; e as folhas, que indica perspectivas de pesquisa, em geral artigos mais recentes. Para reforçar a análise, foi utilizado também o software Vosviwer, que é uma ferramenta para construção e visualização de redes bibliométricas. A análise da revisão da literatura ganha maior robustez quando é associado duas ferramentas de análises no mapeamento da literatura. O estudo contribui ao propor um framework que mostra desde os artigos seminais até os avanços atuais da pesquisa sobre o tema, assim como uma agenda de pesquisa para futuras investigações na área.

Palavras chaves: Estratégia Internacional, Joint Ventures Internacionais, Cultura, Revisão da Literatura.

1. INTRODUÇÃO

A joint venture internacional (IJV) é um arranjo organizacional em que são definidas regras claras sobre as representações e participações de duas ou mais empresas na qual a sede de pelo menos uma das empresas está localizada no país em que a JV opera. A IJV tende a ser controlada pelas matrizes das empresas que a constituíram por meio de acordos de colaboração, envolvendo múltiplas organizações empresariais localizadas em diferentes países (Shenkar & Zeira, 1987; Lojacono, Misani, & Tallamn, 2017). As IJV permitem que as empresas entrem em outros países e aproveitem os recursos e as oportunidades que dificilmente estariam acessíveis caso optassem por outra estratégia (Child & Yan, 2003).

Nos últimos anos, diversos estudos revelaram as influências culturais nas trajetórias das IJVs. Entretanto, os resultados destes estudos foram distintos. De um lado, há indícios de que as diferenças culturais entre as empresas podem contribuir para melhorar a capacidade de criação e ampliar as suas conquistas (Neelankavil, Mathur & Zhang, 2000; Pesch &

Bouncken, 2017; Nippa & Reuer, 2019). Por outro lado, as diferenças culturais podem gerar conflitos e afetar o resultado da IJV (Eisenhardt & Schoonhoven, 1996; Vaara et al., 2012;

Meschi & Wassmer, 2013). As características culturais dos envolvidos em uma IJV podem

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tanto contribuir para a cooperação quanto se constituir em um instrumento de construção de barreiras para o comprometimento, e perceber aspectos da cultura nacional pode ser um elemento diferencial em uma IJV, pois a partir das diferenças culturais pode-se identificar os mecanismos para gerenciar os conflitos entre os parceiros (Parkhe, 1989; Wong, Wei, Wang, e Tjosvold, 2018).

Embora algumas revisões de literatura associadas à IJVs tenham sido realizadas, estas deram maior enfoque a outros aspectos como gestão de recursos humanos (Shenkar & Zeira, 1987), sistema de gestão de controle (Porporato, 2013), estrutura de mercado (Lyons, 1991), pesquisa e aspectos genéricos (Gomes, Barnes & Mahmood, 2016; Nippa & Reuer, 2019).

Porém, quando se trata da escolha das parcerias na formação das IJV, a cultura é considerada um recurso primário de identidade (Salk e Brannen, 2000). Destaca-se que os parceiros da IJV oriundos de diferentes culturas nacionais experimentam maior dificuldade em suas interações (Lane e Beamish, 1990; Wong, Wei, Wang, e Tjosvold, 2018). Nippa e Reuer (2019) reforçam em sua revisão de literatura que aspectos culturais são um dos fatores mais importantes a serem considerados em uma IJV.

O presente artigo pretende investigar a seguinte pergunta de pesquisa: qual a influência da cultura nas IJV? Com isso, este artigo pretende contribuir para a literatura em dois pontos principais. Primeiro, estender e atualizar o conhecimento sobre as pesquisas que envolvem a relação cultura e IJVs na área de negócios internacionais. Adicionalmente, utilizar e apresentar como suporte para análise em revisão de literatura a ferramenta denominada “Tree of Science”

que identifica os trabalhos publicados de acordo com a posição da árvore: raiz, tronco e folhas.

É uma analogia bem interessante que permite uma discussão sobre a evolução do tema ao longo do tempo. Finalmente, como resultado da análise em profundidade da literatura, este artigo pretende propiciar uma agenda futura de pesquisa no intuito de estimular novos debates e direcionamentos na literatura de IJVs.

O trabalho está estruturado em quatro seções. Após a introdução, desenvolve-se o referencial teórico sobre a influência da cultura em IJVs. Em seguida são apresentados os recursos metodológicos utilizados na pesquisa, na sequência a análise e discussão dos resultados da revisão. Por fim, são apresentadas as considerações finais do estudo com uma proposta de agenda futura de pesquisa.

