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MESTRADO EM PSICOLOGIA CLÍNICA SÃO PAULO 2009

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

Thais Graciotti Pontes

TROCAS [e silêncios]

MESTRADO EM PSICOLOGIA CLÍNICA

SÃO PAULO

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

Thais Graciotti Pontes

TROCAS [e silêncios]

MESTRADO EM PSICOLOGIA CLÍNICA

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Psicologia Clínica sob a orientação da Prof. Dra. Suely Belinha Rolnik.

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BANCA EXAMINADORA

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7 Este é um livro-troca.

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Marilza e Carlos, pelo apoio inabalável às minhas trocas na vida

Mademoiselle Redin (Mayra) ____________ o ponto da linha que emaranhou todo esse trabalho, pelo carinho e trocas de longa data, tão ensolaradas

Monsieur Bedin ______________ às não-trocas tão produtivas e às queridas orientções-terapia-Brasil-França Mayana Redin _________________________ pelo sorriso silenciosamente colorido

_________ Débora, Luiza, Samuel, Ali, Camila, Fernando, Silvia, Reuber, Fabiana, Bianca, Mainá,Talita, Jamer e todos os que participaram de alguma forma durante os anos de TROCAS

Cris/kekei ___________ pelo carinho, apoio e pelas trocas mais que especiais que renderam tanto pano pra manga

Preciosa, Rosane ______________________________________ pelo estímulo, seja pelas gargalhadas, seja pela produção de novos pensamentos

Paola Zordan __________ pelo guarda-roupa cheio de inspirações às trocas, pela contribuição carinhosa André e Ju___________________ pelas trocas sempre antenadas

Raquel________________________ pelas risadas à beira da janela, choros no ombro sempre em prontidão, amizade repentina (surgiu de uma troca!) e intensamente divertida

Monik, Lelê, Claudinha, Jana, Luisa, Fran, Everson, Val, Sara_______________________ por toda a animação em tempos de tanta concentração

Cacá ________________________________pelo companheirismo

Tânia________________________________ pelo carinho, apoio e revisões

___________________Paula, Wanderley, Sílvia, Ju, Andrea, Lucimar, Adriana, Maristela, e todos os que acompanharam as trocas durante os últimos três anos, pela companhia e colaboração

Rosana Paste_______________ pelas primeiras trocas na arte, infinita dupla, e, sobretudo, por tornar visível as TROCAS

Mariana Moraes, Lucas Aboudib, Bruno Cabús, Thaiz Sabbagh ______________ pelas parcerias

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RESUMO

TROCAS [e silêncios]

provador sem espelhos, sem cortinas e com fôlego para desapegos. Trocas nem sempre são simétricas, às vezes não se recebe de volta o que se dá, ficando completamente desconcertado na nudez da solidão. A troca pode ser uma substituição por outros caminhos, até mesmo um rasgo, daqueles sonoros e estridentes, de roupa apertada, que é a própria inadequação no próprio corpo.

Iniciado como proposta artística em 2004, pessoas são convidadas para experimentar a roupa como dispositivo para os múltiplos sentidos do trocar. Desejo de pensar o poder do vestir o outro através de um styling sensível onde pele, memória, tecido, roupa atravessam os corpos e movem relações em jogo.

Aqui, o trocar se aproxima do intercâmbio, da permuta, da mudança, da inversão, do caótico. A idéia é ativar percepções ao repensar a roupa como meio de expressão e experimentação, impregnando e misturando diferentes universos, na busca do reinventar-se a si, ao outro e ao mundo, numa conversa infinita (retalhos blanchotianos).

Trocar: verbo-conceito. Metodologia dos sentidos ao longo dessa leitura. O próprio termo troca consigo mesmo por conta do acaso, dos acontecimentos ao longo do tempo, impondo outros caminhos para a própria troca. Jogo de sentidos em constante construção. Ensaiar movimentos, pois ginga será necessária para o decorrer da troca.

Escrita longe de ser terra firme, estende o olhar ao desfazer acomodações para provocar o surgimento de um outro lugar ao horizonte. Desfazer-se em palavras, proliferar sensações. Reencontrar na leitura experimental, você, a troca.

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ABSTRACT

EXCHANGES [and silences]

prover without mirrors, without curtains and with breath for indifferences. Exchanges not always are symmetrical, sometimes it is not received of turn what happens, being completely disarranged in the nakedness of the solitude. The exchange can be a substitution by other ways, even a tear, of those resonant ones and strident ones, of tight clothes, which is the inadequacy itself in the body itself.

Initiated like artistic proposal into 2004, persons are invited in order that of exchanging trying on the clothes like device for the hurt multiples. Desire of thinking the power of dressing other through a sensitive styling where skin, memory, cloth, clothes cross the bodies and move relations in play.

Here, exchanging if it brings near of the interchange, of the exchange, of the change, of the inversion, of the chaotic one. The idea is to activate perceptions when the clothes rethought like way of expression and experimentation, impregnating and mixing different universes, in the search of to be reinvented to you, to other and to the world, in an infinite conversation (odds and ends blanchotianos).

To exchange: verb-concept. Methodology of the senses along this reading. The term itself exchanges with you himself on account of the chance, of the events along the time, imposing other ways for the exchange itself. Play of senses in constant construction. To rehearse movements, since it sways there will be necessary resulting from the exchange.

Written far from being a dry land, spread the glance out while undoing accomodations in order that another place to provoke the appearance to the horizon. To vanish in words, sensations proliferate. To meet again in the experimental reading, you, the exchange.

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oi, tudo bem? O trabalho é sobre trocas. 18

notas sobre trocas e interrupções.

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transitoriedade.

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t(r)ocar troca1. encontro.roupa. 36

Troca2. reencontro notas de um elegante dis-pensar.

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troca2. interrupção.

61

notas do silêncio1. 64

notas do silêncio2. 67

troca3. escrita.

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troca4(projeto). roupaemtrânsito.

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uma questão de saída.

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trocas bibliográficas. 88

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Oi, tudo bem? O trabalho é sobre trocas.

Sim, trocas. Trocar o quê? Bem, vamos começar com roupas, mas trata-se de uma rota sem bússola, sem

certezas, onde o inesperado pode vir ao encontro a qualquer momento, mas o importante aqui é ver, sentir,

registrar. Seja lá quem for você que queira entrar nesse provador sem espelhos, sem cortinas e com fôlego

para desapegos. Pois as trocas nem sempre são simétricas, às vezes não se recebe de volta o que se dá,

ficando completamente desconcertado na nudez da solidão. A troca pode ser uma substituição por outros

caminhos, até mesmo um rasgo, daqueles sonoros e estridentes, de roupa apertada, que é a própria

inadequação no próprio corpo. Por isso já aviso: é de se entregar.

“Signo de operações mercantis, encontros amorosos, deslocamentos e transformações, trocar é verbo que

pressupõe relações, seja com objetos, com espaços, com o outro ou consigo mesmo.” (Mesquita, 2009, p. 48)

E aqui, o trocar se aproxima do intercâmbio, da permuta, da mudança, da inversão, do caótico.

