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Os Quatro Relatos do Evangelho

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Academic year: 2021

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E

stamos iniciando um estudo dos quatro primeiros livros do Novo Testamento, que são denominados segundo seus autores:

Mateus—um ex-cobrador de impostos e um apóstolo de Jesus.

Marcos—o João Marcos do Livro de Atos, um jovem pregador da era apostólica.

Lucas—o Dr. Lucas, que acompanhou Paulo em várias de suas viagens missionárias, incluindo a via-gem a Roma.

João—um ex-pescador e o apóstolo “amado”. Posteriormente, analisaremos os Livros de Ma-teus, Marcos, Lucas e João individualmente, mas, por ora, vamos analisá-los como um todo.

QUATRO RELATOS DE UMA HISTÓRIA Os Livros de Mateus, Marcos, Lucas e João são geralmente chamados de “os quatro Evangelhos”, mas na verdade eles são quatro relatos de um evan-gelho.

Os três primeiros livros são geralmente chama-dos de “Evangelhos sinóticos”. “Sinótico” é uma combinação da palavra grega equivalente a “junto” com uma palavra que significa “ver”. “Sinótico” sig-nifica portanto “ver junto”. Os três primeiros livros são denominados “Evangelhos sinóticos” porque apresentam visões semelhantes de Jesus. Todos eles provavelmente foram escritos antes da destruição de Jerusalém em 70 d.C.

 O termo “Evangelhos” tem sido usado com referência

aos quatro primeiros livros do Novo Testamento desde o segundo e terceiro séculos. Prefiro a expressão “relatos do evangelho”, mas não faço objeção a que se use “Evangelhos” como um termo técnico.

O Livro de João é às vezes chamado de “Evan-gelho autótico [visão própria]” porque ele pressu-põe uma visão um tanto diferente dos demais. O relato de João provavelmente foi escrito depois dos outros três, por volta do ano 90 d.C., perto do fim do primeiro século.

POR QUE QUATRO RELATOS?

Por que Deus nos deu quatro livros que compre-endem o mesmo período e a mesma história? Nas Escrituras, outros períodos são abarcados por mais de um livro (muitos acontecimentos de  Samuel a  Reis também são relatados em  e  Crônicas), mas é raro haver quatro relatos da mesma história.

No começo da história da igreja, especulou-se o motivo de haver quatro relatos. Uma suposição era que “quatro é o número [simbólico] de homem”. Não sabemos por que Deus optou por esse número específico, mas o fato dEle ter inspirado vários rela-tos indica várias coisas:

Quatro relatos mostram como a história de Jesus é importante.

Quatro relatos reforçam a necessidade de se autenticar a história de Jesus. Moisés disse que “pelo depoimento de duas ou três testemunhas, se estabe-lecerá o fato” (Deuteronômio 9:5b; grifo meu). Quatro testemunhos é um número ainda melhor.

Quatro relatos revelam a natureza multiface-tada de Jesus. Um só escritor provavelmente jamais Lhe faria justiça.

Na Galeria Nacional de Londres há uma tela com três representações de Carlos I. Numa ele tem a cabeça voltada para a direita; noutra,

 A palavra “autótico” também pode transmitir a idéia

de uma testemunha ocular.

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LIVRO PRINCIPAL-ESCRITO MENTE PARA APRESENTA JESUS COMO ÊNFASE ESPECIAL DO LIVRO APELO ESPECIAL DE HOJE PROPÓSITO FINAL

MATEUS JUDEUS Rei

Jesus como o Messias; Seu ensino, Seu reino, Sua autoridade Ao estudante da

Bíblia PROMETIDOSalvador

MARCOS ROMANOS Servo

As atividades de Jesus, milagres para ajudar as pessoas A pessoa comum, o homem de negócios Salvador PODEROSO

LUCAS GREGOS Filho do Homem A humanidade perfeita de Jesus

Ao erudito, pensador, idealista, que procura a verdade Salvador PERFEITO

JOÃO CRENTES Filho de Deus A divindade de Jesus A todas as pessoas PESSOALSalvador Levar as pessoas a conhecer o SAL

VADOR

UMA BREVE COMPARAÇÃO DOS RELATOS DO EVANGELHO

para a esquerda, e na do centro ele está olhan-do para frente. Esta é a história dessa produção. Van Dyck pintou-as para o escultor romano Ber-nini, a fim de que ele pudesse modelar um bus-to do rei. Combinando as impressões dos três quadros, Bernini pôde criar uma imagem real, que um quadro somente não lhe permitiria pro-duzir.

Pode ser que o objetivo dos Evangelhos fos-se algo assim também. Cada um deles aprefos-senta um aspecto diferente da vida terrena do nosso Senhor. Juntos, dão-nos um retrato completo. Ele era Rei, mas também era o Servo Perfeito. Ele era o Filho do homem, mas não devemos esque-cer-nos de que era o Filho de Deus.

COMPARANDO OS QUATRO RELATOS Todos os quatro relatos possuem o mesmo propósito básico—revelar Jesus—mas cada um foi escrito de um ponto de vista levemente diferente, como que apelando para um público um pouco di-ferente. O quadro abaixo compara os quatro relatos do evangelho.

 Henrietta C. Mears, Estudo Panorâmico da Bíblia. São

Paulo: Editora Vida, 98, pp. 06–07.

 Veja um exemplo da elaboração de um relato para

pú-blicos diferentes nos três relatos da conversão de Paulo no Livro de Atos: em Atos 9 o relato foi escrito para os leitores

Tudo indica que Mateus estava escrevendo pri-meiramente para os judeus. Ele citou mais de cem passagens do Antigo Testamento e usou termos fa-miliares aos judeus, como “filho de Davi” (Mateus :). Ele representou Jesus como um Rei que veio para estabelecer o Seu reino; a palavra “reino” apa-rece cinqüenta e cinco vezes no livro. Ele colocou uma ênfase especial em Jesus como o Messias e es-creveu sobre Seus ensinos, Seu reino e Sua autori-dade5.

Diferentemente de Mateus, Marcos parece ter escrito para um público não-judeu. Ele eliminou as-suntos de pouco interesse para os gentios, como as genealogias. Quando mencionou a tradição judaica,

de Lucas; em Atos  ele era parte da defesa de Paulo peran-te os judeus de Jerusalém; em Atos 6 ele era parperan-te do ser-mão de Paulo em Cesaréia, o qual se destinava basicamente ao rei Agripa. Simon Kistemaker fez este comentário sobre os dois últimos desses relatos: “Desse mesmo incidente [sua conversão], [Paulo] escolheu sabiamente palavras diferentes e enfatizou aspectos diferentes no esforço de levar o evange-lho a toda parte…” (Simon Kistemaker, Comentário do Novo

Testamento de Atos. São Paulo: Editora Cultura Cristã, s.d.,

s.p.).

5 Serão fornecidas informações adicionais sobre os

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ele geralmente a explicou. Muitos escritores pensam que Marcos estava se dirigindo a um público roma-no6; às vezes ele usou expressões latinas em histórias em que outros escritores usaram expressões gregas. Segundo Clemente de Alexandria (ca. 50–5 d.C.), Marcos recebeu um pedido de cristãos de Roma para que registrasse a vida de Cristo conforme ele a ouvira de Pedro7. Marcos parece ter se preocupado mais com o que Jesus fez do que com o que Ele en-sinou. Ele apresentou Jesus como um Servo, Aquele que ajudou os outros (Marcos 0:5). Enfatizou os milagres de Jesus porque, neles, pode-se ver o amor e o cuidado do Senhor pelas pessoas.

Assim como Marcos, Lucas parece ter escrito para um público não-judeu. Todavia, enquanto o relato de Marcos parece direcionado a pessoas com formação romana, o relato de Lucas parece ter sido escrito para os intelectuais, os estudantes. Muitos concluem que Lucas tinha em mente um público grego. O relato de Lucas apresenta Jesus como “o Fi-lho do Homem” (Lucas 9:0) e coloca ênfase espe-cial na Sua humanidade perfeita.

O relato de João provavelmente foi escrito de-pois dos outros três e tem a sua própria ênfase espe-cial. Diante dos conceitos errôneos que têm surgido relativos à natureza de Jesus, causando confusão en-tre os crentes. João apresentou Jesus como “o Filho de Deus” (João 0:) e ressaltou Sua divindade.

Poderíamos dizer que Mateus faz um apelo es-pecial hoje aos estudantes da Bíblia e Marcos faz um apelo especial às pessoas comuns, incluindo os homens de negócios, enquanto Lucas faz um apelo especialmente aos eruditos, pensadores, idealistas e os que procuram a verdade. Por outro lado, João foi chamado de “o Evangelho universal”, apelando para todas as pessoas em todos os tempos.

Além disso, poderíamos dizer que o propósito de Mateus é apresentar Jesus como o Salvador pro-metido; Marcos, o Salvador poderoso; Lucas, o Salva-dor perfeito e João, o SalvaSalva-dor pessoal. Em se fazendo tais distinções, porém, não devemos perder de vista o fato de que o propósito final de cada livro é o mes-mo: levar todos os homens a um conhecimento de Jesus que os salve!

6 Veja a lição “O Livro de Marcos”.

7 Referência feita em John Franklin Carter, A Layman’s

Harmony of the Gospels (“Harmonia dos Evangelhos de um

Leigo”). Nashville: Broadman Press, 96, p. 5.

O QUE OS QUATRO RELATOS COMPREENDEM

O termo “biografia” é às vezes aplicado aos rela-tos do evangelho, mas, no sentido estrito da palavra, esses quatro livros não são biografias: são “narra-tivas didáticas”. (“Didático” vem de uma palavra grega e significa basicamente “ensino”.) Aqui estão algumas razões por que dizemos que os relatos não são na realidade biografias:

Eles não visam abranger toda a vida de Je-sus. Os primeiros trinta anos formam quase uma lacuna, enquanto mais de um terço do texto dos quatro relatos concentra-se em um único aconteci-mento (a morte de Jesus). Não temos nenhum regis-tro de algum acontecimento na vida de Jesus entre a idade de doze e trinta anos. Se alguém estivesse escrevendo a história da minha vida e deixasse de fora esse período, não haveria nenhuma indicação de como conheci minha esposa ou por que decidi ser pregador, e nenhum registro do meu casamento, do início do meu trabalho, ou do nascimento dos meus filhos. Seria um projeto biográfico realmente estranho!

Embora os relatos utilizem basicamente uma abordagem cronológica—nascimento, infância, batismo, ministério, morte e ressurreição—a crono-logia nem sempre foi importante para os escritores. Eles geralmente agruparam os acontecimentos para enfatizar determinadas verdades.

Nenhum dos escritores descreveu a aparên-cia física de Jesus. Que biógrafo já deixou de fazer isto?

Uma vez que os quatro livros são narrativas didáticas sem excessiva preocupação com a crono-logia, não é fácil encaixar os quatros relatos numa única narrativa (uma “harmonia”). Todavia, como mencionamos antes, a tentativa pode ter algum va-lor. O quadro a seguir nos dá uma idéia da contri-buição de cada um dos quatro livros para a história geral de Jesus.

Observemos que os relatos sinóticos apresen-tam basicamente o mesmo material, enquanto o relato de João apresenta sobretudo material adicio-nal. Mesmo quando engloba o mesmo período, João geralmente apresenta informações diferentes das de Mateus, Marcos e Lucas. O relato de João omite o nascimento, o batismo e a tentação de Jesus, o ser-mão do monte, todas as parábolas, a transfiguração, a instituição da ceia do Senhor e a agonia no Get-sêmani—fatos esses todos descritos nos Evangelhos sinóticos.

Além da morte, sepultamento e ressurreição de Jesus, somente alguns acontecimentos são

mencio-)

)

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O MATERIAL COMPREENDIDO NOS RELATOS DO EVANGELHO

Esboço Básico da Vida de Cristo Sinóticos

JOÃO MATEUS MARCOS LUCAS

I. PERÍODO DO NASCIMENTO E INFÂNCIA

A. Pré-existência

B. Genealogia, nascimento e infância II. PERÍODO DE PREPARAÇÃO

A. Infância

B. O ministério de João Batista C. Batismo e tentação

III. PERÍODO DE OBSCURIDADE A. Ministério inicial na Galiléia B. Ministério inicial na Judéia

IV. PERÍODO DO GRANDE MINISTÉRIO NA GALILÉIA

A. Cinco sub-períodos

B. Visita a Jerusalém durante este período

V. PERÍODO DE ENCERRAR O MI-NISTÉRIO EM TODAS AS PARTES DA PALESTINA

A. Ministério posterior na Judéia

B. Ministério na Peréia ? ? Citado

C. Viagem a Jerusalém Citado

VI. PERÍODO DA ÚLTIMA SEMANA Incluindo a crucificação

VII. PERÍODO DE QUARENTA DIAS Ressurreição a ascensão

Mais de

 cap. Quase 9 cap. Cerca de 5 cap.

Pouco mais de  cap. Jerusalém 8 caps.  ½ caps. 5 caps. 7 caps.

nados em todos os quatro relatos. Quando os quatro livros falam de um acontecimento, isso é digno de nota; esse acontecimento deve ter uma importância especial.

VARIAÇÕES NOS QUATRO RELATOS Quando se começa a idealizar uma harmonia do evangelho, logo fica visível que há variações entre os relatos do mesmo acontecimento. Como essas va-riações podem ser explicadas?8

8 Observamos anteriormente que no Livro de Atos,

Lu-cas deu três relatos da conversão de Saulo (Atos 9; ; 6). John Stott comentou sobre isto: “O estudo de como um único autor (Lucas) conta a mesma história de maneiras diferentes nos ajudará a entender como os três evangelistas sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) também poderiam contar as mes-mas histórias de maneiras diferentes” (John R. W. Stott, ed. A

Na maioria dos casos, um relato simplesmen-te complementa um outro relato. Consideremos a história da unção de Jesus em Betânia. No relato de Mateus (Mateus 6:6–), Jesus estava em Betânia, na casa de Simão, o leproso, quando uma mulher anônima chegou com um recipiente contendo um perfume precioso e ungiu Jesus—fato esse que re-sultou na desaprovação dos discípulos de Jesus. O relato de Marcos (Marcos :–9) é quase o mesmo, mas alguns detalhes são acrescentados: o perfume era nardo puro, a mulher quebrou o recipiente, e o perfume valia trezentos denários9. O relato de João

Mensagem de Atos. Série A Bíblia Fala Hoje. São Paulo: ABU

Editora, s.d., s.p.).

9 Um denário equivalia ao salário de um dia de um

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(João :–8) fornece outros detalhes, incluindo os seguintes: Jesus estava num banquete oferecido em Sua homenagem; Marta estava servindo a refei-ção; Lázaro também era um convidado de honra; a mulher que ungiu Jesus era Maria, irmã de Marte; e quem iniciou a crítica foi Judas Iscariotes. Esses detalhes obviamente não são contraditórios, e sim complementares.

Já observamos que quando testemunhas forne-cem detalhes complementares, isto não tira o crédi-to do seu testemunho, pelo contrário, estabelece sua veracidade.

O Dr. [Henry] Van Dyke disse: “Suponhamos que quatro testemunhas comparecessem peran-te um juiz para depor sobre certo aconperan-tecimento e cada uma delas usasse as mesmas palavras. O juiz, provavelmente, concluiria, não que o teste-munho delas era de valor excepcional, mas que a única coisa certa, sem sombra de dúvida, é que haviam concordado em contar a mesma histó-ria. Todavia, se cada uma tivesse contado o que tinha visto e como o tinha visto, aí então a prova seria digna de crédito. E quando lemos os quatro Evangelhos, não é exatamente isso que aconte-ce? Os quatro evangelistas contaram a mesma história, cada qual a seu modo”.0

Em alguns casos, porém, os detalhes não são simplesmente complementares; pelo contrário, eles são diferentes. A ordem dos acontecimentos pode não ser a mesma, personagens diferentes podem ser mencionados, ou dados numéricos podem variar. Por exemplo, observe a história de Jesus curando um ou mais cegos perto de Jericó. No relato de Ma-teus (MaMa-teus 0:9–), Jesus estava saindo de Jericó e dois homens foram curados. No relato de Lucas (Lucas 8:5–), Jesus estava chegando a Jericó e só um cego é mencionado. Como explicar diferenças como essas? Aqui estão algumas possibilidades:

Algumas variações nos detalhes existem por causa das diferentes ênfases dos escritores. No exemplo acima, Lucas colocou o holofote em cima de um cego somente, mas isso não elimina a possi-bilidade de que dois cegos estivessem presentes e tivessem sido curados.

As diferenças nos detalhes podem existir porque os escritores estavam registrando mentos semelhantes, mas não um mesmo aconteci-mento. F. LaGard Smith observou:

Às vezes é… difícil julgar se dois acontecimen-tos parecidos realmente ocorreram duas vezes ou se houve apenas um acontecimento que foi

0 Mears, p. 5.

 No relato de Marcos (Marcos 0:6–5), só um cego é

curado (Bartimeu).

)

)

registrado num contexto um pouco diferente por um escritor diferente. Exemplos desse pro-blema são a purificação do templo e os lamentos por Jerusalém.

Pode parecer haver contradições quando não possuímos todos os fatos do caso. Em relação ao exemplo acima, tem-se sugerido que havia a ve-lha Jericó e a nova cidade de Jericó. Dessa forma, o incidente poderia ter ocorrido quando Jesus saiu de uma e entrou na outra. Aqueles que afirmam haver contradições estão admitindo uma falta de conheci-mento.

Pode parecer haver contradições porque não entendemos alguma coisa a respeito do texto original. Por anos, céticos alegaram que havia uma contradição no Antigo Testamento relativa a um pagamento que foi feito: um relato referia-se ao pa-gamento como uma certa quantia enquanto outro relato dava um valor diferente. Posteriormente, ar-queólogos descobriram que havia dois sistemas de se avaliar os metais preciosos naquela época; pro-vavelmente um escritor referiu-se a um sistema de valores enquanto o outro se referiu a outro sistema. De tempos em tempos, a arqueologia lança novas luzes sobre o texto.

À medida que prosseguirmos na história de Je-sus, observaremos algumas das “diferenças” mais divulgadas entre os relatos e apresentaremos possí-veis sugestões de como conciliar as variações.

SEMELHANÇAS NOS QUATRO RELATOS Uma vez que cremos na inspiração das Escritu-ras ( Timóteo :6, 7), são as variações nos relatos do evangelho que nos interessam. Todavia, muitos eruditos estão interessados nas semelhanças entre os relatos do evangelho—especialmente Mateus, Marcos e Lucas. Esses homens referem-se ao “pro-blema sinótico” e debatem longamente por que os três livros são tão semelhantes: por que os escritores usam às vezes uma linguagem semelhante ou até idêntica. Eles se empenham na solução de questões como estas: “Um escritor teria copiado de outro?”; “Os escritores copiaram de uma fonte comum?”

Confesso que sou pouco solidário com a perple-xidade desses homens estudados. Essas semelhan-ças seriam o resultado natural de todos os livros serem inspirados por um Autor comum, o Espírito Santo. Assim como nos tempos do Antigo Testa-mento, “homens santos falaram da parte de Deus,

 F. LaGard Smith, The Narrated Bible in Chronological

Order (“Bíblia Narrada em Ordem Cronológica”). Eugene,

Oreg.: Harvest House Publishers, 98, p. 5.

)

(6)

movidos pelo Espírito Santo” ( Pedro :). Para aquele que tem fé na inspiração das Escrituras, a Autoria comum de todos os quatro livros resolve de uma vez por todas o suposto “problema sinótico”.

OS QUATRO RELATOS SÃO CONFIÁVEIS! Os relatos de Mateus, Marcos, Lucas e João da vida de Jesus são considerados parte do Novo Testa-mento inspirado, desde os primórdios da igreja—e só esses quatro relatos foram incluídos no cânone.

Com exceção de algumas narrações fragmentá-rias [encontradas em outros livros do Novo Tes-tamento], as crônicas autênticas da Sua vida [de Jesus] estão contidas somente nos quatro Evan-gelhos, o de Marcos e o de Mateus, o de Lucas e o de João, que desde o mais primitivo período da sua história são considerados canônicos pela cristandade. Embora tivesse havido muitos ou-tros Evangelhos que pretendiam narrar fatos da Sua vida que não estão registrados nos famosos quatro, esses evangelhos apócrifos são

geral-mente de data tardia e não merecem confiança. Contêm poucas descrições que não sejam uma repetição do conteúdo dos Evangelhos canôni-cos, e muito do que acrescentam é obviamente fantasista e lendário. Além disso, a sua lingua-gem denuncia que foram escritos para apoiar as opiniões de alguma seita particular….5

Ao iniciar este estudo sobre a vida de Cristo, é importante nos conscientizarmos de que podemos confiar nos quatro relatos.

Um dos maiores advogados norte-ameri-canos do passado foi Simon Greenleaf, que es-creveu uma das obras mais importantes sobre a lei das provas já escritas em língua inglesa. Seu

 Em toda esta série, assumiremos que o Espírito Santo

inspirou Mateus, Marcos, Lucas e João a escreverem o que eles escreveram. Às vezes, afirmaremos isto; às vezes não. Sempre que se afirmar que um dos escritores do evangelho “disse” isto ou aquilo, deve-se entender que ele o disse por

inspiração.

 “Apócrifo” significa “oculto”. Conforme o uso atual,

implica “a questionável autoria e autenticidade”.

5 Merrill C. Tenney, O Novo Testamento, Sua Origem e

Análise. São Paulo: Edições Vida Nova, 97, p. 7.

livro A Treatise on the Law of Evidence (“Tratado sobre a Lei das Provas”) só foi superado no as-sunto aproximadamente um século depois. Ele foi publicado até a décima sexta edição. Quan-do já era um advogaQuan-do maduro, aos sessenta e três anos, apenas sete anos antes de sua morte, Simon Greenleaf publicou um volume em que examinou o testemunho dos quatro evangelis-tas em favor de Jesus Cristo. Ele usou as mes-mas leis de provas empregadas nos tribunais de justiça no mundo civilizado. Disse ele: “Nossa profissão nos leva a explorar os labirintos da fal-sidade, a detectar seus artifícios, a penetrar suas cortinas mais finas, a seguir e expor seus sofis-mas, a comparar as afirmações de testemunhas diferentes com seriedade, a descobrir a verdade e separá-la do erro”. Nesse livro, que contém 5 páginas, Simon Greenleaf chegou à conclusão de que os Evangelhos são absolutamente confiáveis e que os quatro evangelistas não poderiam ter mentido sobre Jesus Cristo, pois o testemunho deles soa verdadeiro.6

Mateus, Marcos, Lucas e João são exatamente o que eles alegam ser: relatos verdadeiros da maior vida já vivida! Podemos confiar nossas vidas—e nossa eternidade—a esses livros. Paulo disse isto da seguinte maneira: “Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para sal-var os pecadores” ( Timóteo :5a).

Nota Para Professores

E Pregadores

Você precisará estar familiarizado com o esboço básico da vida de Cristo que se encontra no quadro da página , “O Material Compreendido Nos Rela-tos Do Evangelho”.Existem muitas maneiras de se fazer um esboço da vida de Cristo, mas esse é o mais simples e melhor. Se quiser, copie-o num cartaz para exibir à classe. Também pode incentivar os alunos a memorizarem esse esboço.

6 John Phillips, Exploring the Scriptures (“Explorando as

Escrituras”). Londres: Victory Press, 965, pp. 89–90.

Referências

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