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ENSINO JURÍDICO: UM OLHAR DA PEDAGOGIA SOBRE A PRÁTICA BRASILEIRA

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NOSLEAN SILVA DUARTE DA CONCEIÇÃO

ENSINO JURÍDICO:

UM OLHAR DA PEDAGOGIA SOBRE A PRÁTICA BRASILEIRA

BRASÍLIA

2014

(2)

NOSLEAN SILVA DUARTE DA CONCEIÇÃO

ENSINO JURÍDICO:

UM OLHAR DA PEDAGOGIA SOBRE A PRÁTICA BRASILEIRA

Monografia apresentada como requisito para Conclusão de Cursos da Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Centro Universitário de Brasília - UniCEUB, sob a Orientação da Professora Larissa Melo.

BRASÍLIA

2014

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NOSLEAN SILVA DUARTE DA CONCEIÇÃO

ENSINO JURÍDICO:

UM OLHAR DA PEDAGOGIA SOBRE A PRÁTICA BRASILEIRA

Monografia apresentada como requisito para Conclusão de Cursos da Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Centro Universitário de Brasília - UniCEUB, sob a Orientação da Professora Larissa Melo.

BRASÍLIA, 03 de junho de 2014.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________

Prof. Examinador

__________________________________________

Prof. Examinador

__________________________________________

Prof. Examinador

(4)

Dedico esta pesquisa de monografia primeiramente A Deus e a meus

familiares. Aos professores e a instituição UniCEUB pelo apoio e ajuda. Assim como, àqueles

que procuram um ensino jurídico melhor e aprimorado. Que trabalham arduamente para que o

ensino seja eficaz em todos os aspectos. Por fim, a todos aqueles que transformam suas ideias

e sonhos em projetos reais, ajudando a construir uma sociedade melhor.

(5)

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, A Deus que sempre me deu muita dedicação e força para pesquisar cada assunto da monografia. Guiou-me aos professores e autores que correspondiam as perspectivas para que o trabalho acontecesse.

Aos meus pais, irmãos e irmãs, minha esposa e meu filho. Todos sempre apoiaram quando tive que dedicar tempo ao estudo para o trabalho. Pela paciência e bondade deles comigo. Nenhum deles mediram esforços para que eu chegasse a esta etapa da vida acadêmica.

Ao professor Rudhra que iniciou o trabalho de pesquisa de monografia. Pela sua direção e paciência para revisar todas as partes que enviei.

À professora e orientadora Larissa Melo por seu apoio e inspiração em cada momento da monografia. Por ter estudado cada tópico e direcionado para a melhora da pesquisa. Também agradeço a paciência e dedicação de cada momento para que o trabalho fosse executado.

Por fim, à instituição Uniceub que propiciou os meios de pesquisa e aos

colegas que ajudaram na pesquisa por meio de opiniões e incentivo. Realmente foi um

período de grande crescimento e meus agradecimentos a todos que participaram deste

processo.

(6)

RESUMO

Esta pesquisa de monografia visa expor sobre o tema do ensino jurídico brasileiro. O começo da educação jurídica no Brasil se deu por questões mais elitizadas de um grupo. Com isto, ainda há muita herança deste período. O estudo histórico do tema é extremamente relevante para que se tenha compreensão do que foi feito e do que precisa ser feito. Após isto, uma linguagem com outra cultura se fez necessária. Neste ponto, foi abordada a questão da metodologia e do ensino jurídico nos Estados Unidos da América. A observação com outras culturas é de grande valia para o ensino do direito no Brasil. Por fim, as técnicas de ensino e aprendizagem são relevantes de serem estudadas. Por isto, um capítulo foi dedicado para que a educação jurídica Brasileira seja aprimorada. O trabalho é árduo e precisa da colaboração de todos, mas com empenho e esforço os resultados aparecerão com o tempo.

Palavras-chave: Ensino jurídico no Brasil. Contexto histórico. Estudo comparativo entre o

Brasil e os Estados Unidos. Técnicas.

(7)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 7

1 O ENSINO JURÍDICO NO BRASIL ... 10

1.1 Breve Panorama do Período Histórico ... 10

1.2 Os Problemas da Descontextualização, do Dogmatismo Jurídico e da Unidisciplinariedade ... 14

1.3 A Crise no Ensino Jurídico ... 15

1.4 Novos Rumos para o Ensino Jurídico no Século XXI ... 19

2 PARALELOS DO ENSINO JURÍDICO BRASILEIRO COM O JURIS DOCTOR NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA ... 22

2.1 O Direito nos Estados Unidos da América ... 23

2.2 Metodologia de Ensino ... 25

2.3 Formato das Avaliações ... 28

2.4 Paralelos com o método Brasileiro ... 30

3 DIÁLOGO ENTRE O ENSINO JURÍDICO E A PEDAGOGIA ... 33

3.1 Aprimoramento do Ensino Jurídico Brasileiro ... 34

3.2 Habilidade de pensar... 38

3.3 Tipos de Tendências Pedagógicas ... 40

3.4 Técnicas de Ensino e Aprendizagem ... 41

3.4.1 Ensinar de acordo com a realidade ... 42

3.4.2 Como ensinar ... 42

3.4.3 Dedicação Exclusiva? ... 43

3.4.4 Motivação, atitude e planejamento ... 44

3.5 Outras técnicas ... 45

CONCLUSÃO ... 48

REFERÊNCIAS ... 50

(8)

INTRODUÇÃO

Nesta pesquisa buscaremos abordar muitas questões relevantes sobre o ensino jurídico no Brasil. A discussão e o debate sobre o tema é extremamente válido. É importante ter em mente que o ensino do direito deve ser refletido. A pedagogia é importante para o professor e o aluno. O intuito inicial da presente pesquisa é abordar questões que atrapalham o ensino jurídico desde a sua concepção. Após isto o objetivo é aprimorá-lo através de técnicas, métodos fazendo um diálogo com a pedagogia. É importante observar estas questões que são tão pertinentes na educação jurídica atual.

Depois desta abordagem sobre a problematização e a temática estamos prontos para introduzir alguns aspectos que serão discutidos durante a pesquisa. Inicialmente, é preciso aprender sobre os aspectos históricos. O contexto histórico foi de grande importância para que todos entendam o ensino do direito desde a sua concepção no Brasil. Os conceitos e problematizações sobre a dogmática jurídica, a descontextualização e a unidisciplinariedade são relevantes para o estudo. É interessante observar estes temas que serão abordados no trabalho. Neste mesmo capítulo I será explanado sobre a crise da educação jurídica, que foi um reflexo do período histórico do ensino jurídico Brasileiro e também vários outros aspectos contribuíram. Este é um tema muito importante e será discutido de maneira abrangente na pesquisa. Após isto, analisar sobre a perspectiva quanto ao futuro da educação jurídica neste século XXI também é interessante ao tema proposto pela pesquisa de monografia. Algumas perguntas são relevantes quanto ao tema: como acontecia a educação jurídica no Brasil anteriormente? Quais os pontos relevantes? Quais medidas tomaram os juristas e os governantes? Como aprimorar o ensino jurídico no futuro?

Realmente um estudo e uma reflexão sobre o tema abrem a visão quanto a estes assuntos indicados.

Após isto uma análise sobre o direito em outro País far-se-á necessária. A

perspectiva de outra cultura sobre o tema é relevante para que todos compreendam melhor a

relação aluno/professor e as perspectivas de ensino. O País escolhido para aprendermos um

pouco sobre sua educação jurídica foi os Estados Unidos da América. Neste ponto da pesquisa

sobre outra cultura, é válido ter em mente as seguintes perguntas: Por que a metodologia é

importante? Qual a visão do direito em nível internacional? Quais são os paralelos do ensino

jurídico Norte-Americano com o Brasileiro? Vale salientar que a metodologia, avaliação e os

aspectos do ensino jurídico na perspectiva de outro País cultura nos fazem refletir de maneira

(9)

mais consistente sobre o tema colacionado. O objetivo não é dizer qual ensino é melhor, mas sim analisar como outro Estado tem procurado resolver as dificuldades da educação jurídica.

