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Psicologia, trabalho e saúde: uma revisão crítica

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Academic year: 2018

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Revista de Psicologia

RESUMO

PSICOLOGIA, TRABALHO E SAÚDE:

UMA REVISÃO CRÍTICA

PSYCHOLOGY, WORK ANO HEALTH:

A CRITICAL REVIEW

Maria da Graça Corrêa Jacqud

A Psicologia do Trabalho e das Organizações tem tradição como área de aplicação dos conhecimentos psicológicos. Neste ensaio, com base na análise histórica e na revisão teórica, discute-se a articulação entre trabalho e saúde no campo conceitual da Psicologia. Argumenta-se em direção a uma Psicologia em que a categoria trabalho deixe de ser somente um indicativo de normalidade e adaptação e a uma Psicologia do Trabalho não só como área de aplicação. Fundamentam essa argumentação o exame da inserção da Psicologia no campo da Saúde do Trabalhador e a análise da dimensão simbólica do trabalho e seus vínculos com a constituição da subjetividade.

Palavras-chave: Trabalho, psicologia do trabalho, saúde do trabalhador.

ABSTRACT

Work and Organizational Psychology has tradition as an area of application o f psychological knowledges. In this essay, based on historical analysis and theoretical revision, it is examined the articulation between work and health on Psychology conceptual field . It is argued in direction to a Psychology in wich work category isn't only an indication of normality and adaptation, and also to a Work Psychology not only as an area of application. It is analysed Psychology insertion on the field to Worker Health and the symbolic dimension of work and its relations with subjectivity construction.

Key words: Work, work psychology, worker health.

' Psicóloga, Doutora em Educação, Professora do Pós-Graduação em Psicologia Social e Institucional da UFRGS. E-mail: fjacques@terra.com.br

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1 INTRODUÇÃO

Nossaherançaenossosprojetossema-terializam por e pelo trabalho, ponto de intersecção entre o presente e o fu-turo, sinônimo de História. Investigar sobre o ser do Homem nos obriga a partir do fazer do Homem. Partire-mos do trabalho. (COOO, 1989, p. 9). O parecer de Codo, que atribui destaque e importância à categoria trabalho, se constitui uma exceção no campo conceitual da Psicologia. As di-ferentes concepções sobre natureza humana que fundamentam suas principais correntes teóricas relegam um lugar secundário à categoria trabalho.

O que se constata, em geral, é sua compreensão tão somente como uma conseqüência lógica de uma vida adaptada e normal.

Tal compreensão é reveladora do caráter normatizador conferido ao trabalho e de uma no-ção reducionista do conceito de saúde no âmbito da Psicologia. Expressa, também, o que Patto (1987) nomeou de "ideologia adaptacionista", que a au-tora reconhece como a unidade básica dentro da heterogeneidade do campo psicológico. Ideologia adaptacionista que se revela nas aproximações da Psicologia com a categoria trabalho como área de

aplicação e como recurso terapêutico.

Ressignificar as relações entre Psicologia, tra-balho e saúde é o objetivo deste ensaio. A análise histórica e a revisão conceitual fornecem os funda-mentos para esta ressignificação, com o propósito de apresentar a Psicologia como uma interlocutora no campo da Saúde do Trabalhador e nas discus-sões sobre as implicações das transformações eco-nômicas e sociais ora em curso, introduzindo a dimensão subjetiva no exame dessas implicações. A partir desta ressignificação é possível avan-çar na direção de uma Psicologia em que a catego-ria trabalho deixe de ser somente um indicativo de normalidade e de adaptação social. No mesmo sen-tido, abre-se a possibilidade de construir uma Psi-cologia do Trabalho não só como área de aplicação dos conhecimentos psicológicos.

2 PSICOLOG I A E TRABAL HO : UMA TRAJETÓ RIA COMO PSICOLOGIA APLICADA

Nos séculos XVIII e XIX o trabalho ocupou, no pensamento ocidental, uma posição de

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que como categoria de análise. Datam desse perí-odo, por exemplo: a publicação da obra A Riqueza das Nações (1776) em que Adam Smith o promove como fonte de todas as abundâncias; a divisão do período pré-histórico, por Thonsen (1836), com base nos materiais utilizados no trabalho de fabricação de utensílios; e, a promulgação, por Leão XIII (1891), da primeira encíclica dedicada ao tema.

