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O que é Comunicação?

• Comunicação é o processo de transmitir a informação e compreensão de uma pessoa para outra.Se não houver esta compreensão, não ocorre a comunicação. Se uma pessoa transmitir uma mensagem e esta não for compreendida pela outra pessoa, a comunicação não se efetivou.

Segundo Chiavenato (2000; p. 142), é a troca de

informações entre indivíduos. Significa tornar comum

uma mensagem ou informação.

(2)

• Ao conceito de Scanlan (1979, p. 372), a comunicação pode ser definida simplesmente como o processo de se passar informações e entendimentos de uma pessoa para outra.

• Num conceito mais amplo e moderno, o

profissional precisa proporcionar uma

comunicação clara e precisa, ter decisões

rápidas, visão e ação integral, iniciativa

própria e informação plena do negócio da

empresa.

(3)

Segurança do Trabalho / Português Instrumental / Modulo I

O Processo de Comunicação

Cada período de comunicação é diferente de qualquer outra. O processo de comunicação é composto de três etapas subdivididas:

1. Emissor: é a pessoa que pretende comunicar uma mensagem, pode ser chamada de fonte ou de origem.

a) Significado: corresponde à idéia, ao conceito que o emissor deseja comunicar.

b) Codificador: é constituído pelo mecanismo vocal

para decifrar a mensagem.

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2. Mensagem: é a idéia em que o emissor deseja comunicar.

a) Canal: também chamado de veículo, é o espaço situado entre o emissor e o receptor.

b) Ruído: é a perturbação dentro do processo de comunicação.

3. Receptor: é a etapa que recebe a mensagem, a quem é destinada.

a) Descodificador: é estabelecido pelo mecanismo auditivo para decifrar a mensagem, para que o o receptor a compreenda

b) Compreensão: é o entendimento da mensagem pelo receptor

c) Regulamentação: o receptor confirma a mensagem

recebida do emissor, representa a volta da mensagem

enviada pelo emissor (Feedback)

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Vamos exemplificar:

Uma pessoa (emissor)tem uma idéia (significado) que pretende comunicar. Para tanto se vale de seu

mecanismo vocal (codificador), que expressa sua mensagem em palavras. Essa mensagem, veiculada pelo ar (canal) é interpretada pela pessoa a quem se comunica (receptor), após constatar que entendeu a mensagem (compreensão), esclarece a fonte de acerca de seu entendimento (regulamentação).

Pode-se, portanto dizer que a comunicação só pode ser

considerada eficaz quando a compreensão de receptor

coincide como o significado pretendido pelo emissor.

(6)

Ruídos na Comunicação

O processo de comunicação nunca é perfeito. No decorrer de suas etapas sempre ocorrem perturbações que prejudicam o processo, no qual são denominados ruídos. Ruído é uma perturbação indesejável em qualquer processo de comunicação, que pode provocar perdas ou desvios na mensagem.

De acordo com Carvalho (1995, p. 82), o ruído é identificado na comunicação humana como o conjunto de barreiras, obstáculos, acréscimos, erros e distorções que prejudicam a compreensão da mensagem em seu fluxo: emissor x receptor e vice-versa. Isto significa que nem sempre aquilo que o emissor deseja informar é precisamente aquilo que o receptor decifra e compreende.

Segundo Gil (1994, p.34), entende-se por ruído qualquer fonte de erro,distúrbio ou deformação da fidelidade na comunicação de uma mensagem, seja ela sonora, visual, escrita etc. E é este o desafio das comunicações nas empresas e na nossa vida diária.

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Tipos de comunicação (verbal e não Verbal)

Comunicação verbal:

Quase toda a comunicação verbal é realizada por escrito e devidamente documentada por meio do protocolo, mas é composta pela palavra.

Comunicação Oral: são ordens, pedidos, conversas, debates discussões.

Comunicação Escrita: são as cartas, telegramas,

bilhetinhos, letreiros, cartazes, livros, folhetos,

jornais, revista.

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Comunicação Não Verbal:

Através desta comunicação não-verbal ocorre a troca de sinais: olhar, gestos, postura, mímica.

• Comunicação por mímica: são o gestos das mãos. Do corpo, da face, as caretas.

• Comunicação pelo olhar: as pessoas costumam se

entender pelo olhar.

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Comunicação pela postura:o modo como nos sentamos, o corpo inclinado, para trás ou para

frente, até mesmo a posição dos pés. Tudo isso na maioria das vezes é o nosso subconsciente

transmitindo uma mensagem.

Comunicação por gestos: pode ser voluntária, como um beijo ou um cumprimento. Mas

também pode ser involuntária, como por

exemplo, mãos que não param de rabiscar ou de mexer em algo. Isso é sinal de tensão e, ou

nervosismo.

Comunicação Não Verbal:

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Os Canais de comunicação

A comunicação dentro das empresas para ser clara e precisa, necessita de um organograma bem planejado, para que a mensagem não chegue distorcida.

A seguir veremos os

modelos de canais de

comunicação que

ocorrem dentro de

empresas:

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a) Canais verticais

Podem ser descendentes (de cima para baixo) e

referem-se à comunicação entre o superior e os

subordinados, veiculando ordens ou

instruções.Podem ser ascendentes (de baixo para

cima) e referem-se à comunicação entre o

subordinado e o supervisor, veiculando

informações a respeito do trabalho executado.

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b) Canais horizontais

Refere-se às comunicações laterais entre dois órgãos (dois departamentos, duas secções) ou dois cargos (dois gerentes) no mesmo nível hierárquico.

Todo profissional de RH atuante sabe que, antes de

se voltar para qualquer das direções já

mencionadas, necessita desenvolver sua

capacidade de receber e enviar mensagens,

capacidade essa que se traduz, principalmente, no

cultivo das habilidades de saber ouvir.

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Linguagem e língua

Linguagem:

Linguagem é a representação do pensamento por meio de sinais que permitem a comunicação e a interação entre as pessoas.

-Linguagem verbal; é aquela que tem por unidade a palavra.

-Linguagem não verbal; tem outros tipos de unidades, como gestos, o movimento, a imagem e etc.

-Linguagem mista; como as histórias em quadrinhos, o

cinema e a tv que utilizam a imagem e a palavra.

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Língua

É o tipo de código formado por palavras e leis combinatórias por meio do qual as pessoas se comunicam e interagem entre si.

Linguagem e língua

Variedades linguísticas:

São as variações que uma língua apresenta, de

acordo com as condições sociais, culturais,

regionais e históricas em que é utilizada.

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- Norma culta: é a língua padrão, a variedade linguística de maior prestígio social.

- Norma popular: são todas as variedades linguísticas diferentes da língua padrão.

Linguagem e língua

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Dialetos:

São variedades originadas das diferenças de região, de idade, de sexo, de classes, ou de grupos sociais e da própria evolução histórica da língua (ex: gíria)

Intencionalidade discursiva: são as intenções, explícitas ou implícitas, existentes na linguagem dos interlocutores que participam de uma situação comunicativa.

