Estudo de determinação dos parâmetros que desrevem
a dinâmia de uma supernova galátia por um detetor
de neutrinos futuro.
Aluna: Regina Célia Medeiros Felix
Orientadora: Renata Zukanovih Funhal
À Renata, pela orientação ateniosa e aompanhament o de todo o trabalho e também pela
paiêniae ompreensão nosmeusmomentos maisdifíeis.
Aosmeus pais, Maria e Célio, e meus irmãos, Riardo e Tiago, pelo amor e arinho. Eles que,
apesar dadistânia,estiveram sempreaomeuladoareditandonasminhasesolhas etorendopelo
melhor.
À todososgrandes amigos que zno IFpelas grandes disussões, idéiase prinipalme nt e pelas
risadasemtodosos nossosenontros. E muitoobrigada a Simone e Luianapelaamizade eauxílio
onstantes.
À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pelo apoio naneiro e
Oobjetivodesta dissertaçãofoiestudarossinaisqueneutrinosprovenientesde supernovas
galá-tiaspoderãoproduziremdetetores futuros,atravésde simulaçõesde eventosobservadosnaTerra
por um detetorCherenkovpela reaçãode deaimento betainverso.
Porserumloalúnioemqueneutrinosseenontramemondiçõesdeequilíbriotérmio,afísia
deneutrinos de supernovapode ser fonte de novo onheiment o na físiade partíulas elementares.
Iniiamos o trabalho apresentando os aspetos mais importantes da físia de neutrinos tal omo é
onheida hoje, seguido de um estudo do papel do neutrino na explosão de umasupernova do tipo
IIe a inuênia dasosilações emfuturas observações.
As simulações foram feitas primeiramente onsiderando uma supernova de potenial estátio,
om a determinação de limites nos prinipais parâmetros que desrevem suadinâmia. Utilizamos
os asos de hierarquia normal e inversa e ângulos de mistura nos limites totalmente adiabátio e
não-adiabátio. Posteriorment e onsideramos uma supernova de potenial dinâmio, a partir da
qual estudamos o omportament o das probabilidades de transição e o perl do espetro detetado
nos mesmos asos anteriores. Com este potenial também foi possível observar o omportament o
temporal doespetroe omoeste pode sermodiado oma hierarquiae ângulode mistura.
Mostramos queem umafutura deteção,o númerode eventos e onsequentemente suavariação
omparâmetrosdesupernovanãoterãointerferêniaonsideráveldoefeitodeondadehoque.
Con-tudo,estepodeausardistorçõesnoespetroenergétioetemporalquepoderãoterpapelimportante
The goal of this dissertation is to study the signals that supernova neutrinos ould produe in
future detetors, through simulations of events observed on Earth by a Cherenkov detetor and
inverse betadeayreation.
Sine a supernova has been the only situation in whih neutrinos are able to reah thermal
equilibrium, the physis of supernova neutrinos an be soure of a new knowledge in physis of
elementary partiles. We beginthis workpresentingthe mostimportant aspetsofneutrino physis
as known today, and then studying the role of neutrino in a type II supernova explosion and the
osillation inuenein future observations.
Thesimulationswereinitiallyperformedonsideringastatipotential,deninglimitsforthemain
parametersthatdesribeitsdynamis. Weonsideredtheasesofnormalandinversemasshierarhy
and mixing angles within fully adiabati and non-adiabat i limits. Later we used a supernova
dynami potential to study behaviour of transitions probabilitie s and the prole of the spetrum
detetedinthesepreviousases. Fromthispotentialwealsoobservedthetemporalbehaviourofthe
spetrum andhowit anbe modiedwith the hierarhyand the mixingangle.
We show that, in a future detetion, the number of events and hene their variations with
supernovaparameters, will not suerinterferene of the shokwave eet. However,this eet an
ausedistortionsin theenergy andtime spetrumthatouldhavean important rolein determining
Introdução 1
1 Massa, mistura e osilação de Neutrinos 3
1.1 Breveapresentação aosneutrinos . . . 3
1.2 Neutrinosmassivose o ModeloPadrão . . . 4
1.2.1 Neutrinosde Dirae Majorana . . . 5
1.2.2 Duplodeaimento beta. . . 8
1.3 Evidêniasdeosilação . . . 11
1.3.1 Neutrinossolares . . . 11
1.3.2 Neutrinosatmosférios . . . 13
1.3.3 Neutrinosde reatores eaeleradore s . . . 14
1.4 Osilaçãono váuo . . . 14
1.5 Osilaçãona matéria . . . 17
1.5.1 EfeitoMSW. . . 19
1.5.2 Condiçãode adiabatiidade . . . 19
1.6 Osilaçãodominante emneutrinos solares . . . 20
1.7 Osilaçãodominante emneutrinos atmosférios . . . 23
2 Neutrinos de Supernova 26 2.1 Meanismode explosãode supernovas . . . 26
2.1.1 Supernovasdo tipo II . . . 27
2.2 Evoluçãodo uxode neutrinos . . . 28
2.3 Espetro de neutrinos . . . 30
2.3.3 Distorção espetral( pinhing) . . . 31
2.4 Hierarquiadasenergiasmédias . . . 32
2.5 Dinâmia deonversão . . . 34
2.5.1 Regiõesde onversão . . . 34
2.5.2 Espetrode massa . . . 34
2.5.3 Fatorização dadinâmia . . . 36
2.5.4 Limitesdeadiabatiidade . . . 36
2.6 Supernova 1987A . . . 37
3 Osilação de neutrinos em supernovas 40 3.1 Perl dedensidades. . . 40
3.2 Transiçãoentreduasfamílias . . . 41
3.3 Transiçãoentretrês famílias . . . 44
3.3.1 Transiçõesom hierarquianormal para neutrinos . . . 44
3.3.2 Transiçõesom hierarquianormal para antineutrino s . . . 46
3.3.3 Transiçõesom hierarquiainversa para neutrinos . . . 46
3.3.4 Transiçõesom hierarquiainversa para antineutrino s . . . 47
3.4 Transformação de sabor oletiva emneutrinosde supernova . . . 47
4 Estudo de osilação de neutrinos para supernovas galátias om um potenial estátio 49 4.1 Denições iniiais . . . 49
4.2 Númerode eventos total eespetro energétio esperado. . . 52
4.3 Dependênia donúmerode eventos omosparâmetros da supernova . . . 54
4.4 Casosestudados . . . 55
4.5 Estudopreliminar dadependênia do número total de eventosom osparâmetros de supernova . . . 57
neutrinos observados na Terra 62
5.1 Perl dopotenial . . . 62
5.2 Parametrização empíria do perl dedensidades. . . 63
5.3 Probabilid ades de transição . . . 65
5.3.1 Dependênia energétiada probabilidade de transição . . . 67
5.3.2 Dependênia temporal daprobabilidade detransição . . . 71
5.4 Espetro observado . . . 75
1.1 Duplodeaimento beta(a)om e(b)sem neutrinos, respetivamente. . . 9
1.2 Fluxode neutrinospredito peloMPSem função daenergia. . . 12
1.3 ValoresaraterístiosdeLeEparadiferentesfontesdeneutrinoseosorrespondente s
intervalos de
∆m
2
ij
, no váuo. . . 171.4 Regiãodosparâmetros deosilação(om90%, 95%,99%e99,73%deonança)
om-patíveisomaanálisedastaxastotaisdosexperimentosomCl,Gaedosexperimentos
deespalhamento SKe SNO[63℄. . . 21
1.5 Regiãodos parâmetros de osilação (om 90%, 95%e 99% de onança) obtida pela
análiseglobal dosdadosde neutrinossolares [63℄. . . 22
1.6 Regiãodos parâmetros de osilação (om 90%, 95%e 99% de onança) obtida pela
análisedosdadosde KamLAND [63℄. . . 22
1.7 Regiãodosparâmetros deosilação (om 90%,95%e 99%deonança) obtidas pela
análiseombinada dosdadossolares eKamLAND [63℄. . . 23
1.8 Regiãodeparâmetrosdeosilação(om90%,95%,99%e99,73%deonança)obtida
pelaanálise dosdadosde neutrinosatmosférios. . . 24
1.9 Regiãodosparâmetros deosilação obtidapelaanálisedosdadosde K2K (esquerda)
e MINOS (direita), om 90%, 95% e 99% de onança. As linhas ontínuas não
preenhidas sobrepostas orrespondem asmesmas regiõespara dadosatmosférios [63℄. 25
