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Coordenação-Geral de Tributação

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Coordenação-Geral de Tributação

Solução de Consulta nº 472 - Cosit Data 22 de setembro de 2017

Processo

Interessado

CNPJ/CPF

ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO - II

ACORDO INTERNACIONAL. BRASIL/BOLÍVIA. ISENÇÃO. CONDIÇÕES.

Os equipamentos necessários para pesquisa conjunta e para projetos experimentais ao amparo do Acordo Básico de Cooperação Técnica, Científica e Tecnológica firmado entre Brasil e Bolívia estão isentos do Imposto de Importação.

Dispositivos Legais: Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966; Decreto

Legislativo nº 1, de 9 de janeiro de 1998; Decreto Legislativo nº 496, de 17 de julho de 2009; Lei nº 9.716, de 26 de novembro de 1998; Decreto nº 4.445, de 28 de outubro de 2002; e Decreto nº 7.030, de 14 de dezembro de 2009.

ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS - IPI

ACORDO INTERNACIONAL. BOLÍVIA. ISENÇÃO. CONDIÇÕES. Os equipamentos necessários para pesquisa conjunta e para projetos experimentais ao amparo do Acordo Básico de Cooperação Técnica, Científica e Tecnológica firmado entre Brasil e Bolívia estão isentos do Imposto sobre Produtos Industrializados na importação.

Dispositivos Legais: Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966; Decreto

Legislativo nº 1, de 9 de janeiro de 1998; Decreto Legislativo nº 496, de 17 de julho de 2009; Lei nº 9.716, de 26 de novembro de 1998; Decreto nº 4.445, de 28 de outubro de 2002; e Decreto nº 7.030, de 14 de dezembro de 2009.

ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP

ACORDO INTERNACIONAL. BOLÍVIA. ISENÇÃO. CONDIÇÕES. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP-IMPORTAÇÃO.

Os equipamentos necessários para pesquisa conjunta e para projetos experimentais ao amparo do Acordo Básico de Cooperação Técnica, Científica e Tecnológica firmado entre Brasil e Bolívia estão isentos da contribuição para o PIS/PASEP-Importação.

Dispositivos Legais: Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966; Decreto Legislativo nº 1, de 9 de janeiro de 1998; Decreto Legislativo nº 496, de 17

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de julho de 2009; Lei nº 9.716, de 26 de novembro de 1998; Decreto nº 4.445, de 28 de outubro de 2002; e Decreto nº 7.030, de 14 de dezembro de 2009.

ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE

SOCIAL - COFINS

Os equipamentos necessários para pesquisa conjunta e para projetos experimentais ao amparo do Acordo Básico de Cooperação Técnica, Científica e Tecnológica firmado entre Brasil e Bolívia estão isentos da COFINS-Importação.

Dispositivos Legais: Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966; Decreto Legislativo nº 1, de 9 de janeiro de 1998; Decreto Legislativo nº 496, de 17 de julho de 2009; Lei nº 9.716, de 26 de novembro de 1998; Decreto nº 4.445, de 28 de outubro de 2002; e Decreto nº 7.030, de 14 de dezembro de 2009.

ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO

PROCESSO DE CONSULTA. INEFICÁCIA PARCIAL.

É ineficaz a consulta na parte em que não identifique o dispositivo da legislação tributária e aduaneira sobre cuja aplicação haja dúvida, e na parte em que o fato questionado encontre-se disciplinado em ato normativo publicado antes de sua apresentação.

Dispositivos Legais: IN RFB nº 1.396, de 2013, art. 18, incisos II e VII.

Relatório

A pessoa jurídica acima qualificada formula consulta acerca da legislação tributária aplicável a certas importações e exportações que pretende realizar sob amparo de Acordo de Cooperação Técnica, Científica e Tecnológica firmado entre o Brasil e a Bolívia. 2. Conforme narra a petição, os mencionados países, depois de firmarem o Acordo inserido na ordem jurídica interna pelo Decreto n° 4.445, de 28 de outubro de 2002, celebraram um outro, de Cooperação Técnica, Científico e Tecnológica, objetivando o desenvolvimento do setor elétrico, mediante financiamento de equipamentos e de projetos de pesquisa.

