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GEOGRAFI A, Rio Claro, v. 3 6 , n. 1 , p. 5 - 2 2 , j an./ abr. 2 0 1 1 .

NO TRI ANGULO MI NEI RO- MG

Gloria Maria VARGAS1

Br uno Del Gr ossi MI CHELLOTTO2

Resum o

Nesse artigo procura- se com preender as m udanças que a expansão da cultura da cana-de- açúcar produz no território. Dessa form a, identificam - se as transform ações provocadas pela expansão desta atividade produtiva nos subsistem as que com põem o arranj o territorial do Triân-gulo Mineiro. Os subsist em as considerados são o polít ico- inst it ucional, o soioeconôm ico, e o am bient al. Part indo desses obj et ivos, levant am os a hipót ese de que a expansão da at ividade est aria provocando alt erações consideráveis no arranj o t errit orial regional, vist o at ravés das alt erações ocorridas em cada um dos subsist em as cit ados. Concluím os que o com port am ent o padrão desses subsistem as, o político institucional, o socioeconôm ico e o am biental, nos m unicí-pios da região, form a um conj unto de características com uns, que define as particularidades que diferenciam o Triângulo de out ras regiões. A nova geografia da produção canavieira no Brasil condiz com a realização dos aj ust es nas relações de produção e o avanço de novas form as produtivas, que redefinem o papel dos lugares nos processos m ais am plos de transform ação do território. Subordina- se a natureza e as localidades aos interesses do capital, através da adapta-ção do m eio técnico científico inform acional.

Pa la vra s Cha ve: Triângulo Mineiro. Cana- de- açúcar. Sist em as regionais. Subsist em as t errit oriais.

Abstract

N ew regional dynam ics: the consequences of sugar cane expansion in the Triangulo Mineiro- MG

The purpose of this paper is to understand the changes that the expansion of the sugar cane produces in the Triângulo Mineiro, Brasil. For that purpose, we identify the consequences of this expansion in three basic territorial subsystem s which are the institutional, the socioeconom ic and the environm ental. From this m ain purpose, we build our hypothesis that the expansion is causing a great transform ation in the territorial dynam ics of the region which can be seen through the alterations in each subsystem . We conclude that the standard behaviour of these subsystem s in the cities of the region form s a set of features that define and diferentiate the Triângulo Mineiro from other regions. The new geography of sugar cane production in Brazil is part of the adj ustm ents in the production relations and of the consolidation of new form s of production that redefine the r ole of places in t he w ider pr ocesses of t er r it or ial t r ansfor m at ions. Nat ur e and places ar e subordinat ed t o t he int erest s of capit al t hrough t he adapt at ion of t he t echnic, cient ific and inform at ional space.

Key w ords: Triângulo Mineiro. Sugar cane. Regional system s. Territorial subsystem s.

1 Professora Adj unt a - Universidade de Brasília, Faculdade UnB Planalt ina - Pesquisadora Associada

Univer-sidade de Brasília, Cent ro de Desenvolvim ent o Sust ent ável - SQN 206 Bloco B Apt 405, Brasilia - CEP 70844- 020 – E- m ail: yoya@unb.br

2 JGP Consult oria e Part icipações Lt da. rua Am érico Brasiliense, 615. Bairro Chácaras Sant o Ant ônio

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I N TRODUÇÃO

A prim eira década do século XXI m arca um a época de grandes transform ações no Brasil e no m undo. As tecnologias da inform ação, antes concentradas em espaços selecio-nados, com eçam a se dissipar pelo território, redefinindo as práticas sociais e o uso da natureza. A velocidade im prim ida ao processo produtivo é m ultiplicada, aum entando o con-sum o de recursos naturais e os problem as decorrentes, fazendo desse período um m arco para o futuro da sociedade m oderna. Os problem as am bientais se tornaram globais, com o potencial de atingir sem discrição todos os habitantes do planeta, colocando a questão da sustentabilidade com o um a exigência na definição dos rum os a serem tom ados pela hum ani-dade.

O desenvolvim ento pós- revolução industrial caracterizou- se fundam entalm ente pelo uso generalizado dos com bustíveis fósseis, principalm ente aqueles derivados do petróleo, devolvendo aos sistem as atm osféricos o carbono aprisionado durante m ilhões de anos.

Um a das principais conseqüências verificadas é o aum ento da tem peratura do plane-ta, j á que o carbono é um dos elem entos responsáveis pela regulação térm ica da Terra. O debate sobre os usos racionais da energia encontra- se no boj o dessa discussão, tanto pela insustentabilidade da continuação do uso dos com bustíveis fósseis quanto pela necessidade vital de se estabelecer novas tipologias energéticas m enos agressivas e m ais sustentáveis em longo prazo.

Dentro desse contexto insere- se a agroenergia, que tem seus expoentes no Brasil na produção de álcool derivado da cana- de- açúcar e biodiesel extraído de oleaginosas com o a soj a. A expansão das agrolavouras revela os interesses do Estado brasileiro em prom over a diversificação da sua m atriz energética através do uso da biom assa. Tam bém é reflexo dos m ovim entos do capital, que sob a form a do agronegócio, instala- se sobre o território, cons-t ruindo os espaços da produção e da circulação dos producons-t os envolvidos nessa cadeia produtiva.

A região do Triângulo Mineiro com prende o espaço geográfico localizado entre os rios Grande e Paranaíba, no extrem o Oeste do estado de Minas Gerais. Segundo a Fundação João Pinheiro o Triângulo é a quarta região de planej am ento do estado com população residente de m ais de um m ilhão e trezentos m il habitantes, e com significativa im portância na distribuição e arrecadação de receitas, participando com 11,64% do PI B m ineiro ( Mapa 1).