Há também que observar, neste ponto, alguns paralelos com o ensino jurídico brasileiro. Os sistemas são diferentes, mas os problemas atuais são semelhantes e que podem ser discutidos e observados. Relacionar-se-ão algumas soluções que podem gerar bons resultados no futuro.

O término da pesquisa é uma maneira mais prática de aprender sobre o ensino jurídico. O ensino e aprendizagem do direito precisam ser analisados e refletidos. É uma questão extremamente relevante. Algumas perguntas são relevantes: o que são técnicas?

Qual a relação professor/aluno? Por que os métodos são tão importantes? Após estas perguntas, vale expor que as técnicas são importantes para a compreensão do direito em si. Os métodos didáticos e o que está sendo ensinado são de grande valia para todos os estudantes do direito. Vale observar na pesquisa a relação professor/aluno. Cada um tem seu papel neste processo de ensino e aprendizagem. Por meio das técnicas e do empenho de cada sujeito do processo, os resultados virão com o tempo. Alguns aspectos das técnicas são relevantes e que devem ser refletidos durante a pesquisa: habilidade de pensar, oficina jurídica, motivação, atitude, planejamento e etc. Tudo isto deve ser analisado com cuidado por todos os agentes do ensino e da aprendizagem.

Com o trabalho, é proposto que se reflita e pondere sobre os assuntos e subtópicos que serão discutidos. A análise e estrutura que está sendo proposta fazem com que o conhecimento sobre o ensino jurídico seja ampliado. O objetivo é que o aprimoramento do ensino do direito no Brasil de fato aconteça. Vale salientar que muitas vezes mudaram-se os currículos. Mas será que somente isto deve mudar? A resposta está em dar mais atenção à parte pedagógica e por isso é feito o diálogo com a pedagogia. A metodologia é extremamente importante. É como ensinar e como aprender que podem gerar resultados mais satisfatórios.

Durante a pesquisa, é válido estar atento ao que pode ser feito para que o aprimoramento de fato aconteça no ensino do direito no País. Desde a introdução com relação à parte histórica, ao passar pelos paralelos com outra cultura e o diálogo com a pedagogia, é importante ter em mente a necessidade de mudanças e a procura de soluções para os problemas atuais do ensino jurídico.

O ensino do direito está caminhando bem em várias esferas, mas um passo

maior precisa ser dado para que os resultados aconteçam com mais rapidez. O esforço e

empenho de todos os agentes do ensino jurídico são válidos e necessários. A pesquisa,

(10)

reflexão e debate sobre o tema têm acontecido, mas uma visão mais apurada e com a

colaboração de todos os agentes do ensino de fato é necessária. Por fim, vale salientar que a

melhora da educação jurídica no Brasil de fato acontecerá, mas é necessário ter um debate e

análise sobre o tema em diversos momentos. Vale enfatizar que a sociedade está em constante

mudança e o direito e seu ensino precisam estar alinhados a este momento.

(11)

1 O ENSINO JURÍDICO NO BRASIL

Para começar a pesquisa é importante citar a Constituição Federal de 1988.

Em seu art. 205 dispõe ser a educação “direito de todos e dever do Estado e da Família”. O objetivo da educação é “o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para a cidadania e sua qualificação para o trabalho”. A grande meta da educação é o preparo do indivíduo para a autonomia, para a independência. Mas ainda estamos caminhando na busca do aprimoramento da educação no Brasil. Isto afeta diretamente o ensino jurídico no País. Diante da pouca efetividade dos cursos jurídicos no Brasil, é cada vez mais frequente a formação de operadores do Direito sem a adequada estrutura para auxiliar a sociedade atual de acordo com a realidade. Neste primeiro capítulo será abordado sobre o ensino do Direito no Brasil, seus dados históricos e os problemas (a crise) nos tempos atuais.

1.1 Breve Panorama do Período Histórico

O ensino jurídico no Brasil teve várias mudanças através do tempo. De um começo motivado pelas classes mais abastadas do País à procura de soluções para aprimorar o ensino do Direito, a busca pela melhora e efetividade tem se desenvolvido a passos curtos e que devem ser acelerados. Após isto, para começar o estudo sobre o período histórico do ensino jurídico no Brasil, é importante citar Luiz Antonio Bove (2006, p. 116-117)

1

“Antes de iniciarmos um Estudo, propriamente, sobre os problemas que afligem os cursos de Direito no Brasil, necessitamos, como primeiro passo, ter uma visão transparente dos vários fatores que estavam e ainda continuam atrelados a nossa cultura, inclusive, abrangendo as influências advindas do Direito de Portugal [..]”.

A primeira abordagem a ser feita, é que a Metrópole tinha o propósito de impedir a criação dos cursos superiores no Brasil. Isto aconteceu porque temiam que acabasse atingindo a Colônia, acarretando assim um processo de emancipação mais rápido. Neste primeiro momento do ensino jurídico, os estudantes de Direito viajavam do Brasil para estudar na Europa. Os movimentos para o surgimento do ensino jurídico no Brasil começaram obrigatoriamente pela Faculdade de Direito de Coimbra em Portugal. Por isso, há grande

1

BOVE, Luiz Antonio. Uma Visão Histórica do Ensino Jurídico no Brasil. Disponível em:

<https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/RFD/article/viewFile/508/506>. p.116-117. Volume

3, nº 3 (2006).

(12)

influência das transformações Liberais ocorridas na Faculdade de Direito de Coimbra naquele período.

2

O ensino jurídico no Brasil passou por grandes mudanças durante estes últimos séculos. Os cursos jurídicos surgiram em São Paulo e Olinda no ano de 1827. De acordo com o livro ensino jurídico experiências inovadoras, no Brasil: “Os cursos jurídicos são marcados, historicamente, por serem destinados à formação das elites brasileiras nos campos intelectual, político e administrativo”.

3

Representavam para os filhos da elite nacional um meio de se manter nas classes dominantes. No século XIX o que se procurava era a manutenção da ideologia dominante. Não havia uma preocupação de o aluno formar a sua concepção crítica sobre o assunto, mas sim perpetuar a ideologia dos pais. No início foi privilegiada a formação política em lugar da formação jurídica. O Estado controlava rigidamente as questões do ensino jurídico. Este controle acontecia por meio dos currículos, nomeação dos professores, método de ensino, programas e livros.

4

Com o advento da República aumentaram os cursos, sendo criados mais dois: um no Rio de Janeiro e outro na Bahia. Então foi feito um novo currículo e procurou maior profissionalização aos formandos em Direito. Mas na prática pouca coisa mudou. Na década de 1930 o Direito passa a ser uma ascensão de classe social e não mais uma busca de enriquecimento pessoal. Neste período houve a reforma Francisco Campos. No âmbito do ensino jurídico, ela reorientou-o para ser mais profissionalizante, prestigiando o conhecimento prático. Com a Constituição de 1937, o ensino profissionalizante é incentivado ainda mais em consonância com o ideário político que embasava o Estado Novo. Aconteceram alterações curriculares até 1962. Em 1935 foi criada a UDF no Rio de Janeiro, mas não obteve muito sucesso.

5

Com a Nova Capital Federal (Brasília) criou-se a UNB que corrigia a insuficiência do projeto da UDF. O grande diferencial do projeto da UNB no ensino jurídico foi o rompimento com os procedimentos e os cânones típicos do Direito Romano. Assim, estavam lançadas as bases do moderno ensino jurídico no Brasil. Houve novas vertentes de

2

MIGUEL, Paula Castelo; OLIVEIRA, Juliana Ferrari de. Ensino jurídico: Experiências Inovadoras. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2010.

3

Ibidem.

4

Ibidem.

5

Ibidem.