Linguagem e língua

Conceituado:

Texto: é uma unidade linguística concreta, percebida pela

audição (na fala) ou pela visão (na escrita), que tem unidade

de sentido e intencionalidade comunicativa.

(17)

Discurso: É a atividade comunicativa capaz de gerar sentido desenvolvido entre interlocutores. Além dos enunciados verbais, engloba outros elementos do processo comunicativo que também participam da construção do sentido do texto.

Linguagem e língua

Coesão textual são as articulações gramaticais existentes entre palavras, orações, frases, parágrafos e partes maiores de um texto que garantem sua coesão sequencial.

Coerência textual é o resultado da articulação das idéias de um

texto; é a estruturação lógico-semântica que faz com que

numa situação discursiva palavras e frases componham um

todo significativo para os interlocutores.

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Funções da Linguagem

Por meio da linguagem, também realizamos diferentes ações:

transmitimos informações, tentamos convencer o outro a fazer (ou dizer) algo, assumimos , ordenamos, pedimos, demonstramos sentimentos, construímos representações mentais sobre nosso mundo, enfim, pela linguagem organizamos nossa vida do dia a dia, em diferentes aspectos.

Diferenciar que objetivo predomina em cada situação de comunicação auxilia a compreender melhor o que foi dito.

As funções da linguagem estão centradas nos elementos da comunicação. Toda comunicação apresenta uma variedade de funções, mas elas se apresentam hierarquizadas, sendo uma dominante, de acordo com o enfoque que o destinador quer dar ou do efeito que quer causar no recebedor. As funções da linguagem são as seguintes: referencial, poética, emotiva, fática, conativa, metalinguística.

(19)

Compare os dois textos a seguir:

“Não só baseado na avaliação do guia da folha, mas também por iniciativa própria, assisti cinco vezes a “Um filme falado’’. Temia que a crítica brasileira condenasse o filme por não ser convencional, mas tive uma satisfação imensa quando li críticas unânimes na imprensa. Isso mostra que, apesar de tantos enlatados, a nossa crítica é a antenada com as coisas que acontecem no mundo.

Fantástico! Parabéns, Sérgio Rizzo, seus textos nunca me decepcionam.’’

Luciano Duarte. Guia da Folha, 10 a 16 de junho 2005

****UM FILME FALADO – Idem. França/Itália/Portugal, 2003.

Direção: Manoel de Oliveira. Com: Leonor Silveira, John Malkovich, Catherine Deneuve, Stefania Sandrelli e Irene Papas. Jovem professora de história embarca com a filha em um cruzeiro que vai de Lisboa a Bombaim. 96 min. 12 anos. Cinearte1, desde 14. Frei Caneca Unibanco Arteplex7, 13h, 15h10, 17h20, 19h30 e 21h50

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Função emotiva

No primeiro texto, o destinador usa alguns procedimentos que não aparecem no texto B, tais como, emprego de 1ª pessoa: assisti, temia , tive, li (eu), destaque para qualidades subjetivas por meio de recursos gráficos que indicam ênfase, como o ponto de exclamação (fantástico!).

O efeito que resulta é o destaque para a subjetividade do

emissor, sua adesão ao conteúdo que informa. Não é o fato,

mas o ponto de vista do emissor que está em destaque, sua

percepção dos acontecimentos. Nesse exemplo temos o

enfoque no emissor e a função predominante nesse texto é a

função emotiva ou expressiva.

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Função referencial

No segundo texto, os outros procedimentos são colocados em destaque: uso da 3ª pessoa, explicitando no trecho: jovem professora de história (ela), ausência de adjetivos (a indicação de que o filme é bom aparece na na quantidade de estrelinhas, quatro indica muito bom), ausência de expressões que indicam a opinião do emissor, como eu acho, eu desejo, emprego de um conjunto de informações que diz a respeito a coisas do mundo real, tais como a exatidão dos horários, o endereço, os nomes próprios.

Esse conjunto de informações dá ao destinador a impressão de

objetividade, como se a informação traduzisse

verdadeiramente o que acontece no mundo real. Nesse caso, a

função predominante é a função referencial ou informativa.

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Função conativa

RESERVA CULTURAL

Você nunca viu cinema assim.

Não perca a retrospectiva especial de inauguração, com 50% de desconto, apresentando cinco filmes que foram sucesso de público. E, claro, de crítica também.

Nesse texto, o destaque está no destinatário. Para isso o emissor se valeu de procedimento como o uso da 2ª pessoa (tu, ou, no caso do português brasileiro, você), o uso do imperativo (não perca). O resultado é a interação com o destinatário procurando convencê-lo a realizar uma ação: ir ao espaço cultural. Espera-se como resposta que o destinatário realiza a ação.

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Os textos publicitários em geral procuram convencer ou persuadir o destinatário a dar uma resposta, que pode ser a mudança de comportamento, de hábitos, como abrir conta em banco, frequentar determinados tipos de lugares ou consumir determinado produto.

Nesse tipo de texto, o foco está no

destinatário e o predomínio é da função

conativa ou apelativa.

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Função fática

Em um outro tipo de situação muito comum na

conversação cotidiana, o emissor usa procedimentos

para manter o contato físico ou psicológico com o

interlocutor, como em alô!, ao iniciar uma conversa

telefônica, ou fórmulas prontas para dar continuidade

á conversa como em ahan, uh, bem, como?, pois é ou

em está me ouvindo?, para retomar o contato

telefônico. Esse tipo de mensagem que serve para

manter o contato, para sustentar ou “encompridar’’ ou

interromper a conversa põe em destaque o canal de

comunicação tem como função predominante a função

fática.

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Função metalinguística

Já outros textos que têm como objetivo falar da própria linguagem, como em o que você está querendo dizer?... Ou em que o emissor quer precisar, esclarecer, o que está dizendo, como em eu quis dizer... bem... Quero dizer que essa palavra poderia ser substituída por outra mais precisa, que desse a entender que... Nesse exemplo, o predomínio da mensagem é da função metalinguística.

Fazemos uso de metalinguagem, ao preencher um exercício

de palavras cruzadas ou consultar um dicionário. Nessas

situações, estamos nos atendo ao próprio código, isto é,

estamos usando a linguagem (o código) para falar, explicar,

descrever o próprio código linguístico.

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Função poética

Tecendo a manhã

João Cabral de Melo Neto

Um galo sozinho não tece uma manhã:

Ele precisará sempre se outros galos.