Iniciado como proposta artística em 20041, pessoas são convidadas para experimentar a roupa como

dispositivo para os múltiplos sentidos do trocar. Desejo inicial de pensar o poder do vestir o outro através de

1 TROCAS começou como em setembro de 2004, como proposta de uma vídeo-performace entre conhecidos e desconhecidos que se disponham em trocar suas próprias roupas com um outro. Contudo cada peça de roupa deveria ser colocada no corpo do outro de

forma completamente diferente do usual. Os comandos da ação ficavam por conta dos “trocantes”: o ritmo, as peças, quantas

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um styling2sensível onde pele, memória, tecido, roupa, atravessam os corpos e movem relações em jogo.

Trocar: verbo-conceito. Metodologia dos sentidos ao longo dessa leitura. Investigação das sensações a partir

dos vários momentos em que a troca vai se compondo, sobrepondo significados e encontrando desvios

durante os anos de intercâmbios sensíveis. O próprio termo troca consigo mesmo por conta do acaso dos

acontecimentos ao longo do tempo, impondo outros caminhos para a própria troca. Torna-se um jogo de

sentidos que vai se construindo ao longo do tempo. Assim como eu, que troco do lugar de propositora da ação

do trocar, para participante, para sampleadora, para autora. Treinando uma ginga necessária para cada

momento no decorrer da troca.

O provador é diverso para ampliar possibilidades de trocas. Visto com Deleuze e Guattari, me dispo com

Blanchot e Barthes para trocar com Mesquita e Preciosa, e continuamente com Dardot, Gil, Rolnik, Calvino,

Sant’Anna, Woolf, e assim com muitos outros com quem estabeleço intercâmbios conceituais. Parcerias

intensas que vão deixando suas marcas e fragmentos ao longo desta experiência. E claro, com os participantes

das trocas.

A poesia tenta desnortear constantemente. Desarranjo poético que troca sensações com a experiência

vestível. Mergulho que instaura fragilidade na leitura pela escrita que vai se dispondo em meio à paisagem

vertiginosa. Necessidade de delinear todos esses anos de trocas, mas buscando relações com o experimental,

para provocar os sentidos.

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A dica para não se perder nessa rota labiríntica é ir seguindo a costura ziguezagueante que o próprio termo

troca vai cerzindo, mesmo que por vezes de forma frouxa e desconexa. Também é bom lembrar que o

inacabado faz parte do percurso.

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Notas sobre trocas e interrupções

Vamos trocar? Sim, troca. Troque-se. Comece a partir de um movimento sutil. Depois sinta seu corpo, suas

camadas. Olhe para os lados, mapeie as sensações daquilo que está a sua volta sem a busca por contornos

definidos. Aviso desde já que o desconhecido é o que está em jogo. Procure parcerias, pois afinal trata-se de

uma troca, e o outro aqui é muito importante, mesmo que para trocar com você mesmo. Um leve

desconforto lhe tomará por um instante. O corpo ao trocar entra em trânsito. Um trânsito em suspensão, que

experimenta avanços e recuos sem a necessidade de completar nenhum movimento. Mas pode parar por um

instante, o que seu corpo sentir necessidade. A pausa também permite a troca. Contudo não se preocupe

com a simetria durante o processo, o inacabamento é necessário. A ausência estará sempre presente. Uma

leve distorção há de se fazer necessária para que se criem outros tempos e para que a estranheza se

mantenha familiar na relação. Até um desvio é permitido. Mesmo que seja a fuga de algo que seu corpo ainda

não dê conta. Perceba a si mesmo e ao outro como passagem, ensaie entrecruzamentos. A distância

permanecerá, e outras formas de outras relações e outras trocas irão surgir. Movimentos que não findam.

Assim como a escrita. Por isso mesmo, agora eu quem peço a pausa, a interrupção, pois estou tomada por

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transitoriedade

Começo em trânsito, ou melhor, sem começo nem fim, sem saída nem chegada, sem origem nem destino,

“um farrapo imóvel” (Deleuze; Guattari, 1997, p.80).

Talvez seja o mundo em vertigem, e eu

meio

que

deslizando,

vou flutuando nesse espaço ilimitado.

Numa pluralidade de direções perco por instantes a capacidade de reagir. Instantes sem noção de tempo que

produzem o desejo de deslocamento.

Num constante ir e vir, encontro-me em uma intempérie sem fim e sem referências de qualquer terra à vista.

Sem um aqui nem um lá de lugar nenhum.

E o tempo como que desinteressado, passa sutilmente e leva (ou traz?) o instante.

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O trânsito torna-se um vazio de movimentos constantes.

Dimensões indeterminadas, temporalmente também.

Presença mal definida, informe, quase imperceptível, as coisas em estado de suspensão.

A fragilidade toma conta do percurso.

A sensação é de uma jornada, uma aventura distraída sem bússola, sem mapas ou referências locais.

Deixando fugir no silêncio do desencontro de mim mesma, os caminhos ínfimos que permitem ver e ouvir o

imperceptível.

Pois neste percurso “não se trata de descobrir algo, não há o que descobrir. Trata-se apenas de sentir e

deixar-se tocar pelo que passa, deixando marcas na pele.” (Redin, 2007)

Mesmo movimentos silenciosos promovem encontros. Ainda que sejam segundos de encontros, passageiros e

efêmeros, ou mesmo desses que se vê ao longe na paisagem, no olhar que se transforma em tato. Encontros

em trânsito são como uma brisa que percorre os contornos do corpo penetrando velozmente os poros por

apenas alguns instantes, e se vai, deixando marcas indeléveis na alma.

Transitar traz a angústia prazerosa de uma vertigem, mistura de atordoamento e tentação súbita. Mas trata-se

muito mais de um modo de me conectar ao mundo do que simplesmente uma fuga.

Debanda que requer confiança e espera difusa. O percurso desorganiza exigindo paciência e atenção.

Perscrutar - o que parece à primeira vista – insignificâncias requer extrema delicadeza dos sentidos.

E aqui, toda a sutileza é sinônimo de intensidade.

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O estado experimental de inquietação é resultado da atração por paisagens turvas. Talvez por estas serem um

reflexo das minhas constantes paisagens em trânsito, onde tudo passa, sacudida pelas vibrações que me

percorrem.

A cada passagem uma nova paisagem que já não se sente como antes:

“já não é uma imagem de uma partida, ou de um barco abandonando o cais, mas uma profusão de imagens

descosidas, contraditórias, que se sobrepõe, fluxos de multiplicidades.”(Gil, 1987, p. 68)

Itinerário feito de passagens, de pousos muito sutis, pois não há o fixo quando se está em trânsito, nem a

busca por um lugar próprio, mas o desejo de estar, de ser todos os lugares, paisagens e sensações.

Desenvolver a “capacidade de desbravar terra incógnita” (Salomão, 2003, p. 42) na busca pelo desconhecido

que agrega novos olhares em seu desaconchego.

Tentativa de configurar situações capazes de estabelecer um diálogo com fronteiras.

Minhas e do mundo. De meu mundo e o que é meu do mundo.

Contudo, manter-se em estado de disponibilidade é necessário para conservar o vínculo com o mundo e a

partir dele desenvolver uma forma de busca. Mesmo que sejam buscas, várias, múltiplas.

