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Caracterização do BTT no Parque Natural de Sintra-Cascais: um contributo para a revisão da Carta de Desporto de Natureza do PNSC

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Universidade de Lisboa

Faculdade de Ciências

Departamento de Biologia Animal

Caraterização do BTT no Parque Natural de

Sintra-Cascais. Um contributo para a revisão da Carta de

Desporto de Natureza do PNSC.

Maria Brito Campelo

Dissertação

Mestrado em Ecologia e Gestão Ambiental

Orientadores:

Professor Doutor José Ângelo Guerreiro da Silva

Dr. Ricardo Manuel Nogueira Mendes

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Índice

Agradecimentos ... iii

Resumo ... iv

Abstract ... v

Lista de Figuras ... vi

Lista de Tabelas ... viii

Glossário de estrangeirismos ... viii

Lista de Siglas e Acrónimos ... ix

1. Introdução ... 1

1.1. Impactes do TN nas APs ... 1

1.2. Monitorização ... 1

1.2.1. Importância dos programas de monitorização nas APs ... 1

1.2.2. Principais métodos e técnicas ... 2

1.3. Em Portugal ... 3

1.3.1. Legislação ... 3

1.3.2. TN e CDNs ... 4

1.4. BTT ... 5

1.4.1. Perspectiva histórica e situação atual ... 5

1.4.3. Impactes ambientais e comparação com outras atividades ... 6

1.4.4. Conflitos entre utilizadores ... 6

1.5. Organização e partilha online ... 7

1.7. Objetivos ... 8

2. Métodos ... 9

2.1. Caraterização da área de estudo ... 9

2.1.1. Criação e localização ... 9 2.1.2. Valor ecológico ... 10 2.2. Grupo amostrado ... 10 2.2.1. Porquê o BTT ... 10 2.2.2. BTT na CDN ... 11 2.3. Design da amostragem ... 12

2.3.1. Serviços de partilha online – Comparação ... 12

2.3.2. Serviços de partilha online – Espacialização ... 13

2.3.3. Inquéritos ... 13

2.3.4. Contadores automáticos ... 14

2.4. Análise de dados ... 14

2.4.1. Serviços de partilha online – Comparação ... 14

2.4.2. Serviços de Partilha online – Espacialização ... 15

2.4.3. Inquéritos ... 15

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3. Resultados ... 17

3.1. Serviços de Partilha online – Comparação ... 17

3.2. Serviços de Partilha online – Espacialização ... 18

3.3. Inquéritos ... 24 3.3.1. Quem são ... 24 3.3.2. Investimento ... 28 3.3.3. Preferências e conflitos ... 31 3.3.4. Avaliação e utilização do PNSC ... 37 3.3.5. Testes estatísticos ... 39 3.4. Contadores automáticos ... 42 4. Discussão ... 45

4.1. Serviços de partilha online – Comparação ... 45

4.2. Serviços de partilha online – Espacialização ... 46

4.3. Contadores automáticos ... 48 4.4. Inquéritos ... 50 4.4.1. Quem são ... 50 4.3.2. Investimento ... 51 4.3.3. Preferências e conflitos ... 52 4.3.4. Avaliação e utilização do PNSC? ... 53 4.3.5. Testes estatísticos ... 54 5. Conclusões ... 56 7. Considerações finais ... 57 6. Bibliografia ... 58 Anexos ... 62

Anexo 1 – Espacialização das áreas protegidas no território portugues ... 62

Anexo 2 – Carta de Desporto de Natureza do Parque Natural Sintra-Cascais ... 63

Anexo 3 - Tabela comparativa das funcionalidades dos vários serviços de Partilha online. ... 64

Anexo 4 – Opções de pesquisa do GPSies ... 65

Anexo 5 - Inquérito aos BTTistas do Parque Natural de Sintra-Cascais ... 67

Anexo 6 - Grupos a que pertencem os BTTistas inquiridos do PNSC ... 70

Anexo 7 - Outros conflitos que os BTTistas do PNSC consideraram graves e/ou que deveriam ser reportados ... 71

Anexo 8 - Notas / sugestões / comentários que os BTTistas sentiram que deveriam partilhar no seguimento deste inquérito. ... 72

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Agradecimentos

Foram vários os contributos, sem os quais este trabalho não se poderia ter realizado. O meu muito obrigada:

Ao Professor Doutor José Guerreiro, por me ter aceite como orientanda, possibilitando o desenvolvimento desta tese de mestrado, dentro do tema que me fez escolher o mestrado em primeiro lugar,

ao Dr. Ricardo Mendes, pela orientação e apoio ao longo de todo o trabalho, pelo interesse demonstrado neste projeto, pela amizade e pelas experiencias profissionais possibilitadas,

ao e-GEO, pelo acolhimento e pela disponibilização dos contadores automáticos, essenciais para este trabalho,

ao Professor Doutor Henrique Cabral e às minhas colegas e amigas Ana Vasco e Vanessa Teles da Mota, pela ajuda indispensável na análise estatística,

à Câmara Municipal de Sintra, pelos dados disponibilizados,

à Engenheira Lia Mergulhão e ao ICNF, pela simpatia, pelo apoio e fornecimento de dados indispensáveis para este trabalho,

ao Sr. Luís Jacinto, pelas informações que levaram à escolha do local de um contador e pelo apoio prestado ao longo de todo o trabalho,

ao Sr. João Carvalho, da loja Fun Bike, pela ajuda na disponibilização dos links para o inquérito na sua loja,

à minha família, por todo o carinho e apoio e em especial à minha mãe, pela minha formação e pela ajuda e companhia em muitas das horas de trabalho de campo deste trabalho.