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2. REVISÃO DA LITERATURA: INFLUÊNCIA DA CULTURA NAS JVS

O termo cultura refere-se a um elemento social que tem a capacidade de influenciar as pessoas na sua rotina e na sua estrutura cognitiva (Schatzki, 2005; Whittington, 2006). A primeira influência da cultura que será analisada é a cultura nacional (ou da nação) que está presente em todos os aspectos do cotidiano, incluindo as normas, os valores e os comportamentos dos gestores no ambiente corporativo (Parkhe, 1991; Owens et al., 2013).

Desta forma, os fatores culturais e institucionais formam o patrimônio institucional, que podem orientar forma de gestão das empresas em um determinado país (Calori, Lubatkin, Very & Veiga, 2000).

Outro ponto, é a influência da cultura na formação e gestão da JV, representando é uma análise importante a ser feita, uma vez que os parceiros dispostos a formar uma JV podem estar localizados em diversos países (Geringer & Hebert, 1991). E o outro fator que deriva da cultura, das normas e instituições de cada nação é o nível de confiança. Observa-se diferentes níveis de confiança entre indivíduos de diferentes países. Esses níveis de confiança nas práticas empresariais se referem a propensão em confiar em outras empresas de diferentes nacionalidades. A confiança é um balizador na escolha do parceiro empresarial da IJV, influenciando as organizações a confiar no parceiro com base em seu país de origem (Hofstede, 2001; Buchan, Croson & Dawes, 2002; Huff & Kelley, 2003; Delhey & Newton, 2005).

Hofstede (1993) identificou em sua pesquisa que grupos com indivíduos provenientes de diferentes ambientes culturais, apresentaram ideias distintas sobre a resolução de conflitos.

Essas diferenças podem ser prejudiciais em um ambiente organizacional quando inviabiliza um consenso para a tomada de decisão. As diferenças culturais podem ser observadas tanto nos indivíduos quanto no grupo ao qual ele pertence, assim como a existência da distância cultural (Hambrick, Davision, Scott, 1998). A distância cultural surgiu há mais de 30 anos com o estudo de Kogut e Sigh (1988), e até hoje é um tema atual e relevante para investigar as diferenças culturais na área de Negócios Internacionais (Shenkar, Tallman, Wang & Wu, 2020).

Barkema, Bell e Pennings, (1996) descobriram em seus estudos que os gestores da JV necessitam aprender a fazer negócios em outros países, bem como trabalhar com ao menos um parceiro local. Isso remete ao conceito de familiaridade, o qual desempenha um papel significativo na busca pela redução da distância cultural entre parceiros (Park & Ungson, 1997).

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Estudos anteriores cujo objetivo era investigar o impacto das diferenças culturais no desempenho do IJV, apontaram para diferentes resultados. Por exemplo, Barkema et al. (1996) observaram que as diferenças culturais poderiam afetar a sobrevivência no longo prazo das JVs. Enquanto Park e Ungson (1997) descobriram que as JVs japonesas sobreviveram mais do que as JVs americanas domésticas. Já as joint ventures culturalmente semelhantes pareciam refletir um maior nível de confiança para com o parceiro do que os empreendimentos entre empresas culturalmente distantes (Chen, Boggs, 1998). Entretanto, Hu e Chen (1996) descobriram que nas JVs chinesas que as diferenças culturais não indicaram nenhum impacto no desempenho da organização. Contudo, os resultados de estudos empíricos que analisam as diferenças culturais tiveram resultados contraditórios (Brouthers e Brouthers 2001, Lopez &

Vidal, 2009).

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Esse trabalho tem como objetivo compreender a influência da cultura nas IJVs a partir das informações adquiridas no mapeamento da literatura. Por meio da abordagem qualitativa do tipo exploratória-descritiva foi construído o corpus de pesquisa para descobrir padrões nas obras publicadas, análises dos artigos, dos temas, autores e pesquisas recentes da área. Foi adotado o seguinte protocolo para a pesquisa: (i) definição dos termos e base de dados; (ii) a análise sistematizada para composição do corpus da análise; (iii) o agrupamento por categorias de análise como periódicos, autores, palavras-chave, temas de estudo; (4) análise e construção do relatório final.

O primeiro passo foi uma busca avançada no Web of Science (WoS). A base de dados online Web of Science (WOS), que possui documentos científicos de todas as áreas, fornecendo dados de produção científica permitindo as análises para a revisão da literatura, pois o WOS oferece dados sobre produção, disseminação, colaboração e impacto (De Bakker et al., 2005; Rey-Martí, Ribeiro-Soriano & Palacios-Marqués, 2016).