2.1 Luminosidade de neutrinos instantes após a explosão de uma supernova do tipo II.
ν
µ
refere-se a(anti)neutrinos quenão sejam doelétron [77℄. . . 282.2 Três fases prinipais da evolução do uxo de neutrinos: erupção do hoque
(resi-mento rápido),areção e resfriamento do manto [78℄. . . 29
2.3 DistribuiçãodonúmeroNdeeventosdeCCpara (a)umespetrotérmio(T=3MeV,
η
= 0
), e(b)um espetro distorido ( pinhed)(T=3 MeV,η
= 3
) [82℄. . . 312.4 Resultados de diferentes simulações para evolução da energia média dos neutrinos
[84,85,87℄. Fialaraadiferençaderesultadosentreassimulaçõesdosdoisprimeiros
2.6 Contornos de igualprobabilidade detransição (
P
J
) atravésde regiõesde ressonânia om diferentes parâmetros de mistura (∆m
2
,
θ
). Contornos da direita vão deP
J
=
0,
02
a0,
1
edaesquerdadeP
J
= 0,
9
a0,
98
. Estasprobabilidades detransiçãoforamobtidaspara um perl dedensidadessimples:
ρ(r)Y
e
= 2
×
10
4
g/m3
(r/10
9
m)3
[77℄. 362.7 Disposição dosdetetores Kamiokande IIeIMBnaTerranomomento dosinaldaSN
1987A. . . 38
2.8 Eventos detetados por K2, IMB e Baksan. Nesta montagem, o primeiro neutrino
detetado emada experimento foi ondiderado om
t
= 0
. . . 393.1 Curvasdenívelmostramadependêniadaprobabilidadedetransiçãodoneutrino,
P
c
, edaprobabilidade desobrevivênia,P
ee
, omosparâmetros demistura(∆m
2
,tan
2
θ
)
para transiçõesentredois sabores eenergia do neutrino
E
= 15
MeV. . . 433.2 Espetro de neutrinos na neutrinosfera (linhas nas) e após atravessarem a região
densa (linhas grossas). As linhas sólidas representam neutrinos e as pontilhadas os
antineutrino s. Espetro positivo orresponde a (anti)neutrinos eletrnios e espetro
negativo orresponde a(anti)neutrinos
x
[128℄. . . 484.1 Probabilid ade de sobrevivênia de neutrinos (
P
ee
) e antineutrino s (P
ee
) do elétron para hierarquia normal. Oálulo foifeito para energiaE
= 60
MeV. Consideramos aquisen2
θ
12
= 0,
31
,∆m
2
21
= 8,
0
×
10
−
5
eV2
e
|
∆m
2
31
|
= 3,
0
×
10
−
3
eV2
[140℄. . . . 51
4.2 Análogoà Fig. (4.1) maspara hierarquia inversa. . . 52
4.3 Seção de hoque para o deaimento beta inverso até primeira ordem de teoria de
perturbação[144℄. . . 53
4.4 Espetrodeenergiadeantineutrino squeseesperaobservaremumdetetorCherenkov
de 540 kton e eiênia de 100 % para observação do neutrino através da reação de
deaimento beta inverso no intervalo de tempo de
6
±
0,
25
s. O gráo a esquerda orresponde ao ângulo de mistura sen2
θ
13
=10
−
3
e o gráo a direita a sen
2
θ
13
=10
−
6
. Ambosmostram osasos de hierarquianormal e inversa. . . 56
4.5 Variação do número de eventos
N
T OT
omo função dasenergias médias do antineu-trinodo elétrondosneutrinosnão-eletrni os e deE
b
/D
2
, respetivamente. Estamos
onsiderando hierarquia normal e ângulo de mistura grande e os parâmetros da SN
xossegundo aTabela (4.1).. . . 57
4.6 Distribuição do número de eventos de
ν
e
para intervalos de energia de 10 MeV. O primeiro aso orresponde a ângulo de mistura grande, sen2
θ
13
= 10
−
3
, e HN (asoequivalente a ângulo de mistura pequeno, sen
2
θ
13
= 10
−6
. O segundo aso se referetambem a ângulo de mistura grande om HI, A barra de erro apresentada refere-se
apenasàinertezaestatístiamultipliad apor10. Osparâmetrosxossãoosmesmos
daFig. (4.5) . . . 58
4.7 Sensibilidade do detetor para osparâmetros
h
E
e
¯
i
,h
E
x
i
eE
b
/D
2
de supernova dois
adois emhierarquianormal e ângulode mistura grande, sen
2
θ
4.8 Sensibilidadedodetetorparaosparâmetros
h
E
x
i
eE
b
/D
2
desupernovaemhierarquia
inversae ângulode mistura grande, sen
2
θ
13
= 10
−3
. . . 594.9 Sensibilidade do detetor para os parâmetros
h
E
e
¯
i
,h
E
x
i
eE
b
/D
2
de supernova em
hierarquianormal e ângulode mistura grande,sen
2
θ
13
= 10
−
3
. . . 604.10 Sensibilidadedodetetorparaosparâmetros
h
E
x
i
eE
b
/D
2
desupernovaemhierarquia
inversae ângulode mistura grande, sen
2
θ
13
= 10
−
3
. . . 605.1 Perl de densidade simulado para uma supernova om onda de hoque omo função
doraio para diferentestempos[149℄ . . . 63
5.2 Potenialdematériaemfunçãodadistâniaradialdoentrodasupernovaparatempos
diferentes (t=1-8sde ima para baixo). É fáilpereber quepodem existiratétrês
pontosom o mesmo potenial V, pois há umaqueda no potenialno ponto emque
seenontraa frente deonda. . . 65
5.3 Probabilid ades de transição
P
H
(E)
após t=4 s da explosão e diferentes ângulos de mistura. Em ada quadroestão representadas tambémasomponente sP
1,2,s,3
. . . . 685.4 Probabilid ades de transição
P
H
(E)
após t=4 s da explosão e diferentes ângulos de mistura. Em ada quadroestão representadas tambémasomponente sP
1,2,s,3
. . . . 695.5 Probabilid ades de transição
P
H
(E)
apóst=4s da explosãoe ângulode mistura indi-ado. Estãorepresentadastambémasomponente sP
1,2,s,3
. . . 705.6
P
H
(E
)
apóst
=0,4 e 8s para sen2
θ
13
= 10
−4
. . . 715.7 Probabilid ades de transição
P
H
(t)
para E=30 MeV e diferentes ângulos de mistura. Em ada quadroestão representadas tambémasomponente sP
1,2,s,3
. . . 735.8 Probabilid ades de transição
P
H
(t)
para E=30 MeV e diferentes ângulos de mistura. Em ada quadroestão representadas tambémasomponente sP
1,2,s,3
. . . 745.9 Probabilid ades de transição
P
H
(t)
para E=30 MeV e ângulos de mistura indiado. Estãorepresentadas tambémasomponentesP
1,2,s,3
. . . 755.10 Espetrodeenergiadeantineutrino seletrniosdeumasupernovagalátia,
provenien-tesdedeaimento betainverso,nointervalodetempo
t
= 6
±
0,
25
sesen2
θ
13
= 10
−6
,10
−5
e10
−3
respetivamente. . . 76
5.11 Espetrodeenergiadeantineutrino seletrniosdeumasupernovagalátiaaada
0,
5
s de 6 a 9 s apósa explosão. Os dados são provenientes de deaimento beta inversopara diferentes valores de ângulo de mistura. Os pontos orrespondem a hierarquia
normal ea linha heia ahierarquia inversa. . . 77
5.12 Dependênia temporal do número de eventos de supernova para diferentesintervalos
de energia (de ima para baixo:
30
±
5
,40
±
5
,50
±
5
e60
±
5
MeV). Os pontos orrespondem a hierarquia normal e aslinhas a hierarquia inversa. Os quadrosor-respondem respetivamente aos ângulos de mistura: sen
2
θ
13
= 10
−6
,10
−5
,
10
−4
e
10
−
3
4.1 Parâmetros da SNutilizados para assimulações. . . 55
4.2 NúmeroesperadodeeventosdesupernovaemumdetetorCherenkovde540ktonpara
