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Demandas para uma produção sustentável de tilápia

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Academic year: 2022

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“Demandas para uma produção sustentável de tilápia”

Por: Fernando Kubitza, Ph.D.

Acqua Imagem Serviços em Aquicultura www.acquaimagem.com.br

os últimos anos, a tilápia conquistou conside- rável prestígio entre os consumidores e isso impulsionou a expansão dos cultivos. Tilápias têm sido cultivadas tanto em tanques escavados como em tanques-rede, em praticamente todo o país, com exceção aos estados da Região Norte. No dia a dia da produção, os criadores/empresários, técnicos e funcionários se deparam com diversos obstáculos rela- cionados à produção, sanidade e gestão, entre muitos:

a) desconhecimento dos fatores básicos que impactam o bem estar e a saúde dos peixes; b) as condições pre- cárias das instalações e equipamentos; c) o desconhe- cimento das soluções tecnológicas disponíveis para os cultivos; d) a mão de obra pouco capacitada em boas práticas de manejo; e) a ausência de planejamento e da cultura de controle e gestão, produção e custo. Esses cinco aspectos influenciam diretamente o sucesso e a sustentabilidade dos empreendimentos de cultivo.

Fatores básicos que influenciam o bem estar e a saúde dos peixes

Qualidade da água, nutrição e manejo são as bases para o bem estar e saúde dos peixes. Três pila- res que, dependendo do sistema de cultivo, podem se apresentar mais ou menos complexos (Tabela 1).

Na criação de tilápias em tanques escavados, os produto- res enfrentam muito mais problemas relacionados à qualidade da água e com o manejo dos estoques, do que com a nutrição, pois há uma significativa contribuição dos alimentos naturais, exceto em tanques com altas biomassas. Nos cultivos em tanques-rede, a qualidade da água geralmente é mais constante e há pouco o que se pode fazer. Os estoques são mais facilmente acessados, embora os peixes possam sentir mais o manejo devido ao estresse de confinamento e a uma nutrição marginal. Prover uma nutrição de alta qualidade passa a ser o grande desafio. Um resumo das práticas para manutenção e boa qualidade de água, nutrição e ma- nejo alimentar e manuseio dos peixes é apresentado na Tabela 2.

Qualidade da água

Os criadores de tilápia em tanques escavados devem ter conhecimento, equipamentos e disciplina para monitorar e corrigir rotineiramente a qualidade da água. O oxigênio é o primeiro fator limitante. Independentemente de dispor ou não de aeradores, os produtores devem monitorar diariamente o oxigênio dissolvido em cada tanque (7h e 16h). Nas piscicul- turas que não contam com aeração, a única forma de evitar problemas com o baixo oxigênio é ajustar a biomassa e as taxas de alimentação a níveis seguros (geralmente entre 60 e 80 kg de ração/ha/dia), possibilitando uma produção ao redor de 0,8 kg/m2 (ou 8.000 kg/ha). Quando os níveis de oxigênio

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Espécies marinhas na Galícia Pr odução de tilápia

Tabela 1 – Comparação entre três sistemas de produção de tilápia: qualidade da água, nutrição e manejo dos estoques Tanques escavados sem troca de

água e sem aeração

Tanques escavados com aeração e troca

de água constante Tanques-rede

Biomassa 0,8 a 1,2 kg/ m2 6 a 12 kg/m2 40 a 250 kg/m3

Qualidade da água

Monitoramento diário do oxigênio (primeiro fator limitante), que é mantido limitando a alimentação ou utilizando a aeração noturna.

O aumento na alimentação exige atenção à amônia tóxica (pH e amônia total mensurados a tarde).

Práticas comuns: calagem e aeração.

Monitoramento diário do oxigênio (primeiro fator limitante), que é mantido através da aeração (contínua ou noturna). Dependendo da biomassa, renovação de água e a estabilidade química da água, a amônia e nitrito podem ser críticos (controle 1 a 2x na semana). Práticas comuns: aeração, calagem, uso do sal e probióticos.

