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Percepção dos alunos da eja do colégio Anibal Cesar sobre as transformações no mundo do trabalho / Perception of eja students at Anibal Cesar college on transformations in the world of work

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Academic year: 2020

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.4,p.19123 -19138 apr. 2020. ISSN 2525-8761

Percepção dos alunos da EJA do colégio Anibal Cesar sobre as

transformações no mundo do trabalho

Perception of EJA students at Anibal Cesar college on transformations in

the world of work

DOI:10.34117/bjdv6n4-179

Recebimento dos originais: 13/03/2020 Aceitação para publicação: 13/04/2020

Nara Cavalcante Serpa

Pedagoga, Assistente Social, ME Políticas Públicas Instituição: Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI.

E-mail: serpacnara@gmail.com

RESUMO

Este artigo buscou investigar a percepção dos alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação

Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA) do Colégio Aníbal Cesar de Itajaí-SC, sobre as transformações no mundo do trabalho. Diante da demanda da reestruturação produtiva, a evasão escolar começa a ficar mais evidente, mais cedo, os jovens começam a exercer as atividades laborais para auxiliarem suas famílias na renda familiar. Assim, definiu-se como objetivo de estudo “Analisar a percepção de sujeitos da EJA diante das transformações no mundo do trabalho”. Utilizou-se, a metodologia de abordagem qualitativa, sendo que, para o aprimoramento de ideias e para obterem-se informações sobre a percepção dos alunos entrevistados, fez-se uso da pesquisa exploratória e descritiva. Igualmente a pesquisa bibliográfica ocorreu, visto que através desta, adquire-se maior compreensão do tema e auxílio na interpretação dos resultados. Na pesquisa de campo, teve-se entrevista teve-semiestruturada com 20 alunos do curso da EJA, de ambos os teve-sexos, na faixa etária de 17 a 50 anos da referida instituição. Para estes é perceptível que a reestruturação do trabalho passou a exigir do trabalhador maiores qualificações profissionais, especializações nos cargos requalificados da estrutura ocupacional, o que acaba segregando a força de trabalho com base na educação, a qual, nem todos têm acesso.

Palavras-chave: Trabalho. Reestruturação do Trabalho. Educação. EJA.

ABSTRACT

This article sought to investigate the perception of students of Youth and Adult Education (EJA) of the National Program for the Integration of Professional Education with Education Basic in the Youth and Adult Education Modality (PROEJA) of Colégio Aníbal Cesar de Itajaí-SC, about the transformations in the world of work. In view of the demand for productive restructuring, school dropout starts to become more evident, earlier, young people begin to exercise work activities to help their families with family income. Thus, the study objective

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.4,p.19123 -19138 apr. 2020. ISSN 2525-8761 was defined “Analyze the perception of subjects of the YAE before the changes in the world of work”. The qualitative approach methodology was used, and for the improvement of ideas and to obtain information about the perception of the interviewed students, exploratory and descriptive research was used. The bibliographical research also took place, since through it, one gains a greater understanding of the theme and helps in the interpretation of the results. In the field research, there was a semi-structured interview with 20 students of the EJA course, of both sexes, aged 17 to 50 years old from the referred institution. For them, it is noticeable that the restructuring of work started to demand from the worker greater professional qualifications, specializations in the requalified positions of the occupational structure, which ends up segregating the workforce based on education, to which, not everyone has access.

Keywords: Work. Work Restructuring. Education. EJA.

1 INTRODUÇÃO

O trabalho diante da transformação nos meios e nos modos de produção, pela acelerada revolução tecnológica focaliza uma nova era da humanidade onde às relações econômicas entre as pessoas e entre os países e a natureza do trabalho sofrem enormes transformações. Assim, surgem significados diversos ao trabalho, tornando o mundo do trabalho mais diversificado, assumindo formas de organização e materialidade peculiares no decorrer do processo civilizatório, variando em cada contexto histórico, formando uma gama de identidades.

Nesse sentido, nos últimos anos, um dos fatores mais marcantes ocorridos na sociedade foi a inserção crescente de jovens e adultos jovens no mercado de trabalho mais precocemente.

No entanto, o modo como os jovens e adultos jovens estão inseridos como trabalhadores, produtores, reprodutores da força de trabalho e, principalmente, pela condição de classe, gênero, etnia, orientação sexual, idade, religião e outros aspectos de identidade e nacionalidade tem tornado cada vez mais visível a difícil realidade desses jovens trabalhadores. Considerando o processo de globalização, estas questões têm se agravado fortemente e interferindo na vida dos mesmos.

Delineia-se então, uma nova composição do mercado de trabalho com um crescimento do trabalho em tempo parcial, temporário ou subcontratado. Com essa demanda da reestruturação produtiva, a evasão escolar começa a ficar mais evidente mais cedo, e, os jovens começam a exercer as atividades laborais para auxiliarem suas famílias na renda familiar.

Frente ao exposto, o questionamento do estudo refere-se: “Qual a percepção dos alunos da EJA no Colégio Aníbal Cesar, sobre a reestruturação do trabalho na contemporaneidade? ” Delineando-se como objetivo geral “Analisar a percepção de sujeitos da EJA diante das transformações no mundo do trabalho”, formularam-se os objetivos específicos como: Problematizar as transformações no mundo do trabalho contemporaneamente; inferir sobre os impactos das transformações no mundo do trabalho na vida dos sujeitos da EJA; e, analisar como os sujeitos da EJA do Colégio Aníbal Cesar percebem as transformações no mundo do trabalho.