O deslocamento do corpo sobre novas paisagens e o trânsito por ambientes distintos induzem um espécie de

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“Pois é nos desvios que encontra as melhores surpresas”, por isso “há que apenas saber errar bem.” (Barros,

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A perda da direção é estar sujeito, mesmo sem clara consciência, a certo desmoronamento de valores e a um

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“E viajar para fora de qualquer destino é fixar a atenção mais além. É ingressar numa viagem, em que se

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É preciso desviar sem freios para que na possibilidade de qualquer embate, a destruição de sentidos vigentes

faça surgir outras rotas ao horizonte.

Mas a distração provoca e desacomoda.

Desordem.

Ensaio-me movimento para no fluxo do tempo e na esperança de uma brisa (ou um furacão?) cair em terra,

mesmo sem saber bem o que me espera em terras firmes ou o que eu espero de terras firmes.

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Imenso é esse “silêncio em que há lugar para tais ruídos e movimentos”

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Prendo a respiração por segundos, como que para dar a coragem dos últimos instantes, e num movimento

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Impulsionada por lembranças flutuantes, escolho um recorte do mapa onde

há resquícios de encontros outrora intensos.

Completamente desalinhada pelo trânsito, em uma condição toda nova de espaço e tempo, chego quase sem

ruídos de uma queda silenciosa buscando novos contornos.

Na imprevisibilidade da circunstância, punge o desejo de compartilhar com o outro uma conversa confusa,

equivocada mesmo, mas que mude algo, que inverta, converta, substitua, transforme, troque, toque. Um

escambo de si, uma troca com o outro e mim mesma.

Ainda que sem compreender bem, a troca já se fazia presente no meu percurso com o tempo e espaço em

meio a silêncios e mudanças geográficas. Trocar já é relação em seu tempo verbal, por isso me disponho a

intercâmbios confusos em meus trânsitos, para ao me desfolhar em pedaços que não voltam mais, reinventar

outros sempre.

Jogo-me de corpo inteiro mas sem certezas, esperando o inesperado, mas vou, para ver, registrar e sentir uma

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T(r)ocar

Troca1. encontro.roupa

Oi, tudo bem? O trabalho é sobre trocas. Assim, assim. Pode ser? Ok, fiquem parados ali e comecem. Começamos.

Em um dia frio, em meio a uma arquitetura de canto e quina, o branco e o cinza tomam conta do ar, um por

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Num estado de transitoriedade, o encontro. Pessoas vão surgindo na paisagem vertiginosa, amigos de amigos,

conhecidos-desconhecidos. Sutilmente a intimidade toma conta. Mesmo fragilizados mergulham na troca de

corpo inteiro, assim como eu buscando novas conexões.

Desorientação. Sem muitas explicações sobre a proposta da ação, provocar ao outro, para que se efetuem

possibilidades múltiplas e imprevisíveis na incerteza que permite aberturas. Um pouco da minha sensação de

trânsito neste outro que se permite às trocas.

Deslocar de meu lugar geográfico e de pensamento para experimentar e perceber de outras formas, a partir

de outros lugares, como o outro, com o outro e o outro. Não ser um intermédio, nem produtor, nem inventor

de uma idéia, muito mais um provocador, pois não busco a propriedade sobre algo nessa busca, apenas

potencializar espaços de discussão através desse “(des)locamento desconstrutivo”. (Dardot, 2003, p. 20)

Sugerir uma inusitada imersão coletiva que desloca o ambiente do lugar comum, até para eles que são tão

familiares àqueles cantos e quinas. Ainda sem bússola, sinto a oportunidade de aprofundamento, chance de

transparecer, eu e o outro, ao participar de uma elaboração emaranhada de reflexão, ainda que incerta de

rumos, mas na oportunidade de se inaugurar um modo particular e íntimo de se relacionar.

Comandos de uma ação sem um fim pré-determinado em colaborações que mobilizam (e por vezes

desestruturam) o outro no compartilhamento de seu cotidiano íntimo. “Ocorrências” (Bernardes) instáveis em

interações subjetivas, processo que se constrói e desconstrói constantemente a partir da proposta inicial da

troca, promovendo a improvisação de todas as camadas possíveis das relações entre os que se permitem.

Transformação que surge no terreno da trivialidade, da roupa cotidiana como passagem entre os corpos na

proposição artística.

A proposta parte da roupa e do outro. O convite aos corpos dispostos a se reinventar tem a ver com a

aparência e a roupa como dispositivo que aciona os múltilplos sentidos do trocar. Um styling desconcertante

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sentidos do vestir diário, assim como o poder de vestir o outro. Lembrando que a pele, memória e outras

instâncias plenas de vida contornam e atravessam não apenas os corpos, mas também os tecidos e as roupas

que movem relações no cotidiano e aqui, na proposição da troca. (Mesquita, 2009, p. 48)

Desconstrução e reconstrução é sugestão inicial para a ação, com a roupa do próprio corpo, como está, assim

como veio. Sugere-se parcerias, outras já se fazem naturalmente. Ao irem se posicionando, se ajeitando um ao

outro, vão escolhendo suas paisagens para a troca e os comandos iniciais da permuta. O coletivo já está

imperando.

Ok, fiquem parados ali e comecem.

“Fiapo de voz sussurra frases lancinantes a flux” (Ferreira, 2005, p.17), apenas em alguns momentos, para dar

impulso à ação e permitir o encadeamento dos intercâmbios por vir, sempre em cumplicidade com o

aleatório.

Mas a troca deve ter o ritmo e o tempo necessário de cada um, vamos sentindo juntos.

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O registro, feito por uma simples câmera fotográfica que filma apenas alguns instantes de minutos, não só

obriga como permite a constante repetição. Apenas captar o que vai acontecendo repentinamente, sem

pensar muito em enquadramentos e locais. Cada troca vai sugerindo e exigindo uma movimentação, um olhar

diferente, toda uma coreografia que ensaia aberturas aos incidentes e resquícios promovidos pela

experiência.

A ação começa. Pequena em minhas mãos, a câmera torna-se quase imperceptível no ambiente, - embora

perceptível aos min-s de cada um - se não fosse também minha presença ali, meu corpo próximo ao deles,

mas que logo percebo fazer parte da ação, mesmo em silêncio absoluto. E por vezes sou eu quem troca, do

lugar do voyeur para a ação do trocar.

O repetir constante torna a ação confortável, ajuda a sintonizar os corpos mesmo que fora de ritmo. A troca

efetua-se então como processo, um ensaio infindável de si que nunca é o mesmo ao voltar do começo. Talvez

por isso, o desejo de continuar e continuar e continuar...

E por mais que se ensaie movimento, trata-se de uma singularidade da ordem do introcável, da roupa que não

troca mais como antes, mérito da desconstrução.

O fazer de novo afeta por ser interferência direta do tempo no corpo. Memória que conserva na infinitude de

escolhas, a potência do trocar com a roupa do outro. Sobreposições que se fazem no corpo surgindo

impressões imprevisíveis, onde algumas ficam e outras somem.