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Resumo

As áreas protegidas têm como papel principal a conservação da natureza, mas ao mesmo tempo, o objetivo de serem usadas pelo público para atividades de desporto e lazer, o que acontece com crescente intensidade e frequência, especialmente naquelas perto das grandes cidades. Uma destas atividades é o BTT, um desporto e atividade recreativa com várias vantagens para a saúde, mas que gera vários impactes ecológicos e sociais. Esta é uma das atividades mais praticadas no Parque Natural de Sintra-Cascais. Localizado na área metropolitana de Lisboa, este é o Parque Natural português com maior densidade de residentes e é composto por ecossistemas costeiros e de montanha, com vários valores naturais e construídos. Os principais objetivos deste trabalho são: espacializar os percursos usados para BTT no território do PNSC; obter uma quantificação preliminar do uso de BTT neste Parque e compreender quem são os BTTistas do PNSC, as suas expetativas, perceções, conflitos e dificuldades sentidos na prática do seu desporto neste local. É ainda um objetivo, que o resultado deste trabalho contribua, para o processo de revisão da Carta de Desporto da Natureza desta AP, atualmente a decorrer. Para alcançar estes objetivos foram utilizados um serviço de partilha online, como ferramenta para espacializar um desporto de natureza numa AP, contadores magnéticos automáticos e foram realizados inquéritos. Os resultados mostram que os BTTistas deste Parque utilizam uma rede de percursos, que tira partido da rede viária existente, tem troços ilegais e que se estende por todo o território do PNSC. Estes BTTistas são essencialmente homens com 35 a 54 anos, que praticam o seu desporto maioritariamente domingo de manhã e que residem muito perto do PNSC, tendo por este um grande sentimento de pertença. O cruzamento com praticantes de atividades não motorizadas são vistos positivamente e os seus principais conflitos recaem sobre os desportos motorizados.

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Abstract

Protected areas’ main objective is nature conservation. At the same time, they serve the public for both sport and recreational activities, which is happening with increasing intensity and frequency, especially in protected areas near big cities. One of these activities is MTB, a sport and recreational activity with several health advantages, that generates several ecological and social impacts. MTB is one of the most practiced activities in the Sintra-Cascais Natural Park. Located in Lisbon metropolitan area, this is the Portuguese Natural Park with the highest resident levels. PNSC consists of costal and mountainous ecosystems, with several natural and man-made values. This project’s main objectives are: to obtain the spacialization of the MTB trails in the PNSC territory; preliminarily assessment of the MTB use in this Park; to draw a profile of these mountain bikers, their expectations, perceptions, motivations, conflicts and difficulties felt while practicing their sport in this Park. Another objective of this project is to contribute to the revision process of this PA Nature Sports Chart, currently undertaken. In order to fulfil these goals, we used one webshare service, as a tool to spacialize nature sports within a PA, magnetic counters and inquiries. Results show these mountain bikers use a web of trails, throughout the entire Park territory. This web is in part coincidental with the existent road network, with some legal and some illegal stretches. These mountain bikers are essentially men, between 35 to 54 years old. They mainly practice on Sunday mornings and live near the Park, which, in some way, gives them the sense that the Park belongs to them. Encountering other users, of non-motorized activities is seen as positive and their main conflicts reside with motorized sports.

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Lista de Figuras

Figura 1 - Esquema organizacional da Rede Fundamental da Conservação da Natureza ... 3

Figura 2 - Localização da área de estudo. Preto) APs da RNAP. Cinca claro) Diretiva Habitats. Cinza escuro) zonas de sobreposição entre a Diretiva Habitats e a RNAP. a) Portugal. b) Área metropolitana de Lisboa. c) PNSC, a preto. ... 9

Figura 3 - Oferta de BTT na Carta de Desporto de Natureza do Parque Natural de Sintra Cascais. Fonte: Diário da República, 1ª série - n.º13 - 18 de Janeiro de 2008, Portaria n.º 53/2008 ... 11

Figura 4 - Comparação da espacialização dos trilhos de BTT a) oferecidos pela CDN do PNSC e aqueles encontrados pelo b) GPSies e pelo c) Wikiloc. ... 17

Figura 5 - Resultados da comparação entre o GPSies e o Wikiloc em relação ao a) número de tracks N=631, b) número de km N=26.143 e c) média de km/track encontrados. ... 18

Figura 6 - a) Grelha comparativa dos dados do GPSies e do Wikiloc: Claro: partilhada. Médio: Wikiloc. Escuro: GPSies. b) Percentagens de utilização da grelha. ... 18

Figura 7 - Rede de trilhos de BTT (a preto) do PNSC obtida pela pesquisa de todos os tracks de GPS disponibilizados no GPSies. ... 19