3. Subsequentemente, o Ministro das Minas e Energia expediu a Portaria n° 308, de 12 de setembro de 2013, dispondo sobre o aproveitamento racional de equipamentos de geração de energia elétrica, mediante cessão deles, em regime de comodato, à Bolívia. Trata-se de três turbinas geradoras de energia adquiridas pela pessoa jurídica consulente em 1987 e 1996, com os benefícios fiscais então aplicáveis à Amazônia Ocidental.

4. Mas, antes de remete-las àquele país, a consulente deverá importar algumas peças necessárias à conversão das máquinas, de óleo combustível em que operam, para gás natural. Deverá também enviar para recuperação no exterior dois componentes de uma das turbinas que serão cedidas em comodato.

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5. As dúvidas suscitadas giram em torno do tratamento aduaneiro aplicável a tais operações de comércio exterior, assim resumidas na peça inicial:

1) importação de peças e componentes;

2) transferência de turbinas, por ela adquiridas em 1987 e 1996, com beneficio fiscal em razão da destinação do bem, situados no estado de Rondônia, para a Bolívia; e

3) retorno dos referidos bens para a [empresa] após o término do prazo da cessão em comodato.

6. Quanto à primeira e a última operações, a consulente entende que, em face da isenção prevista no art. 4º do citado Acordo internalizado pelo Decreto n° 4.445, de 2002, elas não sofrem incidência de tributos sobre o comércio exterior. Para a segunda, a sua leitura é que a remessa das turbinas à Bolívia não acarretará a exigibilidade dos impostos que deixaram de ser recolhidos à época de sua importação para a Amazônia Ocidental.

7. Contudo, verificou-se faltar ao pedido alguns dos elementos indispensáveis de instrução arrolados nos arts. 3º a 6º da Instrução Normativa RFB nº 1.396, de 16 de setembro de 2013. Notificada a suprir as lacunas, a consulente agregou informações e reformulou as questões anteriormente apresentadas (fls. 56 a 68), as quais passaram a constar nestes termos:

1) Considerando que as novas aquisições serão destinadas à

conversão/recuperação das turbinas da Usina Térmica, posteriormente encaminhada à Bolívia, em cumprimento ao Acordo Internacional firmado, utilizando a presunção de legalidade e a legitimidade das leis e atos normativos, bem como do artigo 98 do Código Tributário Nacional, é possível o entendimento de que a importação de peças e equipamentos deverão ser efetuados com a isenção de tributos, tendo em vista o disposto no artigo 4º do Decreto 4.445/2002 e dando-se uma interpretação teleológica ao dispositivo, apesar do mesmo se referenciar ao termo "taxas de importação e/ou exportação"?

2) Relativamente aos componentes que serão enviados ao exterior para execução do serviço de overhaul e posterior retorno ao Brasil, é correto afirmar que não haverá incidência de tributos nas operações de remessa e retorno ao país, inclusive PIS e COFINS-Importação, haja vista os ditames da legislação da exportação temporária e do enquadramento na remessa para conserto? Poderá ser realizada a operação de exportação temporária, com base nos artigos 431 e 432 do Decreto 6.759/2005 c/c art. 33 e 36 da IN RFB 1.361/2013, para a execução do serviço de overhaul no exterior (não incidência tributária)?

3) No que refere às aquisições realizadas em 1987 e 1996, sua remessa à Bolívia será isenta de tributação, com base no disposto no artigo 4º do Decreto 4.445/2002, cumulado com o artigo 98 do CTN, tendo em vista que o citado dispositivo determina o afastamento das taxas de impostação e/ou exportação? 4) Ainda em relação a remessa dos bens adquiridos com isenção em 1987 e 1996 à Bolívia, é notória a contradição existente entre os dispositivos legais. O Decreto Lei 288/67, art. 3º, §3°, bem como o art. 505, § 4°, do Decreto 6.759/09, prevêem a possibilidade de exportação das mercadorias, ainda que usadas, com manutenção da isenção. Já os artigos 509, 510, 525 e 528 do Decreto 6.759/09 utilizam-se do termo suspensão, exigindo o recolhimento dos tributos não recolhidos na aquisição, quando da saída dos bens da área incentivada. Dessa forma, pergunta-se, qual entendimento deve prevalecer? A saída para o exterior

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implicará na exigência dos tributos não recolhidos quando da aquisição dos bens? Em caso positivo, serão exigidos os tributos, mesmo tratando-se de operação de comodato?

