• Nenhum resultado encontrado

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE. Faculdade de Engenharia. Departamento de Administração Pública. Licenciatura em Administração Pública

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE. Faculdade de Engenharia. Departamento de Administração Pública. Licenciatura em Administração Pública"

Copied!
53
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE Faculdade de Engenharia

Departamento de Administração Pública

Licenciatura em Administração Pública

Impacto Sócio-Económico do Fundo Distrital de Desenvolvimento

Caso dos Beneficiários da Localidade de Bandula, Posto Administrativo de Messica, Distrito de Manica

2011 á 2013 De

Florinda Celestina Jorge Dingongo

(2)

Florinda Celestina Jorge Dingongo

Impacto Sócio--Económico do Fundo Distrital de Desenvolvimento

Caso dos Beneficiários da Localidade de Bandula, Posto Administrativo de Messica Distrito de Manica, 2011 à 2013

Monografia apresentada à Universidade Católica de Moçambique, Faculdade de Engenharia em Chimoio, como requisito para obtenção do grau de Licenciatura em Administração Pública.

Supervisor: Joel Martins Elias

(3)

DECLARAÇÃO

O presente trabalho de fim de curso foi elaborado pela autora na Universidade Católica de Moçambique, em Chimoio, no ano de 2016. Este trabalho é da sua autoria excepto as citações que foram referenciadas. Este trabalho nunca foi apresentado a nenhuma outra Universidade. Nenhuma parte deste trabalho deverá ser reproduzido sem a permissão da Autora ou da Universidade Católica de Moçambique.

A Autora

Florinda Celestina Jorge Dingongo ________________________________

Data: ____̸ _____̸ 2016

O Supervisor Joel Martins Elias

_______________________________ Data: _____̸ ______̸ 2016

(4)

DEDICATÓRIA

Ao meu esposo Óscar Modesto Moisés e meus filhos Jabez Amarias Modesto, Héber Gerson Modesto, Jéssica Da Florinda Modesto e Lígia Da Florinda Modesto

(5)

AGRADECIMENTOS

O presente trabalho só foi possível porque contou com a colaboração de várias pessoas e instituições. Por isso, quero, desde já, deixar os meus profundos agradecimentos a todos que, directa ou indirectamente, tornaram possível a sua concretização.

Em primeiro lugar, agradeço a Deus pela vida e saúde durante a formação académica.

A seguir, agradeço ao meu supervisor, Dr. Joel Martins Elias, a quem muito admiro, pelo rigor e paciência que teve na supervisão do presente trabalho. A minha família pelo apoio incondicional prestado durante os anos de formação, a todos os docentes da Universidade Católica de Moçambique, especialmente aos que leccionaram as Cadeiras do Curso de Licenciatura em Administração Pública, aos colegas de turma pelo apoio durante o curso, e a todos que directa ou indirectamrnte contribuiram para a concretização do sonho.

Aos meus superiores hierárquicos pelo apoio moral, durante o tempo que durou a minha formação.

(6)

SUMÁRIO EXECUTIVO

O Fundo Distrital de Desenvolvimento (FDD), foi instituído em 2006 com a designação de FIIL (Fundo de Investimento de Iniciativas Locais), quando o Governo decidiu alocar aos distritos uma verba de sete milhões de meticais para o investimento em iniciativas locais. Os distritos receberam assim, pela primeira vez, em 2006, a coberto da Lei 12/2005 de 23 de Dezembro, um orçamento de sete milhões de meticais que se veio a tornar um símbolo não só da crescente autonomia distrital mas, sobretudo, uma prova do empenho do Governo, não apenas com a descentralização e desconcentração, mas também na luta contra a pobreza e o desemprego.O trabalho em estudo com o terma “Impacto Sócio-Económico do Fundo Distrital de Desenvolvimento, caso da Localidade de Bandula, 2011-2013. O trabalho de pesquisa foi efectuado no Posto Administrativo de Messica na Localidade de Bandula, onde estão localizados os beneficiários do FDD, numa primeira fase foi feito o levantamento dos beneficiários dos anos 2011- 2013, no sentido de analisar o impacto sócio- económico e as condições sócio- Económicas dos beneficiários antes e após de beneficiar-se do Fundo.Finda a pesquisa de campo foi possivel perceber que a maioria dos beneficiários desenvolvem os projectos no sector de comércio e agricultura. Contudo o FDD contribuiu de forma positiva para a melhoria das condições de vida dos beneficiários desta localidade, melhoraram as casas, compraram gado para tracção animal para aumentar as áreas de produção, compraram mobiliários diversos para suas casas, meio de transporte.

(7)

LISTA DE TABELAS

Tabela n˚ 1: Lista indicativa de projectos Elegíveis para financiamento...13 Tabela n˚ 2: Lista indicativa de Projectos não Elegíveis...14 Tabela n˚ 3: Limites de financiamento por sector... 15

(8)

LISTA DE ABREVIATURAS

CCD Conselho Consultivo Distrital CCL Conselho Consultivo Local

CCP Conselho Consultivo de Povoação

CCPA Conselho Consultivo do Posto Administrativo CRM Constituição da República de Moçambique CTAP Comissão Técnica de Avaliação de Projectos ETD Equipa Técnica Distrital

FDD Fundo de Desenvolvimento Distrital FILL Fundo de Investimento de Iniciativa Local LOLE Lei dos Orgão Locais do Estado

MAE Ministério de Administração Estatal

MPD Ministério de Planificação e Desenvolvimenmto

OE Orçamento do Estado

OIIL Orçamento de Investimento de Iniciativa Local PCCD Presidente do Conselho Consultivo Distrital PES Plano Económico e Social

PESOD Plano Económico e Orçamento Distrital

PPFD Programa de Planejamento Finanças Descentralizadas RELOLE Regulamento da Lei dos Orgãos Locais do Estado

(9)

GLOSSÁRIO

Desenvolvimento: O termo desenvolvimento tem sido associado à noção de progresso material e de modernização tecnológica. Sua promoção, mediante o desrespeito e a desconsideração das diferenças culturais, da existência de outros valores e concepções. É, pois, certo que a história do desenvolvimento, na qual invariavelmente se atribui importância secundária à dimensão cultural, estão presentes mentalidades etnocêntricas evolucionistas e racionalismos (VERHELST, 1992).

Eficiência: trata-se da capacidade de alcançar os objectivos e as metas programadas com o mínimo de recursos disponíveis e tempo, conseguindo desta forma a sua optimização.

Transparência: segundo a lei n˚ 14/ 2011, de 10 de Agosto, é a obrigatoriedade de publicitar a actividade Administrativa.

Produtividade: é um indicador de eficiência utilizado em análises económicas e financeiras e em comparações internacionais. É calculado pela comparação entre a quantidade ou valor de output e a quantidade ou valor do input necessário para a produção desse mesmo output.

Equidade: Prevê o tratamento igual as pessoas com necessidades iguais, tratamento igual as pessoas com necessidades diferentes objectivando a justiça social independentemente das condições sociais

(10)

INDICE DECLARAÇÃO ... I DEDICATÓRIA ... II AGRADECIMENTOS ... III SUMÁRIO EXECUTIVO ... IV LISTA DE TABELAS ... V LISTA DE ABREVIATURAS ... VI GLOSSÁRIO ... VII ... II CAPÍTULO I ... 1 1.1 INTRODUÇÃO ... 1 1.2 Justificativa ... 3 1.3 Objectivos do Estudo ... 3 1.3.1 Objectivo Geral ... 3 1.3.2 Objectivos Específicos ... 3 1.4 Definição do Problema ... 4 1.4.1 Pergunta de Partida ... 4 1.5 Hipóteses ... 4 1.6 Delimitação do estudo... 4 1.7 Limitações do Estudo ... 4

CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA ... 5

2.1 Introdução ... 5

2.2 Revisão da Literatura Teórica ... 5

2.2.1 Tipos de Descentralização ... 7

2.3 Revisão da Literatura Empírica ... 8

2.4 Revisão da Literatura Focalizada ... 10

CAPITULO III: METODOLOGIA DA PESQUISA ... 11

3.1 Introdução ... 11

3.2 Desenho de Pesquisa ... 11

(11)