reaçãode deaimento betainversopara o ponto noespaço de parâmetros denidona
Tabela (4.1). . . 56
5.1 Número esperado de eventos de supernova em um detetor Cherenkov de 540 kton
para reação de deaimento beta inverso referente a um ponto no espaço de
parâme-tros denido na Tabela (4.1). Vemos aqui a omparação de resultados para o aso
sem onda de hoque (V estátio), om onda de hoque (Vdinâmio), a variação
ab-soluta da quantidade de eventos esperada por ada modelo e o número de eventos
Os testes experimentais pelos quais os neutrinos vêm sendo submetidos já forneeram grandes
avançospara nossoentendiment o desuafísia,tais omoasevidêniasdemassase asonrmações,
pordiversosexperimentos,dofenmenodeosilaçãoomaonsequentedeterminaçãodosparâmetros
demisturaomalgumapreisão. Estegrandedesenvolvimentoemonjuntoomofatodosneutrinos
estareminlusosnoModeloPadrão[1℄apenasomopartíulassemmassalevaaareditarqueafísia
deneutrinosseapresentaomo umadasprinipaismotivaçõespara odesenvolvimento deumanova
físiaalém doModeloPadrão.
Dentre as possíveis fontes de neutrinos que podem agregar novos oneitos e resultados
expe-rimentais, os neutrinos provenientes de supernovas são eventos de deteção rara, prinipalme nt e
porque sãoesperadasapenastrêsexplosõesde supernovanagaláxiaa adaséulo. Apenasem1987
foipossíveldetetar20neutrinosqueoinidemtemporalmente omaSN1987AoorridanaGrande
Nuvemde Magalhães.
A importânia do estudo de neutrinos de supernova e sua deteção enontra-se prinipalme nt e
nofatode que onúleode umaestrela emolapso orresponde aoúnio loalno universoatual em
quepode-se onsiderarosneutrinosem equilíbriotérmio,sendo assim,devido asondiçõesemque
se enontram, fonte de informação tanto om relação à físia de neutrinos quanto ao proesso de
olapso estelare, indiretament e, douniversoprimordial.
Aexpetativa por umapróximaexplosãodesupernova nagaláxiafez aumentara quantidadede
trabalhosquebusampredizerosinalquepoderáserdetetadoe,apartirdeste,saberoquanto este
sinalpode aresentarnoentendiment o atualde neutrinos. Resultados omoummelhorlimite para
oângulo demistura
θ
13
edenição da hierarquiade massaestão entre osmaisesperados.Comoreentedesenvolvimento denovasabordagens eadesobertadenovosefeitosnaosilação
emmeios om altas densidades de neutrinos [124, 125℄, a físiade neutrinos de supernovas passa a
um papel dedestaque nafísia departíulas elementares.
O objetivo do nosso trabalho foi estudar os sinais que neutrinos provenientes de supernovas
galátiaspoderãoproduziremdetetores futuros. Para oálulodouxodeneutrinos investigamos
diferentes modelos para o potenial de matéria da estrela durante o olapso. Com esse objetivo,
zemosumtrabalhodeatualizaçãodoquehojeéonheidodafísiadeneutrinos,osilações,geração
demasa,limitesde parâmetrosedetetores,seguidodeum estudodopapeldoneutrino naexplosão
de uma supernova, observando ospontos em que a físia de neutrinos, ainda em desenvolvimento,
temimportâniaruial eo papel dasosilaçõesnosresultados defuturas observações.
supernova de potenial estátio e em seguida para uma supernova de potenial dinâmio, ou seja,
om efeitos da passagem de uma onda de hoque. Desta forma, pudemos avaliar a magnitude e
importânia desteefeito emestudose deteçõesfuturas.
Otrabalho apresentado segueem5 partes. No apítulo 1apresentamos a físiade neutrinos tal
omoonheida hoje e suasprinipaisperspetivas.
No apítulo 2 estudamos o meanismo da explosão de supernovas do tipo II, detalhando a
in-uênia dos neutrinos em ada etapa do olapso gravitaional. Disutimos também os resultados
obtidos apartir doseventosda SN1987A.
No apítulo 3 desrevemos uma abordagem analítia aproximada para o álulo de osilação
de neutrinos de supernovas baseada em uma probabilidade de transição de dupla exponenial. Os
resultados obtidos nesteapítulo foramutilizados nosapítulos posteriores.
Noapítulo4investigamosadependêniaenergétiadoespetrodeneutrinosparaumasupernova
depotenialestátio,avaliando apossibilidadede obterlimitespara parâmetrosde supernova,xos
osparâmetros deosilação, apartir deumafutura deteção.
Noapítulo5oáluloanteriorérenadoparaoasodeumasupernovaomapassagemdeuma
onda de hoque, tornando-se relevante a dependênia temporal do espetro e as mudanças no
po-tenialdevidoa variação dadensidade ausadapelaonda. Enm,onluimosomumaomparação
Massa, mistura e osilação de Neutrinos
Neutrinos são partíulas que têm sedestaado desdeo iníio peloseu omportamento e
propri-edades diferentes dos léptons arregados. Além de interagirem apenas fraamente, podendo assim
atravessargrandesregiõesde matériasemqualquer desvio, dependendo de suafonte deemissão vão
possuir energia em um intervalo bem denido, ujo espetro dependerá dos proessos de emissão,
eventualmente do meio depropagação e da formade deteção.
Há diversas evidênias experimentais que neutrinos tem massa e mistura e sofrem osilação
de sabor [1℄. A melhor determinação dos parâmetros que regem estas osilações é essenial para
um estudo preiso de suas propriedades e a ompreensão de seu papel no onjunto das partíulas
elementares e no Modelo Padrão (MP), que, apesar de todo suesso experimental, hoje engloba
apenas neutrinosnão massivos.
Nesteapítulodaremosumavisãogeraldoquehojeéonheidoeemquepontoestãoaspesquisas
e resultados experimentais para a desrição de osilação de neutrinos. São estes resultados que
justiamassumir osilação de neutrinosnosapítulos queseguem.
1.1 Breve apresentação aos neutrinos
Em1989,amedidadalargurainvisíveldobóson
Z
0
[1℄forneeuaprimeiraevidêniaexperimental
omgrande preisão da existênia de apenas três espéiesde neutrinos ativos ommassa inferior a
massado Z
0
(
M
Z
0
/2
). Porém, a hipótese da existênia dessaspartíulas que interagem fraamente teve origemquase 60 anosantesa partir de umaidéia simples.WolfgangPauli props, em 1930, a existênia de uma partíula de massanula, ou quase nula e
spin
1
2
para queo prinípioda onservação daenergia não fossevioladono deaimento nulear betaque,atéentão mostravaum espetroontínuo aoontráriodoesperado. Adeteção destapartíula,
ontudo, mostrou-se difíil para os detetores e tenologia da époa, uma vez que, em 1934, Hans
BetheeRudolfPeierls[2℄mostraramqueaseçãodehoqueentreneutrino ematériaeratãopequena
queelepoderia atravessaraTerrasem desvio.