5) Relativamente ao prazo mínimo de permanência do bem na área incentivada para afastamento da exigência fiscal referente aos impostos que deixaram de ser recolhidos na importação dos bens, quanto ao II, não há previsão expressa no Decreto 6.759/09, nas hipóteses de isenção vinculada a destinação do bem (artigos 132 a 135 do Decreto 6.759/09). No que tange ao IPI, o artigo 244, §1°, do mesmo Decreto, estabelece o prazo de três anos. Já o artigo 84 do Decreto 7.212/10 dispõe que a remessa de produtos à área incentivada far-se-á com suspensão do imposto até sua entrada naquela área, quando então se efetivará a isenção de que trata o art. 81, III. Ao tratar sobre as áreas de livre comércio, art. 95, determina a isenção de produtos de procedência estrangeira oriundos da Zona Franca de Manaus para ali serem consumidos ou utilizados. Ao contrário, o artigo 86 apenas prevê a conversão da suspensão em isenção dos produtos consumidos na região. Diante da divergência, questiona-se, após o decurso de cinco anos da aquisição do bem, os impostos não recolhidos quando da sua aquisição deixam de ser exigíveis, na saída dos bens para áreas não incentivadas?

6) Entendendo-se que na saída dos bens adquiridos com isenção tributária da área incentivada, deverão ser recolhidos todos os tributos incidentes na aquisição, qual será sua base de cálculo? O artigo 134 do Regulamento Aduaneiro determina a exigência do imposto partir da data de registro da correspondente declaração de importação. O artigo 510 também prevê o pagamento dos impostos que deixaram de ser recolhido no ingresso na região, mesmo estando o bem obsoleto ao processo produtivo da empresa, admitindo, contudo, a redução da base de cálculo o valor atual do bem. Considerando se tratarem de bens importados em meados dos anos 90 e que estão totalmente depreciados, fundamentado no Despacho da ANEEL que os declarou como bens inservíveis, qual será a base de cálculo desses impostos? Destaca-se que os bens já foram depreciados em sua totalidade.

7) Considerando a determinação legal de guarda de documentos fiscais pelo prazo prescricional, bem como o prazo prescricional de 5 anos para exigência de tributos, a [empresa] não mais dispõe das notas fiscais e declarações de importação referente a esses bens, em decorrência do longo período decorrido da sua aquisição. Considerando a omissão da legislação acerca da hipótese, qual documento deverá ser apresentado à aduana para remessa dos bens à Bolívia?

8) Segundo o que está regulamentado pelo artigo 588 do Regulamento Aduaneiro, para a exportação de bens, o exportador deverá emitir a Declaração de exportação a qual deverá estar instruída com a 1ª via da Nota Fiscal e o original do conhecimento internacional de carga. Essas exigências também são aplicáveis aos casos de remessa ao exterior por comodato?

9) Tendo em vista a determinação de conversão das turbinas movidas a óleo combustível para gás natural, o que implicará na substituição de alguns de seus componentes que deverão ser adquiridos pela [consulente], e considerando a hipótese de que novas aquisições deverão ser tributadas (operação de importação), como deverão ser identificadas as partes novas (já tributadas na aquisição e não tributadas na remessa ao exterior a título de comodato) e as antigas, caso entenda ser devida a cobrança dos impostos isentos à época da aquisição (dúvida sobre a decadência do prazo de cobrança do II e IPI)?

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10) Quanto ao prazo de exportação temporária a título de comodato, é correto o entendimento de que poderá ser prorrogado pelo período de 20 anos, tendo em vista o prazo previsto em acordo entre os Estados do Brasil e Bolívia, conforme exegese dos artigos 432, parágrafo único e 437 do Regulamento Aduaneiro c/c arts. 33, 34 e 36 da IN RFB 1.361/2013? Sendo possível, é necessário requerimento prévio à autoridade aduaneira?

