• Nenhum resultado encontrado

Razón y Palabra ISSN: Universidad de los Hemisferios Ecuador

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Razón y Palabra ISSN: Universidad de los Hemisferios Ecuador"

Copied!
21
0
0

Texto

(1)

Ecuador

Gosciola, Vicente; Costa Bacelar Pinheiro, Tainan Dandara; Tomyama Toledo, Maira; Silveira Correa, Ademir; Soares Ribeiro, Bruno Gabriel; de Oliveira Emiliano Martins

Pereira, Leyslie; Veiga Guerra, Fabiana; Bacelar Pinheiro, Costa @julietacapuleto: transmidiando Shakespeare na cultura digital

Razón y Palabra, vol. 21, núm. 97, abril-junio, 2017, pp. 45-64 Universidad de los Hemisferios

Quito, Ecuador

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=199552192003

Como citar este artigo Número completo Mais artigos

Home da revista no Redalyc

(2)

Medios y tecnología Vol. 21, No. 2_97 Abril-junio 2017 ISSN: 1605-4806 45-64 pp. 45

@julietacapuleto: transmidiando Shakespeare na

cultura digital

@julietacapuleto: transmediando Shakespeare en la

cultura digital

@julietacapuleto: Transmediating Shakespeare into

Digital Culture

Vicente Gosciola

Universidade Anhembi Morumbi – São Paulo (Brasil)

vicente.gosciola@gmail.com

Tainan Dandara Costa Bacelar Pinheiro

Universidade Anhembi Morumbi – São Paulo (Brasil)

dandara.bacelar@banque.com.br

Maira Tomyama Toledo

Universidade Anhembi Morumbi – São Paulo (Brasil)

mairatoledo@hotmail.com

Ademir Silveira Correa

Universidade Anhembi Morumbi – São Paulo (Brasil)

ademirsilveiracorrea@gmail.com

Bruno Gabriel Soares Ribeiro

Universidade Anhembi Morumbi – São Paulo (Brasil)

(3)

Medios y tecnología Vol. 21, No. 2_97 Abril-junio 2017 ISSN: 1605-4806 45-64 pp. 46

Leyslie de Oliveira Emiliano Martins Pereira Universidade Anhembi Morumbi – São Paulo (Brasil)

leysliemartins.contato@gmail.com

Fabiana Veiga Guerra

Universidade Anhembi Morumbi – São Paulo (Brasil)

fabisveiga@gmail.com

Costa Bacelar Pinheiro

Universidade Anhembi Morumbi – São Paulo (Brasil) vicente.gosciola@gmail.com

Fecha de recepción: 1 de marzo de 2017 Fecha de recepción evaluador: 14 de marzo de 2017 Fecha de recepción corrección: 27 de abril de 2017

Resumo

Este estudo discorre sobre os princípios e a estruturação da narrativa transmídia aplicados a um desdobramento narrativo da peça Romeu e Julieta de William Shakespeare.

Palavras-Chave: Narrativa Transmídia; Cultura Digital; William Shakespeare; Artes Imagéticas; Tecnologia; Sociedade Contemporânea.

Resumen

Este estudio analiza los principios y la estructura de la narrativa transmedia aplicadas a un despliegue narrativo de la obra Romeo y Julieta de William Shakespeare.

(4)

Medios y tecnología Vol. 21, No. 2_97 Abril-junio 2017 ISSN: 1605-4806 45-64 pp. 47

Abstract

This study deals with the principles and structure of the transmedia storytelling applied to the narrative unfolding of Romeo and Juliet, a play by William Shakespeare.

Keywords: Transmedia Narrative; Digital Culture; William Shakespeare; Imaging Arts; Technology; Contemporary Society.

Introdução

Este texto relata o desenvolvimento de um estudo sobre os princípios e a estruturação da narrativa transmídia aplicados a um desdobramento narrativo da peça

Romeu e Julieta de William Shakespeare. É certo que a origem do projeto veio de uma

forte inquietação que nos mobilizava desde abril de 2016, na segunda parte das aulas da disciplina de Tecnologias da Comunicação e Práticas Socioculturais do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Anhembi Morumbi. Praticamente no tornamos um coletivo de comunicação, arte e tecnologia atento às narrativas não convencionais em audiovisual. Observamos as possibilidades de adaptar um texto para Facebook, Instagram, Twitter e YouTube ao reencenar uma história seriada e ao vivo por meio do celular smartphone. Procuramos entender como seria possível harmonizar a este recurso uma obra ficcional. Daí veio a necessidade de entender qual o público para uma história seriada transmitida ao vivo pelo celular, assim como qual temática está mais presente no dia a dia deste público. Entendemos que ele estaria entre 15 a 25 anos porque é aquele que mais utiliza os últimos recursos da telefonia celular. Sem dúvidas, é aquele público ligado entre si e ao mundo pela internet de banda larga sem fio. Imaginamos que essa audiência tem entre seus temas preferidos a discussão sobre identidade de gênero. E, também, quisemos acreditar que comunicação entre os integrantes desse grupo é multitelas, seriada, integrada, complementar, pervasiva, colaborativa, enfim, transmidiada.