De um que apanhe esse grito que ele E o lance a outro; de um outro galo Que apanhe o grito que um galo antes E o lance a outro; e de outros galos

Que com muitos outros galos se cruzem Os fios de sol de seus gritos de galo,

Para que a manhã, desde uma tela tênue, Se vá tecendo, entre todos os galos

Aqui, temos um texto em que a função se centra na própria mensagem, como se o conteúdo fosse transparente, a mensagem chama a atenção para o lado material do signo, como a sonoridade (veja a repetição da vogal a e dos sons nasais), a estrutura, o ritmo.

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Observe que há rupturas no modo como a frase normal se organizaria ( 3ª verso: esse grito que ele/ 4º verso: e o lance a outro...)

Experimente fazer a seguinte leitura: 2º verso termina com galos, 4º verso começa com e o lance a outro, 4º verso termina com galo, 6º verso começa com e o lance a outro, 7º verso termina com cruzem, 9º verso começa com para que a manhã. É possível perceber a teia se tecendo, nas próprias palavras?

O efeito é de estranhamento, de novidade, pela exploração

dos vários elementos do signo. É importante lembrar que,

embora a função poética, esteja mais presente na poesia,

não é exclusivamente da literatura. A linguagem da

publicidade explora os recursos dos signos, construindo

novos sentidos ao romper com o modo tradicional como

vemos as palavras.

(28)

AULA 3

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Língua escrita e oral

Não se fala como se escreve

Pois é. U portuguêis é muintofáciudi aprender, porqui é uma língua qui a gentiiscreveixatamenticumu si fala.

Num é cumuinglêisqui dá até vontadidi ri quando a gentidiscobricumu é qui se iscrivi algumas palavras.

Importuguêis não. É só prestátenção. U alemão

purexemplo. Qué coisa mais doida? Num bate nada

cum nada. Até nu espanhol qui é parecidu, si

iscrevimuintodiferenti. Qui bom qui a minha lingua é u

portuguêis. Quem soubéfalásabiiscreve.

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A NATUREZA DA LINGUAGEM ORAL

Considerando as diferenças (formais, funcionais e da

natureza de estímulo) entre a linguagem oral e a

linguagem escrita, conclui-se serem distantes tais

modalidades. Porém, embora não seja a linguagem

escrita a transcrição da linguagem oral, não se pode

negar a semelhança de seus produtos, que podem

expressar as mesmas intenções, já que a seleção de

elementos linguísticos de ambos se dá a partir de um

mesmo sistema gramatical.

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A NATUREZA DA LINGUAGEM ORAL

O que não se pode negar é que a linguagem escrita e a linguagem oral não constituem modalidades estanques;

apresentam diferenças devido à condição de produção, mas o processo se dá a partir da língua, que “é um conjunto de possibilidades linguísticas, cujos usos se fazem de acordo com normas específicas a cada uma das modalidades’’.

A linguagem oral se caracteriza essencialmente por ser

falada – natureza do estímulo - , mas o fato de a linguagem

oral ser produzida pela boca e recebida pelos ouvidos não é

e nem pode ser o elemento fundamental para se determiná-

la distinta da linguagem escrita.

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A NATUREZA DA LINGUAGEM ORAL

Há gêneros intermediários que são produzidos de forma sonora e concebidos de forma gráfica e outros que são produzidos graficamente e concebidos sonoramente. Ainda há aqueles que, apesar de serem produzidos e concebidos exclusivamente de forma sonora ou exclusivamente de forma gráfica, são bastantes semelhante a gêneros da outra modalidade.

Assim a natureza falada da linguagem oral não basta para distingui-la e isolá-la da linguagem escrita; elas não são estanques e isto fica patente na análise sob o ponto de vista de uma contínuo tipológico.

Entretanto, há particularidades de outras ordens que tornam a linguagem oral uma modalidade específica da língua.

Tais particularidades são, de fato, elementos exclusivos da linguagem oral: a gesticulação é um deles. A fluidez das idéias expostas também é outra particularidade da oralidade. A velocidade da produção oral se dá em virtude de ser simultânea ao processo de produção em si.

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A NATUREZA DA LINGUAGEM ORAL

Uma outra particularidade da linguagem oral, que é proporcionado pelo fato de o falante ter o controle da comunicação no momento de sua efetivação, é a eficácia na correção da informação em caso de incompreensão por parte do interlocutor.

Como o falante ouve junto com o seu interlocutor as suas palavras proferidas e pode controlar os seus efeitos a partir das reações do outro, pode ele corrigir com eficácia, por ser momentânea, as eventuais falhas de comunicação quando a informação desejada na se efetiva.

Essa característica, que é uma vantagem da linguagem oral, determina uma outra particularidade da fala: a cooperação dos participantes da comunicação. Normalmente, o conhecimento do que se diz é compartilhado pelo emissor e pelo receptor, que, normalmente coniventes na comunicação, facilitam o processo de produção daquele que por seu turno tem a responsabilidade da produção discursiva.

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A NATUREZA DA LINGUAGEM ORAL

O conhecimento compartilhado dos participantes da interlocução oral também gera uma outra particularidade:

a simplicidade sintática, à qual se relacionam várias outras características.

A sintaxe da linguagem oral é tipicamente menos bem elaborada que a linguagem escrita, por conter muitas

“frases’’ incompletas, apresentar-se frequentemente com

simples sequências de frases e poucas estruturas

subordinadas. Portanto, a simplicidade sintática deve ser

entendida como estrutura de períodos curtos, em que as

orações normalmente são ligadas ou pelas conjunções

simples “e’’, “mas’’ e “porém’’, ou por marcadores

discursivos do tipo “ai’’, ou por orações absolutas, ou por

frases nominais na maioria dos casos reduzidas a uma única

palavra.

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A NATUREZA DA LINGUAGEM ORAL

Assim, a fragmentação que é causada pela falta de termos subentendidos e pelo uso de marcadores discursivos, é uma outra característica particular de linguagem oral. A fragmentação não deve ser confundida com uma “má formação da estrutura’’, como entenderam certos teóricos.

A fala não existe para ser escrita, e da mesma forma, muitos textos escritos não são apreciáveis na fala; quando se tenta reproduzir um texto escrito como se fosse conversação, esse texto pode parecer estar mal formado.

Também constitui uma particularidade da linguagem oral e representação, por meio de uma pró-forma, do sujeito, que poderia ser elíptico em virtude de a flexão verbal já declarar a pessoa do discurso. Ocorre principalmente a representação do sujeito de 1ª pessoa por meio de uma pronome pessoal. A reiteração desse tipo de sujeito é simplesmente efetiva em textos da linguagem oral.

Por último, uma outra característica da linguagem oral é a repetição de termos, certamente esta prática tem a ver com a limitação do vocabulário e a conveniência da unidade de entonação, que se submete à elocução, que é o traço predominante da fala.

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AULA 4

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A NATUREZA DA LINGUAGEM ESCRITA

Assim como o característica fundamental da linguagem oral é o fato de ela ser produzida pela boca e recebida pelos ouvidos, a linguagem escrita se caracteriza fundamente por ser escrita, ou seja, pelo fato de ser ela produzida pela mão e recebida pelos olhos.