Na experimentação a roupa torna-se um mapa de diversos caminhos a seguir: uns bifurcam, outros são

passagens bem conhecidas, mas que sempre pedem desvios em algum momento da viagem, e há ainda os

caminhos que levam a becos sem saída. E ao escolher determinada(s) rota(s) há também a mudança do tempo

do outro, que vem seguindo mapas de paisagens completamente diferentes.

Mas nenhum caminho é melhor que o outro, ainda que algumas passagens sejam estreitas e outras sem

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saia-41

rodovia. E mesmo no acaso das rotas sem saída, há sempre uma consciência sensível de que é da ordem da

experimentação, parte do itinerário dessa viagem em que se compartilha com o outro a direção por caminhos

que exigem errância e confiança na diferença.

Nesse labirinto sensível formado por cavas, bainhas, tecidos, golas, uma verdadeira meada de difícil

desenredo, há o embaraço em meio a caminhos que pedem por vezes à repetição, e por outras a pausa em

passagens sem saída. Trata-se de um desprendimento de si mesmo para com composições já conhecidas. O

mapeamento da rota a seguir se faz na ação, no durante, e não há caminho privilegiado, todos são desvios. O

percurso é de pedaços, ou melhor, despedaçado para que a reconstrução seja palavra de ordem, promovendo

rupturas e novas ramificações.

E é nas diferenças mínimas de cada ínfimo intervalo, que vai se desencadear multiplicidade. Implicando uma

afinidade entre os que estão na ação para dar ritmo ao movimento da troca. No pormenor de cada peça de

roupa a expressão do movimento de deslizar para fora de si e de sua reapropriação a partir do outro.

Mas nesse ensaio de uma coreografia do sentir-outro e si próprio me visto com palavras de Gil: “Ora, relação

implica distinção” (Gil, 1987, p.150). Pois é exatamente este o ponto onde está a dificuldade em não se perder

na mistura, nessa dissolução que supõe esvaziamento e fragmentação. Há que se manter atento as

combinações da diferença para estabelecê-la como ponto de partida para os novos moldes e então poder se

aprofundar nesse outro que se permite trocar.

Em meio ao prazer de repetir caminhos diversos na diferença do introcável, a luz ameaça ir embora. Depois de

um primeiro momento acinzentado todos entram para a tentativa da luz artificial. Um abajur de leitura

direciona intimidade para os corpos quase estáticos entre paredes. Movimentos mínimos, embora não

contidos e um despojamento que vai dominando o ambiente, as relações, a ação. Com cada vez menos luz,

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42

Novas duplas se formam, sempre experimentando novos ritmos e locações: banheiro, canto da sala, corredor,

escada. A afinidade vai se fazendo com a conversa silenciosa entre os corpos tornando-se filtro para um

desdobramento de percepções.

Os corpos desaconchegados compartilham sua memória com a saia, com a blusa, com o zíper. O vestir sopra

singularidades de um momento que se deseja constantemente significar. A roupa é desenhada e redesenhada

no corpo e pelo corpo, onde formas se subvertem para criar novos sentidos dessas vivências em processo,

criando aberturas às experimentações em sua maior potência, se permitindo “trocar” através da sua própria

roupa e a do outro.

O toque, o cheiro, o olhar já incorpora a roupa ao espaço interior do corpo. Labirintos vestíveis que negociam

significados a cada troca, em uma dinâmica de interação uma nova organicidade se esboça.

Camadas surgem a cada botão desabotoado, no zíper que abre, dando a sensação de que se trata de lugares

estranhos, que se vê pela primeira vez e, no entanto deixam uma memória que tenta recuperar vazios

esquecidos. Um esbarrar, uma impressão sutil que não explica os resquícios de encontros. Eles não deixam

referências na superfície.

Territórios em processo de reconfiguração onde a pele torna-se permeável e as roupas fluem como líquido,

não se fixam no espaço-tempo, elas vazam, filtram-se no outro corpo e vice-versa. Suas linhas não delimitam

mais forma ou contorno algum, pois não param de se dissolver nesse fluxo constante de intensidades.

Pele-corpo torna-se pele-roupa para serem partilhadas no contato. Potência de afetar, película sensível que

absorve vestígios do mundo, a pele assim como a roupa é intermediária, mediadora.

O corpo torna-se então passagem, se dissolvem as distâncias, forças que atravessam e se desfiguram,

liquefazem, tornam-se vaporosas em meio a um caos vestível. Roupas desajeitadas em corpos agora sem

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Nesse delírio sensível vive-se o outro, molda-se ao espaço da sua parceria. Mas o que está em questão não é a

fusão de dois ou do coletivo, e sim de uma mistura, onde há sempre a consciência de si próprio, mesmo que

disforme em meio ao movimento na relação recíproca, pois para sentir a si mesmo na troca é necessário sentir

o outro, com o outro e vice-versa. A relação que em si é uma troca.

O que me faz pensar que mesmo em uma troca recíproca há sempre a assimetria, dos tempos de um e do

outro, dos movimentos e percursos labirínticos que promovem desvios por esse outro que impõe.

Pergunto-me então: Será que alguma vez dar pode ser neutro? O gesto carrega um sentido, talvez até uma instrução...

Entretanto, não é você que escolhe, mas você que é escolhido, e justamente nesse ser eleito que está o maior

prazer. E nenhuma ação vai ser definitiva para desencadear o que virá em seguida, entra-se de acordo com a

ação e o outro, para então explorar a seqüência que virá. Agilidade e jogo de cintura são indispensáveis nessa

cumplicidade aleatória da reversibilidade com as coisas que por vezes não se pode contrariar, e em outros

momentos, se movimenta com ritmo obediente sem grande esforço, em uma consonância entre opção e

imposição. Forma paradoxal do deixar-se acontecer: deixar o outro querer, poder, saber, deixar o outro

decidir ou desejar. Uma forma de renúncia e de astúcia do desejo, de investimento irônico do outro.

Trata-se do jogo da troca, onde todas as transferências são possíveis. Sensação sublime de embriaguez

promovida pela cumplicidade entre os participantes. Porém para manter a circulação de afetos, destinos e

alteridade, estratégias são essenciais. Embora, por vezes, estas não se façam por conta da distração de tanta

intensidade.

A própria imposição da temporalidade da linguagem do vídeo obriga a uma experimentação sem filtros

causando desconforto de não saber até que ponto a roupa iria adequar-se e se incorporar à outra pele. A

impossibilidade de vestir determinadas peças por medo de não encontrar um lugar certo, mas que logo se

descobre na ajeitação, sujeitação/sujeição da mão do outro o desajeitado do inesperado. A percepção

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acoplando mesmo que por vezes pareça impossível vestir a roupa que vem por receio da roupa do outro de

não se sentir bem no novo corpo. Na experimentação, o próprio vestir também vai dando corpo ao corpo.

Este tenta escapar a todo o momento. Fonte de movimento, é no corpo que vibra o sentido da experiência e

sua relação com o mundo. É necessário escutá-lo para compor suas diversas formas em troca. “Na pluralidade,

o trocar é antes de tudo, uma troca consigo mesmo e seus múltiplos. Difrata-se possibilidades infindáveis de

individuação e torna-se necessário uma gigantesca versatilidade camaleônica para dar conta dessa ‘troca

espectral’ ” (Baudrillard, 2002, p.82).