São também expressões da importância conferida ao trabalho neste período histórico, as concepções de Hegel e de Marx. Em Hegel (1985), o homem, mediante o trabalho, transforma o mun-do ao mesmo tempo em que se transforma a si mesmo em sua própria existência, humanizando-se. Na concepção de Marx (1983), o trabalho se apre-senta como condição básica para a emancipação humana e como atividade fundamental e respon-sável pelo processo de hominização, diferencian-do-se dos demais elementos da natureza.

É em tal contexto de exaltação da categoria trabalho que a Psicologia se constitui como um cam-po disciplinar independente da Filosofia, não lhe conferindo, no entanto, maior importância. Vem de (1983) o primeiro registro crítico a respeito quando qualifica a Psicologia de ciência incompleta, des-provida de conteúdo e realidade por abstrair do

seu campo conceitual o trabalho humano real e concreto.

As explicações para esse posicionamento re-caem na aproximação da Psicologia com as Ciênci-as FísicCiênci-as e Naturais e com seus princípios naturalista e evolucionista. Tal aproximação, com o objetivo de adquirir status científico, apresenta-se como um obstáculo para a apropriação de con-cepções de natureza humana com base em categorias de caráter social. Na vertente da Psicolo-gia Clínica, as explicações recaem na posição de des-taque que a Psicanálise passou a ocupar no campo conceitual da Psicologia. (HABERMAS, 1982; DEJOURS, 1988).

Uma análise da obra freudiana e das leituras subseqüentes que constituem o corpo teórico da Psicanálise revela a posição secundária desta cate-goria. São ilustrativas dessa posição, por exemplo, as referências ao trabalho no desenvolvimento filogenético e ontogenético e na compreensão das relações de força entre os instintos e o ego. Em Psi-cologia das Massas, Freud escreve:

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prin-Revista de Psicologia

cipal fator da civilização, e quem sabe o único[ ... ] amor que nasce do

trabalho comum (tradução livre e

gri-fo ausente no original). (1967, p. 1141).

Na obra Análise Terminável e Interminável, co-loca em nota de rodapé: Freud

Temos aqui uma justificativa do di-reito à importância etiológica de fa-tores não específicos, tais como o trabalho excessivo, o choque, etc. (1967, p.S). (tradução livre e grifo au-sente no original).

Embora a posição secundária conferida ao trabalho no campo conceitual da Psicologia, a apli-cação dos conhecimentos e das técnicas psicológi-cas no âmbito das relações de trabalho logo se apresentou como uma das áreas mais promissoras para atender a crescente demanda do setor produ-tivo em expansão. É nesse contexto que a publica-ção, em 1913, do livro de Hugo Münsterberg marca formalmente a constituição da chamada Psicologia Industrial. A dicotomia entre teoria e prática corrobora para que permaneça como cam-po de aplicação, distanciando-se da produção de conhecimento da Psicologia enquanto ciência.

A aproximação com os contextos laborais se fez a partir dos estudos sobre a fadiga. Nesses contextos, inscreve-se e se consolida com o objeti-vo de medir diferenças individuais na busca do "homem certo para o lugar certo", com o propó-sito de aumentar o rendimento dos trabalhado-res. Desenvolve métodos e técnicas psicológicas de seleção de pessoal, aplicados posteriormente à avaliação de desempenho e ao treinamento.

No entanto, são os estudos de Elton Mayo, realizados na empresa Western Electric, em Hawthome, Chicago, entre 1924 e 1934, que mar-cam o reconhecimento dos fatores psicológicos como decisivos para o aumento da produtividade dos trabalhadores. Derivam-se desse Movimento, reconhecido como Movimento das Relações Huma-nas, a aplicação dos estudos sobre motivação, sa-tisfação no trabalho, clima e cultura organizacionais e uma prática psicológica aplicada aos variados con-textos laborais (não só às indústrias e com a deno-minação de Psicologia do Trabalho), em busca de equihbrio, cooperação e harmonia.

As diferentes escolas no campo da Admi-nistração de Pessoal recorrem aos conhecimentos

e às técnicas psicológicas para sustentar seus prin-cípios e implantar suas ações. O reconhecimento do conflito no processo de crescimento e desen-volvimento organizacionais pela Escola Sistêmica, nas décadas de 60 e 70 do século XX, enseja o em-prego de estratégias psicológicas para a identifi-cação desses conflitos e sua canalização para a eficiência do Sistema. Consolida-se a noção de organização enquanto entidade ontológica, e que se constituiu em objeto da Psicologia, renomeando-a de Psicologirenomeando-a Orgrenomeando-anizrenomeando-acionrenomeando-al.

