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Inserção sociopolítica e criminalização da luta pela terra: ocupações de terra e assentamentos rurais no Pontal do Paranapanema SP

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Academic year: 2022

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Bernardo Mançano Fernandes1 Arlete Meneguette2 Gleison Moreira Leal3 Diana Cruz Fagundes4

Introdução

Compreender o atual momento da questão agrária brasileira não é tão simples como mostra a propaganda política do governo Fernando Henrique Cardoso (FHC). O governo afirma ter realizado a maior reforma agrária da história do Brasil e que teria assentado cem mil famílias somente no ano de 2001. Ainda que a origem dos assentamentos rurais não seja de iniciativa das políticas governamentais e sim predominantemente resultados das ocupações de terra realizadas pelas famílias sem – terra, nas publicações do governo federal, as informações referentes aos assentamentos aparecem como decorrência exclusiva das ações do governo, como por exemplo em “Balanço da reforma agrária e da agricultura familiar 2001” (www.incra.gov.br).

Há um conjunto de elementos que não aparecem na propaganda oficial e que são essenciais para a compreensão da questão agrária. Destacamos as ocupações como elemento gerador dos assentamentos. A luta pela terra pressiona o governo que implanta assentamentos como forma de amenizar os conflitos no campo. Para diminuir o poder

1 - Geógrafo, professor nos cursos de graduação e pós-graduação em Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista, campus de Presidente Prudente.

2 - Engenheira Cartógrafa, professora nos cursos de graduação e pós-graduação em Geografia e em Cartografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista, campus de Presidente Prudente.

3 - Mestrando no curso pós-graduação em Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista, campus de Presidente Prudente.

4 - graduanda no curso de Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista, campus de Presidente Prudente.

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político dos sem-terra, o governo FHC criminalizou as ocupações. Este fato fez com que o número de ocupações diminuísse e conseqüentemente o processo de criação de assentamentos também diminuiu. Todavia, para o ano de 2001, o Ministério do Desenvolvimento Agrário teve que simular um determinado número de assentamentos para cumprir a meta do projeto de governo.

Neste texto, apresentamos os resultados de uma pesquisa realizada na região do Pontal do Paranapanema5, onde a luta pela terra promoveu um processo de ressocialização de milhares de famílias sem-terra, organizadas no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST. Por meio da ocupação da terra, nas últimas duas décadas, foram conquistados 81 assentamentos, possibilitando a inserção sociopolítica dos sem-terra no desenvolvimento local e regional. No entanto, os líderes e coordenadores do Movimento são criminalizados por essas ações, perseguidos e presos, ao mesmo tempo em que os governos estadual e federal implantaram os assentamentos originados pelas ocupações de terra. Com a criminalização, o número de ocupações caiu e o governo não pode implantar novos assentamentos. Desse modo, o governo registrou como assentamentos implantados em 2001, diversos assentamentos criados na década de 1990.

É da resistência dos sem-terra que procuramos falar neste trabalho. Mas esses sujeitos não aparecem como protagonistas que são, porque a propaganda política os oculta por detrás das informações simuladas, quando não os coloca atrás das grades das prisões ou faz com que diversos pais e mães, filhos e filhas, fiquem foragidos da polícia como se fossem criminosos. Assim são humilhados e discriminados. Contraditoriamente são suas

5 - Esta região é parte do projeto de pesquisa DATALUTA – Banco de Dados da Luta pela Terra, que está sendo realizada em escala nacional.

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ações que tem possibilitado o desenvolvimento da política de assentamentos rurais que o governo tem chamado de “a maior reforma agrária do Brasil”.

A ocupação da terra: o ponto de partida.

Tomamos a ocupação da terra como ponto de partida para a nossa análise da inserção social dos sem-terra. A luta pela terra, que é propagada, muitas vezes, como condição de impedimento ao desenvolvimento é de fato o meio mais eficaz de ressocialização dos sem-terra. Embora parte dos políticos, das instituições governamentais e de pesquisadores da questão agrária não reconheça a ocupação como importante forma de acesso à terra, esta tem gerado a implantação de assentamentos rurais e promovido impactos socioterritoriais em diversos municípios, contribuindo para o desenvolvimento local e regional.

No Brasil, onde a concentração fundiária é um processo histórico intocável, a luta pela terra não pode ser desconsiderada quando se discute políticas de democratização de acesso à terra. O Estado é a instituição competente para desenvolver uma política de reforma agrária, mas não tem conseguido efetivá-la. Nas últimas décadas há evidências irrefutáveis que o MST tem se territorializado por todas regiões brasileiras, principalmente por meio da luta pela terra e, dessa forma, tem impulsionado as políticas compensatórias de implantação de assentamentos rurais.

Esse processo tem gerado conflitos políticos intensos entre os sem-terra, latifundiários e governo. O Governo Fernando Henrique Cardoso optou pelo não enfrentamento com os latifundiários e pela repressão aos sem-terra. E para tentar impedir essa forma de luta popular continuasse crescendo, o governo, por meio de medidas

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provisórias, criminalizou as ocupações de terras. Todavia, essas medidas não resolvem o problema, ao contrário elas intensificam a questão agrária.