Mais estável. Eventualmente podem haver problemas. O produtor deve acompanhar o oxigênio, temperatura, pH e transparência.

Ficar atento à excessiva argila em suspensão (enxurradas que chegam ao reservatório). Práticas comuns: apenas o monitoramento. M grandes reservatórios.

Aeração no interior dos tanques-rede ajuda a melhorar a circulação de água.

Nutrição

A qualidade da ração é menos preocupante, pois há uma maior disponibilidade de alimentos naturais (plâncton / água verde).

Mesmo com a água verde, a disponibilidade de alimento natural por quilo de peixe diminui com o aumento na biomassa. Assim, a qualidade da ração passa a ser mais importante.

Em geral, há pouco alimento natural (águas de alta transparência). O desempenho e a saúde dos peixes dependem muito da qualidade das rações.

Manejo dos estoques

O manejo é menos intenso, embora seja dificultado pela necessidade de realizar o arraste de redes.

O manejo é menos intenso, embora seja dificultado pela necessidade de realizar o arraste de redes.

Manejo facilitado, embora os peixes fiquem mais sensíveis (nutrição e estresse por confinamento).

Tabela 2 – Práticas de controle e correção da qualidade de água, manejo nutricional e alimentar e manuseio dos peixes em tanques escavados e tanques-rede

  Tanques escavados Tanques-rede (TR)

Qualidade da água

Oxigênio dissolvido – mensurações diárias. Estabelecer biomassa e taxa de alimentação seguras. Uso de aeração.

Amônia, pH, nitrito e gás carbônico – mensurar semanalmente.

Renovação de água e alimento. Controle da taxa de alimentação.

Calagem – em tanques com baixa renovação de água. Calcário agrícola aplicado com base na alcalinidade total da água.

Ração de alta qualidade – reduz a carga poluente nos tanques.

Oxigênio e temperatura – Registros diários. Oxigênio no ambiente e dentro dos berçários.

pH, transparência, amônia e gás carbônico – controle semanal Práticas para evitar problemas com baixo oxigênio - espaçamento adequado entre os TR. Limpeza de malhas. Sistema de aeração pro ar difuso (tanques de pequeno volume) e aeradores de maior porte (tanques de grande volume). Em pequenos açudes, posicionar os TR em áreas mais rasas e usar circulação de água para minimizar a estratificação do açude.

Nutrição e alimentação

Ajustar a qualidade e oferta da ração de acordo com a disponibilidade de alimento natural. Com água verde e biomassa até 1,2 kg/m2 a oferta diária de ração deve ser limitada a 70% do máximo consumo para que os peixes aproveitem alimento natural.

Ração de alta qualidade. Peixes pequenos até 100 a 200 g devem ser alimentados próximo à saciedade várias vezes ao dia. Peixes acima de 100 a 200 g devem ser alimentados de forma restrita (80% do máximo consumo) 2 a 3 vezes ao dia.

Manuseio dos peixes.

Jejum de 24 horas. Horários com oxigênio adequado e temperaturas amenas. Evitar confinamento muito prolongado nas redes. Manter oxigênio adequado durante a concentração dos peixes na rede. Uso do sal nas classificações e transferências.

Jejum 18 a 24 horas. Pela manhã (temperaturas amenas). Evitar concentração excessiva e confinamento prolongado nas redes. Uso do sal (banhos ou na ração fornecida logo após o manuseio).

pela manhã se aproximam de 3 mg/litro, a taxa diária de alimentação deve começar a ser reduzida. Nas pisciculturas que contam com aeração, os aeradores devem ser acionados nos momentos em que são previstos déficits de oxigênio (geralmente durante a madrugada entre 0h e 7h). Nas cria- ções com altas densidades pode ser necessário acionar os aeradores em alguns horários do dia, especialmente em dias nublados. A calagem é outra prática importante na criação de peixes em tanques escavados. A calagem eleva

a alcalinidade, corrige e confere maior estabilidade ao pH (reduzindo o risco de toxidez por amônia), favore- ce o desenvolvimento do fitoplâncton, cria melhores condições para a decomposição dos resíduos orgânicos e impede grandes elevações na concentração de gás carbônico na água. Portanto, há motivos suficientes para a realização da calagem em tanques com baixa renovação de água. Conhecimentos sobre qualidade de água são adquiridos em estudos (leituras), cursos