(13)

discussões, reações e resistências. Mas, para San Tiago Dantas, nesta época as faculdades de Direito não preparavam o estudante para o trato com os conflitos sociais. Isto só poderia acontecer mediante uma nova proposta didática.

A partir de 1966 passa a predominar o enfoque positivista. Retorna o Direito Romano e a Filosofia do Direito, também incluindo a disciplina Prática Forense (que só obteve regulamentação em 1972). É importante registrar que no ano de 1968 (Regime Militar) houve uma reforma que impôs um sistema educacional completamente dissociado do contexto socioeconômico brasileiro. As autoras citam sobre este período: “Qualitativamente, no ensino jurídico, pouca coisa mudou no período de 1930 a 1972. A aula continuou sendo caracterizada como conferência e o conteúdo desvinculado da realidade social.”

6

Mas, em 1972 foi proposto um novo currículo mínimo para o curso de Direito. Isto aconteceu com a Resolução nº3. Foi feita pelo CFE (Conselho Federal de Educação). O destaque deste novo currículo era a prática forense (estágio supervisionado), a possibilidade das instituições oferecerem disciplinas extras e a consolidação de um ensino introdutório de feição interdisciplinar.

7

Importante observar que um ponto positivo desta reforma foi a consolidação do ensino introdutório de feição interdisciplinar. Assim, abriu-se às instituições a possibilidade de oferecerem disciplinas extras sendo determinadas por elas próprias.

Após este período, a reforma do Ensino Jurídico nos anos 90 teve um tom diferente das demais, segundo Roberto Filho

8

“Assim, a reforma dos anos 90 teve outro tom e a ampliação do número de cursos de Direito foi um movimento em torno da ideia de que a concorrência poderia prover ensino de mais alunos, separados em distintos estratos qualitativos organizados de forma tal que quem possuísse mais mérito estudaria em boas faculdades e os outros poderiam também obter um diploma em faculdades de menor qualidade”.

O objetivo não saiu como planejado, acarretando vários problemas. A ideia inicial era excelente, mas a criação de muitos cursos acabou banalizando o ensino jurídico, agravando ainda mais a crise. Um dado alarmante é que no Brasil há mais Faculdades de

6

MIGUEL, Paula Castelo; OLIVEIRA, Juliana Ferrari de. Ensino jurídico: Experiências Inovadoras. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2010..

7

Ibidem.

8

FILHO, Roberto Freitas. Ensino Superior do Direito, Concursos e Monografia Jurídica. Disponível em:

<http://www.conpedi.org.br/manaus/arquivos/anais/salvador/roberto_freitas_filho.pdf>. p. 3179-3180.

(14)

Direito do que em comparação ao mundo todo (nos capítulos mais a frente abordaremos melhor sobre o assunto).

9

Com as profundas transformações na sociedade brasileira, como a proliferação desenfreada de cursos jurídicos e o tipo de profissional preparado nas faculdades de Direito, houve a necessidade de uma readequação curricular. A portaria 1.886/94 do MEC propôs esta readequação curricular. O que mais merece destaque nesta portaria é a interligação entre ensino, pesquisa e extensão, a necessidade de se manter um acervo bibliográfico de no mínimo dez mil volumes de obras jurídicas, a obrigatoriedade do estágio supervisionado, o estabelecimento de apresentação de monografia ao final do curso e a determinação de 5 a 10 por cento da carga horária total do curso para atividades complementares. Após a Portaria, mudanças significativas aconteceram, tais como:

instalações físicas das instituições de ensino, preocupação didático-pedagógica com atividades complementares, etc.

10

Em 2004 (com a Resolução nº 9/2004), novas diretrizes nacionais foram instituídas. Nelas há evidente preocupação com o desenvolvimento de competências e habilidades para a formação do bacharel em Direito. Contudo, na prática, não houve muitas mudanças. Ainda há dificuldades quanto a parte pedagógica e a reflexão sobre o ensino jurídico no País. Já em 2005 houve tentativas para a reforma universitária. Foram criados novos instrumentos de avaliação nos cursos superiores, mas ainda há necessidade de melhor acompanhamento para a devida eficácia.

11

Com isso, observa-se que ocorreram poucas mudanças durante a evolução histórica dos cursos de Direito no Brasil. Isto aconteceu porque o ensino jurídico aqui foi construído sobre a matriz do modelo Liberal e houve também influência tardia do modelo de estado social que chocou com a expansão do mercado do ensino jurídico. Assim, afastou-se do contexto da realidade social (estudaremos a seguir sobre o problema da descontextualização).

9

MIGUEL, Paula Castelo; OLIVEIRA, Juliana Ferrari de. Ensino jurídico: Experiências Inovadoras. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2010.

10

Ibidem.

11

SOARES, Fernanda Heloisa Macedo; MASSINE, Maiara Cristina Lima. Crise do ensino jurídico brasileiro.

Argumenta: Revista do Programa de Mestrado em Ciência Jurídica da FUNDINOPI, pag. 57-74.n. 12 jan. /

jun. 2010.

(15)

Esta parte histórica é muito importante para saber o que aconteceu e o que precisamos melhorar. Nota-se que durante o período histórico muitas barreiras foram

“quebradas”, mas ainda há muito que fazer. Há necessidade de uma reorientação neste novo tempo no âmbito do ensino jurídico.

1.2 Os Problemas da Descontextualização, do Dogmatismo Ju rídico e da Unidisciplinariedade

Uma análise crítica muito interessante é a questão do modelo central de ensino jurídico em aplicação. O que é descontextualização, dogmatismo jurídico e unidisciplinariedade? A partir de agora haverá uma análise sobre estas facetas.

Desde a implantação do ensino jurídico no Brasil em1827 têm-se como uma das características marcantes a descontextualização (não está de acordo com a realidade). A descontextualização é associada à ideia de negação do pluralismo jurídico. Este pluralismo jurídico é o inter-relacionamento dos contextos distintos de juridicidade. O ensino jurídico descontextualizado não cria condições para que os juristas aprendam a indagar sobre a realidade. Assim, é um problema muito sério no âmbito acadêmico e no exercício da profissão. Há necessidade não só de aplicar a lei, mas sim uma ponderação mais eficiente. A descontextualização faz com que o saber jurídico transforme-se numa espécie de conhecimento hermético, alheio ao ambiente que o circunda. Importante registrar que ela é um dos elementos centrais da crise do ensino jurídico.

12

Mencionar a autora Gilsilene Francischetto ao expor sobre a descontextualização é necessário: “[...] Por isso, um ensino jurídico da forma como, em regra, vem sendo desenvolvido, ou seja, descontextualizado, não conseguirá instigar no estudante a sensibilidade necessária à compreensão dessas novas situações sociais.”

13

Assim, é preciso ter um estudo jurídico mais voltado para a realidade social. Os discentes devem ser instigados sobre este aspecto, para então adquirir uma sensibilidade quanto às situações sociais.

Outras características como o dogmatismo e a unidisciplinariedade precisam ser superadas para que o ensino jurídico tenha um grande avanço. O dogmatismo é uma

12

SANTOS, André Luiz Lopes dos. Ensino jurídico: uma abordagem político-educacional. Campinas:

Edicamp, 2002.

13

FRANCISCHETTO, Gilsilene PassonPicoretti. Um diálogo entre o ensino jurídico e a pedagogia. Curitiba:

CRV, 2011. pág. 29.

(16)

opinião ou uma crença. Os juristas fazem uma tradução dos conflitos da vida para o campo jurídico. A linguagem aqui é jurídica. Os conflitos são tratados de forma técnica que só os juristas sabem. A dogmática (ligada ao direito positivo) apenas pode produzir um conhecimento reprodutor e não renovador. Nessa esteira, vale citar André Santos

14

“[...] Ao produzir seus enunciados principiológicos, com base nos quais os agentes darão operacionalidade aos textos legais, a Dogmática Jurídica acaba por viabilizar a permanente atualização – ou, em contrapartida, a insistente petrificação – dos significados dos comandos legais.”