Tradicionalm ente a região foi conhecida com o im portante área de criação de gado e entreposto com ercial, e a partir da década de 1970, com as políticas de ocupação dos cerrados brasileiros, foi inserida na produção dos com m odities agrícolas voltados para a exportação, com o o m ilho e a soj a. A cana- de- açúcar sem pre foi cultivada na região, com produção em pequena escala e voltada para a alim entação anim al, fabricação de rapadura e aguardente. Durante o final da década de 1980 e início da década de 1990, a cana- de-açúcar passa a ser cultivada em escala industrial, reflexo do desenvolvim ento do setor canavieiro brasileiro, principalm ente pela chegada de grupos nordestinos que transferiram seus parques industriais para o Sudeste, principal centro produtor. Nesse m om ento, o Triân-gulo passa a constituir um a extensão das atividades canavieiras do estado de São Paulo, inicialm ente localizadas nas áreas próxim as da fronteira, para na prim eira década do século atual, atingir outros m unicípios da região.

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Mapa 1 - Mapa de Localização da Macrorregião do Triângulo Mineiro

Tabela 1 – Estrutura organizacional das variáveis interpretadas

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trabalhados e o aporte da atividade agrícola ao PI B total. Na dim ensão social, consideram os a evolução do I DHM, que nos indica os câm bios em algum as condições sociais chaves. Na dim ensão am biental, os fatores de ordem natural e os im pactos sobre os ecossistem as do Cerrado foram analisados, considerando que as atividades de expansão da atividade m odifi-cam a paisagem de diferentes form as e intensidades. Assim , a pesquisa aj uda a entender os processos de t ransform ação que est ão afet ando a região, e precisa os elem ent os dos subsistem as nos quais atuam . Dessa form a, com provam os a incidência das ações de política pública na expansão das m onoculturas de cana- de- açúcar e a form a com o elas transfor-m atransfor-m , não sotransfor-m ente a paisagetransfor-m física, transfor-m ais as condições sociais e econôtransfor-m icas do povo triangulino. Todos esses processos fazem parte da construção social do território.

Metodologicam ente o artigo baseia- se em um a análise dos processos m encionados a partir de inform ações e dados qualitativos e quantitativos que conform am a base em pírica. Essa últim a se relaciona com a base teórica construída ao redor dos conceitos de Meio Técnico Científico I nform acional e de Região, entendida com o sistem a espacial com plexo e evolutivo.

O conj unto das inform ações e os dados quantitativos foram recolhidos para a análise e constatação dos processos espaciais associados ao desenvolvim ento do setor canavieiro tanto através de revisão bibliográfica de docum entos e trabalhos acadêm icos e institucionais com no trabalho de cam po realizado na região em entrevistas realizadas com os principais produtores.

O MEI O TÉCN I CO CI EN TÍ FI CO I N FORMACI ON AL

As reflexões t eóricas apresent adas baseiam - se especialm ent e nas cat egorias de análise espacial propostas por Milton Santos, que têm seus alicerces em torno do conceito de m eio técnico científico inform acional. A interpretação do conceito de região estrutura- se na concepção de sistem as abertos e evolutivos. Considera a contigüidade das relações espaciais é determ inada por relações m ultiescalares que se estendem do local ao global, dando contornos especiais aos processos regionais ( BRENNER, 2001; MACHADO, 2003; MARSTON, 2000)

A história das relações hom em - natureza é, segundo Santos ( 1994, 2001, 2003) a da transform ação do espaço. As ações hum anas carregadas de intencionalidades tendem a desestabilizar as form as naturais de organização do espaço, para im por, através dos instru-m entos técnicos disponíveis, sua própria organização, que intrinsecainstru-m ente é uinstru-m a organiza-ção artificial, produzida pelo hom em . Os instrum entos técnicos correspondem ao conj unto de ferram entas utilizadas para viabilizar as soluções e as necessidades de cada sociedade em determ inada fração do tem po. A cada nova descoberta técnica, a cada evolução das ferram entas de apropriação da natureza, novas form as de agir sobre o espaço são im postas, transform ando a própria natureza e tam bém os valores e a cultura de cada grupo social. É neste sentido que a história da relação hom em - natureza tam bém corresponde à história das t écnicas.

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É assim que podem os pensar o espaço com o “ um conj unto indissociável, solidário e tam bém contraditório, de sistem as de obj etos e sistem as de ações, não considerados isola-dam ente, m as com o o quadro único no qual a história se dá” (SANTOS, 1999, p. 51) .

No período atual, as técnicas da inform ação, aliadas às descobertas científicas, dão novos conteúdos e valores ao conj unto de obj etos, e tam bém criam novos obj etos, consti-tuindo o m eio geográfico ( entendido com o o resultado das relações hom em - técnica- nature-za) denom inado por Santos ( 1999, p. 187) de Meio Técnico Científico I nform acional.

A união entre a ciência, a tecnologia e a inform ação deu novos conteúdos e funcio-nalidades aos espaços da produção, aum entado a especialização e “ criando áreas separa-das onde a produção de certos produtos é m ais vantaj osa, aum entando a necessidade de intercâm bio, que agora vai se dar em espaços m ais vastos [ ...] ” ( SANTOS, 1999, p. 192) . No m eio técnico científico inform acional cada localidade participa de form a especializada na divisão territorial do trabalho, que se torna m ais com plexa e articulada por redes m ais extensas. Essa abordagem foi utilizada por diversos autores para com preender o processo de m odernização da agricultura no Brasil, que a partir de 1970 incorporou diversas novas localidades na rede urbana nacional, com destaque para a região dos cerrados (ELI AS, 2007, 2003; PESSÔA, 2007).