Para compreender melhor esta questão, é preciso uma breve retrospectiva histórica da ocupação do Pontal do Paranapanema. As terras da região começaram a ser griladas desde a segunda metade do século XIX6, com a formação do grilo fazenda Pirapó – Santo Anastácio, com área de duzentos e trinta e oito mil alqueires. Até a década de 1990, com exceção das lutas de resistência de posseiros e de movimentos sociais isolados, os grileiros não encontraram maiores problemas no processo político de assenhoreamento das terras devolutas do Pontal7. Grilagem é o processo de apropriação de terras públicas por meio da falsificação dos títulos de propriedades. Não faltaram ações do Estado para tentar impedir esse processo de grilagem. Em 1889, o governo da província de São Paulo julgara imprestável o requerimento de legitimação das terras da Pirapó – Santo Anastácio. Na década de 1940, foram criadas três reservas florestais8. Todavia, essas iniciativas não foram suficientes para evitar a voracidade dos grileiros, que praticamente destruíram a Grande Reserva do Pontal. Essa realidade começou a mudar, de fato, com as ocupações de terras realizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST. Em julho de 1990, o Movimento realizou sua primeira ocupação no Pontal, no município de Teodoro Sampaio, iniciando o processo de territorialização de luta pela terra na região, causando um significativo impacto socioterritorial.

6 - Dois excelentes trabalhos a respeito da grilagem das terras do Pontal são: LEITE, José Ferrari. A Ocupação do Pontal do Paranapanema. São Paulo, Editora Hucitec – Fundação Unesp, 1998; VASQUES, Antonio Cláudio Branco. A evolução da ocupação das terras do município de Teodoro Sampaio. Franca, 1973. Tese (doutoramento), Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Franca.

7 - Segundo o Departamento de Regularização Fundiária da Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo “José Gomes da Silva” – ITESP, são 444.130 hectares de terras devolutas e 519.315 hectares de terras a discriminar. FERNANDES, Bernardo Mançano. MST: formação e territorialização em São Paulo. São Paulo, Editora Hucitec, 1996, p.160.

8 - A saber: Grande Reserva do Pontal com área de 246.840 ha; A Reserva da Lagoa São Paulo com área de 23.343 ha; A reserva do Morro do Diabo com área de 37.156 ha.

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Conforme os dados apresentados no quadro 1, no período 1990 – 2001, por meio das reuniões realizadas nos trabalho de base, milhares de famílias organizadas no MST, fizeram centenas de ocupações de terras no Pontal. Essas ocupações pressionaram o Estado para que retomasse as terras devolutas e griladas do Pontal.

Quadro 1

Ocupações de terras no Pontal do Paranapanema – 1990 – 2001 Ano Número de ocupações Número de famílias9

1990 01 800

1991 05 870

1992 11 2.050

1993 28 700

1994 41 2.000

1995 47 2.920

1996 56 3.200

1997 44 2.200

1998 70 1.200

1999 25 1.100

2000 13 900

2001 08 887

TOTAL 349 18.827

Fonte: DATALUTA – Banco de Dados da Luta pela Terra - 2002

Durante um século, os latifundiários mantiveram as terras devolutas sob seus jugos, grilando quase um milhão de hectares. De 1990 a 2001, os sem-terra executaram 349 ocupações, conquistando quase 116.471 hectares, desentranhando um dos grilos mais famosos do Estado de São Paulo. Esse longo e amplo processo de grilagem terminou com o confronto entre latifundiários e sem-terra, que na década de 1990 transformou o Pontal em

9 - é muito difícil quantificar o número de famílias ocupantes por causa dos despejos e das reocupações.

Nesses casos, corre-se o risco de se contar as mesmas famílias várias vezes. Para tentar evitar essa sobreposição de dados, com relação às famílias, contamos apenas a participação nas primeiras ocupações de cada área, por ano. Não contamos as reocupações, nem as mudanças de acampamento de uma área (em que as famílias foram despejadas) para uma nova área ocupada. Isso não significa que não haja sobreposição de dados, porque muitas famílias podem desistir de uma ocupação e participar de outra, ou depois de uma ocupação fracassada, integrar um novo grupo de famílias para participar de uma nova ocupação. A persistência na ocupação é representativa, embora as condições de vida nos acampamentos sejam extremamente precárias. Da mesma forma, pelas razões explicadas, estes números podem estar subestimados, porque nem sempre são as mesmas famílias que ocupam por diversas vezes a mesma área. Por essa razão, o número apresentado é relativo, serve apenas como referência, não dever ser considerado como número absoluto. É uma aproximação possível, seguindo o máximo de rigor na tentativa de somar os números de famílias que participaram de ocupações de terra no período 1990 – 2001.

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uma das regiões com o maior número de conflitos por terra do Brasil. Por meio dessas ações o MST pressionou o governo estadual para desapropriar as áreas ocupadas. O MST desafiou os latifundiários – grileiros, que pela primeira vez enfrentaram um movimento camponês organizado.