Figura 8 - Intensidade de utilização dos trilhos de BTT do PNSC, segundo a pesquisa dos tracks de GPS efetuada no GPSies. Os locais em que existem mais tracks a passar correspondem àqueles com maior intensidade de utilização. .. 20

Figura 9 - Sobreposição da rede viária do Concelho de Sintra (a cinzento) à rede de trilhos de BTT (a preto) do PNSC obtida pela pesquisa de todos os tracks de GPS disponibilizados no GPSies. ... 21

Figura 10 - Zoom da sobreposição da rede viária do Concelho de Sintra à rede de trilhos de BTT do PNSC, na zona da Serra de Sintra em que se verificam mais troços de trilhos fora da rede viária. ... 22

Figura 11 - Percentagem de tracks partilhados com, ou sem, divulgação do nome de utilizador, N=1.564 ... 23

Figura 12 - a) Número de partilhas (tracks) por nome de utilizador, N=1.351. b) percentagem de nomes de utilizadores por número de partilhas feitas, N=385 ... 23

Figura 13 - a) Distância em km de cada track submetida, N=67.343. b) Percentagem de tracks por km de distância, N=1.564. ... 23

Figura 14 - Total de km partilhados no GPSies por cada nome de utilizador, N=57.961 ... 23

Figura 15 - Percentagem de tracks por metros de acumulado de subida, N=1.564 ... 24

Figura 16 - a) Género, N=145 e distribuição etária, N=145 e b) Estado civil, N=109. ... 25

Figura 17 - Habilitações académicas, N=145. ... 25

Figura 18 - Classificações profissionais dos BTTistas do PNSC de acordo com a divisão da Classificação Nacional de Profissões. Foram acrescentadas as categorias “estudantes” e “desempregados”, N=119. ... 25

Figura 19 - a) Experiência que consideram ter enquanto BTTistas, N=141. b) Percentagem de BTTistas federados, N=145. c) Percentagem de BTTistas com seguro desportivo ou de responsabilidade civil que cubra este desporto, N=145 ... 26

Figura 20 - Concelho de residência habitual dos BTTistas do PNSC, N=145 ... 26

Figura 21 - a) Percentagem de BTTistas que se desloca de casa para o local de início da volta/passeio já na sua bicicleta, N=141. b) Meio de transporte daqueles que não saem de casa logo na bicicleta, N=63. ... 26

Figura 22 - a) Regularidade ou não da prática de BTT no PNSC, N=141. b) Frequência com que praticam BTT no PNSC, N=145. c) Número de vezes por semana e mês em que praticam BTT nesta AP, Semanal: N=120. Mensal: N=3 ... 27

Figura 23 - a) Dia da semana, N=144 e b) período do dia, N=144, preferidos pelos BTTistas do PNSC para a prática do seu desporto. ... 27

Figura 24 - a) Percentagem de BTTistas que praticam sozinhos ou em grupo, N=144. b) Tamanho dos grupos, N=133. ... 27

Figura 25 - Locais, para além do PNSC onde os BTTistas praticam o seu desporto, N=127, a) por distritos e b) por locais mais mencionados. ... 28

Figura 26 - a) Percentagem de participação em provas de BTT organizadas, N=143. b) Número de provas organizadas em que costumam participar por ano, N=85. ... 29

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Figura 29 - a) Utilização de fóruns, blogs e outras páginas na tomada de decisões para praticar BTT, N=141. b) Fóruns, blogs, etc. usados na tomada de decisões, N=53. c) Aquisição de revistas da especialidade, N=140. d) Revista

adquirida, N=30. e) Utilização dos conselhos encontrados nas páginas de internet e revistas consultadas, N=85. ... 30

Figura 30 - a) Número de bicicletas por BTTista, N=126. Valor investido em b) bicicleta habitualmente utilizada, N=145 e c) equipamento habitualmente utilizado (jerseys, sapatilhas, calças/calções, impermeeaveis, camelback, etc.), N=143. ... 30

Figura 31 - Valor investido, por ano, em a) equipamento, N=128 e b) manutenção da(s) bicicleta(s), N=127. ... 30

Figura 32 - Valor despendido na última deslocação ao PNSC para a prática de BTT, tendo em conta deslocação, portagens, estadia, alimentação, etc., N=136. ... 31

Figura 33 - Modo como as seguintes atividades afetam os BTTistas na prática do seu desporto no PNSC, numa escala de cinco valores, entre Muito negativa e Muito positiva, N=140. Os valores ao lado direito do gráfico correspondem ao número de pessoas que respondeu NS/NR para essa atividade. ... 32

Figura 34 - Razões pelas quais o freeride afeta negativamente quem pratica BTT, N=12. ... 32

Figura 35 - Razões pelas quais o pedestrianismo afeta negativamente quem pratica BTT, N=8. ... 32

Figura 36 - Razões pelas quais o hipismo afeta negativamente quem pratica BTT, N=18. ... 33

Figura 37 - Razões pelas quais a corrida / trail running afeta negativamente quem pratica BTT, N=8. ... 33

Figura 38 - Razões pelas quais o piquenique afeta negativamente quem pratica BTT, N=18. ... 33

Figura 39 - Razões pelas quais a moto-4 afeta negativamente quem pratica BTT, N=116. ... 33

