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PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O 2ª Turma GMJRP/rm/JRP/vm/li RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº /2014.

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(1)Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho. A C Ó R D Ã O 2ª Turma GMJRP/rm/JRP/vm/li RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.. NA. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. TRABALHO EM MOTOCICLETA. NECESSIDADE DE REGULAMENTAÇÃO PELO MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. SUSPENSÃO DOS EFEITOS DA PORTARIA Nº 1.565/2014 PELA PORTARIA Nº 5/2015. Trata-se de insurgência da reclamada contra a sua condenação ao pagamento do adicional de periculosidade ao empregado motociclista após o advento da Portaria nº 5/2015, que suspendeu os efeitos da Portaria nº 1.565/2014. De fato, o entendimento desta Corte é de que a validade do artigo 193, caput, da CLT está condicionada à sua regulamentação pelo Ministério do Trabalho e Emprego, de modo que era devido o adicional de periculosidade aos empregados que realizavam suas atividades com a utilização de motocicleta a partir de 14/10/2014, data da publicação da Portaria nº 1.565/2014 do Ministério do Trabalho e Emprego, que aprovou o Anexo 5 da Norma Regulamentadora nº 16 - Atividades Perigosas em Motocicleta. No entanto, em 8/1/2015, o MTE publicou a Portaria nº 5/2015, a qual determinou a suspensão dos efeitos da Portaria 1.565/2014 em relação aos associados da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas e aos confederados da Confederação Nacional das Revendas AMBEV e das Empresas de Logística da Distribuição. Assim, embora a Portaria não possa, em princípio, contrariar o previsto em lei, na hipótese o próprio artigo 193 da CLT condicionou a sua validade à regulamentação do Ministério Firmado por assinatura digital em 06/11/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1002C1F2A082FE09B2.. PROCESSO Nº TST-RR-279-79.2017.5.09.0659.

(2) Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho. PROCESSO Nº TST-RR-279-79.2017.5.09.0659 do Trabalho e Emprego, sem a qual a categoria do reclamante não teria direito ao recebimento do adicional de periculosidade. Suspensa tal regulamentação em relação à reclamada, desapareceu o indispensável fundamento jurídico para sua condenação ao pagamento em exame. Recurso de revista conhecido e provido.. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista n° TST-RR-279-79.2017.5.09.0659, em que é Recorrente CRBS S.A. e Recorrido YOHHANSSEN GIULLIANNO HOFMANN NASCIMENTO. O agravo de instrumento interposto pela reclamada foi provido na sessão de 09/10/2019 , para determinar o processamento do recurso de revista. É o relatório. V O T O AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA A Vice-Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região denegou seguimento ao recurso de revista da reclamada, por meio de despacho com os seguintes fundamentos: “PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Recurso tempestivo (decisão publicada em 24/08/2018 - ID. 9c4975a; recurso apresentado em 05/09/2018 - ID. 6e6a6f7). Representação processual regular (ID. a13b7e5). Preparo satisfeito (ID. 8fd5f84, 8fd5f84 e 34643b3). PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS TRANSCENDÊNCIA Nos termos do artigo 896-A da Consolidação das Leis do Trabalho, cabe ao Tribunal Superior do Trabalho analisar se a causa oferece transcendência em relação aos reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica. Art. 896-A. .......................................................... Firmado por assinatura digital em 06/11/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1002C1F2A082FE09B2.. fls.2.

(3) fls.3. PROCESSO Nº TST-RR-279-79.2017.5.09.0659 § 1o São indicadores de transcendência, entre outros: I - econômica, o elevado valor da causa; II - política, o desrespeito da instância recorrida à jurisprudência sumulada do Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal; III - social, a postulação, por reclamante-recorrente, de direito social constitucionalmente assegurado; IV - jurídica, a existência de questão nova em torno da interpretação da legislação trabalhista. § 2o Poderá o relator, monocraticamente, denegar seguimento ao recurso de revista que não demonstrar transcendência, cabendo agravo desta decisão para o colegiado. § 3o Em relação ao recurso que o relator considerou não ter transcendência, o recorrente poderá realizar sustentação oral sobre a questão da transcendência, durante cinco minutos em sessão. § 4o Mantido o voto do relator quanto à não transcendência do recurso, será lavrado acórdão com fundamentação sucinta, que constituirá decisão irrecorrível no âmbito do tribunal. § 5o É irrecorrível a decisão monocrática do relator que, em agravo de instrumento em recurso de revista, considerar ausente a transcendência da matéria. § 6o O juízo de admissibilidade do recurso de revista exercido pela Presidência dos Tribunais Regionais do Trabalho limita-se à análise dos pressupostos intrínsecos e extrínsecos do apelo, não abrangendo o critério da transcendência das questões nele veiculadas." Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Adicional / Adicional de Periculosidade. Alegação(ões): - violação da(o) caput do artigo 193 da Consolidação das Leis do Trabalho; §4º do artigo 193 da Consolidação das Leis do Trabalho. A recorrente insurge-se contra a condenação ao pagamento do adicional de periculosidade. Alega a "a impossibilidade do deferimento do adicional de periculosidade ao recorrido, uma vez que empregado de empresa pertencente à ABIR, devendo ser aplicada a Portaria 05/2015 do MTE, que suspendeu os efeitos da primeira regulamentação (Portaria 1.565/2014) em face dos empregados desta recorrente" e que "apenas podem ser consideradas atividades perigosas aquelas devidamente regulamentadas pelo MTE, podendo este, além de regulamentar as atividades, estender (ou não) os efeitos do seu ato a determinadas categorias e seus filiados, associados e confederados". Fundamentos do acórdão recorrido: "É incontroverso o uso de motocicleta pelo autor. A prova oral colhida nos autos, constituída unicamente pelo depoimento das partes, assim dispôs (id 0efe975): (...) Vejamos. Firmado por assinatura digital em 06/11/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1002C1F2A082FE09B2.. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho.