Pluralidade indefinida que se torna exercício de refinamento das maneiras do sentir através da roupa, de si e

do outro, mesmo que de maneira confusa nesse ser múltiplo, em tornar-se multidão dos entres. Desafio de na

inquietação constante decompor formas e sensações para tecer-lhe ao máximo, novos e vários sentidos em

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O cheiro, o ruído da roupa estranha. Movimento que promove outro movimento, rastros invisíveis de si num

corpo outro. Quando tocado por outra presença em seu corpo, a ausência de si transforma-se no diálogo de

uma mistura que não tem mais volta, pois “o corpo não pode jamais ser totalmente recuperado” (Zumthor,

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Pedacinhos de si trocados. Doa-se para o que aprouver. Passa-se a ser um arranjo de si e do outro. Segredos,

detalhes dos corpos, desejos, movimentos e gostos internos que vão criando uma simbiose entre corpo e roupa. Um desfazimento de acomodações, composto por toques, superfícies, calores, cores.

Através das superfícies dos materiais o esvaziamento dos volumes que se tornam penetráveis e passa a

esculpir o outro. As formas derramam-se, todo tipo de contorno é borrado para recriar-se em matéria fluída,

tornar-se fluxo intensivo de devires.

A roupa é meus diversos corpos.

Por vezes a sincronia entre um corpo e outro se quebra. Culpa da respiração. O cheiro, a sensação não da pele,

mas da roupa-pele que é casca, é fora, e agora atravessada por intensidades infinitas, se confundem entre o

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Desconforto.

As peças chegam sem recusas, não trocam de lugar, se acoplam e passam a pertencer ao outro e na ajeitação,

tornam-se o outro.

Em uma nova textura sensível, a ausência de um lugar fixo. A transparência dos corpos ressalta o excesso de

exposição de suas camadas e extratos de universos subjetivos que por conseqüência provoca a estranheza de

si mesmo e desse corpo que o invade. Mas é impossível domesticar esse estranhamento.

Na órbita das experiências pessoais as trocas tomam diferentes rumos entre sensações, posturas, movimentos

e reações. Mesmo trocando parcerias, há nuances entre estranhamento e conforto. Medo de esvaecer em

meio a tantas reconfigurações.

Até na intimidade masculino/feminino, proximidade de peles muito conhecidas, mas ainda assim ameaçadora

durante a ação. Estranhamento da configuração do sexo oposto. A roupa dela e a dele. A dele nela, a dela

nele. Sensações inesperadas do estranhar alguém tão próximo, que na troca torna-se tão diferente da familiaridade do cotidiano, causando insegurança ao perceber que, mesmo o parceiro mais íntimo pode não

se entregar tanto quanto se esperava...

Lidar com esse desconhecido que surge de todas essas misturas, desenvolver a capacidade de estranhar o seu

próprio corpo e do outro, se permitir sentir esse conjunto de sensações inusitadas e percebê-lo como um

corpo imperfeito e inacabado, em constante processo em meio a movimentos que não findam.

Contudo é um desafio pensar o corpo em suas novas dimensões, numa nova forma de vida sem formas

definidas, onde se devem sintonizar as transfigurações do corpo nessas novas conexões em fluxo. Encarar

essas mutações sensíveis para então inventar novas possibilidades de trocas.

O fragmentar-se, é o que separa e o que se troca. O que vem do outro se torna outro sem que ele sequer sinta

que sente. Um corpo que troca com outro em movimentos aparentemente infindáveis, mas que em um ritmo

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significar uma sucessão infinita de aberturas. Portanto, é preciso fechar a fenda que corre o fluxo de

intensidades para que relações sejam feitas em novos encontros. Anular-se para somar novas forças em um

novo conjunto. Em um encontro-confronto pessoal e coletivo onde se inventam novas combinações,

desenvolvem-se novos traços mesmo que num desejo disforme nos imprevistos da vida que nos singulariza.

Encontrar ou reencontrar o máximo de conexões possíveis, mergulhar numa experimentação sobre si mesmo

e sobre a distância que nos separa. Conquistar uma liberdade de ir e vir, numa continuidade de velocidades

infinitas torna-se uma condição de possibilidade sensível de estar no mundo, de ser um devir outro de cada

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49

Ao final do dia alguém grita: “vamos fazer com meias?” Outra fala: “pega todas, as coloridas!”. Eles mesmos,

os amigos de amigos e amigos já comandavam a situação. Quando vejo já estão todas ao chão, se ordenando.

Tento não deixar escapar cada momento, faço questão de filmar a cena mais colorida e também mais

feminina: dedos, mãos, pés, um pé de bota para um lado, um pé de sapato para outro, fecha o zíper de um,

amarra meia no dedo da irmã, coloca a mão de uma por cima da outra, quase uma brincadeira de criança. E

subitamente uma fala: “Deu? Acho que deu né?” Também são elas que decidem o momento de parar em

meio a um complexo emaranhado de linhas, fios de cores que formam uma teia-meia elástica. Imagem que

costura sentidos para a troca na minha câmera e na minha pele. Neste momento, todos já exaustos de tantas

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Troca2. reencontro notas de um elegante dis-pensar

Tanta intensidade num primeiro encontro me deixou desejando mais trocas. Volto tempos depois numa

mesma época, para o mesmo lugar, com algumas das mesmas pessoas em busca de outras pessoas para

trocar.

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O clima e a vista eram impressionantemente os mesmos. Brisa fria, quase gélida, cinza de parede e céu.

Fui distraída, pela confiança de trocas anteriores tão potentes, pronta a me entregar ao que viesse em novos

momentos.

Começo como no começo.

“Oi, tudo bem? O trabalho é sobre trocas... Assim, ass....Ok,... comecem....”

Uma bordoada me atinge a boca do estômago. A vertigem me chega quando menos espero.

Desconcerto ao perceber que a troca já não é a mesma.

“Quando você pensa que está no caminho certo, logo se vê bloqueado por uma interrupção ou reviravolta.”

(Calvino, 1999, p. 96)

Rompe-se o equilíbrio de outrora.

As mesmas pessoas: dispersão. Pareciam se afastar infinitamente.

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Um encontro do desencontro penso eu. Dessa vez não deu.

Desprendimento (tentativa).

Pela esquerda, pela direita; uma, duas horas depois. Uma questão de saída, sempre do jeito que dá.

Vou tentando ensaiar desvios, e procuro ser partidária a outros tipos de trocas.

Decido então olhar pela fotografia. Pensava em frames. Mas tudo já estava fragmentado. Muita pose para

movimentos tão fluidos.

Experimento então a fala, busco outros sentidos para a troca, sem saber ao certo para onde ir. Desisto de uma

entrevista-troca, pois de repente me tomo surpreendida que “eu havia esquecido como se faziam perguntas”

(Blanchot, 2001, p. 19).

Noto que a pergunta denega o direito do não saber, o direito ao desejo incerto. Põe em ação um pânico com

toda sua precisão afiada que promove a vontade de imprecisão da resposta desajeitada. O nada a dizer não

vale, pois busco uma continuação, qualquer indício de movimento a partir de uma palavra que seja. Tomo-me no lugar de inquisitora onde a pergunta torna-se uma violência a uma situação tão íntima. Como

uma troca que não volta, não devolve, deixa nu e solitário, contra a parede.

