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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE HUMANIDADES DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO CETREDE - CENTRO DE TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ESPECIALIZAÇÃO EM LEITURA E FORMAÇÃO DO LEITOR ÂNGELA MARIA TEIXEIRA DE ABREU

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE HUMANIDADES

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO

CETREDE - CENTRO DE TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO

ESPECIALIZAÇÃO EM LEITURA E FORMAÇÃO DO LEITOR

ÂNGELA MARIA TEIXEIRA DE ABREU

LITERATURA INFANTIL

Leitura e Prazer no Contexto da Biblioteca Pública

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ÂNGELA MARIA TEIXEIRA DE ABREU

LITERATURA INFANTIL

Leitura e Prazer no Contexto da Biblioteca Pública

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Leitura e Formação do Leitor e ao CETREDE, como requisito final para obtenção do título de especialista, pela Universidade Federal do Ceará –

UFC.

Orientador: Denílson Albano Portácio

Fortaleza

Ceará

Setembro de 2005

ÂNGELA MARIA TEIXEIRA DE ABREU

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LITERATURA INFANTIL

Leitura e Prazer no Contexto da Biblioteca Pública

Esta monografia foi submetida à Coordenação do Curso de Especialização em Leitura e Formação do Leitor e ao CETREDE, como requisito final para obtenção do título de especialista, outorgado pela Universidade Federal do Ceará – UFC e encontra-se à disposição dos interessados na Biblioteca da referida Universidade.

Ângela Maria Teixeira de Abreu

NOTA

Prof. Ms. Denílson Albano Portácio

Monografia aprovada em, ______ de ___________________ de 2005.

(4)

Ao meu esposo, Ernandes, e ao meu filho,

Guilherme, pessoas muito amadas e a quem

dedico o meu carinho especial.

À Glícia Conde, pela nossa amizade, pelos

incentivos e pela luz que sempre me envia.

AGRADECIMENTOS

(5)

A Deus, que me deu vida e inteligência, força, garra e perseverança para continuar a caminhada na realização dos meus objetivos.

Ao professor e orientador Denílson Albano Portácio, pela paciência, dedicação e orientação segura na realização deste trabalho.

A todos os professores do Curso de Especialização em Leitura e Formação do Leitor.

Aos meus familiares, especialmente, a minha irmã, Adelaide, que muito me ajuda a não temer desafios e a superar obstáculos, com firmeza e humildade.

Aos funcionários da Biblioteca Pública Capistrano de Abreu, Maranguape, Ceará, que me auxiliaram quando aceitavam meu isolamento para ler e escrever a monografia.

Aos amigos e amigas do curso de Especialização, em especial Márcia, Iolanda, Ana Cláudia, Marilene, Elinete, Derly, com quem convivi e muito aprendi.

Ao colega de trabalho, João Perboyre Barreto, pela digitação e revisão gramatical deste trabalho.

(6)

“Livro é para levar para casa.

É para criança ler com a mamãe, o papai, a vovó, a

família toda!

É um objeto para ser amado pela criança.

Pra ela dormir abraçada, escrever seu nome nele,

colorir suas figuras, usufruí-lo.

Deixe a criança VIVER com o livro.”

Ziraldo

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RESUMO

Este trabalho investiga, através de um estudo exploratório, o prazer que os livros de literatura infantil podem proporcionar às crianças. Apresenta a biblioteca pública como uma instituição de apoio à pais e educadores, no processo de estímulo e desenvolvimento do gosto pela leitura. Além disso, fala do papel do bibliotecário como mediador do contato da criança com o livro e sugere técnicas que podem ser utilizadas, nas bibliotecas, como uma forma de estimular o interesse das crianças pela leitura.

(8)

SUMÁRIO

DEDICATÓRIA ... iii

AGRADECIMENTOS... iv EPÍGRAFE ... v RESUMO ... vi SUMÁRIO ... vii

INTRODUÇÃO ... 8

CAPÍTULO I ... 10

1 CONTEXTO HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL ... 10

1.1 Livro Infantil ... 15

1.2 A Criança e o Livro Infantil ... 19 1.2.1 Fases da leitura: faixa etária do pequeno leitor ... 21

CAPÍTULO II ... 25

2 O PRAZER DA LEITURA ... 25

2.1 Lendo para Crianças ... 27

2.2 A Criança Leitora ... 32

CAPÍTULO III ... 35

3 BIBLIOTECA PÚBLICA ... 35

3.1 Leitura e Biblioteca ... 37

3.2 O Papel do Bibliotecário na Formação do Pequeno Leitor ... 40

3.3 Técnicas de Incentivo à Leitura para Bibliotecários ... 43

3.3.1 Conhecendo o texto ... 44

3.3.2 Cantando antes do texto ... 44

3.3.3 Fazendo dobraduras ... 45

3.3.4 Usando o álbum seriado ... 45

3.3.5 Usando o álbum sanfonado ... 45

3.3.6 Usando as transparências ... 46

3.3.7 Utilizando slides, do Power Point ... 46

3.3.8 Usando o vídeo cassete ... 46

3.3.9 Teatro de fantoches ... 47

3.3.10 Mímica ... 47

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 49

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 51

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INTRODUÇÃO

Os livros infantis, em muito, são utilizados, por pais, professores e bibliotecários, para a estimular as crianças a descobrirem o prazer que a leitura pode lhes proporcionar.

Não faz muito tempo que as crianças passaram a ter um universo de coisas criadas, especialmente e especificamente, para elas. Seu mundo, antigamente, era o mesmo vivido pelos adultos.

Hoje, sabe-se que a infância constitui uma fase muito especial, com características específicas e em nada comparável com a do adulto. Sabe-se, também, que, para auxiliar na formação e no desenvolvimento deste ser é necessário cultivar potencialidades que só lhe trarão benefícios no futuro.

E a leitura é um dos meios que pode colaborar no desenvolvimento espiritual, emocional e intelectual das crianças. Por isso, muitos profissionais, com conhecimentos voltados para esta fase, sugerem que o contato com os livros se dê o mais cedo possível.

O livro proporciona, além disso, diversão e entretenimento, sendo utilizado como forma de distração e recreação. As histórias infantis podem e devem ser usadas para estes fins. A criança, que é bem orientada, pode usufruir destas histórias, tirando proveitos maravilhosos e contribuindo para alargar o dom de fantasiar e re(criar) suas próprias histórias.

Quanto a orientações, esta pode se dar, primeiramente, no lar, na escola e, paralela a elas, na biblioteca. É claro que pais, educadores e bibliotecários devem ser apaixonados por livros, pois o processo de formação do gosto pela leitura só ocorrerá se os mesmos souberem repassar para as crianças o prazer que a leitura pode oferecer.

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Portanto, na tentativa de colaborar com todos os mediadores da leitura, esta monografia compõe-se da seguinte forma:

No primeiro capítulo, a contextualização da história da Literatura Infantil, evidenciando a importância do livro infantil e as conseqüências que ele traz para a criança nas diversas faixas etárias, que vive o pequeno leitor.

No segundo capítulo é possível verificar que a leitura pode proporcionar prazer e outros sentimentos à criança, através da contação de histórias ou da leitura realizada pela própria criança.

O terceiro capítulo reporta-se a biblioteca pública e ao bibliotecário, profissional voltado para colaborar na formação do leitor e conhecedor de algumas técnicas, inclusive de algumas aqui sugeridas, que facilitam o estímulo ao gosto e ao prazer da leitura.

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CAPÍTULO I

1 CONTEXTO HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL

Literatura é arte, e arte é universal, é vida, é linguagem. Coelho esclarece com maior precisão o conceito de Literatura.

Literatura é arte, é um ato criador que por meio da palavra cria um universo autônomo onde os seres, as coisas, os fatos, o tempo e o espaço, assemelham-se aos que podemos reconhecer no mundo real que nos cerca, mas que ali - transformados em linguagem – assumem uma dimensão diferente: pertencem ao universo de ficção. (1980, p.23)

Diversos foram os conceitos de Literatura nos períodos vividos pela humanidade. Na Antiguidade Clássica considerava-se Literatura, apesar de não ter exatamente esta denominação, os gêneros: lírico, épico e dramático. Após a invenção da escrita registrou-se a presença das enciclopédias, onde a definição de Literatura era mesma dada a Gramática, no período medieval.