O território é historicam ente construído, porque representa as sucessivas etapas de superposição do trabalho, do novo sob o herdado. Esse novo período é cham ado de período técnico, “ que testem unha a em ergência do espaço m ecanizado”.( SANTOS; SI LVEI RA, 2001, p. 31) É a lógica do hom em im pondo- se sobre a natureza na construção de sucessivos m eios geográficos. Representa- se pelas cidades da cana de açúcar, do ouro e do diam ante, que crescem fundadas em diferentes graus de tecnificação.

Santos enfatiza que “ durante quatro vagarosos séculos” ( SANTOS; SI LVEI RA, 2001, p. 35) , o território brasileiro se constituiu m uito m ais dependente do trabalho direto sobre a atividade produtiva do que pela incorporação de capital à natureza. É som ente a partir da segunda m etade do século XI X, que o território com eça a ser articulado e a presença de “ técnicas circunscritas à produção sucedem as técnicas da m áquina incluídas no território”. Apesar de não serem tipicam ente urbanas, pois dependiam de m atérias prim as com origens fora das cidades, os estabelecim entos industriais brasileiros j á se constituíam enquanto sistem as de produção, que se concentrava no Rio de Janeiro. A produção de café no estado de São Paulo proporcionou um a realização econôm ica diversificada neste estado, e encora-j ou a nascente industrialização do Brasil.

O m eio técnico científico inform acional é resultado de um trabalho constante de incorporação de capitais fixos no espaço, pela cientifização dos capitais fixos j á existentes para a constituição de um sistem a de engenharia capaz de conectar os espaços em tem po real, de fazer a produção circular tanto para o consum o final com o para o produtivo. É m eio e condição para a realização dos interesses da globalização, que atende a racionalidade dos atores hegem ônicos que conduzem o grande capital. As bases locais de produção, que antes atendiam a um a dem anda regional, agora atendem a um a cooperação em circuitos espaciais onde a contigüidade física não é m ais condição prim ordial. Os sistem as de enge-nharias3 m odernos, técnicos e cientifizados, carregados de inform ação, perm item a integração

entre os diversos sistem as técnicos; a ciência a serviço da técnica na construção de um a unicidade capaz de integrar pessoas, produtos e principalm ente os lugares. Dessa form a,

3 Sistem a de engenharia “ se define com o um conj unto de instrum entos de trabalho agregados à natureza

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Santos ( 2003, p. 25) cham a a atenção para o caráter aglutinador das técnicas do período atual, que refazem e transform am o território.

Todavia, o m eio técnico científico inform acional não está distribuído igualm ente pelo território Ao contrário, sua espacialização aum enta as diferenças regionais pelo fato de que em determ inadas parcelas do espaço sua presença se faz m aior, ou com m aior grau de intensidade, enquanto que em outras sua ausência im plica em desigualdades territoriais, o que é um a característica do período atual.

O território então se torna desigual, pois os equipam entos são distribuídos segundo um a lógica que tem com o intenção a reprodução do capital em espaços onde as condições são m ais favoráveis. “ O princípio de seletividade se dá tam bém com o princípio de hierarquia, porque todos os outros lugares são avaliados e devem se referir àqueles dotados de técni-cas hegem ônitécni-cas” ( SANTOS, 2003, p. 26) .

No Brasil, são claras as desigualdades regionais, com a existência de um a região concentrada no Sul Sudeste, ao longo das grandes capitais litorâneas e em alguns pontos nodais do interior.

Na região concentrada o m eio técnico científico inform acional se sobrepôs a um m eio j á m ecanizado, que j á portava um denso sistem a de relações. Contudo, nessa região se consolidam cinturões m odernos da agricultura voltada para a exportação, de cana de açúcar e laranj a ( ELI AS, 2007) , assim com o de soj a, trigo, algodão e m ilho. Essa agricultura faz parte do m eio técnico científico inform acional, pois graças ao acréscim o de ciência, técnica e inform ação, m aiores volum es estão sendo produzidos em am bientes altam ente tecnológicos, aum entando a presença de capitais fixos com o as estradas, aeroportos, silos, etc, aum en-tam en-tam bém os capitais constantes: os insum os, m aquinários, sem entes, veículos, etc. Aum enta tam bém a necessidade de m ovim ento, crescendo o núm ero de fluxos com m aior densidade de circulação de dinheiro, aum entando a especialidade produtiva e a divisão do trabalho sobre o território.

A REGI ÃO E SEUS N OVOS CON TEÚDOS

Ao longo do trabalho identificam os a im portância das escalas nacional e m unicipal, na conform ação e consolidação das características regionais do Triângulo Mineiro. Esse fato nos obrigou a procurar um basam ento teórico que nos perm itisse analisar e com preender as influências m ultiescalares na conform ação do território regional.

Com é sabido, o conceito de região vem sendo obj eto de diversas reavaliações. A intensificação dos fluxos e das com unicações fez em ergir novos atores, principalm ente da escala global, que estenderam seus âm bitos de influência a m últiples escalas.

Dessa form a, a região no início do século XXI , atravessada pelas ações vindas de outras escalas, não pode ser vista com o um a estrutura fechada, lim itada pelos seus aciden-tes geográficos ou por seus desenhos políticos. I m põe- se um a visão da região com o sistem a aberto, com m últiplas variáveis e resultante das tensões sim ultâneas entre as práticas hum anas realizadas desde m últiples escalas (BRENNER, 2001; MARSTON, 2000).

A região não pode m ais ser considerada com o um pedaço de espaço circunscrito e isolado, m as com o um a unidade territorial conectada a diversos outros espaços, em am plitu-des que dissolvem seu isolam ento em processos sistêm icos.