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Pr odução de tilápia

(treinamentos), suporte técnico especializado e através do monitoramento e correção no dia a dia. O produtor deve investir na sua própria capacitação e de sua equi- pe no que diz respeito ao monitoramento e correção da qualidade da água. A deterioração na qualidade da água reduz o crescimento, piora a conversão alimentar e aumenta a susceptibilidade dos peixes à doenças.

Na criação de peixes em tanques-rede em pequenos açudes, o monitoramento da qualidade da água deve ter a mesma intensidade que o realizado em tanques escavados e podem ser adotadas estratégias semelhantes para a correção (calagem e aeração). Nos empreendimentos locados em grandes reservatórios, o produtor pouco pode fazer para corrigir a qualidade da água. Mas deve monitorar continuamente, o oxigênio e a temperatura (7h e 16h), o pH e a transparência. Em al- guns ambientes ricos em material orgânico e plâncton, o monitoramento deve ser ainda mais frequente e abranger parâmetros como o gás carbônico (às 7h) e amônia e pH (às 16h). Deve ser mantido um adequado espaçamento entre os tanques-rede, possibilitando uma melhor cir- culação de água e evitando uma excessiva concentração de animais em um único local. Em tanques-rede de pequeno volume, o uso de sopradores e difusores de ar ajuda a forçar a circulação de água através dos tanques.

Tal prática é particularmente importante em períodos sem nenhum vento (calmarias) e sob condições de baixo oxigênio na água. Em tanques-rede de grandes volumes, a circulação de água pode ser promovida com o uso de aeradores de maior porte (aeradores de pás ou do tipo fonte – bombas verticais). O produtor deve compreen- der que os aeradores e difusores instalados no interior dos tanques-rede não vão aumentar o nível de oxigênio em um grande reservatório. No entanto, aumentarão o fluxo da água com baixo oxigênio através dos tanques-

Figura 1 – A circulação de água forçada nos tanques-rede com o uso de sopradores e difusores de ar (em tanques-rede de pequeno volume), bem como com o posicionamento de aeradores no interior dos tanques- rede de grandes volumes é uma prática importante para melhorar o oxigênio dissolvido no interior dos tanques-rede

-rede, assegurando que o nível de oxigênio no interior do tanque-rede fique semelhante (e não mais baixo) ao oxigênio do ambiente (Figura 1).

Nutrição e alimentação

Na criação de tilápias em tanques escavados, com biomassa de até 1,2 kg/m2, geralmente há uma grande disponibilidade de alimento natural (em especial o fitoplâncton), que ajuda a complementar eventuais de-

"Os produtores podem usar uma ração não tão completa e mais barata, embora, na minha opinião,

vale mais a pena usar uma ração de boa qualidade com

32% de proteína, com um manejo restrito e eficiente

da alimentação."

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Figura 2 – O fitoplâncton presente nos tanques escavados, além de produzir oxigênio e remover a amônia, também serve como importante complemento das rações, contribuindo com nutrientes e fatores de crescimento e saúde, importantes para as tilápias

ficiências nas rações. O plâncton é fonte de vitaminas, minerais, aminoácidos essenciais, ácidos graxos, caro- tenoides, nucleotídeos, entre outros nutrientes e fatores de crescimento e saúde (Figura 2).

