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Identificação e mapeamento de aglomerações produtivas: análise nos territórios da cidadania no Ceará

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Academic year: 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA MESTRADO ACADÊMICO EM ECONOMIA RURAL

DANIEL DE OLIVEIRA SANCHO

IDENTIFICAÇÃO E MAPEAMENTO DE AGLOMERAÇÕES PRODUTIVAS: ANÁLISE NOS TERRITÓRIOS DA CIDADANIA NO CEARÁ.

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IDENTIFICAÇÃO E MAPEAMENTO DE AGLOMERAÇÕES PRODUTIVAS: ANÁLISE NOS TERRITÓRIOS DA CIDADANIA NO ESTADO DO CEARÁ.

Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Economia Rural, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Economia Rural. Orientador: Prof. Dr. José Cesar Vieira Pinheiro.

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DANIEL DE OLIVEIRA SANCHO

IDENTIFICAÇÃO E MAPEAMENTO DE AGLOMERAÇÕES PRODUTIVAS: ANÁLISE NOS TERRITÓRIOS DA CIDADANIA NO ESTADO DO CEARÁ.

Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Economia Rural, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Economia Rural. Orientador: Prof. Dr. José Cesar Vieira Pinheiro.

Aprovada em ___/___/2012

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________ Prof. Dr. José Cesar Vieira Pinheiro (Orientador)

Universidade Federal do Ceará

______________________________________________ Prof. Dr. Kilmer Coelho Campos (Co-Orientador)

Universidade Federal do Ceará

______________________________________________ Prof. Dr. Robério Telmo Campos

Universidade Federal do Ceará

______________________________________________ Prof. Dr. Keuler Hissa Teixeira

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―A persistência é o menor caminho do êxito.‖

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A minha mãe, FRANCILDA de OLIVEIRA SANCHO, razão da minha existência e minha fonte de inspiração nos momentos mais difíceis de minha vida. Ao meu pai, MANUEL SANCHO NETO, símbolo da determinação, garra e perseverança pelo vencimento de todos os obstáculos que a vida lhe impôs.

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A Deus, pela existência, sabedoria e força concedida nos momentos mais difíceis de minha vida.

Aos meus pais, Francilda e Manuel, pela educação e orientação necessária no decorrer de minha vida acadêmica e realização desta dissertação, ensinando-me a enfrentar desafios com garra e perseverança e nunca desistir.

A minhas irmãs, Soraya e Emmanuelle, pelo exemplo e apoio durante todas as empreitadas acadêmicas em que me envolvi.

A minha namorada, Naiara Fernandes, pelo exemplo, paciência, atenção e incentivo demonstrado nos momentos importantes da conclusão deste trabalho.

Ao Professor Doutor José Cesar Vieira Pinheiro, pela valiosa orientação e aprendizado científico transmitidos no decorrer de minha carreira acadêmica.

Ao Professor Doutor Kilmer Coelho Campos, pela constante atenção e orientação em todos os momentos da realização do trabalho, inclusive os mais importantes e cruciais. Ao Professor Doutor Robério Telmo Campos, pela aceitação do convite para participar da banca examinadora e pelas contribuições e sugestões propostas na minha dissertação. Ao Professor Doutor Keuler Hissa Teixeira, pela participação na banca, bem como pelo interesse em melhorar o trabalho com suas contribuições e sugestões.

Ao MTE e a RAIS como fonte de dados, financiados pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT;

A Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico –

FUNCAP, pelo imprescindível apoio financeiro, que tornou possível a realização deste curso e o desenvolvimento da pesquisa.

A minha família, pelos incentivos prestados.

Aos meus amigos Diego Holanda, Adson Secundino, Patrícia Braga e Ana Cristina, pela ajuda concedida durante o desenvolvimento da pesquisa.

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economista britânico Alfred Marshall. Na época, Marshall conseguiu identificar alguns dos motivos que levavam a este tipo de concentração, bem como os benefícios que tal ambiente gerava tanto para as empresas, como para o meio em que se instalavam. Desde então, novos estudos foram realizados sobre o tema e novas formas de estruturas foram identificadas e batizadas: cluster, Polo de Crescimento, Ambiente Inovador, Arranjo Produtivo Local (APL), etc. Pensando nos benefícios gerados por estas estruturas para as empresas, bem como para as regiões que as abrigam, foi realizado este trabalho. Para tal, quatro territórios do Estado do Ceará foram abordados: Sertão de Canindé, Sertão Central, Inhamuns Crateús e Vale do Curu e Aracatiaçu. Utilizou-se o instrumental de indicadores locacionais (Quociente Locacional, Participação Relativa e o Índice de Hichmann-Herfindahl) para identificar os pontos potenciais para existência dessas estruturas. Após o cálculo destes indicadores, realizou-se um teste para que se pudesse utilizar o instrumental de análise fatorial, em que se poderiam condensar os indicadores em um único índice, chamado de Índice de Concentração Produtiva – ICP. Através deste último, foi possível localizar espacialmente o potencial de cada município para a existência de concentração produtiva de determinado setor. Percebeu-se uma existência significativa de potenciais para existência dessas estruturas na maior parte dos municípios analisados, tendo como destaque os municípios do território do Vale do Curu e Aracatiaçu.

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LISTA DE TABELAS

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Tabela 17 - Percentual de cada território para cada potencial. Setor de Agricultura –

Lavoura Permanente. Ceará 2010. ... 68 Tabela 18 - Percentual de cada território para cada potencial. Setor de Agricultura –

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 15

1.1. Aglomerações produtivas como fator de desenvolvimento ... 16

1.2. O Problema e sua Importância ... 18

1.3. Hipótese ... 20

1.4. Objetivos ... 20

1.4.1. Objetivo Geral ... 20

1.4.2. Objetivos Específicos ... 20

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 21

2.1. Aglomerações Produtivas ... 21

2.2. Distritos Industriais e a ――Terceira Itália‖‖ ... 24

2.3. Milieu Innovateur (Ambiente Inovador) ... 27

2.4. Polos de Crescimento ... 28

2.5. Clusters ... 32

2.6. Arranjos Produtivos Locais ... 33

2.7. A Nova Geografia Econômica ... 37

2.8. O Estado do Ceará em Números ... 39

3. MATERIAL E MÉTODO ... 41

3.1. Área de Estudo ... 41

3.2. Identificação de Aglomerações Produtivas ... 44

3.3. Elaboração do Índice de Concentração de Aglomerações Produtivas ... 47

3.3.1. Transformação do Indicador de Concentração Produtiva – ICP* ... 51

3.3.2. Categorização dos resultados do ICP* ... 52

3.4. Natureza e Fonte dos Dados ... 53

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 56

4.1. Índice de Concentração Produtiva da Agricultura (Lavouras Permanente e Temporária) ... 58

4.1.1. Território do Inhamuns Crateús ... 59

4.1.2. Território do Sertão Central ... 60

4.1.3. Território do Vale do Curu e Aracatiaçu ... 60

4.1.4. Território do Sertão de Canindé ... 61

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4.2.1. Território do Inhamuns Crateús ... 62

4.2.2. Território do Sertão Central ... 63

4.2.3. Território do Vale do Curu e Aracatiaçu ... 64

4.2.4. Território do Sertão de Canindé ... 65

4.3. Índice de Concentração Produtiva da Pesca e Aquicultura e Indústria de Transformação ... 65

4.3.1. Território do Inhamuns Crateús ... 66

4.3.2. Território do Sertão Central ... 66

4.3.3. Território do Vale do Curu e Aracatiaçu ... 66

4.3.4. Território do Sertão de Canindé ... 67

4.4. Resumo do Potencial de Concentração Produtiva nos Territórios ... 67

5. CONCLUSÃO ... 79

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1.

INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, diversos foram os estudos direcionados a aglomerações de empresas especializadas em produtos ou serviços, localizadas em determinadas áreas geográficas delimitadas. Entre as diversas formas de análise de aglomerações de empresas, destaca-se a abordagem de cluster1, que é bastante utilizada quando se estuda o desenvolvimento das micro e pequenas empresas (MPE).

A importância das MPE na economia mundial já é notável e extremamente relevante. Tanto os Países desenvolvidos, quanto aqueles em desenvolvimento, apresentam indicadores semelhantes quando o assunto é a relevância da participação das MPE na economia do País. Para o Brasil, a história não é diferente, segundo dados do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE (2006), estima-se que este segmento represente algo em torno de 98% das empresas formais do País e 56% dos empregos legais.

A importância das micro e pequenas empresas reflete com maior intensidade na economia dos Estados brasileiros através daqueles municípios que não dispõem de grandes empresas industriais, comerciais ou do setor de serviços. Nesses municípios, elas chegam a ser responsáveis por 100% dos empregos e ocupações existentes.

Pesquisas do SEBRAE (2008) apontam que o índice de mortalidade das empresas mais novas, até dois anos, vem diminuindo graças às aglomerações de empresas em determinados territórios. Este fator, apesar de relevante e intuitivo, no sentido de que todos os empresários já possuem essa consciência de melhoria, não se configura necessariamente em um comportamento planejado por parte desses agentes. O que ocorre em muitos casos é que a proximidade espacial entre as empresas geram fatores externos positivos (e negativos) perceptíveis para as demais empresas. De acordo com Aquino (2006, p. 12):

Em primeiro lugar, aponta-se o reconhecimento de que as sinergias positivas geradas pela participação em aglomerações locais aumentam as possibilidades de sobrevivência e crescimento, em particular das MPE, constituindo-se em importante fonte de vantagens competitivas e duradouras. Em segundo, a importância atribuída aos processos de aprendizagem coletiva, cooperação e dinâmica inovativa dessas aglomerações. Elas são

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oportunidades para o enfrentamento das exigências da chamada economia baseada no conhecimento, caracterizada por um ambiente competitivo intensivo em conhecimento, globalizado produtiva e financeiramente e liberalizado comercialmente. Em terceiro lugar, é fato que o entendimento dessas questões surge como ponto de relevada atenção das novas políticas de promoção do desenvolvimento tecnológico e industrial, com ênfase para os instrumentos de promoção das MPE.

Desta forma, o reconhecimento de que as MPE representam importante ferramenta para o crescimento e desenvolvimento regional, configurando-se como grande motor capaz de impulsionar o País para o caminho do desenvolvimento, torna inquestionável o fato de buscar incentivos e meios para que as MPE possam continuar mantendo esse percurso. Segundo Cassarotto e Pires (2001), quando se fala em negócios e não mais em fábricas isoladas, uma forma de diminuir os riscos e ganhar sinergia é a formação de alianças e redes entre empresas, especialmente as pequenas.

1.1.Aglomerações produtivas como fator de desenvolvimento

Desde o final do século passado, muito tem-se discutido sobre desenvolvimento econômico local, tema que tem sido reforçado desde que o processo de globalização passou a vigorar no dia-a-dia das pessoas, das instituições e da sociedade. A partir daí, muito tem se debatido a respeito dos motivos que vem atraindo a atenção de tantas pessoas e de tantos atores institucionais, governamentais e não governamentais sobre a temática do desenvolvimento local. Segundo Franco (2000), a ideia de desenvolvimento econômico local é antiga, porém, a recente globalização criou a necessidade de formação de identidades e, consequentemente, de diferenciação de setores e também de localidades. Em outras palavras, as visões para criação e desenvolvimento local partem de uma perspectiva endógena, isto é, feito pelos próprios atores que residem no território a ser desenvolvido. Porém, a intervenção planejada de fatores exógenos pode auxiliar na catalisação desse processo, desde que respeitados o patrimônio histórico, a cultura, as características, as vocações e as potencialidades locais.

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reconhecimento da importância destas unidades produtivas para o mesmo. Desta forma, os APL conseguiram buscar uma nova perspectiva para superação de barreiras impostas pela descentralização produtiva que ameaçava as micro e pequenas empresas, destacando-se, como modelo alternativo de desenvolvimento econômico, a partir do momento em que houve interesse das instituições governamentais de que as micro e pequenas empresas são capazes de gerar competitividade nas regiões onde estão inseridas, levando essas instituições a promoverem políticas que convirjam para o fortalecimento das micro e pequenas empresas, como agentes propulsores do desenvolvimento regional e local (MOURA, 2008).

Dentro dessa perspectiva de modelo alternativo para o desenvolvimento econômico, as regiões se beneficiam de uma forma geral. Com a presença dessas aglomerações, o primeiro impacto visível ocorre na esfera da dimensão econômica do desenvolvimento, através da geração de oportunidades de empregos ligados a atividades que são complementares à desenvolvida, reduzindo o nível de pobreza local. Essa ideia é representada, na teoria myrdaliana, da seguinte forma:

A decisão de localizar uma indústria em determinada comunidade, por exemplo, impulsiona o seu desenvolvimento geral. Proporcionam-se possibilidades de emprego e rendas elevadas àqueles que se encontram desempregados ou com empregos de baixo salário. (...) O estabelecimento de um novo negócio ou a ampliação de um existente expande o mercado para outros (...). Os lucros em elevação aumentam as poupanças, ao mesmo tempo em que elevam, ainda mais, os investimentos; tal fato aumenta, ainda uma vez, a demanda e o nível de lucros. O processo de expansão cria economias externas favoráveis à sua continuidade. (Myrdal, 1960, p. 41).

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1.2.O Problema e sua Importância

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2010), a região Nordeste do Brasil é considerada a mais pobre do País, sendo esta a maior destinatária de auxílio renda por parte do Governo Federal. Como exemplo, tem-se o Programa Bolsa Família – PBF (programa de transferência direta de renda com condicionalidades que beneficiam famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza em todo o País), que, em 2007, registrou uma participação de 50,47% dos recursos para o Nordeste, sobretudo nas regiões interioranas, isto é, aquelas que não competem com as capitais (MARQUES, 2005).

A falta de geração de oportunidades para a camada mais pobre da população se traduziu, em alguns anos, em um efeito migratório para as grandes metrópoles do País em busca de empregos e melhores condições de vida, acarretando outros problemas nas grandes cidades.

Uma das atitudes tomadas para atenuar os referidos problemas, foi iniciar um processo de industrialização por meio de incentivos fiscais, direcionando algumas indústrias para as regiões menos favorecidas, de modo a gerar renda e melhores condições de vida. Porém, o processo de implantação dessas indústrias não significava, necessariamente, em uma criação de ―laços‖ com as regiões endereçadas, pois há casos em que determinada empresa abandona o território tão logo terminem os incentivos.

Essa falta de criação de ―laços‖, para promoção eficaz do desenvolvimento, fez com que se buscasse uma nova perspectiva para a elaboração de meios que pudessem fazê-los com maior precisão, chamada de perspectiva endógena. Através dela, procura-se identificar as forças preprocura-sentes em cada região para, assim, potencializá-las, fazendo com que a forma de desenvolvimento que emerge seja fruto da própria capacidade regional. Desta forma, identificar o potencial regional/territorial significa abrir caminhos para esse crescimento e desenvolvimento sob uma perspectiva sustentável, permitindo maior nível de produtividade, através da governança2 e do empoderamento3

2 Diz respeito aos diferentes modos de coordenação, intervenção e participação nos processos de decisão

dos diferentes atores - o Estado, em seus vários níveis, empresas, cidadãos e trabalhadores, organizações não governamentais etc. - e das diversas atividades que envolvem a organização dos fluxos de produção e comercialização, assim como o processo de geração, disseminação e uso de conhecimentos. (AQUINO, 2006).