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ina-dos períoina-dos da história. É por isso que a região deve ser considerada com o um produto ina-dos processos sociais, econôm icos e políticos, e tam bém naturais, onde a construção se desen-volve pela superposição de novas etapas sobre condições pré- existentes.

Vale lem brar que não existe um a hierarquia sólida entre os níveis escalares, corrobo-rando a afirm ação de que o espaço regional não é um conceito fechado, porque a constru-ção social dos níveis escalares tam bém induz a produconstru-ção do espaço (MARSTON, 2000, p. 220).

Daí que a questão que se coloca é com o dar unidade a esses novos espaços regio-nais sem que sua coesão interna sej a destituída. Para dar conta da com plexidade desses novos arranj os territoriais, é necessário considerar a natureza finita das relações entre as estruturas espaciais e sociais.

A interconexão entre eventos que se produzem pelas com plem entariedades entre os vetores de ordem local e os de ordem global, exercem efeitos sobre o espaço geográfico, inserindo a região em novas redes de fluidez espacial, tornando suas fronteiras tam bém fluidas. (BRENER, 2001; MACHADO, 2003)

Dessa form a, estabelecer a extensão espacial dos sistem as regionais é um problem a que não é apenas resolvido em term os de espaços lineares. I sto porque as interações que estruturam um sistem a regional atualm ente são cada vez m ais verticais, condição na qual a tom ada de decisão sobre o destino das transform ações da região é realizada por atores organizados e atuando em diferentes patam ares escalares. Mesm o as interações horizontais estão cada vez m ais descontínuas, rom pendo a perspectiva bidim ensional usual nas explica-ções das ordenaexplica-ções territoriais.

Por outro lado, a região possui um a historia natural, que nos rem ete a pensar os processos bio- geofísicos com o participantes desses novos cenários regionais. I sto porque, m uitas vezes é a natureza que condiciona, ou oferece possibilidades, para que as interações escalares nos m ais diferentes níveis possam acontecer. Da m esm a form a, os fluxos naturais de energia e m atéria que caracterizam um a condição geográfica, são tam bém resultado do acúm ulo hist órico de sucessivas et apas da hist ória nat ural, t razendo t am bém novas tem poralidades para aum entar a com plexidade dos usos que se fazem do espaço regional. Porque o produto das interações entre as escalas ao fazer uso da natureza, põe em eviden-cia m ovim entos que se produzem com velocidades diferentes: a velocidade dos processos naturais e a velocidade do capital e dos interesses da reprodução social.

Esses em bates apontam para a necessidade de analisar a constituição da espacialidade regional de form a sistêm ica. Além de considerar a região com o um sistem a aberto, que troca energia, m atéria e inform ações com o am biente e com os suj eitos atuantes, devem os consi-derar a região com o processo, que ainda não atingiu sua condição de estabilidade, e esta em perm anente construção. O estudo regional se constitui na interpretação de um a etapa desse processo, etapa atual que necessita de recapitulações passadas.

O que nos interessa realm ente neste estudo é descobrir com o ocorre a produção do espaço regional associado à expansão da lavoura de cana- de- açúcar e tam bém com o se dão às int erações ent re as diversas escalas envolvidas nest e processo. Ent endendo a escala com o um a ferram enta concreta e flexível de interpretação do espaço; e não só com o um a categoria abstrata, pois possui seus correspondentes m ateriais na realidade. Pretende-m os coPretende-m preender as dinâPretende-m icas sócio espaciais que redefinePretende-m a região do Triângulo Mineiro e a insere em novos fluxos e m ovim entos no território.

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com m odities internacionais e pelas questões de m atriz energética, entre outros ( de ordem global) , são as características locais que definem as áreas m ais propícias para sua produ-ção. Os relevos tabulares da região do Triângulo, a dinâm ica clim ática local, as propriedades dos solos e a rede urbana local, oferecem condições para a expansão desta cultura e, conseqüentem ente, para a cristalização de interesses que extrapolam as escalas im ediatas de ação.

I sto im plica na superposição entre a escala global e a escala local, produzindo o espaço regional. A ordem global é condicionada pelos fatores locais, enquanto que os fato-res locais são refuncionalizados para at ender as dinâm icas dos níveis superiofato-res da m acroeconom ia m undial. A produção da região pela expansão da lavoura de cana- de- açúcar é o reflexo de um a refuncionalização produtiva do território, que estabelece novos usos para as form as e para os obj etos que com põem a região, dem andando tam bém novas estruturas de ação, com a presença de novos atores e novos elem entos na disposição da organização espacial regional.

A PRODUÇÃO DE CAN A DE AÇÚCAR ATÉ 2 0 0 8

A produção da cana- de- açúcar está intim am ente ligada à construção do território brasileiro, da sua cultura e das suas form as de reprodução social. Foi responsável pela colonização do território, pela form ação das em brionárias redes urbanas e por inserir o Brasil nas rotas econôm icas internacionais do Atlântico. Atualm ente sua produção está associada à renovação da m atriz energética através do uso da biom assa, proj etando o Brasil com o um im portante ator nas possíveis soluções para a crise am biental do século XXI .

A produção brasileira de cana-de-açúcar em 2007 proj eta o país com o o m aior produ-tor do m undo, com o podem os verificar na tabela 2.