De acordo com dados divulgados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), à medida que a economia global se recupera num contexto de crescimento da força de trabalho,

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.4,p.19123 -19138 apr. 2020. ISSN 2525-8761 o índice de desemprego no Brasil atingiu 12,4% no trimestre encerrado em fevereiro de 2019. Isso significa que 13,1 milhões de pessoas estão desempregadas no país. Os dados foram divulgados (30.04.2019) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)1.

Diante do contexto acima, justifica-se o estudo bem como o tema, cuja escolha não poderia ser mais oportuna, já que na condição de futura especialista em Educação Profissional Integrada à Educação Básica na Modalidade da Educação de Jovens e Adultos (EJA), busca-se um aprimoramento do próprio conhecimento, investigando a percepção dos alunos da referida instituição sobre as transformações do mundo do trabalho.

Sendo assim, o artigo estrutura-se em tópicos, apresentando a Fundamentação Teórica, a qual envolve características do PROEJA, conceitos gerais do trabalho, reestruturação produtiva, precarização do trabalho, a classe trabalhadora e, vínculos empregatícios. A seguir, indicam-se os recursos metodológicos utilizados para responder aos objetivos; na sequência, problematizam-se os dados sob a luz dos conceitos e, finalmente, os resultados finais.

2 MÉTODO

O estudo ocorreu na Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Programa

Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA) do Colégio Anibal Cesar de Itajaí.

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino que se destina a oferecer oportunidade de estudos para aquelas pessoas que não tiveram acesso ao ensino fundamental ou médio na idade regular, considerando as condições de vida e de trabalho do aluno.

A EJA abrange cursos que proporcionam formação profissional com escolarização para jovens e adultos, buscando a superação da dualidade entre trabalho manual e intelectual. Assume-se, dessa forma, o trabalho na sua perspectiva criadora não alienante. A idade mínima para acessar os cursos do Proeja é de 18 anos (na data da matrícula) e não há limite de idade máxima.

A pesquisa foi realizada com 20 alunos do curso de técnico de Agente de Observação de Segurança/Agroindústria, de ambos os sexos, na faixa etária de 17 a 50 anos, visto ser a idade que predomina entre os alunos da instituição.

O caminho metodológico norteador do estudo quanto à forma de abordagem se classifica como qualitativa, visto que:

A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se ocupa, nas Ciências Sociais, com um nível de realidade que não pode ou não deveria ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes. Esse conjunto de fenômenos humanos é entendido aqui como parte da realidade social, pois o ser humano se

1 SILVEIRA, Daniel e GAZZONI, Marina. Desemprego fica em 12,4% em fevereiro de 2019 e atinge 13,1 milhões de pessoas. G1. Globo. Economia. Rio e São Paulo, Jan./2019. Disponível em: <

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.4,p.19123 -19138 apr. 2020. ISSN 2525-8761 distingue não só por agir, mas pensar sobre o que faz e por interpretar suas ações dentro e a partir da realidade vivida e partilha com seus semelhantes2.

Referente aos objetivos a pesquisa caracteriza-se como exploratória e descritiva. A pesquisa exploratória tem como objetivo proporcionar “maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses”. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições3.

Logo, o objetivo da pesquisa descritiva é obter informações sobre uma população como, no caso deste, a percepção dos alunos entrevistados do PROEJA sobre a reestruturação do trabalho. Triviños4 define como a maneira de verificar uma determinada situação, fatos, opiniões ou comportamento em uma determinada população. Conforme acrescenta Gil5 está incluído neste grupo as pesquisas que têm como objetivo levantar as opiniões, atitudes e crenças de uma população.

Quanto aos procedimentos técnicos o estudo se classifica como pesquisa bibliográfica e de campo.

A pesquisa bibliográfica é um estudo realizado ou desenvolvido a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos.

A pesquisa bibliográfica ou de fontes secundárias abrange toda a bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, jornais, revistas, monografias, até por meios de comunicação como rádio, televisão e filmes. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que já foi escrito, dito e filmado sobre determinado assunto6.

Sendo assim, depois de selecionado material pertinente ao tema através de leitura, seleção e análise dos textos mais relevantes ao estudo, adquiriu-se maior compreensão para a interpretação do texto de forma sistemática, constitui um método útil e rigoroso para a pesquisa7.

Para uma complementação da pesquisa, utilizou-se também instrumento qualitativo de investigação. Neste caso para a coleta dos dados em campo foi utilizado um roteiro de entrevista semiestruturada e gravadas para uma melhor análise das informações obtidas pelos alunos, sujeitos deste estudo.

A entrevista semiestruturada combina perguntas fechadas e abertas onde o entrevistado teve a possibilidade de discorrer sobre o tema em questão sem se prender à indagação

2 MINAYO, M.C.de S. (org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 29. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010, p. 67.

3 GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2017, p. 47.

4 TRIVIÑOS, A.N.S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: A pesquisa qualitativa em educação – o positivismo, a fenomenologia, o marxismo. 5 ed. (18 reimpr.). São Paulo: Atlas, 2009.

5 GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa, 2017.

6 LAKATOS, E.M.; MARCONI, MA. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011, p. 66. 7 LAKATOS, E.M.; MARCONI, MA. Metodologia científica. p. 66.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.4,p.19123 -19138 apr. 2020. ISSN 2525-8761 formulada8. Porém, é preciso que o entrevistador tenha muito cuidado para não influenciar a resposta do entrevistado sobre pena de distorcer os resultados da pesquisa9.

A pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e conhecimentos sobre um problema, para o qual se busca uma resposta10.

As entrevistas foram agendadas e realizadas com cada aluno que aceitou participar da pesquisa, de acordo com sua disponibilidade, tendo como critério de inclusão que os participantes estejam cursando o curso da EJA no Colégio Aníbal Cesar.

Foi garantido o anonimato dos participantes, bem como da possibilidade de desistência a qualquer momento, sem que implique qualquer tipo de prejuízo à sua pessoa ou tratamento. Igualmente foi garantido que todos os dados fornecidos serão mantidos em sigilo.

As principais temáticas abordadas no roteiro de entrevista foram: percepção sobre a temática reestruturação do trabalho na contemporaneidade, experiências vivenciadas no cotidiano da vida em sociedade, na escola e possível identificação do porquê dos alunos entram intensamente no mercado de trabalho na contemporaneidade.

Após coletado os dados para o desenvolvimento da pesquisa, estes foram analisados e interpretados, a fim de se conseguir respostas ao problema proposto, pois segundo Gil11 a análise tem como objetivo organizar e sumariar os dados de tal forma que possibilitem o fornecimento de respostas ao problema proposto para a investigação.

Deu-se início a análise das informações utilizando-se como suporte o acervo bibliográfico resultantes da pesquisa previamente realizada, ouvindo-se as gravações das entrevistas e categorizando os resultados segundo os dados fornecidos pelos informantes, observando o que foi solicitado em cada objetivo e leituras relacionadas às questões norteadoras da investigação.

Assim, por meio da coleta de dados exploratória que proporciona construir uma riqueza de dados e flexibilidade à pesquisa, garantindo a maior riqueza de detalhes e profundidade e da análise de conteúdo nas três fases indispensáveis da pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados, obedecendo as regras de saturação, pertinência e homogeneidade12, por meio da inferência e interpretação, procurando torná-los significativos e válidos, esses, são apresentados em forma de quadro, textos descritivos, interpretativos e conclusivos.

3 O TRABALHO REFERÊNCIA DOS HOMENS NA SOCIEDADE

O trabalho pode ser conceituado como a atividade humana, física ou mental, cuja meta é a satisfação das necessidades do homem. O trabalho é distintivo do modo de ser humano. É

8 MINAYO, M.C.de S. (org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade, 2010.

9 ROESCH, SMA. Projetos de estágios e de pesquisa em administração. 3. ed. (reimpressão). São Paulo: Atlas, 2009, p. 32.

10 LAKATOS, E.M.; MARCONI, MA. Metodologia científica. p. 68. 11 GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa, 2017.

12 CAMARA, R.H. Análise de conteúdo: da teoria à prática em pesquisas sociais aplicadas às organizações. Gerais. Rev. Interinst. Psicol, Belo Horizonte, v. 6, n. 2, p. 179-191, jul., 2013. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S198382202013000200003&lng=pt&nrm=is o>. Acesso em: out./2017.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.4,p.19123 -19138 apr. 2020. ISSN 2525-8761 a atividade mais humana, aquilo que faz do homem um ser nomeadamente humano13. Complementando, [...] o trabalho adquiriu significados diversos e assumiu formas de organização e materialidade peculiares no decorrer do processo civilizatório, variando em cada contexto histórico14.

Nesse sentido, afirma-se que somente no século XIV, a palavra trabalho começou a ter o sentido genérico que hoje lhe é atribuída, qual seja, o de aplicação das forças e faculdades (talentos, habilidades) humanas para alcançar um determinado fim15.

O trabalho humano não deve ser visto apenas como um fator de produção, um mecanismo que serve apenas para produzir riqueza, visto que, ele está diretamente ligado à dignidade da pessoa humana, por isso deve manter em pauta o seu caráter humanitário16. Portanto, o trabalho (...) implica mais que a relação homem/natureza: implica uma interação no marco da própria sociedade, afetando os seus sujeitos e a sua organização17.

Em outras palavras, o que caracteriza o ser humano em sua identidade é o trabalho, como expressão de sua condição ontológica inalienável. Logo, além de estar na base da atividade econômica, (...) faz referência ao próprio modo de ser dos homens e da sociedade18.

4 REESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO NA CONTEMPORANEIDADE

O processo de reestruturação produtiva, refere-se à incorporação de novas tecnologias, formas de organização e gestão do trabalho. Tal processo, porém, inscreve-se em um quadro de transformações, que envolvem não apenas o processo de produção de mercadorias, mas todo um arranjo societal. Estas transformações vêm a ser uma resposta do capital frente à crise do modelo fordista de acumulação, que é a base da expansão econômica registrada nos países capitalistas centrais após a segunda guerra mundial19.

Importante ressaltar que o fordismo é implementado no Brasil de forma parcial; e, apoiado na abertura ao investimento estrangeiro direto e em investimentos públicos em infraestrutura, desenvolve-se principalmente nas indústrias voltadas à produção de bens de consumo duráveis, tendo à frente as indústrias ligadas ao complexo automotivo. Diferentemente do observado nos países capitalistas centrais, a rede de proteção social, que se expressava pelo estado de bem estar social, não é implementada no país, tendo por

13 FRAGA, P. D. Necessidades humanas e relação dos homens entre si nos escritos de Marx em Paris. 6º

Colóquio Internacional Marx e Engels – GT 1. A obra teórica de Marx de 03 a 05 de novembro de 2009.