Todavia, a reivindicação dos sem-terra não teve ressonância imediata no governo paulista. O governo tratou as ocupações no Pontal não como uma ação própria de um problema agrário, mas como um problema de polícia. As ocupações cresceram de cinco, em 1991, para quarenta e uma em 1994 e o número de famílias dobrou. Nesse período, os sem- terra intensificaram as ocupações no município de Mirante do Paranapanema, cujas terras, em sua maior parte fora julgada devoluta em 1947 e que permanecera em poder dos grileiros. Por meio das ocupações, os sem-terra colocaram na pauta política a questão da devolutividade das terras do Pontal.

Conforme pode ser visualizado no quadro 2, entre 1990 e 2001, o número de ocupações cresceu com a espacialização da luta pela terra para vinte e três municípios da região. A intensificação da luta foi acompanhada pelo aumento da repressão pelos latifundiários e pelo Poder judiciário. Nesse período, várias pessoas foram feridas nos confrontos com jagunços e várias lideranças do MST foram presas, acusadas de formação de bando e quadrilha. Essa luta resultou numa importante conquista política para os sem- terra. Desde 1995, o governo estadual, por meio do Instituto de Terras do Estado de São Paulo, iniciou um processo de arrecadação de parte das áreas julgadas devolutas e implantou um plano de ações discriminatórias para identificar as terras devolutas do Pontal, principalmente em áreas com mais de 500 hectares.

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Quadro 2 – Ocupações de terra no Pontal do Paranapanema por município – 1990 - 2001 Nome do Município 1990 91 92 93 94 95 96 97 98 99 2000 2001 Total Álvares Machado 02 02 Caiuá 09 04 06 19 Euclides da Cunha Paulista 03 04 09 06 01 03 02 28

Iepê 03 03

Marabá Paulista 01 01 01 03 Martinópolis 07 02 05 05 02 21 Mirante do Paranapanema 05 09 25 30 30 10 03 16 01 129

Nantes 02 01 03

Narandiba 01 01 Piquerobi 01 01 Pres. Bernardes 03 07 01 01 12 Pres. Epitácio 02 02 09 01 06 04 02 26 Pres. Prudente 01 01 Pres. Venceslau 10 02 02 02 16 Rancharia 01 08 01 04 04 18 Regente Feijó 02 02 Ribeirão dos Índios 02 02 Rosana 01 01 02 09 13 Sandovalina 03 11 01 02 17 Santo Anastácio 01 01 01 01 04

Taciba 02 02

Tarabai 01 01

Teodoro Sampaio 01 02 02 01 02 05 01 08 03 25

Total 01 05 11 28 41 47 56 44 70 25 13 08 349

Fonte: DATALUTA – Banco de Dados da Luta pela Terra - 2002

O processo de espacialização da luta pela terra executada principalmente pelo MST iniciou com os trabalhos de base nas periferias das cidades, desenvolveu-se na organização das famílias, consumando-se nas ocupações das terras devolutas. Desde esse momento, desdobra-se nas manifestações, como as marchas, os atos públicos e ocupações de prédios do governo, exigindo a negociação, procurando mudar a conjuntura política. Um exemplo da persistência desse processo é a espacialização da luta no município de Mirante do Paranapanema, onde foram realizadas 129 ocupações, entre 1991 e 2001. Com a figura Geografia das ocupações de terra no Pontal do Paranapanema, procuramos representar esse processo na região. (Ver arquivo Corel ocupações_atualizado)

Entre 1994 e 1999, quando as ocupações foram intensificadas e ocorreu o maior número de assentamentos implantados, surgiram novos movimentos sem-terra. Alguns com

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incentivos de prefeitos ou de outros políticos. Outros foram criados por oportunistas que aproveitavam o momento para explorar as famílias interessadas em ter um lote.

Quadro 3 - Movimentos sociais isolados – Pontal do Paranapanema/SP

Nome Município(s) Início

Movimento Sem-Terra de Rosana Rosana 1995 Brasileiros Unidos Querendo Terra Pres. Epitácio 1996 Movimento Esperança Viva* Mirante do Paranapanema 1996 Movimento da Paz Regente Feijó 1997 Movimento Terra Brasil** Pres. Venceslau 1997 Movimento Unidos pela Paz Tarabai 1997 Movimento da Paz Sem-Terra*** Taciba 1997 Movimento Terra e Pão Santo Anastácio 1997 Movimento Sem-Terra do Pontal Teodoro Sampaio 1997

Movimento Terra da Esperança*** Pres. Bernardes 1998

Fonte: Fernandes, 2001 - *Dissensão do MST - **Dissensão do Movimento Brasileiros Unidos Querem Terra. -

***Dissensão do Movimento Unidos Pela Paz

Esses movimentos existiram entre 1995 e 1998 de modo efêmero. Nas mudanças ocorridas nas trajetórias desses movimentos, o Movimento Brasileiros Unidos Querendo Terra, ampliou-se, passou a realizar ocupações em outros municípios e tornou-se o Movimento Unificado dos Sem - Terra. Com a prisão de sua principal liderança, o Movimento foi extinto. Os outros movimentos fundiram-se, formando o Movimento dos Agricultores Sem – Terra – MAST.