Tabela 2 – Principais países produtores de cana- de- açúcar – 2 0 0 5

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A produtividade alcançada nas lavouras brasileiras é regionalm ente diferenciada, in-dicando que o processo de tecnificação da agricultura é seletivo e relacionado à aptidão natural de um país continental. Nas m odernas plantações do interior de São Paulo, Paraná e em algum as áreas do Triângulo Mineiro, a produtividade alcança resultados próxim o a 92, 93 toneladas por hectare; enquanto que no sertão nordestino e no Norte de Minas Gerais, onde a cana- de- açúcar é utilizada para a fabricação de produtos tradicionais ( com o a aguardente e a rapadura) e para a alim entação anim al, a produtividade não ultrapassa 60 toneladas por hect are.

O gráfico 1 m ostra a evolução da produção brasileira de cana- de- açúcar, destacan-do-se final da década de 1970, quando do advento do Program a Nacional do Álcool alavancou de vez a produção brasileira, consolidando o país com o o m aior produtor do m undo.

Além dos contrastes naturais, as diferenças regionais em relação à produtividade se explicam , tam bém , pela difusão seletiva do capital do agronegócio, num m ovim ento de fragm entação do território que capacita determ inadas porções do espaço com novos con-teúdos, com um ente tecnológicos, enquanto repelem outras, que ficam parcialm ente isola-das isola-das interações características do m eio técnico- científico- inform acional.

Com a crise do petróleo, as conseqüências do aquecim ento global provenientes da queim a de com bustíveis fósseis e com a em ergência de novas fontes de energia, a produção do álcool com bustível derivado da cana- de- açúcar ganha novos im pulsos, e neste sentido a experiência brasileira pode ser considerada em blem ática. Com a criação do Program a Nacio-nal do Álcool em 1975, a produção deste carburante passa a ser considerada estratégica para a segurança energética do país, que passa a contar com um a produção cada vez m ais crescente. A produção que era de 664.322 m etros cúbicos em 1977, atinge 11.458.396 m etros cúbicos em 1987, e em 1997, 15.422.253 m etros cúbicos, acom panhados pelo au-m ento da produção e deau-m anda interna de veículos au-m ovidos a álcool. Depois de uau-m período de resfriam ento da produção, no final da década de 1990 ( 1998 – 13.926.821 e 1999 –

Gráfico 1 – Evolução da produção brasileira de cana- de- açúcar

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13.077.765 m etros cúbicos) , o crescim ento é retom ado, para atingir em 2006 o recorde de produção: 15.808.184, conform e atesta o gráfico 2.

As exportações brasileiras de álcool nos prim eiros anos do século XXI , especifica-m ente a partir de 2004, superaraespecifica-m os 226 especifica-m ilhões de dólares. Coespecifica-m o acirraespecifica-m ento das questões am bientais a indústria do álcool ganha um novo status, assum indo um papel de liderança na prom oção de com bustíveis m ais “ sustentáveis”. As relações com erciais interna-cionais do governo brasileiro nos últim os quatro anos vêm destacando o papel do Brasil com o o líder m undial na “ geração e im plem entação da m oderna tecnologia em agricultura tropical, e que possui um m oderno parque industrial reconhecido com o o m ais m oderno do m undo, com andado por um dinâm ico setor de negócios acostum ado às inovações” ( PI NTO, 2006, p. 1) . As exportações de álcool com bustível duplicam em 3 anos, passando a contar com um m ontante de 798 m ilhões de dólares, em 2006.

Gráfico 2 - Produção de álcool com bustível no Brasil - 1 9 4 8 - 2 0 0 6

Font e: MAPA, Balanço nacional da cana- de- açúcar e agroenergia, 2007.

Para atender a dem anda da produção, a im plantação dos parques sucroalcooleiros, assim com o a construção do espaço destinado à produção, não se dá de form a hom ogênea pelo território, m uito m enos no tem po. Esses espaços singulares são construídos historica-m ente, atendendo sehistorica-m pre aos interesses e ao conj unto de ações e atores deterhistorica-m inantes em cada m om ento histórico. A esses conj untos aliam - se sistem as técnicos que se m ateria-lizam sob a form a de capitais fixos que regulam os m odos de organização do espaço. Ou sej a, o território é produzido pela acum ulação tem poroespacial de seus sucessivos usos.

Algum as conclusões podem ser tiradas a partir da análise realizadas dos dados obti-dos no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecim ento no Balanço Nacional da Cana- de-Açúcar e Agroenergia,( 2007) :

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que m arcaram este período, ultrapassa a tradicional área produtora do Nordeste brasileiro, passando a ocupar um a posição de m enor im portância, em term os de produção e investim ento, em relação ao principal centro produtor, o estado de São Paulo. O estado de Pernam buco, m aior produtor do Nordeste, na safra de 1948/ 49 produziu 4.922.167 toneladas de cana- de-açúcar, enquanto que o estado de São Paulo, na m esm a safra, concorre com 3.856.544 toneladas. Apesar da produção pernam bucana continuar em crescim ento, na safra de 1951/ 1952, São Paulo a ultrapassa com 5.106.707 toneladas, contra 4.834.828 do estado nordestino. To-davia, é j á na safra de 1949/ 1950 que a região Centro- Sul produz m ais cana- de-açúcar do que o Nordeste: 7.019.669 e 6.420.794 toneladas de cana- de- de-açúcar respectivam ente.

• A análise perm ite considerar que enquanto se desenvolvia o crescim ento exponencial do estado de São Paulo, que puxava o Centro-Sul com o o grande centro produtor, outros estados tam bém aum entavam a sua produção, com o no caso do Paraná que salta entre as safras 1948/ 49 e 1951/ 52 de 143.664 para 319.365 toneladas. Assim tam bém acontece em Minas Gerais, que passa de 531.959 para 841.723 toneladas considerando- se as respectivas safras citadas. Por outro lado, em m ovi-m entos de retração da atividade, o estado da Bahia diovi-m inui sua produção de 732.791 para 683.516 toneladas, e Sergipe de 584.873 decai para 391.883 tonela-das no ínterim referido.

