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POTENCIAL RISCO PARA A SAÚDE COM O USO DO FORMOL E A IMPLEMENTAÇÃO DE NOVAS TÉCNICAS DE CONSERVAÇÃO DE CADÁVERES: REVISÃO DA LITERATURA

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POTENCIAL RISCO PARA A SAÚDE COM O USO DO FORMOL

E A IMPLEMENTAÇÃO DE NOVAS TÉCNICAS DE

CONSERVAÇÃO DE CADÁVERES:

REVISÃO DA LITERATURA

José Marcílio Nicodemos da Cruz1 Lívia Parente de Alencar Alves2 Bárbara de Oliveira Brito Siebra3 Lara Izidório Cruz Pinheiro4 Francisco Targínio Menezes Feitosa5

RESUMO: A utilização do formol para conservação de cadáveres e peças anatômicas em laboratórios de anatomia ainda é muito difundida em diversas instituições, como é o caso da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Cariri, Campus Barbalha. Buscou-se através de uma revisão não sistemática da literatura apresentar os principais riscos à saúde a que estão sujeitos aqueles que utilizam os laboratórios de anatomia, dos mais leves como cefaleia, irritação da mucosa nasal, dos olhos, da faringe, da pele e da laringe, aos mais graves como efeitos carcinogênicos, mutagênicos e teratogênicos. Conhecer tais riscos é primordial para que o formol possa ser substituído por outras técnicas de conservação como a plastinação e a glicerina, que, além de não deformarem tanto as estruturas anatômicas, oferecem menor vulnerabilidade à saúde.

Palavras-chave: formol; riscos à saúde do formol; técnicas de conservação de cadáveres

INTRODUÇÃO

“A anatomia é uma das mais antigas ciências médicas básicas; foi estudada formalmente pela primeira vez no Egito aproximadamente 500 a.C.” (MOORE; DALLEY, 2007, p.2). Os egípcios antigos submetiam os corpos a diversos processos a fim de conservá-los por acreditarem que assim garantiam a sobrevivência da alma (MARQUEZ, 2003).

Atualmente, o método mais utilizado para a conservação de cadáveres e peças anatômicas é a formalização, a qual baseia-se na utilização do formaldeído (formol) na

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Professor Efetivo Auxiliar de Anatomia e Radiologia, Universidade Federal do Ceará, Barbalha, Ceará. e-mail: nicodemosmarcilio@hotmail.com

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Monitora de Iniciação à Docência em Anatomia Humana, Universidade Federal do Ceará, Barbalha, Ceará. e-mail: livia.medufc@gmail.com

3Monitora de Iniciação à Docência em Anatomia Humana, Universidade Federal do Ceará, Barbalha,

Ceará. e-mail: b.siebra@yahoo.com.br

4Monitora de Iniciação à Docência em Anatomia Humana, Universidade Federal do Ceará, Barbalha,

Ceará. e-mail: laraicpinheiro@gmail.com

5Monitor de Iniciação à Docência em Anatomia Humana, Universidade Federal do Ceará, Barbalha,

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2 concentração de 5-20% como fixador e conservador (KRUG et. al., 2011). O formol é um produto químico orgânico com PH entre 2,8 e 4, de aspecto físico líquido, incolor e límpido, com propriedades conservantes e anti-sépticas. À temperatura ambiente apresenta-se como um gás extremamente volátil, incolor e de forte odor pungente sufocante. Apresenta fórmula molecular CH2O com peso molecular 30.03 e ponto de ebulição a 96°C. Na presença do ar é oxidado a ácido fórmico (VERONEZ et. al., 2006).

Vários estudos foram feitos sobre a exposição a formaldeído e verificou-se que esta exposição causa irritação às membranas mucosas dos olhos, nariz, cavidade nasal, laringe e faringe, cefaleia, sonolência, náusea e irritação cutânea por contato freqüente e exposição prolongada (VERONEZ et. al., 2006). Pode também aumentar o risco de câncer de faringe, nasofaringe e cérebro (CITTADIN-SOARES; FORTUNATO, 2010), além de possuir efeito mutagênico e teratogênico (VERONEZ et. al., 2006).