(4) fls.4. PROCESSO Nº TST-RR-279-79.2017.5.09.0659 Pela prova oral, observa-se que o reclamante laborou utilizando motocicleta, no exercício da função de vendedor relacionado ao comércio de bebidas, até maio de 2016. Assim, o período discutido envolvendo o adicional de periculosidade se estende de 03/10/2014 até maio de 2016. O § 4º foi incluído no artigo 193 da CLT por meio da Lei n. 12.997, que entrou em vigor em 20 de junho de 2014, prevendo que "São também consideradas perigosas as atividades de trabalhador em motocicleta." O Ministério do Trabalho e Emprego editou a Portaria nº 1.565/2014, que entrou em vigor em 14/10/2014, aprovando o "Anexo 5 - Atividades Perigosas em Motocicleta - da Norma Regulamentadora nº 16 - Atividades e Operações Perigosas e dá outras providências". Dispôs o Anexo 5 que: ANEXO 5 - ATIVIDADES PERIGOSAS EM MOTOCICLETA 1. As atividades laborais com utilização de motocicleta ou motoneta no deslocamento de trabalhador em vias públicas são consideradas perigosas. 2. Não são consideradas perigosas, para efeito deste anexo: a) a utilização de motocicleta ou motoneta exclusivamente no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela; b) as atividades em veículos que não necessitem de emplacamento ou que não exijam carteira nacional de habilitação para conduzi-los; c) as atividades em motocicleta ou motoneta em locais privados. d) as atividades com uso de motocicleta ou motoneta de forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido. Ocorre que a Portaria MTE nº 5/2015, publicada em 08/01/2015, determinou a suspensão dos efeitos da Portaria 1.565/2014 "em relação aos associados da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas e aos confederados da Confederação Nacional das Revendas AMBEV e das Empresas de Logística da Distribuição, (...). atendendo a determinação judicial proferida nos autos do processo nº 0078075-82.2014.4.01.3400 e do processo nº 0089404-91.2014.4.01.3400, que tramitam na 20ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal Tribunal Regional Federal da Primeira Região". Assim dispôs a Portaria: PORTARIA Nº 5, DE 7 DE JANEIRO DE 2015 Publicada no DOU de 08/01/2015 Suspende os efeitos da Portaria MTE nº 1.565 de 13 de outubro de 2014 em relação aos associados da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas- ABIR e aos confederados da Confederação Nacional das Revendas AMBEV e das Empresas de Logística da Distribuição - CONFENAR. O MINISTRO DE ESTADO DO TRABALHO E EMPREGO, no uso das atribuições que lhe conferem o inciso II do parágrafo único do art. 87 da Constituição Federal e os arts. 155 e 200da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, atendendo a determinação judicial proferida nos autos do processo nº 0078075-82.2014.4.01.3400 e do processo nº 0089404-91.2014.4.01.3400, Firmado por assinatura digital em 06/11/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1002C1F2A082FE09B2.. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho.

(5) fls.5. PROCESSO Nº TST-RR-279-79.2017.5.09.0659 que tramitam na 20ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal Tribunal Regional Federal da Primeira Região, resolve: Art. 1º Revogar a Portaria MTE nº 1.930de 16 de dezembro de 2014. Art. 2º Suspender os efeitos da Portaria MTE nº 1.565de 13 de outubro de 2014 em relação aos associados da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas e aos confederados da Confederação Nacional das Revendas AMBEV e das Empresas de Logística da Distribuição. Art. 3º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. MANOEL DIAS Coordenadoria de Gestão Normativa e Jurisprudencial Nenhuma portaria pode contrariar o que foi previsto em lei. Assim, a norma administrativa não poderia excluir o direito ao adicional para os empregados que trabalhem no trânsito das cidades usando motocicleta. Portanto, é irrelevante a suspensão prevista na atual portaria. A norma contém todos os elementos necessários a sua aplicação. Não há qualquer inconstitucionalidade na lei. É de conhecimento notório o perigo acentuado que representa o uso dos referidos veículos para o desenvolvimento do trabalho, havendo alternativas que alcançam o mesmo fim. Pelo exposto, não merece reforma a sentença. Nego provimento." De acordo com os fundamentos expostos no acórdão, "nenhuma portaria pode contrariar o que foi previsto em lei. Assim, a norma administrativa não poderia excluir o direito ao adicional para os empregados que trabalhem no trânsito das cidades usando motocicleta. Portanto, é irrelevante a suspensão prevista na atual portaria". Com esses fundamentos, não se vislumbra possível violação literal e direta aos dispositivos da Constituição Federal e da legislação federal invocados. Denego. CONCLUSÃO Denego seguimento.” (págs.496-499) Na minuta de agravo de instrumento, a reclamada insurge-se contra o despacho em que se denegou seguimento ao seu recurso de revista, sob o argumento de que “o E. Tribunal a quo, ao proferir o (primeiro) juízo de admissibilidade do Recurso de Revista, acabou por adentrar no mérito da questão que, em princípio, apenas deveria ser analisado por este C. TST” (pág. 504), assim, “ocorrendo análise de mérito, de forma direta e frontal, verifica-se inegável extravasamento de competência em direção ao que concerne ao D. Juízo “ad quem”, vindo a ser rejulgada a causa justamente pelo prolator da decisão impugnada” (pág. 504).. Firmado por assinatura digital em 06/11/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1002C1F2A082FE09B2.. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho.

(6) fls.6. PROCESSO Nº TST-RR-279-79.2017.5.09.0659 Defende que, “ao afirmar que ‘nenhuma portaria pode contrariar o que foi previsto em lei’, tem-se um grande equívoco interpretativo do Tribunal que se apresenta omisso ao fato de que o artigo 193 da CLT se trata de norma de eficácia limitada” (pág. 506), pois, “diante de sua dependência à regulamentação do Ministério do Trabalho e Emprego, torna-se inquestionável que o previsto em lei, em realidade, encontra-se contrariado na medida em que não são observadas as Portarias do MTE” (pág. 506). Reitera a sua insurgência contra a decisão em que foi condenada ao pagamento do adicional de periculosidade, ao afirmar que o empregado era pertencente à Abir e, portanto, deveria ser-lhe aplicada a Portaria nº 5/2015 do MTE, que suspendeu os efeitos da primeira regulamentação (Portaria nº 1.565/2014). Aduz que, “conforme se denota da mera leitura aos termos do art. 193, caput, da CLT, as hipóteses previstas para a caracterização do adicional de periculosidade demandam regulamentação específica pelo MTE, regulamentação esta atualmente complementada pela Portaria nº 5/2015 – que excetua da condição de atividades perigosas em motocicleta aquelas desempenhadas pelos associados da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas e aos confederados da Confederação Nacional das Revendas AMBEV e das Empresas de Logística da Distribuição, que a agravante faz parte” (págs. 512 e 513). Destaca, assim, que “isso, obviamente, não significa concluir que a portaria ministerial está por contrariar o que foi previsto em lei, tendo o Ministério do Trabalho e Emprego apenas e tão-somente cumprido o seu mister de regulamentação de norma cuja eficácia é limitada” (pág. 513). Reafirma a indicação de violação dos artigos 5º, incisos II e LV, da Constituição Federal e 193, caput, da CLT. Ao exame. Oportuno esclarecer, inicialmente, que a denegação de seguimento ao recurso de revista pelo Juízo de admissibilidade a quo, com eventual manifestação sobre os temas tratados, não se resume à análise dos pressupostos extrínsecos apontados pela agravante (intempestividade, deserção, falta de alçada e ilegitimidade de representação) e não caracteriza usurpação de competência deste Tribunal Superior, exatamente por não se tratar de exame exauriente, mas sim regular exercício de função do Tribunal Regional, prevista no § 1º do artigo 896 da CLT. Salienta-se, ainda, que a decisão da Corte de origem Firmado por assinatura digital em 06/11/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1002C1F2A082FE09B2.. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho.