Os produtores devem saber tirar proveito dessa vantagem. Podem usar uma ração não tão completa (mais barata), embora, na minha opinião, vale mais a pena usar uma ração de boa qualidade (com 32% de proteína) com um manejo restrito e eficiente da alimen- tação. Na engorda, os peixes devem ser alimentados duas vezes ao dia de forma restrita (cerca de 70% do consumo voluntário ou 70% do arraçoamento proposto pela maioria das tabelas de alimentação). Nos intervalos entre as alimentações os peixes acabarão explorando o

Figura 3 – Tanque escavado com produção intensiva de tilápias usando renovação de água e aeração

(Foto: cortesia de Cláudio Tessarolo – Bernauer Aquacultura)

intenso de aeração, maior renovação de água e aplicações de probióticos na ração e na água. Com isso, o alimento natural deixa de ser tão importante e a qualidade das rações passa a ser essencial. Deficiências nutricionais com o uso de rações de baixa qualidade resultam em atraso ou parali- sação no crescimento, piora na conversão alimentar (maior gasto de ração por quilo de peixe produzido) e aumento na incidência de doenças.

Na criação de tilápias em tanques-rede, a qualidade das rações é fundamental (como discutido em matéria deste autor na Revista Panorama da AQÜICULTURA edição 137 – maio/junho 2013). A disponibilidade de alimento natural é baixa ou praticamente nenhuma. Todos os nutrientes es- senciais e fatores de saúde devem ser fornecidos através da ração. Uma nutrição deficiente atrasa o crescimento, piora a alimento natural. Peixes alimentados em ex-

cesso deixam de aproveitar o alimento natural, o que piora a conversão alimentar do cultivo.

A cor das fezes dos peixes pode indicar se a alimentação está excessiva ou não. Fezes intensamente verdes indicam que o peixe está recebendo pouca ração. Fezes muito marrons indicam que o peixe está consumindo pouco plâncton. O produtor tem que achar um equi- líbrio entre esses dois extremos. Nas criações mais intensivas em tanques escavados (Fi- gura 3) diversos produtores no Brasil estão produzindo 6 a 12 kg de tilápia/m2 com o uso

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Pr odução de tilápia

conversão alimentar, reduz a resistência ao manuseio e aumenta a incidência de doenças, aumentando a mortalidade e o custo de produção. Os produtores de tilápia em tanques-rede devem se informar bem sobre a importância da nutrição e do manejo alimentar e monitorar precisamente os resultados obtidos (GDP, conversão alimentar e mortalidade acumulada) com as di- ferentes rações utilizadas na criação.

Informações mais detalhadas sobre o manejo da alimentação das tilápias em tanques-rede e em tanques escavados podem ser encontradas em matérias desse autor na Revista Panorama da AQÜICULTURA, publicadas na edição

da gestão e precisam receber mais atenção nas pisciculturas.

A adoção de boas práticas de manejo adequadas a cada sis- tema de criação e à realidade de cada piscicultura é o ponto de partida para a eficiência e sucesso da produção. Quem investe considerável capital e dedicação a um empreendi- mento de piscicultura, que demanda conhecimento e envolve risco, não pode se furtar a buscar informações sobre boas práticas de manejo e gestão. Boas práticas de manejo em piscicultura foram abordadas em uma sequência de matérias nesta revista (Revista Panorama da AQÜICULTURA edição 108 (julho/agosto de 2008), edição 109 (setembro/outubro de 2008), edição 110 novembro/dezembro de 2008), edição

Figura 4 – Vacinação de juvenis de tilápia, uma prática preventiva contra a infeção por Streptococcus

98 (novembro/dezembro de 2006), edição111 (janeiro/

fevereiro de 2009) e 115 (setembro/outubro de 2009).

Boas práticas de gestão, manejo e sanidade

Além de assegurar boas condições de qualidade de água e uma nutrição de qualidade compatível com o sistema de cultivo, os produtores devem atentar para os aspectos básicos de gestão, manejo dos estoques e pre- venção de doenças que são relacionados na Tabela 3.

O controle da produção e custos e um eficiente uso e capacitação dos recursos humanos são pontos básicos

Tabela 3 – Aspectos relacionados à gestão, manejo dos estoques e prevenção de doenças

GESTÃO MANEJO DOS ESTOQUES SANIDADE

- Registros de qualidade da água e controle de estoques (insumos e peixes) - rastreabilidade.