Nos séculos XVII e XVIII, na chamada Era Clássica, a Literatura era tida como “a expressão da beleza e da verdade que existe na essência dos seres, das coisas e dos fatos [...] expressão que surge através do gênio do artista e a lição dos antigos, isto é, da tradição.” (COELHO, 1980, p.25), ou seja, era uma Literatura vista a partir do real, da realidade nua e crua, que se tinha.

Já a Literatura da Era Romântica veio romper com a rigidez da Era anterior. Nos séculos XVIII e XIX eram a expressão do mistério e o enigma da existência que concentrava o termo literatura.

A Literatura de nossa Era (contemporânea) é definida, paralelamente a partir dos diversos valores sociais, econômicos, políticos e ideológicos sofridos pelo mundo.

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Literatura é conhecer a singularidade de cada momento da longa marcha da humanidade em sua constante evolução.

Desta forma, é possível, também saber como a criança era identificada nas diferentes épocas e como foi sua relação com a Literatura.

A Literatura Infantil tem sua história a partir no início do século XVIII. Primeiramente na França e, difundindo-se na Inglaterra, a Literatura Infantil, como o próprio termo diz, é uma Literatura voltada para a criança. Antes disso, as crianças tinham que acompanhar a vida social e cultural do adulto.

O posicionamento crítico diante de sua essência, tão divergente e contraditória através dos tempos – mesmo quando a situação de “ser criança” era uma incógnita -, coloca-nos diante de uma encruzilhada cheia de ramificações. (DINORAH, 1996, 25)

A criança, que fazia parte de nobrezas era orientada por mentores que administravam suas leituras, como os grandes clássicos. Já as crianças da classe baixa liam e/ou ouviam histórias de cavalaria, de aventuras contadas por seus pais ou pelos velhos senhores da comunidade.

Aos poucos a Literatura Infantil vai se tornando aliada da educação com o objetivo de formar e informar as crianças e os jovens. No século XIX, surge uma literatura informativa, que pretendia auxiliar as crianças a se prepararem para a vida adulta. “A criança tinha que ser ‘formada’ e os livros infantis da época (os contos, principalmente) se prestavam muito bem a isso, com as lições de moral e de bons costumes que ensinavam.” (DIAS, OLIVEIRA, 2000, p. 31).

As crianças recebiam o conhecimento através de imposições e contra isso Montagne

apud Dinorah (1996, 26), dizia que “a imposição é uma violência. Tudo se submeterá ao seu exame e nada se lhe enfiará na cabeça por simples autoridade e crédito.

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modificaram o ensino e a sociedade e estas modificações possibilitaram o desenvolvimento da Literatura Infantil em todo o mundo.

No Brasil, a aliança Literatura x Educação permanece e a Literatura Infantil só veio a surgir no século XX, com a implantação da Imprensa Régia publicando obras pedagógicas e adaptações de produções portuguesas.

Nessa época a população das grandes cidades aumentou e se diversificou. O que antes era formada por administradores e comerciantes, passou a receber indivíduos provenientes das lavouras de café, de empregados ligados a compra e venda deste produto, além, é claro, dos filhos dos fazendários que estudavam nas escolas dos centros urbanos. Por conta disto e, em decorrência “dessa acelerada urbanização que se deu entre o fim do século XIX e o começo do XX, o momento se torna propício para o aparecimento da Literatura Infantil.” (LAJOLO, ZILBERMAN, 1987, p.25)

Diversos autores representaram, nesse período, a Literatura Infantil brasileira. Entre eles, destacam-se: Carlos Jansen (Contos seletos das mil e uma noites, Robinson Crusoé), Figueiredo Pimentel (Contos da Carochinha), Coelho Neto e Olavo Bilac (Contos Pátrios), Tales de Andrade (Saudade), José Saturnino de Costa Pereira (Leitura para meninos) e Laemmert (Aventuras do Barão de Münchhausen).

Para muitos o precursor da Literatura Infantil, no Brasil, foi José Bento Monteiro Lobato. Seus livros, voltados para crianças, mostravam elementos e personagens característicos do povo brasileiro.

Em sua mais célebre obra, Sítio do Picapau Amarelo, Lobato apresenta um país repleto de contradições em que questões nacionais e mundiais eram discutidas a partir de um lugar onde a realidade e a fantasia convivem harmoniosamente. Tudo isso, através de personagens como Dona Benta, Narizinho, Pedrinho, Tia Anastácia, Emília, Visconde de Sabugosa e Jeca Tatu – que foi um dos personagens lobatianos mais importante.

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do Sítio do Picapau Amarelo são arquétipos: Narizinho e Pedrinho, - crianças sadias, alegres e sem problemas [...]. D. Benta, a avó ideal. Tia Nastácia, [...] foi a melhor fonte das estórias que alimentaram a imaginação e a fantasia de gerações e gerações de brasileiros. (COELHO, 1991, p.127)

Lobato foi escritor, jornalista, editor e dono de uma gráfica, seu maior empreendimento, que cresceu devido a importações e maquinário gráfico dos Estados Unidos e da Europa.

No Natal de 1920, lançou, com maior sucesso, sua primeira história infantil, A Menina

do Narizinho Arrebitado. Insatisfeito com as traduções de livros europeus para crianças, ele criou aventuras com figuras bem brasileiras, recuperando costumes da roça e lendas do folclore nacional. E ainda misturou todos eles com personagens da Literatura universal, da mitologia, dos quadrinhos e do cinema. “No Sítio do Picapau Amarelo, Peter Pan brinca com o Gato Félix, enquanto o Saci ensina truques a Chapeuzinho Vermelho no país das Maravilhas de Alice.” (MONTEIRO Lobato, http://www.lobato.globo.com)

[...] e com esta obra inicia de fato a Literatura Infantil brasileira, rompendo então com um sistema ultrapassado, oferecendo ao público infantil brasileiro, uma leitura cheia de fantasia e bem mais próxima do universo deles. Embora fosse uma obra para leitura escolar, tinha como objetivo captar a atenção da criança e diverti-la. O livro lançado era uma história que se passava em terras brasileiras, mas precisamente São Paulo e era cheio de imaginação, as personagens viviam uma realidade dentro da fantasia ou vice-versa, era difícil definir. (FÉLIX, 2005)

Lobato foi também pioneiro na transmissão de conhecimento e idéias em livros que falam de história, geografia e matemática.

Depois dele, muitos outros autores seguiram o exemplo de Lobato, e a Literatura Brasileira, a partir daí, especialmente a infantil, tornou-se mais forte e expandiu-se com maior aceitação pela população.

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Devido a isso, as crianças puderam então escolher e adotar seus livros, independente do fato deles terem sido ou não escritos para eles.

A partir daí, o livro infantil tornou-se mais atrativo e mais acessível às crianças. Mas para que o pequeno leitor possa ter acessa-lo, faz-se necessário que hajam incentivos, grandes ou pequenos, dos pais ou os professores. O importante é que esses pequenos possam enriquecer sua vida conhecendo histórias maravilhosas que só podem ser encontradas nos livros.

A Literatura tem o objetivo de transformar o indivíduo. De forma escrita ou oral, pode-se receber e renovar os valores repassados por esta Literatura.

É no sentido dessa transformação necessária e essencial (cujo processo começou no início do século e agora chega, sem dúvida, às etapas finais e decisivas) que vemos na Literatura Infantil o agente ideal para a formação da nova mentalidade que se faz urgente. (COELHO, 1999, p. 15)

Tanto a escola, como a biblioteca, como o próprio lar são ambientes que podem colocar a criança diante de mundos e situações que só a Literatura Infantil oferece.

Atribuições maiores são dadas às escolas, na estimulação da criança à leitura. Mas poucas são as instituições educacionais que têm em seu currículo a disciplina de Literatura Infanto-Juvenil como uma atividade prazerosa, provocativa e reconstrutora.