Reconhece-se, no exame da trajetória da Psi-cologia como área de aplicação, enquanto Psicolo-gia Industrial, PsicoloPsicolo-gia do Trabalho ou PsicoloPsicolo-gia Organizacional, uma prioridade às questões refe-rentes à gestão de pessoal e uma tendência hegemônica para a utilização de métodos e técni-cas psicológitécni-cas com o objetivo de classificação e adaptação dos trabalhadores, com base em normas e valores compatíveis com a acumulação ampliada do capital. Esse posicionamento é objeto de censu-ra de autores renomados como Habermas (1982) e Fromm (1956). Esse último autor, em uma época de exaltação da Psicologia aplicada ao mundo do trabalho, alertava sobre as formas de emprego do conhecimento psicológico que "incrementam o empresário de utilidades sem comprometer-se com a situação do trabalhador." (p. 269).

Autores que examinam a trajetória da Psico-logia Organizacional e do Trabalho no Brasil tam-bém registram críticas semelhantes (por exemplo: Codo (1985); Jacques (1989); Sampaio, Codo e Hitomi (1994); Spink (1996). Expressões como "lobo mau da Psicologia" (COOO, 1985) e "filha que se prostituiu" GACQUES 1989) são representativas do desvalor que lhe é conferido em comparação com outras áreas de aplicação da Psicologia, especial-mente a Psicologia Clínica.

Na vertente da Psicologia Clínica, carregada de positividade, o trabalho ocupa uma posição se-cundária. Erikson (1972), a respeito, registra que é comum as informações sobre o trabalho sequer se-rem apresentadas pelos clínicos nos estudos de caso. Tavares (2004) atribui a dificuldade de integrar as visões da Psicologia aplicada à clínica e ao trabalho à dicotomia estabelecida por uma visão parcial que, ou extemaliza a fonte dos problemas ou a coloca no sujeito, em sua história ou estrutura.

Concepções teóricas que não dão conta da multiplicidade e complexidade da constituição do hu-mano e do seu psiquismo, perspectivas reducionistas

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na compreensão do processo saúde/ doença e a frag-mentação do campo psicológico são algumas das explicações possíveis para a relativa invisibilidade dos vínculos entre trabalho e saúde no campo conceitual da Psicologia. A associação entre traba-lho e sofrimento e ou adoecimento mental só ga-nhou importância a partir da segunda metade do século XX, abrindo a possibilidade de inserção da Psicologia no campo da Saúde do Trabalhador.

3 TRABALHO E SAÚDE: A INSERÇÃO DA PSICO LOGIA NO CAMPO DA S AÚDE DO TRABALHADOR

A condição de trabalhador é um dos critéri-os usadcritéri-os como indicativo de saúde. Contraditori-amente, no entanto, a análise histórica revela uma associação entre trabalho e doença, associação essa reconhecida pelo imaginário social e amplamente discutida na literatura. Tal associação atravessa a representação coletiva de trabalho e a vivência de doença enquanto

[ ... ] avessa ao trabalho, a tal ponto que a falta de trabalho, toma-se, em si, um sinônimo de doença . (DEJOURS,1988, p.33).

E, ainda, a doença é uma justificativa social-mente aceita para a ausência de trabalho sem que essa ausência signifique desqualificação moral as-sociada ao ócio e à marginalização social.

Na literatura, desde a Antigüidade Clássica, encontram-se registros sobre possíveis vínculos entre o trabalho e a manifestação de determinados sintomas patológicos. Hipócrates, por exemplo, re-feria-se a doenças comuns entre mineiros e Heródoto, a morte prematura por problemas pul-monares de escravos que lidavam com mortalhas que envolviam os cadáveres (compreendida hoje como derivada do contato com asbesto). No en-tanto, é somente com a introdução da observação empírica e das explicações racionais na medicina oci-dental, no século XVII, que as relações entre trabalho e doença se tomam mais evidentes. (FACCHINI,1994). A obra de Ramazzini, De Morbis Artificium Diatriba,

publicada em 1700, é considerada a primeira des-crição sistematizada de doenças associadas ao exer-cício de determinadas ocupações.

O período que se segue à sua publicação é marcado pelo desenvolvimento e consolidação do

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capitalismo, associado a precárias condições de trabalho, o que determina uma alta morbidade e mortalidade entre os trabalhadores. A preocupa-ção básica deste período é a luta pela sobrevivên-cia do operariado, que se expressa em obras

clássicas do século XIX como Germina de Émile

Zola e nas primeiras leis promulgadas pelas na-ções européias sobre questões pertinentes à saú-de dos trabalhadores.