Oprojeto dedeteção do neutrino a partir deumafonte nulear surgiu e,em1956 [3℄Frederik
uma mistura de 400 litros de água om loreto de ádmio, gerando um pósitron e um nêutron. O
primeiro é aniquilado por um elétron, emitindo assim dois fótons de 0,5 MeV em direções opostas.
Simultaneament e o nêutron é absorvido pelo ádmio
108
Cd produzindo um estado exitado
109
Cd
queemiteum fóton,
n
+
108
Cd
→
109
Cd
∗
→
109
Cd +
γ.
(1.1)A deteção do fóton adiional era de
5
×
10
−
6
segundos após a aniquilação elétron-pósitro n
geraumaassinatura para a reaçãodo neutrino.
Em 1968, Gribov ePonteorvo [4, 5℄ mostraram quea existêniade umamassapara o neutrino
impliavanapossibilidadedeosilaçãoentreossabores. Odesapareimentodeneutrinosatmosférios
(
ν
µ
's)eneutrinossolares(ν
e
's)poderiaserfailmenteexpliadoemtermosdessaosilação. Contudo, nestenovo enário,para a osilação de doisneutrinos, pelomenos um deveria sermassivo.No Modelo Padrão neutrinosforam introduzidos omo férmionssem massa, enenhum termo de
massarenormalizável invariante de gauge pode ser onstruido sem a introdução da omponente de
mão-direita. Desta forma,aevidênia de massa,osilação ou violaçãoCP nosetor de neutrinossão
indiaçãoforte denovafísia.
Como já menionado , hoje sabemos queexistem três tipos de neutrinosativos. A existênia do
neutrino do múon (
ν
µ
) e do tau (ν
τ
) era esperada pela propriedade de orrespondêni a om seus paresarregados. Oneutrino do múon foidesoberto em1962 pelo grupo de Lederman,Shwartz eSteinberger[6℄ e,apósadesobertadotereiro léptonarregado (tau), emmeadosda déadade70,
iniiou-se também a tentativa de deteção de seu neutrino orrespondente , realizada em 2001 pelo
experimento DONUT do Fermilab [7℄.
Alémdeseremproduzidosporreatoresnuleareseaeleradore s,asmaioresfontesdeneutrinossão
naturais. Neutrinospodemvirdeinteraçõesderaiosósmiosnaatmosfera(neutrinosatmosférios),
podem ser produzidos em reações termonuleares no interior de uma estrela (neutrinos estelares),
os que hegam à Terra provenientes da estrela mais próxima são os hamados neutrinos solares, e
neutrinosrelíquias doBig Bang. Devidoa sua abundânia, neutrinos têm um papelimportante no
estudodaastrofísiaeosmologia. Porexemplo,elesarregam99%daenergiaemitidaemsupernovas
dotipoII,além de terum papelruial nomeanismode explosão dessasestrelas[8℄.
1.2 Neutrinos massivos e o Modelo Padrão
O Modelo Padrão foi onstruído de forma que osneutrinos não sejam partíulas massivas. Sua
simetria,
SU(2)
L
×
U
(1)
Y
,xaapenasamaneira omoosférmionseosbósonsdegauge do modelo se transformam. A massa dos férmions arregados aparee através do meânismo de quebra desimetria (Meânismo de Higgs), porém, para neutrinos, a massa ontinua nula em qualquer ordem
perturbativa.
Neutrinos sãoférmions quenãopossueminteraçõesfortenemeletromagnétia. Neutrinosativos
L
l
=
ν
lL
l
−
L
,
l
=
e, µ, τ,
(1.2)sendo
e
,µ
,τ
osautoestadosde massadosléptonsarregados. NoMP aomponente demão-direita dos férmions arregados é introduzida omo singleto do grupo de simetriaSU
(2)
e neutrinos de mão-direitanãosãointroduzidos. NomodelomínimoexistemtrêsfamíliasdeférmionseumdubletodeHiggs omplexo
φ
≡
φ
+
φ
0
.
Após a quebra espontânea de simetria [9℄, a lagrangeana para ampos ferminios gera dois
termosde interação para neutrinos. Otermo de orrentes arregadas(CC)
−L
CC
=
g
√
2
X
l
ν
lL
γ
µ
l
L
W
µ
+ h.c.,
(1.3)eo termo de orrentes neutras (CN)
−L
CN
=
g
2 cosθ
W
X
l
ν
lL
γ
µ
ν
lL
Z
µ
0
+ h.c.,
(1.4)sendo
γ
µ
asmatrizesde Dira,
θ
W
o ângulode Weinbergeg
aonstante de aoplamento frao.Estas equações forneem todas as interações dos neutrinos no MP. A partir da Eq. (1.4) é
determinada a largura do deaimento do bóson
Z
0
em neutrinos, que é proporiona l ao número
de neutrinos ativos de mão esquerda. O resultado experimental mais reente para este número é
N
ν
= 2,
984
±
0,
008
[1℄, evideniando assim a existênia de apenas 3 neutrinos ativos leves nanatureza.
1.2.1 Neutrinos de Dira e Majorana
Todos osdemais férmions - léptons arregados e quarks - são partíulas de Dira, ou seja,
obe-deem as equações de Dira e são desritos por um spinor omplexo de quatro omponente s. Se
neutrinos não tivessem massa seriam bem desritos por spinores omplexos de duas omponente s,
osspinoresde Weyl. Porém,umavezque temosindiações deque neutrinossão massivos, elesnão
podemserassimdesritose,omoqualqueroutroférmiondeveriapossuirmassadeDira. Contudo,
uma diferençaé ruial entre osdemais férmions e os neutrinos: estes não possuem arga elétria,
nosabrindoassim apossibilidade para quepossamserdesritospor spinoresde Majorana.
Assumindo neutrinosomopartíulas massivasé neessárioqueo MPsejaextendidodeforma a
aomodar estaaraterístia. Quandoaanáliseéfeitaassumindoneutrinosnãomassivos,oMPnão
ontémo ampo de mãodireita do neutrino (
ν
R
),e sim apenas oampo demão esquerda(ν
L
) que aoplaomosbósonsWe Z.Para aomodar amassadoneutrino damesmamaneiraqueosdemaisférmionséneessárioadiionaresteampodemãodireita, onstruindoassimumtermo demassade
Dira.
Este termo onserva o hamado número leptnio L, simetria global que distingue neutrinos e
tudomaisnoMPonserva
L
, temosum mundo emqueL
éumasimetriaqueseonserva. Sendoos neutrinospartíulassemargaeletromagnétia, osautoestadosdemassadosneutrinosν
i
sediferem desuaantipartíul a apenas pelonúmero leptnioL(¯
ν
i
) =
−
L(ν
i
)
.Diferentemente da simetria U(1) eletromagnétia, a simetria U(1) do número leptnio global
não governa a dinâmia. Desta forma, não é uma simetria essenial ao modelo e, se violada, não
há razão para que um
ν
L
não possa ser umν
R
no aso de um boost. Assim, pode ser neessário apenasumampoferminio deduasomponentes, omopropostoporMajorana[10℄em1937,paradesrever o neutrino.
Conluindo,umapartíulaeumaantipartíul asãodenidasapartirdealgunsnúmerosquântios
queseonservam. Se,omono asodosneutrinos, nãohá número quântioque asdiferenia,então
partíula e antipartíul a são idêntias, de forma que um neutrino de Majorana é o seu próprio
antineutrino .