• Ao final da década de 1970, com os incentivos do Program a Nacional do Álcool, foram abertas m ais de um a centena de usinas e destilarias por todo Brasil. As densidades regionais, m arcadas pelo grande centro consum idor e pela possibilidade de circulação da produção, foram determ inantes que atraíram os investim entos para São Paulo consolidando o estado com o o líder nacional no cultivo e produção dos derivados da cana- de-açúcar, m oendo 59.789.664 toneladas de cana, seguido pelo estado do Rio de Janeiro e Minas Gerais, com 4.343.560 e 2.474.302 tonela-das de cana m oída respectivam ente. No Nordeste, destaque para o estado de Alagoas que m ói 14.599.254 t oneladas, quase em pat ando com a produção pernam bucana de 15.788.140 toneladas.

• A m etade da década de 1990, m ais especificam ente a safra de 1995/ 1996, m arca um período de profunda retração da produção nordestina, que transfere parte de seus parques industriais para a região do Triângulo Mineiro, fom entado a produção desta região e inserindo- a definitivam ente no circuito produtivo da cana- de- açú-car no Brasil. Com parando- se com a safra de 1992/ 93 fica evidente a dificuldade enfrentada pelo setor na época. O estado de Alagoas decai de 31.999.957 para 17.771.482; Pernam buco de 34.485.048 para 17.122.141; Sergipe decai pela m e-tade, enquanto o Piauí já parara de produzir desde 1989. A falta de com petitividade do açúcar e do álcool nordestino frente aos baixos preços do Centro- Sul pode ser considerado fator desse rearranj o espacial da produção.

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que parou sua produção desde a safra de 1995/ 1996. Os m aiores estados produto-res se localizam no Centro- Sul, tendo São Paulo com 241.222.574, Paraná com 24.522.773 e Minas Gerais com 24.324.538 toneladas de cana- de- açúcar m oídas, ocupando o prim eiro, segundo e terceiro lugares respectivam ente. O estado do Alagoas é o m aior produtor nordestino com 22.254.195 toneladas, seguido por Pernam buco, que por m uito tem po foi o m aior produtor do Brasil, com 13.797.850 toneladas.

É com base nos dados apresentados que podem os confirm ar a região do Triângulo com o a principal área produtora, resultado da confluência de sua posição estratégica, do seu quadro natural, dos seus sistem as de circulação e do papel dos em preendedores capita-listas, que concorreram para a territorialização do capital sucroalcooleiro, representado tanto pelos m ecanism os de produção dispostos no espaço regional, quanto pelas novas articulações do poder e das ações que operam neste espaço particular.

Atualm ente no Triângulo operam 16 usinas na produção de açúcar e álcool, sendo que m ais 12 j á se encontram construídas e quase prontas para entrar em operação. Juntas som am 28 unidades que, segundo o I nstituto de Desenvolvim ento I ntegrado de Minas Ge-rais, I NDI – MG, responderão por m ais de 70% do total de cana- de- açúcar processada em Minas Gerais no ano de 2008. O m apa 2 m ostra a localização das usinas em operação. A região do Pontal do Triângulo, localizada na parte m ais Oeste da região, destaca- se pela concentração das unidades produtoras. Todavia, a expansão das lavouras alcança as ex-tensas chapadas das m icrorregiões de Uberaba e Uberlândia, assim com o àquelas localizadas no Alto Paranaíba.

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A tabela 3 m ostra os m aiores produtores de cana- de- açúcar da região no ano de 2006. O m unicípio de Uberaba é o m aior produtor do Triângulo com m ais de 3 m ilhões de toneladas produzidas, seguido de Conceição das Alagoas e I turam a, segundo e terceiro produtor respectivam ente. Merecem destaque os m unicípios de Cam po Florido e Canápolis, com m ais de 1,5 m ilhões de toneladas produzidas, fazendo da cana- de- açúcar um a das m ais im portantes atividades internas destas localidades.

A especialização produtiva derivada da expansão das lavouras não se deu de form a hom ogênea na região, sendo im preciso defini- la segundo essa característica. Enquanto al-guns m unicípios aum entaram a produção, outros sofreram refluxos, de form a que o contexto regional da produção canavieira pode ser considerado um fenôm eno espacial fragm entado, restrito a algum as localidades, o que não nos im pede de contextualizar a cana- de- açúcar através de seu caráter regional; visto que m esm o lim itada por fronteiras políticas m unicipais apresenta certos padrões de contigüidade variadas.

A presença ou ausência das unidades agroindustriais nos m unicípios é o principal vetor que define o crescim ento ou refluxo da quantidade de cana- de- açúcar produzida. A verdade é que as variações na quantidade produzida estão associadas ao volum e de terras destinadas à produção, expressado pela variável área plantada. Esta variável representa os rebatim entos espaciais da presença das usinas, que, na m edida em que define suas estraté-gias de ação em presarial, colocam em funcionam ento determ inadas porções de espaço que atendem suas dem andas produtivas. Ocorre um a m udança no uso e ocupação das terras, que engendram novos fluxos que com eçam a dar um a nova dinâm ica às áreas produtoras, im pondo um novo tipo de vida ao conj unto de relações socioespaciais estabelecidos nas localidades, caracterizadores do m eio técnico científico inform acional e das relações não contíguas dos círculos produtivos do setor canavieiro e do agronegócio em geral.