- Resultados parciais e finais de produção em cada tanque (GDP, CA, SOB, PROD Produtividade, tempo, GORDVISC, IHS).

- Despesas e receitas. Custo de produção. Composição do custo.

- Recursos humanos (trabalhista e capacitação).

- Análise e decisão sobre novos investimentos.

- Gestão dos clientes / mercados.

- Monitoramento e correção da qualidade da água.

- Controle de predadores.

- Biometrias e avaliação do desenvolvimento.

- Despescas, classificações e transferências.

- Controle de predadores.

- Transporte vivo.

- Adequada nutrição e alimentação.

- Manutenção de boa qualidade da água.

- Qualidade sanitária dos alevinos / tratamento preventivo na recepção.

- Vacinação. Rotina de inspeção de parasitos e sinais clínicos de doenças. Tratamentos preventivos.

- Isolamentos dos tanques-rede com peixes enfermos.

- Comportamento dos peixes.

- Remoção de peixes mortos e moribundos e atenção no descarte de resíduos.

- Uso de medicamentos sob orientação profissional.

111 (janeiro/fevereiro de 2009), edição 112 (março/abril de 2009) e, edição 113 (maio/junho de 2009), e têm sido constantemente preconi- zadas em palestras, cur- sos, artigos, livros e na web. Portanto, de acesso relativamente fácil ao produtor profissional e mesmo amador. A sani- dade nos cultivos tem sido fator de preocupa- ção, especialmente com os casos cada vez mais frequentes de surtos de doenças e prejuízos registrados no cultivo de tilápias em tanques- -rede. A sustentabili-

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Espécies marinhas na Galícia Pr odução de tilápia

dade dos cultivos e do setor depende muito da adoção de práticas preventivas de manejo sanitário nas pisciculturas, como a vacinação, por exemplo, (Figura 4) preservando o ambiente e a biossegurança nas áreas aquícolas nos grandes reservatórios. Os produtores, em geral, encontram um vácuo imenso no que diz respeito ao suporte para o diagnóstico de enfermidades e aos procedimentos preventivos e tera- pêuticos eficazes para o tratamento das principais doenças que afetam seus cultivos. Muitas vezes acabam gastando tempo e recursos com tratamentos e produtos ineficazes ou inadequadamente aplicados, sem lograr bons resultados no controle dos problemas.

Necessidade de contar com instalações e equipamentos adequados

Na criação de tilápias em tanques escavados a grande dificuldade está nas colheitas e nas classificações. Tilápia é um peixe esperto e hábil em evitar a sua captura durante o arrasto. Em geral, os tanques usados na criação de tilá- pias não são adequadamente construídos para facilitar a colheita. O investimento adicional com a construção de bacias ou caixas de colheitas é rapidamente pago com a redução nos custos operacionais (mão de obra) envolvidos

nas despescas. O uso de redes de panagem alta, com linha de lodo (para os tanques com fundo fofo), com bom volume de ensaque e acoplamento para um “carro vivo” (uma espécie de tanque-rede acoplada ao ensaque da rede, onde os animais ficam concentrados durante a despesca) facilitam imensamente as operações de colheita em tanques escavados.

Para a classificação e tratamento preventivo dos juvenis entre as etapas intermediárias de crescimento, ajuda muito contar com tanques especialmente construídos para esse fim (Figu- ra 5). Esses tanques de classificação e tratamento de peixes facilitam muito o trabalho e aumentam a sobrevivência dos peixes após as classificações e transferências. A transferência dos peixes das caixas de colheita ou das redes, para os tanques de classificação pode ser feita manualmente (em sacolas), com o uso de cestos acoplados a “mucks” ou com o uso de bombas especiais para sucção dos peixes. Os grandes empreendimentos de cultivo no Brasil estão investindo na aquisição de bombas para despescas, acopladas a classificadores automáticos (com a opção de acoplar dispositivos automáticos para a contagem dos peixes). A mecanização das colheitas e classificações, bem como de outras operações do manejo diário, como a alimen- tação, é uma tendência nas pisciculturas do país, seja através de soluções customizadas ou da aquisição de equipamentos e tecnologia importada de outros países.