Respostas pela tangente: incidentes. “Portanto: descarrilhamento, desvio, giro de agulha” (Barthes, 2003,

p.231). Um esgotamento que exibe um anticonformismo à proposição. Um elegante dispensar.

Suaves derivas que desestabilizam a pertinência, o que impossibilitaria qualquer conversa naquele momento.

Sinto que queriam me falar, mas não encontravam nada para dizer. O interesse em trocar era claro, mas a

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Surpreendo-me traficando o que aparecia na frente, qualquer indício de reciprocidade, buscando sinais,

quaisquer que fossem para outros sentidos à troca. Mas faltam estratégias para dar impulso a esse outro que

se dispõe, e de tão desconcertada, me perco.

Essa certa indiferença do outro acaba por favorecer a decomposição de sensações espontâneas, apontando

um momento crítico de mudança de rumo. O mesmo se torna clichê, estereotipia. É o desejo de sentir de

outra forma.

Ausência da presença de alguns. Fuga. Desvio. Silêncio.

De novo ao ponto: uma questão de saída.

Algo punge. Indefinidademente. Uma dissimetria?

Mesmo “sem almejar ser nenhuma espécie de resposta ou solução para o conjunto de circunstâncias” (Severo,

2008, p. 16) que se mostram cada vez mais instáveis, me domina a inércia como conseqüência do susto. Não

troco. Acho que encontrei uma saída: não deu; não foi.

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Pluft! O botão estourou! O zíper abriu. A saia rasgou. Rasgo com som estridente que já desconcerta só pelo

barulho. Bainha despregada. Roupa íntima que se torna visível sob as camadas de roupas. O desconforto é

como a roupa que surpreende querendo outra forma. Uma inadequação no próprio corpo.

Para quem saiu de trocas anteriores de dentro de um provador sem espelhos, nesta, vejo subitamente o meu

duplo escancarado no reflexo da indiferença do outro. Nua e desfolhada, toda a minha fragilidade em

exposição.

Um encontro que desencontra referências. Desnudar-se diante do intensivo.

A verdade é que sinto com se não pudesse trocar, pois não tenho roupas adequadas para tal ação.

Nua no silêncio.

Desavisada que sou, esqueço que é de se entregar. Agora tudo escorre, escapole. Desavisada de mim mesma.

Proposta de troca que corre e agora eu quem me desnudo. Suspendo e deixo passar o instante. Desavisada

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A dispersão me arranca subitamente as camadas que me cobrem. Completamente exposta, o desconforto

agora é meu como propositor. A não continuidade, a intenção que não volta e deixa tudo solto num

insulamento.

Ainda há troca nesse momento? Mesmo sem o recíproco estar presente?

Paira também o medo de ser um ponto final ou um arremate desses bem apertados que sufocam o poro do

tecido.

O súbito e inesperado embate me faz perceber que cada encontro é sempre diferente, as singularidades estão

em jogo. A ausência de simetria se dá pela diferença nas relações. Deixar escapar. A relação em sua

estranheza. Pois o outro “nos pega, nos abala, nos encanta, roubando-nos de nós mesmos” (Blanchot, 2001,

p.97).

A singularidade da relação se dá justamente em como por em relação às coisas. Árduo trabalho que demanda

ginga de sambista e eu em completo descompasso silencioso.

E a troca? Não sei, ainda.

Dispersão. Ou talvez uma fuga que queira dizer algo que ainda não vejo com clareza?

Sinto uma espécie de torpor...

Entorpecimento que promove um desconforto anestesiante.

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Horas depois, fora do mesmo ambiente-arena inquisitor, fora do ambiente-troca, uma conversa informal entre

os que estiveram no primeiro momento da troca. E para minha surpresa, a troca.

Alguém aqui me pergunta: não teria sido mesmo um logro? De certo, sim.

Mas agora começo a perceber, a troca é com as palavras.

A descontração promove novas formas de diálogo. Sensação de que vamos entrando em compasso

novamente, a passos lentos, mas com ânimo estimulante.

Promessas de continuidade (meio que descontínua, a gente sempre sabe disso) dão fôlego para outra etapa,

outra troca que ainda não se sabe ao certo que rumos irá tomar.

Redes de colaboração vão se encorpando em meio a distâncias e silêncios.

Agora volto a sentir novas paisagens vibrarem. Desejo de que daqui a pouco continue movimento.

Mas, sentir-se desnudo depois de tudo?

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troca 2 . interrupção

Não vamos nos ater ao tempo mensurável por aqui. O que preocupa é a interrupção, a ruptura.

Sei que “a continuidade jamais é suficiente” (Blanchot, 2001, p. 34-35) e que temos que deixar de

corresponder às expectativas da procura de um presente que não vem, que não se torna passagem, como se

não fosse para direção alguma, sem futuro.

Mas nota-se que a troca se torna movimento ao compartilhar sentido com o tempo, por isso inacabada.

Conseqüentemente se mantém sempre aberta a novas possibilidades de intercâmbios , embora por vezes o

que vem nem sempre é o que se espera, ficando completamente avariado na incompletude do trocar. A

assimetria requer fôlego para desapegos.

Os caminhos bifurcam e o distanciamento depois de tantas trocas (e não trocas), gera certo esquecimento que

rompe o equilíbrio reiniciado em outros tempos. E não se trata de uma simples interrupção, mas sim de uma

fissura, mesmo que promovida pelo cansaço do outro e de si mesmo. A troca torna-se uma experiência que

“não é da ordem do repouso, mas da tensão causada pela fratura” (Barthes, 2003, p. 202).

Contudo, encontros nunca são suficientes. Muita lembrança, do que foi e não foi. Acúmulo que gera repetição

no olhar. Golpe fulminante na certa. A intensidade dos encontros era tanta que o mínimo de interferência,

seria arrebatador.

Sendo assim, exercito certo esquecimento para produzir uma “desmemória” do que se disse, e para que nessa

amnésia, cada vez, recomece uma idéia do zero. Mas claro que nada é zerado por completo, sempre há um

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para ser preenchido e na singularidade da troca tomar forma a partir do modo como se criam outros modos

de trocar. Como uma experiência singularizada, em um intercâmbio pela imersão do outro em um contexto

onde as inquietações são compartilhadas para então seguir os múltiplos caminhos poéticos.

As respostas pela tangente em tempos de “i would prefer not to” (Bartleby de Melville, 2005), provocam uma

tensão que gera algo de intensivo às trocas. É a negação que se afirma no grito da diferença sem nenhuma

negatividade. Ao colocar o outro escorraçado à parede, o impondo a um beco aparentemente sem saída,

descobre-se que há ainda a escolha: a negação. Mas como ato de recusa em seguir o caminho proposto em

rotas pré-determinadas e já vistas. O propositor é então forçado a tomar um desvio para outras possibilidades

e a criar novos caminhos a percorrer. Mas invocar o arbitrário para fazer do acaso afirmação, é o que torna a

tarefa mais difícil.