Campinas, São Paulo. p. 2. Disponível em:

<https://www.ifch.unicamp.br/formulario_cemarx/selecao/2009/trabalhos/necessidades-humanas -erelacao-dos-homens-entre-si-nos-escri.pdf>. Acesso em: abr./2018.

14 ANTUNES, R. Adeus ao trabalho: ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. 15. ed. São Paulo: Cortez, 2011, p. 14.

15 CUNHA, A. G. da. Dicionário etimológico da língua portuguesa. 4. ed. Rio de Janeiro: Lexicom Editorial, 2010, p. 779.

16 GUERRA FILHO, Willis Santiago, p. 133 (apud GOMES, Dinaura Godinho Pimentel. Direito do trabalho e

dignidade da pessoa humana, no contexto da globalização econômica. São

Paulo: LTr, 2005, p. 27.

17 NETTO, J. P.; BRAZ, M. Economia política: uma introdução crítica. 4 ed. São Paulo: Cortez, 2008, p.34. 18 NETTO, J. P.; BRAZ, M. Economia política: uma introdução crítica, p. 29.

19 FARIA, J. H. de; KREMER, A. Reestruturação produtiva e precarização do trabalho: O mundo do trabalho em transformação. READ, ed. 41, v. 10, n. 5, set-out/2014, p. 03.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.4,p.19123 -19138 apr. 2020. ISSN 2525-8761 consequência um processo parcial de integração dos cidadãos ao mercado de trabalho e de consumo, levando à exclusão social um contingente significativo da sociedade brasileira20.

A preocupação da preservação da força de trabalho faz com que o modelo fordista adote pagamentos de altos salários e a jornada de oito horas, no que constituía uma estratégia para fixar o trabalhador na fábrica. A pressão dos operários se fazia presente através de suas organizações, com greves e reivindicações de melhores condições de trabalho.

Em estudos anteriores (SERPA, 2007)21, já indicavam que o direito do trabalho referente ao seu objeto de estudo e ao seu campo de atuação tem como características básicas irremovíveis um certo dinamismo e uma certa adequação à realidade.

Soares Júnior22 refere-se a estas características do direito do trabalho como inseridas num contexto mais amplo que são as relações políticas, sociais e econômicas e que por certo estão sempre a se modificar e a evoluir e, complementa afirmando que nas sábias palavras de Américo Plá Rodrigues, "o que era indisponível, rígido e inviolável se converte em flexível e derrogável".

Em outras palavras, tem-se que o princípio básico que sempre informou o direito do trabalho e que visa proteger o economicamente mais fraco é bastante abrandado, visando o atingimento do objetivo precípuo de diminuir os gastos gerais com empregado, ensina o autor supracitado.

5 A FLEXIBILIZAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA

A proposta da flexibilização das leis trabalhistas influenciada, principalmente pelas empresas multinacionais, que não se preocupam com os direitos sociais, apenas pretendem explorar um trabalho mais barato, conforme argumenta Maciel23: "Para estes, quanto menos garantia de emprego tiver, melhor". Deve-se combater a desregulamentação tendo uma proteção social acima da proteção econômica: "Antes de 1964, você tinha muito mais o lado social do que o econômico. Hoje você pensa na economia, na inflação, e tudo gira em torno de não ter inflação. Mas quem paga para não ter inflação? O empregado"24.

Trata-se de um afastamento da rigidez de algumas leis diante de situações necessárias, ao permitir maior poder de decisão às partes, de modo que possam alterar seus contratos. Um tema amplo, porém, utilizando-se de uma maneira mais simplificada, pode-se definir a

20 DRUCK, G.; FRANCO, T. (Org). A perda da razão social do trabalho: terceirização e precarização. São Paulo: Boitempo, 2007.

21 SERPA, N. C. Modernização do trabalho numa organização pública: CELESC como estudo de caso. 2007. 182 fl. Dissertação. (Mestre Profissionalizante em Gestão de Políticas Públicas). Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI. Itajaí, 2007.

22 SOARES JÚNIOR, A. A flexibilização no Direito do Trabalho enquanto instrumento de mudanças nas

relações de trabalho. [s:d.]. Disponível em: <http://www.uepg.br/rj/a1v1at07.htm>. Acesso em: maio/2018,

p. 01.

23 MACIEL, JAC. Flexibilização da CLT, um tiro nos direitos dos trabalhadores. Revista Jurídica Consulex. N. 115. p.47. 31 de outubro de 2002, p. 47.

24 MACIEL, JAC. Flexibilização da CLT, um tiro nos direitos dos trabalhadores. Revista Jurídica Consulex. N. 115. p. 47. 31 de outubro de 2002, p. 47.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.4,p.19123 -19138 apr. 2020. ISSN 2525-8761 flexibilização como uma compatibilização do direito do trabalho com a realidade do mundo moderno25.

Portanto, de acordo com as colocações de Maciel26 e Soares Júnior27 pode-se considerar a flexibilidade do direito do trabalho como o conjunto de medidas destinadas a afrouxar, adaptar ou eliminar direitos trabalhistas de acordo com a realidade econômica e produtiva.

6 RESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA: CARACTERÍSTICAS E CONSEQUÊNCIAS

Com o aperfeiçoamento da tecnologia nos anos 70, bem como com as sucessivas crises do Petróleo (em 1973 e 1979) gerou-se grandes variações nas taxas de câmbio da economia, acentuando a internacionalização e o crescente volume de investimentos em capitais financeiros, acarretando instabilidade na economia e nos investimentos produtivos industriais. Com isso, os modelos produtivos presentes no taylorismo e no fordismo tiveram que ser reestruturados, sem contudo, transformar o modo de produção capitalista – daí a nomenclatura de Reestruturação Produtiva28.