3.4 Amostra da Pesquisa ... 12

3.5 Método de Colecta de Dados ... 12

3.6 Colecta de Dados Primários ... 12

3.7 Colecta de Dados Secundários ... 12

3.8 Inquérito ... 13

CAPITULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS ... 13

4.1 Localização Geográfica do Distrito de Manica ... 13

4.2 Divisão Administrativa ... 13

4.3 Localização Geográfica e Divisão Administrativa da Localidade de Bandula ... 14

4.4 Clima e Hidrografia do Distrito ... 14

4.5 Relevo e Solo do Distrito ... 14

4.6. Gestão e Funcionamento do Fundo Distrital de Desenvolvimento ... 15

4.6.1 Descrição dos dados da pesquisa ... 22

4.7 Análise e interpretação dos dados apresentados ... 26

4.8 Impacto do FDD na vida dos beneficiários e na Localidade de Bandula ... 27

4.9 Situação dos reembolsos ... 28

CAPÍTULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES... 29

5.1 Conclusão ... 29

5.2 Recomendações... 30

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 31

(12)

CAPÍTULO I

1.1 INTRODUÇÃO

Após a independência nacional em 1975, Moçambique adoptou a organização da administração colonial, focalizada na centralização do poder, o que tornou as províncias e distritos dependentes dos órgãos centrais, originando assimetrias e fragilidades do sistema de governação. Contudo, no início dos anos 80, o Governo reconheceu, oficialmente a ineficácia do sistema e, a partir de 1987, começou a implementar reformas políticas, económicas e sociais, tais como, o Programa de Reabilitação Económica (PRE), nova da Constituição da República (1990 e sua reforma em 1996) e Acordos Gerais de Paz (1992), o que criou condições favoráveis para o desenvolvimento do processo de descentralização político-administrativa.

Com esta viragem, o Governo moçambicano almejava entre outros objectivos, a melhoria e desenvolvimento da capacidade do Estado, para responder aos desafíos sócio-económicos impostos pelo contexto global (Fry 2001; Abrahamsson 2001). O alcance deste objectivo passava necessariamente pela implementação de reformas à nível das intituições do Estado, adequando o seu funcionamento e suas acções às exigências impostas pelo sistema de economia de mercado. Para melhor responder à necessidade da reforma, em 2001, o Governo Moçambicano apresentou a Estratégia Global para Reforma do Sector Público (EGRSP), um instrumento orientador, que apresenta uma visão comum e direcciona as acções de reforma à nível das Instituições Públicas. De acordo com a EGRSP, é condição de viabilidade, que haja coerência entre os objectivos traçados para com a Reforma e a prática da actuação dos agentes dessas transformações, à um rítmo de implementação credível e baseado em condições concretas de viabilidade.(EGRSP, 2001-2011)

Portanto, nesta dinâmica sócio-económica, em que a linha de orientação básica é o combate à pobreza, com aprovação da EGRSP, a qual definiu como metas ideais a serem atingidas no sector da administração pública, a melhoria da qualidade de prestação de serviços e o aperfeiçoamento das respostas administrativas oferecidas à sociedade, a edificação de uma administração local descentralizada, orientada para a satisfação das necessidades do cidadão,

(13)

Assim, foi aprovada a lei n° 08/2003 de 19 de Maio, que define o Distrito como unidade territorial principal de organização e funcionamento da administração local do Estado e base de planificação do desenvolvimento sócio-económico e cultural, tendo-se decidido alocar fundos de investimento aos Governos Distritais, chamados de Orçamento de Investimento de Iniciativa Local (OIIL), cumprindo-se assim com o preceito do Distrito como polo de desenvolvimento. O OIIL adptou o nome de “7 milhões”, pois inicialmente, cada distrito rural era atribuido 7 milhões de Meticais, independentemente das suas características económicas, demográficas e territoriais. No entanto, com vista a assegurar a materialização dos objectivos do Governo, especificamente no domínio da produção alimentar e geração de rendimento, garantindo a criação de postos de trabalho à nível local, em Junho de 2005, o Conselho de Ministros, juntamente com os governadores provinciais, decidiu transformar o OIIL em Fundo Distrital de Desenvolvimento (FDD). E, ao abrigo do disposto na alínea f) do no 1 do artigo 204 da Constituição da República, o Conselho de Ministros, criou, em cada distrito, o Fundo Distrital de Desenvolvimento (FDD), tutelado pelo Governador Provincial, através do Decreto 90/2009, de 15 de Dezembro.

De acordo com o Decreto no 90/2009, de 15 de Dezembro, o FDD é uma Instituição Pública, dotada de personalidade jurídica, autonomia administrativa e financeira, que funciona em cada distrito moçambicano, destinada à captação e gestão de recursos financeiros visando impulsionar o desenvolvimento e o empreendedorismo, na satisfação das necessidades básicas das comunidades locais, mediante a concessão de empréstimos reembolsáveis.

A contribuição do FDD, para a redução da pobreza rural é concretizada pela dinamização da actividade produtiva levada a cabo, maioritariamente, por pessoas pobres sem acesso ao crédito nos mercados financeiros, e estimula a participação comunitária e indivídual no desenvolvimento local. Os “7 milhões” são para a população que tem neste fundo a sua única alternativa para gerar comida, emprego e renda, reduzindo, assim, o nível de pobreza. (Guebuza 2009)

Para Forquilha (2010: 41-44), a iniciativa “7 Milhões” é um instrumento formal criado pelo Estado para atingir objectivos patentes em documentos estratégicos formais para a redução da pobreza, redução de assimetrias regionais, promover a participação activa dos cidadãos

Neste contexto, o presente estudo, visa essencialmente analisar o impacto sócio-económico deste fundo nos beneficiários da Localidade de Bandula, no período em referência, para conhecer a sua real contribuição no combate à pobreza, uma vez que apresenta baixo nível de reembolsos.

(14)

1.2 Justificativa

De forma teórica, o tema mostrará a contribuição do Fundo Distrital de Desenvolvimento na melhoria das condições de vida dos beneficiários da Localidade de Bandula e as razões do fraco índice dos reembolsos. De forma prática, a pesquisa estará centrada na busca de soluções que contribuirão para a elevação do índice dos reembolsos.

A escolha de Bandula deve-se ao facto de não se compreender a razão do baixo nível de reembolsos, visto que, a sua população é economicamente activa, pois a sua maioria, dedica-se ao comércio, agricultura comercial, extração de pedras para construção e pesca artesanal.

A razão da escolha do espaço temporal que compreende os anos de 2011 à 2013, deve-se ao facto de que no distrito de Manica, durante este período, a Localidade de Bandula, foi uma das Localidades que apresentou o índice mais baixo de reembolsos do Fundo Distrital de Desenvolvimento. No entanto, urge a necessidade de perceber junto do Governo Distrital, Estruturas Locais e dos beneficiários, as reais motivações que levam os mutuários a não honrarem com os seus compromissos, de modo a se estudar as possíveis soluções para minimizar a situação, e saber se a implementação dos projectos do Fundo Distrital de Desenvolvimento está de alguma forma a contribuir na melhoria das condições de vida dos beneficiários.

1.3 Objectivos do Estudo

1.3.1 Objectivo Geral

• Analisar o impacto sócio-económico do Fundo Distrital de Desenvolvimento nos beneficiários da Localidade de Bandula, Distrito de Manica.

1.3.2 Objectivos Específicos

• Analisar e conhecer o funcionamento do FDD no Distrito de Manica;

• Analisar e comparar as condições sócio-económicas dos beneficiários antes e depois da atribuição do Fundo Distrital de Desenvolvimento;

(15)

1.4 Definição do Problema

O problema central desta pesquisa é o fraco nível de reembolso dos projectos financiados no âmbito do Fundo Distrital de Desenvolvimento, na Localidade de Bandula, de 2011 à 2013.

1.4.1 Pergunta de Partida

No contexto do tema em estudo apresenta-se a seguinte questão: Será que o Fundo Distrital de Desenvolvimento está a contribuir para a melhoria das condições de vida dos seus beneficiários?

1.5 Hipóteses

Para a presente pesquisa foram definidas duas hipóteses, designadamente:

a) O Fundo Distrital de Desenvolvimento contribui para a melhoria das condições sócio-económicas dos beneficiários da Localidade de Bandula;

b) O fraco índice de reembolso deve-se ao facto do Fundo Distrital de Desenvolvimento não estar a contribuir na melhorai da vida dos seus beneficiários.