Vou percebendo que essa “fuga” é também uma maneira de estar presente, de mostrar o que realmente

punge/angustia. A relação em si é ameaçadora, mesmo que estranhamente às vezes pareça que não há

relação alguma. São movimentos ínfimos de sensibilidade latente.

Não se trata de um egoísmo. De uma recusa banal. A interrupção torna-se uma generosidade ao destituir-me

de meu próprio lugar de propositora na experiência, reiterando a potência da troca e afirmando o outro

também como propositor de uma nova estratégia. Notar que o comando está nos dois lados, novamente

questão de consciência da distância do entre para encontrar saídas que prolonguem o encadeamento dessa

cumplicidade. Permitir que o aleatório também troque ao tomar responsabilidade sobre a situação

embriagada, deixando a reversibilidade obedecer sem esforço ao entrar em consonância com a ação da troca.

Seguir na deriva para continuar.

O trocar ganha outro sentido. Antes a troca da relação, da mutação e do devir a partir da roupa, agora na fala

e na pausa coletiva a troca sobrevém como uma substituição por outros caminhos. Trocar uma rota por outra,

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Todavia nada pode prever o que está por vir. Compactuar com o inesperado para iniciar alguma forma, seja

ela qual for. Iniciar. Com o outro sempre, produzindo-se com risco, “ancorado apenas na certeza de sua

imprevisibilidade”. (Preciosa, 1995, p. 45)

Para isso, logo no início da partida do jogo, solto um grito surdo:

“Tempo! – concedam-me o direito, mesmo que temporário, de nada saber, de nada pensar, de nada dizer”

(Barthes, 2003, p. 246).

O grito emana em sopro pelos poros, pelos cantos e frestas do meu corpo no tom mais alto e exclamativo em

toda minha solidão coletiva. Um sentir ramificado, embora labiríntico pela difícil escolha de que caminho

tomar, sem saber mais como e com quem trocar.

No entremeio a angústia do paradoxo. Descolada. Desconectada.

Mas sigo, distraidamente. Uma distração nem tão distraída porque, por vezes, para ser pungido, é preciso que

se ensaie uma distração. E o que fizesse, o que pensasse não me desligaria daquela situação.

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Notas do silêncio. 1

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“Gozado, esses desenhos no céu. Parecem eternos. Mudam pouco a pouco durante o ano, mas voltam sempre

ao mesmo lugar. Lembro-me bem das noites de setembro, no ano passado, o céu que olhava quando estava

com você. Fragmentos de conversa, eu não sabia o que fazer, de repente você era um completo estranho. E as

estrelas formavam desenhos que nunca mais esqueci.” (Xavier, 2006, p. 118)

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Notas do silêncio. 2

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Desfiar o tecido-memória de experiências intensas para dar à imprevisibilidade um estado de variação

contínua.

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Não se trata aqui de resquícios de outros tempos, mas de linha-desenho-rota.

__________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________Linhas são mapas,

registro, inventário de caminhos desconhecidas de si mesmo, mas com desejo de novos horizontes e novos

rotas de fuga.

______ __________________________________ __________ ____________________________

Urgência da necessidade de ir para algum lugar. ______________________________________

_________________________________________________Não deixar as linhas emaranhadas sem a chance

de construir novas pontes em novas costuras, sejam elas vestíveis ou não, o que está por vir nunca se sabe.

__________________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________

___ ____________________ _ _ _ _______ _ ____ _ ________ _____ _ ________ ___

_______________ ______ __ _ _ _ __________ __ _ Ávida por linhas mesmo quebradas, para

unir outros pontos também singulares e então compor cruzamentos e entrelinhas._________ Ver onde as

rotas-costuras me levarão. _ _________ ___ Mesmo que elas acabem por me trazer novamente ao lugar de

origem. Não me importo. Pois agora são linhas sem contorno. ______ ____ ____________Inesperado?

Novamente? Sem medo.

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Vou demarcando esse mapa aberto de geografias singulares. _____________________________Contornos

são sutilmente reelaborados ao criar pontes por entre silêncios, ao traçar novas linhas de navegação

desfazendo limites de tempo e territórios definidos ___________ ____ ___________________

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___________________________________________________________________

_________________________________________________________Nessa linha que veste silêncios,

linhasinmim de frouxas costuras existenciais, sempre prontas a se desfazer para se refazer nas costuras da

vida. Permitir lugar para a flexibilidade ao tentar ganhar forma e vida. _________________________

Criar sentido para os momentos que passam __________________ ativar a experiência vivida no presente em

territórios de passagem _______________Incorporar texturas sensíveis ___________preencher de sentidos

espaços relacionais onde o próprio corpo-escrita se torna coletivo num processo de conhecer-se e conhecer o

outro em novos sentidos conjugados ressoando conexões possíveis ____ a todo e qualquer momento ______

__________________________________________________________________________________________

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Agora é momento de costura.

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Costura manual, de alfaiate despreparado, de costureira desajeitada, que brinca com pontos, sem nós ou

arremates, apenas alinhavos. Mesmo que inacabados, toscos, medrosos, mas alinhavos frouxos o suficiente

para que continue o movimento na nuance das diferenças.

Na fragilidade da possibilidade de num momento qualquer romper a linha que une paisagens com suas

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E da pausa, surge o respiro para outra troca, uma troca outra.

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Troca3. escrita

A troca torna-se então palavra.

Durante um intervalo de tempo do encontro, a troca-escrita. A conversa é intensa. Mas novamente, sinto que

não sei fazer perguntas. Prefiro coletar palavras do outro.

O silêncio se veste então de palavras. A escrita como alternativa da troca. Alternativa, por conta da

distância e como rota de fuga. E a interrupção tornou-se não mais conseqüência, mas um respiro.

O que antes estava completamente confuso agora vai entrelaçando novas conexões. A fuga, o deslize, a

deriva, o incômodo, tornam-se o único modo de responder a uma repetição, que em proposta não trazia a

diferença. Contestação a uma troca, naquele momento, sem sentido. Protesto que zomba com silêncio as

armadilhas de uma ação que remete ao fechado, à rigidez. E na troca, para doar, são necessários aberturas e

lugares possíveis até mesmo para o desvio. Espaços para que cada corpo tenha o seu tempo. Em meio a

silêncios e ruídos.

A reviravolta vem pela palavra. Do outro. A palavra novamente mudando a rota, antes fala, agora escrita.

Entremeio de sentidos. Desorganizo para organizar novamente. Reconstruir para tentar criar novas conexões.

“Usuário de fragmentos” (Barthes, 2003, p.182), compartilho a proposta de uma situação com minhas

parcerias transitórias agora não mais tão desconhecidas, mas com a potência de armar e desarmar redes de

colaboração, improviso a partir do acordo de interações subjetivas. A proposição como forma de discurso

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A distância promove um olhar afastado das relações que se afirma na escritura. Começo desconsiderando o

texto como lugar privilegiado, autoral, procuro sujeitar as palavras do outro à desconstrução e reconstrução,

em consonância com as minhas inflexões.