Termos de massa
Suponhamos que sejam adiionados ao MP neutrinos de mão direita neessários ao termo de
massade Dira. Exigindoa onservação do número leptnio global,termos demassade Majorana
nãodevemseradiionados. Contudo,exluindoestaimposição,ostermosdeMajoranapodemestar
presentes.
O álulo a seguiré feito para uma geração de neutrinos, e pode ser failmente extendido para
asdemaisgerações.
Denimos onjugação dearga (C)de um ampo
ν
por [9℄ν
C
=
Cγ
0
ν
∗
=
iγ
2
ν
∗
,
(1.5)eomponente s quirais
ν
L
=
1
2
(1
−
γ
5
)ν;
ν
R
=
1
2
(1 +
γ
5
)ν,
(1.6)oma notação
ν
L
C
≡
(ν
L
)
C
=
1
2
(1 +
γ
5
)ν
C
= (ν
C
)
R
.
(1.7)A massa dos férmions oneta ampos de mão esquerda e direita. Massas de Dira onetam
omponente s Le Rdo mesmoampo (sendo
ν
=
ν
L
+
ν
R
)−L
D
=
D(ν
L
ν
R
+
ν
R
ν
L
) =
D νν.
(1.8)Já um termo de massade Majoranaoneta omponente s de mãoesquerda edireita de ampos
−L
M A
=
A(ν
C
L
ν
L
+
ν
L
ν
L
C
) =
A χχ,
(1.9)−L
M B
=
B(ν
C
R
ν
R
+
ν
R
ν
R
C
) =
B ww,
(1.10)sendoagoraosauto estadosde massaosampos:
χ
=
ν
L
+
ν
C
L
ew
=
ν
R
+
ν
C
R
.Para umalagrangeanaom termosde massade DiraeMajorana
−L
DM
=Dν
L
ν
R
+
Aν
C
L
ν
L
+
Bν
C
R
ν
R
+h.. =1
2
D(νw
+
wχ) +
Aχχ
+
Bww
=
(χ, w)
A
1
2
D
1
2
D
B
χ
w
,
(1.11)
quandodiagonalizada nosfornee doisautovaloresde massa
m
1,2
=
1
2
(A
+
B)
±
p
(A
−
B)
2
+
D
2
,
(1.12)
queorrespondem aosautoestadosde massadeMajorana
η
1
=cosθ χ
−
senθ w
,η
2
=senθ χ
+ cosθ w
,(1.13)
om
tan2θ
=
D/(A
−
B).
(1.14)Vemos assim que no aso mais geral, a Eq. (1.11) desreve duas partíulas de Majorana om
massasdistintas. Épossivelmostrarqueum férmiondeDiraorresponde,nolimitedoasogeral,a
duaspartíulas de Majorana. Contudo, todososférmions, omexeção dosneutrinos, sãoforçados
aesse limite devido a onservação daarga elétria.
Meanismo see-saw
Podemos onsideraromodelomaissimplesdeintroduzirmassaparaosneutrinosexatamente da
mesma forma que para os demais férmions. Para isto, devemos adiionar singletos de mão direita,
um para ada espéie deneutrino
ν
lR
, aoMPL
=
−
f
ll
′
L
lL
φν
e
l
′
R
+ h.c.,
(1.15)onde
φ
e
=
i σ
2
φ
∗
e
φ
éodubletode HiggsqueapareenoMP,L
T
lL
= (ν
l
, l
l
)
L
o dubletodosférmions demãoesquerdaeosíndiesl
el
′
representam afamília. QuandooampodeHiggs adquireovalor
esperadodo váuo
h
φ
0
i
=
v
√
D
L
=
−
f
ll
′
v
D
√
2
ν
lL
ν
l
′
R
+ h.c..
(1.16)Nessa basede autoestadosdo sabor, oselementos da matriz de massa ainda não diagonaliza da
são:
M
ll
′
=
v
D
√
2
f
ll
′
.
(1.17)
Para obtermos autoestados de massa, é feita uma diagonaliza ção dessa matriz através de uma
transformaçãobiunitária,
U
†
M V
=
m
, sendo
m
agoraumamatriz diagonal.Estemodelo, ontudo,apresenta vários problemas. Primeirament e, a matrizujoselementossão
f
ll
′
é ompletamente arbitrária, uma vez que seus parâmetros não podem ser experimentalm ent edeterminados. Tambémnãoobtemosrespostapara ofatodosneutrinosseremtãolevesomparados
aos demais férmions. Se os aoplamentos
f
ll
′
são muito pequenos om relação aos aoplamentos equivalentes para osférmions arregados, onseguiremos talresposta. Porém, não existe umarazãopara quetalfatoaonteça.
Vimos, ontudo, que podemos generalizar umapartíula de Dira emduas de Majorana.
Base-ados nessa idéia podemos aventar uma razão para a pequena massa dos neutrinos. Para ver isto,
analisemos o aso de uma geração. O termo de massa de Dira aparee do aoplamento om
φ
e é natural assumir que seja da mesma ordem de magnitude que o termo de massa dos férmionsarregados da mesma geração. Se na Eq. (1.12) supomos
B
≫
D
eA
nulo (pois vamos trabalhar apenas omneutrinosde mãoesquerda), osautovalores amm
1
≃
D
2
B
,
(1.18)m
2
≃
B.
(1.19)Dessaforma teremos
m
1
≪
D
, oque expliariaporqueosneutrinos sãomuitomaislevesqueos férmionsarregados. Este meanismoé onheido omoMeanismosee-saw[11℄.Dados argumentos osmológios atuais, a massa total dos neutrinos se restringe a no máximo
aproximadamente 1 eV(WMAP) [12℄. Isso implia que
B >
3
×
10
13
GeV.
(1.20)Essa esalade massaé muitomaior quea esalaeletrofraa, queé da ordem de10
2
GeV,o que
pareeindiarqueapequenezdamassadosneutrinosseriaumefeito defísianovaàbaixa energia.
1.2.2 Duplo deaimento beta
O duplo deaimento beta orresponde a uma transição rara entre dois núleos om a mesma
Tipiamente estasondiçõespoderãooorrer apenasdo estadofundamentaldonúleoiniial para o
estadofundamentaldonal,ontudo,odeaimentoparaestadosexitadospoderáoorreremalguns
asosenergetiament epossíveis.
Oduplodeaimento envolvendodois neutrinos,
ββ2ν
(Z, A)
→
(Z
+ 2, A) +
e
−
1
+
e
−
2
+ ¯
ν
e1
+ ¯
ν
e2
,
(1.21)onserva não apenas a arga elétria omo também o número leptnio. No nível fundamental
(quarks), estas são transições de dois quarks d em dois quarks u ou vie-versa. São, portanto,
proessosdesegundaordememinteraçõesfraasomtaxasdedeaimentomuito baixas: osnúleos
possuemuma vidamédia típia
T
omrelação a essedeaimento deT >
10
19
anos.
Figura1.1: Duplo deaimento beta(a)ome (b)sem neutrinos, respetivamente.