3 Empoderamento significa em geral a ação coletiva desenvolvida pelos indivíduos quando participam de

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que já existem, bem como melhor orientação de ações de intervenção que sejam capazes de potencializar as atividades.

Na literatura, encontram-se diversos estudos relacionados à questão do desenvolvimento regional. Em particular, existem as diversas formas de aglomerações de micro e pequenas empresas/indústrias (MPE) que proporcionaram benefícios para além de seus muros, atingindo também o território em que estão inseridas, gerando emprego, renda, valores e criando ―laços‖. Com este foco, ressalta-se a importância das aglomerações de MPE como agentes de desenvolvimento local/regional, sendo preciso manter um ambiente favorável para surgimento, crescimento e desenvolvimento destes novos empreendimentos pois, segundo o SEBRAE (2006), estes são responsáveis por 56% dos empregos legais, isto é, apenas o que é registrado; porém, sabe-se que existe ainda um universo de MPE empregando, direta ou indiretamente, um número expressivo de pessoas. Assim, as aglomerações tem se mostrado grande aliada para o

―desenvolvimento‖ e crescimento destes estabelecimentos e de seu território.

Sabe-se que o impacto social e econômico destas estruturas é muito forte nas regiões que as abrigam, tornando-as importantes ferramentas fomentadoras do desenvolvimento regional. Mapeá-las e hierarquizá-las é de grande relevância para que as instituições responsáveis possam formular ações efetivas para o desenvolvimento das mesmas.

Localizar espacialmente a força de determinado setor em um território, significa expandir um leque para potenciais estruturas de apoio àquela atividade, tais como: investimento em capacitação (cursos profissionalizantes), investimento em infraestrutura, desenvolvimento de um nicho de mercado (para determinados setores), surgimento de pequenos negócios na forma de fornecedores de insumos, etc.

A realização de um primeiro reconhecimento das regiões onde estão alocados alguns setores da economia permitirá um melhor planejamento acerca da organização das informações que já estão disponíveis em bases secundárias, possibilitando traçar uma linha coerente na busca de dados primários e, a partir daí, pensar em políticas eficazes de intervenção.

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A ideia é tentar aproveitar as possibilidades que o Estado do Ceará pode oferecer para o desenvolvimento sustentável da região, mas se utilizando das potencialidades particulares de cada território. Sendo assim, este trabalho procura contribuir no sentido de mapear atividades econômicas que se apresentem como relevantes para os municípios, que apresentem algum grau de especialização.

1.3.Hipótese

Nos Territórios da Cidadania de Sertão Central, Sertão de Canindé, Sertão dos Inhamuns/Crateús e Vales do Curu e Aracatiaçu no estado do Ceará, há maiores indícios de concentração produtiva para o setor primário da economia.

1.4.Objetivos

1.4.1. Objetivo Geral

Identificar e analisar o nível de concentração produtiva de aglomerações produtivas de diferentes setores da economia nos Territórios da Cidadania no Estado do Ceará.

1.4.2. Objetivos Específicos

a. Identificar aglomerações produtivas potenciais e consolidadas de diferentes setores da economia, no Estado do Ceará, a partir de indicadores locacionais; b. Hierarquizar os municípios dos Territórios da Cidadania no Estado do Ceará a

partir da elaboração de Índice de Concentração Produtiva ajustado – ICP*; c. Analisar o nível de concentração produtiva das aglomerações identificadas nos

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2.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1.Aglomerações Produtivas

Com a abertura comercial dos Países em desenvolvimento na década de 1990 e o crescente advento da globalização nos mercados mundiais, intensificou-se a competição do capitalismo no ambiente globalizado, conduzindo o sistema para um processo de reorganização capitalista, que envolveria fragmentação ou dispersão geográfica das atividades econômicas, colocando para os agentes econômicos a necessidade crescente de maior cooperação entre as firmas que operam nas diversas cadeias de produtos. Este fenômeno envolveu o surgimento de uma competição por meio de aglomerados a partir da formação de encadeamentos estratégicos entre firmas, como forma de assegurar a competitividade.

Uma vez que a discussão sobre a supremacia das grandes empresas se iniciou, transferiram-se as atenções para uma nova forma de organização, atribuindo a devida importância para as micro, pequenas e médias empresas (MPMe), como sendo sinônimo de competitividade por sua flexibilidade, capacidade de gerar empregos e habilidades para constituição de aglomerações, sejam na forma de Arranjos Produtivos, Distritos Industriais ou cluster (KANTER, 1994).

Estas aglomerações devem ser compreendidas como mecanismos compostos por agentes econômicos locais que atuam na promoção e desenvolvimento de ―territórios localizados‖ (MARSHALL, 1988). Observe que quando se trata de territórios localizados, chama-se atenção para as diversas particularidades existentes em cada território - particularidades estas que são de caráter tangíveis e intangíveis, que retratam condições culturais, de saúde e educação, mão de obra qualificada ou não, e até mesmo como é tratada a questão histórica da confiança entre os agentes. Tais variáveis impactam diretamente na forma e na estrutura de formação e manutenção destes sistemas produtivos, isto é, mesmo que dois arranjos trabalhem o mesmo produto com igual aparato técnico, as demais variáveis os tornarão distintos.

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por exemplo, as instituições de ensino, o governo, associações de classe, dentre outras, que contribuíram na consolidação de novas formas de organização da produção. Segundo Porter (1986), aglomerados são agrupamentos geograficamente concentrados de empresas inter-relacionadas e instituições correlatas em uma mesma área, vinculadas por elementos comuns e complementares. Em decorrência da evolução ocorrida nos aglomerados, diversas foram as nomenclaturas que surgiram para melhor tentar explicar o que ocorria interna e externamente, tanto com o aglomerado, como o território que o abrigava.

O economista Alfred Marshall em seus estudos sobre a organização da produção e a formação dos distritos industriais, foi o principal autor a abrir caminho para o surgimento de uma vasta gama de variantes a partir do conceito de distritos industriais, as quais procuram identificar e classificar a formação de aglomerações produtivas (GARCIA; COSTA, 2008).

Marshall verificou que um dos motivos primordiais que levou a concentração espacial esteve condicionado aos aspectos físicos da época, aspectos como questões climáticas e de solo, a proximidade aos recursos naturais necessários e facilidade de se chegar aos mercados consumidores. Dentre os avanços ocorridos na produção e organização industrial, o autor reconhece que grande parte deles foram resultados dessa aglomeração industrial. Esta concentração proporcionou uma especialização da divisão do trabalho, refletindo-se num mercado de mão de obra local mais dinâmico, devido a proximidade entre as indústrias, no surgimento de externalidades positivas, que contribuíram para o aparecimento das economias externas e, posteriormente, contribuindo para o desenvolvimento do conceito de eficiência coletiva4. A argumentação central de Marshall era de que a situação particular de ―indústrias aglomeradas‖ envolvidas em atividades similares gerava um conjunto de vantagens econômicas (chamadas de ―economias externas marshallianas‖). Estas vantagens nasciam da própria divisão do trabalho entre os produtores de um mesmo ramo industrial concentrados numa mesma região geográfica.

A concentração geográfica de unidades produtivas proporcionava diversos benefícios para o ambiente econômico e social. Marshall aponta como um dos vários

4 Eficiência Coletiva é a vantagem competitiva derivada das economias externas e da ação conjunta.

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fatores criadores de sinergia, a chamada ―atmosfera industrial‖, que se refere ao ambiente gerado pela ação de cooperação entre diversas forças sociais e econômicas: ―O proprietário de uma fábrica isolada tem grande dificuldade em obter operários de uma determinada especialização, por outro lado, um operário especializado, uma vez

desempregado, tem dificuldade em encontrar outro emprego‖ (MARSHALL, 1890).