Por meio das ocupações de terra, o MST predominantemente e o MAST causaram um importante impacto socioterritorial no Pontal, que resultou na implantação de assentamentos rurais, ressocializando milhares de famílias sem-terra e promovendo a inserção sociopolítica no desenvolvimento regional.

Ressocialização e inserção social dos sem –terra

Um dos indicadores do impacto socioterritorial é o crescimento populacional da maior parte dos municípios, onde foram realizadas as ocupações. No Pontal do

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Paranapanema, entre as décadas de 1970 e 1990, ocorreu um decréscimo da população rural e crescimento da população urbana. Essa foi a realidade de todo o país, compreendida pela migração campo cidade que marcou o intenso êxodo rural. Contudo a década de 1990, uma nova realidade começou a ser formada. Nas cidades e no campo, o aumento dos índices de desemprego e a espacialização da luta pela terra por todo o país diminuíram os índices de decréscimo da população rural.

Conforme pode ser observado na tabela 1, nas décadas de 1970 e 1980, auge da implantação do atual modelo econômico da agropecuária, que privilegiou a agricultura capitalista em detrimento da agricultura camponesa, ocorreram os maiores índices de decréscimo da população rural. Esse modelo de desenvolvimento provocou intenso êxodo rural, quando todas as cidades do Pontal perderam grande parte da população rural. Nesse período, em quase todo o Brasil, a trajetória de grande parte das famílias camponesas foi em direção às cidades, desde a cidade do seu município à cidade pólo da região e rumo às metrópoles. Outra parte migrou para outras regiões do país, em busca de novas terras. A não realização da reforma agrária e a inexistência de uma política agrícola destinada à agricultura camponesa foram fatores que intensificaram a expropriação e a expulsão dos pequenos agricultores.

Todavia, na década de 1990, o percentual de decréscimo da população na região foi de apenas 2.2% negativos. De fato foi a luta pela terra, que por meio das ocupações, possibilitou o retorno de milhares de famílias ao campo. Sem a criação dos assentamentos rurais este percentual negativo, provavelmente, seria diferente e estaria mais próximo dos índices das décadas passadas.

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Tabela 1 - Decréscimo da população rural e crescimento da população urbana Pontal do Paranapanema – 1970 – 2000.

Censo População Rural % População Urbana % População total 1970 185.571 - 230.081 - 415.652 1980 107.075 -73.3 312.690 35.9 419.765 1991 82.241 -30.2 415.419 32.8 497.660 2000 80.402 -2.2 473.177 13.9 553.579

Fonte: Censos demográficos IBGE, 1970, 1980, 1991 e 2000.

Ao analisarmos a evolução da população residente por situação de domicílio na região do Pontal, no quadro 4, pode-se observar que dos vinte e dois municípios onde ocorreram ocupações de terra, em quinze foram implantados assentamentos. Desses, em dez ocorreu crescimento da população rural, invertendo a tendência das décadas anteriores.

É possível que também nesses municípios tenha ocorrido a migração de famílias do campo para a cidade. Contudo, a número da população assentada foi maior, resultando no crescimento populacional. Por outro lado, em todos os municípios, onde não foram implantados assentamentos, permaneceu o decréscimo da população rural. Apenas em cinco municípios onde foram implantados assentamentos, ocorreu decréscimo da população rural. Nesses municípios, a implantação dos assentamentos ainda não foi suficiente para reverter a tendência de expulsão da população rural.

Depois de mais de um século de assenhoreamento, de dominação das terras devolutas pelos latifundiários grileiros, os sem terra, por meio das ocupações de terra, desentranham o grilo pirapó Santo – Anastácio, colocaram em pauta a questão da devolutividade das terras, pressionaram o Estado para executar ações com o objetivo de recuperar as suas terras para implantar assentamentos rurais, beneficiando assim as famílias sem-terra, construindo uma forma eficaz de desenvolvimento regional.

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Quadro 4 - Confrontação dos dados da população residente por situação de domicílio Pontal do Paranapanema – 1991 - 2000.

MUNICÍPIO RURAL 1991

RURAL 2000

URBANA 1991

URBANA 2000

TOTAL 1991

TOTAL 2000 Alfredo Marcondes 1.214 1.024 2.289 2.663 3.503 3.687 Álvares Machado 3.478 2.567 15.387 20.106 18.865 22.673

Anhumas 1.373 903 1.874 2.501 3.247 3.404 Caiabú 1.472 962 2.380 3.115 3.852 4.077

Caiuá 1.879 2.423 1.456 1.769 3.335 4.192

Emilianópolis* --- 703 --- 2.194 --- 2.897 Estrela do Norte 1.137 840 1.648 1.787 2.785 2.627 Euclides da Cunha Pta.** --- 3.783 --- 6.431 --- 10.214

Iepê 2.442 1.299 7.563 5.959 10.005 7.258

Indiana 1.163 871 3.456 4.063 4.619 4.934 João Ramalho 1.067 765 1.965 3.075 3.032 3.840