A busca avançada buscou apenas artigos escritos na língua inglesa, no período de todos os anos (sem data especificada), que contenha no tópico do artigo as palavras-chaves: Joint Ventures Internacionais e Cultura.

Inicialmente a pesquisa encontrou 179 artigos com as palavras-chaves. Posteriormente foram validados todos os artigos após a leitura do abstract para verificar se os artigos selecionados estavam dentro do escopo do trabalho. A seguir foram utilizadas duas análises.

A primeira, com o software Vosviewer, foram realizadas as análises com base nos parâmetros

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quanto ao tipo (co-ocorrência ou co-citação) e a unidade de análise (autor, fonte ou palavras- chave). A busca foi pela compreensão de centralidade e conexões, o que permitiu visualizar, inclusive de forma temporal, a evolução dos estudos sobre o tema estudado.

Enquanto na segunda análise, os dados foram inseridos na plataforma “Tree of Science” (ToS). A plataforma ToS é escorada pelo sistema de indexação Web of Science (WoS). A plataforma produz uma rede de citações que permite compreender as interações entre as publicações com base nas referências, e assim consegue identificar as publicações que são mais relevantes dentro da área de estudo. A metodologia utilizada no ToS tem como base a teoria dos grafos para a procura de artigos mais relacionados. Essa plataforma realiza de forma sistematizada a análise de artigos com base em um fluxo de entradas e saídas de autores dos artigos e das informações da pesquisa (Robledo, Osorio & Lopez, 2014). A ToS integra os resultados da pesquisa originados pelo WoS e os traduz como nós (fontes) e conexões (citações). Cada nó é classificado de acordo com seu grau de entradas (vezes é citado), saídas (artigos que cita) e intermediação (grau em que nomeação e é citado em simultâneo) (Robledo, Duque & Zuluaga, 2013). Com base nessa classificação, as fontes são distribuídas pela metáfora da árvore: (i) raízes, (ii) tronco, e (iii) folhas (Robledo et al., 2014):

Raízes: são representados pelos que originam a discussão, ou seja, foram muito citados e não mencionam outros que estão agrupados dentro da árvore. São publicações que constituem as bases da área de estudo;

Tronco: são representados pelos artigos com alto grau de intermediação, que representam os avanços dos estudos que legitimam e expandem a aplicação do tema estudado. O tronco representa artigos com alta transição, ou seja, aqueles que citam os artigos raiz e, por sua vez, são altamente citados;

Folhas: representam comumente as diferentes perspectivas que o tema de estudo assume. Sendo artigos que retomam os avanços alcançados no campo de estudo e os aplicam em novas abordagens.

A análise feita pela ToS considera os artigos referenciados no corpus de pesquisa cuja ponderação é realizada baseada em uma classificação temporal hierarquizada (Robledo et al., 2014). Esta distribuição permite visualizar os resultados de uma pesquisa bibliográfica como uma estrutura holística e interligada, o que coloca os pesquisadores em um ponto de observação panorâmica. Assim, os avanços no assunto estudado são mais fáceis de entender a partir de sua classificação e hierarquia, e da análise das interações.

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4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Ao analisar o corpus de pesquisa verificou-se que existe uma centralidade de publicações no periódico Journal of International Business Studies (JIBS), sobretudo nos artigos que originam o tema como Shenkar (2001), Barkema et al. (1997), Parkhe (1991) e Kogut (1988). E forte é a presença nos artigos que concebem os avanços dos estudos que legitimam e expandem a aplicação do tema estudado como Luo (2004). O JIBS também possui artigos que representam as discussões mais recentes sobre o tema como Koch & Skenkar (2016), Dai (2016) e Hennart & Slangen (2015). Os autores citados e suas obras confirmam a importância do periódico pelo alinhamento editorial ao tema pesquisado

A seguir a Figura 03, traz a representação gráfica a partir da análise realizada com o software Vosviwer, permitindo mapear as fontes utilizadas para a construção do corpus de pesquisa (cultura nacional e IJVs).

Figura 3 - Corpus da Pesquisa

Fonte: elaborado pela autora a partir dos dados retirado de WoS, 2019.