Figura 40 - Razões pelas quais os passeios de carro afetam negativamente quem pratica BTT, N=74. ... 34

Figura 41 - Razões pelas quais o todo-o-terreno (carro) afeta negativamente quem pratica BTT, N=105. ... 34

Figura 42 - Razões pelas quais o motocross afeta negativamente quem pratica BTT, N=114. ... 34

Figura 43 - Razões pelas quais o passeio de cães afeta negativamente quem pratica BTT, N=43. ... 34

Figura 44 - Razões pelas quais os proprietários e moradores afetam negativamente quem pratica BTT, N=19. ... 35

Figura 45 - a) Número de quilómetros, N=136 e b) tempo de duração, N=135, que uma volta/ passeio deve preferencialmente ter para que seja satisfatória. ... 35

Figura 46 - a) Metros de acumulado de subida, N=114 e b) percentagem de inclinação de subida, N=88 que uma volta/ passeio deve preferencialmente ter para que seja satisfatória. ... 36

Figura 47 - Importância das seguintes questões para a prática de BTT, numa escala de cinco valores, entre Não gosto de todo! e Para mim é indispensável, N=143. Os valores ao lado direito do gráfico correspondem ao número de pessoas que espondeu NS/NR para essa questão. ... 36

Figura 48 - Principais a) atrativo, N=138 e b) problema, N=128 para a prática de BTT no PNSC. ... 37

Figura 49 - Meios por onde os BTTistas tiveram acesso a informação sobre o PNSC, N=110. ... 38

Figura 50 - Modo como os BTTistas consideram que se encontra o número de pessoas a praticar BTT no PNSC, N=140. ... 38

Figura 51 - Modo como os BTTistas do PNSC percepcionam o estado atual das seguintes questões, no que diz respeito à prática do seu desporto, numa escala de cinco valores entre Muito mau e Muito bom, N=146. Os valores ao lado direito do gráfico correspondem ao número de pessoas que respondeu NS/NR para esse ponto. ... 38

Figura 52 - Outras atividades praticadas pelos BTTistas, no PNSC, N=132. ... 39

Figura 53 - Percentagem de BTTistas que tinha conhecimento da a) existência do Parque Natural de Sintra-Cascais, N=145, b) classificação de Sintra como Património Mundial da UNESCO, N=142 e c) existência da Carta de Desporto de Natureza do PNSC, N=143. ... 39

Figura 54 - Contagem diária dos BTTistas que passaram no contador a) colocado no trilho Dimas2, entre os dias 7.Junho e 11.Dezembro de 2014 e b) no trilho MTB_2 entre os dias 12.Junho e 18.Agosto de 2014. ... 43

Figura 55 - Contagem semanal dos BTTistas que passaram no contador a) colocado no trilho Dimas2, entre os dias 7.Junho e 11.Dezembro de 2014 e b) no trilho MTB_2 entre os dias 12.Junho e 18.Agosto de 2014 ... 44

Figura 56 - Esquema organizacional da utilização de BTT dentro e fora da rede viária do Concelho de Sintra e sua situação legal. ... 47

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Lista de Tabelas

Tabela 1 - Comparação dos resultados das pesquisas feitas no GPSies e Wikiloc, para as vilas de Sintra e Cascais. As percentagens apresentadas são face ao conjunto de dados obtidos pelos dois serviços de Partilha online ... 17 Tabela 2 - Resultados com significância estatística das respostas à pergunta "Como avalia o estado das seguintes questões em relação a Sintra-Cascais no que diz respeito à prática de BTT". Respostas dadas numa escala de valores em que 1 e 2 são negativos, 3 é neutro, 4 e 5 são positivos. ... 40 Tabela 3 - Resultados com significância estatística das respostas à pergunta "Identifique de que forma os efeitos das seguintes atividades o afetam enquanto BTTista". Respostas dadas numa escala de valores em que 1 e 2 são negativos, 3 é neutro, 4 e 5 são positivos. ... 40 Tabela 4 - Resultados com significância estatística das respostas à pergunta "Como avalia a importância das seguintes questões para a prática de BTT". Respostas dadas numa escala de valores em que 1 e 2 são negativos, 3 é neutro, 4 e 5 são positivos. ... 41 Tabela 5 - Resultado com significância estatística das respostas à pergunta "Sabe da existência da Carta de Desporto de Natureza deste Parque?" Respostas de Sim-1 ou não-2. ... 41

Glossário de estrangeirismos

Cross country – modalidade de BTT Downhill – modalidade de BTT Freeride – modalidade de BTT

Geocaching – atividade recreativa, caça ao tesouro no campo ou na cidade, com mapas online Online – em rede, disponível no momento.

Track – percurso GPS associado a um mapa

Trail running – desporto e atividade recreativa, corrida em trilhos.