Segundo Dejours (1988), a preocupação da legislação no período é com a proteção ao corpo dos trabalhadores e a reparação aos danos causa-dos por acidentes e doenças ocupacionais, o que é indicativo da "revelação do corpo como ponto de impacto da exploração" (p. 21) a partir da introdu-ção da maquinaria em larga escala nos contextos laborais. No final do século XIX e início do século XX assiste-se a uma luta crescente por melhores condições de trabalho, com denúncias sobre as periculosidades das máquinas, dos gazes e poeiras tóxicas e dos parasitas, vírus e bactérias presentes nos ambientes de trabalho.

Embora a preocupação dominante recair na sobrevivência e no corpo doente do trabalhador, encontram-se algumas referências sobre as impli-cações do trabalho na saúde/ doença mental. São ilustrativos o registro de Ramazzini sobre o sofri-mento mental dos escriturários e dos tipógrafos como uma das explicações para a ocorrência de lesões osteomusculares nessas categorias profis-sionais e o alerta de Marx (1989) sobre as conse-qüências do trabalho no "sistema nervoso" dos trabalhadores. A identificação das linhas de mon-tagem fordistas como fonte de sofrimento mental dos operários é tema do primeiro número do

Journal of Mental Higyene, de 1917.

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relações entre certas ocupações e certos distúrbios men-tais. (LIMA, 2002). No entanto, o autor se voltava prioritariamente para o caráter terapêutico do traba-lho (Ergoterapia) em pacientes acometidos pelos mais diversos distúrbios mentais. É através da Ergoterapia que a categoria trabalho se cruza, de modo mais soli-dificado, com a trajetória da doença mental.

As primeiras tentativas de construção conceitual, de descrição e classificação dos chama-dos estachama-dos mentais doentios remontam às socie-dades grega e romana. O Direito Romano os reconhece e aplica as noções de incapacidade civil e de inimputabilidade penal.

O saber médico sobre a doença mental só se consolida a partir do século XVll e guarda uma ín-tima relação com a manutenção do sistema produ-tivo em vigor. Os grandes alienistas, como Esquirol e Pinel, revelam suas preocupações com os desviantes da ordem moral e social; a loucura passa a ser condenada enquanto associada à ociosidade e a internação compulsória toma grandes dimensões como uma forma de controle dos que não se sub-metem à lógica da sociedade do trabalho.

A preocupação com a descrição e a classifi-cação das doenças mentais obscurece a sua discus-são conceitual e o poder médico se consolida como árbitro para a inclusão/exclusão na categoria de doente mental. Essa tendência perdura durante o século XX e se expressa nos manuais clássicos de Psiquiatria, como o de Kaplan, Sadock e Grebb (1997). Os autores preconizam que a doença men-tal é o que se apresenta como men-tal, perante o psiqui-atra com base nos distúrbios e perturbações arrolados nos seus códigos de descrição e sistema-tização e se apresenta como um impediditivo à in-serção ou manutenção no mundo do trabalho.

Nesse contexto não causa estranheza que os primeiros estudos sobre os vínculos entre trabalho e doença mental apareçam a partir da vertente da Psiquiatria e não da Psicologia. Da constatação so-bre o número significativo de empregadas domés-ticas internadas nos hospícios franceses é que o psiquiatra Le Guillant desenvolve suas pesquisas com o objetivo de demonstrar a existência de uma relação entre o contexto laboral e a freqüência e a gravidade dos distúrbios mentais apresentados pelos trabalhadores. A publicação do artigo "A

Neu-rose das telefonistas", em 1956, é considerada o mar-co pioneiro no campo de estudos sobre saúde/ doença mental em seus vínculos com o trabalho.

A ênfase concedida à identificação de qua-dros psicopatológicos é a característica dos primei-ros estudos. A preocupação com a doença é uma tendência das práticas de intervenção e regulação nos campos do conhecimento dedicados à saúde do trabalhador- Medicina do Trabalho, Engenha-ria de Segurança e Saúde Ocupacional-, bem como nos modelos propostos pela Epidemiologia e pela Ergonomia.

Tal tendência perdura, na opinião de Dejours (1988), até 1968, ano identificado pelo autor como um marco referencial na introdução da preocupa-ção com a saúde em seus vínculos com o trabalho, ampliando o conceito de saúde para além do de ausência de doença. A discussão do conceito de saúde ganha relevância nos círculos científicos e na sociedade em geral, destacando-se as contribuições de Canguilhem.