1.6 Delimitação do estudo

O presente trabalho, com o tema Análise do Impacto Sócio-Económico do Fundo Distrital de Desenvolvimento na Localidade de Bandula, circunscreve-se na Localidade de Bandula, situada no Posto Administrativo de Messica, Distrito de Manica, Província de Manica. A pesquisa abrange todos os intervenientes do FDD (Gestores, Conselhos Consultivos e Mutuários) e, centra-se na análise da sua contribuição na melhoria das condições económicas e sociais dos beneficiários dos anos de 2011 à 2013.

1.7 Limitações do Estudo

Uma vez que se pretendia obter informações reais e profundas sobre a razão do fraco nível dos reembolsos e da contribuição do FDD na melhoria das condições de vida dos mutuários, os beneficiários do FDD, sobretudo, os maiores devedores, receavam participar nas entrevistas, pois, pensavam que estivesse para explorar informações de modo a lhes levar à barra da justiça.

(16)

Contudo, foram observados todos os aspectos metodológicos, junto das Estruturas Locais para minimizar os efeitos destas limitações, a partir da convocação e realização de reuniões públicas para minha apresentação focalizando as motivos da pesquisa, nos oito povoados de Bandula.

CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Introdução

Para a materialização dos objectivos da pesquisa, fez-se a revisão da literatura que consistiu, no estudo de documentos que versam sobre o FDD ou à ele relacionados, sobretudo a Descentralização e Desconcentração em Moçambique, pois o FDD é fruto da Descentralização. Em seguida fez-se análise e discussão de diversos documentos que versam sobre o FDD, confrontando-os com os dados obtidos na pesquisa, para ter bases sólidas para elaboração do presente trabalho.

2.2 Revisão da Literatura Teórica

Lobo (1988:17), definiu descentralização como uma distribuição mais adequada de poderes financeiros e funcionais entre os níveis de governo, envolvendo predominantemente uma redistribuição de poder financeiro e político-institucional. O processo de descentralização estaria intimamente ligado a qualquer proposta de rearanjo do Estado, podendo ser descrito de forma mais ampla como um processo em que viesse a ocorrer a democratização do Estado e a promoção de maior justiça social.

Fernanda Faria & Ana Chichava (1999, p.5) definem a descentralização como a organização das actividades da administração central fora do aparelho do governo central podendo ser através de medidas administrativas e fiscais (que permitem a transferência de responsabilidades e recursos para agentes criados pelos orgãos da administração central) e medidas políticas (que permitem a atribuição, pelo governo central, de poderes, responsabilidades e recursos específicos para autoridades locais).

A partir dos anos 1980, período a seguir às independências africanas, o papel central que o Estado teve no processo de desenvolvimento, mudou significativamente, de Estado impulsionador do desenvolvimento para um Estado qualificado de parasita, dependente, neocolonial, patrimonial, disfuncional em matéria de desenho e implementação de políticas

(17)

públicas e de gestão dos processos ligados ao desenvolvimento. Foi neste contexto que muitos países da África, a partir dos anos 1980, com o financiamento de doadores internacionais, iniciaram programas de reforma do sector público.

O processo de descentralização e desconcentração em Moçambique são considerados pelo Governo, elementos fundamentais para melhorar a eficácia e eficiência da administração pública, da governação e da prestação de serviços ao cidadão. Assim, o Governo promulgou uma série de legislação com vista a implementar estes objectivos: Lei 8/2003, de 18 de Maio, que estabeleceu princípios e normas de organização, competências e funcionamento dos Órgãos Locais do Estado nos escalões de província, distrito, posto administrativo e de localidade, e Decreto nº 11/2005, de 10 de Junho, que aprovou o Regulamento da Lei dos Órgãos Locais do Estado. A Lei e o Decreto criaram as condições legais para a existência de orçamentos distritais, incluindo o Fundo Distrital de Desenvolvimento.

O FDD, foi instituído em 2006 com a designação de FIIL (Fundo de Investimento de Iniciativas Locais), quando o Governo decidiu alocar aos distritos uma verba de 7 milhões de meticais para o investimento em iniciativas locais. Os distritos receberam assim, pela primeira vez, em 2006, a coberto da Lei 12/2005 de 23 de Dezembro, um orçamento de 7 milhões de meticais que se veio a tornar um símbolo não só da crescente autonomia distrital mas, uma prova do empenho do Governo, não apenas com a descentralização e desconcentração, mas também na luta contra a pobreza e o desemprego. Os distritos passaram assim a ser vistos como os principais veículos do combate contra a pobreza, onde as estruturas locais, entre elas, os Conselhos Consultivos Distritais, deviam assumir uma posição chave no que se refere à selecção dos projectos a serem financiados pelo FDD.

O Fundo Distrital de Desenvolvimento é uma Instituição Pública, dotada de personalidade jurídica, autonomia administrativa e financeira, que funciona em cada distrito moçambicano, destinada à captação e gestão de recursos financeiros visando impulsionar o desenvolvimento e o empreendedorismo, na satisfação das necessidades básicas das comunidades locais, mediante a

concessão de empréstimos reembolsáveis. (Decreto no 90/2009, de 15 de Dezembro)

De acordo com o Decreto n˚ 90/2009, de 15 de Dezembro, o FDD tem o objectivo de financiar: i. Acções que visam estimular o empreendedorismo a nível local, beneficiando pessoas

(18)

ii. Actividades de produção e comercialização de alimentos,criação de postos de trabalhos permanentes ou sazonais, assegurando a geração de rendimento, e

Outras acções que visem melhorar as condições de vida, relacionadas com as actividades económicas e produtivas das comunidades.

2.2.1 Tipos de Descentralização

Segundo Brazão Mazula (1998) citado por Faria & Chichava, são considerados três tipos de descentralização, a saber:

• Descentralização administrativa ou desconcentração, nos casos em que a descentralização é feita sem implicar uma transferência definitiva de autoridade, poder de decisão e implementação da administração central para outros agentes fora dos orgãos centrais.

• Descentralização Política,quando a descentralização implica uma transferência final do poder de decisão e implementação da administração central para orgãos locais eleitos.

• Conjunto de Técnicas de Descentralizaçãodelegação, privatização e desregulação, quando a descentralização implica uma transferência limitada de poderes de decisão e implementacão da administração central para uma empresa ou agência do estado, ou uma transferência parcial de tais poderes para uma companhia privada ou comunitária.

Di Pietro, S, Maria ( 1997, Pg. 296) , divide a descentralização em política e administrativa. A descentralização política ocorre quando o ente descentralizado exerce atribuições próprias que não decorrem do ente central. A descentralização política decorre directamente da constituição independente da manifestação do ente central. A descentralização administrativa ocorre quando os entes descentralizados têm capacidade para gerir os seus próprios "negócios", mas com subordinação a leis postas pelo ente central.

De acordo com Haveri (1996), a descentralização administrativa apresenta-se de três formas, podendo ser territorial ou geográfica, por serviços, funcional ou técnica e por colaboração. A descentralização territorial ou geográfica é a que se verifica quando uma entidade local, geograficamente delimitada, é dotada de personalidade jurídica própria, de direito público, com capacidade jurídica própria e com a capacidade legislativa subordinada a normas emanadas do poder central. A descentralização por colaboração é a que se verifica por meio de contrato (concessão de serviço público).

(19)

O desenvolvimento local está associado, normalmente, a iniciativas inovadoras e mobilizadoras da colectividade, articulando as potencialidades locais nas condições dadas pelo contexto. Segundo HAVERI (1996), as comunidades procuram utilizar suas características específicas e suas qualidades superiores e se especializar nos campos em que têm uma vantagem comparativa com relação às outras regiões.

A Lei 8/2003 dá ao distrito o poder de planificar, orçamentar e implementar iniciativas locais e define-o como unidade territorial de planificação do desenvolvimento económico, social e cultural. Esta Lei constituiu a base para a transferência de uma maior responsabilidade e autonomia para os distritos, ao prever, não só uma desconcentração do Estado centralizado, mas também, pela primeira vez, considerou a integração das comunidades e das autoridades tradicionais.