Single tracks – trilho estreito, onde não cabem duas bicicletas lado a lado Site – Sitio na internet

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Lista de Siglas e Acrónimos

AP – Área Protegida

BTT – Uma vertente do ciclismo, que tira partido das Bicicletas Todo-o-Terreno. Inglês: MTB. CDN – Carta de Desporto de Natureza

CEE – Comunidade Económica Europeia CMC – Câmara Municipal de Cascais DGT – Direção Geral do Turismo

DH – Downhill. Uma das vertentes do BTT DL – Decreto-lei

DR – Diário da República

ENCNB – Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e da Biodiversidade GPS – Global Positioning System. Português: Sistema de Posicionamento Global ICN – Instituto de Conservação da Natureza

ICNF – Instituto de Conservação da Natureza e Florestas INE – Instituto Nacional de Estatística

PNArr – Parque Natural da Arrábida

PNSAC – Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros PNSC – Parque Natural de Sintra-Cascais

PNTN – Plano Nacional de Turismo de Natureza RCM – Resolução do Conselho de Ministros

RFCN – Rede Fundamental de Conservação da Natureza RNAP – Rede Nacional de Áreas Protegidas

RN200 – Rede Natura 2000

SNAC – Sistema Nacional de Áreas Classificadas TN – Turismo de Natureza

TTF – Technical Trail Feature. Português: Características Técnicas dos Trilhos UCI – União Ciclista Internacional

UVP/FPC – União Velocipédica Portuguesa / Federação Portuguesa de Ciclismo XCM – Cross Country Maratona. Uma das vertentes do BTT

XCO – Cross Country Olímpico. Uma das vertentes do BTT ZEC – Zona Especial de Conservação

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1. Introdução

1.1. Impactes do TN nas APs

O principal objetivo das Áreas Protegidas (APs) é conservar a natureza e o património construído e cultural, mantendo a possibilidade de serem utilizadas para turismo e lazer (Cesseford & Muhar 2003; Wolf et al. 2014). Cada vez mais, mais pessoas procuram as APs para praticar mais atividades(Buckley 2003), transformando globalmente o turismo de natureza (TN) numa das principais atividades turísticas (Eagles 2014). Isto é particularmente verdade nas APs perto das grandes cidades, estas APs são importantes no bem-estar das pessoas que aí vivem, e são visitadas toda a semana e todo o ano. Diferentes atividades têm diferentes impactes em diferentes ecossistemas (Arnberger & Brandenburg 2002; Buckley 2003; Kajala et al. 2007).

Ser visitante é diferente de ser turista. Praticar turismo de natureza é diferente de praticar ecoturismo. O visitante e o turista saem do local de residência, por motivos que não trabalho. O visitante fica algumas horas, o turista fica mais de 24 horas, pernoitando pelo menos uma noite. Turismo de Natureza é essencialmente a prática de diversas atividades, numa AP (Resolução do Conselho de Ministros nº 112/98, 25 de Agosto). Ecoturismo, é essencialmente a viagem responsável para áreas naturais, conserva e melhora o bem-estar das pessoas locais e reflete união entre conservação, comunidades e sustentabilidade em viagem (TIES 1990). A maioria dos utilizadores das APs perto de grandes cidades são visitantes, praticantes de TN.

Os impactes humanos importantes na conservação das APs, dividem-se em duas categorias: Cinzentos, implicam libertação de resíduos com efeitos na vegetação e sistemas aquáticos; Verdes, envolvem consumo de recursos naturais, são críticos para o turismo e atividades recreativas em APs (Buckley 2003). Acrescenta, ações pontuais, como o barulho de buzinas, podem ter consequências fugazes, assustar animais quando soam, ou duradouras, se frequentes afetam-nos durante uma época ou mais, com consequências duradouras na população.

É importante efetuar estudos de monitorização em alguns domínios interdependentes: uso da AP pelos visitantes; impacte económico do turismo na AP; satisfação dos visitantes e obtenção do apoio do público, para ajudar as autoridades gestoras a tomar decisões que previnam e minimizem os impactes causados (Eagles 2014).

1.2. Monitorização

1.2.1. Importância dos programas de monitorização nas APs

As autoridades das APs veem-se, cada vez mais, obrigadas a aplicar mais tempo e recursos na gestão de visitantes que em conservação (Buckley 2003). Nas APs com visitação é essencial

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proteger os ecossistemas e caraterísticas naturais vulneráveis, proporcionando uma experiencia de qualidade aos visitantes (Kajala et al. 2007).

Na maioria dos países europeus, como monitorização fazem-se muitas vezes contagens num único dia, quando se espera um pico de visitação, que são extrapoladas e usadas para caraterizar a situação geral e tomar decisões (Muhar et al. 2000). Monitorizar visitantes fornece informação essencial para garantir o uso sustentável da AP, bom planeamento turístico, suficiente financiamento e proporcionar experiências de qualidade aos visitantes/turistas (Cessford, Cockburn & Douglas 2002; Kajala et al. 2007). A recolha desta informação nas APs não é fácil, a maioria tem poucas estradas, varias entradas e saídas, pouco pessoal e falta definir objetivos e expor os resultados de forma útil aos gestores das APs, facilitando a sua utilização e diminuindo o ceticismo quanto ao valor destes programas (Cessford, Cockburn & Douglas 2002).

Um programa de monitorização pode ter diversos objetivos, mas deve ser sempre claramente definido (Muhar et al. 2000). Um esquema de monitorização deve misturar métodos, correlacionar as informações obtidas, compensando as desvantagens de cada um (Muhar et al. 2000). Deve otimizar a necessidade de dados e condições do local de acordo com os recursos disponíveis (Cessford, Cockburn & Douglas 2002). É importante ter dados de todo o ano, registar fatores externos com influência na visitação, escolher sítios-chave para estações de contagem, não contabilizar trabalhadores da AP nem quem está a passar, sem parar na AP (Muhar et al. 2000). Três fatores principais determinam a combinação de técnicas a usar: padrão de visitação, caraterísticas físicas e disponibilidade de recursos (Cessford, Cockburn & Douglas 2002).