Outra decorrência da ―atmosfera industrial‖ é a especialização do mercado de trabalho e o transbordamento desse conhecimento em meio à comunidade: ―os segredos

da profissão deixam de ser segredo e, por assim dizer, ficam soltos no ar, de modo que

as crianças absorvem inconscientemente grande número deles‖ (MARSHALL, 1890), sugerindo uma troca de informações bastante positiva que se reflete em um ambiente inovador e que podem atingir todo o processo produtivo. Portanto, a concentração de firmas gerando um fluxo de conhecimento, permitindo uma especialização da mão de obra local e o dinamismo de outros mercados que se encontram associados de alguma forma ao processo de produção (externalidades)5, contribuem para a redução nos custos de produção, elevação da capacidade inovativa das firmas, melhoria da infraestrutura, mão de obra mais qualificada, melhor gestão dos recursos naturais, maiores e melhores informações tecnológicas e um forte relacionamento interfirmas.

Acerca das vantagens proporcionadas e utilizadas pelas firmas que compartilhavam o mesmo espaço geográfico, Schmitz (1997) aponta que as externalidades permitem ganhos de vantagem comparativa quando estas tomam determinadas ações para aumentar a eficiência coletiva. Essas ações conjuntas podem ser de duas formas: planejadas ou não planejadas. As ações planejadas e não planejadas fazem referência ao caráter ativo e passivo de encarar as externalidades geradas, respectivamente. A ação passiva seria a vantagem inerente ao produtor, originando-se das próprias externalidades da situação de aglomeração, espontânea e não planejada. Já a eficiência coletiva ativa seria a vantagem buscada de forma deliberada por meio da ação conjunta, aquela que requer esforços conjuntos dos agentes econômicos. A ação conjunta pode manifestar-se em dois tipos:

5 Externalidades é aqui tratada como ―economias

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 Firmas individuais cooperando, por exemplo, compartilhando equipamentos ou no desenvolvimento de novos produtos;

 Grupos de firmas reunindo forças em associações empresariais, consórcios de produtores, dentre outros.

Desta forma, Schmitz (1997) chama atenção para o fato de que esta cooperação existente entre os produtores é o que permitiria a existência das vantagens comparativas, vantagens estas que um produtor, agindo individualmente, raramente poderia alcançar.

Dentre as diversas formas de concentrações industriais identificadas, destaca-se

a chamada ――Terceira Itália‖‖, que foi considerada uma forma de concentração bastante desenvolvida e complexa. Sua forma de organização foi inicialmente encaixada na forma de Distrito Industrial, pois este termo refere-se a uma profunda divisão do trabalho.

2.2.Distritos Industriais e a ““Terceira Itália””

O conceito de Distrito Industrial deve-se, inicialmente, aos estudos desenvolvidos por Alfred Marshall, a partir de 1890, e refere-se ao estudo da localização das empresas e a formação de fatores positivos para o desenvolvimento econômico.

Em sua obra Princípios de Economia (1890), Marshall aborda a concentração de indústrias, destacando aspectos importantes no que diz respeito à ideia de externalidades positivas. Um dos aspectos se refere à importância da existência de instituições políticas e sociais de um povo ou região para o desenvolvimento de indústrias especializadas, apontando diversas localidades em que a população local desenvolveu conhecimentos específicos de determinada produção.

A respeito dos conhecimentos específicos gerados nas localidades e seu ambiente, Marshall (1982) destaca alguns pontos e vantagens proporcionados pelo agrupamento localizado das empresas:

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especializada para o pequeno produtor é comparada com outra situação industrial, quando o autor ressalta que ―uma indústria localizada obtém grande vantagem pelo fato de oferecer um mercado constante para mão de obra especializada‖, diferente de um proprietário de uma fábrica

isolada que ―geralmente tem grande dificuldade em obter operários de uma determinada especialização‖;

Fácil acesso aos fornecedores de matérias-primas e de insumos diversos. Aqui é enfatizado o surgimento de indústrias subsidiárias nas proximidades locais ―que fornecem à indústria principal instrumentos e matérias-primas, organizam seu comércio e, por muitos meios, lhes proporcionam economia de material‖;

Serviços especializados. Esta vantagem nasce diretamente da divisão do trabalho entre os produtores locais, onde a utilização de maquinário

altamente especializado ―pode muitas vezes ser realizada numa região

em que exista uma grande produção conjunta da mesma espécie‖, na medida em que as subsidiárias, dedicadas cada uma a um pequeno ramo do processo de produção, trabalhando para muitas das grandes fábricas vizinhas;

Disseminação de novos conhecimentos. A formação de uma rede dentro do aglomerado industrial, enquanto uma comunidade de pessoas e de firmas, promove a circulação de novos conhecimentos, novas ideias e também de mercadorias, gerando um acúmulo de habilidades produtivas. Para Marshall, a chamada ―atmosfera industrial6‖ seria a existência destas características em um mesmo território, sofrendo influência mútua dos sistemas econômico e social.

Esse formato organizacional ganhou importância no contexto do desenvolvimento econômico local, tendo em vista a reestruturação industrial dos anos 70, caracterizada pelo surgimento de pequenas unidades de produção, subcontratação, reorganização geográfica da economia, desafios competitivos (necessidade de eficiência e flexibilidade, boa remuneração e boas condições de trabalho), bem como perspectivas

5 Termo utilizado por Marshall para descrever um resultado da coexistência, dentro de uma mesma área

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de um desenvolvimento não meramente econômico e quantitativo (SENGENBERGER; PIKE, 2002).

O interesse internacional aparece na literatura acadêmica e no debate político nas décadas de 1980 e 1990, e pode ser atribuído ao surgimento inesperado no período pós-guerra de um novo modelo de sistema produtivo (especialização flexível) que emergia

nos ―distritos industriais‖ da ―Terceira Itália‖, com as experiências de sucesso de empresas pequenas e médias na região da Emilia Romagna (SENGENBERGER; PIKE, 2002).

Durante as décadas de 1970 e 1980, algumas cidades italianas destacaram-se no processo de desenvolvimento da região, por ter apresentado elevados índices de crescimento, em um período altamente recessivo, em que as grandes empresas passaram a contrair a produção e a demitir empregados. A chamada ―Terceira Itália‖ — regiões onde se localizam Milão, Turim, Bolonha, Florença, Ancona, Veneza, Modena e Gênova — caracterizou-se pela existência de grupos de pequenas empresas, cuja principal estratégia foi a inovação contínua e a utilização de métodos flexíveis de produção (FEITOSA, 2009).

Os distritos industriais italianos apresentavam fortes vínculos de cooperação e os membros da família, ou seus empregados de confiança, eram estimulados a abrirem seus próprios negócios, criando um sistema integrado de produção. No futuro, se desejassem, poderiam fechar o seu negócio e voltar a trabalhar com seu antigo patrão. Outro aspecto importante dos distritos italianos é o apoio governamental que as pequenas empresas recebiam (serviços contábeis, financeiros, centros de negócios), tudo isto com o objetivo de promover o desenvolvimento econômico local (FEITOSA, 2009).

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A partir da experiência vivenciada na Itália, emergiram quatro fatores característicos dos distritos industriais apresentados por Rabelotti (1995):

i. É um aglomerado de empresas (cluster), principalmente de tamanhos pequeno e médio, espacialmente concentradas e setorialmente especializadas;

ii. Um conjunto de encadeamentos para frente e para trás, tendo por base a troca (ou intercâmbio, mercadológico ou não) de bens, de informações e de pessoas;

iii. Um fundo cultural e social comum unindo os agentes e criando um código de comportamento (explícito ou implícito). Este ponto refere-se ao enraizamento comum do cluster ao território;

iv. Uma rede de instituições locais públicas e privadas apoiando os agentes econômicos que atuam dentro do cluster.