Então, a tarefa de formar leitores fica mais difícil ainda, pois agora temos que, quase unicamente, desempenhar tal coisa no espaço escolar. E como fazer o caminho corretamente se a escola é, ainda, o maior representante institucional da repetição, da mesmice semiótica, de valores estanques e padrões de comportamento anacrônicos, em que a diferença ameaçada os moldes estabelecidos pela ordem da razão e da ciência? Como ensinar a ler o texto pelo avesso, desmontando-o para encontra-lo numa leitura produtora de sentidos, numa escola que, [...], não respeita as diferenças, avalia injustamente, impede a criatividade e “engarrafa” todos dentro de padrões preconceituosos, mutilando qualquer gesto espontâneo, original, criativo e inteligente? (CAVALCANTI, 2002, p. 76-77)

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aos contextos de interdisciplinaridade escolar.” (2002, p. 77). Ele deve ter a função de dar alegria, exercitar e alimentar o espírito.

Assim também deve ser o trabalho dos profissionais das bibliotecas públicas. O bibliotecário tem que proporcionar à criança o poder de se encantar e ter prazer com o mundo mágico das letras.

Cabe, portanto, aos professores e bibliotecários gostar mais de ler sem se cobrarem ou sem cobrar as crianças a leitura realizada. Para provocar o gosto pela leitura eles têm que ensiná-las a ler sem imposições, sem determinações de tempo, sem avaliações, ler apenas, por puro prazer de ler. Dar condições para o livro ampliar, somar, acrescentar, e tornar a criança uma leitora crítica.

1.1 O Livro Infantil

Não há nada mais encantador do que chegar numa livraria, ou numa biblioteca, ou até mesmo numa casa e perceber que lá existe um espaço reservado para os livros e, melhor ainda, que crianças se envolvem com os livros infantis, ali existentes, com a maior naturalidade e com o maior prazer.

Esse deve ser o objetivo do livro infantil, encantar a criança (ou até mesmo o adulto) desde a sua capa até o fim. É objetivo, também, fazer com que o leitor viaje por suas páginas e conheça locais, pessoas e situações diferentes.

O livro infantil, e as histórias nele contidas podem auxiliar no desenvolvimento e na intelectualidade do pequeno leitor.

O livro é um meio de comunicação importante no processo e transformação do indivíduo. Ao ler um livro, evolui-se e desenvolve-se a capacidade crítica e criativa.

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Segundo Goes (1991, p.22), a função primordial do livro infantil é a “estética formativa, a educação da sensibilidade, pois reúne a beleza da palavra e a beleza das imagens.” E continua dizendo que, “o essencial é a qualidade de emoção e sua ligação verdadeira com a criança. Há emoções poéticas que, presentes ou não no livro infantil, são diretamente acessíveis a todas as crianças.”

Os livros infantis são escritos para as crianças, lidos pelas crianças, mas comprados pelos adultos, porém escolhê-los não é uma tarefa fácil.

Para escolher um bom livro infantil é necessário seguir alguns critérios que podem estar intrínsecos e extrínsecos ao livro.

Em primeiro lugar é preciso levar em consideração a criança e suas necessidades, como: idade, interesse, sexo, escolaridade e nível de desenvolvimento. Sabendo um pouco sobre a criança maior é a possibilidade de acertar na escolha.

Com esses dados pode-se consultar especialistas no assunto (professores, bibliotecários, pais e até outras crianças) ou catálogos das editoras de forma a ter um direcionamento mais preciso da hora da compra.

Anteriormente, falou-se nos elementos intrínsecos e extrínsecos dos livros infantis. Especificamente, como elementos intrínsecos do livro infantil pode-se considerar: o assunto, que deve atender as necessidades e interesses da criança; adaptação à idade da criança, levando em consideração “o desenvolvimento psicológico, intelectual e espiritual do jovem leitor” (GOES, 1991, p.23) e, a não infantilização, pois os valores, assuntos e linguagem do livro devem corresponder ao desenvolvimento da criança.

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Infelizmente, o consumo de livros por crianças tem diminuído, devido ao alto valor da venda e, por causa de outras formas de entretenimento mais acessíveis, como filmes, revistas e programas de TV. Para confirmar esta afirmativa Vaz, informa:

Crianças não mais lêem livros como já não fazem um monte de coisas como antigamente. Dentre os produtos da chamada “indústria cultural”, pelas características valiosas do livro, até lhe outorgamos um status mais elevado. Mas reconheçamos também que o livro é um produto cultural que segue as leis de mercado. (1997, p. 24)

Dinorah (1996, p. 17–18), diz que as novas tecnologias vieram para servir ao homem. Mas acrescenta: “[...] se esse homem não tiver acesso à cultura e ao conhecimento, que tem suas bases na palavra escrita, essa mesma tecnologia poderá escravizá-lo e empobrecê-lo cada vez mais.”

A criança brasileira passa, em média, seis horas diárias em frente à televisão, e, na sua maioria, ignora a fantasia de uma história, a ternura de um poema, o mistério de uma lenda, o mágico encontro com um livrinho. A tevê, como processo, é uma das maiores invenções da humanidade. [...]

Mas não veio para substituir o livro, e sim para somar-se a ele, dando o primeiro enfoque da comunicação, a ser aprofundada na leitura e na pesquisa. (DINORAH, 1996, p. 20-21)

Se os livros infantis não possuem público, fatidicamente, a produção será menor ou não terá produção alguma. Mas havendo público, obviamente os editores melhorarão a qualidade dos livros e oferecerão livros bons, bonitos e duradouros.

Por isso, é necessário que os livros possuam atrativos que possam cativar as crianças. Casasanta (1974, p.34-35) apresenta sugestões de alguns critérios para avaliar a qualidade de livros infantis.

1. Conteúdo:

A.Tema - Qual é o tema?

- Ele é interessante e apropriado às crianças a que se destina? - É parte natural da história?

- Evita lições de moral?

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B.Enredo

- O livro apresenta uma boa história?

- O enredo é dinâmico, atraente, equilibrado? - Envolve cenas de ação e suspense?

- Apresenta situações plausíveis sob o ponto de vista de costumes e moral? - É isento de preconceitos?

- A trama é bem arquitetada e desenvolvida?

C.Personagens

- Os personagens são convincentes, vivos, reais, autênticos? - Pode-se reconhecer seus defeitos e qualidades?

- O autor evita estereótipos?

- Os personagens apresentam sinais de crescimento e desenvolvimento de caráter?

D.Estilo

- O estilo é apropriado ao assunto do livro?

- Apresenta a história com clareza e simplicidade? - O diálogo é natural e adequado aos personagens?

- O vocabulário é apropriado? - Há riqueza de expressão?

- Há senso de humor, beleza e fantasia?

- O livro é bem escrito? (O estilo é claro, expressivo, direto, agradável de ler?)

2. Formato:

- A aparência do livro é atraente? - As ilustrações valorizam a história?

- São atraentes, de acordo com o nível do leitor e relacionadas ao texto? - A impressão é boa, as letras, são claras e apropriadas ao nível dos leitores?

- O livro apresenta acabamento bom e durável?”

Munidos dessas sugestões e critérios basta, após a compra, deixar as crianças usufruírem os livros adquiridos e, com a devida orientação, estimular, acrescentar, a elas, o principal objetivo que é o de fazer amar a leitura.

Para Cecília Meireles apud Dinorah (1996, p. 29), “a literatura infantil melhor é a que as crianças lêem com prazer.”

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1.2 A Criança e o Livro Infantil

Até algum tempo atrás, acreditava-se que a criança fosse um adulto pequeno ou um simples ser sem muita importância, cujas diferenças do adulto se limitassem a tamanho e se reduzissem a aspectos quantitativos.

Hoje, sabe-se que a infância constitui uma fase especial de evolução e formação, com suas especificidades e complexidades, em nada comparável com o adulto. “Formar o leitor é algo sutil e democrático, a exigir, [...], a única pedagogia possível: A do afeto e da liberdade. (DINORAH, 1996, p.18)

Foi só a partir do século XVIII, depois que a criança se separou dos adultos, pois já freqüentava a Escola, que começou a existir como criança, se firmando, definitivamente, na segunda metade deste século, na família e na sociedade burguesa.

A família assume seu lar e suas crianças, abolindo o hábito, até então persistente, da “sociabilidade” (agrupamento fora do lar), criando a sua privacidade e desenvolvendo assim a afetividade, onde a criança passou a encontrar o verdadeiro clima de infância. (CARVALHO, 1989, p. 87)

Infelizmente, nem todas as crianças eram privilegiadas. Haviam as que, por não serem bem nascidas, acabavam sendo exploradas em trabalhos perigosos, como limpadores ou faxineiros. Suas vidas, muitas vezes, se transformavam em histórias, poesias e até mesmo óperas, nas mãos de grandes e célebres, ou não, autores, como: William Blake, Charles Dickens, Lisa Tetzner, Charles Kingsley, Andresen e Benjamim Britter, entre outros.