Pode-se notar as densidades dos itens, ou seja, das palavras chaves. Os itens são representados por rótulo e cada ponto na visualização da densidade do item tem uma cor que indica a densidade dos itens naquele ponto. Por padrão, as cores variam do azul ao verde e ao vermelho. Quanto maior o número de itens na vizinhança de um ponto e quanto maior o peso dos itens vizinhos, mais próxima a cor do ponto está do vermelho. Ao contrário, quanto menor o número de itens na vizinhança de um ponto e quanto menor o peso dos itens vizinhos, mais próxima a cor do ponto está do azul (Vosviewer, 2017). Ou seja, na Figura 03 podemos notar o peso menor das palavras chaves vizinhas, com destaque para os seguintes itens agrupados,

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sendo eles: o primeiro grupo - a cultura nacional, performance e IJV; o segundo grupo com relação aos modos de entrada, controle (ownership) e distância cultural; finalmente o terceiro grupo associa-se à escolha do modo de entrada, subsidiárias integrais e empresas japonesas;

quarto grupo no que tange às alianças, cooperação e confiança, entre outros.

Logo após a verificação das fontes de artigos que serviram para montar o corpus de pesquisa, foi analisado as categorias autores. A Figura 04 demonstra como os autores se relacionam no corpus de pesquisa, sendo possível inclusive perceber um agrupamento e alinhamento por temas de pesquisa, ou seja, as cores determinam o cluster ao qual o item pertence. São quatro clusters: verde, vermelho, azul e amarelo. O tamanho do círculo de um item é determinado pelo peso do item, ou seja, quanto maior o peso de um item, maior será o círculo do item. Neste caso da Figura 04 destacam-se os autores do cluster verde, Shenkar, Dow e Karunaratna, Hutzschenreuter. Do cluster vermelho destacam-se Lou; Lou e Park;

Choi, Chen e Park; e Brouthers. Já no cluster azul Argente-Linares; Birgonul e Dikmen;

Kivrak, Arslan, Tuncan e Birgonul. Por fim, no pequeno cluster amarelo sobressai o autor Gonzalez- Dias. As linhas entre os itens representam links entre eles. A seguir, serão apresentados os principais estudos dessas centralidades.

Figura 4 – Autores

Fonte: elaborado pela autora a partir dos dados retirado de WoS, 2019.

A analisando a centralidade apresentada nas linhas verdes, nota-se que os autores estudaram o tema “Distância Cultural”. Como podemos observar nas seguintes centralidades:

Skenkar (2001) demonstram a sua influência em grande parte das pesquisas analisadas. Em seu artigo “Cultural distance revisited: Towards a more rigorous conceptualization and

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measurement of cultural differences” fornece componentes importantes para discutir a influência da cultura nos negócios internacionais. Nesse artigo são apresentadas as discussões sobre a distância cultural e a expansão de investimentos estrangeiros, à escolha do modo de entrada e ao desempenho de afiliadas investidas no exterior. Por fim, apresenta uma revisão crítica do construto distância cultural (Shenkar, 2001). Dow e Karunaratna (2006) no artigo

“Developing a multidimensional instrument to measure psychic distance stimuli” desenvolve e testa uma série de potenciais estímulos à distância psíquica incluindo diferenças de cultura, idioma, religião, educação e sistemas políticos. Hutzschenreuter (2008) em seu artigo

“Performance effects of ‘‘added cultural distance’’ in the path of international expansion:

The case of German multinational enterprises” enfoca a capacidade das EMNs de lidar com a complexidade associada com uma distância cultural na expansão internacional, e o efeito sobre a rentabilidade.

Ao analisar a centralidade apresentada nas linhas vermelhas, nota-se que os autores que estão na centralidade: Lou (2001), Lou e Park (2004), Choi, Chen e Park, (2002) e Brouthers et al. (2003). Os temas estudados nesta centralidade se referem a cultura e/ou distância cultural em relação aos vínculos pessoais nas IJV, cooperação entre os parceiros, a performance da IJV e confiança. A seguir um detalhamento dos autores e seus respetivos estudos, conforme o output da análise referente a Figura 03. Lou (2001) em seu artigo

“Antecedents and consequences of personal attachment in cross-cultural cooperative ventures” analisou como são estabelecidos os vínculos pessoais dentro das joint ventures internacionais e interculturais. Foi concluído que os vínculos pessoais ou o apego pessoal depende de três níveis: (i) nível individual (ii) nível organizacional, o apego é aumentado pela congruência de objetivos entre as matrizes, mas é impedido pela distância cultural e (iii) nível ambiental, a perturbação do mercado e a dissuasão regulatória levam a fortes ligações.