Figura 5 – Tanques para classificação e tratamento de tilápias.

Fotos 1 e 2 – Estrutura de classificação de juvenis na empresa Fine Fish.

Foto 3 – Tanque construído para classificação de tilápias em um empreendimento de cultivo de peixes em tanques-rede

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Na criação de tilápias em tanques-rede, apesar de contar com a facilidade de ter os estoques de peixes já contidos nas redes, muitos produtores ainda pelejam com a falta de estrutura adequa- da de plataformas de manejo e de equipamentos que agilizem e melhorem a qualidade do pro- cesso de classificação, contagem e transferência dos peixes. Com isso, é comum ocorrer mortalida- des após o manejo. A maior parte dos empreendimentos não conta com instalações/equipamentos adequados para realizar tratamen- tos preventivos e curativos para o controle de parasitos e enfermida- des. Os peixes nos tanques-redes

Figura 6 – Ilustração de uma estrutura para apoio nos tratamentos dos peixes nos tanques-rede

podem ser eficientemente tratados com banhos de sal, formalina ou permanganato de potássio, por exemplo, utilizando bolsões para a contenção dos tanques-rede e equipamentos de aeração/oxigenação, para manter os níveis de oxigênio dentro de valores adequados durante os tratamentos (Figura 6). As despescas nos tanques-rede são extremamente fáceis, embora de- pendendo do local, a operação de carregamento dos peixes nos caminhões ou para estruturas de abate nas margens do reservatório pode ser muito trabalhosa, em função da distância e do desnível entre o ponto da colheita e o do carregamento. O uso de bombas de peixes, tobogãs (feito com tubos) e teleféricos (onde são penduradas sacolas com peixes) são soluções que podem ser implantadas nas pisciculturas. Também é possível contar com trator e carreta para carregamento dos peixes e deslocamento até o local de abate. Isso ajuda a reduzir consideravelmente a mão de obra durante a colheita.

Capacitação do pessoal

A qualidade e eficiência do trabalho da equipe é fundamental para reduzir perdas e custos na cria- ção de peixes. Infelizmente o Brasil é um país que não promove oportunidades e ainda por cima negli- gência a qualidade da educação (ensino escolar) de suas crianças e jovens. Assim, as escolas (públicas) brasileiras entregam ao mercado de trabalho todos os anos milhares de jovens cidadãos com precários conhecimentos em disciplinas básicas e que mal conseguem escrever ou realizar cálculos básicos de multiplicação e divisão (às vezes nem de soma e sub- tração). Essa é a mão-de-obra operacional que está disponível para os empreendimentos de produção. Os empresários gastam considerável tempo e recurso na

seleção de uma mão-de-obra pouco qualificada e produtiva (com raras exceções), além do necessário treinamento es- pecífico para realizar as operações de rotina da produção.

Investir na formação da equipe é algo essencial e demanda tempo e recurso. Os treinamentos devem ser voltados tanto aos aspectos práticos da produção e gestão, bem como conter noções básicas de cidadania, saúde, educação financeira e ambiental, contribuindo assim não apenas com o aumento na produtividade do trabalho, mas também com conhecimentos que possam ajudar o funcionário a melhor gerir seus recursos pessoais e a melhor se relacionar com a sociedade e o ambiente.

"Infelizmente as escolas entregam ao

mercado cidadãos com precários conhecimentos. Essa

é a mão-de-obra disponível para os empreendimentos de

produção."