(5)

Medios y tecnología Vol. 21, No. 2_97 Abril-junio 2017 ISSN: 1605-4806 45-64 pp. 48

que isso leva a uma ampliação dos espaços de conexão, dos vínculos comunicacionais e culturais. Stig Hjarvard (2014) faz uso do termo midiatização para explicar a transformação estrutural e a consequente ampliação das relações entre os meios de comunicação, a cultura e a sociedade. Seu estudo examina quando e como mudanças estruturais nos meios de comunicação influenciam, os fenômenos culturais e como estes podem modificar o imaginário e as interações humanas:

Os estudos de midiatização enfocam o papel da mídia na transformação das relações sociais e culturais. A ênfase conceitual dada a influência dos meios de comunicação sobre a mudança social e cultural nos leva, contudo, a sugerir que o resultado mais importante da evolução da mídia seja sempre a mudança. (Hjarvard, 2014, p. 19)

Na midiatização do cotidiano que vivemos hoje, graças à câmera e à conexão à web sem fios dos smartphones, compartilhamos os mais diversos momentos e espaços, seja um conteúdo altamente elaborado seja um evento meramente trivial. O registro seguido do compartilhamento entre pessoas e comunidades em rede, renovam todos os estágios comunicacionais. Haja vista a maneira como a notícia de um fato pode ser transmitida em tempo real transformando todo o público em testemunhas oculares. A midiatização, no âmbito da comunicação massiva, tem no uso da câmera dos smartphones um poderoso bombardeador de imagens, tanto na audiência que busca entretenimento quanto, e principalmente, quanto na que busca reforçar suas redes de sociabilidade, seja para encontrar algo em comum com alguém, criar conexões, ou simplesmente receber aprovação. Ou mais ainda, como afirma Manuel Castells, “disposto e pronto a satisfazer a mais importante demanda latente: a demanda de livre expressão interativa e de criação autônoma -hoje em grande parte frustrada pela visão esclerosada da mídia tradicional” (Castells, 2003, p. 165).

De fato, as práticas socioculturais contemporâneas que estão ligadas à mobilidade e o acontecimento de termos em nossas mãos um smartphone que permite nos comunicarmos e nos mostrarmos para o mundo, afetam as relações humanas. O público está sempre envolvido em múltiplas atividades, ainda que nem sempre correlacionadas, cuja velocidade de acesso e o tempo de fruição são alterados em função do consumo, produção e circulação de informação.

(6)

Medios y tecnología Vol. 21, No. 2_97 Abril-junio 2017 ISSN: 1605-4806 45-64 pp. 49

país que mais mata travestis e transexuais. Assim, decidimos abordar um relacionamento cis-trans e promover um local de fala do universo trans ao criar um projeto que contribua com a conscientização social sobre promovendo a criação de um local de afeto que vai contra a transfobia e o bullying em identidades minoritárias.

Das teorias às práticas da ficção transmídia em mídias digitais

Indicam-se as narrativas no âmbito específico da sua transmidialidade entre as mais recentes plataformas narrativas. Estamos no universo das plataformas de comunicação em vídeo - Instagram, Live do Facebook, Snapchat, YouTube, e em fotos e em textos, que permanecem disponíveis ao público pelo tempo que seus autores desejarem, mas em alguns casos se apresentam dentro do modo efêmero, em um período de 24 horas, eliminando automaticamente o conteúdo transmitido. Expor por estas plataformas uma peça tão conhecida quanto Romeu e Julieta é exatamente intencional dado o contraste com a novidade da efemeridade do conteúdo imposta pelos aplicativos, o que coloca o público em uma situação emergencial para se decidir a assistir ou não à exibição passageira de uma peça teatral transmitida ao vivo sem condições de ser repetida depois de um dia. Seria aqui o lugar renovado de verificação da teoria de Walter Benjamin sobre a aura - descrita no artigo A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica, publicado pela primeira vez em 1936-, como a “única aparição de uma realidade longínqua, por mais próxima que ela possa estar” (Benjamin, 2000, p. 229).

Outras plataformas como WhatsApp, serviram e servem (porque o projeto ainda mantém todo o seu conteúdo no ar) de apoio de comunicação com e entre o público sem nenhuma restrição de acesso. Assim, pudemos e podemos verificar o deslocamento do público entre as mais diversas mídias bem como a sua participação como debatedor, o que efetivamente lhe permitiu e permite ampliar seu conhecimento da história como espectador e agente transformador. O percurso do projeto passa pela criação, adaptação, roteirização, planejamento, produção e exibição transmidiática teatralizada. O projeto é acompanhado pela reflexão, tanto dos realizadores quanto do público, sobre o exercício de transmidiação, a efemeridade, o relacionamento cis-trans e sobre como caracterizar as personagens, ao buscar revelar ou ocultar suas motivações e imagens. Entendemos que tem sido um campo farto para experimentar e avaliar sobre como convidar o público a procurar uma nova narrativa e/ou um novo meio de comunicação e como uma plataforma e/ou uma narrativa pode melhor alternar e elucidar o que acabou de acontecer e anunciar o que vai acontecer.

(7)

Medios y tecnología Vol. 21, No. 2_97 Abril-junio 2017 ISSN: 1605-4806 45-64 pp. 50

Twitter. Para Marc Augé o lugar antropológico “[...] é simultaneamente princípio de sentido para aqueles que o habitam e princípio de inteligibilidade para quem o observa” (Augé, 1994, p. 51). E assim, aplicando a consciência de tais princípios, levamos a investigação deste projeto a resgatar, nos estudos do ciberespaço e nas teorias da Comunicação, a dimensão visceral dos sujeitos que nele habitam e a propor a comunicação digital da transmidiação urbana contemporânea de uma peça clássica. Seria este “um movimento na direção de um modelo mais participativo de cultura” (Jenkins; Ford; Green, 2015, p. 24).

O processo investigativo deste projeto perpassou também pela análise de temas que tratam das questões de gênero, principalmente no tocante aos encontros intergêneros. A discussão de James Dawson sobre a diferenciação e sociabilidade intergêneros (Dawson, 2015, p. 215) merece ser verificada em variadas situações nas redes sociais, desde as formas de organização humana até as de articulação entre grupos e instituições. Contudo, é importante salientarmos que estas redes sociais estão intimamente vinculadas ao desenvolvimento de redes físicas e de recursos comunicativos. O desenvolvimento das novas tecnologias e a possibilidade de criação de redes de comunicação, de interesses específicos, técnicas, utilizando os mais variados recursos, meios e canais são fundamentais para o desenvolvimento destas redes sociais de relacionamento.