1.2.2. Principais métodos e técnicas

Todos os métodos têm vantagens e desvantagens, a combinação de técnicas usadas deve ser a mais adequada à situação (Cessford, Cockburn & Douglas 2002). Às campanhas de monitorização pontuais devem juntar-se campanhas contínuas, com observação e entrevistas, ou seja, conciliar inquéritos com métodos de monitorização contínua, já que estas informações se complementam (Arnberger & Brandenburg 2002; Kajala et al. 2007).

Os inquéritos fornecem informações importantes, como origem e hábitos dos visitantes, motivações e conflitos sociais (Muhar et al. 2000; Kajala et al. 2007). Podem ser efetuados de 3 formas: in-situ, assistido ou não e ex-situ, por correio, telefone ou Internet (Kajala et al. 2007).

O inquérito deve ser curto, se feito in-situ, quatro páginas A4 é o limite máximo aceitável. Os questionários devem produzir dados que descrevam com exatidão os visitantes e visita. Um dos questionários mais importantes foca-se no “perfil do visitante”, o background, como idade,

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vezes um objetivo do inquérito. O fluxo de dinheiro envolvido também pode justificar decisões de gestão. Deve evitar-se prolongar o inquérito com questões irrelevantes ou de curiosidade. Questões escritas de forma simples e inequívoca produzem respostas de boa qualidade e menos recusas. O inquérito deve ter uma aparência leve. No início deve haver um espaço dedicado à explicação do âmbito do inquérito, logótipos das entidades envolvidas, contactos e outras informações úteis (Kajala et al. 2007).

Existem três técnicas de contagem principais: Observações diretas, usando pessoal ou câmaras; Contadores automáticos: gravam a presença de visitantes e guardam as contagens no local; Contagens infravermelhas (Cessford, Cockburn & Douglas 2002). Os contadores automáticos limitam-se a contagens de tráfico em estradas, estradões e trilhos. Os “inductive loop sensors” detetam objetos metálicos, são ideais para contar bicicletas em trilhos. (Muhar et al. 2000).

1.3. Em Portugal

1.3.1. Legislação

Segundo o Decreto-lei nº 142/2008 de 24 de Julho, Em 2001, a RCM – 152/2001 adota a Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ENCNB). Esta avulta a criação da Rede Fundamental de Conservação da Natureza (RFCN) (Figura 1) e do Sistema Nacional de Áreas Classificadas (SNAC), que integra a Rede Nacional de Áreas Protegidas (RNAP), criada pelo DL – 19/93. O DL – 142/2008 dita que a classificação de AP confere um estatuto legal de proteção, adequado à manutenção da biodiversidade, serviços dos ecossistemas, património geológico e valorização da paisagem. Mais, devem ser classificadas como APs as áreas terrestres, aquáticas interiores e marinhas em que a biodiversidade ou outras ocorrências naturais apresentem uma relevância exigente de medidas específicas para a sua conservação e gestão.

Figura 1 - Esquema organizacional da Rede Fundamental da Conservação da Natureza Rede Fundamental da Conservação da Natureza (RFCN) Áreas de Continuidade

Reserva Ecológica Nacional (REN) Reserva Agricola Nacional (RAN) Domínio Publico Hídrico (DPH)

Sistema Nacional de

Áreas Classificadas

(SNAC)

Rede Nacional de Áreas Protegidas (RNAP) Parque Nacional Parque Natural Reserva Natural Paisagem Protegida Monumento Natural

Rede Natura 2000 Diretiva Aves Diretiva Habitats Compromissos

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O DL-140/99 transpôs para o ordenamento jurídico português as diretivas 79/409/CEE, sobre conservação das aves selvagens – diretiva aves e 92/43/CEE, sobre preservação de habitats naturais e fauna e flora selvagens – diretiva habitats, que compõem a Rede Natura 2000 (RN2000). Mas não as transpôs integralmente, tornando necessário efetuar ajustamentos para garantir a plena transposição destas diretivas e harmonização com as diversas zonas de proteção especial. Foi o papel do DL – 49/2005. A RN2000 é uma rede ecológica de âmbito europeu, compreende Zonas de Proteção Especial (ZPE) - territórios mais apropriados em número e extensão para proteção das aves constantes do anexoA-1 e aves migratórias com ocorrência regular no território nacional e Zonas Especial de Conservação (ZEC) - habitats naturais constantes do anexo B-1 e espécies constantes no anexo B-2 aí presentes. Quando a totalidade ou parte das ZPE e ZEC se encontram dentro de APs, devem ser feitos planos especiais de ordenamento dessas APs (Decreto-lei nº 49/2005 de 24 de Fevereiro).

Em 1971 decorreu em Ramsar, Iraque a Convenção sobre Zonas Húmidas, que constituiu um tratado intergovernamental para proteção das zonas húmidas com interesse internacional, sítios Ramsar. Portugal assinou e ratificou esta convenção em 1980 (ICNF 2014).