A criança, então, passou a ter um espaço especialmente reservado para si nas diferentes formas de expressão da arte: na música, na poesia, nos contos de aventuras, de fada e, nas ciências, como a Pedagogia e Filosofia.

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viagens de Gulliver, e Moby Dick, por exemplo. Os Irmãos Grimm – que reabilitaram os contos de fada – foram seguidos por Hans Christian Andersen e Perrault. Além de Collodi, Lewis Carrol, Antoine de Saint-Exupéry, Mark Twain, Mattew J. Barrie, Júlio Verne, Tolstoi, Adolfo Simões Muller, João de Barros, France Burnelt, e muitos outros espalhados pelo mundo inteiro e em diferentes tempos, que fizeram da Literatura Infantil um marco maravilhoso e que encanta a todos.

No Brasil, só após a vinda da Família Real, é que novos horizontes se abriram para as crianças, quando, nas escolas, utilizou-se livros recreativos. Porém, a Literatura Infantil só veio desabrochar nos fins do século passado, a partir de investimentos mais intensos voltados para a educação.

O conto, o folclore, a fábula, o teatro, a poesia, tudo passa a ser um motivo de adaptação para o recrear e o educar. E diversos autores surgem em prol da criança.

Alberto Figueiredo Pimentel foi um autor brasileiro que publicou o primeiro livro infantil: Contos da Carochinha. Esses contos eram adaptações e traduções de outros países. Em seguida, em 1896, publicou Histórias da Baratinha.

Arnaldo de Oliveira Barreto foi outro autor que presenteou as crianças com obras adaptadas da mitologia grega, contos orientais, portugueses, alemães e franceses. Além de ter sido o primeiro tradutor de O Patinho Feio, de Andersen.

Seguindo esses, também outros autores enriqueceram a Literatura Infanto/Juvenil brasileira, tais como: Manuel José Gondim da Fonseca, Thales Castanho de Andrade, Viriato Correia, Renato Sêneca Fleury, Vicente Paulo Guimarães, Érico Veríssimo, Cecília Meireles, Vinícius de Moraes, Monteiro Lobato e Cid Franco.

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onde a criança, desinibida e autêntica, é livre para ser criança. E é isso que é importante. Ele não mente à criança, mas não lhe impõe os problemas.”

Sua obra infantil inspirou e, ainda inspira, educadores, escritores e teatrólogos do Brasil e do mundo afora.

Com essa atenção exclusiva voltada para as crianças, muitos livros infantis passaram a ser editados, respeitando as fases do desenvolvimento da criança e sua faixa etária.

1.2.1 Fases da leitura/ faixa etária do pequeno leitor

A Literatura Infantil com seus elementos lúdicos, cheios de fantasias e realidades, deve situar a criança dentro de seu universo, da sua estrutura psicológica e mental.

Segundo estatísticas internacionais, forma-se o leitor mais ou menos até os quatorze anos de idade, num processo que deveria ter raízes no lar, onde a criança, desde os primeiros meses, tivesse chance de conviver com a magia das histórias, lendas e poesias, narradas pelos pais, e com livros adequados a esta fase. (DINORAH, 1996, p. 18)

Por isso, a partir da Psicologia Experimental foi possível identificar os diferentes estágios de desenvolvimento psicológico nas diversas fases de idade da criança.

Conforme Coelho (1991, p. 28),

a inclusão do leitor em determinada “categoria” depende não apenas de sua faixa etária, mas principalmente da inter-relação existente entre sua idade cronológica, nível de amadurecimento bio-psíquico-afetivo-intelectual e grau ou nível de conhecimento/domínio do mecanismo da leitura.

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Os jogos sensoriais, para crianças com menos de um ano, se caracterizam pela manipulação de objetos, pelo prazer do ruído produzido pelo bater e o arremessar.

Os jogos motores, a partir de um ano a um ano e meio, estendendo-se até os quatro ou cinco anos, é caracterizado pelo movimento, pela utilização do gesto, a ação.

Os jogos de ficção, entre dois e três anos de idade, até aos 8 anos marcam a fixação de Literatura com a atividade simbólica, onde a criança se interessa pelas estórias, a fantasia e o faz-de-conta e a transforma em sua realidade.

Nos jogos de construção ou fabricação, para crianças aos noves anos, ela, a criança, se preocupa com os objetos, sua fabricação, como montá-los e desmontá-los.

Quando a criança começa a gostar de aventuras, mistérios, contos policiais e está predisposta a adquirir e compreende o mundo que a cerca, ela está vivendo o jogo de aquisição, nos seus oito anos de idade.

E, finalmente, os jogos intelectuais, a partir dos dez aos doze anos, nos quais a criança adquire a capacidade de escolher, de racionalizar e de refletir e desenvolver sua capacidade crítica-reflexiva.

Quanto a faixa etária e conforme Bamberger (1991, p. 33-35), pode-se caracterizar as fases de leitura desta maneira:

a) Idade dos livros de gravuras e dos versos infantis (de 2 a 5 ou 6 anos). Assim caracterizada por Beilinch: “Fase inicial integral-pessoal, egocêntrica”. (...). Durante seu desenvolvimento dá-se a separação entre o ego e o meio ambiente. Os livros de gravuras ajudam quando apresentam objetos simples, sozinhos, retirados do meio em que a criança vive.

b) Idade do conto de fadas (de 5 a 8 ou 9 anos). Caracterização de Beinlich: “Idade de leitura de realismo mágico”. Nessa fase do seu desenvolvimento a criança é essencialmente suscetível a fantasia. Isso é válido para todos os temas escolares, até para a geografia e a ciência.

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pseduo-realisticamente mascarado. A criança começa a orientar-se no mundo concreto, objetivo. As perguntas “Como?” e “Por quê?” são casa vez mais freqüentemente acrescentadas à pergunta “O que?”.

d) Idade da história de aventuras: realismo aventuroso ou a “fase de leitura não-psicológica orientada para o sensacionalismo” (de 12 a 14 ou 15 anos). Durante os processos de desenvolvimento pré-adolescentes, a criança, pouco a pouco, toma consciência da própria personalidade. (...). O interesse dos leitores pode ser despertado principalmente através do enredo, dos acontecimentos, do sensacionalismo.

Desde a mais tenra idade a criança cultiva o prazer de ouvir, tanto a voz do outro quanto a sua própria voz. Ouvir historinhas, músicas alegres, versinhos engraçados são muitos significativos para ela.

Para o educador dessa criança, os pais, irmãos e/ou professores, o primeiro trabalho é o de formar o gosto pela leitura. Entretanto este gosto deve ser criado com boa e bem escolhida leitura, para que a criança possa sentir o prazer que só a leitura pode proporcionar.

O livro leva a criança a desenvolver: - criatividade;

- sensibilidade; - sociabilidade, - senso crítico,

- imaginação criadora.

E algo fundamental: o livro leva a criança a aprender português. (DINORAH, 1996, p.20)

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CAPÍTULO II

2 O PRAZER DA LEITURA

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A leitura do mundo acontece desde os nossos primeiros contatos, como por exemplo, o contato com o áspero, o macio, o frio, o calor, o som estridente, o som agradável, o cheiro bom e ruim, o abraço gostoso de quem se ama e tantos outros.

Da mesma forma é o processo para se aprender a ler. Aos poucos, a leitura pode ser inserida na vida da criança. É fundamental a aproximação desde cedo, da criança com a narrativa, se possível desde o berço, facilitando sua interação com o livro como brinquedo.

O gosto pela leitura é um ato sempre copiado dos pais e a interação deve acontecer livre, possibilitando à criança rabiscar e entrar em contato com o prazer que o livro propicia.

O hábito de contar histórias, antes dos pequenos dormirem, é também uma maneira de iniciá-los na leitura. Apresentar, neste momento, o encantamento é dar condições para que o livro e a leitura se tornem algo lúdico e prazeroso.