O sucesso apresentado pela ――Terceira Itália‖‖ chamou a atenção dos cientistas sociais que desdobraram o conceito de cluster e incorporaram aos atributos dos distritos industriais, destacando ainda suas principais características como a presença de proximidade geográfica, especialização setorial, predominância de pequenas e médias firmas, uma relação estreita entre as firmas, competição baseada na inovação, organizações ativas de apoio e governos regionais e municipais (SCHMITZ, 1997).

No entanto, a complexidade das interações existentes entre os agentes envolvidos na caracterização apresentada de um Distrito Industrial, nos leva a concluir que um Distrito Industrial – no sentido do termo referenciada pela experiência italiana –

surge quando um cluster desenvolve mais do que especialização e divisão do trabalho entre as firmas, ou seja, um Distrito Industrial seria algo como um cluster mais desenvolvido.

2.3.Milieu Innovateur (Ambiente Inovador)

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considerada como um agente isolado no processo de inovação, mas sim, como um elemento ativo e participativo de um ambiente sistêmico com capacidade inovativa.

Toda a interação é representada por vínculos entre as firmas, clientes, organizações de P&D, sistema educacional e demais autoridades que interagem de forma cooperativa (CASSIOLATO; LASTRES, 2005).

O foco do Milieu Innovateur é mais voltado para as relações que emergem entre as firmas e os demais agentes do ambiente, não tanto sobre os fluxos produtivos. Isto significa que o dinamismo tecnológico das firmas é fortalecido através do ambiente local, do conjunto de agentes participativos da rede, das relações que se sustentam entre eles. Ou seja, evidenciar as relações entre o caráter espacial do desenvolvimento e o surgimento de mudanças tecnológicas dentro deste espaço. Segundo Amaral Filho (2009),

(...) milieu innovateur (ambiente inovador) não constitui um conjunto paralisado, diferente disto ele é o lugar de processos de ajustamentos, de transformações e de evoluções permanentes. Esses processos são acionados, de um lado, por uma lógica de interação e, de outro, por uma dinâmica de aprendizagem. A lógica de interação é determinada pela capacidade dos atores de cooperarem entre si em relações de interdependências, principalmente pelo sistema de redes de inovação. A dinâmica de aprendizagem, por sua vez, traduz a capacidade dos atores em modificar seu comportamento em função das transformações do ambiente externo que o cerca. Desse processo de aprendizagem nascem novos conhecimentos, novas tecnologias.

2.4.Polos de Crescimento

A teoria sobre os polos de crescimento foi desenvolvida pelo economista francês François Perroux, que elaborou sua teoria em 1955, quando estudou a concentração industrial na França, em torno de Paris, e na Alemanha, ao longo do Vale do Ruhr (PERROUX, 1967).

(29)

É característico de qualquer polo de crescimento estabelecer uma forte identificação geográfica, porque é produto das economias de aglomeração geradas pelos complexos industriais7, liderados pelas indústrias motrizes. Resultará em uma forma de polo de crescimento quando for liderado por uma ou mais indústrias motrizes, tornando-se um polo de detornando-senvolvimento quando provocar transformações estruturais e expandir o produto e o emprego no meio em que está inserido (PERROUX, 1977).

A teoria do polo de Crescimento de Perroux se refere a três elementos básicos: i) Indústria-motriz;

ii) O regime não concorrencial do complexo; e iii) O fato da concentração territorial.

Sobre o primeiro ponto, tem-se que a indústria-motriz surge quando há um aumento do volume de produção (mercadorias e serviços) de várias indústrias, dado uma elevação na produção da firma chave, isto é, quando a firma chave aumenta sua produção, toda a indústria ou setor eleva sua produção. Nesse ambiente, qualquer indústria que se encontre como fornecedora, poderá tornar-se uma indústria-motriz.

Para que se possa identificar uma indústria-motriz, que é a responsável pelo alavancar das demais indústrias, procuram-se buscar algumas das características citadas:

a. Cresce a uma taxa superior à média da indústria nacional;

b. Possui inúmeras ligações locais de insumo-produto, através das compras e vendas de insumos;

c. Apresenta-se como uma atividade inovadora, geralmente de grande dimensão e de estrutura oligopolista;

d. Possui grande poder de mercado, influenciando os preços dos produtos e dos insumos e, portanto, a taxa de crescimento das atividades satélites a ela ligadas;

e. Produz geralmente para o mercado nacional, podendo também produzir para o mercado externo.

Como se pode observar, uma indústria-motriz caracteriza-se pelo efetivo delineamento de suas funções e de seus efeitos de encadeamento, exercendo impulsos

(30)

motores significativos sobre o crescimento local e regional, alavancando de forma positiva e significativa o crescimento no interior do complexo.

Essa noção de polo vai além da análise das relações interindustriais, isto é, as empresas que estão ligadas tecnologicamente por relações de insumo-produto precisariam estar localizadas juntas uma das outras, economizando com os custos de transporte de insumos. A importância desta proximidade já foi discutida no modelo dos distritos industriais, que é a manutenção e ampliação da difusão técnica (conhecimento) no ambiente, agindo na forma de uma polarização técnica e geográfica (BOUDEVILLE, 1972).

Tais indústrias são importantes porque são capazes de atrair outras empresas em seu entorno, chamadas de empresas satélites, fornecedoras ou utilizadoras dos produtos da empresa-motriz, desencadeamento o crescimento local e regional. Desta forma, é comum que os governos busquem atrair essas empresas visando a industrialização e o crescimento local. Exemplo disso são as montadoras de automóveis que formam complexos industriais e reúnem em um mesmo local diversas empresas prestadoras de serviços.

Para atrair estas empresas, é comum o governo se utilizar de incentivos fiscais, empréstimos subsidiados, treinamento de mão de obra e instalação de infraestruturas para motivar a vinda de grandes empresas para determinadas áreas. Em certas regiões estes incentivos podem desencadear uma verdadeira ―guerra fiscal‖, prejudicando as finanças públicas devido a renúncia fiscal. Contudo, esses incentivos não são garantias de sucesso; em certas regiões, os incentivos concedidos às empresas motrizes nem sempre geram os resultados esperados. Segundo Souza (2005, p. 90-91),

Citam-se casos na França e Canadá (POLÈSE, 1994, p. 95) em que as novas empresas não provocaram o desenvolvimento local, porque suas relações de insumo-produto se deram mais com a economia nacional e com o exterior. Pior do que isso são os enclaves, ou complexos industriais implantados em certas regiões, em que os efeitos de encadeamento da produção e de multiplicação de renda ocorreram com o exterior e não com as economias nacionais.

(31)

O aparecimento de uma ou várias indústrias altera a atmosfera de uma época, cria um clima favorável ao crescimento e ao progresso [..] A novidade introduz variáveis diferentes e (ou) suplementares no horizonte econômico e nos projetos dos sujeitos econômicos e grupos de sujeitos econômicos dinâmicos: tem um efeito instabilizador.

A perspectiva endógena do desenvolvimento requer uma interação completa entre o que vem de fora e o que já está alocado - o foco é o crescimento com desenvolvimento sustentável. A empresa que busca novos territórios pode estar simplesmente procurando mão de obra mais barata, se aproveitando do período de incentivos e aumentando seus lucros, sem criar laços firmes com a comunidade local.