O Decreto nº 11/2005, de 10 de Junho, que aprovou o Regulamento da Lei dos Órgãos Locais do Estado, estabelece no seu Artigo 100 que “Os Órgãos Locais do Estado devem assegurar a participação dos cidadãos, das comunidades locais, das associações e de outras formas de organização, que tenham por objecto a defesa dos seus interesses, na formação das decisões que lhes disserem respeito”, a ”consulta aos cidadãos realiza-se através de reunião, da criação de comités comunitários sobre qualquer assunto de interesse local”. As formas de organização consideradas são:

a) Conselho Local; b) Fórum Local;

c) Comités Comunitários; e d) Fundos Comunitários.

O Artigo 111 considera que Conselho Local é o órgão de consulta das autoridades da administração local, na busca de soluções para questões fundamentais que afectam a vida das populações, o seu bem-estar e desenvolvimento sustentável integrado e harmonioso das condições de vida da comunidade local, no qual participam também as autoridades comunitárias.

2.3 Revisão da Literatura Empírica

O Governo de Moçambique é o único, à nivel mundial, que alocou aos governos distritais fundos distritais de desenvolvimento, razão pela qual não existem estudos desta matéria ou similar de outros países. Contudo, outros países têm debatido o caso de Moçambique.

(20)

No “Encontro Internacional Participação, Democracia e Políticas Públicas: aproximando agendas e agentes”, promovido pela UNESP, de 23 à 25 de Abril de 2013, em Araraquara (SP), entre outros aspectos que influenciam negativamente no sucesso do FDD, foi notória a falta de pessoas especializadas para todas as áreas abarcadas pelo FDD na comissão técnica de avaliação de projectos, o que exige um esforço adicional do pessoal da comissão na avaliação dos projectos, sem nenhuma contrapartida em relação ao treinamento / formação nessas áreas. Outro aspecto relevante é a não aplicação integral dos instrumentos de gestão do FDD (Decreto 90/2009) por falta da disseminação ao nível local.

Neste encontro notou-se ainda a falta de recursos próprios do FDD (humanos, materiais e financeiros para todas as áreas) que permitam fazer acompanhamento permanente dos projectos em execução, visto que a maior parte destes localizam-se em zonas de difícil acesso.

Joana Manuel Matusse, no seu trabalho do Programa Pós-Graduação em Agroecologia e Desenvolvimento Rural na Universidade Federal de S. Carlos, fez a análise da implementação de projectos agrícolas do FDD no distrito de Chibuto, tendo chegado a seguinte conclusão:

a) A escolarização, a formação complementar, a assistência técnica, a produção em sistemas integrados, a diversificação da produção, a comercialização agrícola, o tamanho da propriedade, a fertilidade natural do solo, a disponibilidade de água para irrigação, o conhecimento das técnicas de produção, bem como a comercialização agrícola, contrubuiram para a obtenção duma renda satisfatória. Contudo, a pesar disso, os rendimentos da produção não são suficinetes para cobrir os custos de produção e comercialização, nem responder cabalmente a todas as necessidades incluindo as de amortização da dívida, tendo recomendado a extensão do período dos reembolsos.

Chico Francisco Faria, no seu trabalho do Programa Pós-Graduação em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, debruçou-se sobre o Planejamento Descentralizado no Contexto do Desenvolvimento Local em Moçambique: Um Estudo do Caso do Governo do Distrito de Namaacha (2006-2009), foi-lhe dito pelo senhor Venâncio Laita, Técnico de Planificação do Governo de Namaacha que:

• Dada a incapacidade dos Governos Distritais, muitas actividades realizadas nos distritos não são monitoradas nem avaliadas em termos de desempenho, eficácia, resultados obtidos, efectividade, controle de qualidade, custos e benefícios.

(21)

2.4 Revisão da Literatura Focalizada

O FDD, foi instituído em 2006 com a designação de FIIL (Fundo de Investimento de Iniciativas Locais), quando o Governo decidiu alocar aos distritos uma verba de 7 milhões de meticais para o investimento em iniciativas locais. Os distritos receberam assim, pela primeira vez, em 2006, a coberto da Lei 12/2005 de 23 de Dezembro, um orçamento de 7 milhões de meticais que se veio a tornar um símbolo não só da crescente autonomia distrital mas, uma prova do empenho do Governo, não apenas com a descentralização e desconcentração, mas também na luta contra a pobreza e o desemprego. Os distritos passaram assim a ser vistos como os principais veículos do combate contra a pobreza, onde as estruturas locais, entre elas, os Conselhos Consultivos Distritais, deviam assumir uma posição chave no que se refere à selecção dos projectos a serem financiados pelo FDD.

No entanto, segundo o informe sobre a implementação dos fundos descentralizados no distrito de Manica (2006/2013), dentre vários factores que influenciam negativamente no sucesso do FDD, destacam-se:

i. o baixo nível de reembolso;

ii. membros do conselho consultivo distrital que fazem parte de mutuários que não

amortizam as suas dívidas enfraquecendo assim outros mutuários;

iii. falta de subsídio ou incentivo aos gestores (Conselho Consultivo) e outros órgãos que fazem parte do processo de funcionamento do FDD, o que tem criado insatisfação no seio destes, visto que usam fundos próprios para participar nas actividades relacionadas com o Fundo, podendo assim fomentar a corrupção.

Todavia, muitas são as análises e os estudos que se fazem sobre a atribuição destes fundos como um recurso financeiro em que as comunidades locais podem recorrer para saírem da pobreza em que se encontram. Numerosas são as perspectivas e as contradições. Contudo, até hoje não existe nenhum estudo aprofundado, que tenha sido publicado, sobre o seu real impacto no país:

i. Quantos projectos;

ii. Quantos empregos permanentes criou;

iii. Quais entre os projectos aprovados, obtiveram realmente sucesso e quantos são eles,

(22)

Em suma, pode-se dizer que não existe uma avaliação exacta da aplicação e do impacto do FDD. Todas informações são extremamente gerais, não havendo uma análise objectiva dos dados apresentados nem do que eles de facto representam.

CAPITULO III: METODOLOGIA DA PESQUISA

3.1 Introdução

Segundo Lakatos & Marconi (1991), método é o conjunto de actividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar objectivos e ter conhecimentos válidos e verdadeiros, traçando o caminho a ser seguido detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.

Assim, para o alcance dos objectivos propostos no presente trabalho científico, fez-se a pesquisa documental e qualitativa ou exploratória, pois esta técnica utiliza um roteiro que estimula as pessoas a pensarem e falar livremente sobre algum tema, objecto ou conceito abrangendo aspectos subjectivos e motivações espontâneas.

3.2 Desenho de Pesquisa

No presente trabalho, foi usada a pesquisa qualitativa ou exploratória,. A pesquisa qualitativa é adequada para a obtenção de informação em relação ao que as pessoas almejam, creem e anseiam.

Quanto ao foco, a pesquisa qualitativa é multimetodológica e, envolve abordagens interpretativas e naturalistas dos assuntos. Isto significa que o pesquisador qualitativo estuda coisas em seu ambiente natural, tentando dar sentido ou interpretar os fenômenos, segundo o significado que as pessoas lhe atribuem (DENZIN & LINCOLN, 1994, p.2)

Segundo Santos (2000), a pesquisa documental é realizada em fontes como tabelas estatísticas, pareceres, fotografias, actas, relatórios, obras originais de qualquer natureza, diários, projectos de lei, depoimentos orais e escritos, cartas, correspondência pessoal ou comercial, discursos, mapas, inventários, notas, documentos informativos arquivados em repartições Públicas.

(23)

Neste caso, a pesquisa documental baseou-se na análise e discussão das informações escritas sobre o FDD na Localidade de Bandula, concretamente, o relatório anual do FDD, mapas de registo dos beneficiários, seus empréstimos e amortizações, sinteses dos Conselhos Consultivos, entre outras informações preponderantes. Quastionário aberto e semi-estruturado foi o critério usado na pesquisa qualitativa com vista a recolher informações complementares.

3.3 População em estudo

Livi-Bacci (1993), define a população como "um conjunto de indivíduos, constituído de forma estável, ligados por vínculo de reprodução e identificado por características territoriais, políticas, jurídicas, étnicas e religiosas." Assim sendo a população alvo deste estudo são as 29 pessoas beneficiárias do Fundo Distrital de Desenvolvimento na Localidade de Bandula, de 2011 à 2013.