11) Caso haja uma definição posterior pela cessão em definitivo, se a esses bens tiver sido dado o tratamento de exportação temporária, é possível afirmar que não haverá cobrança de tributos, com base no decurso do prazo decadencial? O questionamento encontra amparo nas divergências entre os diversos dispositivos citados no questionamento de número 5.

Fundamentos

8. Inicialmente, importante ressaltar que o instituto da consulta à Administração Tributária sobre a interpretação da legislação tributária está previsto nos arts. 46 a 53 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, nos arts. 48 a 50 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, e disciplinado nos arts. 88 a 102 do Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011, e na Instrução Normativa RFB nº 1.396, de 2013, destinando-se a conferir segurança jurídica ao sujeito passivo tributário acerca da forma de cumprimento de obrigações tributárias principais ou acessórias.

9. Nesse contexto, a consulta sobre a interpretação da legislação tributária não se presta a ratificar informações ou classificações fiscais prestadas ou a atestar fatos declarados pela consulente, sendo as análises feitas com base nas afirmações apresentadas, reservando-se sempre à administração tributária o direito de, caso necessário, averiguar no caso concreto a realidade dos fatos.

10. O ponto de partida para a resposta à primeira questão é a análise do art. IV, 1, do Acordo Básico de Cooperação Técnica, Científica e Tecnológica entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da Bolívia, firmado pelas Partes, em Fortaleza, em 17 de dezembro de 1996, aprovado pelo Decreto Legislativo nº 1, de 1998, e promulgado pelo Decreto nº 4.445, de 2002, matriz legal da isenção tributária em foco. Reza o dispositivo que as “As Partes Contratantes acordam que os equipamentos necessários para pesquisa conjunta e

para projetos experimentais ao amparo do presente Acordo, não devem ser afetados por taxas de importação e/ou exportação”.

11. Por se tratar de acordo internacional firmado pelo Brasil, faz-se necessário para a análise seguir as regras contidas na Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (CVDT), aprovada pelo Decreto Legislativo nº 496, de 17 de julho de 2009, e posteriormente promulgada por meio do Decreto nº 7.030, de 2009, visto que dispõem sobre a interpretação dos tratados. De início, deve-se destacar o artigo 2º, 1, “a”, que dispõe:

“a) “tratado” significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica”

12. Vê-se que o termo “tratado” abrange todos os tipos de acordos internacionais existentes celebrados por escrito, entre Estados e regido pelo Direito Internacional, independentemente de sua denominação específica.

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13. Os artigos 31 e 32 da CVDT merecem ser aqui destacados, pois trazem regras concernentes à interpretação dos tratados:

Regra Geral de Interpretação Artigo 31

1. Um tratado deve ser interpretado de boa-fé e segundo o sentido comum atribuível aos termos do tratado em seu contexto e à luz de seu objetivo e finalidade.

2. Para os fins de interpretação de um tratado, o contexto compreenderá, além do texto, seu preâmbulo e anexos:

a) qualquer acordo relativo ao tratado e feito entre todas as partes em conexão com a conclusão do tratado;

b) qualquer instrumento estabelecido por uma ou várias partes em conexão com a conclusão do tratado e aceito pelas outras partes como instrumento relativo ao tratado. 3. Serão lavados em consideração, juntamente com o contexto:

a) qualquer acordo posterior entre as partes relativo a interpretação do tratado ou à aplicação de suas disposições;

b) qualquer prática seguida posteriormente na aplicação do tratado, pela qual se estabeleça o acordo das partes relativo à sua interpretação;

c) quaisquer regras pertinentes de Direito Internacional aplicáveis às relações entre as partes.

4. Um termo será entendido em sentido especial se estabelecido que essa era a intenção das partes.

Meios Suplementares de Interpretação Artigo 32

Pode-se recorrer a meios suplementares de interpretação, inclusive aos trabalhos preparatórios do tratado e às circunstâncias de sua conclusão, a fim de confirmar o sentido resultante da aplicação do artigo 31 ou de determinar o sentido quando a interpretação, de conformidade com o artigo 31:

a) deixa à sentido ambíguo ou obscuro; ou

b) conduz a um resultado que é manifestamente absurdo ou desarrazoado.