Contudo, como já foi dito, não

são esses os elementos

fundamentais para distingui-

las. Os motivos são os

mesmos apontados no item

anterior.

(38)

A particularidade de maior importância da escrita é a correção gramatical, sob a qual estão a objetividade, a clareza e a concisão.

A NATUREZA DA LINGUAGEM ESCRITA

Também a escrita apresenta as suas particularidades de outras

ordens que a tornam uma outra modalidade da língua.

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A NATUREZA DA LINGUAGEM ESCRITA

Por ser eminente uma forma de comunicação em que emissor e receptor estão distantes e, em muitos casos, desconhecidos um do outro, a objetividade, a clareza e a concisão são essenciais. Na falta de compreensão da informação transmitida, normalmente não tem o emissor outra forma de retificar a mensagem se não esperar pela resposta, que pode demorar muito tempo, para tentar numa tréplica, que pode não mais surtir efeito.

Por isso, a correção gramatical ser tão importante. Um texto em que o assunto é apresentado de forma objetiva, cujas idéias concisas (sem rodeios e bem organizadas) tornaram o texto claro, tem tudo para ser compreendido pelo receptor e nele provocar o efeito desejado.

Daí, ser o texto escrito essencialmente normativo, referencial.

Em nome da correção, a linguagem escrita apresenta um processo de produção muito lento, não goza o escritor do direito de se valer de artifícios paralinguísticos com a gesticulação e expressão facial

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A NATUREZA DA LINGUAGEM ESCRITA

Não tem o escritor o controle do sistema de recepção em si; ele espera tê-lo, caso tenha a consciência de ter atendido às exigências da norma-padrão.

O escritor não sofre tanta pressão no momento de produção do seu texto, porque não tem as mesmas exigências do processo de produção de fala, em que se monitoram ao mesmo tempo o planejamento e a produto. É contudo, ao meu ver, exatamente o contrário o que ocorre. A responsabilidade do escritor é muito maior. Ele não conta com a conivência do interlocutor que lhe compartilhe um conhecimento do que se expõe. Como disse anteriormente, há casos que o interlocutor é desconhecido.

Escrever é um ato solitário e sofre a imposição da correção; para não se correr o risco de ter o seu texto inutilizado por não se tornar um discurso (texto lido e compreendido), sofre o escritor a inexorável pressão da correção gramatical.

Por isso mesmo, o escritor examina o que escreve o que escreve e usa um tempo considerável na escolha de suas palavras, consultando-as no dicionário quando é necessário.

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A NATUREZA DA LINGUAGEM ESCRITA

Uma outra particularidade da modalidade escrita: o escritor determina o tempo de produção de seu texto. Nisso, pode comparar a sua produção com o que tinha em mente; mudar seus idéias;

reorganizar o texto; acrescentar ou eliminar itens, até que o produto final surja.

O fato de ter o escritor a obrigação de redigir um texto de acordo com as normas de uso padrão nos faz enumerar outras particularidades da linguagem escrita.

A produção do texto escrito se dá de forma coordenada, pois requer planejamento: etapas são traçadas pelo escritor, que a todo momento as checa, fazendo as mudanças necessárias, para atender às exigências diversas (de ordem gramatical e/ou de outras ordens).

Sob este ponto de vista, pode-se dizer que o planejamento antecede a produção; e, mesmo que haja um replanejamento, durante a produção, ainda estará antecedendo-a, já que o produto constitui o elemento cabal.

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A NATUREZA DA LINGUAGEM ESCRITA

Não é exatamente esta a condição de produção do texto oral, cujos planejamentos e execução ocorrem simultaneamente, o que dificulta um replanejamento, que, quando ocorre, torna complexa a estrutura frasal, que só não terá abalada a sua compreensão, se certos elementos estiverem presentes: o conhecimento compartilhado; cooperativismo entre falante e ouvinte; o princípio da realidade; e recursos linguísticos diversos.

A estrutura sintática da linguagem escrita tende a ser elegante, já sendo bem formada.

Nela se percebem sujeito e predicado, normalmente nesta ordem.

Embora seja comum a ocorrência da oração bimembre em ordem direta, também é muito comum encontrarmos o que Givón(1979b) chama de estrutura de tópico – a posição inicial da oração, que normalmente são de bom tamanho na modalidade escrita, sendo os longos bem estruturados.

Complexidade da sintaxe é, portanto, mais uma característica da linguagem escrita.

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A NATUREZA DA LINGUAGEM ESCRITA

Essa complexidade se refere a períodos compostos por subordinação, e não á falta de compreensão do enunciado

Não há, portanto, fragmentação à semelhança do que se dá na linguagem oral. Na linguagem escrita, as estruturas tendem a ser completas, já que é a frase o seu traço característico.

Nos períodos em que há coordenação, figuram conjunções diferentes de

“e’’, “mas’’ e “porém’’, além delas. Quando não ocorrem tais conectivos, ocorre a pontuação conveniente; marcadores discursivos típicos da escrita (os homógrafos: “e’’, “mas’’ e “então’’, os principais) podem ocorrer, mas não com muita frequência.

O vocabulário da modalidade escrita é muito variado e essencialmente conservador e dependente do grau do nível de formalismo, o que constitui mais uma de suas características particulares.

Ainda em relação ao vocabulário, é uma particularidade da escrita a ocorrência de nominalizações. O escritor procura não repetir estruturas sintáticas ou palavras, por isso é comum na escrita um grande número de sintagmas nominais modificados, isto é, transformações de verbos ou predicados em nomes.

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A NATUREZA DA LINGUAGEM ESCRITA

Outra característica da escrita é a ocorrência de declarações passivas. Isto também marca a característica de procurar não repetir estruturas sintáticas e de formar estruturas de tópico. Na escrita, ocorrem os dois tipos de estruturas passivas: a analítica (com o auxílio de “ser’’ ou similar) e a pronominal (com o uso de pronome apassivador).

Ao contrário do que ocorre na fala, a elisão de termos é frequente e, principalmente, a do sujeito. A representação física do sujeito de 1ª pessoa só ocorre quando se deseja um efeito estilístico.

Umas outra e última particularidade é a preocupação com a coesão referencial. A sinonímia, a elipse, a paráfrase e a substituição por pró-formas são artifícios comuns de serem observados nos textos escritos.

No que se refere à questão do envolvimento e distanciamento, como já foi visto anteriormente, ao contrário da modalidade oral em que predomina o traço de envolvimento, na escrita predomina o traço de distanciamento.

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Outra característica da escrita é a ocorrência de declarações passivas. Isto também marca a característica de procurar não repetir estruturas sintáticas e de formar estruturas de tópico. Na escrita, ocorrem os dois tipos de estruturas passivas: a analítica (com o auxílio de “ser’’ ou similar) e a pronominal (com o uso de pronome apassivador).