Marabá Paulista 1.608 1.645 1.899 2.048 3.507 3.693

Martinópolis 4.522 4.371 15.149 17.973 19.671 22.344 Mirante do Paranapanema 4.656 6.377 10.520 9.832 15.176 16.209

Nantes# --- 610 --- 1.660 --- 2.270

Narandiba 1.223 1.460 1.921 2.281 3.144 3.741

Piquerobi 979 1.024 2.296 2.454 3.275 3.478

Pirapózinho 1.986 1.389 18.966 20.712 20.952 22.101 Presidente Bernardes 5.454 4.488 10.800 10.152 16.254 14.640

Presidente Epitácio 4.156 2.943 30.608 36.331 34.764 39.274 Presidente Prudente 5.279 3.954 159.701 185.150 164.980 189.104 Presidente Venceslau 1.757 2.810 34281 34.566 36.038 37.376

Rancharia 3.859 3.781 23.010 24.985 26.869 28.766 Regente Feijó 2.674 1.732 12.225 15.228 14.899 16.960

Ribeirão dos Índios## --- 462 --- 1.760 --- 2.222

Rosana** --- 18.029 --- 6.197 --- 24.226

Sandovalina 767 1.340 1.642 1.751 2.409 3.091

Santo Anastácio 3.060 1.703 18.983 19.040 22.043 20.743 Santo Expedito 598 526 1.624 2.004 2.222 2.530

Taciba 1.452 978 3.298 4.241 4.750 5.219

Tarabai 793 559 3.898 5.229 4.691 5.788

Teodoro Sampaio 22.193 4.081 26.580 15.920 48.773 20.001

TOTAL 82.241 80.402 415.419 473.177 497.660 553.579

Fonte: Censos Demográficos IBGE, 1991 e 2000. * Emancipado de Presidente Bernardes; ** Emancipado de Teodoro Sampaio; # Emancipado de Iepê; ## Emancipado de Santo Anastácio.

Os nomes em negrito representam os municípios onde ocorreram ocupações de terra.

Os nomes em negrito e sublinhados representam os municípios onde ocorreram ocupações e foram implantados assentamentos (ou no caso de Narandiba, foi implantado reassentamento da população atingida pela construção da barragem de Rosana, no rio Paranapanema).

Os nomes em negrito, sublinhados e em itálico representam os municípios onde ocorreram ocupações, foram implantados assentamentos e tiveram crescimento da população rural.

O crescimento da população rural dos municípios de Euclides da Cunha Paulista e Rosana foi considerado, tomando como referência a soma com a população rural de Teodoro Sampaio e comparando com a população rural deste município em 1991.

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A atual modelo de “modernização da agricultura” tem sido um dos principais elementos no processo de expropriação das famílias trabalhadoras rurais. No Pontal, a pecuária extensiva também tem contribuído para intensificar esse processo. No entanto, as ocupações estão desenvolvendo novos sistemas agrários, como por exemplo: a pecuária leiteira e a produção de mandioca. Diversas usinas de leite e fecularias já foram criadas na região.

Esses são indicadores da inserção sociopolítica e econômica dos assentados que estão rompendo com o assenhoreamento das terras devolutas. Este sistema foi abalado pelas ações do MST. Dessa forma, as ocupações representam a ruptura de uma fase da história do Pontal e, talvez, signifiquem uma nova etapa, em que a agricultura camponesa ocupe seu espaço no desenvolvimento da região. É essa questão que analisaremos na parte seguinte.

Impactos socioterritorais dos assentamentos rurais no Pontal do Paranapanema.

Os impactos socioterritoriais são compreendidos pelas transformações ocorridas em determinados espaços geográficos, iniciadas pelas ações das famílias sem-terra, a partir da ocupação da terra e com a implantação dos assentamentos pelo Estado. São processos que se desenvolvem em várias fases e que resultam reorganização do território (ver figura 1).

Esses processos são analisados a partir das seguintes mudanças: latifúndio – assentamento; exclusão – ressocialização; fome – produção de alimentos; analfabetismo – escolarização; melhoria nas condições de saúde; modificação na produção agropecuária;

geração de novos sistemas agrários, diferentes formas de organização do espaço, cooperativismo e associativismo; mobilização, participação e inserção sociopolítica. Nesse

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sentido os impactos socioterritoriais representam uma continuação da luta pela terra, agora como resistência na terra, quando os assentados lutam para conquistar a infra-estrutura necessária para viverem na terra. A construção das escolas, dos postos de saúde, estradas, pontes, implantação da rede de eletrificação e de transporte, o estabelecimento de políticas agrícolas, por exemplo, são dimensões desses impactos.

Figura 1 – fases dos impactos

Trabalho de base, ocupações de terra e acampamentos

Impactos socioterritoriais

Conflitos e negociação MST - latifundiários e Estado

Implantação de assentamentos rurais Transformações sociais, políticas e econômicas Desenvolvimento das unidades de produção familiar

O Pontal do Paranapanema é a região do Estado de São Paulo com maior número de assentamentos e de famílias assentadas. Nessa região foram criados assentamentos na maior parte dos municípios, como pode ser observado na figura Assentamentos rurais do Pontal do Paranapanema. (Ver arquivo Corel assentamentos_atualizado)Essa realidade é resultado da territorialização da luta pela terra desenvolvida desde 1984 pelos sem-terra.