Lou e Park (2004) no estudo “Multiparty cooperation and performance in international equity joint ventures” analisaram a cooperação vertical e horizontal entre os parceiros estrangeiros, e identificaram que a incerteza do mercado exige uma cooperação mais forte em todos os níveis para melhorar o desempenho nas International Equity Joint Ventures (EJVs). Outro estudo importante que está na centralidade de Park intitulado “National and organizational culture differences and international joint venture performance” (Choi, Chen

& Park, 2002), que aborda o efeito das dimensões das diferenças de cultura nacional e organizacional no desempenho das IJV. Foi descoberto nesse estudo que o efeito negativo presumido da distância da cultura no desempenho da IJV se origina mais das diferenças na

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cultura organizacional do que das diferenças na cultura nacional. Por fim, Brouthers et al (2003) em seu estudo “Why service and manufacturing entry mode choices differ: the influence of transaction cost factors, risk and trust” analisou as diferenças entre as opções de modo de entrada internacional das empresas de serviços e manufaturas, que ocorrem conforme a reação das empresas às variáveis baseadas no custo de transação e pela influência da propensão ao risco e à confiança. Brouthers et al. (2003) concluiu que as incertezas ambientais (ambiente político, jurídico, cultural e econômico) e a propensão ao risco influenciam as escolhas de modo dos fabricantes.

A centralidade azul traz os autores Argente-Linares, Birgonul e Dikmen. Ozorhon, Arditi, Dikmen e Birgonul (2011) publicaram conjuntamente os seguintes estudos: (i)

“Toward a multidimensional performance measure for international joint ventures in construction”, nesse artigo os autores propõe um construto de medidas que definem o desempenho da IJV no setor da construção. Já em “Impact of national culture on knowledge sharing in international construction projects”, Kivrak, Arslan, Tuncan e Birgonul (2014) analisam projetos internacionais que geralmente envolvem participantes de diferentes origens culturais, mostrando como a cultura nacional pode influenciar significativamente o compartilhamento de conhecimentos entre indivíduos. Por fim, Argente-Linares, López-Pérez e Rodríguez-Ariza (2013) em "Organizational structure and success of international joint ventures in emerging economies: The case of Spanish–Moroccan SMEs” analisaram os fatores relacionados à estrutura organizacional que determinam o sucesso de joint ventures internacionais em economias emergentes (Espanha e Marrocos).

Finalmente, a centralidade amarela de Gonzalez Diaz (2015) em “International business and national culture: A literature review and research agenda” uma revisão da literatura focada no impacto da cultura nacional de origem e anfitriã na no processo de internacionalização, visto a necessidade de considerar posições culturais e atritos culturais, já que a literatura existente se concentra principalmente na distância cultural.

Na Figura 05 é apresentado a análise de co-ocorrência das palavras-chaves, cuja figura permite identificar as palavras chaves e seus avanços ao longo do tempo. Contribuindo para a realização da revisão da literatura ao permitir a visualização dos temas e suas conexões com estudos ao longo do tempo (do mais antigo ao atual).

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Figura 5 – Co-ocorrência das palavras-chaves

Fonte: elaborado pela autora a partir dos dados retirado de WoS, 2019.

Após realizada as análises no software Vosviewer foi realizada a análise na plataforma Tree of Science (ToS). Os dados foram inseridos na plataforma e classificados de acordo com a entradas (vezes é citado), saídas (artigos que cita) e autores na discussão estabelecida em todo corpus de pesquisa, como apresentado na metodologia (Figura 06). Os resultados da ToS destacam a importância para os temas de Cultura Nacional, e Joint Ventures Nacionais, corroborando como os achados do Vosviewer.

Figura 6 – Tree of Science - Raízes, Tronco, Folhas em relação à Cultura e Joint Venture Internacionais Fonte: elaborado pela autora a partir dos dados retirado de WoS, 2019

RAÍZES TRONCO FOLHAS

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Na figura 07, iniciando pelas raízes, que são os artigos seminais que deram origem ao tema, estes investigaram a cultura por meio das dimensões de Hofstede (1980).

Posteriormente, o tema é abordado conforme o índice da distância cultural de Kogut e Singh (1988), criando o índice composto de quatro dimensões culturais de Hofstede: (i) Distância de Poder; (ii) Evitar Incerteza; (iii) Individualismo; (iv) Masculinidade versus Feminilidade.

Posteriormente, outros pesquisadores foram englobando as outras duas dimensões de Hofstede: (v) Orientação de longo prazo versus orientação de curto prazo; e (vi) Indulgência versus Restrição). Desde então, o índice composto de Kogut e Singh (1988) é a fórmula mais utilizada para medir a distância cultural nas pesquisas de negócios internacionais (Konara &

Mohr, 2020).

Os estudos seminais focam nas dimensões de Hofstede (1980) e na distância cultural de Kogut e Singh (1988). Os principais temas encontrados na raiz estão foram:

(i) Pesquisas sobre cultura: Cultura (Barkema & Bell, 1996; Park & Ungson, 1997);

dimensões culturais de Hofstede (Hofstede, 1980); distância cultural (Kogut & Singh, 1988; Barkema et al., 1997; Shenkar, 2001); e cultura corporativa (Parkhe, 1991;

Barkema et al., 1997; Park & Ungson, 1997).