Canguilhem (2000) defende a imprecisão do limite entre o normal e o patológico. Segundo o seu ponto de vista, a doença não é simplesmente desequilíbrio ou desarmonia, mas também o esfor-ço para alcançar um novo equilíbrio. Assim se posiciona:

[ ... ]aquilo que é normal apesar de ser normativo em determinadas condições, pode ser patológico em outra situação se permanecer inalterado. O indivíduo é que ava-lia essa transformação, porque é ele que sofre suas conseqüências, no próprio momento em que se sente incapaz de realizar as tarefas que a nova situação lhe impõe. (p.145). A principal contribuição de Canguilhem na formulação do conceito de saúde, e também seu diferencial, é de que ser sadio não significa ser nor-mal em uma determinada situação, mas ser normativo em uma ou em outras situações eventu-ais. Para o autor, ser saudável é ser capaz de ultra-passar a norma que define o normal em um dado momento e de instituir novas normas diante de si-tuações diversas.

Assim, segundo Canguilhem, a saúde depen-de das diferenças individuais e da variância do con-texto ambiental, histórico e cultural. Repassando essa proposição para o âmbito da saúde mental, estar bem não é apenas estar adaptado mas ser ca-paz de instituir novas normas de vida frente às al-terações que se apresentam. Na perspectiva de Sampaio e Messias (2002, p. 150), o processo

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de/ doença mental é um processo particular de ex-pressão das condições de vida humana em deter-minada sociedade, representando as diferentes qualidades do processo vital e as diferentes compe-tências dos sujeitos para enfrentar desafios, agressões, conflitos, mudanças. Tem tríplice e contraditória natureza: biológica, psicológica e social.

Sob essa lógica, o trabalho ganha relevância como um dos determinantes envolvidos no pro-cesso saúde/ doença. No campo da Saúde do Tra-balhador, a tendência se desloca da saúde do trabalho ou da produção, para a saúde do traba-lhador, outorgando-lhe um papel de sujeito ativo no processo de promoção da saúde e integrando o saber e a prática interdisciplinar em substituição à ação centrada no conhecimento médico. (NARDI, 1997). Tal tendência abre espaço para a integração da Psicologia no campo da saúde do trabalhador , desde a promoção, prevenção, cura e reabilitação.

Também contribui significativamente para a inserção da Psicologia neste campo, a atenção conferida às experiências e vivências dos trabalha-dores e à noção de sofrimento vinculadas ao traba-lho. A obra de Dejours, Travail: Usure Mentale,

publicada em 1980 na França, contribuiu conside-ravelmente para o desenvolvimento de estudos voltados para a compreensão das estratégias de preservação da saúde em situações patogênicas de trabalho. No Brasil, o autor teve uma importância decisiva no desencadeamento das reflexões sobre os impactos do trabalho na saúde mental, a partir da publicação de sua obra, em 1987, traduzida com o título A Loucura do Trabalho.

Com uma origem diferente e com uma con-cepção teórica e metodológica diversa, as teorias sobre estresse também contribuíram para a apro-ximação da Psicologia com o campo da Saúde do Trabalhador. Da mesma forma, abordagens ins-piradas no modelo epidemiológico e diagnóstico fundamentaram uma série de estudos e pesqui-sas sobre os vínculos entre trabalho e doença men-tal no âmbito da Psicologia. Assim, coexistem diferentes abordagens, com base em pressupos-tos teóricos e metodologias distintas, que apon-tam o trabalho como fator constitutivo ou determinante do processo saúde/ doença mental. GACQUES, 2003).

Ainda reconhece-se hoje, uma série de fato-res associados ao trabalho como fato-responsáveis pelo sofrimento e por alterações na saúde mental, desde fatores pontuais como a exposição a determinados

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agentes tóxicos, até a complexa articulação de fato-res relativos à organização do trabalho (parcelamento das tarefas, controle sobre o processo de trabalho, políticas de gestão de pessoal, estrutura hierárquica, ritmo e jornada laboral, etc.). O reconhecimento do vínculo entre trabalho e saúde/ doença mental já faz parte do imaginário social e está presente na legislação previdenciária brasileira. (BRASIL, 2001). Consolida-se, pois, o conhecimento desta re-lação, definida por Seligmann-Silva (1994, p. 51) como

a inter-relação entre o trabalho e os processos saúde/ doença, cuja dinâ-mica se inscreve mais marcadamente nos fenômenos mentais, mesmo quando sua natureza seja eminen-temente social.