A crítica no campo jurídico é que estes dogmas são apresentados como pontos inquestionáveis do conhecimento jurídico. Vale salientar que o Direito é uma ciência de reflexão. Com uma visão dogmática de não alteração, não se chega a esse objetivo. A proposta é desmistificar a dogmática jurídica.

15

Por fim, importante abordar a unidisciplinariedade. Este é apontado pela OAB como um dos elementos críticos nucleares do modelo central de ensino jurídico. Aqui o conhecimento é algo pronto, que o professor possui e deve transmitir ao aluno. Há muitas evidências disto no ensino atual. O problema é que com esta unidisciplinariedade o contato com outros saberes fica completamente inviabilizado e amplamente comprometido. Há também o agravante dos professores não ensinar o aluno a pensar o Direito.

16

É necessária uma reflexão melhor sobre o assunto. A descontextualização pode ser resolvida com a formação mais social do operador do Direito. O dogmatismo deve ser combatido com uma linguagem mais clara perante a sociedade. E por fim a unidisciplinariedade deve ser tratada com mais rigor e procurar meios de extirpá-la com a inserção da interdisciplinaridade. É preciso o contato com outras matérias por parte dos professores e dos alunos também.

1.3 A Crise no Ensino Jurídico

Após a breve visão histórica e a problemática da descontextualização, do dogmatismo e da unidisciplinariedade, o assunto a seguir leva a ponderar sobre a crise do ensino jurídico brasileiro. Esta crise está em pauta há muito tempo. Bom, para começar a

14

SANTOS, André Luiz Lopes dos. Ensino jurídico: uma abordagem político-educacional. Campinas:

Edicamp, 2002. pág. 61.

15

Ibidem.

16

Ibidem.

(17)

abordar o assunto sobre a crise do ensino jurídico é importante citar as autoras Fernanda Soares e Maiara Massine

17

“Ao tratar da crise do Ensino Jurídico torna-se necessário entender que esta decorre da crise de uma concepção formal do Direito, da crise de identidade do próprio bacharel em Direito, da perda do papel político, da crise de legitimidade dos operadores jurídicos, bem como da falta de eficácia das decisões emanadas do Judiciário.”

Com a citação acima entendemos um pouco sobre a crise do ensino jurídico no País. Juntamente com o Direito, o ensino jurídico no Brasil está passando por uma crise.

Isto aumenta em decorrência de vários fatores históricos e sociais como abordados nos subtítulos anteriores.

Desde a sua criação, o ensino jurídico foi feito para a elite da Sociedade Brasileira. Estes profissionais eram formados com o interesse de servirem ao Estado. Com o tempo, percebeu-se que a falta de acadêmicos críticos atuantes na sociedade acarretou sérias problematizações no âmbito Jurídico e Social. Nas Universidades, por causa do exacerbado dogmatismo, criaram-se meros repetidores de normas e não pensadores do Direito para trabalhar por uma sociedade mais justa e melhor, conforme tanto prega a Constituição Federal. A partir desta introdução podemos adentrar com mais profundidade no assunto.

18

Primeiramente, vale expor que o direito em si está em crise. Esta crise se dá por questões sociais, estruturais e de valores, entre outras. É possível afirmar que esta crise do Direito reflete no ensino jurídico. Assim, o ensino jurídico de graduação no Brasil contemporâneo é o ensino desse Direito em crise. A meta inicial do ensino jurídico era fazê-lo funcionar como aparelho ideológico do Estado. Seu objetivo era a reprodução da ideologia de sustentação do Estado Nacional. Outra finalidade básica era propiciar aos grandes senhores latifundiários do império a oportunidade de fornecerem aos seus filhos o ensino superior, sem que estes tivessem que se deslocar para a Europa. Assim, o controle do Estado era feito pela elite econômica do País. Interessante observar que no estudo feito mais acima sobre o período histórico do ensino jurídico no Brasil, constataram-se estes objetivos iniciais que refletem no ensino jurídico brasileiro atualmente.

19

17

SOARES, Fernanda Heloisa Macedo; MASSINE, Maiara Cristina Lima. Crise do ensino jurídico brasileiro.

Argumenta: Revista do Programa de Mestrado em Ciência Jurídica da FUNDINOPI, pag. 57-74.n. 12 jan. / jun. 2010.

18

Ibidem.

19

Ibidem.

(18)

O problema evidenciado hoje é deste período histórico. No início, os cursos de Direito não tinham interesse em fomentar a discussão entre os dissentes, mas sim a reprodução e concretização das ideologias do Estado. Realmente a crise do ensino jurídico no País é bem maior por causa da ideia inicial que começou de maneira equivocada. Por isso, há necessidade de uma discussão mais bem ponderada sobre o assunto. Na atualidade o que se vê é um ensino jurídico mercantilizado que em sua maior parte está nas mãos das instituições privadas que não tem interesse em colocar no mercado pensadores do Direito, mas sim continuar a formar mão de obra técnica para o mercado capitalista.

20

Este problema é extremamente sério, segundo Luiz Antonio Bove: “[...] a multiplicação espantosa das instituições privadas, voltadas, com exceções, à lucratividade rápida e fácil, sem o devido controle de qualidade [...]”.

21

Em grande parte, as faculdades de Direito não oferecem um ensino jurídico voltado ao questionamento, à crítica. O mercado universitário visa somente formar profissionais do ambiente jurídico que serão inseridos no mercado sem nenhuma visão crítica, sem qualquer noção do que a formação jurídica deveria representar para a sociedade.

A alienação dos alunos e a postura dogmática dos Professores e das instituições de ensino não resultará em um ensino jurídico voltado à sociedade, à realidade.

Um dos maiores problemas dos cursos jurídicos, mesmo historicamente, é não acompanharem as mudanças da estrutura social. Eles permanecem com o mesmo estilo de ensino que foi implantado em sua instalação. Assim, há pouca eficiência e validade. Algo que deve ser feito e causaria resultados é a transformação do processo de ensino e aprendizado voltado à crítica, à responsabilização social. O efeito é a transformação dos acadêmicos do Direito.

No sistema jurídico atual, o ensino jurídico acaba por desprezar a discussão referente à função social das leis e dos códigos, valorizando somente os aspectos técnicos e procedimentais. Os alunos precisam perceber que o Direito não se resume a códigos, mas apresenta em seu conteúdo questões de suma relevância como justiça e direito e que eles, muitas vezes, estão distante do teor dos dispositivos legais. A superação do código é um primeiro passo. Outras ideias são interessantes de serem observadas, como: redução do

20

SOARES, Fernanda Heloisa Macedo; MASSINE, Maiara Cristina Lima. Crise do ensino jurídico brasileiro.

Argumenta: Revista do Programa de Mestrado em Ciência Jurídica da FUNDINOPI, pag. 57-74.n. 12 jan. / jun. 2010.

21

BOVE, Luiz Antonio. Uma Visão Histórica do Ensino Jurídico no Brasil. Disponível em:

<https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/RFD/article/viewFile/508/506>. p.135. Volume 3 nº

3 (2006).

(19)

número de alunos em sala de aula, incentivo à pesquisa e a preparação didático-pedagógica dos professores. Nos capítulos subsequentes falaremos mais sobre estes assuntos e técnicas para o aperfeiçoamento do ensino jurídico. Aqui é importante observar porque a crise do ensino jurídico pode começar a ser sanada com um trabalho mais efetivo nestes pontos.

22

Como estudamos anteriormente, os profissionais de Direito precisam abandonar a descontextualização e procurar pautar o trabalho na realidade social. O professor e o aluno devem estar engajados neste trabalho.Os alunos devem ser incentivados a perceber no curso de Direito a necessidade da leitura, estudo e reflexão. Nada pode substituir seu papel neste processo. O professor precisa incentivar o aluno a ver que o Direito, mesmo com a especialização, é um sistema a ser compreendido em sua globalidade. As coordenações dos cursos devem concentrar seus esforços em fazer uma interligação entre as disciplinas para que os alunos obtenham uma visão mais global de todo o conteúdo do Direito que precisa ser pesquisado e refletido.