Leite29 propõe uma periodização que identifica três momentos do processo de reestruturação produtiva:

O primeiro período compreende o final dos anos 1970 e início dos anos 1980, concentrado na implementação dos círculos de controle de qualidade, sem que alterações significativas nas formas de organização do trabalho ou investimentos intensivos em equipamentos de base microeletrônica fossem implementadas. Esta estratégia mostra-se um fracasso já em meados nos anos 1980 com a desativação de diversos programas.

No segundo período, que se inicia na metade da década de 1980 e estende se até o seu final, é observada uma rápida difusão de equipamentos de base microeletrônica, tendo ocorrido também iniciativas de implementação de novas formas de organização do trabalho, principalmente aquelas de inspiração toyotista, sem que estas iniciativas, no entanto, venham a se generalizar nas indústrias.

O terceiro período proposto por Leite, que inicia nos anos 1990, quando “vem se detectando uma nova fase em que as empresas estão concentrando seus esforços nas estratégias organizacionais, bem como na adoção de novas formas de gestão da mão-de-obra, mais compatíveis com a necessidade de flexibilização do trabalho e com o envolvimento dos

25 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho. 34. ed. São Paulo: LTr, 2009. 26 MACIEL, JAC. Flexibilização da CLT, um tiro nos direitos dos trabalhadores. Revista Jurídica Consulex.

N. 115. p. 47. 31 outubro de 2002, p. 47.

27 SOARES JÚNIOR, A. A flexibilização no Direito do Trabalho enquanto instrumento de mudanças nas

relações de trabalho. [s:d.]. Disponível em: <http://www.uepg.br/rj/a1v1at07.htm>. Acesso em: mai/2018, p.

01.

28 DANTAS, P. M. de A. B. Mundo do trabalho, reestruturação produtiva e gestão de pessoas: elementos de debate. VI Jornada Internacional de Políticas Públicas: O desenvolvimento da crise capitalista e a atualização das lutas contra a exploração, a dominação e a humilhação. 20 a 23 de ago./2013. Cidade Universitária da UFMA. São Luiz, Maranhão.

29 LEITE, M. de Paula. Reestruturação produtiva, novas tecnologias e novas formas de gestão da mão-de-obra. In:_______. O mundo do trabalho: crise e mudança no final do século. Campinas: Scritta, 1994, p. 563-587.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.4,p.19123 -19138 apr. 2020. ISSN 2525-8761 trabalhadores com a qualidade e a produtividade”30. Para esta autora, embora as estratégias adotadas variem significativamente entre as empresas, possuem como elemento comum o caráter limitado e reativo31.

Percebe-se uma crise que atinge o mundo todo. Uma crise que recusa valores civilizatórios propostos pela modernidade. Uma crise marcada profundamente pela perda dos referenciais utópicos, por isso mesmo, abandonam se quaisquer esperanças sobre o futuro32. Assim, na década dos anos 1990, o mundo foi assolado por processos de mudanças econômicas e sociais como resultado da imposição de políticas neoliberais pelas elites econômicas e governamentais de todos os países do mundo. Essas políticas, sejam as governamentais ou de empresas privadas, tiveram grandes consequências na estrutura de produção, nas relações de trabalho e nas vidas dos trabalhadores individuais33.

Desse modo, enquanto respostas do sistema de capital em torno da realização de seu constante desejo de obtenção de lucro, a precarização, a polivalência, rebaixamento de salários e desregulamentação do trabalho que revelam um forte incremento da exploração da força de trabalho produz um resultado: desemprego34.

O capitalismo contemporâneo vem assumindo nas últimas décadas, uma configuração que acentuou sua lógica concentradora e destrutiva. A conjuntura de pauperização da população enquanto desdobramento da questão social que se delineia mundialmente explicita os caminhos perversos da atual etapa de desenvolvimento do sistema econômico capitalista35.

Há, portanto, consequências da Reestruturação Produtiva para a população no mercado de trabalho as quais, de acordo com as formulações de Amaral e César36 determinam novas formas de domínio do capital sobre o trabalho, realizando uma verdadeira reforma intelectual e moral, visando à construção de outra cultura do trabalho e de uma nova racionalidade política e ética compatível com a sociabilidade requerida pelo atual projeto do capital.

Foi sendo definida uma nova cultura e atuações política neoliberal no trabalho, não somente as estratégias de produção e racionalização, mas através de novas tecnologias, políticas, processos de trabalho, estoques, tempo de giro do capital, produtos, padrões de consumo, como também as condições de trabalho, os direitos e os compromissos do Estado para a população37.

30 LEITE, M. de Paula. Reestruturação produtiva, novas tecnologias e novas formas de gestão da

mão-de-obra, p. 573.

31 LEITE, M. de Paula. Reestruturação produtiva, novas tecnologias e novas formas de gestão da

mão-de-obra, p. 565.

32 SERPA, N. C. Modernização do trabalho numa organização pública: CELESC como estudo de caso, 2007. 33 PALASSI, M. P. Ações coletivas e consciência política no mundo do trabalho. Curitiba: Juruá, 2011, p.

11.

34 FARIA, J. H de; KREMER, A. Reestruturação produtiva e precarização do trabalho: o mundo do trabalho em transformação, p. 21.