No entanto, esse reconhecimento não é sufici-ente para dar conta da articulação da categoria traba-lho no âmbito da Psicologia, ensejando uma análise mais ampla que contemple a sua dimensão simbólica.

4 PSICOLOGIA, TRABALHO E SAÚDE: O TRABALHO MAIS DO QUE CON-SEQÜÊNCIA DE UMA VIDA ADAP-TADA E NORMAL

Reconhece-se, na sociedade atual, que o tra-balho se reveste de valor econômico e cultural, ocupando, assim, importância fundamental na constituição da subjetividade, a partir de uma con-cepção de natureza humana não essencialista, em que a noção de subjetividade/ sujeito está vincu-lada aos processos sociais e históricos. Nas pala-vras de Fonseca (2002, p.22), o conceito de subjetividade

[ ... ]se reporta a tudo aquilo que está alocado no sujeito humano, por con-traste às condições externas de exis-tência, que precedem a entrada do sujeito no mundo. É pela via da po-sição do sujeito no mundo que a sua subjetividade se constitui.

A mesma autora registra a importância que os trabalhadores atribuem ao trabalho como sentido, se não central, muito importante em suas biografias, podendo-se pensá-lo como um dos eixos funda-mentais na estruturação de suas subjetividades.

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a pergunta: quem és? Costa (1989) assinala que a identidade de trabalhador, associada a outros atri-butos socialmente valorizados derivados do ato de trabalhar como força, bravura, honestidade etc., mostra-se à consciência como um elemento de gran-de significação na igran-dentidagran-de psicológica. Empre-ga o termo identidade psicológica para diferenciar de outros sistemas identitários (identidade social, étnica, religiosa, etc.), por se apresentar, não ape-nas como um atributo do eu ou de algum eu, mas como um predicado universal e genérico, definidor por excelência do humano.

Arendt (1981), ao questionar a eleição da categoria trabalho como determinante no processo de hominização, atribui a inclusão "do que eu faço" como traço identitário essencial à exacerbação do

homo faber no contexto sociocultural em que o

ho-mem moderno se inscreve. A posição de centralidade do trabalho no atual contexto sociocultural vem sus-citando ampla discussão. O livro de Gorz (1982) é um marco decisivo ao apontar a redução do opera-riado industrial nos países do chamado Primeiro Mundo, justificado por uma série de argumentos que reforçam a tese sobre a não-centralidade do traba-lho nas sociedades contemporâneas.

Offe (1989) também se inscreve no grupo dos críticos da centralidade do trabalho, ao questionar a relativa importância que lhe seria conferida, hoje, como fonte de riqueza e de qualidade de vida, apon-tando para a existência de diferentes alternativas de sociabilidade associadas a outros valores morais. Nessa discussão, o posicionamento de Habermas (1990) é representativo ao propor e argumentar a centralidade da esfera comunicacional ou da intersubjetividade em substituição à centralidade do trabalho. Meda (1997), inspirada em Habermas, propõe que a sociedade do trabalho teria perdido sua força persuasiva, substituída por outros espa-ços de desenvolvimento da vida pública.

Por outro lado, as críticas a tais posicionamentos são muito representativas. Castel (1998) afirma que as teses sobre o fim do trabalho criam as bases para au-mentar a exploração dos trabalhadores e sua sujeição às escassas oportunidades oferecidas, mesmo sob con-dições adversas. Dejours (1999) chama a atenção de que mesmo com a diminuição dos postos de traba-lho, nunca se trabalhou tanto e tão intensamente, e que ainda não surgiu nenhum substituto do traba-lho enquanto mediador do ego no campo social.

Autores brasileiros, como Antunes (1999), criticam o eurocentrismo dessas posições e sua

ge-neralização ao enorme contingente de trabalha-dores do Terceiro Mundo. Para o autor o que se constata hoje é uma concepção abrangente e am-pliada de trabalho e uma maior interpenetração das clássicas divisões entre trabalho vivo e trabalho morto, trabalho material e trabalho imaterial, tra-balho concreto e tratra-balho abstrato, o que reforça, segundo seu ponto de vista, a centralidade do tra-balho, especialmente nos chamados países em de-senvolvimento. Jacques (2002) reforça essa argumentação ao referir que não se constata a pre-sença de Estados de bem-estar social em países do Terceiro Mundo, base da posição de Offe quando defende a não- centralidade do trabalho.