(7) fls.7. PROCESSO Nº TST-RR-279-79.2017.5.09.0659 não vincula o Juízo de admissibilidade definitivo a ser realizado nesta instância revisora. Quanto ao tema, assim se pronunciou a Corte de origem: “Adicional de periculosidade Decidiu o juízo de primeiro grau (a4f6f2e - Pág. 4/6): 2.4. Adicional de Periculosidade - Reflexos. Afirma o autor que exerce atividade perigosa (atividades de trabalhador em motocicleta), requerendo, assim, a satisfação de adicional de periculosidade, com reflexos nas verbas elencadas. A ré, em defesa, refuta a pretensão ao fundamento de que a Lei n° 12.997/2014, que reputa de perigosa a atividade do trabalhador em motocicleta, padece de inconstitucionalidade, assim como o pagamento da parcela depende de regulamentação pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Conforme a Lei n° 12.997/2014, que acrescentou o parágrafo quarto ao artigo 193 da Consolidação das Leis do Trabalho, são consideradas perigosas as atividades exercidas por trabalhadores em motocicleta. A despeito de a ré sustentar que a Lei n° 12.997/2014 é inconstitucional por transferir à iniciativa privada o ônus da segurança viária, ao lado de infringir o princípio da isonomia, não vislumbro que se possa dar o alcance pretendido à norma em comento, que unicamente considera perigosa a atividade de trabalhador em motocicleta. A Lei n° 12.997/2014, ao largo de inconstitucional, reflete salutar medida, destinada a recompensar o trabalhador que, sujeito aos perigos inerentes à condução de motocicleta, expõe-se a riscos de toda ordem, que não se limitam àqueles alusivos às malhas viárias, mas também à própria tarefa em si, que exige destreza, equilíbrio e responsabilidades que extravasam aquelas usuais, justificando, assim, o complemento salarial. De outro vértice, embora de fato, como assevera a ré, os riscos inerentes à atividade de condução de motocicleta não sejam idênticos em todos os rincões deste continental país, é também certo que, como ressaltei no parágrafo anterior, há nuances fáticas comuns que respaldam o pagamento do adicional, de modo que a supressão do direito pela razão apontada em defesa, longe de representar homenagem à isonomia, traduzir-se-ia na aniquilação de direito que a densifica em sua vertente material, conferindo tratamento desigual aos desiguais. O critério cuja adoção pretende a ré não resiste à confrontação de que, por exemplo, vigilantes recebem adicional de periculosidade sem que se alegue infringência à isonomia por questões qualitativas como o índice de criminalidade do local em que exercem as suas atividades, não sendo essa a forma adequada de recompensar o trabalho prestado em condições perigosas, sob pena de esvaziar-se o conteúdo normativo que emerge do artigo 7°, inciso XXIII, da Constituição Federal. Afastada a arguição de inconstitucionalidade, vislumbro que, no caso em exame, o autor, em depoimento, afirmou Firmado por assinatura digital em 06/11/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1002C1F2A082FE09B2.. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho.

(8) fls.8. PROCESSO Nº TST-RR-279-79.2017.5.09.0659 que "até maio de 2016 o depoente realizava suas tarefas utilizando uma motocicleta fornecida pela reclamada, e depois quando passou atender outras cidades utilizou um automóvel,", ao passo que o preposto este também de propriedade da reclamada da ré declarou que "o reclamante desempenhava sua função utilizando motocicleta quando nesta cidade, e veículo quando necessário utilizar rodovias, estes de propriedade da reclamada" (id. 0efe975). Segundo afirmou o preposto da ré ao Juízo em depoimento, "o reclamante desempenhava sua função utilizando motocicleta quando nesta cidade, e veículo quando necessário utilizar rodovias, estes de propriedade da reclamada" (id. 0efe975), de modo que faz jus o reclamante, portanto, ao pagamento de adicional de periculosidade, de 16 de outubro de 2014, data em que vigente a Portaria n° 1.565/2014 responsável por regulamentar o artigo 193, parágrafo quarto, da Consolidação das Leis do Trabalho. Defiro, assim, o pagamento em favor do autor de adicional de periculosidade, à razão de 30% (trinta por cento) de seu salário básico, de 16 de outubro de 2014 a maio de 2016, com reflexos em aviso prévio indenizado, horas extras, férias acrescidas de um terço, décimos terceiros salários e Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (limite do pedido, id. 0ee3e4b). Não há que se falar em reflexos em descanso semanal remunerado, por se tratar de parcela mensal, que, portanto, já o contempla. Insurge-se a parte ré alegando (549f0cf - Pág. 17 e ss.): que houve omissão no julgado, já que não foram observados, julgados e analisadas todas as teses/linhas de defesa da recorrente, corretamente arguidas em sede de contestação; que além da inconstitucionalidade da norma, bem como da não possibilidade de transferir um risco do Estado para o empregador, a ré também utiliza como argumentos/matéria de defesa os efeitos suspensos da Portaria MTE nº 1.565 de 13 de outubro de 2014, com relação a esta ré; que tais argumentos encontram-se entre as pag. 24/29 da contestação apresentada, sob o título: "DA ASSOCIAÇÃO DA RECLAMADA AMBEV S/A/CRBS S/A - À AUTORA DO PROCESSO 0078075-82.2014.4.01.3400"; que diante da evidente omissão no julgado, a ré pertinentemente apresentou Embargos de Declaração para que as ref. omissões fossem devidamente sanada, os quais foram rejeitados. Em síntese, argumenta a reclamada que a segurança pública é competência do Estado; que seja por ser hierarquicamente inferior ou por ser posterior à Emenda Constituicional que criou o §10º, do art. 144, da CFB, há flagrante inconstitucionalidade na Lei nº 12.997/14, ao repassar para as empresas o dever (constitucional) do Estado de zelar pela segurança viária das pessoas; que a lei nº 12.997/14 também colide frontalmente com o artigo 3º, II, CF. Requer a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 12.997/14, razão pela qual não é devido o adicional postulado na inicial. No que se refere ao adicional de periculosidade em si, conforme a previsão do artigo 193, § 4º da CLT, chama a atenção quanto à necessidade de sua regulamentação, por parte do MTE, sendo que não há dúvida de que Firmado por assinatura digital em 06/11/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1002C1F2A082FE09B2.. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho.