Ao contrário do que ocorre na fala, a elisão de termos é frequente e, principalmente, a do sujeito. A representação física do sujeito de 1ª pessoa só ocorre quando se deseja um efeito estilístico.

Umas outra e última particularidade é a preocupação com a coesão referencial. A sinonímia, a elipse, a paráfrase e a substituição por pró-formas são artifícios comuns de serem observados nos textos escritos.

No que se refere à questão do envolvimento e distanciamento, como já foi visto anteriormente, ao contrário da modalidade oral em que predomina o traço de envolvimento, na escrita predomina o traço de distanciamento.

A NATUREZA DA LINGUAGEM ESCRITA

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Porém, como ambos os traços são determinados pelo contexto e, por conseguinte, podem ser anulados pelo conteúdo, não constitui o traço de distanciamento em si uma particularidade da linguagem escrita.

Admite-se, certamente, que o traço de distanciamento se manifeste com maior frequência nos gêneros da modalidade escrita da língua, que se caracteriza por ser uma prática eminentemente solitária do escritor.

Assim, são a fala e a escrita dois modos bem diferentes de o usuário representar as suas experiências.

A NATUREZA DA LINGUAGEM ESCRITA

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Variações Linguísticas

A variação das formas da linguagem sistemática e coerentemente. Uma nação apresenta diversos traços de identificação, e um deles é a língua. Esta pode variar de acordo com alguns fatores, tais como o tempo, o espaço, o nível cultural e a situação em que um indivíduo se manifesta verbalmente.

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Conceito: variedade é um conceito maior do que estilo de prosa ou estilo de linguagem. Alguns escritores de sociolinguística usam o termo leto, aparentemente um processo de criação de palavras para termos específicos, são exemplos dessas variações:

Dialetos (variação diatópica?), isto é, variações faladas por comunidades geograficamente definidas.

Idioma é um termo intermediário na distinção dialeto- linguagem e é usado para referir-se ao sistema comunicativo estudado (que poderia ser chamado tanto de um dialeto ou uma linguagem) quando sua condição em relação a esta distinção é irrelevante (sendo, portanto, um sinônimo para linguagem num sentido mais geral);

Variações Linguísticas

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Variações Linguísticas

Socioletos, isto é, variações faladas por comunidades socialmente definidas linguagem padrão ou norma padrão, padronizada em função da comunicação pública e da educação

idioletos, isto é, uma variação particular a uma certa pessoa

registros (ou diátipos), isto é, o voculabulário especializado e/ou a gramática de certas atividades ou profissões

etnoletos, para um grupo étnico

ecoletos, um idioleto adotado por uma casa

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Variações Linguísticas

Variações como dialetos, idioletos e socioletos podem ser distinguidos não apenas por seu vocabulário, mas também por diferenças na gramática, na fonologia e na versificação.

Exemplo: o sotaque de palavras tonais nas línguas

escandinavas tem forma diferente em muitos

dialetos. Um outro exemplo é como palavras

estrangeiras em diferentes socioletos variam em

seu grau de adaptação à fonologia básica da

linguagem.

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Variações Linguísticas

Certos registros profissionais, como o chamado legalês, mostram uma variação na gramática da linguagem padrão. Por exemplo, jornalistas ou advogados ingleses frequentemente usam modos gramaticais, como o modo do subjuntivo, que não são mais usados com frequência por outros falantes.

Muitos registros são simplesmente um conjunto especializado de termos (veja jargão).

É uma questão de definição se gíria e calão podem ser

considerados como incluídos no conceito de variação

ou de estilo. Coloquialismos e expressões idiomáticas

geralmente são limitadas como variação do léxico, e

de, portanto, estilo.

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AULA 5

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Tipologia e Gêneros Textuais

Tipologia Textual

Quando falamos em tipos de textos, normalmente nos limitamos a tripartição, sob o enfoque tradicional: Descrição, Narração e Dissertação. Vamos um pouco mais além no intuito de conhecer um pouco mais sobre este assunto.

(54)

A descrição usa um tipo de texto em que se faz um retrato falado de uma pessoa, animal, objeto ou lugar, a classe de palavras mais utilizada nessa produção é o adjetivo, pela sua função caracterizadora, dando ao leitor uma grande riqueza de detalhes.

A descrição, ao contrário da narração, não supõe ação. É estrutura pictórica, em que os aspectos sensoriais predominam.

Assim como o pintor capta o mundo exterior ou interior em suas telas, o autor de uma descrição focaliza cenas ou imagens, conforme o permita sua sensibilidade. Quanto à descrição de pessoas, podemos atribuir-lhe características físicas ou psicológicas.

Texto Descritivo

(55)

Esta é uma modalidade textual em que se conta um fato, fictício ou real, ocorrido num determinado tempo e lugar envolvendo certos personagens. Há uma relação de anterioridade e posterioridade. O tempo verbal predominante é o passado.

Em gera, narrativa se desenvolve na prosa. O narrar surge da busca de transmitir, de comunicar qualquer acontecimento ou situação. A narração em primeira pessoa pressupõe a participação do narrador (narrador personagem) e em terceira pessoa mostra o que ele viu ou ouviu (narrador observador).

Na narração encontramos ainda os personagens (principais ou secundários), o espaço (cenário) e o tempo da narrativa.

Texto Narrativo

(56)

Nesse tipo de texto há posicionamentos pessoais e exposição de idéias. Tem por base a argumentação, apresentada de forma lógica e coerente a fim de defender um ponto de vista. Assim, a dissertação consiste na ordenação e exposição de um determinado assunto. É a nossa conhecida “redação’’ de cada dia. É a modalidade mais exigida nos concursos, já que exige dos candidatos um conhecimento de leitura do mundo, como também um bom domínio da norma culta.

Está estruturada basicamente assim:

1. Idéia principal (introdução)

2. Desenvolvimento (argumentos e aspectos que o tema envolve)

3. Conclusão (síntese da posição assumida)

Texto Dissertativo

(57)

Texto Injuntivo

Este tipo de texto indica como realizar uma determinada ação. Ele normalmente pede, manda ou aconselha. Utiliza linguagem direta, objetiva e simples. Os verbos são, na sua maioria, empregados no modo imperativo.

Bons exemplos deste tipo de texto são as

receitas de culinária, os manuais, receitas

médicas, editais, etc.

(58)

Gêneros Textuais

Muitos confundem os tipos de texto com os gêneros.

No primeiro, eles funcionam como modos de organização, sendo limitados. No segundo, são chamados textos materializados, encontrados em nosso cotidiano. Eles são muitos, apresentando características sócio-comunicativas definidas por seu estilo, função, composição conteúdo a canal.

Assim, quando se escreve um bilhete ou uma carta,

quando se envia ou recebe um e-mail ou usamos o

Orkut ou MSN, estamos utilizando diversos gêneros

textuais.