Os posicionamentos contrários e a própria discussão sobre o lugar central do trabalho na soci-edade contemporânea passaram a ocupar uma po-sição secundária frente ao encaminhamento dos processos de transformação social ora em curso, em que se constata a presença de indicadores que rea-firmam o valor econômico (subsistência) e cultural (simbólico) do trabalho. Valor simbólico que se ex-pressa na sua compreensão como meio de subsis-tência, de valorização moral e de inserção social, o que lhe confere uma dimensão como constitutivo da subjetividade.

A consigna bíblica- "a terra será maldita por tua causa; tirarás dela o sustento com os trabalhos penosos todos os dias da tua vida." (Gen. 3,17) -é a expressão do reconhecimento, no plano simbólico, pela cultura judaico-cristã, do trabalho como elemento de sobrevivência física; sobrevivência física セエ。ュ・ョᆳ

te relacionada com as formas hegemônicas que o tra-balho assume em cada contexto social. A consolidação e expansão do capitalismo lhe confere o caráter de trabalho livre e assalariado, identificado com empre-go ou com um sentido menos restritivo visto as múlti-plas formas que assume no cenário contemporâneo. A maleabilidade do conceito de trabalho é referida por Heller (1989, p. 76) quando aponta que:

[ ... ] com respeito ao trabalho não fa-lamos de uma definição mas de uma aproximação [ ... ].Assim, inclusive, um mesmo conteúdo teórico-social pode operar mediante diversas aproximações e conceitos de traba-lho distintos (não completamente utilizáveis e nem integráveis raci-onalmente um com o outro). Nas línguas latinas a palavra trabalho, de-rivada de tripalium, evoca sua representação para

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sobrevivência como um castigo e uma punição.

Tripalium era um utensílio utilizado na cultura

de cereais e como um instrumento de tortura. Tal origem explica a presença da palavra trabalho somente nas sociedades que utilizam a agricul-tura além da simples coleta de alimentos, figura-tivamente representada na imagem bíblica do paraíso.

A associação do trabalho como meio de so-brevivência e a valoração conferida no capitalismo ao trabalho livre enquanto sustentáculo desse modo de produção se expressam na construção de um imaginário social que passa a conferir ao trabalho valor positivo e o normatiza como dever moral (re-presentativo de uma vida honesta e moralmente boa). A obra de Weber (2002) é uma análise fecun-da do dever moral vinculado ao trabalho sob a óti-ca do protestantismo.

É nesse contexto que o trabalho passa a ser mais do que um meio de sobrevivência para se tor-nar um atributo e um valor moral. Os movimentos higienista e alienista (séculos XVIII e XIX) e a cria-ção de instituições totais como o asilo, o orfanato, a prisão, o hospício, vêm ao encontro do ideário do trabalho como dever moral, pregando a internação compulsória dos improdutivos, pois representados como ameaças à ordem social. Nessa mesma lógi-ca, o trabalho se apresenta como importante ins-trumento para a restauração da ordem social e sua imposição compulsória atende à sua representação como corretivo de caráter moral e como castigo e punição. Seu caráter terapêutico no tratamento de doentes mentais reforça sua dimensão moral.

É justamente a valorização positiva conferida ao trabalho que lhe assegura o papel de principal elemento de integração social. Dejours (1999, p. 47) ressalta que

[ ... ] o acesso à cidadania e à legiti-midade de intervir no espaço públi-co passa, ainda, pelos direitos sociais e políticos conferidos pelo trabalho. Sem carteira de trabalho, um imigrante é ameaçado de expul-são do território.

Como elemento de integração social, os es-paços de trabalho se constituem em eses-paços privi-legiados de relações sociais. Várias esferas de vida são organizadas com base na categoria trabalho, o que lhe confere um lugar privilegiado como organizador social. Estudos sobre envelhecimento apontam a exclusão do mundo do trabalho como

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a principal perda experenciada neste período de vida (CARLOS et al., 1999), exclusão que contri-bui na construção de uma representação de inuti-lidade conferida ao velho em várias culturas.

Lima e Borges (2002), ao estudarem as conse-qüências do desemprego, registram a desestruturação dos laços sociais e afetivos, o isolamento social, o au-mento dos quadros de suiádio, o alcoolismo e a de-pendência de outras drogas. Ao mesmo tempo, o desemprego abala o valor subjetivo auto-atribuído, gerando sentimentos de menos-valia, angústia, desâ-nimo, caracterizando quadros ansiosos e depressivos. Acrescentam, ainda, que as reações do desemprego [ ... ]não são fruto apenas das perdas materiais que (o trabalhador) sofreu, mas sim da impossibilidade de ex-pressar-se, desenvolver-se e deixar sua marca no mundo (LIMA e BORGES, 200 p. 338),

possibilidades que o trabalho oferece pelas suas peculiaridades enquanto trabalho humano.