Conforme os quadros 5 e 6, oitenta e um projetos foram implantados. Os assentamentos criados no período 1984 – 1990 são resultados de lutas de movimentos sociais isolados e de posseiros. Na década de 1990, o MST foi o principal movimento camponês que realizou ocupações no Pontal.

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Quadro 5 - Assentamentos rurais por ano - Pontal do Paranapanema - 1984 - 2001 ANO Nº assentamentos Nº de famílias Área ha

1984 01 572 13.310

1988 02 208 6.089

1990 01 51 805

1991 01 36 664

1992 01 99 865

1994 02 228 6.166

1995 10 510 13.206

1996 25 1.163 32.117

1997 13 388 9203

1998 13 648 16.276

1999 03 222 5.897

2000 08 490 10.538

2001 01 68 1.335

TOTAL 81 4.683 116.471

Fonte: DATALUTA – Banco de Dados da Luta pela Terra - 2002

Quadro 6 - Assentamentos rurais por município - Pontal do Paranapanema - 1984 - 2001 Município Nº de assentamentos Nº de famílias Área ha

Caiuá 02 193 5.042

Euclides da Cunha Paulista 08 462 9.097 Marabá Paulista 02 157 3.701

Martinópolis 02 124 2.364

Mirante do Paranapanema 27 1.222 31.802

Piquerobi 03 84 2.594

Presidente Bernardes 08 266 7.189 Presidente Epitácio 03 262 5.420 Presidente Venceslau 04 186 6.784

Rancharia 01 124 2.493

Ribeirão dos Índios 01 40 852

Rosana 03 717 17.240

Sandovalina 02 198 3.963

Teodoro Sampaio 15 648 17.930

Total 81 4.683 116.471

Fonte: DATALUTA – Banco de Dados da Luta pela Terra - 2002

Mirante do Paranapanema possuí o maior número de assentamentos. Neste município, a territorialização da luta ocorreu em áreas contínuas, modificando a paisagem.

Onde antes existiam latifúndios, hoje há pequenas unidades familiares, que formaram novas comunidades. Esses assentamentos causaram importante impacto socioterritorial, na estrutura fundiária e na distribuição geográfica da população como pode ser observado na tabela 2 e no gráfico 1.

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Tabela 2 - Estrutura Fundiária do Município de Mirante do Paranapanema 1970

Grupos de área Área/ha % N. de estabelecimentos % Menos de 100 29.148 26.40 1.727 91.23 100 a menos de 1000 40.848 37.00 147 7.77 1000 e mais 40.385 36.60 19 1.00 Total 110.381 100.00 1.893 100.00

1985

Grupos de área Área/ha % N. de estabelecimentos % Menos de 100 20.170 16.80 882 81.82 100 a menos de 1000 48.861 40.70 172 15.96 1000 e mais 51.020 42.50 24 2.22 Total 120.051 100.00 1.078 100.00

1995/1996

Grupos de área Área/ha % N. de estabelecimentos % Menos de 100 26.196 29.95 1.277 87.59 100 a menos de 1000 47.192 53.94 177 12.14 1000 e mais 14.102 16.11 04 0.27 Total 87.490 100.00 1.458 100.00

Fonte: Censos Agropecuários - IBGE, 1970, 1985, 1995/96

Gráfico 1 - Mirante do Paranapanema - SP

População residente segundo a situação domiciliar - 1970 - 2000.

6.932 21.961

6.377 5.986

4.656 14.782

9.832 10.020

10.520 8.527

7.179

15.459 15.176 16.006 16.209

0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000

1970 1980 1991 1996 2000

Fonte: Censos Demográficos do IBGE, 1970, 1980, 1991 e 2000.

População

População Rural População Urbana População Total

No período 1970 – 1991 aconteceu um êxodo intenso da área rural no município de Mirante do Paranapanema. Desde o começo das ocupações e da implantação dos assentamentos essa situação começou a ser invertida. A estrutura fundiária também foi modificada: as participações relativas dos números de estabelecimentos e dos grupos de

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área demonstram uma significativa retomada da diferencialidade territorial (participação relativa dos estabelecimentos por grupo de área) aumentando o diferencial de territorialização (participação absoluta da área por grupo) dos estabelecimentos menores.

Com relação a estrutura fundiária é importante destacar que a maior parte dos assentamentos foi implantado a partir de 1995, quando o último censo agropecuário já havia sido realizado. De acordo com o Instituto de Terras do Estado de São Paulo, a partir de dados da Câmara Municipal de Mirante, a arrecadação do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços aumentou 88%, entre 1995 e 1998. Ainda segundo pesquisas da Fundação SEADE, houve melhoria no índice municipal em educação e geração de riqueza10.

Na conquista dessas áreas as famílias sem-terra se ressocializaram, construindo nessa fração do território as condições básicas de existência. Em seus lotes desenvolvem a produção agropecuária e grande parte das famílias é vinculada a Cooperativa de Comercialização e Prestação de Serviços dos Assentados da Reforma Agrária do Pontal – COCAMP.