(9) fls.9. PROCESSO Nº TST-RR-279-79.2017.5.09.0659 somente após válida regulamentação por parte do Ministério do Trabalho e Emprego é possível cogitar o pagamento do adicional de periculosidade, isto porque é a própria Lei - artigo 193 da CLT - que determina a observância deste critério: "na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego..."; que a fim de dar efetividade às normas consolidadas, especificamente ao artigo 193 da CLT, que trata da periculosidade mas que cuida, de uma maneira mais ampla, de segurança e medicina do trabalho, não há dúvida de que constitui atribuição do Ministro do Trabalho e do Emprego a expedição de normas regulamentares, para que, somente após, se tornem elas aplicáveis; que, nesta ótica, restou Publicada pelo MTE, em 14/10/2014, a Portaria n.º 1.565/2014, que aprovou o "Anexo 5 - Atividades Perigosas em Motocicleta - da Norma Regulamentadora n.º 16 - Atividades e Operações Perigosas, aprovada pela Portaria n.º 3.214, de 8 de junho de 1978, com a redação constante no Anexo desta Portaria". Aduz que o fato de ter sido editada Portaria Ministerial para a regulamentação do tema apenas reforça a tese acima trazida pela empresa, qual seja, de que não pode ser cogitada a possibilidade de condenação ao pagamento do adicional em comento, sendo que, sem prejuízo, cabe apontar que após a edição da Portaria n.º 1.565/2014, duas outras Portarias a sucederam, sendo a primeira, a de n.º 1.930/2014, e a segunda de n.º 5/2015, que resultou na suspensão dos efeitos da Portaria n.º 1.565/2014, em relação à parte ré. Apontou que pelos próprios termos da última Portaria do MTE editada sobre o tema, resta claro que estão suspensos "os efeitos da Portaria MTE n.º 1.565 de 13 de outubro de 2014 em relação aos associados da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas e aos confederados da Confederação Nacional das Revendas AMBEV e das Empresas de Logística da Distribuição."; que tal decisão vincula a reclamada, eis que integrante da apontada Associação Brasileira, autora de ação que tramita perante a Justiça Federal, sob o n.º 0078075-82.2014.4.01.3400, tudo conforme comprovam os documentos em anexo; que atualmente, portanto, inexiste qualquer Portaria Ministerial que regulamente o adicional de periculosidade trazida no § 4º do artigo 193 da CLT. Aduz que a atividade, no caso, não se reveste de requisitos para ser considerada como perigosa, pois o trabalho dos vendedores é realizado de forma mista, sendo que a efetiva utilização da motocicleta representa a menor parte da jornada laborada, variando de 5 a 20%, ou seja, o que é "permanente" é o atendimento ao cliente, sendo o deslocamento, mediante utilização da motocicleta, mera eventualidade; que o infortúnio pela utilização da motocicleta não pode ocorrer quando a mesma não está sendo utilizada. Aponta ainda que é obrigatória a realização de perícia, na forma do artigo 195, parágrafo segundo da CLT, sendo que no caso a realização da perícia não se mostra possível, além do que, não é papal do perito determinar o que é perigoso. Requer a reforma. Firmado por assinatura digital em 06/11/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1002C1F2A082FE09B2.. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho.

(10) fls.10. PROCESSO Nº TST-RR-279-79.2017.5.09.0659 Pois bem. Discute-se no caso todo o período laborado de 03/10/2014 a 01/07/2016 (TRCT - id ed443bb - Pág. 1). Requereu o reclamante na inicial (0ee3e4b - Pág. 10) a condenação da parte ré ao pagamento de adicional de periculosidade, sustentando que se enquadra na hipótese do artigo 193, § 4º da CLT, que dispõe que "são também consideradas perigosas as atividades de trabalhador em motocicleta". Ressaltou que essa norma não limita o adicional de periculosidade ao trabalho de motoboys e motociclistas, sendo que o Ministério do Trabalho e Emprego aprovou o Anexo 5 da NR-16 (Atividades Perigosas em Motocicleta), por meio da portaria nº 1565, datada de 14/10/14. A versão da defesa é exatamente a mesma trazida com o recurso (414293f - Pág. 16 e ss.). É incontroverso o uso de motocicleta pelo autor. A prova oral colhida nos autos, constituída unicamente pelo depoimento das partes, assim dispôs (id 0efe975): DEPOIMENTO DO RECLAMANTE: (...) "que a reclamada tem por atividade o comércio de bebidas (cerveja e refrigerante), e o depoente tinha por função vendedor; que até maio de 2016 o depoente atuava apenas nos bairros desta cidade; que após passou a trabalhar apenas nas cidades de Candói, Cantagalo, Lagoa Seca, Foz do Jordão e Reserva do Iguaçu; que a reclamada possui apenas um escritório nesta cidade, localizado na BR 277; que diariamente o depoente passava no escritório para participar de uma reunião as 8h, e depois saia para realizar suas tarefas; (...) que até maio de 2016 o depoente realizava suas tarefas utilizando uma motocicleta fornecida pela reclamada, e depois quando passou atender outras cidades utilizou um automóvel, este também de propriedade da reclamada; ... DEPOIMENTO DO PREPOSTO: Inquirido, respondeu: "que trabalha para a reclamada desde outubro de 2014, na função de Gerente de Vendas, nesta cidade; que existiam doze vendedores nesta cidade; que a área de atuação do reclamante era nesta cidade de Guarapuava e algumas cidades vizinhas, quando necessário; (...) que o reclamante desempenhava sua função utilizando motocicleta quando nesta cidade, e veículo quando necessário utilizar rodovias, estes de propriedade da reclamada; Nada mais." Vejamos. Pela prova oral, observa-se que o reclamante laborou utilizando motocicleta, no exercício da função de vendedor relacionado ao comércio de bebidas, até maio de 2016. Assim, o período discutido envolvendo o adicional de periculosidade se estende de 03/10/2014 até maio de 2016. O § 4º foi incluído no artigo 193 da CLT por meio da Lei n. 12.997, que entrou em vigor em 20 de junho de 2014, prevendo que "São Firmado por assinatura digital em 06/11/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1002C1F2A082FE09B2.. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho.

(11) fls.11. PROCESSO Nº TST-RR-279-79.2017.5.09.0659 também consideradas perigosas as atividades de trabalhador em motocicleta." O Ministério do Trabalho e Emprego editou a Portaria nº 1.565/2014, que entrou em vigor em 14/10/2014, aprovando o "Anexo 5 Atividades Perigosas em Motocicleta - da Norma Regulamentadora nº 16 - Atividades e Operações Perigosas e dá outras providências". Dispôs o Anexo 5 que: ANEXO 5 - ATIVIDADES PERIGOSAS EM MOTOCICLETA 1. As atividades laborais com utilização de motocicleta ou motoneta no deslocamento de trabalhador em vias públicas são consideradas perigosas. 2. Não são consideradas perigosas, para efeito deste anexo: a) a utilização de motocicleta ou motoneta exclusivamente no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela; b) as atividades em veículos que não necessitem de emplacamento ou que não exijam carteira nacional de habilitação para conduzi-los; c) as atividades em motocicleta ou motoneta em locais privados. d) as atividades com uso de motocicleta ou motoneta de forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido. Ocorre que a Portaria MTE nº 5/2015, publicada em 08/01/2015, determinou a suspensão dos efeitos da Portaria 1.565/2014 "em relação aos associados da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas e aos confederados da Confederação Nacional das Revendas AMBEV e das Empresas de Logística da Distribuição, (...) atendendo a determinação judicial proferida nos autos do processo nº 0078075-82.2014.4.01.3400 e do processo nº 0089404-91.2014.4.01.3400, que tramitam na 20ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal - Tribunal Regional Federal da Primeira Região". Assim dispôs a Portaria: PORTARIA Nº 5, DE 7 DE JANEIRO DE 2015 Publicada no DOU de 08/01/2015 Suspende os efeitos da Portaria MTE nº 1.565 de 13 de outubro de 2014 em relação aos associados da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas- ABIR e aos confederados da Confederação Nacional das Revendas AMBEV e das Empresas de Logística da Distribuição - CONFENAR. O MINISTRO DE ESTADO DO TRABALHO E EMPREGO, no uso das atribuições que lhe conferem o inciso II do parágrafo único do art. 87 da Constituição Federal e os arts. 155 e 200da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, atendendo a determinação judicial proferida nos autos do processo nº 0078075-82.2014.4.01.3400 e do processo nº 0089404-91.2014.4.01.3400, que tramitam na 20ª Vara Federal da Firmado por assinatura digital em 06/11/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1002C1F2A082FE09B2.. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho.