O caráter de intencionalidade confere ao tra-balho humano um significado"[ ... ] que se define pela permanência além e apesar da relação com o objeto, ou seja, define-se pela transcendência à relação sujeito/ objeto" (CODO, s.d, p. 26). Intencionalidade que distingue, conforme as pala-vras clássicas de Marx (1989, p. 203), "o pior arqui-teto da melhor abelha, pois ele figura na mente sua construção antes de transformá-lo em realidade."

A ação animal de transformação da natureza se extingue nela mesma; no trabalho humano, o cir-cuito se abre para uma terceira relação representada pelo signo que fica no produto (signo-ficare), o qual, por sua vez, transforma-se e é transformado pela ação reáproca do sujeito e do objeto. O significado que o produto do trabalho contém se subjetiva en-quanto constitutivo do psiquismo, inscrevendo o humano na sociedade construída pelo trabalho. Nas palavras de Henfil, cartunista brasileiro: o trabalho permitiu ao homem fazer de um ovo uma omelete, de um tecido uma fantasia, de um barulho urna música e deixar sua expressão no mundo como cul-tura a ser apropriada pelas gerações seguintes.

5 PARA ALÉM DE UMA PSICOLOGIA APLICADA AO TRABALHO

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Revista de Psicologia

do Trabalho que incorpore essa categoria - trabalho - em seu corpo conceitual. Portanto, uma reversão da prática corrente de aplicação dos conhecimentos psicológicos ao mundo do trabalho, o que vai ao encontro de posicionamentos como o de Codo (1989) apresentado na epígrafe deste ensaio.

Reconhece-se toda uma tradição consolida-da na área consolida-da Psicologia Organizacional e do Tra-balho que atendeu e atende a uma demanda, como bem assinala Malvezzi:

[ ... ]compreender a relação entre os processos sociocornportarnentais e os processos de produção ga-nhou o status de urna necessida-de crescente[ ... ]. O aparecimento da Psicologia Organizacional e do Trabalho, no final do século XIX, é urna resposta a essa demanda; sua institucionalização, corno uma das especialidades das ciên-cias comportamentais, cresceu e tornou-se uma das contribuições mais significativas para o desen-volvimento dos negócios e da ad-ministração. (2004, p. 13). Tal Psicologia tem muito a contribuir nos mar-cos conjunturais do mundo do trabalho contemporâ-neo, marcos conjunturais que podem ser associados, de várias formas, àquelas referentes à tecnologia, à or-ganização e à gestão do trabalho. O processo inverso também se mostra fecundo: os efeitos subjetivos das profundas modificações introduzidas no mundo do trabalho, ao que Fonseca (2002, p. 20) se refere como "(des)reestruturaçãoprodutivacom(des)reestruração subjetiva".

Abre-se assim, um espaço para a Psicologia compreender como, por exemplo, a intemalização do capital com a acentuação da queda das fronteiras na-cionais e as possibilidades de conexões informativas em tempo real em nível planetário, que engendram novas noções de tempo e de espaço, expressam-se na constituição da subjetividade. Codo (2004) utili-za a analogia com a Psicanálise na argumentação sobre a necessidade de inclusão da categoria traba-lho para compreender o fenômeno psicológico:

[ ... ]tal como a Psicologia pode cra-var sua 'origem' na sexualidade (para compreender a dinâmica psi-cológica), poderá cravar sua 'ori-gem' no trabalho, buscar nele as causas dos fenômenos que estuda, e pelas mesmas razões. (p.278).

A articulação entre Psicologia, trabalho e saú-de sustenta uma compreensão saú-de sujeito que per-mite avançar na direção de uma Psicologia em que o trabalho deixe de ser tão somente um indicativo de normalidade e de adaptação social. Sua dimen-são simbólica, como mediador de sobrevivência, de valoração moral e de integração social subsidia a constituição de um campo conceitual na Psicolo-gia que fundamente sua inscrição no campo da Saúde do Trabalhador e sua interlocução nas dis-cussões sobre as implicações das transformações econômicas e sociais em curso, introduzindo a óti-ca da subjetividade.

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