Entretanto, háumapossibilidadeteóriada existêniadoduplodeaimentobetasemneutrinos,
ββ0ν
(Z, A)
→
(Z
+ 2, A) +
e
−
1
+
e
−
2
,
(1.22)queviolanúmeroleptnioem duasunidades. Nesteaso, oneutrino (antineutrino) do elétron
pro-duzidoemumdosdeaimentosbetafundamentaisseráabsorvidonooutroomquiralidadeinvertida
(Fig. 1.1). Desta forma, o
ββ0ν
também quebra a onservação de quiralidade, sendo, portanto, possívelapenasseneutrinostiverem massade Majorananão nula.Podemos mostrarque, seo
ββ
0ν
for observado,será possívelaobtençãodeum valorapropriado para a massa típiado neutrinoh
m
ν
i
. Consideraremo s aqui que atroa de neutrinos de Majorana sejaoúnio meanismoresponsávelpelodeaimento.dΓ = 2π
X
spin
|
M
|
2
δ(E
1
+
E
2
+
E
f
−
M
i
)
dp
1
(2π)
3
dp
2
(2π)
3
,
(1.23)sendo
E
1(2)
ep
1(2)
as energias totais e os momentos dos elétrons,E
f
(M
i
) a energia nal (massa nal)do estado nulear eM
aamplitude de transição.A parte leptnia da amplitude, envolvendo a emissão e reabsorção do neutrino de Majorana
podeser esrita omo
M
(l)
=
m
ν
q
2
−
m
2
ν
[¯
u
e
(p
1
)γ
µ
P
L
γ
λ
v
e
(p
2
)].
(1.24)Assim,a amplitude de transição para um neutrino de Majoranade massa
m
ν
é simplesmente o produtodem
ν
e aombinaçãodoselementos dematriznuleares. Desta forma,seem adaum dos vértiesum elétron éemitido,U
eν
aparee emada um e aamplitude dareação onteráo fatorU
2
eν
h
m
ν
i
=
X
α
U
eα
2
m
α
.
(1.25)Seumlimitesuperiorparaataxadedeaimentoforexperimentalm ent eestabeleido,serápossível
deduzirumlimite superiorpara
h
m
ν
i
. Contudo,seββ
0ν
forobservado,poderáseraluladoovalor deh
m
ν
i
.Experimental ment e, o que é medido é o tempo médio de vida do deaimento [13℄. Assumindo
que o proesso oorra atravésda troa de neutrinos leves (
m
ν
<
10
MeV), o tempo de vida médio teórioé dadopor:[T
1/2
0ν
]
−1
=
G
0ν
|
M
0ν
|
2
h
m
ν
i
m
e
2
,
(1.26)sendo
G
0ν
a integral no espaçode fasee
m
e
a massado elétron.Omelhor resultadoenontrado para
ββ0ν
foiobtido pelo grupode Heidelberg-Mosow[14℄ que usou11 kg de Ge enriqueido. Eles enontraram um sinalque forneeu um limite na meia-vida deT
1/2
0ν
>
1,
9
×
10
25
anos(90 % CL.). Istoimplia umamassam
e
<
0,26(0,34%(90%) CL.)Além doresultadode Heidelberg-Mosow, nenhum outro experimento forneeu resultado positivo.
No deaimento
ββ0ν
, o sinal experimental orresponde a 2 elétrons ujasenergias sesomamao Qvalor da transição nulear, enquanto que paraββ2ν
o espetro de energia dosdois elétrons será ontínuo, pois parte do Q valor é levado om os neutrinos. Apesar da dependênia de Q ser bemdiferente para astaxas de deaimento de
ββ
0ν
eββ
2ν
, essa dependênia é muito fraaparaββ0ν
, deforma quea sensibilidade serámelhor para isótoposomQde valoralto.Atualmente, apenas doisexperimentos de larga esala estão ematividade. Cuoriino, na Itália,
queusabolmetrosorrendoatemperaturas muitobaixasprourandopelodeaimentode
120
Teom
umQ-valorde2530 keV.Olimite obtidopara ameiavida T
0ν
1/2
(120
Te)
>
2,
2
×
10
24
queimplia emum limite superior para a massa de um neutrino de Majorana
h
m
i
<
0,
2
−
1,
1
eV [15℄ .Outro experimento, NEMO-3 [16℄ proura pelo duplo deaimento beta sem neutrinos (
ββ0ν
) através da deteção direta dos dois elétrons. Seu método é baseado na deteção de vestígios deelétrons e suas energias em um alorímetro . O detetor tem forma ilíndria om uma folha de
isótoposno entro rodeada pelo alorímetro. Em ontraste aos experimentos anteriores om
76
Ge,
ele não deteta apenas a energia total, mas outros parâmetros do proesso omo: a energia dos
elétrons individualment e, o ânguloentre eles e asoordenadas do evento. Nenhuma evidênia para
odeaimento
ββ0ν
foienontradapara osisótoposutilizados [17℄.1.3 Evidêni as de osilação
Neutrinossolareseatmosfériosomeçaram aserobservadosnadéadade 60,eforamde
impor-tânia ruialno estudode osilações.
Experimentos quemediam o uxode neutrinos atmosférios detetaram um desapareiment o
de neutrinos munios quando estes se propagavam na ordem de entenas de kilmetros. Já em
experimentos om neutrinos solares, a quantidade detetada de neutrinos eletrnios é inferior a
quantidade esperadaempratiament e todososexperimentos.
1.3.1 Neutrinos solares
Ataxadeproduçãodeneutrinossolares,assimomodetodasastaxasdasreaçõestermonuleares
queoorrem em seuinterior são hoje baseadas no Modelo Padrão Solar (MPS) [18℄. Estas reações
oorremvia doisanais prinipais: ilo CNOepp. Em ambososasosafusãode prótonsemhélio
oorre a partir dareação
4p
→
4
He + 2e
+
+ 2ν
e
+
γ,
(1.27)quelibera umaenergia de erade 26 MeV, sendoparte, aproximadament e0,59 MeV,emformade
neutrinos.
Peloilo ppneutrinos sãoemitidosem5reaçõesdiferentes eno ilo CNOem 3reaçõesdando
origemadistribuiçõesdeenergia bemonheidas. Três destaslinhaspossuemespetro
O resultado da Fig (1.2), baseado no MPS, é desrito a partir das propriedades do Sol e sua
evolução atéa entrada na adeiaprinipal. Parâmetros observaionais tambémsãoutilizados omo
a luminosidade da superfíie (
3,
8
×
10
26
W), idade (
4,
5
×
10
9
anos), raio (
6,
9
×
10
8
m) e massa
(
1,
9
×
10
3
kg), além de onsiderar simetria esféria, equilíbrio hidrostátio e térmio, equação de
estado de um gásideal. A gura mostrao espetro de uxos de neutrinos para ada uma das oito
reaçõespreditas pelo modelo.
Ouxomaisabundante deneutrinos(pp)ébemrelaionado omaluminosidadedoSol,jábem
onheida,tendoassimumainertezapequena(
≈
1%
). Jáouxodeneutrinos8
B,maisenergétios,
possuem umainerteza de era de 20% enquanto queo dos neutrinos hep,om maior energia que
osdemaisé bemmenos onheido.
Historiamente,neutrinossolaresforamdetetadospor8experimentos: Homestake[19,20℄;Sage,
Gallex e GNO [21, 22, 23℄; Kamiokande e Super-Kami okan de [24, 25℄; SNO [26, 27, 28, 29, 30℄ e
Borexino [31, 32℄.
Oexperimento de Homestakeapta neutrinoseletrnios atravéz da reação
ν
e
+
37
Cl
→
37
Ar +
e
−
,
(1.28)omlimiar de energia de 0,814MeV.Já osexperimentos de Sage , GallexeGNOpartem da reação
ν
e
+
71
Ga
→
71
Ge +
e
−
,
(1.29)umlíquido intilador. Areação deespalhamento elástio
ν
a
+
e
−
→
ν
a
+
e
−
(EE)ésensívelatodosossaboresde neutrinospoisenvolve CC eCN.
Kamiokande, eo experimento suessor Super-Kami okande (SK) detetamelétrons emitidos por
espalhamento elástio atravéz deradiaçãoCherenkov. Esteproesso ésensívelatodosossaboresde
neutrinospoisengloba CNe CC. Olimiar de energia doprimeiro experimento erade 7,5MeV e do
seusuessorSK hegou a serde 5 MeV.