13.1. Além disso, o art. 26 da CVDT estatui a obrigatoriedade de respeito ao princípio de direito internacional conhecido como pacta sunt servanda, segundo o qual o tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido por elas de boa-fé, in verbis:

Artigo 26 Pacta sunt servanda

Todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido por elas de boa fé.

14. Depreende-se que a CVDT em seu art. 31 consagra a primazia do sentido comum dos termos empregados no texto que deve ser alcançado dentro do contexto do tratado, que compreende também seu preâmbulo e anexos, levando-se sempre em conta o objetivo e a finalidade da norma. Para confirmação do sentido encontrado segundo os meios previstos no art. 31, há permissão no art. 32 para recorrer a meios suplementares de interpretação.

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15. Analisado de forma isolada, cabe interpretar que o art. IV, 1, do Acordo adota o termo “taxa” no estrito sentido de “espécie do gênero tributo”, nos termos do art. 5º do Código Tributário Nacional, Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, e por conseguinte, mantém exigíveis os demais tributos que efetivamente gravam as operações de comércio exterior entre as Partes Contratantes. Todavia, há que se investigar se atribuir tal sentido ao termo está em consonância com a finalidade e objetivo previstos no Acordo.

16. O Acordo foi firmado pelas Partes contratantes com o objetivo de elaborar e executar, de comum acordo, programas e projetos de cooperação técnica, científica e tecnológico, segundo dispõe o seu art. I, 1, sendo o envio de equipamento indispensável à realização de projetos específicos, um dos meios de execução previstos no art. II, 2.

17. À luz do objetivo do Acordo, pode-se inferir que a interpretação do termo “taxa” como espécie de tributo não produz o efeito pretendido, pois são os demais tributos incidentes na importação que possuem expressividade nas operações de comércio exterior. Além disso, em 1996, época em que foi firmado o Acordo de Cooperação, não havia sequer a Taxa de Utilização do Sistema de Comércio Exterior (Siscomex), que foi instituída posteriormente com a edição da Medida Provisória nº 1.725, de 1998, convertida na Lei nº 9.716, de 1998.

18. Não obstante, pode-se cogitar a utilização do termo “taxas” no sentido de “taxa aduaneira” de que trata o glossário ALADI (endereço eletrônico http://www.aladi.org/nsfaladi/vbasico.nsf/vbusquedap/3A28A40369BF9DE5032574A2005C3 704) e que correspondente ao pagamento por serviços de armazenagem, manuseio, etc. O que também não traduz o sentido correto do termo, pois envolve serviços de natureza não pública. 19. Destarte, tendo em vista os fins previstos no Acordo de Cooperação Técnica, Científica e Tecnológica entre o Brasil e a Bolívia, e por observância do princípio pacta sunt

servanda, conclui-se que o termo “taxas” constante do art. IV, 1, foi empregado com a

conotação de “tributos” de forma a alcançar os seguintes tributos: Imposto de Importação (II), Imposto sobre produtos industrializados (IPI), Impostos de Exportação (IE), a Contribuição para o PIS/Pasep na Importação (PIS/Pasep-Importação) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins-Importação).

20. A segunda questão consiste em saber se os componentes adquiridos com benefício regional poderão ser remetidos ao exterior para conserto mediante o regime de exportação temporária de que cuidam os arts. 431 e 432 do Regulamento Aduaneiro, veiculado pelo Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009, assim como os arts. 33 e 36 da Instrução Normativa RFB nº 1.361, de 21 de maio de 2013, revogada pela Instrução Normativa RFB nº 1.600, de 14 de dezembro de 2015, que atualmente dispõe sobre a aplicação dos regimes aduaneiros especiais de admissão temporária e de exportação temporária.

21. Verifica-se, no entanto, que a consulente se ocupou em alinhar argumentos e disposições legais em abono do regime de exportação temporária pretendido, mas não cuidou de informar este dado essencial: qual teria sido a dificuldade interpretativa acerca do tema questionado. Pois não basta mencionar textos legais atinentes à matéria; é impositivo que a consulta aponte aqueles cuja compreensão quer-se ver aclarada.