De acordo com Jesús Martín-Barbero a “distância digital é na realidade uma distância social” (Martín-Barbero, 2014, p. 29). Henry Jenkins também comenta a ideia em Cultura da Convergência, onde o consumo de conteúdo transita entre diversas plataformas e mídias (Jenkins, 2009, p. 27). Entendemos que este projeto seria uma oportunidade de divulgar e fomentar um debate construtivo sobre tecnologias de comunicação efêmera, Shakespeare e relacionamentos intergêneros via diferentes plataformas sociais entre bases informacionais também averiguadas nas redes digitais, buscando diminuir essa distância social apontada por Martín-Barbero. E vale lembrar do forte peso em nossos questionamentos sobre a narrativa transmídia pela cultura participativa, como descrita por Clay Shirky na condição de uso dos meios de comunicação e sua provocativa mobilização (Shirky, 2010, p. 47). Shirky também defende a ideia de que a cultura participativa sempre existiu, mas agora ela se adapta as novas formas de interação social que surgem a partir dos avanços tecnológicos:

(8)

Medios y tecnología Vol. 21, No. 2_97 Abril-junio 2017 ISSN: 1605-4806 45-64 pp. 51

A narrativa transmídia pode ser explicada como uma história contada por múltiplas plataformas, que pode tanto ser dividida em partes quanto expandida em diversas outras histórias complementares, sendo que para cada parte ou expansão será designada para a plataforma, a tecnologia, ou o design que melhor possa favorecer a expressão e a recepção de tal parte da história. Já em 2006, Henry Jenkins enfatizou em seu livro Convergence Culture de que há também o forte papel do público ao colaborar com a narrativa pelas mais diversas plataformas que disponha. Não uma simples questão de repetir a mesma história em distintas plataformas (Jenkins, 2007, pp.123-124), o que é tipicamente chamado de crossmedia, um conceito do meio publicitário, que faz uso de diferentes plataformas para contar a mesma história ou mensagem, ainda que adaptada às condições de cada meio. Assim, a narrativa transmídia não se resume a exibir o mesmo conteúdo por várias plataformas, ou a licenciar produtos e serviços (Jenkins, 2009). E no nosso caso, ao projeto @julietacapuleto nada parecia tão adequado quanto a adaptação de Shakespeare pela estratégia narrativa transmidiática.

O desenvolvimento da narrativa em redes sociais reflete também a mudança no “compartilhamento da experiência da TV”, em que “a típica sala de estar familiar dos anos 1950 foi substituída pelas comunidades virtuais online, acessadas a partir de aparelhos de uso pessoal”, como os celulares smartphones (Klym; Montpetit, 2008, p. 5). Ao optarmos pelas diversas redes sociais que integraram o projeto, consideramos a presença de públicos interessados pelas discussões propostas nas diversas plataformas de mídia, possuindo tais públicos um “comportamento migratório” entre os meios, assim como uma participação ativa nas redes sociais, condições fundamentais para o fluxo de conteúdos inerente à convergência dos meios (Jenkins, 2009, p. 29).

Desde a sua origem, a mídia digital teve importante papel no acesso à informação em nossa sociedade, exercendo um grande poder de influência sobre as pessoas, seja na construção de padrões de comportamento ou beleza, ou até mesmo na manipulação política e ideológica. Com o avanço tecnológico e o surgimento de novas mídias como o YouTube, houve uma descentralização da produção e distribuição de conteúdo, que até então estava em poder das grandes empresas de mídia, além de uma mudança radical no comportamento do público, que descobriu, não só novas formas de distribuição e exibição, mas também, a possibilidade de produzir e distribuir seu próprio conteúdo. Essa nova dinâmica propiciada pelas novas mídias, fez com que muitos se questionassem sobre o futuro das mídias de massa tradicionais, em específico a televisão, como esclarece Clay Shirky:

(9)

Medios y tecnología Vol. 21, No. 2_97 Abril-junio 2017 ISSN: 1605-4806 45-64 pp. 52

oportunidades de comentar o material, compartilhá-lo com os amigos, rotulá-lo, avaliá-lo ou classificá-avaliá-lo e, é claro, discuti-avaliá-lo com outros espectadores por todo o mundo. (Shirky, 2011, p. 15)

Enquanto o público migra da televisão para as plataformas digitais, a audiência do YouTube continua a crescer. Esta plataforma tem ajudado a construir uma comunidade de criadores, que ao longo de sua curta existência em relação aos outros meios de comunicação, conseguiu desenvolver um tipo de conteúdo muito específico para o site, com características muito diferentes do que estamos acostumados a ver na televisão. Inerente à programação original do YouTube, está a noção de participação do público e um tipo de comunicação direta e constante entre o criador e o consumidor. É Yochai Benkler (2006) quem antecipa:

A batalha da ecologia institucional no ambiente de rede digital é definida pelo número de quantos usuários individuais continuarão a participar na criação do ambiente de informação em rede e de quantos da população de consumidores continuarão a sentar no sofá e receber passivamente os bens produzidos pelos produtores de informação industrial. (Benkler, 2006, p. 385)

Segundo Jenkins, a sociedade contemporânea tem se distanciado cada vez mais da condição de receptora passiva e percebe a “internet como um veículo para ações coletivas -soluções de problemas, deliberação pública e criatividade alternativa” (Jenkins, 2009, p. 235), o que define a atual cultura participativa. Nesse sentido, os mais diversos tipos de criadores de conteúdo e as várias comunidades de fãs, comunidades de marca, e subculturas reunidos através deste portal comum, aprendessem juntos novas técnicas e práticas a partir de experiências do outro, acelerando a inovação dentro e através dessas diferentes comunidades de práticas distintas.