Nos m unicípios onde é verificado o crescim ento das lavouras, novos fluxos são im -postos pelas dem andas setoriais da agroindústria, caracterizados pela constante subordina-ção da natureza por novas técnicas de produsubordina-ção que acabam por desarticular o tem po e o espaço local, at ravés da incorporação de capit ais, ciência e t ecnologia, cont rapondo o tem po do hom em sobre o tem po da natureza. Daí que as novas relações estabelecidas transform am a racionalidade das redes urbanas, rearticulando as interações espaciais entre

Tabela 3 - Triângulo Mineiro. Principais m unicípios produtores de cana- de- açúcar. 2 0 0 6

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o lócus da produção que é o m unicípio, e os locais de tom ada de decisão, que são alheios ao local. Densificam - se os equipam entos da produção e as infra- estruturas aplicadas; aum enta o consum o de tecnologia, crescem os capitais fixos, tornando este espaço relativam ente m ais denso do ponto de vista técnico, consolidando o m eio técnico científico inform acional ( pelo m enos no cam po) e cristalizando o em brionário bioespaço, com o considera Moreira ( 2007) , m arcado pelas relações verticais derivadas propriam ente da presença dos novos atores capitalistas.

Da m esm a form a em que as lavouras crescem em determ inados m unicípios, em outros ocorre um m ovim ento contrário, com dim inuição da área plantada e retração da econom ia canavieira local. A tabela 4 apresenta os núm eros relativos à dim inuição da área plantada ent re 1990 e 2006.

Tabela 4 – Triângulo Mineiro. Municípios com dim inuição da área plant ada com cana- de- açúcar ( hec) . 1 9 9 0 – 2 0 0 6

Fonte: I BGE, Produção Agrícola Municipal, 2007.

Com preender o caso específico do Triângulo Mineiro enquanto região produtiva ( no caso da cana- de- açúcar) im plica em reconhecer o result ado das t ensões ent re forças opostas: de equalização ( dos sistem as globais, da geoeconom ia, etc.) e de diferenciação inerente à produção capitalista do espaço. Desse m odo, o arranj o regional deriva do uso corporativo do território pelos diferentes atores em determ inado m om ento histórico.

A seguir descrevem os os sub-sistem as ou dim ensões que com põem o arranjo espacial regional, segundo o referencial analítico proposto: a dim ensão político institucional, a dim en-são econôm ica, social am biental.

OS SUBSI STEMAS ESPACI AI S

Subsist em a Polít ico- inst it ucional

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unicí-pios ficam alheios a essas tom adas de decisão, operando horizontalm ente na definição dos locais m ais adequados para a instalação da agroindústria, definindo as regras para a locali-zação das lavouras, articulando os atores locais, entre outros; ainda que de form a m uito incipiente.

Su bsist em a socioecon ôm ico

Frente à instalação das unidades produtoras e da expansão das lavouras, criam - se certos efeitos padrões na dim ensão socioeconôm ica. Em todos os m unicípios onde se verifi-cou a expansão das lavouras e a instalação de agroindústrias, houve aum ento da renda e do Produto I nterno Bruto Municipal. Além disso, a cana- de- açúcar passa a ser um a das m ais im portantes atividades dos m unicípios, quando não a m ais, consolidando tais localidades com o verdadeiros m unicípios canavieiros, característica que se reconhece em diversos m u-nicípios do estado de São Paulo. O aum ento do PI B m unicipal tam bém é um fator que am enizou as diferenças regionais criadas historicam ente no Triângulo Mineiro, trazendo con-sigo o aum ento da terceirização e das possibilidades de gestão urbana da agricultura típica do Meio Técnico Científico I nform acional.

Na dim ensão social tam bém se identificou crescim ento padrão do Í ndice de Desenvol-vim ento Hum ano Municipal, que apesar de um a tendência geral de crescim ento, foi m ais intenso nos m unicípios com destaque para a produção de cana- de-açúcar. O I DH é um indicador que agrega não só a renda per capita, m as tam bém a expectativa de vida e a escolaridade. Daí que não podem os afirm ar que a instalação das agroindústrias prom oveu m udanças na qualidade de vida dos habitantes dos m unicípios analisados, necessitando- se de um a análise m ais porm enorizada, o que constitui um a lim itação para este estudo. Toda-via, é fato que o aum ento do PI B provocou aum ento do I DHM. Essa variação se deu de form a diferenciada nos m unicípios estudados, onde a diversidade de atividades produtivas tam bém foi fator que contribuiu para o crescim ento do I DH. Nos m unicípios m ais diversificados o crescim ento foi m aior, com o em Uberaba, por exem plo.

Subsist em a Am bien t al

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desenvolvim ento rural, e em certas circunstâncias, pode facilitar a proteção dos ecossistem as e dos solos.

As form as de uso da natureza consolidam os m odelos desarm ônicos que historica-m ente caracterizarahistorica-m a agricultura brasileira. É ao historica-m eshistorica-m o tehistorica-m po uhistorica-m processo de historica-m udança e perm anência. Mudança porque a cultura m oderna da cana- de- açúcar chega com o novidade, transform ando determ inadas características regionais. E tam bém é um processo de perm a-nência dos fatores que sem pre caracterizaram a agricultura brasileira, com o a grande propri-edade, a m onocultura e diversos tipos de concentração ( renda, acessibilidade aos créditos, aos recursos naturais, etc) .

CON CLUSÕES

O processo histórico da ocupação e expansão da cana- de-açúcar no Triângulo Minei-ro, em bora com algum as particularidades locais, é sem elhante ao ocorrido na m aior parte do país. A expansão das lavouras de cana- de- açúcar nessa região na prim eira década do século XXI é resultado do processo de m odernização agrícola que afetou as áreas de cerra-do desde o início de 1970, especialm ente em Minas Gerais. Deriva da incorporação de novos obj etos produtivos, que sob a lógica do agronegócio, im põem form as diversificadas de uso da natureza, aum entado a velocidade da produção e da extração dos recursos naturais. A presença da agroindústria nos m unicípios triangulinos redefiniu as tradicionais relações de poder, passando a im por novas lógicas operacionais racionalm ente determ inadas pela ordem capitalista. É o grande capital usineiro que define as form as de uso e ocupação do espaço, cristalizando seus interesses através da im plantação da m onocultura, da concentração de terras e de riquezas.