O segundo ponto trata da criação de um regime de monopólio parcial, o qual tem condições de impor um acordo às pequenas firmas satélites. Ocorre que, a longo prazo, o acordo resultará na organização das firmas em torno de uma firma líder. Esta firma elevará a produtividade de toda indústria, realizando assim uma acumulação de capital mais eficiente do que se a indústria fosse regida por um ambiente concorrencial. Mesmo que a empresa use seu poder de monopólio parcial e limite sua produção no estágio de maior lucro e, dependendo da elasticidade do bem produzido, a economia local ainda estará, pelo menos, em funcionamento adequado.

Em relação ao terceiro ponto, a concentração territorial conduz a uma intensificação das atividades econômicas em decorrência da proximidade das firmas e dos trabalhadores, fazendo com que surjam necessidades coletivas como transportes, serviços, infraestruturas, etc. implicando, portanto, em externalidades positivas por meio de intervenções de políticas públicas, favorecendo, então, o surgimento dos polos.

(32)

2.5.Clusters

A ideia de cluster sempre esteve relacionada a quaisquer formas de concentração geográfica de empresas, seja devido às condições de infraestrutura da região, ou à disponibilidade de recursos naturais, humanos ou de capital. De fato, referem-se a várias formas organizacionais, onde cada uma apresenta uma única trajetória de desenvolvimento, princípios organizacionais e problemas específicos. Originam-se como aglomerações espontâneas das firmas ou os agentes locais são induzidos através da formulação de políticas públicas a se organizarem na forma de clusters (FARINELLI; MYTELKA, 2000).

Os primeiros estudos que tratavam do conceito de cluster foram realizados pelo economista Paul Krugman, em 1991, que, utilizando os trabalhos de Marshall, procurou identificar a natureza das externalidades que conduziam a concentração de uma determinada indústria, leia-se um setor industrial. Contudo, Krugman deu maior atenção a geração das externalidades mais do que especificamente a concentração das indústrias, concluindo que a formação de um cluster estaria associada somente à geografia econômica (GARCIA; COSTA, 2008), o qual definiu como a simples concentração de firmas numa determinada região.

(33)

sucesso competitivo e como os governos podem promover o desenvolvimento econômico.

Apesar das características inerentes aos clusters fazerem referência a grande maioria das formas de aglomerações até aqui apresentadas, suas estruturas são sempre, em sua maioria, particulares, isto é, sua forma conceitual é basicamente a mesma, mas seu funcionamento é distinto. Isto significa que os estudos referentes a formatação de cluster, bem como das demais formas aglomerativas, devem ser aprofundados para que se possa classificar em seus diferentes tipos e estágios de desenvolvimento.

Algumas características inerentes a formação de um cluster são citadas abaixo:  Alta concentração geográfica de empresas com um forte elo com as

instituições locais;

 Diferentes tipos de empresas e de instituições de apoio, permitindo uma produção completa de determinado bem ou serviço, onde cada uma seja especializada em alguma etapa de produção;

 Maior nível de especialização das empresas. O modelo de produção é horizontal, onde pequenas empresas especializadas constituem cada parte do produto;

 Uniformidade tecnológica para poder equilibrar os elos estratégicos, buscando a homogeneização de tecnologias;

 Grande cooperação entre as firmas. Este ponto mostra que essa cooperação não é conscientemente pensada ou planejada, isto ocorre pelo princípio marshalliano das externalidades. Há o transbordamento tecnológico e de informações devido a proximidade entre as firmas; e  Intensa disputa entre as empresas.

2.6.Arranjos Produtivos Locais

(34)

O SEBRAE já considera arranjo produtivo as aglomerações de empresas, localizadas em um mesmo território, que atuam em torno de uma mesma atividade produtiva e mantêm vínculos de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e com outros atores locais, tais como governo, associações empresariais, instituições de crédito, ensino e pesquisa.

Para a REDESIST (2004), os Arranjos Produtivos Locais são aglomerados de agentes econômicos, políticos e sociais, localizados em um mesmo território, com foco em um conjunto específico de atividades econômicas e que apresentam (ou tem condições de fomentar) determinados vínculos expressivos de interação, isto é, um APL pode ser caracterizado pelos seguintes elementos:

Dimensão territorial – constitui o espaço onde processos produtivos, inovativos e cooperativos têm lugar. A proximidade geográfica levando ao compartilhamento de visões e valores econômicos, sociais e culturais constitui fonte de dinamismo local, bem como de diversidade e de vantagens competitivas em relação a outras regiões.

Diversidade de atividades e atores econômicos, políticos e sociais– os APLs envolvem a participação e a interação de diversos agentes, além das empresas e dos seus empregados, tais como: fornecedores de insumos e equipamentos; prestadores de serviços; clientes; comerciantes; associações políticas; e privadas; instituições de capacitação de recursos humanos; de financiamento; e de pesquisa, desenvolvimento e engenharia. Aí se incluem, portanto, universidades, organizações de pesquisa, empresas de consultoria e de assistência técnica, órgãos públicos, organizações privadas e não governamentais, entre outros.  Conhecimento tácito – em geral, nos APLs há socialização de conhecimentos

entre indivíduos, instituições e empresas (especialmente de conhecimentos tácitos), os quais não são codificados, mas estão implícitos e incorporados nos indivíduos e organizações. Esses conhecimentos decorrem tanto da proximidade geográfica como das identidades culturais, sociais e empresariais devido à especificidade local, o que proporciona uma vantagem competitiva para aqueles que os detêm.

(35)

criação e introdução de novos produtos e processos organizacionais, os quais garantem a competitividade dos diversos atores locais.

Governança– diz respeito aos diferentes modos de coordenação, intervenção e participação, nos processos de decisão, dos diferentes atores-Estado, em seus vários níveis, empresas, cidadãos e trabalhadores, organizações não governamentais etc.; e das diversas atividades que envolvem a organização dos fluxos de produção e comercialização, assim como o processo de geração, disseminação e uso de conhecimentos. Verificam-se duas formas principais de governança em sistemas produtivos locais. As hierárquicas são aquelas em que a autoridade é geralmente internalizada dentro de grandes corporações, com real ou potencial capacidade de coordenar as relações produtivas, mercadológicas e tecnológicas. A governança não hierárquica geralmente caracteriza-se pela existência de sistemas de micro, pequenas e médias empresas e outros atores, onde nenhum deles é dominante. Estes dois tipos de governança representam duas formas de poder na tomada de decisão-centralizada e descentralizada.  Grau de enraizamento – diz respeito geralmente às articulações e ao

envolvimento dos diferentes atores dos APLs com as capacitações e os recursos humanos, naturais, técnico-científicos, empresariais e financeiros, assim como com outras organizações e com o mercado consumidor local. Elementos determinantes do grau de enraizamento incluem: o nível de agregação de valor, a origem e o controle (local, nacional e estrangeiro) das organizações e o destino da produção, tecnologia e demais insumos.

Em geral, a formação dos APLs está vinculada a aspectos tanto históricos de identificação como territoriais, de âmbito regional ou local, a partir de uma mesma base socioeconômica (VECCHIA, 2006).

Os APLs geralmente são compostos por empresas de diversos setores: produtoras de bens e serviços finais, fornecedoras de equipamentos e outros insumos, prestadoras de serviços, clientes, cooperativas, associações e representações e demais organizações voltadas à formação e treinamento de recursos humanos, informação, pesquisa, desenvolvimento e engenharia, promoção e financiamento (CAMPOS, 2004).

(36)

Empresa (SEBRAE, 2008), no Brasil as MPE representavam 97,5% do total de empresas constituídas no País, contribuindo diretamente para a economia gerando postos de trabalho e renda. Porém 22% destas empresas decretam falência antes de completar os dois primeiros anos de existência.