Em primeiro lugar, o YouTube representa o encontro entre uma série de comunidades alternativas diversas, cada uma delas produzindo mídia independente há algum tempo, mas agora reunidas por esse portal compartilhado. [...] Falar no conteúdo do YouTube como espalhável também permite falar sobre a importância da distribuição na criação de valor e sobre a reformulação de sentido dentro da cultura do Youtube. (Jenkins, 2009, pp. 348-349)

(10)

Medios y tecnología Vol. 21, No. 2_97 Abril-junio 2017 ISSN: 1605-4806 45-64 pp. 53

Quando, em 2006, compila seus artigos em seu livro Convergence culture, Jenkins se refere à transmedia storytelling como uma nova acepção em criar mundos, correspondente à convergência de mídia demandando novos modos de consumo e participação ativa das comunidades de conhecimento (Jenkins, 2006, p. 21). É de 2001, o primeiro texto em que Henry Jenkins entendeu o movimento de sinergia entre diversos ramos da produção cultural como um modo transmídia, o transmedia storytelling (Jenkins, 2001, p. 93). Isso foi dez anos depois de Marsha Kinder lançar o livro Playing

with power in movies, television, and video games, em que cunhou o conceito transmedia intertextuality (Kinder, 1991, pp. 40-46), onde explica a lógica por trás de um sistema de

super-entretenimento resultante da associação entre vários meios de comunicação e de narrativas que torna os consumidores como jogadores poderosos, em contraposição à manipulação comercial (Kinder, 1991, p. 119-120). Contudo, os primeiros usos do conceito já indicavam este poder integrador e engajador de uma narrativa transmídia. O compositor Stuart Saunders Smith criou, em 1975, o conceito trans-media system, uma composição de melodias / harmonias / ritmos diferentes para cada instrumento e para que cada compositor complementasse a obra a seu modo, ainda que coerentemente ligado à composição como um todo (Welsh, 1995, p. 63-143).

Assim, o projeto @julietacapuleto, por se desenvolver entre todas estas características, coordenada por essa estratégia comunicacional do século XXI: a narrativa transmídia, aproxima-se muito da origem do conceito trans-media system de Saunders Smith, já que a peça original e o roteiro adaptado foram guias plenos do projeto, em que cada atriz e ator reorganizavam e recriavam os textos e as interpretações, registrados em vídeo e transmitidos ao vivo por eles porque tiveram durante um mês os celulares exclusivos para as colaborações diárias que fizeram, ainda que coerentemente ligado à concepção da peça como um todo.

O cuidado com a adaptação em transmidiação e mídias

digitais

A autora Kamilla Elliott nos alerta para o papel de obras adaptadas para outra linguagem que, a despeito da crítica comum desfavorável, a adaptação pode atualizar a obra original sem que se percam os seus valores originais (Elliott, 2004, pp.237-239). Vale lembrar que a peça Romeu e Julieta (escrita entre 1591 e 1595) de William Shakespeare é o resultado de uma sucessão de adaptações de uma história que remonta à antiguidade, publicado em 1476 como Mariotto e Gianozza por Masuccio Salernitano, adaptado como Giulietta e Romeo (1524) por Luigi da Porto, a versão Giuletta e Romeo (escrito entre 1531 e 1545) de Matteo Bandello, vertido no poema narrativo The Tragical

History de Romeus e Juliet (1562) por Arthur Brooke e retomada em prosa como The goodly History of the true and constant love of Romeo and Juliett (1567) de William

(11)

Medios y tecnología Vol. 21, No. 2_97 Abril-junio 2017 ISSN: 1605-4806 45-64 pp. 54

Corroborando e ampliando a discussão, Linda Hutcheon, em seu livro Uma Teoria da Adaptação, menciona modos de engajamento promovidos pela adaptação, adequados a cada especificidade midiática e caso comparativo, isto é, “permite-nos pensar sobre como as adaptações fazem as pessoas, contar, mostrar ou interagir com as histórias” (Hutcheon, 2013, p. 47). Pode-se dizer que os modos são, de certa maneira, “imersivos”, porém cada um em intensidade e níveis diferentes. Hutcheon afirma que no modo contar, exemplificado pela literatura, a imaginação é o começo do engajamento, ela é guiada pelas palavras do texto e neste modo, não existe a imposição do auditivo e nem do visual (Hutcheon, 2013, p. 48). O outro modo de engajamento, é classificado como modo mostrar. Este pode ser demonstrado pelos filmes e adaptações teatrais. É com ele que

Passamos da imaginação para o domínio da percepção direta, com sua mistura tanto de detalhe quanto de foco mais amplo. O modo performativo nos ensina que a linguagem não é a única forma de expressar o significado ou de relacionar histórias. As representações visuais e gestuais são ricas em associações complexas; a música oferece “equivalentes” auditivos para as emoções dos personagens, e, assim, provoca reações afetivas ao público; o som, de modo geral, pode acentuar, reforçar, ou até mesmo contradizer os aspectos visuais e verbais. (Hutcheon, 2013, p. 48)

Assim, “contar uma história em palavras, seja oralmente ou no papel, nunca é o mesmo que mostrá-la visual ou aditivamente em quaisquer das várias mídias performativas disponíveis.” (Hutcheon, 2013, p. 49). Como último, o modo interagir poderia ser explicado como os “membros do público, interagindo com as histórias, por exemplo, nas novas mídias, da realidade virtual à machinima” (Hutcheon, 2013, p. 47). Mesmo que todos esses modos possam ser “imersivos”, apenas o último é correntemente chamado de “interativo”.

Para compreender a diferença entre cada um dos três modos de engajamento a autora diz que entre os dois primeiros modos, a diferença é encontrada na especificidade de cada um dos meios em que um produto é adaptado. Já no modo interagir, obtém-se maior clareza de que este é totalmente ativo à narrativa contrapondo-se aos outros, visto que os mesmos buscam conduzir uma determinada ideia, suposição ou imaginação a quem o lê ou assiste.