(59)

AULA 6

(60)

Tipos Textuais

Descrição

Narração

Dissertação

Exposição

Injunção

(61)

Gêneros Textuais

Bilhete

Carta pessoal, comercial

Diário, agenda, anotações

Romance

Blog, e-mail, Orkut,

MSN Aulas

Reuniões Entrevistas Piadas

Cardápio Horóscopo

Telegrama, telefonema

Lista de compras, etc

(62)

A Redação Técnica

Por essa introdução, você pode pensar que redação

técnica é algum bicho-de-sete-cabeças. Não é. Na

verdade, os princípios básicos em que se assenta são

os mesmo de qualquer tipo de comunicação (clareza,

correção, coerência, ênfase, objetividade, ordenação

lógica, etc.), embora sua estrutura e seu estilo

apresentem algumas características próprias.

(63)

A Redação Técnica

Na definição sumária de Margaret Norgaard, é qualquer espécie de linguagem escrita que trate de fatos ou assuntos técnicos ou científicos, e cujo estilo “não deve ser diferente de outros tipos de composição’’. Ressalte-se, entretanto como faz a própria Autora, a relevância da clareza, da lógica e da precisão, qualidade que não excluem a imaginação. “A redação técnica – acrescenta a Autora – é necessariamente objetiva quanto ao ponto de vista, mas uma objetividade completamente desapaixonada torna o trabalho de leitura penoso e enfadonho por levar o autor a apresentar os fatos em linguagem descolorida, sem a marca da sua personalidade.

Opiniões pessoais, experiência pessoal, crenças, filosofia de vida e deduções são necessariamente subjetivas, não obstante constituem parte integrante de qualquer redação técnica meritória.’’

(64)

A bem dizer, todo composição que deixe em segundo plano o feitio artístico da frase, preocupando-se de preferência com a objetividade, a eficácia e a exatidão da comunicação, pode ser considerada como redação técnica.

Neste caso, a redação oficial, a correspondência

comercial e bancária, os papéis e documentos notariais

e forenses constituem redação técnica, Entretanto,

parece conceito pacifico o de que tal expressão designa

apenas aquelas formas de comunicação escrita

incontestável caráter cientifico, e especialmente da

área das ciências experimentais. É nesse sentido

restrito que passamos a empregar as expressões

equivalentes redação técnica ou redação científica.

(65)

TIPOS DE REDAÇÃO TÉCNICA OU CIENTÍFICA

Há diversos tipos de redação técnica: as descrições e

narrações técnicas propriamente ditas, os manuais de

instrução, os pareceres, os relatórios, as teses e

dissertações científicas (monografias em geral) e

outros. Alguns não chegam a ter individualidade

própria, já que são sempre parte de outros, como as

duas primeiras citadas e mais o sumário científico. O

mais importante de todos, entretanto, é o relatório,

não só porque há dele várias espécies mas também

porque, dada a sua estrutura, nele se pode incluir um

grande número de trabalhos de pesquisas usualmente

publicados em revistas científicas sob a denominação

genérica de “artigos”.

(66)

O estudo da estrutura e das características formais dos diferentes tipo de redação técnica exigiria um desenvolvimento que esta obra já não pode comportar, pois além das prescrições de ordem geral, seria indispensável apresentar certo número de modelos comentados. Em virtude disso, vamos limitar-nos à descrição técnica, que está presente em todos os tipos de redação científica, e ao relatório.

TIPOS DE REDAÇÃO TÉCNICA OU CIENTÍFICA

(67)

DESCRIÇÃO DE OBJETO OU SER

A descrição técnica apresenta, é claro, muitas das características gerais da literária. Porém, nela se sublinha mais a precisão do vocabulário, a exatidão dos pormenores e a sobriedade de linguagem do que a elegância e os requisitos de expressividade linguística. A descrição técnica deve esclarecer, convencendo; a literária deve impressionar, agradando. Uma traduz-se em objetividade; a outra sobrecarrega-se de tons afetivos. Uma é predominante denotativa; a outra. Predominantemente conotativa.

(68)

DESCRIÇÃO DE OBJETO OU SER

A descrição técnica pode aplicar-se a objetos (sua cor, forma, aparência, dimensões, pesos, etc), a aparelhos ou mecanismos, a processos (funcionamento de mecanismos, procedimentos, fases de pesquisas). A fenômenos, fatos, lugares, eventos.

Mas nenhum desses temas lhe é exclusivo; eles podem sê-lo

também da literária. O que, então, distingue essas duas

formas de composição é o objetivo e o ponto de vista: a

descrição que Eça de Queirós faz da sala de Jacinto -

segundo o exemplo que oferecemos em Par. 3.3.1.6 – é

bem diversa, quando ao objetivo, da que faria um policial

encarregado de descrevê-la num relatório, se nela tivesse

ocorrido um crime de morte.

(69)

Muito diversas hão de ser, pelo mesmo motivo, as descrições de uma borboleta feitas por um romancista em cena bucólica e por um entomologista debruçado sobre o microscópio.

O ponto de vista é tão importante quando o objetivo; dele dependem a forma verbal e a estrutura lógica da descrição:

qual é o objeto a ser descrito (definição denotativa)? Que parte dele deve ser ressaltada? De que ângulo deve ser encarado? Que pormenores devem ser examinados de preferência a outros? Que ordem descritiva deve ser adotada? (lógica? Psicológica? Cronológica?) a quem, a que espécie de leitor se destina? A um leigo ou a um técnico?

DESCRIÇÃO DE OBJETO OU SER

(70)

Assim, uma vitrola ou uma máquina de lavar roupa podem ser descritas do ponto de vista:

a) do possível comprador (legenda propaganda);

b) do usuário (o jovem ou dona-de-casa que de uma ou de outra se vão servir);

c) do técnico encarregado da sua montagem ou instalação;

d) do técnico que terá eventualmente de consertá-la. São fatores que precisam ser levados em conta, pois deles dependem a extensão, a estrutura e o estilo da descrição técnica.

O seguinte exemplo pode dar-nos uma idéia do que deve ser esse tipo de composição

DESCRIÇÃO DE OBJETO OU SER

(71)

DESCRIÇÃO DE OBJETO OU SER

“O motor está montado na traseira do carro, fixado por quatro parafusos à caixa de câmbio, a qual, por sua vez, está fixada por coxins de borracha na extremidade bifurcada do chassi. Os cilindros estão dispostos horizontalmente e opostos dois a dois. Cada par de cilindros tem um cabeçote comum de metal leve. As válvulas, situadas nos cabeçotes, são comandadas por meio de tuchos e balancins. O virabrequim, livre de vibrações, de comprimento reduzido, com têmpera especial nos colos, gira em quatro pontos de apoio e aciona o eixo excêntrico por meio de engrenagens oblíquas. As bielas contam com maneais de chumbo- bronze e os pistões são fundidos de uma liga de metal leve.”