Assim omo Kamiokande e SK, o detetor Sudbury Neutrino Observatory (SNO) também
uti-liza radiação Cherenkov para aptar neutrinos. Este detetor foi riado para forneer uma medida
independent e do uxo total de neutrinos solares para então poder entender melhor o uxo inferior
aoesperadode neutrinoseletrnios.
Nestes oito experimentos foram detetados um déit de neutrinos eletrnios om relação ao
esperado pelo MPS e, além disto, este déit foi diferente para ada um dos experimentos. Estas
diferençaspoderiamserexpliadastanto porum desonheimentodaverdadeirafísiasolaroufísia
de neutrinos, quanto por erros experimentais. Contudo, o modelo solar responde bem a outros
testesexperimentais eomopassardotempoassuspeitasdeproblemas omosexperimentosforam
sendo deixadas de lado pelo fato dos experimentos serem alibrados e utilizarem variadas ténias
dedeteção.
Em suma, o problema do neutrino solar não é apenas devido ao déit no uxo de neutrinos.
Em partiular, a dependênia om aenergia dosresultados dosdiversosexperimentos indiava que
oefeito pudesse serde origemdinâmia.
1.3.2 Neutrinos atmosférios
Neutrinos atmosfériossãoneutrinose antineutrino seletrniose muniosproduzidos nos
hu-veiros hadrnios na atmosfera devido a interação de raios ósmios om nitrogênio e oxigênio no
topoda atmosféraa era de15 km daTerra. Píons e Kaonsproduzidos deaem :
π
±
(K
±
)
→
µ
±
+
ν
µ
(ν
µ
)
µ
±
→
e
±
+
ν
e
(ν
e
) +
ν
µ
(ν
µ
)
.(1.30)
PartindodasEqs.(1.30)sãoesperadosgrossomodo,abaixaenergia,doisneutrinosmuniospara
ada neutrino eletrnio. Levando em onsideração as diferenças dos tempos de vida de
π
±
e
K
±
e também reações não dominantes que produzem neutrinos atmosférios, o álulo da razão
ν
µ
/ν
e
dependerá da energia e do ângulo zenital da trajetória dosneutrinos. Assim,teremos uma razão 2apenasparaneutrinosdebaixaenergia etrajetóriashorizontais,evaloresmaiorespara outrosasos.
As ténias de deteção destes neutrinos serão diferentes onforme a energia. Podemser
obser-vados por interações de CC dentro do detetor, assim omo neutrinos e antineutrino s munios de
maiorenergiatambémpodemserdetetadosindiretamenteobservandoosmúonsproduzidosporCC
naroha nasproximidadesdo detetor.
O álulo preiso do uxo de neutrinos atmosférios possui algumas diuldades, uma vez que
de neutrinos, pois não podiam disriminar neutrinos vindos diretamente da atmosfera ( downgoing)
dosqueforam produzidos na atmosfera do outrolado do planeta atravessando-o assim para hegar
ao detetor( upgoing). A razãoobtida não estava de aordo omálulos teórios, mas oefeito não
eraestatístiamente signiante.
Posteriormente esta razão foi medida por diversos detetores [35℄. Em pratiament e todos os
experimentos arazãoenontradafoimenor queaesperadaporum fatorde 0,6. Estadisrepânia é
abase da hamada anomalia do neutrino atmosfério. Sendo a razãomenor que aesperada, o
pontodeobservação foideterminar seaausaeraum desapareimento de
ν
µ
ouapareimentodeν
e
.A partir dosresultados de Super-Kami okan de em 1998 [36℄ e posteriormente Soudan 2, Maro
[37, 38, 39, 40, 41℄ onluiu-se que osdados de
ν
e
estão de aordo om o modelo teório enquanto queosdeν
µ
apresentam um déit.1.3.3 Neutrinos de reatores e aeleradores
Neutrinospodemserdetetadosapartirdefeixesprovenientesdereatoresnuleares. Estetipode
experimento também é hamado de experimento de desapareiment o pois devido a baixa energia
(
E
ν
≈
3
MeV) dos neutrinos não é possível detetar neutrinos do múon e do tau. Experimentos serãoounãosensíveisàosilaçãodependendo dadistânia entrefonteedetetoromoveremosmaisadiante.
Muitosexperimentosdereatoresnãoenontraramevidêniaspositivasdeosilação: Gosgen[42℄,
Krasnoyarsk[43℄,Bugey[44℄,CHOOZ[45℄,PaloVerde[46℄. EmKamLANDveiooprimeiroresultado
onsistente omo déitesperado om99,95% de onança[47℄.
Experimentos om aeleradore s produzem neutrinos a partir do deaimento de píons
produzi-dos pelo espalhamento de prótons aelerados até um alvo xo. Assim, são muito semelhantes aos
neutrinosatmosférios devido a naturezado feixe.
Os primeiros experimentos de longa distânia entre ponto de produção e ponto de deteção
( long baseline) foramK2Ke MINOS,omfeixesqueperorrem respetivamente 235 e730km. Seus
resultadosonrmaramque
ν
µ
osilamdeformaompatívelomoobservadoomdadosdeneutrinos atmosférios [48, 49℄.Este tipo de experimento também pode possuir urta distânia entre emissão e deteção dos
neutrinos( short baseline). A úniaevidênia deosilação emexperimentosde urtadistânia
aon-teeu om o Liquid Sintillator Neutrino Detetor (LSND) que favoreeu uma região do espaço de
parâmetros nuna observada anteriorment e [50℄. Esta região foi posteriormente testada e exluída
pelos experimentos KARMEN[51℄ e MiniBooNE [52℄.
1.4 Osilação no váuo
propagam omo a superposição dosautoestados de massa
ν
i
(i = 1,2, 3). Autoestados de sabor e demassaestão relaionado spelamatriz unitáriade transformação[53℄:ν
α
=
U
αi
ν
i
.
(1.31)om
α
=
e, µ, τ
ei
=1,2,3,sendoν
α
=
ν
e
ν
µ
ν
τ
e
ν
i
=
ν
1
ν
2
ν
3
.
(1.32)U orresponde a matriz de Maki-Nakagawa-Sakata (MNS) e pode serparametriza da em termos
dosângulos demistura
θ
12
, θ
23
, θ
13
, e umafase,δ
, que aquionsideraremos nula:U
=
c
12
c
13
s
12
c
13
s
13
−
c
23
s
12
−
s
23
s
13
c
12
c
23
c
12
−
s
23
s
13
s
12
s
23
c
13
s
23
s
12
−
c
23
s
13
c
12
−
s
23
c
12
−
c
23
s
13
s
12
c
23
c
13
,
onde usamosanotação
c
ij
= cos
θ
ij
es
ij
= sen
θ
ij
.A propagaçãodosautoestados damassade neutrinosultra-relativístios obedeem
aproximada-mente a equação deShr
¨
o
dinger[54℄:i
d
dx
ν
i
(x)
≈
H
i
ν
i
(x),
(1.33)emqueonsideramos o sistemadeunidades naturais (
~
= =1), sendoa hamiltoniana nabasedeautoestadosdamassa
H
0
= (1/2E)
diag(m
2
1
, m
2
2
, m
2
3
)
. Na basedosabor,apliando atransformação(1.31),
i
d
dx
ν
α
(x) =
U HU
†
ν
α
(x).
(1.34)Usandoa aproximação relativístia
E
i
∼
=
p
+
m
2
i
2E
, a equação de evolução (1.34) leva aν
α
(t) =
X
i
U
αi
e
−i
m
2
i
2
E
t
ν
i
(0),
(1.35)mostrandoque poderáhaver umamudança no saborao longo doaminho.