3.4 Amostra da Pesquisa

As 29 pessoas beneficiárias dos projectos do Fundo Distrital de Desenvolvimento nos anos de 2011 á 2013, na Localidade de Bandula, compreendem o tamanho da amostra da pesquisa.

3.5 Método de Colecta de Dados

Realizou-se a pesquisa bibliográfica, documental, monográfica e de campo, que são mais adequados para a recolha da informação necessária para a análise em referência.

3.6 Colecta de Dados Primários

Foram questionados os 29 pessoas beneficiárias do FDD durante os três anos em análise. Posteriomente, e através de questionários semi-estruturados, o técnico do FDD afecto na Secretaria Distrital e os presidentes dos Conselhos Consultivos da Povoação, Localidade, Posto Administrativos e do Distrito, forneceram os dados primários que permitiram a análise em referência.

3.7 Colecta de Dados Secundários

Foram estudadas e analisadas as fontes bibliográficas que versam sobre o FDD (Leis, Decretos, manual de procedimentos, informes da implementação do FDD no distrito de Manica, actas dos

(24)

Conselhos Consultivos, entre outros documentos, incluindo a internet) para permitir uma análise exaustiva do caso.

3.8 Inquérito

Para tornar o processo de recolha de informação no campo mais flexível, eficaz, eficiente prático, de modo a fazer uma análise exaustiva, foram elaborados dois questionários, sendo um para os gestores do FDD e presidentes dos Conselhos Consultivos e outro exclusivamente para os 29 beneficiários do Fundo.

CAPITULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS

4.1 Localização Geográfica do Distrito de Manica

O Distrito de Manica localiza-se na região Central à Oeste da Província de Manica, com um formato alongado e estreito, caracterizado por cadeia montanhosa e um potencial de terras aráveis estimado em 200 mil hectares dos quais, só trinta mil são explorados pelo sector familiar que pratica agricultura em regime de consociação de culturas com base nas variedades locais e, em algumas regiões, com recurso à tracção animal e tractor. Limita-se à Norte pelo Distrito de Báruè, à Sul pelo Distrito de Sussundenga, à este pelo Distrito de Vanduzi e, à Oeste, em toda a sua extensão com a República do Zimbabwe. (Perfil do Distrito de Manica 2005).

Com uma superfície de 4.594km2 e uma população recenseada em 1997 de 155.731 habitantes e

estimada, à data de 1 de Janeiro de 2005, em 199.117 habitantes, o distrito de Manica tem uma densidade populacional de 43.3hab/km2. (Perfil do Distrito de Manica 2005).

4.2 Divisão Administrativa

O Distrito de Manica, tem quatro Postos Administrativos nomeadamente: Manica-Sede, Messica, Machipanda, e Mavonde. Os Postos Administrativos estã subdivididos em oito Localidades, que são: Cidade de Manica, Maridza, Muzongo, Bandula, Chinhambudzi, Nhaucaca, Mavonde- Sede e Chitunga. (Perfil do Distrito de Manica 2005).

(25)

4.3 Localização Geográfica e Divisão Administrativa da Localidade de Bandula

A Localidade de Bandula situa-se na parte este do Posto Administrativo de Messica, Distrito de Manica, limitando-se à norte com Posto Administrativo de Mavonde através do rio Mucombedzi, à sul com o distrito de Sussundenga, através do rio Revue, à Este com o distrito de Vanduzi, através do rio Nhacadunguira e a oeste com a Sede do Posto Administrativo de Messica, através do rio Messica.

A Localidade de Bandula possui oito Povoados (Bandula-Sede, Chimuandau, Mutiunango, Nova Revue, Garuzo, Ruaca, Chirodzoe Chicamba), com 17.093 habitantes (8474 homens e 8619

mulheres). Em cada Povoado existe, dois lideres, sendo um de Poder Administrativo (1o escalão)

e outro de Poder tradicional (2o escalão).

4.4 Clima e Hidrografia do Distrito

Segundo a classificação climática de Koppen (Ferro e Bouman, 1987), em Manica predomina o clima temperado húmido (cw). A região montanhosa de Manica regista valores médios anuais na ordem dos 1000 e 1020 mm de chuva, cuja repartição é desigual ao longo do ano, observando claramente a existência de duas estações bem destintas (estação chuvosa e seca). A estação chuvosa inicia em Novembro e termina em Abril. (Perfil do Distrito de Manica 2005)

4.5 Relevo e Solo do Distrito

O Distrito é constituido por uma cadeia montanhosa ocorrendo de sul a norte da Provincia numa faixa fronteiriça com o Zimbabwe constituindo o denominado “cartão de Zimbabwe”. Esta formação compreende especialmente basaltos, riolitos, e lavas alcalinas. A maior parte dos afloramentos formam cristas e cadeias montanhosas. Algumas montanhas chegam a atingir cerca de 1500- 2000 metros de altitude.

Os solos do distrito de Manica, mostram uma estreita relação com a geologia e o clima da região e são localmente modificados pela topologia e o regime hídrico. Os solos são desenvolvidos sobre materiais do soco do precâmbrio, rochas ácidas como granito e gnaisse.

(26)

4.6. Gestão e Funcionamento do Fundo Distrital de Desenvolvimento

O Fundo Distrital de Desenvolvimento é uma Instituição Pública, dotada de personalidade jurídica, autonomia administrativa e financeira, que funciona em cada distrito moçambicano, destinada à captação e gestão de recursos financeiros visando impulsionar o desenvolvimento e o empreendedorismo, na satisfação das necessidades básicas das comunidades locais, mediante a

concessão de empréstimos reembolsáveis. (Decreto no 90/2009, de 15 de Dezembro)

De acordo com o Decreto n˚ 90/2009, de 15 de Dezembro, o FDD tem o objectivo de financiar: i. Acções que visam estimular o empreendedorismo a nível local, beneficiando pessoas

pobres, mas economicamente activas e que não tem acesso ao crédito bancário;

ii. Actividades de produção e comercialização de alimentos,criação de postos de trabalhos permanentes ou sazonais, assegurando a geração de rendimento, e

iii. Outras acções que visam melhorar as condições de vida, relacionadas com as actividades

económicas e produtivas das comunidades.

Compete ao Governador Provincial homologar os planos anuais, autorizar a recepção dos donativos, autorizar a abertura de contas em nome do FDD em banco comercial, verificar os relatórios de actividades e de contas do FDD, promover inspeções regulares ao funcionamento do FDD e promover a consolidação, expansão e o desenvolvimento do fundo e as boas práticas de gestão participativa com transparência, equidade, eficiência e efetividade no quadro dos esforços para o desenvolvimento local e das comunidades. (Conselho de Ministros, 2009).

O Conselho do Fundo Distrital (CFD) constituído pelo Conselho Consultivo Distrital (CCD), o presidente do fundo que, por conseguinte, é o presidente do CCD e a Comissão Técnica de Avaliação de Projetos (CTAP) são órgãos constituintes do FDD com as seguintes funções: O CCD é o órgão deliberativo do FDD e aprova o programa anual de actividades e o respectivo orçamento, aprecia e aprova os projectos a financiar submetidos pela Comissão de Avaliação e Gestão dos Projetos, acompanha e monitora a implementação dos projectos financiados, aprova o plano dos reembolsos de acordo com o modelo emitido pelo Ministério da Planificação e Desenvolvimento e Ministério das Finanças, emite instruções e orientações para dinamizar as actividades do fundo, aprecia o balanço do exercício económico e financiamento anual, garante a recuperação dos financiamentos concedidos, aprova o relatório de contas do fundo e submete-o

(27)

ao Ministério de Economia e Finanças e ao Tribunal Administrativo e assegura o cumprimento das normas de funcionamento e procedimentos administrativos e financeiros.

O Presidente do Conselho Consultivo Distrital (CCD) convoca e preside as sessões do conselho, celebra contratos com os beneficiários cujos projectos foram aprovados pelo conselho, submete à aprovação do conselho os actos relacionados com o FDD, designa o chefe da comissão técnica de avaliação de projetos e representa o fundo. Cabe a Comissão Técnica de Avaliação de Projetos (CTAP) elaborar e submeter à aprovação do CCD o programa de actividades e o respectivo orçamento.

Compete ainda ao presidente do CCD, analisar, avaliar e emitir parecer sobre os pedidos de financiamento previamente apreciados nos Conselhos Consultivos de Localidade e de Posto Administrativo, submeté-los à aprovação do CCD, assegurar a gestão administrativa, financeira e técnica do FDD, organizar os processos e o cadastro dos beneficiários do FDD, elaborar e submeter à aprovação do CCD os relatórios de actividades e de contas e executar as deliberações tomadas pelo conselho consultivo distrital. (Conselho de Ministros, 2009).

O Conselho Consultivo da Povoação é composto por 10 elementos. O Conselho Consultivo da localidade é constituído por 20 membros (com um mínimo de 10 membros) com cerca de 30% de mulheres e 1/3 de autoridades comunitária das povoações. O Conselho Consultivo do Posto Administrativo é constituído por 40 membros (com um mínimo de 20 membros) e alguns destes membros são do Conselho Consultivo das localidades. O Conselho Consultivo Distrital é constituído por 50 membros (com um mínimo de 30 membros) e alguns destes membros são do Conselho Consultivo das localidades. Os funcionários públicos, membros do Conselho Consultivo do Posto Administrativo e Distrital não devem exceder 25%, respectivamente. O FDD é assistido sem remuneração adicional pela Comissão Técnica de Avaliação de Projetos. A assistência técnica ao FDD é assegurada pelos Serviços Distritais de Actividades Económicas e outras instituições especializadas do Governo Distrital sem ônus directo para o fundo e asseguram o aprimoramento técnico dos projectos aprovados, sua viabilização e sustentabilidade. As instituições privadas, associações, organizações não governamentais e outros grupos profissionais organizados podem prestar assistência técnica desde que solicitados pelo presidente do fundo. (Conselho de Ministros, 2009).

(28)

A Comissão Técnica de Avaliação de Projectos é a unidade que tem a responsabilidade de trabalhar directa e constantemente com os proponentes, fornecendo toda a informação necessaria para a instrução do processo de pedido de empréstimo e apoiar os proponentes no que for necessário.

De acordo com o manual de procedimentos do FDD (2011), constituem tarefas da CTAP: Assegurar a correcta implementação das actividades do FDD;

Fazer a divulgação das suas actividades;

Assegurar a tramitação e análise dos pedidos de empréstimo;

Emitir pareceres a serem submetidos ao Conselho Consultivo Distrital;

Elaborar os contratos dos pedidos de crédito aprovados para assinatura pelos intervenientes no processo;

Garantir o cumprimento dos contratos;

Fazer o acompanhamento, supervisão e monitoria dos projectos financiados; Fazer a gestão da carteira de crédito;

Propor alterações dos procedimentos assim como do manual de procedimentos; Propor também a tomada de medidas atempadas em relação aos projectos em risco; Apresentar regularmente os relatórios financeiros, da carteira de crédito e da actividade.

• Critérios de acesso aos recursos do Fundo Distrital de Desenvolvimento

De acordo com o manual de procedimentos do FDD (2011), o acesso aos recursos do FDD é determinado por um conjunto de critérios aplicáveis aos proponentes dos projectos e tipos de projectos, a saber:

a) Para individuos:

Ser residente na unidade territorial onde pretende implementar o projecto, confirmado pelas autoridades locais;

Possuir nacionalidade moçambicana;

Ser considerado idóneo pelas aoutoridades administrativas e comunitárias locais; Ter idade não inferior a 18 anos;

Possuir NUIT.

(29)

Estar legalmente registadas e com uma estrutura de organização e gestão consolidada observável a partir do núcleo central dos membros das associações;

Os membros devem ser residentes na unidade territorial onde se pretende implementar o projecto e com a residência confirmada pelas autoridades locais;

Operar no território onde se pretende emplementar o projecto; Ser constituida por cidadãos nacionais;

Possuir NUIT.

• Critérios de Elegibilidade dos Projectos

São financiáveis as acções que concorram para geração de emprego permanente ou sazonal, para produção de comida e geração de renda para os produtores e suas famílias. Os projectos elegíveis devem estar estritamente ligados ao desenvolvimento económico local com impacto no quadro do combate á pobreza e em sintonia com os Planos Estratégicos de Desenvolvimento do Distrito. São projectos prioritários a produção e comercialização, agro-pecuária, comércio, piscicultura, pesca, pequena indústria, agro-indústria, pequenos sistemas de processamento e o turismo rural de pequena escala. Projectos de produção de alimentos são todas as iniciativas cuja natureza final é o incremento de níveis de produção e produtividade, armazenamento de sementes melhoradas, fertilizantes, instrumentos de produção, insumos de pesca, conservação e aprovisionamento dos produtos alimentares, mediante o uso de tecnologias melhoradas e adequadas à realidade local. Projectos de geração de emprego são todas as iniciativas que concorrem para a criação de empregos sazonais e/ou permanentes, postos de trabalho e elevação da renda dos indivíduos, das famílias, das associações e das pequenas empresas locais.

Tabela n˚ 1. Lista indicativa de Projectos Elegíveis para financiamento

Projectos de Geração de Emprego Projectos de Produção de Comida

Carpintaria: kits para marceneiros e serração madeira Insumos agrícolas

Serralharia: kits para ferreiros, latoeiros Equipamento agrícola (juntas de bois, enxadas,

catanas, carroças, etc) Pequenas oficinas de reparação e manutenção:

bicicletas, motores, bombas de água, máquinas e

Construção de pequenos /médios silos para armazenamento de produtos agrícolas

(30)

equipamento agrícola, etc

Pequenos estaleiros: kits para o fabrico e

aproveitamento de materiais de construção civil

Tecnologias localmente apropriadas e de baixo custo para o processamento e conservação de produtos agrícolas

Pequenas pedreiras e exploração mineira artesanal: kits de ferramentas e instriumentos de trabalho

Criação de viveiros para a produção de mudas de fruta

Pesca: captura do pescado, processamento, conservação, comercialização e escoamento

Produção de fruteiras

Apicultura (kits) Piscicultura/ aquacultura

Criação de gado bovino e animais de pequena espécie e avicultura

Floricultura (insumos)

Panificação (fornos, tabuleiros) Sapataria (kits)

Alfaiataria (máquinas)

Fonte: Manual de procedimentos do FDD (2011, pg 7)

Tabela n˚ 2. Lista indicativa de Projectos não Elegíveis Produção de bebidas alcoólicas

Bolsas de estudo

Construção de infra- estruturas sociais ( postos de saúde, escolas, residências,estradas,etc) Reuniões, seminários e workshop

Aquisição de mobiliário Kits para caça

Aquisição de livros, materiais de informação, tecnologias de informação Aquisição de vestuário para o uso dos beneficiários, fardamento e outros fins Aquisição de meios circulantes (viaturas, motas, etc)

(31)

• Fontes de financiamento do Fundo Distrital de Desenvolvimento

a) De acordo com os artigos 1, 2 e 3 do Decreto 90/ 2009, de 15 de Dezembro, constituem fontes de financiamento do Fundo Distrital de Desenvolvimento:

As trasnferências provenientes do Orçamento do Estado;

Os reembolsos dos empréstimos concedidos e respectivos juros.

b) O FDD pode receber financiamento de fundos de fomentoo e donativos concedidos por instituições nacionais, devendo dar conhecimento prévio ao Governador Provincial;

c) O FDD pode receber donativos concedidos por instituições internacionais, com prévia anuência do Governador Provincial.

• Limites para financiamento de projectos e taxas de juros

Os limites para financiamento no âmbito do FDD variam segundo o sector de actividade e o tipo de beneficiário (associações ou indivíduos).

Tabela n˚ 3. Limites de financiamento por sector

Sector Limites de financiamento em Meticais Indivíduos Associações

Agricultura Até 200.000 Até 350.000

Pecuária Até 75.000 Até 350.000

Agro-processamento Até 200.000 Até 350.000

Pesca e Piscicultura Até 350.000 Até 350.000

Indústria Até 100.000 Até 200.000

Comércio Até 100.000 Até 150.00

Serviços Até 100.000 Ate 200.000

Turismo Até 100.000 Ate 130.000

(32)

• Monitoria e avaliação do Fundo Distrital de Desenvolvimento

O manual de procedimentos do FDD (2011), reza que a monitoria deve ser feita a dois níveis: a) Nível do próprio Fundo Distrital de Desenvolvimento: com vista a fazer o

acompanhamento do processo de sua implementação e,

b) Nível dos projectos: com vista a fazer o acompanhamento do ponto de situação dos projectos financiados.