No final de 2012 Portugal tinha cerca de 22% do seu território com estatuto de proteção, pela RNAP, RN2000 ou sítios Ramsar (Anexo 1) (Dias et al. 2013).

1.3.2. TN e CDNs

Os objetivos de conservação das AP devem ser compreendidos pelos visitantes, habitantes e organizações interessadas, devendo estabelecer-se parcerias. A formação dos agentes de turismo deve incluir os conceitos de turismo sustentável e turismo de natureza. O turismo nestas áreas deve ser ecológica, cultural e socialmente sustentável a longo prazo, contribuindo para o desenvolvimento económico do local. Deve-se: adotar tecnologias não poluentes, poupar os recursos e incentivar a reciclagem e transportes coletivos. Deve monitorizar-se a visitação e os empreendimentos devem obedecer aos planos de ordenamento de cada área (Resolução do Conselho de Ministros nº 112/98 de 25 de Agosto).

O Plano Nacional de Turismo de Natureza (PNTN), aplica estes conceitos à RNAP e cria o conceito de Turismo de Natureza. Alguns dos seus objetivos são: Compatibilizar as atividades turísticas com as caraterísticas ecológicas e culturais de cada local; Criar nas APs diversos tipos de alojamentos; Instalar em cada AP centros de receção e interpretação, circuitos interpretativos, sinalização adequada; Fomentar a sensibilização e educação ambiental; Promover os produtos e cultura locais (Resolução do Conselho de Ministros nº 112/98 de 25 de Agosto).

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Cada AP deve ter uma Carta de Desporto de Natureza (CDN) e respetivo regulamento. Estes documentos contêm as regras e orientações de cada modalidade desportiva (Regulamento da Carta de Desporto de Natureza do Parque Natural de Sintra-Cascais de 18 Janeiro 2008).

1.4. BTT

1.4.1. Perspectiva histórica e situação atual

Em 1790, Sivrae cria uma estrutura composta por uma trave de madeira com uma roda em cada extremidade, movida pelo impulso dos pés no chão e com uma cabeça de leão ou cavalo para apoiar as mãos. Em 1813, Charles Von Drais cria a “draisiana”, acrescentando um mecanismo de direção e guiador. Em 1855 nasce a “bicicleta Michaux”, pelos franceses Ernest Michaux, que acrescenta manivelas e pedais à roda dianteira, transformando a draisiana em velocípede, e o seu pai substitui a madeira por ferro. Em 1869 realizam-se em França duas provas, nasce o ciclismo desportivo. Na década de 1970, nasce o BTT, pelo americano Gary Fisher, que cria a primeira Moutain Bike, Bicicleta todo-o-terreno em português (UVP/FPC 2014a). As primeiras competições de BTT ocorreram na Califórnia, EUA, no início dos anos 80. Em 1990 ocorreu o primeiro Campeonato Mundial, organizado pela União Ciclista Internacional (UCI) e no ano seguinte uma Copa do Mundo (UCI 2014). Em 1996 esta nova vertente do ciclismo clássico integra os Jogos Olímpicos, em Atlanta (UVP/FPC 2014a), continuando a desenvolver-se mundialmente nos últimos anos (Wolf et al. 2014).

Em Portugal, os percursores do ciclismo foram Artur Seabra e Herbert Dagge, na era das “draisenes”. Em 1899, com bicicletas mais evoluídas que pesavam cerca de 16 Kg, Bernardo Homem Machado (Conde de Caria) funda a União Velocipédica Portuguesa (UVP), para gestão oficial do ciclismo nacional, que até então era feita pela União Velocipédica Espanhola e alguns clubes portugueses. A legislação desportiva posta em vigor a 1.Janeiro.1944, transforma a UVP em Federação, chamar-se agora União Velocipédica Portuguesa/Federação Portuguesa de Ciclismo (UVP/FPC), com cerca de 400 sócios (UVP/FPC 2014b).

Em 2013 a UVP/FPC contava 11.616 filiados. O BTT é uma das 8 modalidades contempladas e verificou de 2012 para 2013 um aumento de 14% de filiados e 27,7% de competições oficiais. Na UVP/FPC o BTT inclui 4 vertentes: cross country olímpico (XCO) e maratona (XCM); downhill (DH) e enduro (UVP/FPC 2014c).

XCO desenvolve-se em estradas florestais e caminhos não asfaltados, com descidas técnicas e obstáculos. XCM é uma versão longa do XCO. DH é uma corrida contra o tempo em percursos com etapas de velocidade e técnicas. Requere coragem e boas capacidades de pilotagem para ultrapassar raízes de árvore, buracos, lombas e qualquer outro obstáculo natural (UCI 2014). Freeride envolve descidas abruptas, saltos e outros obstáculos naturais ou artificiais. Os BTTistas são normalmente transportados ao início do trilho (about 2015).