35 ANDRADE, F. F. de. Reestruturação Produtiva: dos novos padrões de acumulação capitalista ao novo parâmetro de políticas sociais. Revista Urutagua. Nº 10. Quadrimestral Ago/Set/Out/Nov. Paraná, 2011. 36 AMARAL, A. S. do; CESAR, M. O trabalho do assistente social nas empresas capitalistas. In: Serviço

Social: direitos e competências profissionais. Brasília: CFESS, 2009.

37 FREIRE, L. M. B. O serviço social na Reestruturação Produtiva: espaços, programas e trabalho profissional. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2006.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.4,p.19123 -19138 apr. 2020. ISSN 2525-8761 Em suma, os dados da indústria de transformação, analisados até aqui, indicam que a nova base técnica implementada pelo processo de reestruturação produtiva é poupadora de mão-de-obra, fazendo com que o regime de acumulação flexível venha a demandar uma quantidade cada vez menor de trabalhadores em relação àqueles que são ofertados pela população economicamente ativa, o que configura a expansão do desemprego estrutural38.

Por fim, as exigências do processo de Reestruturação Produtiva, desencadeadoras das mudanças no mundo do trabalho, afetam rapidamente o processo de trabalho bem como o controle da força de trabalho realizada pelo modelo de gestão de pessoas, operando mudanças de ordem técnica, mas amparadas em práticas essencialmente políticas. Assim, o que se verifica atualmente é o acirramento da questão social e o surgimento de novas problemáticas na esfera ocupacional39.

7 PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO E A CLASSE TRABALHADORA

O trabalho sempre ocupou o lugar central em volta do qual as pessoas organizaram suas vidas. Enaltece-se, desde logo, a aplicação de um dos pilares da Constituição de 1988, a dignidade da pessoa humana, quando se fala de trabalho, porque, quem o realiza é uma pessoa, um ser humano que deve ser dotado de consciência e liberdade. Não por acaso, a Constituição também traz como pilar o valor social do trabalho, prevendo um mínimo de sua realização, de forma a programar melhores condições na sociedade, ao abarcar os direitos sociais40.

Viável registrar-se também que nem o modelo econômico, nem o mercado, nem as demandas e nem quaisquer outros fatores como propriedade, distribuição de riquezas, níveis de educação, diferenças culturais contêm justificativas para a observação hodierna do mercado de trabalho. Tais fatores tentam explicar as realidades presentes aos olhos de todos, mas não devem assumir a posição de legítimos quando se está diante da dignidade da pessoa de um trabalhador41.

Porém, não se pode ignorar, as condições de trabalho desumanas e degradantes advindas com a Revolução Industrial, jornadas de quinze horas diárias nas fábricas de tecidos, crianças de seis anos laborando. Cabe falar de alienação, na medida em que os instrumentos de trabalho e o resultado da atividade humana não mais pertencem ao trabalhador. O operário não escolhe suas condições de trabalho: sua jornada e o valor de seu salário. O produto do trabalho, a mercadoria, passa a valer mais do que o trabalhador42, há a coisificação do ser humano, ou seja, a sua desumanização.

Nesse sentido, o processo de precarização do trabalho refere-se à degradação das condições de trabalho e emprego e é utilizado com mais frequência em relação ao trabalho informal. Nesta pesquisa, é utilizada uma concepção estendida do processo de precarização do

38 FARIA, J. H. de; KREMER, A. Reestruturação produtiva e precarização do trabalho: o mundo do trabalho em transformação, p. 23.

39 DANTAS, P. M. de A. B. Mundo do trabalho, reestruturação produtiva e gestão de pessoas: elementos de debate, p. 08.

40 PAVELSKI, A. P. Direitos da personalidade do empregado, p. 33. 41 PAVELSKI, A. P. Direitos da personalidade do empregado, p. 33.

42 DEBORD, G. A sociedade do espetáculo. Tradução de Estela dos Santos Abreu. Rio de Janeiro: [s:n], 2007. p. 22.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.4,p.19123 -19138 apr. 2020. ISSN 2525-8761 trabalho. Tal concepção é baseada na noção ampliada e contemporânea de classe-que-vive-do-trabalho, proposta por Antunes43. Segundo este autor, “uma noção ampliada de classe trabalhadora inclui, então, todos aqueles e aquelas que vendem sua força de trabalho em troca de salário44”. Desta forma, esta noção de classe trabalhadora inclui os assalariados industriais, de serviços, rurais, os trabalhadores terceirizados, temporários, em tempo parcial, trabalhadores informais e os desempregados.

Assim, no âmbito dessa pesquisa, o processo de precarização de trabalho é entendido como o processo que envolve a degradação das condições de trabalho e emprego, seja do trabalhador formal, informal, em tempo parcial, temporário e, o extremo da precarização que é a própria ausência de trabalho vivenciada pelos trabalhadores que estão desempregados. Assim, a pesquisa vai nos mostrar os impactos das transformações no mundo do trabalho dos alunos da EJA.

8 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Realizou-se a pesquisa, inferindo sobre os impactos das transformações no mundo do trabalho na vida dos sujeitos da EJA do Colégio Aníbal Cesar de Itajaí com entrevistas aplicadas aos 20 alunos da sala do 4º ciclo. Deve-se ressaltar que 4 alunos foram excluídos da análise dos resultados, pois a faixa etária escolhida foi de 17 a 50 anos, e estes possuíam 15 e 16 anos. Após a análise dos dados obtidos, expõem-se neste item aspectos relevantes quanto às características dos entrevistados e a percepção destes sobre o impacto da tecnologia no cenário laboral de convívio.