Além desse potencial risco à saúde, o formol possui outras desvantagens: produz peças que, com o passar do tempo, adquirem uma coloração mais escura do que a original, além de serem friáveis e de difícil utilização, pois aumentam o peso da estrutura ao encharcá-la e a poluição ambiental no seu descarte. Dessa forma, surgiu ao longo do tempo a implementação de novas técnicas de conservação como a plastinação e a glicerina, em substituição ao formol (OLIVEIRA et. al., 2013).

Este trabalho é uma revisão não sistemática da literatura em que se propõe apresentar os riscos oferecidos à saúde pela exposição ao formaldeído e recomendar medidas preventivas, como a utilização de outras técnicas de conservação, as quais também contribuem para o melhor aprendizado da anatomia.

MATERIAIS E MÉTODOS

O presente estudo consiste em uma revisão não sistemática da literatura do tipo exploratória e seletiva.

Foram usados como fonte de pesquisa os bancos de dados eletrônicos: Scientific

Electronic Library Online (SciELO) e Google Scholar. A pesquisa foi delimitada no

período de 2003 a 2013. Utilizou-se como critério da busca os descritores: formol, riscos á saúde do formol e técnicas de conservação de cadáveres.

Foram considerados de relevância para esta revisão os artigos disponibilizados na íntegra e que correlacionavam o uso do formol com o risco para a saúde e aqueles que apresentavam novas técnicas de conservação de cadáveres em substituição ao formol.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Pelos achados o formaldeído é um produto químico de alta toxicidade, com reais riscos para a saúde. Porém, na literatura identificamos haver escassez na análise de tais riscos (VERONEZ et. al., 2006).

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Quadro 1. Relação entre um sistema orgânico ou órgão, concentração em PPM e os efeitos tóxico da exposição ao formaldeído (VERONEZ et. al., 2006).

Sistema orgânico ou

órgão Concentração em ppm Efeitos

Sistema respiratório

Acima de 0,1ppm

Acima de 20ppm

Acima de 50ppm

Exposições leves: tosse, irritação do trato respiratório, dispnéia e espamos da laringe.

Exposições graves podem causar bronquite asmática, edema pulmonar e pneumonia.

Casos severos ocasionaram apatia, perda de consciência, coma e óbito.

Olhos

0,1 a 2ppm

Acima de 2ppm

Irritação da conjuntiva ocular, lacrimejamento, dor imediata e inflamação. Borramento da visão, riscos de reação alérgica e conjuntivite.

Casos severos: danos a córnea, íris e pálpebras com perda de visão. Agressão a retina e ao nervo óptico.

Pele e anexos

Acima de 0,1ppm Irritação e ressecamento da pele, aparecimento de fissuras, vermelhidão, alteração na tonalidade das unhas, dermatite por contato e necrose da epiderme podendo piorar com calor e suor.

Sistema imunológico Acima de 0,1ppm Hipersensibilidades, dermatites alérgicas e bronquite asmática. Todos os sistemas orgânicos

Convivência ocupacional Potencial agente carcinogênico,

tumorogênico e teratogênico

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4 Americana de Higiene industrial/AIHA) e 0,2ppm para ambientes internos (Sociedade Americana de Engenharia de Aquecimento, Refrigeração e Ar Condicionado) (VERONEZ et. al., 2006).

Nesse contexto, conhecendo a concentração do formol em laboratórios de anatomia e analisando-se o risco-benefício, são feitos estudos procurando métodos alternativos como a plastinação e a glicerina. A resistência a substituição do formaldeído se dá pelo baixo custo do mesmo, atuação mais rápida e fácil obtenção (OLIVEIRA et. al., 2013).