Manual de instruções (Volkswagen)

(72)

Trata-se de parágrafo de descrição que tem em vista o usuário em geral, leigo – pois o emprego de termos técnicos está reduzido ao mínimo indispensável ao seu esclarecimento.

A descrição tipicamente científica, descrição de campo ou de laboratório, consiste muitas vezes numa enumeração detalhada das características do objeto ou ser vivo. Neste caso, ela se caracteriza por uma estrutura de frases curtas, em grande partes nominais, como no seguinte exemplo, em que o Autor faz a descrição de um holótipo de Hylarizibilis.

A ordem da descrição é a lógica: o Autor começa cabeça (suas dimensões em relação ao corpo), e vai detalhando:

olhos, o tímpano, as narinas, os dentes, a língua, os

membros superiores e inferiores, etc. O último parágrafo da

descrição é destinado a indicar a aparência do conjunto,

destacando o colorido dorsal. O seguinte fragmento é

ilustrado:

(73)

“Membros anteriores curtos e robustos; o

antebraço mais desenvolvido do que o braço.

Dedos longos e robustos, os externos unidos por uma membrana vestigiária. Discos do

tamanho do tímpano, o do polegar um pouco menor. Polegar com prepólex rudimentar;

calos subarticulares e carpais bem

desenvolvidos.”

(74)

Note-se: vocabulário de sentido exclusivamente denotativo ou extensional, frases curtas, muitas delas nominais, ausência de afetividade linguística.

Eric M. Steel dá-nos um exemplo muito ilustrativo de descrição de objeto – um relógio de parede, daqueles antigos. Como o trecho é muito extenso, limitamo-nos apenas ao plano, suficiente por si mesmo como orientação:

(75)

Plano da descrição de um relógio de parede 1. Visão de conjunto:

a) função ou finalidade: marcar o tempo;

b) modo de operação ou funcionamento (pêndulo);

c) aparência: alto, de madeira, com tais e tais dimensões, etc.

d) partes componentes: a caixa, o mostrador, etc 2. Descrição detalhada das partes:

a) a caixa;

b) o mostrador

c) o mecanismo

3. Conclusão

(76)

Descrição de processo

Quando o propósito é mostrar funcionamento de aparelho ou mecanismo ou os estágios de um procedimento (como, por exemplo, as fases da fabricação de um produto, de um trabalho de pesquisa, de uma investigação ou sindicância), tem-se a descrição de processo, a que Gaum dá o nome de exposição narrativa, cujas características principais são:

exposição em ordem cronológica;

objetividade: nada de linguagem abstrata ou afetiva;

ênfase na ação, que deve ser suficientemente detalhada;

indicação clara das diferentes fases do processo;

ausência de suspense: ao contrário da narração, literária,

o interesse da descrição de processo não deve depender

da expectativa ou suspense.

(77)

O núcleo, miolo ou corpo de quase todos os relatórios técnicos é, em essência, uma descrição de processo, uma exposição narrativa.

Esse tipo de descrição é, talvez, o mais difícil por exigir do autor não apenas conhecimento completo e pormenorizado do assunto, mas também muito espírito de observação e senso de equilíbrio: se ela sai por demais detalhada, pode tornar-se confusa; se muito simplificada, pode revelar-se incompleta ou inadequada. Por isso é que quase toda descrição de processo vem acompanhada de ilustração (desenho, mapas, diagramas, gráficos, etc.), não apenas como esclarecimento indispensável mas ainda como meio, por assim dizer, de “dosar” os detalhes.

O seguinte parágrafo pode servir como amostra de

descrição de processo:

(78)

Transmissão de um programa de rádio

“Os sons que se produzem dentro do campo de ação do microfone são por estes captados e transformados em corrente elétrica equivalente. Estas correntes, devido ao fato de serem extremamente fracas, são conduzidas a um pré-amplificador de microfone, que as amplifica convenientemente, depois do que são transferidas para um amplificador de grandes dimensões, chamado modulador.

Existe no equipamento transmissor um circuito gerador de alta frequência, que fornece a onda a ser irradiada pela Estação. Esta onda de R. F. (alta frequência) será misturada com as correntes de som amplificadas pelo modulador, e transmitidas no espaço por meio de uma antena transmissora. A figura 79 mostra-nos resumidamente todo o processo acima descrito.”

(Martins, O. N., Curso prático de rádio, p. 127)

(79)

Note-se;

a) o propósito (transmissão de rádio)

b) os estágios sucessivos do processo (1º, sons captados, 2º transformados, 3º correntes elétricas conduzidas e 4º, amplificadas, 5º, transferidas a um amplificador de grandes dimensões, 6º, onda de R. F. misturada com as correntes amplificadas e, por fim, 7º, transmitidas pela antena);

c)as partes componentes (microfone, pré- amplificador, modulador, etc.); e, por último,

d) o resultado (transmitidas no espaço por meio

de uma antena).

(80)

O relato de experiência de laboratório é uma descrição de processo, como se vê no seguinte exemplo:

Oxidação com permanganato em meio peridínico

“Dissolveram-se, 0,5g de ciantolina em 500ml de piridina, em ebulição, e adicionaram-se com pequenos intervalos 2g de permanganeto de potássio. A mistura foi refluxada durante 7 horas e deixada em repouso por um dia. Após esse período, aqueceu-se a maior parte da piridina, recolhendo-se ao resfriar 0,3g da ciantolina cristalizada com P. F. 278-279oC. O resíduo do filtro foi lavado com 20ml de água quente (80ºC), quatro vezes, e o total dos líquidos, depois de frio, acidificado com ácido clorídrico ao vermelho congo.

Precipitou-se o ácido orgânico, com aspecto gelatinoso, que foi, por centrifugação, separado e lavado várias vezes, secando-se a seguir em um dessecador a vácuo. Obtiveram-se 0,086g (13,5%) do ácido 1, fundindo-se a 368-372ºC. Depois do tratamento com água acidulada (aproximadamente pH 4; HCl), em ebulição, e ulterior cristalização em dioxano etanol (1:1), o seu ponto de fusão elevou- se a 375-378ºC (decomposição).”

(81)

Note-se que apesar do vocabulário técnico, a descrição se faz de maneira clara e objetiva: a cada fase ou estágio da experiência corresponde a um período (o mais extenso deles tem apenas três orações) com escassa subordinação. Note-se ainda o feito impessoal da exposição narrativa: “dissolveram-se...”, “a mistura foi refluxada...”, “aqueceu-se...” etc., em vez de “dissolvemos”, “refluxamos’’ ou

“aquecemos”, isto é, voz passiva e não ativa.

(82)

Plano-padrão de descrição de objeto ou processo

Apoiados nesses elementos básicos (estrutura, características, objetivo e ponto de vista), podemos esboçar o seguinte plano- padrão para a descrição para a descrição técnica de objeto e de processo, de modo geral:

A.Objeto

1.Qual é o objeto?