É também suscitar o imaginário, é ter a curiosidade respondida em relação a tantas perguntas, é encontrar outras idéias para solucionar questões (como as personagens fizeram...). é uma possibilidade de descobrir o mundo imenso dos conflitos, dos impasses, das soluções que todos vivemos e atravessamos – dum jeito ou de outro – através dos problemas que vão sendo defrontados, enfrentados (ou não), resolvidos (ou não) pelas personagens de cada história (cada uma a seu modo)... É a cada vez ir se identificando com outra personagem (cada qual no momento que corresponde àquele que está sendo vivido pela criança)... e, assim, esclarecer melhor As próprias dificuldades ou encontrar um caminho para a resolução delas... (ABRAMOVICH, 1999, p. 17)

O termo prazer, segundo Barbosa, significa “agradar, aprazer, comprazer, júbilo, satisfação, alegria, contentamento, divertimento, festa, regozijo.” (1999, p.425).

Quanto ao processo de leitura, pode-se dizer que essas definições estão totalmente relacionadas, pois são, justamente, esses sentimentos que são despertados no leitor, em qualquer estágio da vida, no momento da leitura.

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Se ela não tiver esse incentivo, da família, vai acabar se distanciando do universo da leitura. E a leitura tem que despertar o interesse da criança em descobrir mundos novos. Ela deve ter prazer e não ler por hábitos. Ter curiosidade e poder escolher o que vai ler, sem obrigação, sem cobranças.

Alves retrata, muito bem, o que foi acima descrito:

Lembro-me da escola primária que freqüentei. Havia uma aula de leitura. Era a aula que mais amávamos. A professora lia para que nós ouvíssemos. [...]. Quando a aula terminava, era uma tristeza, Mas o bom mesmo é que não havia provas ou avaliações. Era prazer puro. (2004, p.19).

No tocante a orientação, cabe ao educador, fazê-lo da melhor forma possível orientando e melhorando o contato da criança com o mundo dos livros.

Ler contos, lendas e histórias com personagens reais prende a atenção. A criança tem que degustar, sentir o gosto das leituras escolhidas ou criadas por elas.

O prazer durante a leitura deve estar também nos detalhes. A capa do livro, por exemplo, influencia, e muito, a sua compra ou desperta na criança o interesse pela leitura em bibliotecas.

É preciso conscientizar a criança dos valores que a leitura desperta, tornar a leitura interessante aos olhos da criança, como uma fonte de surpresas e descobertas. Como já foi dito, é a partir dos dois anos de idade que se deve iniciar o contato da criança com o livro, pois é nessa fase que ela começa a desenvolver o jogo simbólico da linguagem. Para ela não é a narrativa que vai importar mas sim, “o livro como objeto visual, o brinquedo-livro: forma, cor, ilustrações e letras que dizem alguma coisa.” (CARVALHO, 1989, p. 197).

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A leitura feita pelas pessoas que rodeiam a criança desenvolve nela o desejo de ler por si mesma, tão irresistível quanto o desejo de começar a andar sozinha.

É lendo que se aprende a ler, a escrever e a interpretar, formando assim um verdadeiro leitor, leitor do mundo que o rodeia.

É importante estimular a leitura na criança como uma experiência valiosa e prazerosa. Isso será uma grande fonte de satisfação tanto para as crianças quanto para os adultos que as acompanharem nesta aventura.

2.1 Lendo para Crianças

Por que contar histórias?

Contar histórias é a mais antiga das artes. Antigamente, o povo sentava ao redor do fogo para esquentar, alegrar, conversar, contar casos.

Com o aparecimento da imprensa, jornais, revistas e livros se tornaram os agentes culturais dos povos. Para trás, ficaram as fogueiras e os velhos contadores. Mas as histórias ficaram incorporadas à nossa cultura. Em casa pode-se ouvir da voz da mamãe, da babá ou de outras pessoas queridas, as mais belas histórias, contidas nos mais belos livros, para o encantamento da criançada.

A Literatura Infantil, como já se sabe, é um alimento precioso que deve fazer parte do cotidiano da vida da criança desde a mais tenra idade. As crianças têm um mundo próprio, povoado de sonhos e fantasias que, muitas vezes, é invadido pelo mundo do adulto, o mundo real e racional. Para a criança, somente haverá interesse pelas coisas reais se ela puder encaixá-las no seu mundo de cores e fantasia.

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momento de humor, de brincadeira, de divertimento... (ABRAMOVICH, 1999, p. 17)

As histórias, de alguma forma, ajudam as pessoas que lêem. Através delas, é possível uma pessoa ser tocada. Histórias que aconteceram de verdade, histórias de vida ou histórias de fazer rir, chorar ou pensar são aquelas que marcam a personalidade de qualquer pessoa (criança ou adulta).

[...], o homem é por natureza e essência sujeito da narrativa, portanto um contador de histórias. A natureza humana mergulha na mais absurda complexidade no momento em que se banha no universo da linguagem. Daí para frente, tudo nos é escorregadio e permanentemente transformado pela palavra. (CAVALCANTI, 2002, p.63)

Confirmando a afirmativa Carvalho diz que “a leitura é o meio mais eficiente de enriquecimento da personalidade: é um passaporte para a vida e para a sociedade”. (1989, p. 194).

É ouvindo histórias eu se pode sentir (também) emoções importantes, como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranqüilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente tudo o que as narrativas provocam em quem as ouve – com toda a amplitude, significância e verdade que cada uma delas fez (ou não) brotar... Pois é ouvir, sentir e enxergar com os olhos do imaginário. (ABRAMOVICH, 1999, p. 17)

Essa leitura, portanto pode levar a criança a adentrar ao mundo maravilhoso do prazer e da fantasia. Para isto é necessário que, em momento oportuno e de forma bem orientada, a criança seja apresentada a este mundo. O maravilhoso é um dos mais importantes elementos na literatura destinada às crianças. Assim, conclui a Psicanálise, ao provar que os significados simbólicos dos contos maravilhosos estão ligados aos eternos conflitos que o homem enfrenta ao longo de seu amadurecimento emocional.

Não sabendo ler, a criança pode ter numa outra pessoa o interesse despertado. Nem todo livro pode ser lido pela criança, mas quase todos podem ser narrados, contados a ela.

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 até os quatros anos de idade, ela gosta de ouvir pequeninos textos sonoros e ilustrados. Elas gostam de repetir sons produzidos por coisas, animais e outros, ou seja, sons onomatopéicos. São de grande efeito as repetições o canto e outros recursos sonoros.

 dos quatro aos sete anos, começa a idade dos Contos de Fadas ou do realismo mágico. Os Contos de Fadas são responsáveis pelo forma modelar, primária da narrativa, e imprescindível do crescimento afetivo da criança. É quando a criança pode escolher, desprezar e interpretar conto, conforme o seu desenvolvimento. É considerado o período mais rico da infância porque nele a criança realiza o fenômeno mais importante da vida humana: a linguagem.

 A partir dos dez anos a criança, além de gostar de ouvir histórias passa a gostar de lê-las, também. Então as aventuras fantásticas, os contos policiais, biografias e literatura nacional devem fazer parte da sua realidade.

Lembra a Psicanálise que a criança é levada a se identificar com o herói bom e belo, não devido à sua bondade ou beleza, mas por sentir nele a própria personificação de seus problemas infantis: seu inconsciente desejo de bondade e de beleza e, principalmente, sua necessidade de segurança e proteção. Identificadas com heróis e heroínas do mundo do maravilhoso, a criança é levada, inconscientemente, a resolver sua própria situação, - superando o medo que a inibe e ajudando-a a enfrentar os perigos e ameaças que sente à sua volta e assim, gradativamente, poder alcançar o equilíbrio adulto. (COELHO, 1991, p. 51)

O ato de ouvir histórias dá condições a criança de criar e inovar a partir do conto. Algumas técnicas podem ajudar neste processo:

- utilizar as ilustrações do próprio livro;

- criar outros estímulos visuais com objetos e figuras;

- usar estímulos auditivos para acompanhar a narrativa, como músicas, frases, palavras repetitivas e interessantes; alterar o timbre de voz ao contar. (STEFANI, 1997, p. 23).