Na escrita ponho este outro em movimento, mesmo anunciando a descontinuidade de uma relação. A falha

convertida em acolhimento da palavra dele que vira corpo ao me apropriar para percutir uns com os outros, a

partir de fragmentos recolhidos e remontados.“É uma troca, uma forma de edição”. (Obrist, 2003, p. 32)

Fragmentos pela flexibilidade, para frustar a linha reta, se fazer desvio em um gesto de delicadeza de quem

evita domar sentidos e admite ir ao encontro de um real descontínuo, dissipatório, frustrante. Sem temer

perder-se pelos caóticos deslocamentos a que nomeamos realidade, o fragmento revela-se um recurso de

invenção. (Preciosa, 1995, p. 26)

O tecido vira papel; o zíper, travessão; o botão, vírgula; a roupa, palavra.

Mas já começo arrancando essa roupa que delimita corpos-palavras. Para mesclar com outras, ou mesmo

deixar exposto camadas desnudas. Samplear para trocar sentidos, ressignificar a fala do outro. Na vontade de

manter a intensidade na diferença que é mistura em transposição, acento de palavra, vogais que rangem,

ruído de consoante que esbarra, desconcordância para ressoar ruído, barulho a serviço de uma nova

flexibilidade tomada em uso criador.

É escrita sem parênteses, para não fechar ou segurar qualquer movimento de escape. A não ser o vazio, esse

pode. Ele escapa a todo e qualquer instante. Preenche qualquer espaço sempre escapulindo, volátil que é.

Nem parentes, nem vírgulas. Por isso a proposta diz: é de se entregar. Ensaiar intenções de transbordar vazios

e procurar na memória das palavras uma “lembrança circular” (Barthes, 2006, p.45), que não deixa acúmulos,

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aparentes, nos espaçamentos e distâncias. A autoria em si vira lembrança em movimento. Somos agora.

Corpo, roupa, papel, palavra.

A impressão (no papel) também é encontro. Na superfície e nas sobreposições. Sem ordem, no acaso das

marcas dos encontros de outrora que se sobrepõem constantemente. Algo entre o efêmero e o indelével.

Mudo as palavras de lugar, recriando sentidos, suprimindo, acrescentando, esvaziando, cortando, costurando,

redizendo o já dito, abrindo possibilidades de novas leituras e novas interlocuções. Desorganizando e

reorganizando, dispersando e deixando a palavra tomar o seu desvio. Nas entrelinhas aguçar a sensibilidade

provocando deslocamentos para que a cada novo arranjo se faça um novo significado, uma nova organicidade

a se esboçar.

O papel se veste da transparência que encontra a opacidade nas palavras. Camadas sobrepõem significados e

histórias que vou recontando a partir de palavras do outro, tentando buscar conexões. Mesmo em recortes

meramente estéticos, para que no aleatório da forma que deixa vazios, se encontre sentidos.

A fragilidade é suporte. A leitura dessa escrita se faz pela transparência das camadas que se conectam apenas

por alguns meros pontos costurados que preenchem os vazios de silêncios entre frases, palavras, letras,

acentos. Costuras que tentam vestir e em outros momentos apenas se deixam afrouxar para dar caimento e

volume ao papel de gramatura delicada. Um desvestir leituras.

Frases, palavras, letras também são suprimidas só restando pontuação, restos. O intervalar em seus

espaçamentos na forma e na visualidade dos livros-troca.

A escrita acontece no tato do olhar, no desejo de tornar a visão carnal ao tocar os livros-troca com a vista, e

apropriar-se dele integrando ao seu corpo pela luz que incide no papel. Terreno sensorial em momento de

leitura. Tornar literária a receptividade dos sentidos, ao “deixar a palavra fugir. O que foge busca memória no

rastro de presente que atravessa. Surge encontro físico, entre corpos que se esbarram; encontro de forças. Ao

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Uma interlocução, uma troca que não se supõe. O leitor é quem ativa a palavra por vir, agora de um lado os

que falam e do outro, os que em silêncio criam a partir da escuta-leitura. Outra forma de dialogar, outra troca,

seja um gaguejo ou silêncio. Palavras reverberam instabilidades no texto com intenção de voz, timbre

embargado e sutil para fisgar o leitor num jogo rítmico imagético.

Escrita que prescindi as circunstâncias da troca inicial, do intercambio de idéias e vivências transitórias e do

compartilhar experiências. Exprimir circunstâncias de troca e envolvimento entre possibilidades de

compartilhamento nos mais diversos ambientes e suportes. E nas convergências a capacidade de estimular

ainda certo número de mudanças de rumo, ajudando a canalizar a reflexão sobre a troca para novas direções,

justapondo pensamentos e movimentos.

Sem contornos definidos – pois não busco a definição – compartilho uma linguagem de pura pele, para

leituras sensíveis. Olhares dispostos a arriscar um mergulho quase cego na transparência difusa das palavras.

Para que o (in)visível seja sua forma de continuar a troca com seus próprios desejos. Ler e ativar o imaginário.

Um enunciador de novas possibilidades de leitura, sem completar-lhe sentido, deixando fendas, rasgos

delicadamente cerzidos e deliberadamente instáveis para continuar a buscar frescor com o leitor-observador.

Esboçar uma construção textual que por si só já é tecido, textura que permite travessias de linguagens para

experimentar os sentidos em toda sua provisoriedade em sua designação plural.

Ao se permitir aos encontros do acaso, os corpos dos participantes das trocas se inscrevem no texto e

intercambiam intensidades com o leitor que irá traçar as vias de circulação de sentido, itinerários sem plano

definido, uma linha à solta.

Mas um gesto qualquer pode literalmente provocar um deslocamento, folha solta, palavras ao vento,

descostura. Mas é ele, o leitor, quem deverá agora lidar com as circunstâncias do acaso e quem sabe até

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Troca4. (projeto) roupaemtrânsito

Trabalho em construção. A troca é feita por correio e e-mail. A roupa é mandada pelo correio e relatos,

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Uma questão de saída

Folhas leves. Soltas, quase.

Agora você quem troca. Como, quando e onde quiser. Imagens-frame.

Velocidade à sua escolha, dentro do seu tempo.

T(r)ocar delicadezas. Escolha seu diálogo.

Inércia? Jogá-las ao vento eu sugeriria.

A palavra então virar sopro e aportar/esbarrar em algum outro, acidentalmente.

Aceitar a efemeridade, não possibilidade de previsão.

Escrever para registrar a impossibilidade de parar o tempo, a ação.

Registro dos resquícios. Marcas em palavras. Para deixar ir-se. Para esquecer. Virar lembrança.

Escrita longe de ser terra firme, mas estende o olhar ao desfazer acomodações para provocar o surgimento

outro lugar ao horizonte.

Desfazer-se em palavras, proliferar sensações.

Reencontrar na leitura experimental, você, a troca.

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t(r)ocar. troca1. encontro.roupa

Canto e quina 1 _________ foto: Thais Graciotti

Troca2. Reencontro notas de um elegante dis-pensar

Canto e quina 2 _________ foto: Thais Graciotti

notas do silêncio. 1

troca-garelices (todas)_________ fotos: Mayra Redin e Thais Graciotti

notas do silêncio. 2

desfiar o silêncio (todas) _________ fotos: Thais Graciotti

trocas bibliográficas

Referências

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