2.Para que serve?

3.Qual é a sua aparência (forma, cor, peso, dimensões, etc.)?

4.Que partes o compõem?

a)... (descrição detalhada);

b)... (idem) etc.

(83)

B.Processo (funcionamento)

1.Princípio científico em que se baseia.

2.Normas a seguir para pô-lo em funcionamento.

3.Fases ou estágios do funcionamento.

C. Conclusão (p. ex.: apreciação das qualidades, visão

de conjunto, aplicações práticas, etc.)

(84)

Relatório administrativo

O relatório é um dos tipos mais comuns de redação técnica, dada a variedade de feições que assume: muitos artigos publicados em revistas científicas, muitos papéis que circulam em repartições públicas ou empresas privadas, contendo informações sobre execução de determinada tarefa ou explanação circunstaciada de fatos ou ocorrências, pesquisas científicas, inquéritos e sindicâncias, nada mais são do que relatórios. É verdade que só recebem essa designação aqueles documentos que apresentam certas características formais e estilísticas próprias: título,

“abertura” (origem, data, vocativo, etc.) e “fecho”

(saudações protocolares e assinatura). Algumas vezes,

consiste numa exposição rápida e informal de caráter

pessoal; outras, assume formas mais complexas e

volumosas, como os relatórios de gestão, quer do serviço

público quer de empresas privadas.

(85)

O relatório, seja técnico seja administrativo, engloba variedades menores de redação técnica propriamente dita: descrição de objeto, de mecanismo, de processo, narrativa minuciosa de fatos ou ocorrências, explanação didática, sumário, e até mesmo a argumentação, que, entretanto, não é um gênero menor.

Há varias espécies de relatório: de gestão (relatórios

empresariais periódicos), de inquérito

(administrativo, policial e outros), parcial, de rotina,

de cadastro, de inspeção (ou de viagens), de

pesquisa (ou científico), de tomada de contas, de

processo, contábil, e o relatório-roteiro elaborado

com base em modelo ou formulário impresso).

(86)

São, como se vê, variedades especiais, que só a pratica pode ensinar. Entretanto, quase todos têm certas características comuns de que o leitor se poderá assenhorear. É o que pretendemos proporcionar-lhe nas páginas seguintes, distinguindo apenas o relatório administrativo do técnico propriamente dito

Estrutura do relatório administrativo

O relatório administrativo é uma exposições

circustanciada de fatos ou ocorrências de ordem

administrativa: sua apuração ou investigação para a

prescrição de providências ou medidas cabíveis. Sua

estrutura compreende, além da “abertura” e do “fecho”:

(87)

1. Introdução: indica do fato investigado, do ato ou da autoridade que determinou a investigação e da pessoa ou funcionário disso incumbido.

Enuncia, portanto, o propósito do relatório.

2. Desenvolvimento (texto, núcleo ou corpo do relatório):

relato minudente dos fatos apurados, indicando-se:

a) a data;

b) o local;

c)o processo ou método adotado na apuração;

d) discussão: apuração e julgamento dos fatos

3. Conclusão e recomendações de providências ou medidas

cabíveis.

(88)

Todo relatório propriamente dito, seja administrativo seja técnico ou científico, tem uma “abertura” e um

“fecho”, cuja forma e disposição variam de acordo com

as praxes adotadas nas empresas ou repartições

públicas. Mas, em geral, na primeira vem a indicação

do local ou origem, da data, da repartição ou serviço,

às vezes a ementa ou sumário, e o vocativo. No

segundo, as formas protocolares usuais. Em certos

casos, quando o relatório é muito extenso, como

costumam ser os de gestão, relatórios periódicos

destinados a publicação, esses elementos costuma vir

em separado, constituindo uma espécie de carta ou

ofício de “encaminhamento”, ou de apresentação, a

que os americanos dão o nome de letteroftransmittal.

(89)

Alguns relatórios costuma incluir ainda material ilustrativo:

diagramas, mapas, gráficos, desenhos,etc., que podem vir incorporados no texto ou sob a forma de apêndice e anexos.

Enedicto Silva apresenta na sua monografia Publicidade

administrativa....os critérios recomendados na

organização de relatórios, critérios que resultaram de

uma sondagem da opinião pública feita nos Estados

Unidos em 1927 pela National Municipality Review. No

que respeita à composição ou estrutura, lá se recomenda

a inclusão dos seguintes elementos:

(90)

a)”Sumário – Um sumário no início do relatório facilita enormemente as consultas.

b)”Organograma – Os organogramas dos serviços prestados por cada órgão, se colocados no início do relatório, auxiliam o leitor a compreender melhor o que se segue.

c)”Ofício de apresentação – Abrir o relatório com um pequeno ofício de apresentação, do qual conste um resumo das realizações mais notáveis e as recomendações para o futuro.

d)”Realizações e recomendações – Uma comparação das recomendações passadas com o progresso feito na execução das mesmas serve como indício das realizações anuais.

e)”Extensão – No máximo 50 páginas

f)”Estilo – Além de claro e conciso, o texto deve refletir a

necessária atenção à gramática e propriedade de

expressão.

(91)

g)”disposição – As partes referentes às várias repartições ou serviços devem corresponder á estrutura do governo ou seguir algum outro critério lógico.

h)”Equilíbrio na distribuição da matéria – O material exposto deve perfazer uma pintura completa, ocupando cada atividade espaço proporcional à sua importância.

i)”Estatísticas – Aconselha-se a inclusão de estatísticas,

mas, quando indicado, devem ser as mesmas ser

completadas por diagramas ou gráficos simples.

(92)

j)”Dados comparativos – As realizações do ano em curso devem ser comparadas com as dos anos anteriores, tomando-se, porém, em consideração todos os fatores ocorrentes.

k)”demonstrações financeiras – Incluir três ou quatro demonstrações financeiras que indiquem a importância despendida e os meios de financiamento relativos a cada função e órgão.

l)”Propaganda – A inclusão de matéria para exaltação de pessoas, repartições ou serviços é considerada contrária à ética e de mau gosto. Retratos de autoridades, especialmente de administradores em exercício, ficam inteiramente deslocados num relatório oficial.”

(93)

Como se vê, trata-se de recomendações aplicáveis à preparação de relatórios públicos e periódicos, assunto que tem merecido também a atenção dos nossos poderes públicos, tanto assim que já existe, de longa data, legislação especial, como é o caso dos decretos S.808, 13 de junho de 1940, e 13.565, de l? de outubro de 1943, este último acompanhado de uma Exposição de Motivos do DASP com “Normas para relatório anual”.

O modelo que se transcreve abaixo, apesar de

muito simples, dá ao leitor uma idéia da escritura

dos relatórios mais comuns:

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