22. Tal lacuna de instrução configura a hipótese de ineficácia arrolada no inciso II do art. 18 da Instrução Normativa RFB nº 1396, de 2013:

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Art. 18. Não produz efeitos a consulta formulada:

II - em tese, com referência a fato genérico, ou, ainda, que não identifique o dispositivo da legislação tributária e aduaneira sobre cuja aplicação haja dúvida; (...)

23. A terceira questão – se a remessa dos bens adquiridos em 1987 e 1996 à Bolívia enquadra-se na isenção prevista no Acordo Internacional – encontra resposta nas observações feitas à primeira, acerca do sentido e alcance do art. IV, 1 do Acordo de Cooperação.

24. Indaga a consulente na quarta questão apresentada se, ao exportar os bens adquiridos com isenção para utilização na Amazônia Ocidental, estará obrigada ao pagamento dos tributos contemplados no benefício regional. A matéria está disciplinada no § 3º do art. 3º do Decreto-Lei nº 288, de 1967, incluído pela Lei nº 11.196, de 2005.

25. Casos assim, para os quais a legislação de regência oferece resposta literal, configuram a hipótese de ineficácia consignada no inciso VII do art. 18 da precitada IN RFB 1.396, de 2013, a dizer que não produz efeitos a consulta formulada “quando o fato estiver

disciplinado em ato normativo publicado na Imprensa Oficial antes de sua apresentação”.

26. Ainda com relação aos bens importados em 1987 e 1996 com a isenção do II e IPI estatuída no art. 3º do Decreto nº 288, de 1967, indaga a consulente, na quinta questão apresentada, se a retirada deles da área incentivada acarretará a exigibilidade dos impostos objeto do benefício regional. A explanação construída pela consulente não apresenta qualquer vinculação entre os termos e condições estabelecidos no Acordo em comento e a saída dos bens da área incentivada. Além disso, cumpre ressaltar que os termos e condições para a transferência de propriedade ou a cessão de uso de bens importados com isenção estão expressamente regulamentada nos arts. 124 a 135, 244, 257 e 258 do Decreto nº 6.759, de 2009, não restando provado pela consulente relação direta com o caso determinado. Nestes termos, observa-se que o fato narrado está definido em disposição literal da legislação de regência da matéria e, portanto, configura hipótese de ineficácia consignada no inciso VII do art. 18 da precitada IN RFB 1.396, de 2013.

27. A sexta pergunta, nos mesmos termos da questão anterior, questiona sobre fato narrado está definido disposição literal da legislação de regência da matéria e, portanto, configura hipótese de ineficácia consignada no inciso VII do art. 18 da precitada IN RFB 1.396, de 2013. As bases de cálculo do imposto de importação e do imposto sobre produtos industrializados, nos termos dos arts. 75 e 239 do Decreto nº 6.759, de 2009, são:

Art. 75. A base de cálculo do imposto é (Decreto-Lei nº 37, de 1966, art. 2º, com a redação dada pelo Decreto-Lei nº 2.472, de 1988, art. 1º, e Acordo sobre a Implementação do Artigo VII do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio - GATT 1994 - Acordo de Valoração Aduaneira, Artigo 1, aprovado pelo Decreto Legislativo

no 30, de 15 de dezembro de 1994, e promulgado pelo Decreto nº 1.355, de 30 de

dezembro de 1994):

I - quando a alíquota for ad valorem, o valor aduaneiro apurado segundo as normas do Artigo VII do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio - GATT 1994; e

II - quando a alíquota for específica, a quantidade de mercadoria expressa na unidade de medida estabelecida.

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Art. 239. A base de cálculo do imposto, na importação, é o valor que servir ou que serviria de base para cálculo do imposto de importação, por ocasião do despacho aduaneiro, acrescido do montante desse imposto e dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou dele exigíveis (Lei nº 4.502, de 1964, art. 14, inciso I, alínea “b”).