(12) fls.12. PROCESSO Nº TST-RR-279-79.2017.5.09.0659 Seção Judiciária do Distrito Federal - Tribunal Regional Federal da Primeira Região, resolve: Art. 1º Revogar a Portaria MTE nº 1.930de 16 de dezembro de 2014. Art. 2º Suspender os efeitos da Portaria MTE nº 1.565de 13 de outubro de 2014 em relação aos associados da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas e aos confederados da Confederação Nacional das Revendas AMBEV e das Empresas de Logística da Distribuição. Art. 3º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. MANOEL DIAS Coordenadoria de Gestão Normativa e Jurisprudencial Nenhuma portaria pode contrariar o que foi previsto em lei. Assim, a norma administrativa não poderia excluir o direito ao adicional para os empregados que trabalhem no trânsito das cidades usando motocicleta. Portanto, é irrelevante a suspensão prevista na atual portaria. A norma contém todos os elementos necessários a sua aplicação. Não há qualquer inconstitucionalidade na lei. É de conhecimento notório o perigo acentuado que representa o uso dos referidos veículos para o desenvolvimento do trabalho, havendo alternativas que alcançam o mesmo fim. Pelo exposto, não merece reforma a sentença. Nego provimento.” (págs. 459-463, destacou-se) A Lei nº 12.740/2012 alterou o caput do artigo 193 da CLT, que passou a vigorar com a seguinte redação: "Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a [...]" (destacou-se). Por sua vez, o parágrafo 4º, acrescentado ao indigitado dispositivo legal pela Lei nº 12.997/2014, preconiza que: "§ 4.º São também consideradas perigosas as atividades de trabalhador em motocicleta." Como se vê, está expressamente consignado na referida norma que as atividades de trabalhador em motocicleta são consideradas perigosas, "na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego", não. Firmado por assinatura digital em 06/11/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1002C1F2A082FE09B2.. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho.

(13) fls.13. PROCESSO Nº TST-RR-279-79.2017.5.09.0659 havendo falar na aplicabilidade imediata. É dizer: o benefício não é autoaplicável, porque carece da regulamentação do órgão competente. De fato, esta Corte tem entendido pela necessidade de regulamentação das atividades ou operações perigosas pelo Ministério do Trabalho, conforme se extrai dos precedentes a seguir: “RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO CONTRA ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. MOTOCICLISTA. ARTIGO 193, §4º DA CLT. NECESSIDADE DE REGULAMENTAÇÃO PELO MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. VIOLAÇÃO AO ART. 193, CAPUT, DA CLT. CONFIGURAÇÃO. I - Verifica-se do acórdão recorrido ter o Colegiado de origem mantido a sentença que determinou o pagamento do adicional perseguido e seus consectários legais, a partir de 20 de junho de 2014, data da promulgação da Lei 12.997/2014, entendendo que tal norma é autoaplicável. II - Como se constata do texto do caput do artigo 193 da CLT, o legislador previu expressamente que as atividades ou operações perigosas dependem de regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, afastando a tese de aplicabilidade imediata do §4º do referido dispositivo. III - Nesse sentido, aliás, orienta-se a jurisprudência desta Corte. IV - Assim, o Tribunal Regional, ao concluir pela aplicabilidade imediata da Lei nº 12.997/2014, violou o artigo 193 da CLT. V - Portanto, é devido o adicional de periculosidade somente a partir de 14/10/2014, data da publicação da Portaria 1.565/2014 do Ministério do Trabalho e Emprego, que aprovou o Anexo 5 da Norma Regulamentadora 16 - Atividades Perigosas em Motocicleta. VI - No entanto, registrado no acórdão regional que o reclamante laborou somente no período de 02/07/2013 a 14/10/2014, não há falar em direito ao referido adicional. VII - Recurso de revista conhecido e provido.” (RR - 1951-16.2014.5.10.0008, Relator Desembargador Convocado: Roberto Nobrega de Almeida Filho, Data de Julgamento: 4/10/2017, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 6/10/2017) “AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEIS Nº 13.015/2014 E 13.105/2015 DESCABIMENTO. 1. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ALCANCE. (...). 2. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. TRABALHO EM MOTOCICLETA. Conforme se verifica no § 4º do art. 193 da CLT, com a redação dada pela Lei nº 12.997/2014, "são também consideradas perigosas as atividades de trabalhador em motocicleta". O "caput" do preceito, prevê que as atividades ou operações perigosas nele relacionadas dependem da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, razão pela qual somente após sua edição passou a ser devido o adicional respectivo. Sendo essa a hipótese dos autos, irretocável a decisão regional. Firmado por assinatura digital em 06/11/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1002C1F2A082FE09B2.. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho.

(14) fls.14. PROCESSO Nº TST-RR-279-79.2017.5.09.0659 Agravo de instrumento conhecido e desprovido.” (AIRR 1209-87.2015.5.08.0015, Relator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, Data de Julgamento: 15/3/2017, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 17/3/2017) “RECURSO DE REVISTA. APELO INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI N.º 13.105/2015 (NOVO CPC). ADICIONAL DE ATIVIDADE. MOTOCICLISTA. LEI N.º 12.997/2014. ART. 193, § 4.º, DA CLT. VIGÊNCIA A PARTIR DA REGULAMENTAÇÃO PELO MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Cinge-se a controvérsia a saber se os termos do caput do artigo 896 da CLT são autoaplicáveis aos trabalhadores que exercem atividades como a de motociclista, ou seja, se o disposto no § 4.º do art. 193 da CLT se aplica a partir do dia 20/6/2014, data de publicação da Lei n.º 12.997/2014, que o instituiu no mundo jurídico, ou da regulamentação dessa norma pela Portaria MTE n.º 1.565/2014. Na diretriz do caput do artigo 193 da CLT, "são consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a [...]". Ademais, na forma do § 4.º desse dispositivo da CLT, "são também consideradas perigosas as atividades de trabalhador em motocicleta". Como se vê, consta expressamente na indigitada norma que as atividades de trabalhador em motocicleta são consideradas perigosas, "na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego", não havendo de se falar na aplicabilidade imediata da norma. Desse modo, o referido benefício não é autoaplicável, pois carece da regulamentação do órgão competente. Verifica-se, assim, que o deferimento do adicional de periculosidade no período não regulamentado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, na forma preconizada no artigo 193 da CLT, fere o próprio espírito da referida norma. Recurso de Revista conhecido e provido.” (RR 11011-21.2015.5.15.0046, Relatora Ministra: Maria de Assis Calsing, Data de Julgamento: 7/12/2016, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 19/12/2016) “RECURSO DE REVISTA. 1. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. MOTOCICLISTA. NECESSIDADE DE REGULAMENTAÇÃO PELO MINISTÉRIO DO TRABALHO. O entendimento proferido pelo Regional foi no sentido de que o disposto no § 4º do art. 193 da CLT se aplica a partir do dia 20/6/2014, data de publicação da Lei nº 12.997/14, que acrescentou o parágrafo quarto ao dispositivo em comento. Ressaltou que não há previsão em lei para que se aguarde a regulamentação do diploma legal mencionado. A Lei nº 12.740/2012 alterou o caput do art. 193 da CLT, o qual passou a vigorar com a seguinte redação: "São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas Firmado por assinatura digital em 06/11/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1002C1F2A082FE09B2.. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho.