O mesmo manual diz ainda que a monitoria cobrirá os três escalões envolvidos no fundo:

Nível Distrital: deve ser um acompanhamento permanente dos projectos financiados, de forma a verificar-se seu o ponto de situação, principais constrangimentos e propor medidas para a sua solução. Esta monitoria deverá envolver membros do Conselho Consultivo Distrital, membros da Comissão Técnica de Avaliação de Projectos e outras instituições afins, baseadas no Distrito.

Nível Provincial: a monitoria deve ser feita por equipas da Direcção Provincial do Plano e Finanças e para casos específicos poderá envolver outros sectores afins. Estas monitorias deverão ser feitas trimestralmente e em casos pontuais quando solicitados pelo Presidente do Fundo.

Nivel Central: a monitoria deve ser feita por equipas constituidas por técnicos do Ministério da Administração Estatal, da Planificação e Desenvolvimento e do Ministério das Finanças e técnicos de referência do FDD/OIIL coordenada com a província a ser visitada. Estas monitorias deverão ser feitas trimestralmente e em casos pontuais quando solicitados pelo Presidente do Fundo.

• Mecanismos de reembolso do Fundo Distrital de Desenvolvimento

O Manual de Procedimentos do FDD (2011, pg 16), reza que os beneficiários dos recursos do FDD deverão dentro dos prazos acordados para a amortização da dívida, fazê-lo por depósito ou transferência bancária para uma conta previamente indicada pelo FDD ou via entrega directa em numerário à entidade gestora do fundo. Se a amortização for feita por depósito ou transferência bancária o beneficiário deverá proceder a entrega ao FDD, do documento comprovativo dessa

(33)

operação e, em contrapartida, o FDD deverá, para todas as formas de reembolso, emitir e entregar ao beneficiário um documento que confirma a recepção do valor em causa.

Após a conclusão da amortização total da dívida, o FDD deverá emitir e entregar ao beneficiário a respectiva certidão de quitação. O beneficiário poderá renegociar o período de amortização do empréstimo com o FDD quando houver ocorrência de factores externos não controláveis pelo beneficiário. No caso de incumprimento dos prazos estabelecidos, será accionado o mecanismo legal, de acordo com o estabelecido no contrato.

4.6.1 Descrição dos dados da pesquisa

De seis à treze de Fevereiro de 2016, decorreu a pesquisa de campo nos seguintes locais:

i. Governo do Distrito de Manica: foram inqueridos o Presidente doConselhoConsultivo do

Distrito e o Técnico afecto no FDD;

ii. SDAE: inquerido o Director dos Serviços Distritais de Actividades Económicas (SDAE);

iii. Posto Administrativo de Messica: foi inquerido o presidente do Conselho Consultivo do

Posto Adminsitrativo (CCPA);

iv. Localidade Bandula:foi inquerido o presidente do Conselho Consultivo da Localidade;

v. Oito Povoados da Localidade de Bandula foram inqueridos:

Presidentes do Conselhos Consultivos do Povoado (CCP) e Líderes comunitários do Poder Tradicional. De salientar que os presidentes dos CCPs são líderes comunitários do Poder Administrativo.

Mutuários do FDD nos anos de 2011, 2012 e 2013. Estes foram inqueridos nos locais onde foram aplicados os fundos (banca fixa, machamba, moageira, panificadora) ou casa dos beneficiários

Para permitir a compreensão do funcionamento e dinâmica do FDD, com vista a facilitar uma análise exaustiva, a pesquisa iniciou com a realização de inquéritos semi-estruturados com os presidentes dos Conselhos Consultivos, Director do SDAE, líderes comunitários e o técnico afecto no FDD.Os inqueridos apresentaram documentos relacionados com fundo (relatórios,

(34)

informes, actas dos encontros dos Conselhos Consultivos, entre outros). Em seguida, foram inqueridos os mutuários.

Findo o inquérito, novamente, foram realizadas reuniões com os presidentes dos Conselhos Consultivos, Director do SDAE, líderes comunitários e o técnico afecto no FDD, baseadas na discussão dos dados colhidos, respectivamente, as respostas aos inquéritos e as informações contidas nos documentos apresentados pelos Conselhos Consultivos.

De acordo com o informe sobre a implementação dos fundos descentralizados no distrito de Manica, (2006/2013), entre 2011 à 2013, o distrito de Manica, recebeu 29.376.120,00Mt, tendo financiado 544 projectos. Deste valor, a Localidade de Bandula, recebeu 2.376.000,00Mt e financiou 29 projectos, sendo 21 projectos de geração de renda e 8 de produção alimentar, tendo obtido, uma taxa de reembolso abaixo de 30%.

4.6.2 Apresentação dos Dados Colhidos

Segundo os inqueridos (presidentes dos Conselhos Consultivos, director do SDAE e técnico do FDD), o FDD constitui uma forte alavanca para que a nível local se faça sentir os efeitos da descentralização que o Governo moçambicano almeja e se criem condições para o incremento do rendimento disponível dos cidadãos residentes nas zonas rurais, pois está criando oportunidades para que as comunidades rurais melhorem as suas condições de vida. Em suma, os inqueridos disseram que, quase em toda a Localidade de Bandula notam-se os resultados do FDD, pois:

i. Grande parte dos beneficiários da àrea de produção alimentar,compraram sementes

melhoradas, motobombas, juntas de bois para tração animal, bem como outros insumos e instrumentos agrícolas, aumentando assim a sua produção e produtividade;

ii. A instalação de moageiras para farinação de milho diminuiram as distâncias percorridas,

sobretudo pelas mulheres à procura de moageiras;

iii. Há dinamização de comércio de produtos da primeira necessidade pois, as bancas fixas potenciadas pelo FDD já vendem produtos alimentares e a preços acessíveis, em toda época do ano;

(35)

v. A população já participa de forma activa na promoção de iniciativas locais e na busca de soluções para os problemas locais;

vi. Os Conselhos Consultivos Locais fortaleceram-se na planificação participativa desde o nivel distrital até ao nível da Povoação;

vii. Estão aumentando casas e bancas melhoradas, isto é, construidas por material local (tijolo queimado) e cobertas de chapas de zinco;

viii. Os beneficiários estão comprando meios de transporte como é o caso de motorizadas.

Contudo, segundo o informe sobre a implementação dos fundos descentralizados no distrito de Manica (2006/2013), o fraco nível dos reembolsos está a influenciar negativamente no sucesso do FDD. Para minimizar a crise, de acordo com os inqueridos, em 2015, o Governo Distrital alocou uma viatura ao Posto Administrativo de Messica. Por outro lado, a Localidade de Bandula afectou uma técnica ao FDD.