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de otimizar o uso das instalações e recursos, em busca de um equilíbrio entre volume de produção e custos, conferindo competitividade ao empreendimento. Um aspecto evidente do inadequado planejamento nas pis- ciculturas é a ociosidade das instalações, com muitos tanques vazios e sem juvenis para estocagem. Isso é comum em regiões onde há uma sazonalidade na pro- dução de alevinos. Além do planejamento estratégico do negócio e empreendimento, há o planejamento das operações diárias (manutenção, alimentação, despes- cas, classificações, transferências, etc.), que depende muito da habilidade do gerente em saber alocar o recurso humano disponível na piscicultura e prover condições (instalações e equipamentos) para aumentar a produtividade do trabalho da equipe.

A eficiente gestão das informações de produção e custos é um grande desafio para a maioria dos pro- dutores. A falta de uma cultura de controle e gestão e as boas margens de lucro em diversos mercados fazem com que pouca importância seja dada ao controle das despesas e receitas, bem como ao registro dos acon- tecimentos e resultados da produção. Há no mercado diversas ferramentas disponíveis para auxílio do em- presário na gestão do seu empreendimento. Além de um bom software (para lançamento das informações e geração dos relatórios dos resultados e custos da pro- dução), é necessário organizar a coleta de informações no campo e capacitar e conscientizar a equipe para realizar os registros de forma confiável. E, finalmente, acima de tudo, é preciso que o empresário desenvolva a capacidade, ou conte com ajuda profissional, para a análise e interpretação dos resultados e a tomada de decisões para corrigir eventuais desvios e buscar maior eficiência no processo de produção.

Considerações finais

Os produtores devem se preparar para enfrentar uma competição cada vez mais acirrada nos mercados locais e regionais, tanto pelos produtos da tilápia e de outras espécies produzidas no país, como pelos pro- dutos importados. Os problemas sanitários devem ser antecipados e atacados de forma preventiva, adotando boas práticas de produção e biossegurança nos culti- vos, para não comprometer seus empreendimentos, tampouco os empreendimentos de produtores vizinhos, especialmente nos parques aquícolas dos grandes reservatórios. Uma gestão eficiente da produção e custos é fundamental para a tomada de decisões sobre estratégias de produção e investimentos em novas tecnologias e na expansão dos cultivos. A sustentabi- lidade dos empreendimentos individuais, e do setor como um todo, depende mais da profissionalização e eficiência de cada um, do que das ações de fomento dos governos. Tem sido assim desde sempre e não há sinais de que vai ser diferente.

Espécies marinhas na Galícia Pr odução de tilápia

Soluções tecnológicas disponíveis para a tilapicultura Vacinas e serviços de vacinação, aditivos para as rações, estruturas especiais de apoio à produção e equipa- mentos diversos (bombas de peixes, classificadores, redes especiais, automação da alimentação, aeradores, etc.) são soluções tecnológicas hoje disponíveis aos piscicultores no Brasil. Essas tecnologias e equipamentos já foram avaliados e são de uso consolidado tanto no Brasil como em diversos países. Obviamente que o custo de algumas tecnologias pode assustar o produtor a um primeiro mo- mento (especialmente pelo fato de serem de alta tecnologia e importados). Assim, a decisão por novas tecnologias e equipamentos deve ser feita com base em uma análise crite- riosa do investimento, das possíveis limitações e do retorno previsto (geralmente através da redução nas despesas com mão-de-obra, da melhor qualidade da operação e produtos, da redução das perdas de peixes pós-manejo, do aumento na sobrevivência ao longo do cultivo, melhor crescimento e conversão alimentar, entre outros pontos positivos).

Planejamento e gestão dos cultivos

Planejamento e gestão são aspectos fundamentais para a eficiência e sucesso dos empreendimentos aquícolas.

O planejamento e metas são traçados com base na dispo- nibilidade de recursos (capital, área de cultivo ou número de tanques, equipamentos, insumos e pessoal/equipe), nas condições de mercado, nas sazonalidades inerentes ao culti- vo e à região. O planejamento deve ser feito com o objetivo

"Os produtores devem se preparar para enfrentar

uma competição cada vez mais acirrada nos mercados

locais e regionais, tanto pelos produtos da tilápia

e de outras espécies produzidas no país, como pelos produtos

importados."

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