(15) fls.15. PROCESSO Nº TST-RR-279-79.2017.5.09.0659 que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a...". Por sua vez, o parágrafo 4º, acrescentado pela Lei nº 12.997/2014, estabelece que: "São também consideradas perigosas as atividades de trabalhador em motocicleta." Verifica-se que está expressamente consignado no aludido dispositivo que as atividades de trabalhador com motocicleta são consideradas perigosas "na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego", não havendo falar na aplicabilidade imediata. Conclui-se ser devido o adicional de periculosidade ao reclamante somente a partir de 14/10/2014, data da publicação da Portaria nº 1.565/2014 do Ministério do Trabalho, que aprovou o Anexo 5 da Norma Regulamentadora nº 16 - Atividades Perigosas em Motocicleta. Essa é a linha de raciocínio desta Corte no julgamento de casos análogos, onde a controvérsia gira em torno das atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido. (...)” (RR - 20275-94.2015.5.04.0005, Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data de Julgamento: 31/8/2016, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 2/9/2016) Com efeito, o entendimento desta Corte era de ser devido o adicional de periculosidade aos empregados que realizavam suas atividades com a utilização de motocicleta a partir de 14/10/2014, data da publicação da Portaria nº 1.565/2014 do Ministério do Trabalho e Emprego, que aprovou o Anexo 5 da Norma Regulamentadora nº 16 - Atividades Perigosas em Motocicleta, diante da inaplicabilidade imediata do artigo 193 da CLT. No entanto, em 8/1/2015, o MTE publicou a Portaria nº 5/2015, a qual determinou a suspensão dos efeitos da Portaria 1.565/2014 em relação aos associados da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas e aos confederados da Confederação Nacional das Revendas AMBEV e das Empresas de Logística da Distribuição, in verbis: “Art. 1º Revogar a Portaria MTE nº 1.930 de 16 de dezembro de 2014. Art. 2º Suspender os efeitos da Portaria MTE nº 1.565 de 13 de outubro de 2014 em relação aos associados da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas e aos confederados da Confederação Nacional das Revendas AMBEV e das Empresas de Logística da Distribuição.”. Firmado por assinatura digital em 06/11/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1002C1F2A082FE09B2.. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho.

(16) Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho. PROCESSO Nº TST-RR-279-79.2017.5.09.0659 Assim, embora a Portaria não possa, em princípio, contrariar o previsto em lei, na hipótese o próprio artigo 193 da CLT condicionou a sua validade à regulamentação do Ministério do Trabalho e Emprego, sem a qual a categoria do reclamante não teria direito ao recebimento do adicional de periculosidade. Suspensa tal regulamentação em relação à reclamada, desapareceu o indispensável fundamento jurídico para sua condenação ao pagamento em exame. Nesse sentido, os seguintes precedentes: “I - RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEIS Nos 13.015/2014, 13.105/2015 E 13.467/2017. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. TRABALHO EM MOTOCICLETA. Conforme se verifica no § 4º do art. 193 da CLT, com a redação dada pela Lei nº 12.997/2014, "são também consideradas perigosas as atividades de trabalhador em motocicleta". O "caput" do preceito prevê que as atividades ou operações perigosas nele relacionadas dependem da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, razão pela qual somente após sua edição passou a ser devido o adicional respectivo. No caso, o autor é empregado da AMBEV, entidade que se beneficiou da suspensão dos efeitos da Portaria 1.565/2014-MTE, que regulamentou as atividades perigosas em motocicleta, pela Portaria 5/2015-MTE. Recurso de revista conhecido e provido. (...)” (ARR 632-09.2016.5.10.0019, Relator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, Data de Julgamento: 7/11/2018, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 9/11/2018) “RECURSO DE REVISTA. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. MOTOCICLISTAS. NECESSIDADE DE REGULAMENTAÇÃO PELO MINISTÉRIO DO TRABALHO. O art. 193 da CLT estabelece que são consideradas atividades ou operações perigosas aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, de modo que o deferimento do adicional de periculosidade depende de regulamentação. A Portaria MTE 1.565 de 13/10/2014, que aprovou o anexo 5 da Norma Regulamentadora nº 16, tornando o adicional de periculosidade obrigatório para os trabalhadores que utilizam motocicleta no cumprimento de suas funções, teve a sua eficácia suspensa por meio da Portaria MTE nº 1.930/2014 e, posteriormente, para a categoria econômica da qual a Reclamada faz parte, pela Portaria MTE nº 943, de 8 de julho de 2015. Inexistindo regulamentação do Ministério do Trabalho sobre a matéria, no lapso em que vigente o contrato de trabalho, deve ser reformada a decisão regional que determinou o Firmado por assinatura digital em 06/11/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1002C1F2A082FE09B2.. fls.16.

(17) Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho. PROCESSO Nº TST-RR-279-79.2017.5.09.0659 pagamento do adicional de periculosidade. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento.” (RR 1524-41.2016.5.17.0012, Relatora Desembargadora Convocada: Cilene Ferreira Amaro Santos, Data de Julgamento: 28/2/2018, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 9/3/2018) “AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. MOTOCICLISTA. O Regional consignou a premissa fática de que a reclamada exerce atividades de distribuição e logística, a qual está inserta na exceção prevista na Portaria nº 5/2015, que suspendeu "a eficácia da Portaria nº1.565/2014, quanto às empresas que exercem atividades análogas à da recorrente". Assim, nesse contexto fático, insuscetível de revisão nesta instância extraordinária, a teor da Súmula nº 126 do TST, não é possível aferir das violações e contrariedades apontadas, nem divisar dissenso pretoriano. Agravo de instrumento conhecido e não provido.” (AIRR 131727-48.2015.5.13.0009, Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data de Julgamento: 22/2/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 3/3/2017) Nesse contexto, verifica-se que o Regional, ao entender que é irrelevante a suspensão prevista na Portaria nº 5/2015, incorreu em possível violação do artigo 193, caput, da CLT, o qual condicionou a sua aplicabilidade ao conteúdo da norma administrativa. Desse modo, por possível violação do artigo 193, caput, da CLT, dou provimento ao agravo de instrumento para determinar o processamento do recurso de revista, a ser julgado na primeira sessão ordinária subsequente à data de publicação da certidão de julgamento deste agravo de instrumento, nos termos dos artigos 255, inciso III, alínea “c”, e 256 do Regimento Interno do TST. RECURSO DE REVISTA ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. TRABALHO EM MOTOCICLETA. NECESSIDADE DE REGULAMENTAÇÃO PELO MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. SUSPENSÃO DOS EFEITOS DA PORTARIA Nº 1.565/2014 PELA PORTARIA Nº 5/2015 I - CONHECIMENTO Firmado por assinatura digital em 06/11/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1002C1F2A082FE09B2.. fls.17.