P
αβ
≡
P(ν
α
→
ν
β
) =
|h
ν
β
|
ν
α
(t)
i|
2
(1.36)=
|
X
U
βj
∗
U
αi
h
ν
j
|
ν
i
(0)
i|
2
(1.37)=
X
U
βj
∗
U
αj
U
βi
U
αi
∗
e
−
i
∆
m
2
ij
2
E
t
,
(1.38)sendo
∆m
2
ij
≡
m
2
i
−
m
2
j
as diferenças de massa quadradas. Contudo, é onveniente analisar esta probabilidade em termos dos parâmetros de osilação. Assumindo osilação entre dois neutrinosapenas, a matrizU tema forma:
U
=
cosθ
senθ
−
senθ
cosθ
,
(1.39)reduzindo aprobabilidade de onversão a
P
= sen
2
2θ
sen
2
∆m
2
ij
4E
t
!
.
(1.40)Devidoa diferençade massa,a veloidade de fasesemodia
∆v
f
≈
∆m
2
ij
2E
,
(1.41)modiando também a interferênia de forma que o proesso seja periódio, retornando sempreao
estadooriginal apósum ertoperurso. O omprimento de osilaçãonosfornee estadistânia:
l
osc
=
2π
∆v
f
=
4πE
∆m
2
ij
.
(1.42)Apliandoeste omprimento de osilação aprobabilidade de transição teremos:
P
= sen
2
2θ
sen
2
π
L
l
osc
,
(1.43)sendoL
≈
tpara neutrinosrelativístios.A partir dadenição deprobabilidade de transição podemosdenir tambémumaprobabilidade
desobrevivênia, talque:
P
αα
≡
P
(ν
α
→
ν
α
) = 1
−
P.
(1.44)Para que um experimento de osilação seja sensível a uma diferençade massa, a energia típia
E/L
≈
∆m
2
ij
,
(1.45)ouseja, L
∼
losc
.Os valores típios de
E/L
para diferentes tipos de fontes de neutrinos e os orrespondente s intervalos de∆m
2
ij
para osquaiseles sãomaissensíveis enontram-se natabela abaixo.Figura1.3: Valoresaraterístios deL eE paradiferentes fontesde neutrinose osorrespondente s
intervalos de
∆m
2
ij
, nováuo.1.5 Osilação na matéria
A presença de matéria modia substanialmente a mistura de neutrinos. Primeirament e eles
podem ser absorvidos ou espalhados. Contudo, esses proessos são proporiona is ao quadrado da
onstante de Fermi (
G
2
F
), ou seja, são muito pequenos. Neutrinos também podem sofrerespalha-mentos elástios frontais sem a mudança do momento através de um potenial V proporional à
densidade de número de férmionsno meio.
Os três sabores interagem om a matéria por orrentes neutras enquanto apenas neutrinos do
elétronpodeminteragir por orrentesarregadas na matériausual.
Parameiosisotrópios,homogêneosenãopolarizados ommomento totalzero[55℄,asCC levam
aum potenialda forma[56℄:
V
e
(x) =
±
√
2G
F
N
e
(x) =
±
7,
6
×
10
−
8
Y
e
ρ(x)
10
14
g/cm
3
eV,
(1.46)sendo
N
e
(x)
a densidade de número de elétrons no meio,ρ
a densidade de matéria no meio,Y
e
=
N
e
/N
p
+
N
n
a densidade denúmerode elétronsrelativae osinal+(-)referem-se aneutrinos(anti-neutrinos).
V
F
(x) =
V
e
+
V
a
0
0
0
V
a
0
0
0
V
a
→
V
F
(x) =
V
e
0 0
0
0 0
0
0 0
,
uma vez que termos proporiona is à identidade na hamiltoneana não mudarão as fórmulas das
probabilidades de transição.
Desta forma,a equação deevoluçãona matéria a:
i
d
dx
ν
i
(x) =
H(x)ν
i
(x) = [H
0
+
V
(x)]ν
i
(x),
(1.47)sendo
H
m
a hamiltoneana namatéria,H
0
nováuo.i
d
dx
ν
α
(x) =
H
α
(x)ν
α
(x) = [U H
0
U
†
+
V
F
(x)]ν
α
(x),
(1.48)om
H
α
(x)
a hamiltoneana da matériana basede autoestadosde sabor.
Para oaso dedois sabores,a Eq. (1.48) a:
i
d
dx
ν
e
ν
Y
=
cosθ
0
senθ
0
−
senθ
0
cosθ
0
E
1
0
0
E
2
cosθ
0
−
senθ
0
senθ
0
cosθ
0
+
V
e
0
0
0
ν
e
ν
Y
.
(1.49)Fazendo aaproximação
E
i
∼
=
p
+
m
2
i
2E
, obtemos:i
d
dx
ν
e
ν
Y
=
∆m
2
4E
−
cos2θ
0
+
A(x)
sen2θ
0
sen2θ
0
cos2θ
0
−
A(x)
ν
e
ν
Y
,
(1.50)sendo
A(x) =
2EV
(x)
∆m
2
,∆m
2
=
m
2
2
−
m
2
1
.Agora, a matriz unitária de transformação
U
M
vai depender apenas do ângulo
θ
m
, ou seja, o ângulode mistura namatéria.U
M
=
cosθ
m
senθ
m
−
senθ
m
cosθ
m
,
(1.51)eusando
H
α
=
U
M
H
M
(U
M
)
†
, aequação de evolução emtermos dosnovosparâmetros será:
i
d
dx
ν
e
ν
Y
=
∆M
2
4E
−
cos2θ
m
sen2θ
m
sen2θ
m
cos2θ
m
ν
e
ν
Y
.
(1.52)Comparando (1.50) om(1.52), obtemosa relação:
tan2θ
m
=
sen2θ
0
cos2θ
0
−
A(x)
Na Eq. (1.53) vemosque dependendo damagnitude edo sinalde A,quedepende do sinalde V
edo sinalde
∆m
2
, oângulo demistura na matériapode variar omrelação ao váuo.
Esteresultadomostraque, quando
A(x)
→
os2θ
0
,θ
m
→
π/4
,independent ement edoânguloθ
0
, quenosleva à seguinte ondição:√
2G
F
N
e
=
∆m
2
2E
cos2θ
0
,
(1.54)hamada ondiçãode ressonânia MSW(Mikheev-Smirnov-Wolfenstein)[57,58℄,que,quando
satis-feita,levará a umamistura máxima namatéria.
Em geral podemos tertrês asos:
•
Seos2θ
0
>>
A(x): Efeitosdematériapossuempouainuênia eapropagaçãooorreráomonováuo.
•
Se os2θ
0
≈
A(x): O neutrino passa pela região de ressonânia e oorre mistura devido aoefeitode matéria.
•
Seos2θ
0
<<
A(x): o neutrino pode atravessara ressonânia sem modiações se,para∆m
2
positivo,os2
θ
0
>
0 (θ <
π
4
)
.1.5.2 Condição de adiabatiidade
Em geral, osilações namatéria emum meio de densidade não uniforme, não forneemsoluções
analítiasparaaequaçãodemovimento(1.50). Contudo,quandoadensidadedematériavariamuito
lentamente,pode ser feitaumaaproximação om solução exata. Temos que, namatéria:
ν
e
ν
Y
=
U
M
ν
1
i
ν
i
2
=
cosθ
m
senθ
m
−
senθ
m
cosθ
m
ν
1
i
ν
i
2
.
(1.55)Tomando a derivada temporal:
d
dt
ν
e
ν
Y
= ˙
U
M
ν
i
1
ν
2
i
+
U
M
˙
ν
i
1
˙
ν
2
i
,
(1.56)eusando aequação de evolução nabase dosabor (1.50), temos: