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MIRTILO: A EXPERIÊNCIA DO CULTIVO EM AMBIENTE PROTEGIDO

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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

MIRTILO: A EXPERIÊNCIA DO CULTIVO EM AMBIENTE PROTEGIDO

Alexandre Augusto Nienow

Passo Fundo, outubro de 2010.

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SUMÁRIO

Introdução ...

Valor funcional dos frutos ...

Clima ...

Grupos de mirtilo ...

Produção de mudas ...

Instalação do pomar ...

Polinização ...

Poda ...

Resultados de pesquisa em ambiente protegido ...

Referências ...

Equipe Técnica:

Dr. Alexandre Augusto Nienow – Prof. da FAMV/ppgAgro/UPF Dra. Eunice Oliveira Calvete – Profª. Da FAMV/ppgAgro/UPF Dr. Geraldo Chavarría - Prof. da FAMV/ppgAgro/UPF

Maurício Bonafé - Acadêmico de Agronomia/UPF Adriano Zanella - Acadêmico de Agronomia/UPF Lucas Zerbielli - Acadêmico de Agronomia/UPF

Engª. Agrª. Marília Costa Boeno - Mestranda em Agronomia do ppgAgro/UPF

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INTRODUÇÃO

O mirtilo, denominado blueberry em inglês e arándano em espanhol, é uma frutífera arbustiva de introdução relativamente recente no Brasil, originária do hemisfério norte, ainda cultivado em restritas áreas distribuídas pelas regiões mais frias dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais. Trata-se de uma cultura que vem sendo cultivada por pequenos e médios produtores, apresentando como pontos positivos o elevado valor de mercado dos frutos; o grande potencial de consumo interno e externo, visto que a maior parte da população ainda não consome ou até desconhece o mirtilo; a existência de poucos problemas fitossanitários, que permite, inclusive, conduzir cultivos orgânicos; e a possibilidade de transformação em geléias, sucos, frutas congeladas, polpas e licores.

Os preços observados no mercado para os produtores variam de R$

8,00 a R$ 16,00 o kilograma, para o consumo in natura, e de R$ 5,00 a R$

8,00 para a indústria. Os preços no mercado ao consumidor chegam a atingir por kilograma de R$ 35,00 a R$ 80,00, dependendo da época do ano. Para tanto, a estratégia de comercialização é a venda em pequenas porções, em recipientes contendo de 100 a 125 g. O mirtilo requer alguns anos para recuperar o capital investido. De acordo com NeSmith (2008), a produção começa no terceiro ano, alcançando a fase adulta no sétimo ou oitavo ano.

Pomares em plena produção e bem conduzidos podem produzir acima de 8.000 kg ha-1, dos quais em torno de 70% cumprem requisitos de qualidade para exportação como mirtilo fresco.

Por sua vez, algumas questões podem ser apontadas como entraves da adoção do cultivo pelos produtores, como o significativo investimento na implantação, principalmente decorrente da correção e preparo do solo, da elevada densidade de plantio (exigência em mudas), do custo das mudas e da necessidade de sistema de irrigação. Também por ocasião da colheita, em razão do pequeno tamanho dos frutos, é necessária mão-de-obra intensiva, com repasses de colheita pelo menos duas vezes por semana. Estes aspectos justificam a característica do mirtilo ser cultivado em pequenas áreas, muitas vezes inferior a 1 ha.

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Dúvidas ainda persistem a respeito da adaptação e do potencial produtivo das cultivares disponíveis, bem como há carência de informações técnicas sobre o manejo da cultura. Atualmente, novas cultivares vêm sendo introduzidas no país, produtoras de frutos de maior tamanho, o que permitirá, com a mesma mão-de-obra, obter maiores rendimentos.

VALOR FUNCIONAL DOS FRUTOS

O mirtilo é rico em vitamina C. Uma porção contém aproximadamente 14 mg ou quase 25% das necessidades diárias. A vitamina C é necessária para a formação de colágeno e manter as gengivas saudáveis. Também ajuda na absorção do ferro e promove um sistema imunológico saudável. Como fonte de fibra, auxilia na melhor digestão. Outro nutriente importante é o manganês, que tem papel importante no desenvolvimento dos ossos e no metabolismo de proteínas, carboidratos e gordura (USHBC, 2010).

O reconhecimento maior do mirtilo está nas suas propriedades antioxidantes, que ajudam a neutralizar os radicais livres, que são moléculas instáveis ligadas ao desenvolvimento de uma série de doenças, incluindo o câncer, doenças cardiovasculares e outras, como Alzheimer. A atividade antoxidante do mirtilo é das maiores entre os alimentos. Os chamados polifenóis, especialmente as antocianinas, que dão aos frutos a cor azul, são os principais contribuintes para a atividade antioxidante (USHBC, 2010).

CLIMA

O mirtilo é uma frutífera de clima temperado, necessitando o acúmulo, dependendo da cultivar, de 200 a 800 horas de frio (HF) abaixo de 7,2 oC para que ocorra a completa diferenciação das gemas floríferas e atinja um balanço hormonal que permita a superação da dormência, ou seja, a floração e a brotação. O não atendimento das necessidades em frio pode provocar atrasos no início do ciclo, bem como baixa e desuniforme brotação e floração, trazendo conseqüências negativas sobre a produtividade e a qualidade dos frutos.

Portanto, a escolha acertada das cultivares para cada região ou condição de cultivo é fundamental para o sucesso do investimento.

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GRUPOS DE MIRTILO

O mirtilo pertence à família Ericaceae, subfamília Vaccinoideae, gênero Vacccinium. As diferentes cultivares de mirtilo estão distribuídas em dois grandes grupos principais: Highbush e Rabbiteye. O grupo Highbush se divide em Southern Highbush (sul dos EUA) e Northern Highbush (norte dos EUA).

Quanto à necessidade em frio durante o repouso vegetativo, as cultivares do grupo Southern Highbush são as menos exigentes. Cultivares Highbush tem sido as mais plantadas nos principais países produtores e também no Brasil.

PRODUÇÃO DE MUDAS

Na produção de mudas são utilizadas técnicas vegetativas, como a estaquia e a cultura de tecidos. O objetivo é manter as características da planta matriz, ou seja, da cultivar, bem como a precocidade para iniciar a produção. A utilização de sementes, portanto, não é recomendada, pois gera variabilidade genética.

INSTALAÇÃO DO POMAR

As condições ideais para o cultivo são solos ácidos, com boa aeração e drenagem, características estas que podem ser obtidas com a incorporação de alto teor de matéria orgânica (acículas, casca de pinus e serragem curtida, por exemplo) e o plantio sobre camalhões com cerca de 30-40 cm. A correção do solo deve ser feita com base nas recomendações a partir da análise do solo.

De acordo com Freire (2004), a faixa de pH mais indicada é entre 4,5 e 5,0, podendo chegar a 5,5. Acima deste valor os solos devem ser previamente preparados com a adição de enxofre elementar para baixar o pH.

Embora o mirtilo seja uma espécie arbustiva, de sistema radicular relativamente superficial, é importante o preparo do solo na maior profundidade possível (até 30 cm), principalmente quando não é adotado o plantio em camalhões. Devem ser adquiridas mudas vigorosas, de um a dois anos de idade, realizando o plantio em covas abertas com o tamanho suficiente para

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acomodar o torrão (em torno de 30 x 30 x 30cm). O espaçamento utilizado à campo tem sido bastante variável, sendo estabelecido entre 3 e 4m entrelinhas, dependendo do uso ou não de mecanização, e de 1 a 1,5m na linha de plantio.

A instalação de quebra-ventos, para melhorar a polinização e evitar a derrubada de frutos, e a adoção de sistema de irrigação por gotejamento, são muito importantes para o sucesso do cultivo. Conforme Santos & Raseira (2002), o mirtilo requer até 50 mm de água semanalmente, durante o período de desenvolvimento dos frutos, para obter bom teor de açúcar.

POLINIZAÇÃO

Para muitas cultivares de mirtilo é necessária a fecundação cruzada entre duas cultivares. Por sua vez, apresenta anatomicamente uma flor que dificulta a auto-fecundação. A flor, em formato campanulado (Figura 1), é voltada para baixo, com os órgãos masculinos mais curtos (anteras), ficando proeminente o estigma (Figura 1), dificultando que o pólen liberado chegue ao mesmo, caindo ao solo. A presença de insetos polinizadores, portanto, realizam o transporte do pólen de uma cultivar para outra e, ao visitar as flores, também provocam a movimentação no interior da flor de seu próprio pólen, possibilitando chegar ao estigma. As sementes resultantes da fecundação dos óvulos são responsáveis pela produção endógena de auxinas que propiciam o vingamento dos frutos. Conforme Raseira (2004), o ideal seria que 80% das flores frutificassem para obter uma produção satisfatória.

Figura 1 – Flores do mirtilo (esquerda) e detalhe do posicionamento do estigma em relação às anteras (direita).

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PODA

No primeiro ciclo, após o plantio, são deixados 3 a 4 ramos vigorosos, que irão constituir as pernadas primárias. No inverno seguinte (julho ou agosto) estas pernadas são rebaixadas a 40-50cm do solo, induzindo a formação de 3 a 4 brotações vigorosas (pernadas secundárias), sobre as quais produzirá no próximo ano (terceiro ano). As pernadas primárias devem ser substituídas escalonadamente, à medida que se observa a redução da capacidade produtiva (em geral após 5 anos), podendo se fazer na poda verde, após a colheita. Para tanto, devem ser deixadas 1 ou 2 brotações a mais partindo da base da planta, ou próxima da mesma, para realizar as substituições.

Após a formação da estrutura básica, a poda consistirá em eliminar ramos doentes, fracos, inseridos muito embaixo (menos de 30 cm do solo) e voltados para dentro da planta. Ramos muito longos podem ser encurtados em até 1/3 para estimular brotações laterais produtivas. Os ramos produtivos não devem ser despontados, pois as gemas floríferas localizam-se na extremidade.

RESULTADOS DE PESQUISA EM AMBIENTE PROTEGIDO

Em regiões onde o clima é o fator mais limitante, ou as cultivares escolhidas estão sujeitas à danos, o cultivo em ambiente protegido é uma alternativa, protegendo de adversidades como geadas, ventos, chuvas, granizos e pássaros. Pode possibilitar, em relação ao campo, melhor desenvolvimento das plantas, maior precocidade e ampliação de safra, bem como o aumento da produtividade e da qualidade. Estas são algumas razões que estimularam a Universidade de Passo Fundo a realizar, inicialmente, as pesquisas com a cultura da figueira e, posteriormente, com o mirtilo.

As pesquisas iniciaram em 2005, no Setor de Horticultura da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (FAMV) da Universidade de Passo Fundo (UPF), em uma estufa agrícola medindo 10 x 50m, com pé direito de 3,5m, dotada de sistema de irrigação por gotejamento (Figura 2). Foram avaliadas, no espaçamento de 0,7 x 2,0m (alta densidade), cultivares do grupo Rabbiteye

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(Climax e Aliceblue), do grupo South Highbush (Georgiagem) e do grupo Highbush (Elliotte, Briggitta Blue, Coville e Bluecrop).

Figura 2 – Vista externa (esquerda) e interna (direita) do cultivo do mirtilo em ambiente protegido.

Os períodos de floração variam entre as cultivares e são alterados pelo maior ou menor acúmulo de horas de frio durante o outono/inverno, bem como pela elevação mais cedo ou mais tarde da temperatura, que induz a floração.

Os períodos de floração e de colheita na safra 2009/10 estão apresentados na Tabela 1. Verifica-se que houve uma variação do início e final de cada estádio fenológico entre plantas. Este fato é mais evidente nos primeiros anos do pomar, decorrente das diferenças no número de flores e de frutos por planta.

Tabela 1 – Períodos de floração e de colheita de cultivares de mirtilo com 5 anos em ambiente protegido. Passo Fundo, RS, FAMV, ciclo 2009/10

Cultivares Floração Colheita

Início Final Início Final

Aliceblue 13-21/08 15-21/09 03-13/11 05-15/01

Georgiagem 20-22/08 17-22/09 03/11 27/12-15/01

Climax 19-25/08 22-30/09 13-24/11 15-27/01

Bluecrop 14-19/08 04-06/11 02-21/12 09/02

Briggitta Blue 16-26/10 03-06/11 02-21/12 27/01

Elliotte 04-06/11 02-04/12 15-27/01 16/03

Coville 18-23/11 08-10/12 27/01 27/02-16/03

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Um dos trabalhos conduzidos (Bonafé et al., 2010) demonstraram a necessidade da presença de insetos polizadores para a obtenção de produções significativas. No ciclo 2008/09 (plantas com 4 anos), as laterais da estufa foram protegidas por tela anti-inseto, impedindo a polinização entomófila. No ciclo 2009/10, a tela foi substituída por uma tela anti-pássaro (malha maior) e colocado um núcleo de abelhas (Apis mellifera mellifera) do lado externo, com a saída voltada para o interior da estufa.

A presença de abelhas aumentou acentuadamente a porcentagem de frutificação (Figura 3) de todas as cultivares (Tabela 2), com média de 72,6%.

No ciclo anterior, sem abelhas, a cv. Climax apresentou a maior frutificação (46,7%), e Aliceblue e Georgiagem as menores (3,5% e 4,1%). Como consequência, houve aumento no número de frutos por planta, com destaque para ‘Georgiagem’, ‘Aliceblue’ e ‘Climax’ (1618, 1280 e 1216 frutos, respectivamente).

Figura 3 – Baixa frutificação pela deficiência de polinização (esquerda) e satisfatória frutificação na presença de abelhas (direita).

O número de sementes por fruto foi influenciado pela polinização das abelhas, principalmente nas cvs. Alice Blue, Georgiagem e Clímax, elevando de 3,5, 3,0 e 0,2 sementes por fruto para 16,2, 16,6 e 17,1 sementes, respectivamente. A massa média dos frutos aumentou com a polinização em 41% a 84%, dependendo da cultivar, com frutos maiores produzidos pelas cvs.

Georgiagem e Aliceblue (Figura 4). A produção por hectare (Tabela 2) também

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aumentou acentuadamente, com a cv. Georgiagem mostrando-se mais produtiva, seguida por Aliceblue e Climax (Figura 4 e Tabela 2).

Tabela 2– Porcentagem de frutificação e produtividade de cultivares de mirtilo em ambiente protegido sem (ciclo 2008/09) e com a presença de abelhas (ciclo 2009/10). Passo Fundo, RS, FAMV (Bonafé et al., 2010).

Cultivares % de frutificação Produtividade (t/ha) Sem abelhas

Ciclo 08/09

Com abelhas Ciclo 09/10

Sem abelhas Ciclo 08/09

Com abelhas Ciclo 09/10 Aliceblue B 3,5 e 66.8 a B 0,03 d A 11,07 a Georgiagem B 4,1 e 56.8 a B 0,02 d A 13,88 a Climax B 46,7 a 77.4 a B 0,46 a A 7,09 ab Bluecrop B 11,3 d 76.9 a B 0,33 b A 1,31 b Briggitta Blue B 25,2 c 75.2 a B 0,26 b A 0,91 b Elliotte B 32,3 b 75.8 a B 0,13 c A 1,31 b Coville B 36,5 b 79.6 a A 0,13 c A 0,22 b Média 23,4 72,6

Médias antecedidas de mesma letra maiúscula na linha e seguidas de mesma letra minúscula na coluna não diferem pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.

Figura 4 – Frutos produzidos (esquerda) e aspecto da capacidade produtiva das plantas (direita).

Em ambiente protegido, embora as temperaturas mínimas não sejam muito alteradas em relação ao meio externo, as máximas são bastante elevadas, propiciando uma alteração na dinâmica das temperaturas. Esta

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condição pode resultar em menor acúmulo de horas de frio para a superação da dormência. A estratégia recomendada é a de manter as cortinas abertas no período de dormência para auxiliar no cumprimento das exigências. Entretanto, quando utilizada a consorciação com outras espécies de ciclos não coincidentes com o mirtilo, conforme vem sendo estudado na UPF (cultura do morangueiro), o manejo das cortinas laterais deve ser diferente, no sentido de favorecer o aumento adequado da temperatura no interior da estufa.

Assim, caso não sejam satisfeitas as necessidades em frio para determinadas cultivares, o uso de produtos químicos indutores da superação da dormência é uma importante alternativa. A cianamida hidrogenada (H2CN2), cujo produto comercial é o Dormex®, combinada ou não com o óleo mineral, tem sido o produto mais utilizado.

Em trabalho de dissertação conduzido por Coletti (2009) foi estudada a superação da dormência das cultivares Georgiagem, Climax e Aliceblue em ambiente protegido, tratadas em 25/07/2007 com cianamida hidrogenada (CH) nas doses de 0,52% e 1,04% (1% e 2% do produto comercial Dormex®), com a adição de 0,5% de óleo mineral (OM), comparando com plantas sem tratamento. As plantas encontravam-se no terceiro ciclo vegetativo e no primeiro de produção. Foi verificado que a indução química no final de julho não afetou a porcentagem de brotação e de floração, mas nas cvs.

Georgiagem e Climax houve antecipação da brotação. Os tratamentos uniformizaram a florada, reduzindo em 30 a 35 dias a duração nas cultivares Georgiagem e Aliceblue, e em 6 a 10 dias na Climax. O uso do Dormex® nas concentrações de 1% e 2%, combinado com 0,5% de OM, reduziram a produção, possivelmente por provocar efeitos fitotóxicos nas gemas floríferas.

Outros trabalhos devem ser conduzidos com concentrações mais baixas do produto.

A cinamaida hidrogenada, apesar de largamente utilizada na fruticultura, traz riscos de intoxicação aos produtores que manuseiam o regulador. Buscando uma alternativa mais natural de superação da dormência foi desenvolvida uma pesquisa por Boeno et al. (2010) testando o extrato de alho, uma opção para cultivos orgânicos. As cultivares Georgiagem, Climax e Aliceblue foram tratadas com cianamida hidrogenada a 0,52% (1,0% do produto comercial Dormex®) + 0,5% de óleo mineral (OM); extrato de alho (EA)

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a 1,0; 2,5; 5; 7,5 e 10%, combinados com OM a 2%, comparando com ramos testemunha sem tratamento. A aplicação dos produtos foi feita em 23/07/09, por pincelamento das gemas.

Os resultados mostraram que o tratamento com Dormex® 1% + OM 0,5%, e as doses mais baixas de EA (1,0% e 2,5% + OM 2%), de modo geral, anteciparam o início da floração. A porcentagem de floração não foi afetada pelos tratamentos, exceto com as doses mais elevadas de EA (7,5% e 10% + OM 2%), que retardaram o início da floração, reduziram o período de floração e de colheita, a porcentagem de floração e de frutificação, principalmente nas cvs. Aliceblue e Georgiagem (Tabela 3), evidenciando um efeito fitotóxico.

Não houve efeito prático dos tratamentos sobre a porcentagem de brotação, que foi, em média, de 26,5% (Tabela 3). A taxa de frutificação foi maior em ‘Climax’ (70,5%) e menor em ‘Aliceblue’ e ‘Georgiagem’, não diferindo entre si (média de 58%) na presença de abelhas. Georgiagem produziu frutos de maior massa, seguida de ‘Aliceblue’ e ‘Climax’ (1,2, 1,0 e 0,7 g, respectivamente), com redução da massa nas doses acima de 5% de EA.

Tabela 3 – Percentual de brotação, de frutificação e massa média dos frutos de três cultivares de mirtileiro em ambiente protegido tratadas com cianamida hidrogenada (CH) e extrato de alho (EA) combinados com óleo mineral (OM). Passo Fundo, RS, FAMV – ciclo 2009/10 (Boeno et al., 2010).

Cultivares Brotação

(%)

Frutificação (%)

Massa média dos frutos (g) Climax 32,1 a 70,5 a 0,7 c Aliceblue 23,5 a 58,0 b 1,0 b Georgiagem 23,5 a 58,1 b 1,2 a Produtos/doses

Testemunha 21,3 ab 67,0 a 1,2 a 69,6 a 1,2 a Dormex®) 1,0% + OM 0,5%

EA 1,0% + OM 2%

33,8 ab

23,8 ab 70,4 a 1,1 a EA 2,5% + OM 2% 17,8 b 63,3 a 1,2 a EA 5,0% + OM 2% 22,7 ab 62,2 a 0,9 ab EA 7,5% + OM 2% 35,7 a 44,7 b 0,6 b EA 10% + OM 2% 29,5 ab 57,9 ab 0,7 b

Média 26,4 62,2 1,0

Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.

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Conclui-se que, em invernos como o ocorrido, com satisfatório acúmulo de horas de frio (HF) abaixo de 7,2ºC, pode ser desnecessário o tratamento químico para a superação da dormência em ambiente protegido de cultrivares com média exigência em frio (300-500 HF). Também se verifica que o extrato de alho, em doses não muito elevadas (1% a 2,5%), combinado com óleo mineral a 2%, pode ser um tratamento alternativo ao uso da cianamida hidrogenada.

Levando em consideração os custos de implantação e de manejo de um cultivo em estufa agrícola, outras propostas podem ser implementadas de forma a incrementar o retorno econômico do sistema de produção e diluir os custos, como os cultivos consorciados. Assim, pensando em uma espécie de safra complementar ao do mirtilo, foi estabelecido um sistema consorciado avaliando a produção de cultivares de morangueiro sob a possível influência do sombreamento dos mirtilos (Figura 5). Alguns resultados promissores já foram obtidos, mas os trabalhos terão sequência a partir de 2011, quando será implantada a Fase 2 do projeto, testando novas cultivares de mirtilo com características precoces de produção.

Figura 5 – Consórcio do cultivo do mirtilo com a cultura do morangueiro.

REFERÊNCIAS

BOENO, M. C.; BONAFÉ, M.; NIENOW, A. A.; CHAVARRIA, G.; CALVETE, E.;

ZERBIELLI, L. Superação da dormência e frutificação do mirtileiro com extrato de alho e cianamida hidrogenada em ambiente protegido. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 21., 2010, Natal. Anais... Natal: SBF, 2010.

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BONAFÉ, M.; BOENO, M. C.; NIENOW, A. A.; CALVETE, E.; ZERBIELLI, L.

Polinização na produção de cultivares de mirtileiro em ambiente protegido. In:

CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 21., 2010, Natal. Anais...

Natal: SBF, 2010.

COLETTI, R. Fenologia, produção e superação da dormência do mirtilo em ambiente protegido. 2009. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Faculdade de Agronomia e medicina Veterinária, Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, 2009.

FREIRE, C. J. da S. Solos e adubação para o mirtilo. In: RASEIRA, M. C. B.;

ANTUNES, L. E. C. A cultura do Mirtilo. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2004. p.43-54. (Documentos, 121).

NeSMITH, D. S. A summary of current and past blueberry cultivars grown in Georgia. In: SIMPÓSIO NACIONAL DO MORANGO, 4.; ENCONTRO SOBRE PEQUENAS FRUTAS NATIVAS DO MERCOSUL, 3., 2008, Pelotas. Palestras e resumos... Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2008. p.53-64.

RASEIRA. M. C. B. Classificação botânica, descrição da planta, melhoramento genético e cultivares. In: RASEIRA, M. C. B.; ANTUNES, L. E. C. A cultura do Mirtilo. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2004. p.15-28. (Documentos, 121).

SANTOS, A. M. dos; RASEIRA, M. do C. B. O cultivo do mirtilo. Pelotas:

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USHBC. Blueberries. S.L.: U.S. Highbush Blueberry Council. Disponível em:

http://www.blueberry.org/nutrition.php. Acesso em: 11 out. 2010.

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