23

Vários foram os fatores para a crise do ensino jurídico, como por exemplo, o ensino essencialmente formalista, centrado no estudo dos códigos e formalidades legais.

Alguns outros fatores são: o ensino excessivamente tecnicista, o predomínio da ideologia positivista, a proliferação desordenada dos cursos jurídicos, a baixa qualidade dos cursos e a falta de incentivo à pesquisa. Como estudamos no período histórico, esta crise já foi percebida há mais de cinquenta anos por San Tiago Dantas, que a definia como uma crise de estrutura axiológica do Direito. Mais tarde outros analisaram a crise a partir de uma perspectiva político-ideológica, caracterizada pelo descompasso existente entre o Direito e as práticas sociais. Esta crise estende-se até hoje. O problema é que se agravou muito com o tempo.

Vários pontos abordados aqui serão mais bem delineados no decorrer da pesquisa.

24

Desde 1930 predominou o dogmatismo jurídico (como estudamos no tópico anterior). São grandes os reflexos na sociedade atual. Por causa disto foi reduzida a possibilidade de se construir um ensino jurídico num ensino interdisciplinar que pudesse relacionar o saber jurídico às estruturas sociais. O pensamento formalista também impediu que as universidades de Direito pudessem funcionar como centros de discussões dos problemas sociais, mas atualmente este fato perdeu força com o surgimento de diversos

22

SOARES, Fernanda Heloisa Macedo. Argumenta: Revista do Programa de Mestrado em Ciência Jurídica da FUNDINOPI n. 12 jan. / jun. 2010.

23

Ibidem.

24

Ibidem.

(20)

movimentos sociais. No entanto, ainda há resquícios desta época. Existem faculdades que formam bacharéis versado em formalidades legais e alheios a problemas sociais e sem nenhuma capacidade de refletir e criticar o que lhe é transmitido. O conhecimento é passado como algo já pronto. Outra problemática é a relação medíocre de aluno-professor. O aluno encontra-se acomodado, não questionando a exposição do professor e a informação transmitida. Ele absorve e acredita na verdade plena. Já o professor quer somente receber de volta o que transmitiu, não interessando a subjetividade, o estilo ou o recorte do aluno.

25

O Direito está em crise, pois o modelo liberal-individualista dogmático não oferece respostas aos novos anseios da sociedade. Isto acontece porque falta crítica no ensino tradicional e a reflexão é praticamente deixada de lado sendo substituída pelo ensino de maneira dogmática. Vale salientar que o resultado da crise é um Direito alienado da sociedade, assumindo assim foros de dramaticidade, se comparar o texto da Constituição com as promessas da modernidade não cumpridas.

26

Com isto, percebe-se a complexidade referente à crise do ensino jurídico no Brasil. Os efeitos da crise da educação jurídica e do próprio Direito tem natureza altamente preocupante no que se refere ao texto Constitucional e demais normas infraconstitucionais com a realidade. Tudo isto é em decorrência da falta de consciência histórica oriunda de profissionais adeptos da lei e não dos homens e suas necessidades. Por se apegarem demasiadamente ao formalismo, os recém-graduados encontram dificuldade em conciliar teoria com realidade, pois o ensino é mais voltado ao estudo do código e de conhecimentos já prontos deixando de lado a reflexão que é tão necessária ao estudo eficaz do Direito. A consequência disso é a dificuldade do profissional do Direito em lidar com os problemas sociais que chegam às suas mãos. Por fim, entendem que os manuais não apresentam respostas para várias situações. É importante ter em mente que, conforme citam as autoras: “A vida das pessoas é muito mais rica e mais complexa do que as fórmulas abstratas dos códigos.”

27

1.4 Novos Rumos para o Ensino Jurídico no Século XXI

25

SOARES, Fernanda Heloisa Macedo; MASSINE, Maiara Cristina Lima. Crise do ensino jurídico brasileiro.

Argumenta: Revista do Programa de Mestrado em Ciência Jurídica da FUNDINOPI, pag. 57-74.n. 12 jan. / jun. 2010.

26

Ibidem.

27

Ibidem.

(21)

O ensino jurídico precisa tomar novos rumos para tentar recuperar a dimensão axiológica do Direito e de sua ciência. Deve buscar trazer para mais próximo os conteúdos sociais a uma revisão dos projetos pedagógicos e dos conteúdos programáticos.

Também precisa incentivar a reflexão e a pesquisa e extensão. Verifica-se que, com a Resolução nº 9 de 29 de setembro de 2004, começaram a acontecer algumas mudanças. Nota- se uma mudança do modelo liberal positivista, pois aproximou mais o aluno da realidade. No entanto, verifica-se que esta mudança ainda não é suficiente para solucionar a problemática da crise do ensino jurídico. São necessárias novas teorias para revolucionar o conhecimento do Direito.

28

Para um ensino jurídico mais eficiente são necessárias novas propostas.

Durante a pesquisa nos próximos capítulos analisaremos algumas propostas para a melhora do Ensino do Direito no Brasil. Vale registrar que atualmente alguns Juristas tem procurado expor ideias e planos para que o ensino jurídico seja mais eficiente. Esta visão é reforçada por Fernanda Soares e Maiara Massine

29

,

“Atualmente, podem-se identificar agentes responsáveis pelo início destas pequenas mudanças, são estes movimentos de cunho prático-teórico que agrupam juristas de visão crítica, que se encontram inseridos nos quadros do corpo docente divulgando seus ideais.”

Com isto, há esperança para um estudo mais bem elaborado do Direito.

Neste século XXI já aconteceram algumas mudanças (cito alguns movimentos críticos como:

“Direito achado na rua” (UNB); “Nova Escola Jurídica Brasileira”; “Direito Insurgente”;

entre outros) em vista da preocupação de uma parte dos docentes e organizadores, mas ainda há muito que fazer. Mesmo com estes movimentos, outros elementos surgirão. É importante observar que ainda não se chegou a uma solução definitiva sobre a crise instaurada no ensino jurídico.

30

Diante disso, uma visão mais adequada se faz necessária. O ensino deve ser pautado mais na realidade social e na prática. Os professores precisam ter uma interação com a pedagogia e realmente aprimorar o que será exposto aos alunos. Há necessidade da reflexão.

Já os alunos precisam ter mais interesse e realmente buscar o conhecimento. O estudante

28

SOARES, Fernanda Heloisa Macedo; MASSINE, Maiara Cristina Lima. Crise do ensino jurídico brasileiro.

Argumenta: Revista do Programa de Mestrado em Ciência Jurídica da FUNDINOPI, pag. 57-74.n. 12 jan. / jun. 2010.

29

Ibidem.

30

Ibidem.

(22)

precisa deixar de ser um simples expectador da realidade jurídica social e participar ativamente do processo de mudança.

Por fim, concluímos este capítulo expondo que as mudanças de paradigmas

são necessárias para o aprimoramento do ensino jurídico. Há necessidade de aperfeiçoar a

maneira que o ensino jurídico é transmitido aos acadêmicos de Direito. Por isso, uma reflexão

sobre o que outras culturas passaram é indispensável. Realmente podemos aprender com a

experiência de outros. É preciso também um diálogo com a pedagogia, pois acontecerá o

aprimoramento do estudo. As técnicas de ensino e aprendizagem são importantes no processo

de mudança. Nos próximos capítulos serão expostas estas ideias para o aprimoramento do

ensino jurídico no Brasil. Vale salientar que mudar as posturas errôneas do ensino jurídico é

uma tarefa árdua, mas não impossível.

(23)

2 PARALELOS DO ENSINO JURÍDICO BRASILEIRO COM O JURIS DOCTOR NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

Durante o capítulo I discutiu-se sobre o aprendizado do ensino jurídico no Brasil. O período histórico destacou o processo de ensino jurídico até o quadro atual no País.