(ii) Pesquisas que envolvem os parceiros da IJV: sobrevivência (Inkpen & Beamish, 1997);

dissolução (Park & Ungson, 1997); parceiros (Barkema & Vermeulen, 1997);

longevidade (Parkhe, (1991); aprendizagem (Barkema & Bell, 1996); subsidiárias integrrais (Barkema et al., 1997); capacidade absortiva (Lane, Salk & Lyles, 2001);

(iii) Por fim, a decisão do modo de entrada (Barkema & Bell, 1996; Kogut & Singh, 1988;

Shenkar, 2001).

Depois das raízes, encontram os trabalhos no tronco da árvore, mostrando os avanços na literatura a partir dos artigos seminais. Os estudos encontrados nessa parte da árvore sobre cultura e IJV avançaram nos seguintes aspectos: (i) no efeito da distância cultural na escolha do modo de entrada, na diversificação internacional e no desempenho (Tihanyi, Griffith &

Russell, 2005); (ii) no desempenho em relação a governança híbrida, trazendo evidência que complementam as pesquisas recentes sobre longevidade JV e seus determinantes (Reuer, 2001); (iii) na relação dos vínculos pessoais, ou seja, o desenvolvimento do apego pessoal em relação a distância cultural e ao nível ambiental (Lou, 2001); (iv) no efeito das diferenças de cultura nacional e organizacional no desempenho (Pothukuchi, Damanpour & Choi, 2005);

(v) nas disparidades entre as escolhas do modo de entrada explicadas pelas diferenças no custo de transação, na influência do risco e da propensão à confiança (Brouthers & Brouthers, 2003);

(31)

(vi) na cooperação multipartidária (entre parceiros) e o desempenho (Lou & Park, 2004); (vii) nas parcerias culturalmente distintas para a escolha do tipo da IJV (Kaufmann & Neill, 2007);

(viii) na investigação de uma gama de potenciais estímulos de distância psíquicas, incluindo diferenças em cultura, idioma, religião, educação e sistemas políticos (Dow & Karunaratna, 2006); (ix) na distância cultural adicionada, que se refere a investigação do tempo na expansão internacional (Hutzschenreuter & Voll, 2007); (x) nas percepções de justiça compartilhada e a lucratividade da IJV quando a distância cultural entre os parceiros é alta ou quando a indústria de operação é incerta (Lou, 2005)

Por fim, as folhas são representadas pelas publicações atuais sobre a temática. Os temas abordados no tronco foram continuados nas folhas, e novos temas de estudos derivaram e começaram a se destacar. O primeiro se refere aos aspectos de ambiente institucional. Pode- se verificar nas folhas que a cultura em si não é tão investigada de forma isolada, mas sim estendendo aos outros aspectos de ambientes institucionais. Com isso, as pesquisas mostram que estes ambientes institucionais são formados pelo ambiente regulatório (leis), normativo (normas) e cognitivo (cultural) com base nos estudos de Norton (1990) e Scott (1995). Os estudos que exploraram o ambiente institucional trouxeram novas investigações, tais como:

(i) a investigação sobre a contribuição da perspectiva institucional na inovação (Filiou &

Golesorkhi, 2016); (ii) os efeitos causados no desempenho financeiro da IJV pelos diferentes ambientes institucionais (Golesorkhi et al., 2019). E o tema ambiente institucional com gestão, os determinantes culturais da capacidade de gestão das IJV investigada por meio de uma análise das multinacionais japonesas na Índia (Varma et al., 2015).

Além disso, um novo tema de estudo se refere as IJV e as economias emergentes. As pesquisas se referem a análise dos fatores que influenciam a escolha do modo de entrada das empresas espanholas na China, e as barreiras que encontradas (Niñerola et al., 2016). O estudo de Fey e Denison (2003) examina a ligação entre cultura organizacional e eficácia para empresas estrangeiras que operam na Rússia, investigando a influência da cultura organizacional no sucesso estratégico de JVs e a importância do ‘ajuste’ cultural entre os parceiros. Enquanto Argente-Linares et al. (2013) analisou os fatores relacionados à estrutura organizacional que determinam o sucesso de IJVs entre PMEs em economias emergentes (JVs entre empresas espanholas e marroquinas, localizadas no Marrocos). Por fim, o estudo de v que analisou a escolha do modo de entrada de uma empresa líder de alimentos de Taiwan na criação de distribuidores regionais nos 312 distritos de vendas da China. Este estudo indicou

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também que nas decisões de modo de entrada, os fatores institucionais são mais importantes do que o custo de transação.