Contudo, mesmo diante dessa relativa importância dada ao tema, não existe um consenso quanto à definição correta de um APL, ou como identificá-lo, ou ainda sobre o modo de como atuar nesses arranjos.

Porém, apesar de distintas entre si, as abordagens relativas e conceitos de arranjos produtivos locais apresentam pontos similares no que se refere à estrutura, operação e atores envolvidos. As diferenças que apresentam se relacionam, principalmente, às especificidades de uma nomenclatura, bem como às suas características ou vantagens dos arranjos.

(37)

Quadro 1 – Comparativo das características básicas entre as formas de aglomeração

Distrito

Ind. Ambiente Inovador Polo de Cresc. Cluster APL

L

O

CAL

 Proximidade ou concentração geográfica X X X X X

 Proximidade a fontes de recursos X X X X X

AT

O

RE

S  Predominância de grupos de pequenas e médias empresas X X X X X

 Pequenas empresas nucleadas por grande

empresa X

 Associações, instituições de suporte, serviços,

ensino e pesquisa, Fomento, financeiras, etc. X X X X

CARA C T E R ÍS T ICA S

 Intensa divisão de trabalho entre as firmas X X X X

 Flexibilidade de produção e de organização X X X X X

Pequena produção flexível X

Grande produção flexível X

 Forte identificação geográfica X X X X X

 Presença de indústria motriz X

 Especialização X X X X X

 Regime não concorrencial X

 Mão de obra qualificada/especializada X X X X X

 Produto homogêneo X X X

 Competição entre firmas baseada em inovação X X X

 Estreita colaboração entre as firmas e demais

agentes X X X X X

 Fluxo intenso de informações X X X X X

 Identidade cultural entre os agentes X X X X X

 Relações de confiança entre os agentes X X

 Complementaridades e sinergias X X X X X

Fonte: Elaboração Própria.

Em suma, as características encontradas nas diferentes formas de aglomerações apresentadas, são muito similares entre uma estrutura e outra, embora existam suas particularidades.

2.7.A Nova Geografia Econômica

(38)

A nova geografia econômica também leva em consideração os princípios de Marshall, mas com um diferencial: outros fatores são tão importantes quanto os que foram propostos por Marshall. O principal diferencial está centrado no fato de que esta teoria também se utiliza dos retornos crescentes de escala e do crescimento do monopólio como modelo de mercado imperfeito.

Segundo Krugman (1998), a concentração de firmas em determinadas regiões está associada à existência de uma força centrípeta e uma força centrífuga. A primeira tende a concentrar, enquanto a segunda, a desconcentrar. As forças centrípetas remetem aos fatores trabalhados por Marshall, a segunda insere novos fatores de deseconomias de escala, esses fatores são relacionados aos fatores de produção não móveis, como as terras e os aluguéis, como mostra a Figura 1.

Fonte: Elaboração Própria, 2012.

O conceito da mão invisível 8de Smith é aplicado no processo de aglomeração, mas para outro contexto. Aqui, este conceito surge no embate existente entre as duas

8 Termo introduzido por Adam Smith em A Riqueza das nações (1776) para descrever como numa

economia de mercado, apesar da inexistência de uma entidade coordenadora do interesse comunal, a Forças Centrípetas

 Tamanho do mercado;  Mercado de trabalho

especializado;  Economias externas.

Forças Centrífugas

(39)

forças (centrípeta e centrífuga) e da situação que emergirá deste embate, isto é, o próprio processo de conflito culminará numa auto-organização natural das estruturas espaciais.

Se a força centrípeta superar a força centrífuga, significa que haverá um estímulo para manter a atividade econômica, existirá atração para que novas empresas se instalem no local, dinamizando a economia. No caso de acontecer o inverso, a força centrífuga ser mais evidente, então haverá um desestímulo para as atividades econômicas, os estabelecimentos passarão a deixar a região.

2.8.O Estado do Ceará em Números

O Estado do Ceará está localizado na região Nordeste do Brasil, limitando-se ao Norte com o Oceano Atlântico; ao Sul com o Estado de Pernambuco; a Leste com os Estados do Rio Grande do Norte e Paraíba e a Oeste com o Estado do Piauí.

Segundo o IPECE, a área total do Ceará é de 148.825,6 km², o que equivale a 9,57% da área pertencente à região Nordeste e 1,74% da área do Brasil. Desta forma, o Estado do Ceará tem a quarta extensão territorial da região Nordeste e é o 17º entre os estados brasileiros em termos de superfície territorial.

No que tange a divisão político-administrativa, o estado é composto atualmente por 184 municípios. A regionalização adotada pela Secretaria do Planejamento e Gestão (SEPLAG) é composta por 8 Macrorregiões de Planejamento, 2 Regiões Metropolitanas e 18 Microrregiões Administrativas. Já a regionalização adotada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) compreende 7 Mesorregiões e 33 Microrregiões geográficas, regiões estas formadas de acordo com os aspectos físicos, geográficos e de estrutura produtiva. Outras regionalizações também são adotadas pelas diversas Secretarias do Governo do Estado, como por exemplo, as Secretarias da Saúde, Educação e Cultura.

(40)

Tabela 1 - Indicadores Selecionados - Ceará (2004 - 2009)

Indicadores selecionados 2004 2005 2006 2007 2008 2009

PIB - Valores correntes preços

de mercado (R$ milhão) 36.866 40.935 46.303 50.331 60.099 65.704

Agropecuária 7,1 6,0 7,3 6,2 7,1 5,1

Indústria 25,1 23,1 23,5 23,6 23,6 24,5

Serviços 67,8 70,9 69,2 70,2 69,3 70,4

Fonte: IPECE, 2011.

(41)

3.

MATERIAL E MÉTODO

A literatura econômica que trata de temas como economia industrial e economia regional é repleta de estudos de caso sobre os Arranjos Produtivos Locais. De fato, a necessidade do entendimento deste tipo de organização industrial passou a ser relevante para a implementação de políticas que visam o desenvolvimento industrial, tecnológico e regional. Muitos dos estudos empíricos desenvolvidos tem se concentrado em análises de arranjos já consolidados, realizando assim uma avaliação ex post das características destes arranjos e suas contribuições para o desenvolvimento local.

Tão importante quanto trabalhar os arranjos já consolidados, é trabalhar os que ainda estão nascendo, pois se espera que também existam políticas que sejam voltadas para o desenvolvimento e crescimento destes arranjos. Segundo Crocco (2003, p. 5),

Este fato, sem dúvida, cria grandes dificuldades para o entendimento da natureza e do padrão de desenvolvimento destes arranjos, uma vez que não permite identificar as condições que dão origem a tais arranjos no momento em que estes estão se formando. Do ponto de vista da elaboração de políticas de desenvolvimento econômico e regional, esta lacuna é grave, pois leva a privilegiar arranjos já estabelecidos em detrimento daqueles em formação.

Dessa forma, a importância de identificar e mapear esses arranjos potenciais está justamente na possibilidade que o governo terá de direcionar políticas para atender a necessidade desses arranjos, bem como evitar que haja um desperdício de tempo e de recursos, e que se evite privilegiar arranjos estabelecidos em detrimento de outros que ainda estão na fase embrionária.

Sobre este ponto de vista, o trabalho tentará atender a uma demanda já existente no Estado do Ceará, que será trabalhar esses arranjos produtivos classificando-os em uma tipologia que facilite a formulação de políticas públicas diferenciadas de acordo com o grau de maturação do arranjo e sua localização dentro dos quatro territórios trabalhados, levando em consideração especificidades regionais e setoriais, como forma de nortear e estruturar ações e instrumentos de fomento aos mesmos.

3.1.Área de Estudo

(42)

sustentável. A participação social e a integração de ações entre Governo Federal, Estados e municípios são fundamentais para a construção desta estratégia.