Depois houve uma reflexão necessária concernente à descontextualização, o dogmatismo jurídico e a unidisciplinariedade. São fatores de muita valia para o estudo e estes problemas precisam ser sanados. A crise do ensino jurídico no Brasil já foi detectada há muito tempo. É indispensável uma discussão sobre o tema. Foram apresentados alguns fatores que contribuíram para a crise e ideias para o aprimoramento do ensino do Direito no Brasil. Por fim, procurou-se ter um olhar dos novos rumos sobre o assunto. É preciso ter uma perspectiva mais otimista sobre o ensino jurídico no Brasil. Existem aspectos positivos e pontos a melhorar. Com a devida análise e empenho poderá ser feito um grande trabalho para o aprimoramento desta Ciência tão importante no Brasil e no mundo. Ainda há muito que fazer.

A proposta de pesquisa aqui delineada dá uma melhor visão para o aperfeiçoamento do ensino do Direito Brasileiro.

Neste capítulo II a abordagem será sobre o paralelo entre o ensino jurídico no Brasil com a educação jurídica nos Estados Unidos. O que podemos aprender com eles?

Funciona mesmo? Qual a diferença entre os Sistemas? Qual o método de ensino? Estas são algumas perguntas que serão respondidas durante a pesquisa. O que será estudado neste capítulo é uma visão bem moderna na perspectiva do Direito Comparado. A ênfase será na discussão sobre o sistema Norte-Americano e o método utilizado no ensino por lá. Os Estados Unidos foram escolhidos porque o método de ensino jurídico é diferenciado do Brasil e que pode ser de proveito para termos uma visão maior sobre o ensino jurídico aplicado em outra cultura. Outro destaque é que os Estados Unidos tem mais experiência que o Brasil sobre o assunto e isto pode ser muito útil no estudo. No decorrer do capítulo, ponderar e refletir sobre o tema pode abrir mais horizontes sobre o ensino jurídico e como é possível aprimorá-lo.

Também é sumamente importante observar como funciona o Direito nos Estados Unidos da

América. A observação e ponderação são essenciais para que se chegue a um patamar melhor

no ensino jurídico Brasileiro.

(24)

2.1 O Direito nos Estados Unidos da América

Nos Estados Unidos a formação do advogado é chamada de Juris Doctor. O curso de Direito tem duração de três anos (quando acontece em tempo integral) e é feito por pessoas que já possuem bacharelado em qualquer área de estudo (duração de pelo menos quatro anos). Por isso, há a ideia de que o curso de Direito nos Estados Unidos é uma pós- graduação e não graduação, como ocorre no Brasil. Quando o aluno se forma, recebe o grau Juris Doctor. Interessante notar que o advogado não é chamado de Doutor nos Estados Unidos, mas existem mestrado e doutorado em algumas áreas do Direito. O exame para admissão e a concorrência são grandes. Outra observação interessante: é necessário procurar uma Faculdade reconhecida pela ABA (American Bar Association), pois somente podem fazer o Bar Exame os que possuem diplomas destas Faculdades licenciadas. O Bar Exame é o equivalente a prova da OAB aqui no Brasil, só que nos Estados Unidos não é unificado.

31

Após isto, a abordagem acontece com relação ao sistema do Direito Norte Americano. Nos EUA existem vários modelos judiciários, pois o modelo Federal coexiste com cinquenta modelos Estaduais (cada Estado da Federação). Esses modelos seguem a tradição das cortes de equity da common law inglesa, com exceção do Estado da Luisiana que persiste a civil law de origem Francesa. Vale ressaltar que este Estado foi colonizado inicialmente pelos Franceses.

32

Na Inglaterra, desde o século XIII é usada a expressão common law, que designava o direito comum. Os costumes observados podem ter caráter geral (aplica em todas as jurisdições) ou caráter especial (em certas regiões). Já nos Estados Unidos se fez perceber uma sutil recepção do Direito Romano, pois até o século XIX não se sabia qual sistema seria aplicado nos Estados Unidos, civil law ou common law. Uma diferença do sistema aplicado nos Estados Unidos com o da Inglaterra é que os Americanos distribuem a Justiça de maneira descentralizada.

33

Mas, o que é common law? Em sentido amplo é o conjunto de direito não escrito e em sentido estrito ela se opõe ao direito escrito e ao direito-equidade. Neste modelo, a norma fundamental é a Carta Magna que apresenta uma escala hierárquica da seguinte

31

GORE,Célia Charmayne. Uma Batalha Legal.São Paulo: Editora Biblioteca 24h, 2008. p. 17.

32

MEDEIROS, Cristiano Carrilho Silveira de. Manual de História dos Sistemas Jurídicos.Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2009.

33

Ibidem.

(25)

forma: 1) Constituição Federal, 2) Leis e Atos Federais, 3) Constituições, Leis e Atos Estaduais e 4) Leis e Atos Municipais. A common law consta das Leis, das normas declaradas (não elaboradas) nos precedentes judiciais e de princípios científicos aceitos como critérios fundamentais da jurisprudência. Cada decisão deve ser pautada em casos do mesmo gênero (jurisprudência), classificando a common law como um Direito Costumeiro declaradamente jurisprudencial. A construção do ordenamento jurídico é feita pelas decisões dos juízes e tribunais. No modelo Norte Americano a aplicação da norma não começa com a Lei, mas sim com o caso. Em princípio, tradicionalmente, o raciocínio da common law é indutivo (mais abaixo analisaremos melhor sobre este importante tipo de raciocínio).

34

Após tudo isto, fica a pergunta: qual a diferença entre common law e civil law? Common law é o sistema mais pautado na Jurisprudência, nos Precedentes. Já a civil law é mais pautada nas Leis, com o uso da jurisprudência para fortalecer a decisão pela Lei. Vale salientar que um traço marcante da common law é que se caracteriza a partir da Constituição como norma fundamental para a edição das demais normas infraconstitucionais. Nos Estados Unidos por muito tempo foi usado a common law, mas hoje em dia há muitas Leis sendo criadas para resolução dos conflitos, tendo uma abertura maior para o sistema civil law. No entanto, predomina a common law.

35

Por fim, é interessante observar também que nos Estados Unidos a Justiça Federal é dividida em: District Courts (primeira instância), Courts of Appeals (segunda instância) e Supreme Court (está acima das outras. São matérias Constitucionais e de Lei Federal). Ainda há as Legislatives Courts (Tax Court, entre outras). Vemos que é semelhante ao Brasil até certo ponto.

36

A introdução acima concede uma visão superficial, mas necessária, para o desenvolvimento da pesquisa sobre o ensino jurídico. Após isto, estamos prontos para fazer o próximo passo que é aprender a metodologia de ensino aplicada nos Estados Unidos da América.

34

MEDEIROS, Cristiano Carrilho Silveira de. Manual de História dos Sistemas Jurídicos.Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2009.

35

MACIEL, Adhemar Ferreira. Dimensões do direito público. Belo Horizonte: Livraria Del Rey Editora, 2000.

p. 84.

36

MEDEIROS, Cristiano Carrilho Silveira de. Manual de História dos Sistemas Jurídicos.Rio de Janeiro: Editora

Elsevier, 2009

(26)

2.2 Metodologia de Ensino

Depois da introdução, é essencial começar uma discussão e pesquisa sobre o método de ensino nos Estados Unidos. Por ser sistema common law, o estudo de caso é bem mais presente. Primeiramente é de grande valia a discussão concernente ao raciocínio implantado nos EUA. Por isso é importante perceber a diferença entre o raciocínio indutivo e o dedutivo, segundo Gustin (2006, p. 23):

37

“O raciocínio indutivo é um processo mental que parte de dados localizados e se dirige a constatações gerais. Assim, as conclusões do processo indutivo de raciocínio são sempre mais amplas do que os dados ou premissas dos quais derivam.