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repertório, histórias que tenha gostado e que possa contar os mais variados estilos de histórias: engraçadas, de aventuras, de amor, de fadas, de suspense, entre outras. Outra recomendação é que é possível comentar as histórias com as crianças evitando perguntas formais como: “Gostaram? Por quê?”.

Quando comentar o conto é interessante que a criança retribua através das respostas as partes que mais lhe chamaram atenção, de que mais gostaram ou quais personagens eles se identificaram.

As histórias são fontes maravilhosas de experiências. O contador deve se propor a compartilhar estas experiências e o prazer de ler, aproximando o livro da criança, deixando ela fazer suas escolhas, lendo o texto e mostrando as ilustrações, ouvindo atentamente, respondendo às perguntas, observando e respeitando suas reações. Por meio das histórias as crianças ampliam seu vocabulário e seu universo.

Além disso, existe todo um ritual na contação de histórias que, de alguma forma, mesmo nos dias de hoje, deve ser levado em consideração. Contar um conto exige que se prepare devidamente o ambiente. Que os ouvintes sejam preparados para a entrega, que possam confiar naquele que narra, pois penetrar nas densas florestas, grutas e cavernas exige confiança. Portanto o contador deve estabelecer um vínculo com a sua audiência. [...]. (CAVALCANTI, 2002, p.65)

A leitura do livro em voz alta, por exemplo, propicia a entrada da criança na cultura da escrita, a visão do mundo do autor, podendo compará-la com sua própria visão. “Então, acima de tudo, conhecendo o universo da leitura e o patrimônio cultural ao qual pertencem”. (BIBLIOTECA Viva, s.d., p. 47).

E, diante de tudo o que foi dito aqui, refaz-se a pergunta inicial deste tópico: Por que contar histórias? Que pode ser respondida de diversas forma, conforme Casasanta (1974, p.52):

- para deleitar a criança;

- para incutir-lhe o amor à beleza; - para desenvolver-lhe a imaginação;

- para desenvolver-lhe o poder de observação; - para ampliar-lhe a experiência;

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- para estabelecer uma ligação íntima entre o mundo da fantasia e da realidade.

São essas e muitas outras razões que ajudam a criança a se inserir do mundo da leitura e na busca constante do prazer.

O ouvir histórias pode estimular o desenhar, o musicar, o sair, o ficar, o pensar, o teatrar, o imaginar, o brincar, o ver o livro, o escrever, o querer ouvir de novo (a mesma história ou outra). Afinal, tudo pode nascer dum texto! No princípio não era o verbo? Então... (ABRAMOVICH, 1999, p. 23)

Quando a criança ouve histórias ela tem contato com a linguagem escrita e com a narrativa. Conseqüentemente, passará a querer engendrar o mundo da leitura, feita por ela mesma. Cabe, então, ao mediador (professor, pais, bibliotecários) auxiliar neste novo momento oferecendo e deixando a criança leitora escolher, livremente, suas histórias.

A importância da família na formação do leitor é imensa, visto que os primeiros anos da infância são marcados pelas relações desenvolvidas entre os pequenos e os grandes, pertencentes ao mesmo grupo de parentesco. É na família que se vai adquirir os primeiros hábitos, os valores e os gostos. Além da relação de dependência social que a criança tem com os familiares, existe também algo de essencial que somente é experimentado pelas vivências afetivas proporcionadas no ambiente familiar. Assim, desde muito cedo, mesmo antes de chegar ao mundo, já existe um conjunto de expectativas em torno desse ser que em breve fará parte dessa história dos grupos familiar e social. Portanto, existe, mesmo anteriormente ao nascimento da criança, algo que é da ordem do desejo daqueles que a esperam e que funcionará como as marcas iniciais da história de vida da mesma. Dessa forma, a narrativa das histórias do mundo têm sentido apenas no momento em que se entrelaçam na história de vida do próprio sujeito. Pois, para a criança Branca de neve, Chapeuzinho vermelho, Cinderela, A bela e a fera, O gato de botas e tantas outras narrativas têm sentido porque dizem respeito aos diversos aspectos e conteúdos experimentados simbolicamente por ela. De fato, qualquer narrativa tem como ponto de partida a própria história de vida do leitor.(CAVALCANTI, 2002, p. 67-68)

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2.2 A Criança Leitora

O gosto pela leitura não é um ato que vem por acaso. Por traz de um leitor infantil, há sempre um pai ou uma avó que gosta de contar histórias ou uma professora que dá um sabor especial às palavras.

Para Ruth Rocha apud Moraes (2001, p.61), “leitor é aquele que lê bem, que tem pais que lêem, que tem livros em casa. Mas leitor é também aquele que nasceu para ler, que mesmo no meio do mato descobre um livro velho para ler.”

O estímulo às crianças, deve acontecer constantemente para que o interesse pelos livros também sejam constante. A leitura reconduz o leitor a si próprio, aos seus desejos mais autênticos e espontâneos.

Ler é um comportamento complexo que envolve aspectos motores, cognitivos e afetivos entre os dominós educacionais que devem ser cuidados no processo de ensino-aprendizagem. Não basta apreender a ler, é preciso gostar de ler.

É sabido que a criança tem uma característica que lhe é peculiar: a curiosidade. Quando ela começa ler um livro, passa logo para outro e assim sucessivamente, fascinando a si próprio e a quem a observa.

O livro tem o poder de desenvolver na criança leitora a criatividade, a sensibilidade, o senso crítico, a sociabilidade e a imaginação, levando a criança a aprender. A leitura aumenta a compreensão, a aprendizagem e alarga o pensamento onde, por conseqüência, o falar se torna, de fato, o fazer e o agir.

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O acesso à leitura deve ser estimulado durante a infância e a adolescência. Se a escola e a biblioteca não estão associadas com esse objetivo, resta o papel da família, representada, principalmente, pela mulher. As dificuldades da vida moderna, entre outras razões, fizeram com que a família delegasse esse papel à escola. A ausência do apoio que a biblioteca pode dar à escola agrava o problema. Portanto, a articulação entre biblioteca e escola é muito importante (LEITURA e cidadania, 2000, p.1)

Na escola, por exemplo, para o processo de formação do leitor exige, da criança e mais ainda dos professores, muita leitura. Infelizmente, segundo os professores, por falta de tempo, eles ‘obrigam’ os educandos a ler determinados livros e cobram resumos e fichas solicitadas no final da obra, por causa disto, não dão a estes a oportunidade de descobrir, de deleitar-se, de encantar-se e sentir prazer com o livro por ele escolhido.

Mas a leitura pode e deve ser cobrada, porém de diferentes maneiras: num diálogo, em grupo, em conversas informais em que a criança se sinta um leitor e não um examinando.

Pois é preciso saber se se gostou ou não do que foi contado, se se concordou ou não com o que foi contado... É perceber que ficou super-envolvido, querendo ler de novo mil vezes (apenas algumas partes, um capítulo especial, o livro todinho ...) ou saber que detestou e não querer mais nenhuma aproximação com aquela história tão chata, tão boba ou tão sem graça ... É formar opinião própria, é ir formulando os próprios critérios, é começar a amar um autor, um gênero, uma idéia, um assunto e, daí, ir seguindo por essa trilha e ir encontrando outros e novos volumes... (que talvez façam o amor pelo autor redobrar, ou provoquem uma decepção... isso tudo faz parte da vida!). (ABRAMOVICH, 1999, 143-144)

As crianças, na escola, lêem e lêem mais do que a maioria dos adultos. Bamberger confirma muito bem isto quanto diz que “em quase todos os países (excetuando-se a União Soviética), o número de crianças que lêem é duas vezes maior que o de adultos”. (1991, p.19).

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Anteriormente, falou-se na linguagem como conseqüência da leitura. Para Carvalho, em relação a criança, a linguagem é o fator mais importante de realização.

Para a criança, a linguagem verbal é revelação, é descoberta contínua, que a encanta, desde que descobre maravilhada o som que ela própria pode elaborar, vibrando de entusiasmo, porque essa é mais uma atividade lúdica a seu serviço. (1989, p.201).

A criança, ainda cedo, gosta de ouvir a sua própria voz e a voz de outras pessoas. Ouvir histórias, versinhos, canções de ninar, tudo tem significado para a criança. E sob todos os aspectos a Literatura Infantil constitui o programa básico de sua formação.