(12)

Medios y tecnología Vol. 21, No. 2_97 Abril-junio 2017 ISSN: 1605-4806 45-64 pp. 55

Cultura digital e identidade de gênero e desejo

Através de sua adaptação, o projeto trouxe para o amor de Romeu e Julieta discussões sobre a fluidez das identidades de gênero - e os efeitos destas em sociedade. A peça clássica foi deslocada para o dia a dia de uma universidade em que uma aluna e uma professora transexuais polarizaram os estudantes entre aqueles que se manifestaram com preconceito e intolerância e aqueles que as respeitaram e admiraram.

No processo de criação destas personagens, trouxemos artistas que contribuíram para a recriação da narrativa desde o argumento. Destacamos aqui atrizes que enfrentam uma realidade de ódio gratuito: Glamour Garcia (Julieta) abriu os caminhos para entrarmos com ela no universo trans; Leona Jhovs (Amanda) foi peça fundamental na feitura do roteiro trazendo verossimilhança a cenas explícitas de transfobia.

Nesta criação coletiva ficcional-documental, as personagens encenavam o que as atrizes transexuais vivem, o gênero como uma construção. Judith Butler questiona: “ser mulher constituiria um fato natural ou uma performance cultural, ou seria a naturalidade constituída mediante atos performativos discursivamente compelidos, que produzem o corpo no interior das categorias de sexo e por meio delas?” (Butler, 2003, p 19). O sexo dos corpos é distinto de uma construção cultural dos gêneros - o termo mulheres, por exemplo, não pressupõe apenas corpos femininos. Julieta e Amanda como transexuais traduzem o fato de que o “corpo é uma situação” (Beauvoir, 1970, p 54) e o gênero, representação.

Glamour e Leona acrescentaram ao texto questões como inclusão, local de afeto e desejo. Julieta, mulher trans heterossexual, enfrentaria a todos para viver o amor com Romeu, homem cis heterossexual. Já Amanda, professora de música, discutiria a exclusão nos ambientes de trabalho. Ela seria demitida da faculdade porque dois alunos, Romeu e Mercutio, fizeram uma “brincadeira” transfóbica. Com esta premissa, levantamos indagações ligadas a sexo, gênero, prática sexual e desejo discutidas por Butler ao analisar “gêneros inteligíveis” (BUTLER, 2003, p. 43) e gêneros incoerentes e descontínuos. Do ponto de vista dos demais personagens, como Mercutio e Benvolio, são aceitos indivíduos que estão de acordo com o gênero que lhe foi atribuído ao nascimento - cisgêneros - e que manifestam o desejo em acordo com seu gênero ou sexo - heterossexuais. Abrimos espaço, então, para uma desconstrução:

(13)

Medios y tecnología Vol. 21, No. 2_97 Abril-junio 2017 ISSN: 1605-4806 45-64 pp. 56

reguladores desse campo de inteligibilidade e, consequentemente, de disseminar matrizes rivais e subversivas de desordem do gênero. (Butler, 2003, p. 44)

Ao explicitar o amor de um casal cis-trans ou ao representar uma professora trans, temos a identidade e o desejo desligados de uma matriz que liga feminino e masculino, fêmea e macho, corpos-homens e corpos-mulheres. “A diferenciação sexual é uma heterodivisão do corpo no qual a simetria não é possível”. (Preciado, 2014, p. 26). Ao mesmo tempo, este amor e a posição social da aluna e da professora trans rompem posições sociais de um sistema de sexo-gênero ligado a um “sistema de representação que atribui significado (identidade, valor, prestígio, posição de parentesco, status dentro da hierarquia social) a indivíduos dentro da sociedade” (Lauretis, 1994, p. 212). O projeto

@julietacapuleto surge mesmo como uma reação, uma história de amor possível, mas

não menos dolorosa em seus percalços.

Processos da transmidiação de Shakespeare

Consideramos relevante a experiência de transmidiar uma peça de Shakespeare, uma vez que as plataformas de comunicação nas primeiras décadas do século atual estão baseadas no campo do audiovisual e das novas mídias, tais como Snapchat, Periscope, Facebook, YouTube, Instagram e Twitter, etc., possibilitarão resgatar os estudos do ciberespaço e das teorias da Comunicação como sujeitos de uma comunicação digital da transmidiação urbana contemporânea, a se preparar para futuros projetos de transmidição ainda mais complexos.

Nosso estudo se desenvolve Através dos fundamentos e da estruturação da narrativa transmídia aplicados a um desdobramento narrativo da peça Romeu e Julieta de William Shakespeare, que chamamos de projeto @julietacapuleto. Sentimo-nos desafiados a verificar a aplicabilidade de uma transmidiação de uma peça antiga às mais recentes plataformas narrativas que lidem com o efêmero e, por este caminho, promover a discussão sobre o relacionamento intergênero entre as mais dinâmicas e populares redes de comunicação instantânea.

O projeto @julietacapuleto, uma adaptação transmídia da peça Romeu e Julieta de Shakespeare, nasceu durante os encontros da disciplina Tecnologias da Comunicação e Práticas Socioculturais do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Anhembi Morumbi. Em todo o seu percurso -da criação, à produção, à exibição e à repercussão-, não teve nenhuma pretensão em ser um trabalho profissional, mas cresceu e cresceu de modo que já não podemos mais chama-lo de experimental! No início discutíamos como poderia ser contar histórias Através dos aplicativos de vídeo para os celulares smartphones. Inquietavam-nos as novas possibilidades do vídeo ao vivo pelo smartphone:

(14)

Medios y tecnología Vol. 21, No. 2_97 Abril-junio 2017 ISSN: 1605-4806 45-64 pp. 57

• seria possível adaptar para este recurso uma obra ficcional?

• qual seria o público para uma história seriada transmitida ao vivo pelo celular?

• qual temática estaria mais presente no dia a dia deste público?