(18) fls.18. PROCESSO Nº TST-RR-279-79.2017.5.09.0659. O Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região negou provimento ao recurso ordinário interposto pela reclamada, mantendo a sua condenação ao pagamento do adicional de periculosidade ao empregado motociclista. Eis o teor da decisão regional: “Adicional de periculosidade Decidiu o juízo de primeiro grau (a4f6f2e - Pág. 4/6): 2.4. Adicional de Periculosidade - Reflexos. Afirma o autor que exerce atividade perigosa (atividades de trabalhador em motocicleta), requerendo, assim, a satisfação de adicional de periculosidade, com reflexos nas verbas elencadas. A ré, em defesa, refuta a pretensão ao fundamento de que a Lei n° 12.997/2014, que reputa de perigosa a atividade do trabalhador em motocicleta, padece de inconstitucionalidade, assim como o pagamento da parcela depende de regulamentação pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Conforme a Lei n° 12.997/2014, que acrescentou o parágrafo quarto ao artigo 193 da Consolidação das Leis do Trabalho, são consideradas perigosas as atividades exercidas por trabalhadores em motocicleta. A despeito de a ré sustentar que a Lei n° 12.997/2014 é inconstitucional por transferir à iniciativa privada o ônus da segurança viária, ao lado de infringir o princípio da isonomia, não vislumbro que se possa dar o alcance pretendido à norma em comento, que unicamente considera perigosa a atividade de trabalhador em motocicleta. A Lei n° 12.997/2014, ao largo de inconstitucional, reflete salutar medida, destinada a recompensar o trabalhador que, sujeito aos perigos inerentes à condução de motocicleta, expõe-se a riscos de toda ordem, que não se limitam àqueles alusivos às malhas viárias, mas também à própria tarefa em si, que exige destreza, equilíbrio e responsabilidades que extravasam aquelas usuais, justificando, assim, o complemento salarial. De outro vértice, embora de fato, como assevera a ré, os riscos inerentes à atividade de condução de motocicleta não sejam idênticos em todos os rincões deste continental país, é também certo que, como ressaltei no parágrafo anterior, há nuances fáticas comuns que respaldam o pagamento do adicional, de modo que a supressão do direito pela razão apontada em defesa, longe de representar homenagem à isonomia, traduzir-se-ia na aniquilação de direito que a densifica em sua vertente material, conferindo tratamento desigual aos desiguais. O critério cuja adoção pretende a ré não resiste à confrontação de que, por exemplo, vigilantes recebem adicional de periculosidade sem que se alegue infringência à isonomia por questões qualitativas como o índice de criminalidade do local em que exercem Firmado por assinatura digital em 06/11/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1002C1F2A082FE09B2.. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho.

(19) fls.19. PROCESSO Nº TST-RR-279-79.2017.5.09.0659 as suas atividades, não sendo essa a forma adequada de recompensar o trabalho prestado em condições perigosas, sob pena de esvaziar-se o conteúdo normativo que emerge do artigo 7°, inciso XXIII, da Constituição Federal. Afastada a arguição de inconstitucionalidade, vislumbro que, no caso em exame, o autor, em depoimento, afirmou que "até maio de 2016 o depoente realizava suas tarefas utilizando uma motocicleta fornecida pela reclamada, e depois quando passou atender outras cidades utilizou um automóvel,", ao passo que o preposto este também de propriedade da reclamada da ré declarou que "o reclamante desempenhava sua função utilizando motocicleta quando nesta cidade, e veículo quando necessário utilizar rodovias, estes de propriedade da reclamada" (id. 0efe975). Segundo afirmou o preposto da ré ao Juízo em depoimento, "o reclamante desempenhava sua função utilizando motocicleta quando nesta cidade, e veículo quando necessário utilizar rodovias, estes de propriedade da reclamada" (id. 0efe975), de modo que faz jus o reclamante, portanto, ao pagamento de adicional de periculosidade, de 16 de outubro de 2014, data em que vigente a Portaria n° 1.565/2014 responsável por regulamentar o artigo 193, parágrafo quarto, da Consolidação das Leis do Trabalho. Defiro, assim, o pagamento em favor do autor de adicional de periculosidade, à razão de 30% (trinta por cento) de seu salário básico, de 16 de outubro de 2014 a maio de 2016, com reflexos em aviso prévio indenizado, horas extras, férias acrescidas de um terço, décimos terceiros salários e Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (limite do pedido, id. 0ee3e4b). Não há que se falar em reflexos em descanso semanal remunerado, por se tratar de parcela mensal, que, portanto, já o contempla. Insurge-se a parte ré alegando (549f0cf - Pág. 17 e ss.): que houve omissão no julgado, já que não foram observados, julgados e analisadas todas as teses/linhas de defesa da recorrente, corretamente arguidas em sede de contestação; que além da inconstitucionalidade da norma, bem como da não possibilidade de transferir um risco do Estado para o empregador, a ré também utiliza como argumentos/matéria de defesa os efeitos suspensos da Portaria MTE nº 1.565 de 13 de outubro de 2014, com relação a esta ré; que tais argumentos encontram-se entre as pag. 24/29 da contestação apresentada, sob o título: "DA ASSOCIAÇÃO DA RECLAMADA AMBEV S/A/CRBS S/A - À AUTORA DO PROCESSO 0078075-82.2014.4.01.3400"; que diante da evidente omissão no julgado, a ré pertinentemente apresentou Embargos de Declaração para que as ref. omissões fossem devidamente sanada, os quais foram rejeitados. Em síntese, argumenta a reclamada que a segurança pública é competência do Estado; que seja por ser hierarquicamente inferior ou por ser posterior à Emenda Constituicional que criou o §10º, do art. 144, da CFB, há flagrante inconstitucionalidade na Lei nº 12.997/14, ao repassar para as empresas o dever (constitucional) do Estado de zelar pela segurança viária das pessoas; que a lei nº 12.997/14 também colide frontalmente com o artigo 3º, II, CF. Firmado por assinatura digital em 06/11/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1002C1F2A082FE09B2.. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho.