Por fim, o tema de controle abrangeu os seguintes estudos: (i) a investigação da relação entre a posição de controle de propriedade, cultura nacional e seleção de estratégias de resolução de conflitos com parceiros locais em IJV (Nguyen, Larimo & Ali, 2015); (ii) a escolha entre controle total, majoritária e minoritária sendo explicado com base nas instituições, na cultura e no relacionamento setorial (Contractor et al., 2014); e (iii) o estudo da frequência e da reversão na mudança participação acionária nas IJV (Iriyama, Shi &

Prescott, 2014).

Figura 7 – Mapa da literatura sobre Cultura e Joint Ventures Internacionais

Fonte: elaborado pela autora com base nos resultados da Tree of Science, 2019.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo contribui de duas formas para a literatura. Primeiro ao estender e atualizar o conhecimento sobre os estudos que envolveram a relação cultura e IJVs na área de negócios internacionais. Foi possível identificar por meio da dupla checagem (Vosviewer e Tree of Science) a evolução do tema ao longo do tempo. A segunda contribuição surgiu com o debate na literatura de IJV, propondo uma agenda futura de pesquisa visando um melhor direcionamento e desenvolvimento da área. Em primeiro lugar, a questão de considerar os ambientes institucionais como um todo ao invés apenas da cultura de forma isolada. Pode-

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se notar que os artigos seminais das dimensões de Hofstede (1980) e o índice de distância cultural de Kogut e Singh (1988) foram as bases do tema cultura. Foi visto que os efeitos da distância cultural não são sensíveis ao tempo, mas são sensíveis à estrutura cultural usada (Hoftede vs Globe) e ao país de origem da empresa (desenvolvido vs. mercado emergente).

As influências ambientais que envolvem as organizações se referem aos ambientes que de acordo com Scott (1995) são os ambientes regulatório, normativo e cognitivo. Estes pilares podem ser analisados também como as instituições informais (ex., cultura e seus valores e normas sociais subjacentes) e instituições formais (ex. leis, regulamentos, padrões públicos, impostos, subsídios) com base em North (1990). Nota-se em ambos os casos, que a cultura representa apenas uma parte do ambiente. O mesmo ocorre quando utiliza as distâncias sugeridas por Berry et al. (2010), pois a cultura representa apenas uma das 9 distâncias transnacionais.

Sendo assim, os estudos de Negócios Internacionais que foram base deste mapeamento de literatura, ou seja, com artigos concentrados na dimensão cultural, que é natural em virtude da palavra-chave utilizada na busca de artigos, podem fornecer uma imagem incompleta de como o ambiente internacional pode afetar a tomada de decisão (Berry et al., 2010; Ghemawat, 2001; Zhou & Guillén, 2015). Desta forma, estudos futuros em IJVs necessitam de uma investigação que avalie os três pilares do ambiente institucional, sugeridos por Scott (1995), levando em consideração uma perspectiva mais completa do ambiente institucional em estudos de IJVs do que uma visão mais específica da cultura. E investigar não apenas uma relação direta destes ambientes institucionais com as IJVs, mas também se estes ambientes institucionais podem ser moderados por outros aspectos.

Em segundo lugar, em termos de investigar com maior profundidade o que explica a decisão de controle das IJVs. O mapeamento mostrou que pesquisas sobre o controle das IJVs estão em evidência atualmente por diversos aspectos. Um dos motivos se refere a estratégia de controle e coordenação das subsidiárias que estão geograficamente e culturalmente dispersas, representando um dos maiores desafios na gestão internacional (Nguyen, Larimo & Wang, 2019; Brenner & Ambos, 2013). Adicionalmente, Gomes, Barnes e Mahmood (2016) encontraram em sua revisão da literatura, que os principais tópicos na pesquisa sobre IJVs foi sobre o controle, o desempenho e os fatores que afetam a operação das IJVs. Foram analisados mais de 800 artigos publicados em 22 periódicos importantes na área de negócios internacionais no período de 22 anos (1990 – 2012). Ou seja, o estudo contempla os principais temas da nossa análise.

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De acordo com Ilhan-Nas et al. (2018) a concentração do controle acionário não é afetada diretamente pela distância institucional, porém quando a distância institucional é utilizada como variável moderadora, os resultados indicam influência nas estratégias de participação acionária nas subsidiárias (Ilhan-Nas et al., 2018; Lu et al., 2009). Por isso, sugere-se que pesquisas futuras investiguem o controle das subsidiárias moderadas pelo ambiente institucional. O efeito moderador da distância institucional pode ser diferente para cada um dos três pilares (Arslan, 2012; Eden & Miller, 2004), desta forma é necessário avaliar cada um dos pilares separadamente.

Outro tema em destaque para uma agenda futura de pesquisa se refere a gestão da IJV.

A gestão pode ser analisada sob a ótica da importância de quem será o responsável pela gestão da IJV (Argente-Linares, López-Pérez & Rodríguez-Ariza, 2013; Shenkar & Zeira, 1992).

Particularmente, a empresa multinacional precisa definir entre nomear um CEO estrangeiro ou local. A gestão é investigada pela ótica do capital humano. A matriz pode transferir seus ativos específicos para a subsidiária, sendo via expatriação de gestores da matriz que vão para a subsidiária em outro país, ou com a utilização ativos específicos locais, ou seja, a adoção de gestores locais (Kawai & Chung, 2019; Fang et al., 2010). As vantagens de escolher um CEO estrangeiro se referem aos novos conhecimentos sobre gestão empresarial (Mohedano-Suanes

& Benavides-Espinosa, 2012), além de buscar implementar os métodos de gestão utilizados em seu país de origem pela matriz. No entanto, ao escolher um CEO local, a IJV pode ser favorecida por possuir um gestor que entenda das dificuldades culturais do país, e assim será possível superar barreiras culturais e possíveis conflitos na gestão cotidiana com maior facilidade. Somados a isso, o conhecimento do CEO local, sua familiaridade com o mercado local, suas práticas de negócios, seu conhecimento sobre ambiente institucional bem como o conhecimento da rede de relações específicas daquele país (Choi & Beamish 2004), podem afetar positivamente o sucesso da IJV. Com isso, é relevante para estudos futuros terem um enfoque no aspecto da gestão da IJV em suas análises empíricas.

Por fim, agenda de pesquisa se refere ao aspecto de conhecer melhor os aspectos que podem impactar a formação da IJV. Um dos pontos centrais seria considerar como os aspectos institucionais, um dos pontos de destaque anterior, podem influenciar na formação das IJVs. E a formação da IJV ser analisada em diferentes aspectos. O primeiro ponto em termos de quem são escolhidos como parceiros deste novo empreendimento. Parceiros da mesma nacionalidade normalmente têm melhor desempenho do que parceiros internacionais (Hennart & Zeng, 2002; Hanvanich et al., 2003). Mas também, nas IJVs podem surgir

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parceiros de outras nacionalidades, as diferenças no background nacional, valores culturais e estilos de gestão podem levar a conflitos de interesse entre parceiros em IJVs (Hennart &

Zeng, 2002; Hanvanich et al., 2003). O segundo ponto, consiste na complexidade desta formação quando uma IJV é constituída por mais de dois parceiros. Em outras palavras, investigar que fatores podem influenciar a decisão de estabelecer um certo número de parceiros para a formação de uma IJV. Com isso, verificar que fatores explicam a formação de IJVs, e que tipo de formações poderão surgir, consiste em um tema relevante a ser investigado em estudos futuros.

Apesar de propiciar importantes contribuições para a literatura e trazer pontos relevantes para uma agenda futura, este estudo possui suas limitações. Em primeiro lugar, a utilização de dar um enfoque maior as bases de dados de artigos da WoS e Scopus. São bases muito bem consolidadas e utilizadas na literatura, bem como compreender periódicos com reconhecimento na área, porém podem existir alguns estudos no tema que não foram contemplados para a análise e que poderiam trazer importantes insights. Estudos futuros poderiam considerar bases adicionais como Proquest, EBSCO entre outros. Por fim, a utilização da ferramenta ToS (Tree of Science) na revisão de literatura. De um lado, é inovadora na área e possibilita criar de forma visual como a literatura em determinado tema vem evoluindo, destacando os artigos seminais, os intermediários e os mais recentes. Por outro lado, a ferramenta tornou-se de difícil acesso. No início da elaboração do artigo, esta ferramenta tinha um acesso aberto e facilitava a sua utilização. Porém, em tempos recentes, a ferramenta mudou o acesso para uma plataforma fechada. Com isso, não foi possível realizar inclusões adicionais à pesquisa. Estudos futuros poderiam buscar outros tipos de visualizadores ou ferramentas que possam auxiliar no mapeamento da literatura.

Independente destas limitações, este estudo mostrou que há uma avenida de oportunidades de pesquisa a serem exploradas para continuar o debate nesta importante forma de acessar mercados internacionais que consiste na IJV.

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Referências

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