Em estudos, realizados no período agosto de 1999 - julho de 2001, foram analisados os impactos socioterritoriais dos assentamentos rurais no município de Teodoro Sampaio11. Foram analisadas diversas dimensões dos impactos, como por exemplo: educação, saúde, moradia, organização do trabalho e da produção, renda, organização sociopolítica e implantação de políticas públicas.

10 - Ver FUNDAÇÃO ITESP. Fatos da terra, nº 5, maio – junho de 2001.

11 - Ver LEAL, Gleison Moreira. Bagli, Priscilla. FERNANDES, Bernardo Mançano, 2001. A pesquisa foi realizada em todos os assentamentos do município de Teodoro Sampaio. Projeto similar está sendo desenvolvido no curso de Pós – Graduação em Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Unesp, em que estão sendo estudados os impactos socioterritoriais dos assentamentos rurais no município de Mirante do Paranapanema, com financiamento da FAPESP.

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Os assentamentos pesquisados foram criados desde 1988 até 2000, de modo que se encontram em diferentes fases. Há assentamentos em fase de implantação e outros consolidados. Na maior parte dos assentamentos há escolas de Ensino Fundamental, embora as famílias enfrentem, ainda, problemas com precariedade do transporte escolar. A escassez dos serviços públicos básicos, como postos de saúde, estradas pavimentadas ou bem conservadas, escolas de Ensino Médio nos assentamentos, áreas de lazer etc., são motivos apontados pelos jovens que não têm perspectivas para continuarem a viver nos assentamentos.

O trabalho familiar é predominante, assim como a produção agrícola de autoconsumo. Para o mercado, destaca-se a produção de mandioca, comercializada com a fecularia da COCAMP e outras empresas do Estado Paraná, a produção da cana-de-açúcar para uma destilaria de álcool no município12, e a produção de leite que é comercializada em quatro laticínios da região.

Na década de 1990, a implantação dos assentamentos possibilitou o desenvolvimento da agricultura familiar no Pontal, sendo a única política que gerou as condições de ressocialização de milhares de famílias. Na região, nenhum outro setor da economia criou condições semelhantes na geração de trabalho e renda. Salienta-se ainda a importante participação de famílias de origem urbana nesse processo, que por meio da ocupação de terra migraram da cidade para o campo, como pode ser analisado em Lima e Fernandes, 2001.

12 Ver a respeito: FERNANDES, Bernardo Mançano. ANTONIO, Armando Pereira. SILVEIRA, Fátima Rotundo. A questão da cana-de-açúcar nos assentamentos do Pontal do Paranapanema: parecer técnico científico da Unesp. In Revista Reforma Agrária Nº 2 e3, Vol 25, maio – dezembro de 1995. Campinas, Associação Brasileira de Reforma Agrária, 1995.

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Criminalização e simulação: a judiciarização da luta pela terra e a farsa dos dados do governo.

A luta pela terra foi uma condição que os sem-terra criaram para romper com mais de um século de latifúndio no Pontal do Paranapanema. Em uma década de ocupações, conquistaram 116.471 hectares, territorializando-se por quase toda a região. Esse processo de territorialização aconteceu em todo o país. Essa realidade levou a uma rearticulação das forças políticas representantes da elite ruralista.

Para impedir o avanço das ocupações, desde o ano de 2001, o governo FHC está criminalizando os trabalhadores sem-terra que participam de ocupações por meio da judiciarização da luta pela terra. Esse processo político começou com a criação da Medida Provisória 2109-52, de 24 de maio de 2001, que criminaliza as pessoas que ocupam terra e privilegia os latifundiários com a condição da não desapropriação por dois anos, no caso de uma ocupação e por 4 anos, quando houver reincidência:

No ano de 2001, a Comissão Pastoral da Terra registrou a prisão de 254 trabalhadores sem – terra, de todos os movimentos camponeses e em todo o país. No ano de 2002, registramos até o mês de julho 52 prisões somente dos membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST em apenas 7 estados e no Distrito Federal. No Pontal do Paranapanema, há quinze pedidos de prisão preventiva contra os sem-terra e nove presos.

Com a judiciarização da luta pela terra, o número de ocupações diminuiu. Como as ocupações de terra eram a principal forma de pressão para a criação dos assentamentos, a diminuição do número de ocupações levou conseqüentemente a diminuição do número de novos assentamentos rurais, como pode ser observado no gráfico 2. Em 2001, os sem-terra realizaram oito ocupações e o governo implantou apenas um assentamento.

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Gráfico 2

Evolução dos números de ocupações e de assentamentos no Pontal do Paranapanema - 1990 - 2001

1

5

11

28 41

47

56

44

70

25

13 8

1 2 1 1 2

10 25

3

8

1 13

13

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 Fonte: DATALUTA, 2002

número de ocupações número de assentamentos

Sem ocupações não há assentamentos. Nessa condição, o governo usou um ardil para apresentar os dados referentes aos assentamentos implantados em São Paulo, no ano de 2001. Conforme demonstramos na tabela 3, o governo Fernando Henrique Cardoso tem usado o termo “reconhecimento” para indicar os assentamentos criados pelo Instituto de Terras do Estado de São Paulo – ITESP. O termo “reconhecimento” indica que o governo federal cadastrou as famílias assentadas, de modo que elas estão aptas a reivindicarem os créditos agrícolas entre outros direitos que possuem.