O papel do educador é formar o gosto da leitura. Este é o primeiro trabalho para que a criança sinta o especial prazer de ler. Pois a boa leitura é aquela que “agrada, comove e instrui” (QUINTILIANO apud CARVALHO, 1989, p. 201).

Como educador destaca-se o papel do bibliotecário – profissional responsável em organizar e disseminar informações nas bibliotecas. Proporcionar oportunidades para uso de livros da biblioteca é sua tarefa primordial.

CAPÍTULO III

3 A BIBLIOTECA PÚBLICA

O termo biblioteca pública, como o próprio nome diz, é local para ser freqüentada pelo grande público das comunidades, preocupando-se com o atendimento às zonas urbanas e rurais.

Para Suaiden apud Sconholz,

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O desenrolar histórico da biblioteca pública iniciou-se na era pré-cristã quando, ao contrário das particulares, passou a servir também a estudiosos e sacerdotes.

O tipo que mais se assemelha ao conceito moderno de biblioteca pública, foram as bibliotecas municipais surgidas em alguns países como Inglaterra, Escócia, França e Alemanha (século XV e XIX), criadas por doação de indivíduos ou por contribuição pública e confiadas à administração municipal.

No Brasil, as primeiras bibliotecas que se têm notícia são: a Biblioteca Pública Estadual, na cidade de Salvador, Bahia, em 4 de agosto de 1811 e a Biblioteca Estadual do Maranhão, em 29 de setembro de 1829. De lá para cá muitas outras foram fundadas nos diversos estados e também nos municípios e comunidades de todo o país.

Para entender melhor o que é uma biblioteca, é necessário conhecer suas missões e quais funções ela pode desempenhar.

Ela é o centro local de informações e deve permitir o pronto acesso dos usuários a todo tipo de conhecimento, independente da idade, raça, sexo, religião, nacionalidade, língua ou status social.

A biblioteca pública não possui apenas uma missão, pelo contrário, possui várias e todas elas relacionadas com informação, alfabetização, educação e cultura. São, portanto:

1. Criar e fortalecer o hábito de leitura nas crianças desde a mais tenra idade.

2. Apoiar tanto a educação individual e autodidata como a formal em todos os níveis.

3. Proporcionar oportunidades para o desenvolvimento criativo e pessoal. 4. Estimular a imaginação e a criatividade tanto de crianças como de jovens e adultos.

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6. Propiciar acesso às expressões culturais das artes em geral.

7. Fomentar o diálogo intercultural e favorecer a diversidade cultural. 8. Apoiar a tradição oral.

9. Garantir acesso aos cidadãos a todo tipo de informação comunitária. 10. Proporcionar serviços de informação adequados às empresas locais, associações e grupos de interesse.

11. Facilitar o desenvolvimento da informação e da habilidade no uso do computador.

12. Apoiar atividades e programas de alfabetização para todos os grupos de idade, participar deles e implantá-los se necessário. (ANTUNES, 2002, p.14)

É função da biblioteca pública prestar informações sobre o governo, serviços públicos e atividades úteis para as pessoas de um modo geral.

Outra grande função é, através das possibilidades de acesso às informações, contribuir para a formação continuada dos indivíduos, para o aprimoramento profissional, indo além do que o acervo oferece com programas especiais de palestras, exposições, concursos, etc.

Para isso é fundamental que o bibliotecário conheça bem o acervo da biblioteca bem como a comunidade onde a biblioteca se situa.

Mas a função primordial da biblioteca pública ou de qualquer outra biblioteca é incentivar e desenvolver no indivíduo (criança, jovem ou adulto) o prazer da leitura. O seu acervo literário, portanto, deve ser rico o suficiente para atender a todos. Principalmente às crianças que poderão ter acesso a livros de sua preferência e conhecer o que de mais novo já foi publicado.

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Para que isso aconteça é interessante que a biblioteca possua um “cantinho”, com estantes, gravuras, esteiras, tapetes ou almofadas onde a criança possa sentar-se e manusear seus livros. E que, nela, o pequeno leitor se sinta bem, que goste de freqüentá-la e que deseje sempre voltar lá.

3.1 Leitura e Biblioteca

Nos dias atuais a biblioteca tem um papel essencial: proporcionar a interação criança-adulto, imprescindível e necessária para o desenvolvimento verbal de criança.

Crianças que têm dificuldades nos lares e nas escolas, principalmente as que têm poucos recursos, em contato com o acervo bibliográfico poderiam se desenvolver melhor na biblioteca. O livro daria a elas a oportunidade de conhecer um mundo mais amplo.

A biblioteca deve ser um lugar de intercâmbio, de trocas, de informação e integração na comunidade.

Propor atividades bem diversas e relacionadas com a leitura é um dos mais valiosos princípios da biblioteca. O teatro, artes plásticas, contação de histórias são algumas dessas atividades que podem suscitar o prazer da leitura.

Dessa forma, se vê que a biblioteca é muito mais do que um local para guardar livros. Ela serve para conservar e transmitir idéias, pensamentos e a cultura que estão registrados nos livros que abriga.

Milanesi reforça bem essa afirmativa quando diz que, deve-se fazer um esforço para incrementar a biblioteca,

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escuta ainda o fundamental em vista de ser essa forma de expressão aquela que faz fluir as informações em maior quantidade. (1983, p. 100)

É preciso pensar o espaço da biblioteca como um lugar atraente onde, além de ler, as pessoas possam trocar idéias, ouvir histórias, dar risadas, etc.

Ao ler, a criança é invadida por novas informações, emoções diferentes e pode querer se expressar, dizendo o que pensou ou o que sentiu. O espaço da biblioteca tem de permitir essa vontade de falar, de trocar idéias com os companheiros ou com qualquer pessoa que possa facilitar a construção de uma biblioteca interativa.

A biblioteca é uma das instituições que deve incluir as crianças no mundo da leitura, sem esperar, é claro, que elas respondam imediatamente com um produto ou resultado. É dessa maneira que a aprendizagem ocorre na vida das pessoas. Elas aprendem a andar, falar, brincar, sempre em relação com os outros. Elas interagem, fazem e erram, experimentam e voltam atrás.

Da mesma forma acontece com a leitura. As crianças que interagem com adultos leitores incorporam essa prática em suas vidas. Passam a ver a leitura como algo que faz parte do dia-a-dia e, portanto, são alfabetizadas com maior facilidade, já que percebem o significado da escrita e da leitura.

Para uma criança que nunca viu o livro, ele é um objeto como um outro qualquer que se pode brincar, explorar com as mãos, boca, olfato e olhos. É o adulto que dá sentido ao livro por meio da leitura e de sua interação com a criança.

Antes da biblioteca, são as escolas que as primeiras instituições a introduzirem o livro na vida das crianças, podem fazer da leitura um prioridade sem torná-la uma obrigatoriedade, que muitas vezes leva ao desinteresse dos alunos pelo livro.

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As crianças devem ser levadas a ter um intenso e natural contato com o universo da escrita, mesmo antes de saber ler e escrever. E para serem leitoras é preciso que desejem serem leitoras.

É aí que entra o papel do bibliotecário. Ele deve ser o mediador entre o livro e a criança. O mediador deve ser propor a compartilhar com as crianças o prazer de ler, de conhecer e de descobrir o que os livros têm a oferecer. Ele aproxima o livro e a criança, deixando ela fazer suas escolhas, lendo o texto e mostrando as ilustrações, ouvindo atentamente, respondendo às perguntas, observando e respeitando suas reações.

A hora da leitura na biblioteca deve ser vista como um momento informal e agradável. Quando o bibliotecário ou outro funcionário capacitado estende o tapete ou o lençol e coloca sobre ele os livros e as almofadas, as crianças passam a entender o significado desse momento. A leitura tem que ser realizada em um determinado espaço físico, organizado e preparado especialmente para se tornar um local agradável, onde as crianças se sintam confortáveis e à vontade para manusear os livros.

Vale ressaltar que não deve existir um padrão de espaço físico para o desenvolvimento da leitura. Tanto a biblioteca pode possuir uma sala específica, quanto pode usufruir espaços externos a ela para desenvolver atividades voltadas para o prazer da leitura.

Mas organizar cantinhos de leitura aconchegantes e iniciar a leitura, mesmo que seja para uma só criança, pode atrair a atenção das outras e diminuir a dispersão.