A espacialidade regional criada é produto das interações escalares proporcionadas pelas tecnologias da inform ação aplicadas ao processo produtivo e aos m ecanism os de circulação, fazendo confluir para a região variáveis que não se localizam im ediatam ente próxim as no espaço, m as que estão em constante conectividade. O com portam ento dos atores envolvidos é ditado pela interação das lógicas endógenas com fatores exógenos à região, que fazem parte dos m acro-sistem as econôm icos e políticos m undiais. Tal espacialidade corresponde à m aterialização dos interesses da globalização, que fazem do espaço regional plataform a de interação entre os fatores de ordem global e as particularidades locais. É dessa form a que derivam m ovim entos de diferenciação e de equalização da região. Enquanto os fatores da escala global im prim em a padronização, a localidade responde com as diferen-ciações e as particularidades ( MARSTON, 2000, p. 229) . I sto quer dizer que as m acro-escalas encontram com plem entaridades no espaço local, que perm item a realização de seus interesses, e conseqüentem ente im pulsionam a transform ação do espaço.

São sistem as lógicos de ação que operam sobre um conj unto de form as e obj etos, envolvendo variáveis de naturezas distintas, tanto àquelas de ordem física com o àquelas relacionadas às dinâm icas hum anas. O espaço físico, as form as e os obj et os, não são som ente depósitos ou plataform as de sedim entação dos interesses do capital e de suas form as de reprodução. Não fossem as terras de baixa declividade, a disponibilidade hídrica, solos com patíveis com a cultura em questão, aliados à presença de um a estrutura técnica e de um a rede urbana consolidada, certam ente o grande capital da agroindústria buscaria espaços m ais atraentes para se instalar.

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popula-ção, desem penham im portantes papéis na cadeia produtiva da cana- de-açúcar, com atra-ção de investim entos, geraatra-ção de em prego e renda. Daí que a rede urbana regional se tornou m ais com plexa, porque esses m unicípios com eçaram a desenvolver relações íntim as com outros pontos nodais do território, m uitas vezes até fora do estado de Minas Gerais. Tornou- se a região do Triângulo Mineiro, ou parte dela, a expressão de um a atividade produtiva, não m ais um a unidade m onolítica desenhada por seus contornos naturais ou políticos.

Foi possível então pensarm os quais são as variáveis que dão coesão interna para este recorte espacial que foi designado com o região do Triângulo Mineiro. Nos tem pos da globalização, a região faz parte de um sistem a espacial que é aberto, com m últiplas possibi-lidades de interações. Todavia, este sistem a total e indivisível, é com posto por subsistem as que operam conj untam ente para a form ação da totalidade na qual estão inseridos. Foi através da análise destes subsistem as que encontram os um a das explicações que dão coesão à região. O com portam ento padrão desses subsistem as, o político institucional, o socioeconôm ico e o am biental, nos m unicípios da região, form a um conj unto de caracterís-ticas com uns, que define as particularidades que diferenciam o Triângulo de outras regiões. A nova geografia da produção canavieira no Brasil condiz com a realização dos aj ustes nas relações de produção e o avanço de novas form as produtivas, que redefine o papel dos lugares nos processos m ais am plos de transform ação do território. Subordina- se a natureza e as localidades aos interesses do capital, pelo aceleram ento do tem po natural no m eio técnico científico inform acional. A agroenergia “ e as form as de organização do espaço que a acompanham são a expressão geográfica desse movimento de reestruturação” (MOREIRA, 2007, p. 26) , que acabam por perpetuar as antigas form as da concentração fundiária brasi-leira, com o a m onocultura e a grande propriedade voltadas para o m ercado externo. A indústria da bioenergia j á nasceu sob o signo da am pliação do capital e da apropriação da natureza, e que, da m esm a form a, concorrem para a continuidade da expansão horizontal da fronteira agrícola.

É nesta direção que procuram os com preender a cultura da cana- de- açúcar na região do Triângulo Mineiro, com o um fenôm eno de rem odelação do espaço agrícola, que se torna então m ais com plexo. Novos obj etos fixos se incorporam ao território para atender às novas dem andas do capital e dos com plexos agroindustriais, am pliando a com plexidade das rela-ções nesse espaço em constante transform ação. O Triângulo passa por um im portante processo de reorganização, onde as determ inantes externas são cada vez m ais presentes e as tom adas de decisão cada vez m ais longínquas, onde a territorialização do capital se dá pelo increm ento dos sistem as técnicos, pelas novas relações de poder e por novas relações interescalares, conectando a região a esferas m ais am plas da produção capitalista m undial, especialm ente aquelas ligadas à produção dos com odities agrícolas.

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Tabela 1  –  Estrutura organizacional das variáveis interpretadas
Tabela 2  –  Principais países produtores de cana- de- açúcar –  2 0 0 5
Gráfico 1  –  Evolução da produção brasileira de cana- de- açúcar Font e:  MAPA, Balanço nacional da cana- de- açúcar e agroenergia, 2007.
Gráfico 2  -  Produção de álcool com bustível no Brasil -  1 9 4 8 - 2 0 0 6 Font e:  MAPA, Balanço nacional da cana- de- açúcar e agroenergia, 2007.
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