(20) fls.20. PROCESSO Nº TST-RR-279-79.2017.5.09.0659 Requer a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 12.997/14, razão pela qual não é devido o adicional postulado na inicial. No que se refere ao adicional de periculosidade em si, conforme a previsão do artigo 193, § 4º da CLT, chama a atenção quanto à necessidade de sua regulamentação, por parte do MTE, sendo que não há dúvida de que somente após válida regulamentação por parte do Ministério do Trabalho e Emprego é possível cogitar o pagamento do adicional de periculosidade, isto porque é a própria Lei - artigo 193 da CLT - que determina a observância deste critério: "na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego..."; que a fim de dar efetividade às normas consolidadas, especificamente ao artigo 193 da CLT, que trata da periculosidade mas que cuida, de uma maneira mais ampla, de segurança e medicina do trabalho, não há dúvida de que constitui atribuição do Ministro do Trabalho e do Emprego a expedição de normas regulamentares, para que, somente após, se tornem elas aplicáveis; que, nesta ótica, restou Publicada pelo MTE, em 14/10/2014, a Portaria n.º 1.565/2014, que aprovou o "Anexo 5 - Atividades Perigosas em Motocicleta - da Norma Regulamentadora n.º 16 - Atividades e Operações Perigosas, aprovada pela Portaria n.º 3.214, de 8 de junho de 1978, com a redação constante no Anexo desta Portaria". Aduz que o fato de ter sido editada Portaria Ministerial para a regulamentação do tema apenas reforça a tese acima trazida pela empresa, qual seja, de que não pode ser cogitada a possibilidade de condenação ao pagamento do adicional em comento, sendo que, sem prejuízo, cabe apontar que após a edição da Portaria n.º 1.565/2014, duas outras Portarias a sucederam, sendo a primeira, a de n.º 1.930/2014, e a segunda de n.º 5/2015, que resultou na suspensão dos efeitos da Portaria n.º 1.565/2014, em relação à parte ré. Apontou que pelos próprios termos da última Portaria do MTE editada sobre o tema, resta claro que estão suspensos "os efeitos da Portaria MTE n.º 1.565 de 13 de outubro de 2014 em relação aos associados da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas e aos confederados da Confederação Nacional das Revendas AMBEV e das Empresas de Logística da Distribuição."; que tal decisão vincula a reclamada, eis que integrante da apontada Associação Brasileira, autora de ação que tramita perante a Justiça Federal, sob o n.º 0078075-82.2014.4.01.3400, tudo conforme comprovam os documentos em anexo; que atualmente, portanto, inexiste qualquer Portaria Ministerial que regulamente o adicional de periculosidade trazida no § 4º do artigo 193 da CLT. Aduz que a atividade, no caso, não se reveste de requisitos para ser considerada como perigosa, pois o trabalho dos vendedores é realizado de forma mista, sendo que a efetiva utilização da motocicleta representa a menor parte da jornada laborada, variando de 5 a 20%, ou seja, o que é "permanente" é o atendimento ao cliente, sendo o deslocamento, mediante utilização da motocicleta, mera eventualidade; que o infortúnio pela utilização da motocicleta não pode ocorrer quando a mesma não está sendo utilizada. Firmado por assinatura digital em 06/11/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1002C1F2A082FE09B2.. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho.

(21) fls.21. PROCESSO Nº TST-RR-279-79.2017.5.09.0659 Aponta ainda que é obrigatória a realização de perícia, na forma do artigo 195, parágrafo segundo da CLT, sendo que no caso a realização da perícia não se mostra possível, além do que, não é papal do perito determinar o que é perigoso. Requer a reforma. Pois bem. Discute-se no caso todo o período laborado de 03/10/2014 a 01/07/2016 (TRCT - id ed443bb - Pág. 1). Requereu o reclamante na inicial (0ee3e4b - Pág. 10) a condenação da parte ré ao pagamento de adicional de periculosidade, sustentando que se enquadra na hipótese do artigo 193, § 4º da CLT, que dispõe que "são também consideradas perigosas as atividades de trabalhador em motocicleta". Ressaltou que essa norma não limita o adicional de periculosidade ao trabalho de motoboys e motociclistas, sendo que o Ministério do Trabalho e Emprego aprovou o Anexo 5 da NR-16 (Atividades Perigosas em Motocicleta), por meio da portaria nº 1565, datada de 14/10/14. A versão da defesa é exatamente a mesma trazida com o recurso (414293f - Pág. 16 e ss.). É incontroverso o uso de motocicleta pelo autor. A prova oral colhida nos autos, constituída unicamente pelo depoimento das partes, assim dispôs (id 0efe975): DEPOIMENTO DO RECLAMANTE: (...) "que a reclamada tem por atividade o comércio de bebidas (cerveja e refrigerante), e o depoente tinha por função vendedor; que até maio de 2016 o depoente atuava apenas nos bairros desta cidade; que após passou a trabalhar apenas nas cidades de Candói, Cantagalo, Lagoa Seca, Foz do Jordão e Reserva do Iguaçu; que a reclamada possui apenas um escritório nesta cidade, localizado na BR 277; que diariamente o depoente passava no escritório para participar de uma reunião as 8h, e depois saia para realizar suas tarefas; (...) que até maio de 2016 o depoente realizava suas tarefas utilizando uma motocicleta fornecida pela reclamada, e depois quando passou atender outras cidades utilizou um automóvel, este também de propriedade da reclamada; ... DEPOIMENTO DO PREPOSTO: Inquirido, respondeu: "que trabalha para a reclamada desde outubro de 2014, na função de Gerente de Vendas, nesta cidade; que existiam doze vendedores nesta cidade; que a área de atuação do reclamante era nesta cidade de Guarapuava e algumas cidades vizinhas, quando necessário; (...) que o reclamante desempenhava sua função utilizando motocicleta quando nesta cidade, e veículo quando necessário utilizar rodovias, estes de propriedade da reclamada; Nada mais." Vejamos. Pela prova oral, observa-se que o reclamante laborou utilizando motocicleta, no exercício da função de vendedor relacionado ao comércio de bebidas, até maio de 2016. Firmado por assinatura digital em 06/11/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1002C1F2A082FE09B2.. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho.

(22) fls.22. PROCESSO Nº TST-RR-279-79.2017.5.09.0659 Assim, o período discutido envolvendo o adicional de periculosidade se estende de 03/10/2014 até maio de 2016. O § 4º foi incluído no artigo 193 da CLT por meio da Lei n. 12.997, que entrou em vigor em 20 de junho de 2014, prevendo que "São também consideradas perigosas as atividades de trabalhador em motocicleta." O Ministério do Trabalho e Emprego editou a Portaria nº 1.565/2014, que entrou em vigor em 14/10/2014, aprovando o "Anexo 5 Atividades Perigosas em Motocicleta - da Norma Regulamentadora nº 16 - Atividades e Operações Perigosas e dá outras providências". Dispôs o Anexo 5 que: ANEXO 5 - ATIVIDADES PERIGOSAS EM MOTOCICLETA 1. As atividades laborais com utilização de motocicleta ou motoneta no deslocamento de trabalhador em vias públicas são consideradas perigosas. 2. Não são consideradas perigosas, para efeito deste anexo: a) a utilização de motocicleta ou motoneta exclusivamente no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela; b) as atividades em veículos que não necessitem de emplacamento ou que não exijam carteira nacional de habilitação para conduzi-los; c) as atividades em motocicleta ou motoneta em locais privados. d) as atividades com uso de motocicleta ou motoneta de forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido. Ocorre que a Portaria MTE nº 5/2015, publicada em 08/01/2015, determinou a suspensão dos efeitos da Portaria 1.565/2014 "em relação aos associados da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas e aos confederados da Confederação Nacional das Revendas AMBEV e das Empresas de Logística da Distribuição, (...) atendendo a determinação judicial proferida nos autos do processo nº 0078075-82.2014.4.01.3400 e do processo nº 0089404-91.2014.4.01.3400, que tramitam na 20ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal - Tribunal Regional Federal da Primeira Região". Assim dispôs a Portaria: PORTARIA Nº 5, DE 7 DE JANEIRO DE 2015 Publicada no DOU de 08/01/2015 Suspende os efeitos da Portaria MTE nº 1.565 de 13 de outubro de 2014 em relação aos associados da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas- ABIR e aos confederados da Confederação Nacional das Revendas AMBEV e das Empresas de Logística da Distribuição - CONFENAR. O MINISTRO DE ESTADO DO TRABALHO E EMPREGO, no uso das atribuições que lhe conferem o inciso II do parágrafo único do art. 87 da Constituição Federal e os arts. 155 e 200da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de Firmado por assinatura digital em 06/11/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1002C1F2A082FE09B2.. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho.

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