É o caminho do particular para o geral. São três as fases do processo indutivo de conhecimento: a observação dos fatos ou fenômenos, a procura da relação entre eles e o processo de generalização dos achados nas duas primeiras fases. Nas Ciências Sociais Aplicadas, a crítica que se pode fazer ao uso da indução, é que as pesquisas desta área não permitem generalizações completas por se restringirem a campos sociais específicos, sendo difíceis as universalizações dos conhecimentos obtidos.

O raciocínio dedutivo é o processo que faz referência aos dados de nossa experiência ou às normas e regras em relação às Leis e Princípios gerais e ao maior número de casos que a eles possam ser referidos. Esse raciocínio trabalha com a suposição de subordinação, ou seja, uma especificidade subordina-se a uma regularidade geral.

Comparando estes dois primeiros raciocínios, o segundo tem como objetivo de explicitar os conteúdos das premissas e o indutivo tenta ampliar o alcance dos conhecimentos [...]”.

Nos Estados Unidos é usado o sistema indutivo (nele se constrói um pensamento que passa por verdades singulares a uma verdade mais universal) de aprendizagem. Neste momento já é perceptível a diferença com o Brasil. O raciocínio aplicado no Brasil é o dedutivo (por causa de nossa origem, onde a fonte primária é a Lei).

Destaca-se que o raciocínio dedutivo passa por uma verdade mais universal até a mais singular, diferentemente do raciocínio indutivo.

38

O modelo de Estudo do Direito Norte-Americano é chamado de case method (estudo de casos práticos), sendo diferente da metodologia de ensino jurídico no Brasil. A metodologia Norte Americana foi desenvolvida em Harvard a partir de 1870 por Christopher Columbus Langdell. Ao implantar o case method, Langdell elaborou algumas diretrizes como: professores jovens com dedicação exclusiva, rigoroso modelo de exames, curso superior já concluído pelos alunos, etc. Há uma pesada carga de leitura imposta aos

37

GUSTIN, Miracy B. S.; DIAS, Maria Tereza Fonseca. (RE)Pensando a pesquisa jurídica: teoria e prática.2.

ed. Belo Horizonte, Editora Del Rey, 2006. p. 23.

38

Ibidem.

(27)

alunos. As decisões judiciais são rigorosamente lidas e debatidas, com sabatinas em todas as aulas.

39

O case method é praticado de acordo com algumas características do modelo socrático. O método de perguntas para incentivar o aluno a refletir é utilizado nas faculdades de Direito dos Estados Unidos principalmente no primeiro ano do curso.

Importante observar que os discentes já se acostumam com o método, entretanto muitos ficam traumatizados porque é considerado um muito agressivo para a aprendizagem.

No método de ensino jurídico Norte Americano, o professor faz as perguntas dificultando de forma gradual, dirigindo a aula socraticamente (pauta mais as perguntas e reflexões dos temas propostos). Os alunos ficam mais tensos com o passar do tempo. O método faz com que o aluno se prepare antes porque sabe que serão feitas perguntas a eles para que participem e encontrem as respostas das perguntas por si mesmos. O professor dirige a aula. A busca do docente é que o aluno deduza princípios, regras e tendências a partir de casos solucionados. Este método é muito criticado pelos juristas nos Estados Unidos.

Arnaldo Godoy explana que

40

“O Aluno é treinado a sentir-se oprimido. Tem-se a impressão de que só aprende a quantidade de que se é capaz; a incompetência é culpa do próprio aluno. Não há incentivo para o pensamento independente, para a integridade moral decorrente das próprias escolhas, assumindo-se riscos e fracassos. Molda-se um profissional liberal e agressivo, incisivo e direto. O ser humano que disso tudo resulta pode ser qualificador de pessoa angustiada e ansiosa, que ganha a vida na exploração do conflito, que transcende da sociedade para a própria individualidade, oprimida, insegura, desinteressada e talvez desesperada para a construção de uma sociedade mais justa”.

Esta crítica é muito pertinente. O método utilizado nos Estados Unidos é interessante, mas há excessos que não precisam acontecer. No entanto, na ideia inicial, Christopher Columbus Langdell entendia que o aprendizado é bem melhor quando os alunos são treinados para que descubram sozinhos os princípios jurídicos e cheguem às suas próprias conclusões. Esta era a ideia inicial do método de ensino nos Estados Unidos, mas o tempo passou e foram criando muitos excessos. O docente pergunta ao aluno e o deixa responder.

Interessante notar que neste método não são feitas aulas expositivas, como é tão recorrente no Brasil. Vale salientar a problemática da aula expositiva. Ela é preparada pelo professor ao aluno, mas este passa o conhecimento como algo já pronto. Não há espaço para a reflexão e pesquisa. Isto é muito danoso porque os alunos se tornam acomodados. Mais à frente haverá

39

GODOY, Arnaldo Sampaio de Moraes. Direito nos Estados Unidos. Barueri – SP: Manole, 2004, p. 215.

40

Ibidem.

(28)

uma discussão mais apurada sobre o modelo de aula expositiva que pode ser dosada para um ensino mais eficaz. A aula expositiva não é um fracasso pedagógico, mas é preciso mais motivação, atitude e planejamento.

41

Após esta reflexão, mais uma pergunta se faz pertinente: como acontece o estudo propriamente dito? É comum nos Estados Unidos os Professores dizerem que para cada hora aula, deve-se ter uma preparação de duas horas. Notemos que um dos critérios de Langdell era o professor ter uma dedicação exclusiva no ensino, mas no mundo de hoje é algo bem difícil de acontecer. Nota-se que o estudo de caso ainda é uma maneira muito eficaz de aprendizado no método de ensino jurídico dos Estados Unidos. Para eles o aluno ganha mais senso crítico e poder de julgamento mais apurado. O Autor Cristiano Carrilho de Medeiros cita

42

“[..]O Estudante deve ler previamente determinado número de decisões judiciais ou de artigos de interesse para a matéria, para depois expor e debater perante a classe os resultados de seu estudo. O professor fica com a missão de questionar sobre os pontos controvertidos”.

Os discentes devem estudar a matéria em casa. É importante fazer resumos que ajudam na exposição dos fatos e do Direito. Depois, em sala, há uma discussão sobre o tema. Há análise do fundamento doutrinário e legal para entender e expor o que o Tribunal decidiu, depois termina com uma analise crítica da decisão judicial. Neste método há inúmeros repositórios de jurisprudência para que facilite os estudos de caso. Vale salientar também que, apesar de se reconhecer a importância das reiteradas decisões dos tribunais, ainda assim os tribunais inferiores não estão totalmente vinculados às decisões dos superiores, pois os juízes podem mudar a orientação de suas novas decisões mesmo diante de casos semelhantes.

43

Outra característica importante do método de ensino jurídico nos Estados Unidos é que eles buscam ensinar o discente na classe qual norma aplicar e qual Direito. Nas aulas realizadas, os alunos precisam raciocinar e ponderar para entender e aplicar estas coisas.

Também devem pensar e entender antes do debate em sala de aula. O método utilizado procura incentivar o aluno a melhorar e estudar com mais eficácia. Nos Estados Unidos, apesar de pautar muito nos precedentes de casos semelhantes, atualmente boa parte do Direito

41

VENTURA, Deisy. Ensinar Direito. Barueri, SP: Manole, 2004.

42

MEDEIROS, Cristiano Carrilho Silveira de. Manual de História dos Sistemas Jurídicos. Rio de Janeiro:

Editora Elsevier, 2009. p. 107.

43

Ibidem.

(29)

é Legislado. Assim, está cada vez mais se tornando um sistema híbrido. No Ensino do Direito na Faculdade, o professor constrói um caso hipotético para que o aluno resolva. Ele deve pesquisar e procurar meios para solução. É interessante que nos Estados Unidos os casos semelhantes estão mais concentrados em duas editoras gigantes que publicam as questões jurídicas para serem aplicadas.