Assim seguimos consolidando um formato que não escaparia à narrativa transmídia. Nada mais adequado ao público jovem, de 15 a 25 anos de idade, que utiliza os últimos recursos da telefonia celular, que se liga ao mundo pela internet de banda larga sem fio e tem entre seus temas preferidos a discussão sobre identidade de gênero. A comunicação entre os integrantes deste grupo é multitelas, multiplataformas, seriada, integrada, complementar, pervasiva, colaborativa, enfim, transmidiada. Deste ponto a chegar na proposta de transmigração da peça de Shakespeare, foi um passo direto, uma vez que Romeu e Julieta tem personagens e narrativa tão profundas e complexas, que inspiraram e facilitaram a adaptação.

Incluir o tema identidade de gênero foi uma consequência imediata porque este público trata do assunto correntemente. A visão contemporânea da tragédia, adaptada para o Facebook, o Instagram, o YouTube e o Twitter, tem como contexto tudo o que implica a cidade de São Paulo contemporânea, onde a Julieta é mulher transexual de alma e corpo politizado. Nesse sentido, o projeto se posiciona como uma tentativa em contribuir com a conscientização social sobre o convívio na diversidade de identidade de gênero contra a transfobia e o bullying em identidades minoritárias.

Temos a clássica peça shakespeariana Romeu e Julieta deslocada para uma universidade em uma grande metrópole. As presenças de uma aluna e uma professora transexuais polarizam os estudantes entre aqueles que manifestam preconceito e intolerância e aqueles que enxergam a presença da professora e da aluna com respeito e admiração Os cinco atos do texto original, que evoluem linearmente no período de três dias, aqui foram transformados em 30 cenas / ações distribuídas por sete dias, entre vídeos -no Live do Facebook e no YouTube-, postagens de textos, fotos, gifs e memes no Facebook, Twitter e Instagram, revistas em tempo real de acordo com as reações do público.

(15)

Medios y tecnología Vol. 21, No. 2_97 Abril-junio 2017 ISSN: 1605-4806 45-64 pp. 58

Como gradativamente a sociedade está migrando da TV aberta para as novas telas, buscando os mais variados tipos de programas em qualquer dia e horário, optamos por @julietacapuleto ser acessível a qualquer momento e em diferentes redes. Julieta, Romeu, Amanda, Mercutio, Teobaldo, Benvolio e Rosalina têm perfis ativos no Facebook, no Instagram e no Twitter. A história deles foi transmitida por vídeos gravados e ao vivo, como o Live do Facebook, posts, fotos, gifs, memes. A festa em que Romeu e Julieta se conheceram, na Gambiarra, teve quase todos os vídeos transmitidos ao vivo e as fotos postadas na hora também. O elenco foi integrado pel@s seguintes ator@s: Glamour Garcia, Rodrigo Pavon, Leona Jhovs, Felipe Ramos, Bruno Gael, Bruno Ribeiro, Amanda Torres. O elenco também contou com @s seguintes convidad@s especiais: Lorelay Fox e Wallace Ruy.

O Coletivo de Comunicação, Arte e Tecnologia para o projeto @julietacapuleto foi composto por: Vicente Gosciola (direção, produção executiva, argumento e roteiro), Ademir Correa (produção, argumento e roteiro), Bruno Gael (produção executiva, produção, argumento e roteiro, vídeos, hotsite), Dandara Bacelar (produção executiva, produção, argumento e roteiro), Leyslie Martins (mídias sociais), Maira Tomyama Toledo (mídias sociais), Fabiana Guerra (produção executiva, design gráfico), Alessandra Grandini (produção de locação), Amanda Torres (design gráfico), Beatriz Moreno (design gráfico), Isabel Galvão (mídias sociais).

A produção do projeto @julietacapuleto contou com as seguintes colaborações: Helena Trevisan (produção, argumento e roteiro), Maria Rosa Crespo (argumento), Jansen Jinkel (argumento), Leona Jhovs (roteiro), Luciana Canton (preparação de elenco), Larte Késsimos (identidade visual), Marcela Cardoso (figurino), Vanessa Vieira (assistência de figurino), Andressa Cristina (maquiagem), Mariah Veloso (maquiagem), Leekyung Kim (fotografia), Vinícius Borges (vídeos), Gênio Nascimento (hotsite). Nina Bamberg (produção de evento de lançamento), Paula Faller (apoio jurídico).

A produção e transmissão ao vivo das cenas, que continuam à disposição do público, do projeto se desenrolou dentro do seguinte cronograma e suas respectivas plataformas. Para se ter uma ideia de como foi o seu desenvolvimento e onde encontrar cada conteúdo, seguem os roteiros do dia a dia:

Resumo do primeiro dia:

1. 19h30 Amanda sofre transfobia pelos alunos na faculdade onde trabalha como professora (Stories - Instagram - Perfil Mercutio)

2. 19h30 Amanda posta um vídeo comentando a situação (Live - Facebook - Perfil Amanda)

(16)

Medios y tecnología Vol. 21, No. 2_97 Abril-junio 2017 ISSN: 1605-4806 45-64 pp. 59

Plataforma de lançamento do conteúdo do primeiro dia: • Facebook; Romeu; 24/10; 14h00

• Instagram; Mercutio e Romeu; 28/10; 19h30 • Facebook - Live; Amanda; 28/10; 19h30

• Facebook; Julieta, Teobaldo; 28/10; 20h00 - 23h00 Resumo do segundo dia:

1. 14h00 Amanda é demitida da faculdade. (Live - Facebook - Perfil Amanda)

2. 18h00 Julieta se posiciona sobre a demissão de Amanda. (Live - Facebook - Perfil Julieta)

3. 18h00 - 22h00 Chamada do Aniversário de Amanda (Facebook - Página do projeto)

Plataforma de lançamento do conteúdo do segundo dia: • Facebook - Live; Amanda; 29/10; 14h00