Percebe-se que a grande maioria (25%) dos alunos entrevistados possuem entre 17 e 18 anos respectivamente, sendo que 38% iniciaram suas atividades laborais com 14 anos e 31% com 16 anos.

Entre os primeiros 25%, os alunos com 17 anos encontram-se os que visualizam, ainda, a força braçal como a mais importante do que a tecnologia. Nesse grupo também se encontra um aluno que trabalha com tatuagem, o qual visualiza o maquinário da tatuagem como importante tecnologia e também um entrevistado dessa faixa etária que respondeu não visualizar a tecnologia como importante na reestruturação do trabalho.

Entre os alunos com 18 anos (25%) percebem a tecnologia como uma forma do ser humano estar mais cansado no trabalho. Porém, mencionam que a comunicação mudou para melhor e referem o computador e o celular, como a tecnologia mais importante.

Logo, entre os 7% dos alunos com 23 e 31 anos, é mencionada como a tecnologia utilizada no seu labor a forma de registrar a presença do trabalhador nas empresas através do cartão ponto e os processos de soldagem com máquinas mais avançadas.

Nos demais, com idade de 36 e 50 anos (6% respectivamente), é mais e melhor percebida a mudança advinda da tecnologia no mercado de trabalho, os quais ressaltam as ferramentas de precisão através da informática que vieram a melhorar o desempenho do trabalhador, apesar de uma aluna, do lar, declarar que só usa informática na escola (45 anos). Estes também

43 ANTUNES, R. Os sentidos do trabalho, p. 103. 44 ANTUNES, R. Os sentidos do trabalho, p. 103.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.4,p.19123 -19138 apr. 2020. ISSN 2525-8761 visualizam que antes das transformações no mundo do trabalho, era mais fácil arrumar um trabalho, “hoje você precisa se qualificar mais” (36-37, 48-50 anos).

No contexto, Rúbria Coutinho, consultora em recursos humanos e desenvolvimento organizacional, explica que os empregadores buscam profissionais que se diferenciam. Estão mais exigentes e acredito que essa tendência permanecerá mesmo depois da crise, quando as ofertas de vagas poderão crescer. E, destaco uma formação de qualidade, incluindo pós-graduação, participação em programas de especialização e atualização, fluência em outros idiomas, capacidade de pensar digitalmente, conhecer e lidar com tecnologia no dia a dia, perfil empreendedor, que busca e adquire conhecimentos, experimenta novas práticas e é capaz de se adaptar aos diferentes movimentos e mudanças45.

De modo geral, a idade de início das atividades laborais dos entrevistados abrange 38% com 14 anos; 31% com 16 anos, 13% com 18 anos e 6% entre 11, 12 e 23 anos correspondentes.

Viável ressaltar Maurício Godinho Delgado46 o qual esclarece:

[...] no tocante à figura do empregado há claras especificidades normativas na ordem jus trabalhistas. Em primeiro lugar, fixa o Direito do Trabalho que a capacidade plena para atos da vida trabalhista inicia-se aos 18 anos [...]. Entre 16 e 18 anos situa-se capacidade/incapacidade relativa do obreiro para atos da vida trabalhista (14 anos, se vinculado ao emprego através de contrato de aprendiz).

Quando indagados sobre quais tecnologias utilizam no trabalho, foi ressaltado 44% o celular; 31% o computador; 19% máquinas de produção e, 6% outros.

Constata-se que os alunos visualizam mudanças tecnológicas, mas o celular (44%) com seus programas, são os que mais chamam a atenção dos alunos trabalhadores, como sendo a tecnologia de mais importância a todos. Seguida dos 31% que optou pelos computadores; 19% por máquinas de produção, como empilhadeiras, pistolas de pintura, chapeiras, seladoras para plásticos, entre outras. Outros 6% responderam que no seu trabalho não possuem tecnologia. No contexto geral, a análise esclarece que quanto mais idade e experiência profissional há uma percepção com mais informações sobre o mercado de trabalho tecnológico; e, são poucos os alunos trabalhadores que possuem tecnologia no trabalho.

Nesse sentido, Amir El-KOUBA, professor de gestão de pessoas em MBAs da

Fundação Getúlio Vargas, Faculdade IBS e consultor empresarial afirma: “logicamente que a experiência profissional continua sendo extremamente importante. Mas, isoladamente, não é mais suficiente. Agora, o profissional precisa se capacitar. Tem de ir além da qualidade e do comprometimento com seu processo de trabalho, percebendo a interdependência entre as suas atividades e a de outros profissionais e processos dentro da organização, com efetivo impacto no negócio.”47.

45 MONTEIRO, L. Mercado de trabalho exige novo perfil de profissional, saiba como se atualizar. Jornal Estado de Minas. Carreira. 26.04.2017. Disponível em: <https://www.em.com.br/mercadode-trabalho-exige-novo-perfil-de-profissional-saiba-mais.shtm>. Acesso em: fev./2019.

46 DELGADO, M. G. Curso de direito do trabalho. 12. ed. São Paulo: LTr, 2013, p. 513.

47 MONTEIRO, L. Mercado de trabalho exige novo perfil de profissional, saiba como se atualizar.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.4,p.19123 -19138 apr. 2020. ISSN 2525-8761 Visando à consecução do objetivo proposto, realizou-se a análise dos questionários respondidos pelos alunos da EJA do Colégio Aníbal Cesar de Itajaí, do 4º ciclo. Esses resultados corroboram o estudo desenvolvido por Kavanagh e Drennan48, pois os resultados indicaram que os alunos estão se tornando conscientes das expectativas dos empregadores quanto às habilidades de comunicação, trabalho com tecnologia apurada e conhecimento da realidade.