44

Após todo este Estudo o Aluno é avaliado de várias formas, como será visto a seguir. Conclui-se que o método é muito importante. O estudo de caso dá uma visão mais interessante sobre o Direito, por isso é valioso entender como funciona este método de ensino aplicado em outro País.

2.3 Formato das Avaliações

Primeiramente, antes mesmo de entrar na Faculdade o aluno precisa de pré- requisitos. Como dito anteriormente, o curso é como uma pós-graduação. Há necessidade de quatro anos de Faculdade em qualquer área (college). A disputa é muito acirrada. As notas são analisadas em um processo extremamente rigoroso para o ingresso. São feitas algumas avaliações, como: UGPA (Underground Grade Point Average) e LSAT (Law School Admission Test). As habilidades dos alunos são avaliadas. O nível dos escolhidos é muito alto.

Interessante que nesta etapa também há as ações afirmativas (affirmative actions), que são as vagas para as minorias. Há também uma intensa seletividade econômica. A maioria das Faculdades de Direito nos Estados Unidos são particulares, como aqui no Brasil. Após esta introdução para a avaliação do ensino jurídico nos Estados Unidos, podemos adentrar no funcionamento do método avaliativo no País.

45

O estudo durante os três anos é bastante difícil para pessoas que ainda não estão acostumadas com o método de ensino. O corpo docente procura fazer uma triagem no primeiro ano. As matérias neste primeiro ano são: Contratos, Propriedades, Direito Penal e

“Torts” (ato que causou dano em outra pessoa). Nos segundos e terceiros anos, os alunos escolhem as matérias que querem fazer de acordo com os projetos pessoais. Já no fim do curso, o discente pode estudar disciplinas mais tranquilas e há flexibilidade para a escolha das

44

SAMPAIO, Rômulo Silveira. Breve Panorama do Ensino e Sistema Jurídico Norte-Americanos. Disponível em:

<http://direitorio.fgv.br/sites/direitorio.fgv.br/files/file/Breve%20Panorama%20do%20Ensino%20e%20Sistem a%20Jur%C3%ADdico%20 Norte-Americanos.pdf>.p.3.

45

GODOY, Arnaldo Sampaio de Moraes. Direito nos Estados Unidos. Barueri – SP: Manole, 2004.p. 214.

(30)

matérias. Nesta etapa os conteúdos são mais humanísticos do que técnicos. Estuda-se a Suprema Corte e o Constitucionalismo do País.

46

Os pontos do parágrafo anterior são muito importantes. No ensino jurídico é necessário ter um currículo bem apurado (mas não sendo este o ponto principal, como será analisado no capítulo posterior). Cada ano o currículo deve ser elaborado de uma maneira eficaz, assim o aprimoramento do ensino jurídico acontece.

47

Na educação jurídica Norte Americana, o modelo de avaliações difere do Brasileiro. São feitos memorandos, onde não se deve colocar palavras e construções gramaticais muito sofisticadas, isto é para que todos entendam. Interessante observar que até mesmo acaba com o dogmatismo que tanto assombra o Direito Brasileiro. As Notas são compostas de trabalho escrito, participação e provas. Há limitação das notas máximas, pois somente um determinado número de alunos pode tirar nota máxima, média ou mínima. Tirar notas altas é essencial, pois quando se formar e for candidato a emprego, os alunos são instados a apresentar o histórico escolar. Os que tiverem maior nota serão chamados para compor o quadro de funcionários. As notas mais baixas não terão muitas oportunidades. Isto leva os alunos a estudarem eficazmente. Mas às vezes é um pouco injusto. Os professores nos Estados Unidos muitas vezes são muito rígidos e muitos discentes acabam frustrados por causa do rigoroso método aplicado. Este é um ponto negativo.

48

Nas escolas de Direito nos Estados Unidos há também um Código de Honra da própria Universidade que deve ser respeitado por todos que são admitidos nelas. A maioria das Faculdades Norte Americanas são particulares, mas as pessoas respeitam este Código de Honra

49

.

Os métodos de avaliação do ensino jurídico Norte Americano são interessantes de observar e analisar. Aqui no Brasil não é necessário aplicar o que acontece nos Estados Unidos, mas observar como outros Países avaliam é muito valioso para o crescimento da educação jurídica Brasileira. No capítulo posterior analisaremos melhor o método avaliativo do Brasil, mas desde já é necessário identificar que o compromisso e a

46

GORE,Célia Charmayne. Uma Batalha Legal.São Paulo: Editora Biblioteca 24h, 2008. p. 15.

47

ARRUDA JÚNIOR, Edmundo Lima de. Ensino Jurídico e sociedade. São Paulo: Acadêmica, 1989.

48

SAMPAIO, Rômulo Silveira. Breve Panorama do Ensino e Sistema Jurídico Norte-Americanos. Disponível em: <http://direitorio.fgv.br/sites/direitorio.fgv.br/files/file/Breve%20Panorama%20do%20 Ensino%20e%20Sistema%20Jur%C3%ADdico%20 Norte-Americanos.pdf>.p.3.

49

GORE, Célia Charmayne. Uma Batalha Legal. São Paulo: Editora Biblioteca 24h, 2008.

(31)

dedicação são essenciais para uma avaliação melhor. A questão da avaliação é um ponto importantíssimo para ser ponderado e discutido no estudo concernente ao ensino jurídico Brasileiro.

2.4 Paralelos com o método Brasileiro

Com o exposto, não se busca dizer que o ensino jurídico norte americano é melhor ou pior que o do Brasil. Há que fazer paralelos para benefício e desenvolvimento.

Algo de muita valia seria juntar os dois raciocínios (indutivo e dedutivo) para uma metodologia melhor com relação ao estudo de caso e outras técnicas que serão estudadas no próximo capítulo. Esta visão de comparação é importante porque eles já aprenderam muito com o passar do tempo e suas experiências podem ajudar no aprimoramento do ensino jurídico brasileiro. É importante recordar que o Brasil é bem jovem em comparação com outros países quando o assunto é o ensino jurídico.

50

Os problemas devem ser detectados e resolvidos, para que resgate o tempo perdido no ensino por causa da procrastinação ocorrida no período histórico. Vale salientar que um ponto positivo é que o Brasil já tem procurado melhorar o ensino jurídico. Isto acontece por meio de reuniões recentes do MEC e da OAB, que visam identificar os principais problemas na formação dos bacharéis de Direito, avaliar a qualidade dos cursos, etc. Esta discussão é muito pertinente para que o ensino jurídico seja aprimorado. No entanto, ainda há muito que fazer para obter um ensino jurídico eficaz. Essas reuniões deveriam ter maior ênfase na metodologia de ensino (tema abordado nas reuniões, mas a ênfase não é neste aspecto) e não somente no currículo ensinado nas Faculdades. A metodologia é mais importante do que o currículo ensinado. Mas é respeitável declarar que o primeiro passo já está sendo feito, pois já reconhecem os pontos que precisam ser melhorados para o ensino jurídico no Brasil. Assim, as mudanças poderão acontecer com o tempo.

51

Esta reunião da OAB e do MEC também visa refletir sobre a experiência nacional e estrangeira no ensino jurídico. Com isto, é fortalecida a importância do estudo deste capítulo porque a pesquisa objetiva explanar sobre o ensino jurídico em outro País (Estados Unidos) para uma reflexão do que é feito em outros lugares do mundo. Os Estados

50

GUSTIN, Miracy B. S.; DIAS, Maria Tereza Fonseca. (RE)Pensando a pesquisa jurídica: teoria e prática.2.

ed. Belo Horizonte, Editora Del Rey, 2006.

51

GIESELER, Maurício. Comissão do MEC avaliará o ensino jurídico e o papel do exame da ordem no próximo

dia 29. Disponível em: <http://blog.portalexamedeordem.com.br/blog /2013/10/comissao-do-mec-avaliara-o-

ensino-juridico-e-o-papel-do-exame-de-ordem-no-proximo-dia-29/> Acesso em: 25 out. 2013.

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