Os 29 beneficiários inqueridos afirmaram com unanimidade que o FDD está a contribuir significativamente para o seu desenvolvimento sócio-económico, pois os valores do empréstimo impulsionaram os seus negócios, o que reflecte no melhoramento das suas condições de vida. Ora vejamos depoimentos de alguns mutuários:

(...) O FDD mudou muito a nossa Localidade... ja conseguimos produzir alimentos em grandes quantidades, para o sustento da Localidade e aumentar a renda familiar com a venda desses produtos...com ajuda de pessoas que empregamos. A nossa dieta alimentar também mudou...já conseguimos guardar o nosso rendimento, o que não faziamos antes da iniciativa (...)1

(...) A iniciativa tem vantagem porque noto mudança na minha vida, consigo sustentar minha familia, melhorei a casa, comprei gado para tracção animal (...).2

1Entrevista a Senhora Sofia Miquissene, beneficiária, Lider Comunitaria de Bandula – sede, 04/ 02/ 2016 2

(36)

(...)O FDD tem vantagem, porque graças a esse fundo os meus filhos estudam sem problemas, um formou-se na ADPP. Graças à iniciativa, melhorei a casa e a cobertura é de chapas de zinco... o meu projecto beneficiou a comunidade porque já não percorre longas distâncias para comprar produtos de primeira necessidade. Do empréstimo que recebi, paguei apenas 4 prestações por investi o lucro (....)3

(...)O FDD tem vantagem, porque quando recebi o fundo eu não tinha nada, com o rendimento consegui comprar 2 cabeças de gado para tracção animal, comprei sofás e um terreno para construir uma casa melhorada e já tenho todo o material de construção. A nossa alimentação melhorou, o projecto mudou a nossa localidade porque diminuiu a distância que percorriam para comprar produtos de primeira necessidade... com o rendimento abri outro negócio: venda de carne.Do empréstimo que recebi já devolvi na totalidade (...)4

“Com a iniciativa, a nossa vida melhorou muito, comprei gado para tracção animal, motorizada para transporte e a dieta alimentar, em casa

também mudou muito.”5

(...) Com o FDD consegui matricular minha filha na escola profissional de Machaze... consigo satisfazer as preocupações da casa (...).6

(…) Com o rendimento do FDD consegui melhorar as condições de vida em casa, antes comiamos mal mas graças ao fundo a nossa alimentação mulhorou... comprei motorizada para transporte, roupa para as crianças e cabeças de gado para ajudar a aumentar as áreas de produção (...)7

﴾....﴿ A iniciativa é muito importante visto que contribui de certa maneira para a melhoria das condições de vida dos beneficiários e de todos os que

3Entrevista a Senhora Lurdes Filipe, beneficiária do povoado de Chirodzo, 06/02/2016

4Entrevista ao Senhor Castigo Domingos Campeão, beneficiário Bandula-Sede, 05/02/2016

5 Entrevista ao Senhor António Chandida, beneficiário do povoado de Chirodzo,06/02/2016

6Entrevista a Senhora Maria José Tesoura, beneficiária do Povoado de Chirodzo, 06/02/2016

(37)

vivem nas zonas em que os projectos são implementados, pois através do lucro conseguem, construir casas melhoradas, compra de mobiliário diverso, custear a escola dos filhos, meios de transporte, compra de vestuário para a família, a dieta alimentar adequada, chapas de zinco para cobertura da casa, gado bovino para tracção animal.(...)8

(...)Através do fundo, consigo comprar material escolar e roupa para as crianças, comprei um televisor e gerador, visto que a localidade não tem energia electrica... com o meu projecto de panificação, a comunidade ficou beneficiada porque antes comprávamos pão em Manica ou Chimoio, mas com esta iniciativa a comunidade toda compra aqui (...)9

Todavia, dois dos 29 beneficiários do FDD, não conseguiram prosseguir com os seus negócios. Ambos faliram por má gestão de fundos. O primeiro dedicava-se a carpintaria e o segundo à farinação de milho, de acordo com os depoimentos:

(...) O FDD ajuda acabar a pobreza, mas eu tive azar, caí no negócio as mobílias que eu fazia eram compradas com preço baixo e caí... agora estou a partir pedras para vender e pagar pouco pouco a minha dívida. (....)10 (...) Comprei moageira e comecei a trabalhar bem, mas avariou. A peça é muito cara. Assim vendo pedras a reembolsar e a guardar dinheiro para comprar a peça (...)11

4.7 Análise e interpretação dos dados apresentados

As respostas aos inquéritos, os depoimentos e o estágio actual das machambas dos beneficiários, provam claramente que a iniciativa veio dinamizar a agricultura, pois os mutuários abandonaram a agricultura de subsistência passando a praticar agricultura comercial. A agricultura mecanizada, tracção animal, sementes e insumos agrícolas melhorados, rega à gravidade ou por

8Entrevista ao Presidente do CCP de Chicamba e beneficiário do FDD,08/02/2016

9Entrevista a Senhora Belita Juliasse, beneficiária de Bandula-Sede, 13/02/2016 10Entrevista feita ao SenhorElias Pedro,beneficiário, Bandula-Sede,05/02/2016 11

(38)

motobombas permitiram oaumento de produção e produtividade. Os seus produtos deixaram de ser vendidos nas suas machambas à preços baixos, mas sim são escoados para os mercados da cidade de Manica e ou de Chimoio onde são comercializados à preços competitivos. A população local já não desloca à Messica, Manica ou Chimoio à procura de hortícolas ou cereais.

Não há dúvidas de que o comércio melhorou substancialmente na Localidade de Bandula, pois os mutuários reabilitaram as suas bancas e apetracharam-nas com mercadorias (produtos de primeira necessidade) que outrora, por exiguidade de fundos, comercializavam apenas de Janeiro à Junho e em pequenas quantidades. As panificadoras passaram a fabricar pães em quantidades desejáveis e a fornecer o mercado local que dependia das Cidades de Manica e de Chimoio.Os que adquiriram moageiras, instalaram-nas em lugares estratégicos, minimizando as distâncias que eram percorridas à procura destes serviços.

4.8 Impacto do FDD na vida dos beneficiários e na Localidade de Bandula

Os dados acima expostos, mostram claramente que o FDD está a contribuir significativamente no desenvolvimento sócio-económico dos beneficiários bem como da Localidade de Bandula, satisfazendo assim os objectivos pelos quais foi criado.

Dos 29 beneficiários, 27 continuam a desenvolver os seus projectos, melhorando cada vez mais as suas condições de vida. Com o rendimento estão a sustentar as suas famílias, melhorando a dieta alimentar e nutricional, a construir e a reabilitar suas casas, apetrechando-as com mobiliário diverso e electrodomésticos, a comprar meios de transporte (motorizadas e bicicletas).

Alguns beneficiários matricularam os seus filhos nas Escolas Técnicas e no Ensino Superior, na cidade de Chimoio e em Machaze, sustentando-as com os rendimentos dos seus projectos.

De salientar que dos 29 projectos financiados na Localidade de Bandula (2011 – 2013), 21 são de geração de renda sendo: (04 projectos de avicultura, 02 projectos de moageiras e outros tipos de maquinetas e 15 projectos de comércio) e 8 projectos de produção alimentar (cultura de ciclo anual e plurianual).

(39)

4.9 Situação dos reembolsos

Os dados colhidos no campo, sobretudo com os beneficiários, mostram que eles têm noção de que o valor é um empréstimo reembolsável, contudo estão mais preocupados em melhorar as suas condições de vida com os rendimentos do que amortizar as suas dívidas. Entre vários, as razões abaixo concorreram para o baixo nível dos reembolsos:

• Até meados de 2015, as cobranças eram da responsabilidadde do distrito. No entanto, dada a insuficiência de técnicos do fundo, os mutuários faziam os seus pagamentos na cidade de Manica, o que não lhes incentivava devido a longa distância a percorrer;

• Falta de meios de transporte, sobretudo motorizadas para fazer acompanhamento dos projectos nas zonas de difícil acesso;

• Falta de técnicos à nível da Localidade para fazer acompanhamento e cobranças;

• Falta de vontade de efectuar pagamentos por parte dos beneficiários, investindo cada vez mais o valor do empréstimo (todos compraram bois para tracção animal);

• Falência de dois dos 29 projectos por má gestão.

No entanto, há necessidade do Governo Distrital potenciar a Localidade de Bandula com meios de transporte e pessoal técnico para fazerem face às cobranças bem como o acompanhamento dos projectos financiados.

Referências

Documentos relacionados

[r]

Não obstante a reconhecida necessidade desses serviços, tem-se observado graves falhas na gestão dos contratos de fornecimento de mão de obra terceirizada, bem

Esta dissertação pretende explicar o processo de implementação da Diretoria de Pessoal (DIPE) na Superintendência Regional de Ensino de Ubá (SRE/Ubá) que

A presente dissertação é desenvolvida no âmbito do Mestrado Profissional em Gestão e Avaliação da Educação (PPGP) do Centro de Políticas Públicas e Avaliação

De acordo com o Consed (2011), o cursista deve ter em mente os pressupostos básicos que sustentam a formulação do Progestão, tanto do ponto de vista do gerenciamento

After the eval- uation of the influence of each modification of the surfaces on the internal air temperatures and energy consumption of the compressor a final test was done with

Médias seguidas da mesma letra minúscula, em cada agrupamento de colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey 5% de probabilidade.. Médias mm do teste de comprimento das