• Facebook; Julieta; 29/10; 18h00

• Facebook; Julieta, Teobaldo; 29/10; 18h00 - 22h00 Resumo do terceiro dia:

4. 13h00 - 18h00 Julieta e Teobaldo felicitam Amanda. (Instagram - Perfil Julieta e Teobaldo)

5. 18h00 Amanda chama amigos para festejar seu aniversário. (Facebook - Evento - Perfil Amanda)

6. 22h00 Começo da festa (Instaram / Facebook - Página do projeto)

7. 00h00 Entrada de Romeu e amigos na festa de Amanda. (Instagram - Mercutio)

Plataforma de lançamento do conteúdo do terceiro dia: • Facebook; Amanda; 29/10; 22h00

• Facebook / Instagram; Página do projeto; 29/10; 22h00 • Facebook / Instagram; Amanda; 30/10; 11h00

(17)

Medios y tecnología Vol. 21, No. 2_97 Abril-junio 2017 ISSN: 1605-4806 45-64 pp. 60

• Facebook - Live; Página do projeto; 30/10; a partir das 22h • Instagram; Mercutio; 30/10; 00h00

Resumo do quarto dia (continuação da festa):

8. 01h00 Julieta e Romeu se veem (Live Facebook - Perfil Julieta e Romeu) 9. 01h05 O primeiro beijo de Julieta e Romeu (Live Facebook - Perfil

Teobaldo; Instagram - Perfil Amanda)

10. 01h15 Hora do Parabéns (Live Facebook - Teobaldo)

11. 01h30 Mercutio e Benvolio discutem com Romeu por ele ter beijado uma Trans. Eles deixam a festa; Romeu volta para festa. (Live Facebook - Perfil Benvolio)

12. 01h45 Teobaldo reconhece Romeu. (Facebook - Perfil Teobaldo)

13. 02h30 Julieta e Romeu se apaixonam perdidamente. (Instagram / Facebook - Perfil Julieta e Romeu)

14. 11h00 Julieta e Romeu se conhecem, se investigam. (Live Facebook - Perfil Julieta e Romeu)

15. 12h00 Julieta e Romeu conversam sobre o relacionamento deles. (Live Facebook - Perfil Julieta)

16. 14h00 Romeu busca ajuda com Lorelay Fox. (Facebook - Romeu)

17. 18h00 Teobaldo compartilha e comenta vídeo do beijo de Julieta e Romeu. (Facebook - Perfil Teobaldo)

18. 18h00 - 22h00 Mercutio comenta postagem (Facebook - Perfil Mercutio) 19. 22h00 Teobaldo bloqueia Mercutio. (Facebook - Perfil Teobaldo)

Plataforma de lançamento do conteúdo do quarto dia: • Facebook - Live; Julieta / Romeu; 31/10; 01h00 • Facebook - Live; Julieta / Romeu; 31/10; 01h00 • Facebook - Live; Teobaldo; 31/10; 01h05 • Facebook - Live; Perfil do projeto; 31/10; 01h05 • Instagram; Amanda; 31/10; 01h10

(18)

Medios y tecnología Vol. 21, No. 2_97 Abril-junio 2017 ISSN: 1605-4806 45-64 pp. 61

• Facebook - Live; Mercutio; 31/10; 01h35 • Facebook - Live; Julieta; 31/10; 01h45 • Instagram; Romeu; 31/10; 02h30

• Facebook; Julieta / Romeu; 31/10; 03h00 • Facebook - Live; Julieta / Romeu; 31/10; 11h00 • Facebook - Live; Julieta / Romeu; 31/10; 12h00 • Facebook; Romeu; 31/10; 14h00

• Facebook; Teobaldo; 31/10; 18h00

• Facebook; Mercutio, Facebook, Teobaldo; 31/10; 18h00 - 22h00 • Facebook; Teobaldo; 31/10; 22h00

Resumo do quinto dia:

20. 11h00 Lorelay Fox responde mensagem de Romeu. (YouTube / Facebook - Perfil Lorelay Fox)

21. 13h00 Amanda e Teobaldo apoiam casal. (Facebook - Perfil Teobaldo e Amanda)

22. 19h00 - 22h00 Julieta e Romeu sugerem uma possível fuga. (Facebook / Instagram - Perfil Julieta e Romeu)

Plataforma de lançamento do conteúdo do quinto dia: • YouTube/Facebook; Lorelay Fox; 01/11; 12h00

• Facebook; Julieta, Romeu, Amanda e Teobaldo; 01/11; 12h00 - 15h00 • Facebook; Amanda; 01/11; 16h00

• Instagram; Amanda; 01/11; 17h00

• Facebook; Julieta / Romeu; 01/11; 19h00 - 22h00 Resumo do sexto dia:

23. 11h00 Teobaldo compartilha transfobia feita por Mercutio e Romeu. (Facebook - Perfil Teobaldo)

24. 16h00 Romeu desabafa sobre vídeo compartilhado por Teobaldo. (Facebook - Perfil Romeu)

(19)

Medios y tecnología Vol. 21, No. 2_97 Abril-junio 2017 ISSN: 1605-4806 45-64 pp. 62 • Facebook; Teobaldo; 02/11; 11h00 • Facebook; Romeu; 02/11; 16h00 Resumo do sétimo dia:

25. 11h00 Julieta desabafa e se despede. (Live Facebook - Perfil Julieta) 26. 11h00 - 13h00 Amigos procuram Julieta. (Facebook / Instagram - Perfil

Amanda, Teobaldo, Benvolio)

27. 14h00 Romeu se despede (Facebook - Perfil Romeu) Plataforma de lançamento do conteúdo do sétimo dia:

• Facebook - Live; Julieta; 03/11; 11h00

• Facebook/Instagram; Teobaldo, Amanda e Benvolio; 03/11; 11h00 - 13h00

• Facebook - Live; Romeu; 03/11; 14h00

• Facebook; Página do projeto; 03/11; 14h00 - 00h00

Considerações em movimento e expectativa de continuidade

Como dissemos anteriormente, a expectativa do alcance do projeto é que ele seja mais um instrumento de ajuda para que se compreenda que o preconceito precisa ser combatido e que ele faz parte de uma construção social heterossexual. Importa a este e a tantos outros projetos levar a um público cada vez maior a certeza de que as brincadeiras diárias que parecem inofensivas, na verdade, machucam alguém -são agressões reais e de que para se afirmar, não precisa virar um monstro nem destilar raiva num mundo raivoso. Assim, entendemos como um resultado satisfatório a reação do público ao projeto

@julietacapuleto, sempre solidamente engajado. Houve casos entre a audiência de só

(20)

Medios y tecnología Vol. 21, No. 2_97 Abril-junio 2017 ISSN: 1605-4806 45-64 pp. 63

este ódio todo sofrido pela comunidade trans: “A cada 26 horas uma mulher trans, como eu, morre. Simplesmente porque a gente é aquilo que a gente sente que a gente é”.

Já estamos providenciando novos materiais para promover o projeto. Vamos organizar diversas obras em audiovisuais já que os atores e a produção registraram e transmitiram mais de 90 minutos de vídeo. O que nos possibilita desenvolver trabalhos em inúmeros formatos, de web-série a web documentário, de performances e instalações a longa-metragem ficcional.

Referências

Augé, M. (1994). Não-lugares: Introdução a uma antropologia da supermodernidade. Campinas: Papirus.

Beauvoir, S. (1970). O Segundo Sexo. São Paulo: Difusão Européia do Livro.

Benjamin, W. (2000). A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica. In: Adorno et al. Teoria da Cultura de massa. São Paulo: Paz e Terra. pp. 221-254. Benkler, Y. (2006). The Wealth of Networks: How Social Production Transforms Markets

and Freedom. New Haven: Yale University Press.

Boyce, C. (1996). Dictionary of Shakespeare. Ware: Wordsworth.

Butler, J. (2003). Problemas de Gênero. São Paulo: Civilização Brasileira.

Castells, M. (2003). A Galáxia Internet: reflexões sobre a Internet, negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Zahar.

Dawson, J. (2015). Este livro é gay. São Paulo: Martins Fontes.

Elliott, K. (2004). Literary film adaptation and the Form / Content dilemma. In: Ryan, M.-L. (ed.). Narrative Across Media: the languages of storytelling. Lincoln: University of Nebraska Press, pp. 220-239.

Jenkins, H. (2001). Convergence? I Diverge. Technology Review 06/2001, p. 93. Disponível em: http://web.mit.edu/cms/People/henry3/converge.pdf. Acessado em: 10 de dezembro de 2016.

Jenkins, H. (2006). Convergence culture. New York: New York University Press. Jenkins, H. (2007). Fans, bloggers and gamers: exploring participatory culture. New

York: New York University Press.

(21)

Medios y tecnología Vol. 21, No. 2_97 Abril-junio 2017 ISSN: 1605-4806 45-64 pp. 64

Jenkins, H.; Ford, S.; Green, J. (2015). Cultura da Conexão: criando valor e significado por meio da mídia propagável. São Paulo: Aleph.

Hutcheon, L. (2013). Uma Teoria da Adaptação. Florianópolis: Ed. da UFSC.

Kinder, M. (1991). Playing with power in movies, television, and video games: from Muppet Babies to Teenage Mutant Ninja Turtles. Berkeley: University of California.

Klym, N.; Montpetit, M. J. (2008). Innovation at the edge: social TV and beyond. MIT

Communications Futures Program. 01 de setembro de 2008. Disponível em:

http://cfp.mit.edu/publications/CFP_Papers/Social%20TV%20Final%202008.09 .01%20for%20distribution.pdf. Acessado em: 10 de dezembro de 2016.

Lauretis, T. (1994). A Tecnologia do Gênero. In: Hollanda, H. B. (org). Tendências e

Impasses: o feminino como crítica da cultura. Rio de Janeiro: Rocco.

Martín-Barbero, J. (2014). Diversidade em convergência. São Paulo: Revista Matrizes, V.8 - Nº2, jul/dez 2014, pp. 15-33.

Preciado, B. (2014). Manifesto Contrassexual. São Paulo: n-1 edições. Shakespeare, W. (2016). Romeu e Julieta. São Paulo: Penguin.

Shirky, C. 2008 (). Here comes Everybody. New York: Penguin. Shirky, C. (2011). A Cultura da Participação. Rio de Janeiro: Zahar.

Referências

Documentos relacionados

sobre indivíduos da Andiroba; Participar em rede colaborativa contra o desmatamento ilegal; Gerar sinal de alerta, no caso de ações criminosas na derrubada de

pós-moderno, com estrutura de leitura “líquida”, que de acordo com Bauman (2001) possui uma fluidez tanto na leitura quanto na interpretação. Para isso, fragmenta toda a

As atividades de recuperação paisagística serão implementadas em paralelo com a fase de funcionamento, pelo que o impacte sobre a qualidade do ar deverá ser

A partir do contexto abordado neste artigo, que teve como objetivo atualizar os dados fornecidos e elaborados no estudo de caso realizado no ano de 2006, intitulado

Parte inicial do texto, onde devem constar a delimitação do assunto tratado, objetivos da pesquisa e outros elementos necessários para situar o tema do trabalho. Parte final

(iv) estimate technological profile for Brazil and BLUM regions considering zoo technical indexes and calculated productivities (beef and dairy sectors); (v) estimate costs

de uma instituição de ensino público federal e sua principal contribuição, tanto na perspectiva prática quanto teórica, reside na análise de aspectos da

Tem como diretrizes, a integração com as políticas e diretrizes das Secretarias Municipais, das Subprefeituras e órgãos equiparados; o incentivo e apoio às