A questão é que o governo FHC vem contando essas famílias como se fossem assentadas no ano em que o governo as cadastrou. Na tabela 3, apresentamos um conjunto de assentamentos implantados na década de 1990, mas que o Instituto de Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA registrou como se as famílias tivessem sido assentadas em 2001. Esse procedimento demonstra que o governo FHC vem contanto

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famílias já assentadas com o objetivo de atingir as metas previstas em seu plano de governo.

Tabela 3

Assentamentos rurais – Pontal do Paranapanema

Comparação das datas em que as famílias foram assentadas segundo o Incra e o Itesp Nome do Assentamento Município

Famílias Início Reconhecimento Santa Rita do Pontal Euclides da Cunha Paulista 51 1990 2001 Tucano Euclides da Cunha Paulista 36 1991 2001 Santa Rosa Euclides da Cunha Paulista 65 1992 2001 Primavera I Presidente Venceslau 82 1996 2001 Primavera II Presidente Venceslau 42 1996 2001 Santa Izabel I Mirante do Paranapanema 70 1996 2001 Rancho Alto Euclides da Cunha Paulista 52 1998 2001 Água Branca I Teodoro Sampaio 25 1998 2001 Santa Terezinha da Alcídia Teodoro Sampaio 26 1998 2001 Rancho Grande Euclides da Cunha Paulista 101 1998 2001 Santa Zélia Teodoro Sampaio 104 1999 2001 Santo Antonio Marabá Paulista 58 1999 2001 Santa Terezinha da Água Sumida Teodoro Sampaio 48 1999 2001

Fonte; Incra, 2002; Itesp, 2002.

Considerações finais

Neste trabalho, apresentamos os principais elementos da questão agrária brasileira.

Para compreendermos essa questão é preciso analisar os seguintes elementos: as ocupações de terra, a judiciarização da luta pela terra e a política de assentamentos rurais implantado pelo governo federal. É nesse processo de luta e resistência que acontece a inserção sociopolítica dos sem-terra e os impactos socioterritoriais, que promovem o desenvolvimento local e regional.

No Pontal do Paranapanema, como em diversas outras regiões, os sem-terra estão imprimindo no território a dura marca da luta pela terra, para conquistarem os direitos e a dignidade. Eles elaboram dessa forma um desenvolvimento rural em que possam se inserir no processo produtivo como cidadãos.

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Referências bibliográficas

FERNANDES, Bernardo Mançano. ANTONIO, Armando Pereira. SILVEIRA, Fátima Rotundo. A questão da cana-de-açúcar nos assentamentos do Pontal do Paranapanema:

parecer técnico científico da Unesp. In Revista Reforma Agrária Nº 2 e3, Vol 25, maio – dezembro de 1995. Campinas, Associação Brasileira de Reforma Agrária, 1995.

FERNANDES, Bernardo Mançano. MST: formação e territorialização em São Paulo. São Paulo, Editora Hucitec, 1996.

FERNANDES, Bernardo Mançano. A Formação do MST no Brasil. São Paulo, Editora Vozes, 2000.

FERNANDES, Bernardo Mançano. Questão Agrária, Pesquisa e MST. São Paulo, Editora Cortez, 2001.

FUNDAÇÃO ITESP. Assentamentos é sinônimo de desenvolvimento. In Fatos da Terra, nº 5, maio – junho de 2001. São Paulo, ITESP, 2001.

LEAL, Gleison. BAGLI, Priscilla. FERNANDES, Bernardo Mançano. Os impactos socioterritoriais dos assentamentos rurais no município de Teodoro Sampaio – SP.

Presidente Prudente, 2001. Relatório CNPq – PIBIC 1999 - 2001.

LEITE, José Ferrari. A Ocupação do Pontal do Paranapanema. São Paulo, Editora Hucitec – Fundação Unesp, 1998.

LIMA, Solange. FERNANDES, Bernardo Mançano. Trabalhadores urbanos nos assentamentos rurais: a construção de novos sujeitos sociais. Presidente Prudente, 2001. Relatório CNPq – PIBIC 1999 - 2001.

MENEGUETTE, Arlete. Atlas interativo do Pontal do Paranapanema: uma contribuição à educação ambiental. Presidente Prudente, 2001. Tese (Livre Docência), Faculdade de Ciências e Tecnologia – Unesp, campus de Presidente Prudente.

VASQUES, Antonio Cláudio Branco. A evolução da ocupação das terras do município de Teodoro Sampaio. Franca, 1973. Tese (doutoramento), Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Franca.

Agradecemos aos colegas: Jailton Dias, Jean Yves Martin e Magali Suchet, pelo apoio na tradução deste artigo. Agradecemos igualmente ao colega Eduardo Girardi

Referências

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