28. Ao expor a sétima questão, a consulente parte da premissa de que o despacho de exportação dos bens à Bolívia deve ser instruído com as respectivas declarações de importação e notas fiscais de aquisição. Os documentos instrutivos do despacho de exportação são aqueles arrolados no art. 16 da Instrução Normativa SRF nº 28, de 27 de abril de 1994, na redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.525, de 9 de dezembro de 2014, in verbis:

Art. 16. O despacho de exportação será instruído com os seguintes documentos: I - Nota Fiscal;

II - via original do Conhecimento e do Manifesto Internacional de Carga, nas exportações por via terrestre, fluvial ou lacustre;

III - outros, indicados em Legislação específica.

§ 1º No caso de exportação para país membro do Mercado Comum do Sul - MERCOSUL, o Manifesto Internacional de Carga a que se refere o inciso II será substituído:

I - pelo Manifesto Internacional de Carga Rodoviária/Declaração de Trânsito Aduaneiro MIC/DTA, quando se tratar de transporte rodoviário; e

II - pelo Conhecimento - Carta de Porte Internacional/Declaração de Trânsito Aduaneiro - TIF/DTA, quando se tratar de transporte ferroviário.

29. Resulta portanto ineficaz também essa questão, por versar sobre fato disciplinado em ato normativo publicado antes da formulação da consulta (art. 18, VII, da IN RFB nº 1.396 de 2013).

30. A oitava questão, à míngua de informações sobre o texto normativo que a teria suscitado, resulta ineficaz por força do inciso II do art. 18 da IN RFB nº 1.396, de 2013. Com efeito, ao indagar se a obrigatoriedade de emissão de declaração de exportação fixada no art. 588 do RA/2009 aplica-se às remessas ao exterior em regime de comodato a consulente não cuidou de dispositivo legal que porventura teria suscitado a dúvida.

31. A nona questão está prejudicada, em face da resposta à quinta questão.

32. A resposta à décima questão encontra-se com todas as letras no art. 92 do Decreto-Lei nº 37, de 18 de novembro de 1966, matriz legal do art. 432 do RA/2009, assim redigido:

Art. 432. O regime será aplicado aos bens relacionados em ato normativo da Secretaria da Receita Federal do Brasil e aos exportados temporariamente ao amparo de acordos internacionais.

Parágrafo único. Os bens admitidos no regime ao amparo de acordos internacionais firmados pelo País estarão sujeitos aos termos e prazos neles previstos.

33. Eis aí, fixada de modo positivo e expresso, a regra a observar quanto aos marcos temporais do regime de exportação temporária em tela. De onde deduz-se também a ineficácia dessa questão, por aplicação do inciso VII do art. 18 da precitada IN RFB 1.396, de 2013.

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34. Por fim, a décima primeira questão também está prejudicada, em face da resposta à quinta questão.

Conclusão

35. Diante do exposto, soluciona-se a presente consulta, respondendo ao consulente que:

a) Os equipamentos necessários para pesquisa conjunta e para projetos experimentais ao amparo do Acordo de Cooperação Técnica, Científica e Tecnológica firmado entre Brasil e Bolívia estão isentos dos tributos incidentes na importação, nos termos estabelecidos no Artigo IV do referido Acordo, ratificado pelo Decreto Legislativo nº 1, de 1998, e internalizado no ordenamento jurídico por meio do Decreto nº 4.445, de 2002, cujos tributos são: o Imposto de Importação, o IPI, a Contribuição para o PIS/Pasep-Importação e a Cofins-Importação; e

b) todas as demais perguntas restaram ineficazes, tendo em vista o disposto nos incisos II e VII do art. 18 da Instrução Normativa RFB nº 1.396, de 2013.

À consideração superior.

Assinado digitalmente

FAUSTO VIEIRA COUTINHO Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil

Chefe da Divisão de Tributos sobre Comércio Exterior (Dicex)

De acordo. Ao Coordenador-Geral da Cosit para aprovação.

Assinado digitalmente

OTHONIEL LUCAS DE SOUSA JUNIOR Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil

Coordenador da Cotex

Ordem de Intimação

Aprovo a Solução de Consulta. Divulgue-se e publique-se nos termos do art. 27 da Instrução Normativa RFB nº 1.396, de 16 de setembro de 2013.

(11)

Assinado digitalmente FERNANDO MOMBELLI

Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil Coordenador-Geral da Cosit

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