Na plastinação, os cadáveres são embebidos em formaldeído (formol) que além de estabilizar o tecido, previne o autoextermínio das células. Ao retirar o corpo da banheira de formol, os plastinadores precisam decidir logo a pose que darão ao corpo ao final do processo. Se quiserem mostrá-lo sem a pele é nesse momento que ela deve ser retirada. O próximo passo é desidratar o corpo para evitar o ataque de bactérias, por isso o corpo é imerso em uma banheira cheia de acetona. Por difusão a água presente nas células passa para o meio mais concentrado que é a acetona e se dilui. Logo a acetona vai substituir a água estando presente em 99% do corpo. A acetona é então substituída por uma solução de materiais plásticos (borracha de silicone, resina de epóxi ou resina de poliéster). Para isso o corpo é colocado em uma câmara de vácuo, que tem a pressão reduzida, e fica condicionado lá até a acetona evaporar. O espaço vazio deixado nas células é preenchido gradualmente por materiais plásticos, onde esse processo pode levar de semanas até meses. Com todas as células preenchidas com os materiais plásticos, está na hora de moldar o corpo, pois o mesmo já está preservado, mas não enrijecido. Para que o corpo fique na posição desejada os plastinadores usam cordas, barbantes, agulhas e blocos. Esse processo é realizado com muito cuidado para não estourar nenhum músculo ou articulação. Para secar o corpo é tratado com gás, luz ou calor que vai depender de qual material plástico foi utilizado. Em alguns dias o material endurece e a peça fica seca ao toque e adquiri uma maior rigidez. Contudo ela só ficará realmente seca após alguns meses. Por fim, são feitos alguns retoques e o corpo ganha olhos de vidro. Se necessário pode ser pintado (ANDREOLI et. al., 2012).

A glicerinação se baseia na associação de glicerina e álcool absoluto. Como a glicerina tem a capacidade de desidratação celular, atuando contra fungos e bactérias, a técnica de glicerinação proporciona uma melhor preservação das peças anatômicas com diversas vantagens entre elas, a leveza que as mesmas adquirem no processo de conservação, a morfologia é preservada o mais próximo da forma original e a coloração é mais clara, facilitando a identificação de várias estruturas de difícil visualização. Além disso, a glicerina é inodora, não irrita as mucosas, não é carcinogênica e não possui um risco de contaminação ambiental tão elevado em comparação ao formol (KRUG et. al., 2011).

CONCLUSÕES

Os principais riscos para a saúde com a exposição ao formol são: irritação dos olhos, da faringe, da laringe, da pele, cefaleia, insônia, náuseas, e de modo mais grave, seu efeito carcinogênico, teratogênico e mutagênico. Tais efeitos dependem da concentração e do tempo de exposição ao formaldeído (VERONEZ et. al., 2006).

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5 Contudo, vários estudos procuram novas formas de conservação, que mesmo mais desvantajosas economicamente e em tempo de ação, causam menos riscos á saúde e facilitam a aprendizagem do estudo da anatomia.

Para tanto, é necessário que se difunda entre as universidades e faculdades com cursos voltados para a área da saúde, os benefícios trazidos para discentes, docentes e técnicos de laboratórios de anatomia, da substituição do formol em prol de novas técnicas.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos à Universidade Federal do Ceará pela oportunidade e apoio, por meio do Programa de Iniciação à Docência (PIBID): Programa de iniciação ao ensino e aprendizagem em anatomia humana. Ao mestre José Marcílio Nicodemos da Cruz por nos conduzir e orientar durante as atividades da monitoria.

REFERÊNCIAS

ANDREOLI, A. T. et. al. O aprimoramento de técnicas de conservação de peças anatômicas: a técnica inovadora de plastinação. Revista EPeQ. Bebedouro, 2012. CITTADIN-SOARES, E. C.; FORTUNATO, J.J. Toxicidade do formaldeído: uma revisão não sistemática da literatura. Tubarão, 2010.

KRUG, L. et. al. Conservação de peças anatômicas com glicerina loira. Instituto Federal Catarinense. Concórdia, 2011.

MARQUES, F. Múmias egípcias tinham parasitos fossilizados. Agência FioCruz de Notícias, 2003.

MOORE, K. L.; DALLEY, A. F. Anatomia orientada para a clínica. 5. ed. Rio de Janeiro:Ed. Guanabara Koogan, 2007.

OLIVEIRA, I. M. et. al. Análise de peças anatômicas preservadas com resina de poliéster para estudo em anatomia humana. Rev Col Bras. 2013.

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