O programa compreende um total de 120 territórios em todo o País, sendo que o Ceará possui seis territórios engajados, a saber: Território do Sertão Central, Sertão de Canindé, Sertão dos Inhamuns/Crateús, Vales do Curu e Aracatiaçu, Cariri e Sobral, sendo que este estudo contempla os quatro primeiros citados. Os territórios estão em destaque na Figura 1.

Fonte: Territórios da Cidadania. Elaboração Própria. Ceará, 2012.

(43)

Em seguida, apresentam-se algumas informações preliminares a respeito destes territórios, segundo o Portal da Cidadania do Governo Federal (GOVERNO, 2012).

Sertão de Canindé-CE

Abrange uma área de nove mil km² e é composto por seis municípios: Boa Viagem, Canindé, Caridade, Itatira, Madalena e Paramoti.

A população total do território é de 195.314 habitantes, dos quais 86.314 vivem na área rural, o que corresponde a 44,19% do total. Possui 17.416 agricultores familiares, 3.261 famílias assentadas. Seu IDH médio é 0,62.

Território Vale do Curu e Aracatiaçu-CE

Abrange uma área de doze mil km² e é composto por dezoito municípios: Amontada, Apuiarés, General Sampaio, Irauçuba, Itapagé, Itapipoca, Itarema, Miraíma, Paracuru, Paraipaba, Pentecoste, São Gonçalo do Amarante, São Luís do Curu, Tejuçuoca, Trairi, Tururu, Umirim e Uruburetama.

A população total do território é de 571.045 habitantes, dos quais 259.456 vivem na área rural, o que corresponde a 45,44% do total. Possui 30.701 agricultores familiares, 3.527 famílias assentadas, 2 comunidades quilombolas e 3 terras indígenas. Seu IDH médio é 0,63.

Sertão Central-CE

Abrange uma área de quinze mil km² e é composto por doze municípios: Banabuiú, Choró, Deputado Irapuan Pinheiro, Ibaretama, Mombaça, Pedra Branca, Piquet Carneiro, Quixadá, Quixeramobim, Senador Pompeu, Solonópole e Milhã.

A população total do território é de 362.091 habitantes, dos quais 158.415 vivem na área rural, o que corresponde a 43,75% do total. Possui 28.808 agricultores familiares, 2.096 famílias assentadas e 1 comunidade quilombola. Seu IDH médio é 0,63.

Inhamuns Crateús-CE

(44)

Hidrolândia, Independência, Ipaporanga, Ipu, Nova Russas, Novo Oriente, Parambu, Pires Ferreira, Quiterianópolis, Santa Quitéria, Tamboril e Tauá.

A população total do território é de 524.175 habitantes, dos quais 235.562 vivem na área rural, o que corresponde a 44,94% do total. Possui 45.145 agricultores familiares, 3.649 famílias assentadas, 12 comunidades quilombolas e 1 terras indígenas. Seu IDH médio é 0,64.

3.2.Identificação de Aglomerações Produtivas

Este trabalho procura estabelecer uma metodologia coerente e que seja capaz de identificar os arranjos produtivos potenciais. Para isto, utiliza-se a metodologia desenvolvida por Crocco (2003) a respeito dos indicadores quantitativos utilizados, tais como: Quociente Locacional, Participação Relativa e o Índice de Hirschman-Herfindahl modificado.

Tal metodologia combina três critérios que exprimem a relação de concentração e especialização de uma região em determinado setor de atividade econômica. O

Quociente Locacional (QL) é um índice de especialização e será utilizado para determinar em quais microrregiões essas atividades estão localizadas. Esse quociente ajuda a determinar se uma cidade em particular possui especialização em um setor específico, sendo obtido através da seguinte expressão:

�=

� �

�� ���

Em que,

� = Emprego do setor i na cidade j;

� = Emprego total da indústria na cidade j;

��� = Emprego do setor i no Ceará;

��� = Emprego total da indústria no Ceará.

O QL é um indicador que procura comparar duas estruturas espaciais segundo os setores de atividade econômica localizados nestes espaços. O numerador define a

(45)

proporção de empregos de um setor em uma região em relação ao total de empregos da região, o que pode ser considerada como o peso relativo do setor na região considerada. O denominador expressa o peso do emprego em um setor com relação ao emprego total de uma região de referência, no caso, o Ceará.

Assim, a verificação de um QL menor que um (<1) indica que a (micro) região tem um grau de especialização menor que o do conjunto, podendo ser o Estado ou o País; quando o QL é igual a 1 (=1) é porque o grau de especialização da (micro) região é igual ao do conjunto; e quando o QL é maior do 1 (>1) se diz que a (micro) região tem um grau de especialização maior que o do conjunto.

Apesar de fornecer boas indicações no processo de identificação das especializações presentes nas localidades, algumas observações devem ser consideradas quanto à utilização desta metodologia com relação a seus limites e distorções.

Com relação aos limites, o QL deve ser encarado apenas como um passo exploratório para tão somente indicar a presença de aglomerações especializadas de setores produtivos. Ele não indica a densidade de tal atividade nem o grau de complexidade da aglomeração, formada pelas interações entre os agentes (AMARAL FILHO et al, 2004).

Com relação às distorções, elas são, basicamente, de três formas (AMARAL FILHO et al, 2004):

i. A presença de uma grande empresa, intensiva em mão de obra, em um município que tem pouca densidade industrial, pode produzir uma falsa imagem, tanto no tocante ao aspecto da aglomeração, quanto no que diz respeito ao aspecto da especialização.

ii. Municípios grandes, com estrutura industrial densa e diversificada, podem apresentar QLs baixos, pouco significativos, comparados aos dos municípios pequenos.

iii. A metodologia não distingue diferenças nos padrões tecnológicos nem nas escalas de produção, entre os setores.

(46)

onde o valor do QL seja igual ou superior à unidade; abaixo disso, o município estará automaticamente eliminado. Isso porque não incorreremos nas distorções apresentadas pelo item (ii), citado anteriormente.

O segundo componente do índice de Concentração (IC), é a Participação Relativa (PR), uma proporção que relaciona a importância do setor no município em âmbito Estadual:

= �

��

� = Emprego do setor i na cidade j;

���= Emprego do setor i no Ceará;

O indicador varia entre zero e um; quanto mais próximo de um, maior a importância da atividade ou setor i do município j no âmbito do Ceará.

O último indicador é o de Hirschman-Herfindahl modificado (HHm), elaborado na tentativa de captar em que medida a especialização do setor no município reflete um fenômeno do setor ou da estrutura industrial do município como um todo, isto é, procura captar o real significado do peso do setor na estrutura produtiva local em relação a região econômica de referência. Ele é definido da seguinte forma:

= �

�� − � ���

� = Emprego do setor i na cidade j;

� = Emprego total da indústria na cidade j;

��� = Emprego do setor i no Ceará;

��� = Emprego total da indústria no Ceará.

Tal índice controla a proporção entre empregos em determinado setor presente no município j com relação ao emprego do mesmo setor em escala estadual (a primeira proporção do lado direito da equação). Se algum município apresenta alta proporção de empregos em um setor, mas ao mesmo tempo o emprego no município é relativamente alto, se estará lidando com economias centralizadoras de recursos e muito diversificadas. A segunda proporção do lado direito da equação evita que o HHm entre (2)

Imagem

Figura 1 - Forças que atuam na concentração de empresas
Tabela 1 - Indicadores Selecionados - Ceará (2004 - 2009)
Figura 2 - Territórios da Cidadania do Estado do Ceará
Tabela  2  -  Resultado  dos  testes  de  KMO  e  esfericidade  de  Bartlett's  para  os  setores  selecionados
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