De acordo com a professora do Departamento de Ciências da Informação (UFC), Ana Maria Sá de Carvalho, a leitura não deve ser mecanicista. Para ela,

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Portanto, resta as autoridades dar às bibliotecas condições que sejam satisfatórias para que os bibliotecários possam ter, ainda mais, ânimo para auxiliar os pequenos leitores no despertar de seu interesse pelas belas histórias, ali contadas ou lidas.

3.2 O Papel do Bibliotecário na Formação do Pequeno Leitor

Sabe-se que o número de bibliotecários em bibliotecas, principalmente nas públicas, não é suficiente para atender as demandas desta instituição.

Olhando bem, apesar destas dificuldades, sempre há alguém interessado a desenvolver atividades lúdicas nas bibliotecas.

Mas o que se quer, neste momento, é relatar o papel do bibliotecário como mediador formador da criança leitora.

Primeiramente para ser um mediador desse processo é necessário que o bibliotecário tenha conhecimento das obras do setor infantil. E que o acervo seja bem recheado e surtido.

Segundo Silva (1986, p. 94), “ser um conhecedor de livros significa possui um repertório amplo de leituras, que sirva para orientar intelectualmente os usuários e para dimensionar a qualidade do acervo.”

Ler em voz alta para si mesmo, antes de ler para as crianças é uma maneira de ter mais segurança na hora da contação de histórias.

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É importante que o bibliotecário perceba as habilidades de leitura da criança. Para isso, a seleção de livros quem tem que ser de acordo com o seu nível de dificuldade.

A liberdade para a escolha do livro que a criança vai ter é outro ponto relevante. Leitura livre e sem cobranças. Leitura que leva ao prazer e, por conseqüência, aumentará o gosto pelas histórias.

Não é bom, no entanto, deixar de lado algumas preocupações, como, por exemplo, a qualidade do acervo. Formar e dinamizar bons acervos são verdadeiros desafios para o bibliotecário. Mas, mantendo-se atualizado e inteirado das novas obras lançadas no comércio, o atendimento aos leitores se dará com menos constrangimentos.

O bibliotecário deve, periodicamente, elaborar e executar projetos e programas que promovam o gosto pela leitura com o objetivo de atingir um número maior de leitores das mais diversas idades, especialmente, aos pequenos leitores.

Para que o incentivo à leitura seja um processo constante é necessário que o bibliotecário participe de cursos de atualização sobre a importância deste ato. Isto pode ser confirmado quando Sponholz (1984, p.9) diz ser,

necessário que os profissionais inseridos nessa área estejam capacitados suficientemente e, portanto, em condições de prestar os relevantes serviços que são exigidos das bibliotecas públicas por uma sociedade de demanda culturais crescentes.

Ao escolher sua leitura, e após dela, o bibliotecário ou o auxiliar de biblioteca deve desempenhar papel ativo e pode organizar debates ou outras atividades que permitam aos leitores expor suas idéias, adquiridas no contato com os livros. O objetivo aqui não é cobrar, mas sim incentivar a criança a aprofundar suas leituras, conhecer mais autores e, com sua espontaneidade, incentivar a outras crianças a lerem aos mesmos livros.

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dialogar espontaneamente com o leitor, sem que o mesmo se sinta pressionado. (BORTOLIN, 2005)

Independentemente de quem seja o mediador, se pais, professores ou bibliotecários, vale salientar que a ele compete “[...] criar soluções próprias ou adaptar experiências alheias, consciente de que o leitor tem uma diante de si, em direção à leitura e ao conhecimento.” (BARROS apud BORTOLIN, 2005).

Esta responsabilidade deve ser interpretada com um desafio constante, pois o papel que os mediadores desempenham na motivação de leitura pode interferir com maior ou menor profundidade na formação dos leitores de uma coletividade.

Espera-se que os mediadores de leitura, neste caso os bibliotecários proporcionem aos leitores uma pluralidade de experiências, para que eles percebam a leitura não apenas como aprendizagem escolar, mas como elemento de lazer e satisfação.

3.3 Técnicas de Incentivo à Leitura para Bibliotecários

Como se sabe, para a formação geral da criança é necessário estimular o desenvolvimento do gosto à literatura.

No mundo de hoje, a criança sente-se, cada vez mais, desestimulada à leitura, devido aos apelos de programas televisivos, vídeo-games e internet, que prejudicam o desempenho e a criatividade da criança.

Complementando a afirmativa acima pode-se dizer que:

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Infelizmente, nem todas as crianças adquirem habilidades necessárias à leitura e nem todos incorporam o gosto de ler. É então, neste momento, que se pode recorrer a estímulos, como as técnicas e dinâmicas de leitura que podem ser utilizadas, nas bibliotecas públicas, por bibliotecários ou por qualquer outro profissional que tenha conhecimentos no que tange o atendimento a crianças e o incentivo à leitura.

A contação de histórias na biblioteca é uma prática importante, uma vez que o lúdico faz parte da criança, através do lúdico a leitura poderá ser trabalhada, formando assim leitores infantis. O lúdico, portanto, é um dos meios decisivos de formação da personalidade e deve ser levado em conta na formação da criança.

Para aplicar as técnicas é necessário ter, na biblioteca, um ambiente satisfatório como palquinho, teatro de fantoche, materiais como, fantoches de pano para mão e para dedos, papéis e panos coloridos, pincéis, tintas, aquarelas, lápis de cor, canetinhas coloridas, entre outros.

Antes de apresentar um texto, através de dinâmicas é importante verificar a quantidade de crianças presentes na sala, a forma que elas estão acomodadas, se em cadeiras, e em tapetes ou almofadas, e o nível de escolaridade para que não haja inconvenientes no momento da apresentação. A escolha do texto certo e o direcionamento deste para as crianças, dentro da sua faixa etária possibilitará, ao bibliotecário, um interesse maior e um retorno, através de comentários, sobre o texto.

O objetivo das técnicas de incentivo à leitura é estimular a prática da leitura, auxiliar o desenvolvimento de habilidades, de atenção e observação; incentivar a organização e a expressão de idéias e estimular o aumento e a fixação de vocabulário.

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Desta forma, e baseada em sugestões de autores especialistas em dinâmicas de leitura, é que se oferece, a seguir algumas técnicas para auxiliar aos bibliotecários a planejar como motivar as crianças, saber contar as histórias com entusiasmo e criatividade a fim de despertar o gosto e o interesse pela leitura.

3.3.1 Conhecendo o texto

O bibliotecário deve dominar o conteúdo da história para melhor utilizar o livro, mostrando as gravuras e chamando a atenção das crianças, para detalhes que possam surgir no decorrer da contação.

3.3.2 Cantando antes do texto

Se o bibliotecário quiser descontrair a criançada antes de iniciar a contação, ele pode cantar uma canção que tenha a ver com a história ou que chame a atenção das crianças, quando as mesmas não estiverem atentas.

3.3.3 Fazendo dobraduras

A medida que for contanto a história, o bibliotecário poderá fazer dobraduras. Um exemplo, segundo Oliveira, é o texto “Barquinho veloz”, que, enquanto se conta, o bibliotecário produz um barco.

As crianças poderão, em seguida, aprender dobraduras e, elas mesmas, produzirem seus barcos.

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Este recurso tem vantagens que, em muito, facilita ao bibliotecário, a contação de histórias.

As ilustrações são grandes e ajudam numa maior visualização. Dá grandes possibilidades de criar suspense e expectativa, envolvendo as crianças em cada viradas das páginas.

Pode ser feito com papéis do tamanho de uma folha de cartolina.

3.3.5 Usando o álbum sanfonado

Recurso semelhante ao álbum seriado, só que as partes são desdobradas.

É feito com pedaços de papel-cartão e dobrado com forma de sanfona. As partes podem ser ligadas com fita adesiva, fita de pano ou cadarço.

3.3.6 Usando as transparências

Nesta técnica, tanto o bibliotecário, quanto as crianças podem contar a história.

Como as gravuras ou ilustrações transformadas para uma transparência e projetadas na parede, a visualização permitirá uma boa interação do texto com o contador de história.

3.3.7 Usando os slides, do Power Point

O caso do computador, em muito, veio beneficiar e facilitar o trabalho de vários profissionais, dentre eles o bibliotecário.

Referências

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