Para tanto, Lange, Jackling e Gut49 apontam que é preciso haver maior ênfase nas competências que auxiliam os alunos no mercado de trabalho, sendo que é perceptível muitas falhas na tentativa de proporcionar aos alunos uma educação geral de base ampla, juntamente com uma formação profissional especializada para atender as necessidades da profissão escolhida perante o mercado de trabalho.

Nesse sentido, as instituições de ensino devem priorizar o desenvolvimento de competências, habilidades e valores que assegurem aos alunos condições de ingressar no mercado de trabalho.

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A inserção do jovem no mercado de trabalho tem se caracterizado como importante problemática, considerando-se que o trabalho aparece como uma menção principal em opiniões, atitudes, expectativas e relatos de experiências em amostras pesquisadas envolvendo a juventude brasileira. Já o foco de forma particular abrange várias dimensões como o valor do trabalho para quem incorpora uma dedicação ao mesmo; a exigência de garantias para as carências no curso da vida; o direito para exercer a cidadania e a aquisição oportunidades de crescimento enquanto pessoa. Tais aspectos subjetivos encontram ressalvas na esfera de subsídios como alterações na dinâmica demográfica, transformações no aparato produtivo, encolhimento de postos na base da pirâmide ocupacional e inadequação educacional. Não se pode desconsiderar o fato das famílias de baixa renda, que pressionam seus filhos a entrarem no mercado de trabalho, uma relação direta desse fenômeno com a pobreza, grande responsável pelo trabalho precoce. Estes são elementos que podem ser considerados como condicionantes da entrada do jovem no mercado de trabalho.

Dos alunos do 4º ciclo da EJA do Colégio Aníbal Cesar de Itajaí, a maioria (25%) dos entrevistados encontra-se na faixa etária dos 17 e 18 anos respectivamente, sendo que, a idade de início das atividades laborais que obteve maior percentual nos resultados, coube aos alunos que tinham 14 anos (38%) e 16 anos (31%) na época.

48 KAVANAGH, M.H.; DRENNAN, L. What skills and attributes does an accounting graduate need?

Evidence from student perceptions and employer expectations. Accounting and Finance, v. 48, n.

2, p. 279-300, 2008.

49 LANGE, P.; JACKLING, B.; GUT, A.M. Accounting graduates’ perceptions of skills emphasis in undergraduate courses: an investigation from two Victorian universities. Accounting and Finance, v. 46, n. 3, p. 365-386, 2006.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.4,p.19123 -19138 apr. 2020. ISSN 2525-8761 Muitos foram os problemas observados no estudo, voltados ao segmento do mercado de trabalho do jovem, visto que estes sofrem as mais diversas influências, como a pobreza que aumenta a incidência do trabalho do mais jovem; as novas tecnologias elevam o desemprego, uma vez que exigem uma maior e diferenciada qualificação do trabalhador, característica incomum entre os jovens, até mesmo porque ainda são jovens; e as alterações na estrutura etária da população, com aumento quantitativo de pessoas nas faixas etárias com até 24 anos, além da inadequação do sistema escolar e da rigidez salarial com estabilidade inflacionária, provocando incerteza quanto à produtividade do jovem.

Considera-se que os resultados desta pesquisa estão em linha com o que foi desenvolvido no referencial teórico mostrando que a atividade laboral vem sendo fortalecida, de forma crescente, com o uso da tecnologia como requisito necessário para o melhor desenvolvimento do processo de trabalho. Entretanto, os dados coletados e aqui apresentados, possibilitaram constatar nas respostas dos alunos da pesquisa, que ainda falta clareza na exploração e no uso das tecnologias na sua prática laboral. Esse fenômeno pode dar-se pelo distanciamento e a abordagem no uso das tecnologias identificadas entre os pesquisados.

A respeito da investigação sobre como os alunos da EJA pesquisados percebem as alterações tecnológicas nas relações de trabalho, primeiramente considerou-se relevante, visto que, levou-os à reflexão sobre suas trajetórias no mundo do trabalho, ajudando-os a compreender o processo de construção de suas identidades. Por outro lado, discernir como os alunos vivenciam as transformações em curso, corresponde a uma ferramenta importante com o intuito de averiguar essa questão para melhorar o ensino nos ciclos, talvez aprimorando os currículos do PROEJA, com vistas a formar profissionais preparados para enfrentar as demandas do mercado de trabalho.

Com efeito, a formação profissional deve estar voltada às exigências do próprio mercado de trabalho, de maneira que uma percepção das necessidades das empresas, e mesmo do setor público, é sempre importante para que se possa adequar o sentido de formação de uma oferta de trabalho com as exigências requeridas pelo lado da demanda. Uma formação profissional com essa preocupação, além de elevar a chamada “empregabilidade” das pessoas envolvidas, naturalmente permitirá uma elevação dos seus rendimentos futuros.

No entanto, deve-se ressaltar que os resultados encontrados neste estudo se limitam a amostra analisada. Dessa forma, os resultados evidenciados nesta pesquisa não podem ser generalizados. Assim, sugere-se para pesquisas futuras que seja alterada a amostra, pesquisando outras EJAS, visando à comparação dos resultados.

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