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1.4.3. Impactes ambientais e comparação com outras atividades

Os trilhos facilitam a deslocação pelas APs. Usar voluntários na vigilância de fogos, de BTT pelos trilhos do PNSC, era um objetivo do Projeto Gaio (CMC 2013). Os trilhos concentram o pisoteio nas zonas mais resistentes. A degradação causada pela sua utilização é evitável, com bons projetos de monitorização e gestão, mantendo-os apenas com a largura suficiente para o uso exigido e se os utilizadores se mantiverem dentro dos trilhos, os impactes ambientais são reduzidos (Cesseford 2003; Marion & Wimpey 2007). O design do trilho pode influenciar a sua deterioração, cujos efeitos como danos na vegetação, são usados como indicadores de demasiada utilização (Muhar et al. 2000).

O BTT tem vários benefícios, como saúde física, coesão social e proximidade à natureza, mas acarreta conflitos sociais e impactes ambientais (Wolf et al. 2014). Os mais comuns destes últimos recaem sobre a vegetação, solo e fauna. Mais luz e pisoteio favorecem o crescimento de plantas que necessitam de mais sol e são mais resistentes, ameaçando comunidades de plantas raras ou autóctones. A maioria dos impactes no solo ocorre durante a construção do trilho (Marion & Wimpey 2007). Trilhos informais têm maior proliferação espacial, fragmentam mais o habitat, mas construir trilhos formais causa mais danos, estes são mais largos e devido à maquinaria usada, nas laterais encontram-se mais espécies de sucessão primária (Ballantyne, Pickering & Gudes 2014). Raízes, pedras e lamaçais degradam a qualidade do trilho e levam à circulação nas laterais, alargando o trilho ou criando novos trilhos ao lado do primeiro e danificando a vegetação (Bayfield 1973; Marion & Wimpey 2007).

As Technical Trail Features (TTF), “caraterísticas técnicas dos trilhos”, são estruturas construídas no trilho, com materiais encontrados no local ou trazidos de fora. Podem ter diferentes objetivos, como aumentar a dificuldade, suportar o solo na lateral do trilho e transpor ou guiar linhas de água. Uma comparação entre Portugal, Austrália, EUA e Alemanha, mostra que as mais comuns são saltos e pontes, construídos com materiais do local. Os seus impactes ambientais variam com o tipo de solo e de ecossistemas (Leung et al. 2014).

Os impactes do BTT não são significativamente maiores que os do pedestrianismo e os danos mais graves não se estendem a mais que 30 cm da linha central do trilho (Thurston & Reader 2001). Entre hipismo, BTT e pedestrianismo, os trilhos onde domina o BTT são os que sofrem menos erosão por unidade de distância (Marion 2006, citação indireta).

1.4.4. Conflitos entre utilizadores

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vezes a quietude dos lugares (Wolf et al. 2014).

A ideia que as bicicletas têm impacte físico no ambiente, trazem problemas de segurança e que o seu uso é inapropriado em vários cenários naturais, cria conflitos entre BTTistas, outros utilizadores dos trilhos/Parque e gestores da AP (Cesseford 2003; Chavez, Winter & Bass 1993). Os pedestrianistas que realmente encontram ciclistas/BTTistas, não sentem menos satisfação com a sua experiência, ainda assim, a redução deste impacte social deve ser ponderada (Cesseford 2003).

Tentando criar espaços só para BTT, suprimir conflitos com outros utilizadores e diminuir impactes ambientais, surgiu em Portugal o projeto Centros de BTT. Este procura criar uma rede de centros com percursos homologados pela UVP/FPC, sinalética homologada e infraestruturas adequadas, como balneários, lavagem de bicicletas e oficina self-service. Cada centro tem 100 km de percursos, pelo menos um por grau de dificuldade (Centros de BTT 2015).

1.5. Organização e partilha online

Em conversa, os BTTistas do PNSC afirmam usar estas plataformas para organizar passeios, divulgar eventos e organizarem-se para abrir novos trilhos e fazer manutenção dos existentes. Entidades gestoras do PNSC, descrevem situações como um fim de semana após uma tempestade que derrubou várias árvores, em que já havia trilhos de BTT limpos e prontos a utilizar devido ao empenho dos BTTistas.

A facilidade de acesso à internet massificou a criação e dispersão de informação especializada e permitiu o aparecimento de grupos online, permitindo aos seus membros comunicar e organizarem-se sem sair de casa. Existem variadíssimos serviços de acesso livre que promovem a partilha dessa informação, como o GPSies, Wikiloc ou fóruns informais como o forumbtt.net ou bttsintra.com. Só para a zona de Sintra o Facebook gera uma lista com mais de 20 páginas dedicadas ao BTT.

Cada vez mais, quem faz percursos de bicicleta, corridas, etc., grava-os em aparelhos de GPS –

Global Positioning System – ou telemóveis assim equipados e partilha-os em sites como o

GPSies, Wikiloc ou Endomondo. São os serviços de partilha online. Dependendo das caraterísticas do site, os percursos ficam disponíveis, nas modalidades que quem os carrega lhes atribui, para descarregamento sob a forma de tracks, percursos associados a um mapa, para aparelhos de GPS, telemóveis ou computador ou consulta, por todos os utilizadores ou apenas por aqueles que no site estão associados ao utilizador que partilhou o percurso. Tudo para que os vários utilizadores possam comparar os seus percursos em localização, extensão ou grau de dificuldade, ou gravar os percursos que outros fizeram e faze-los também. Uma vez que alguns sites permitem a qualquer um descarregar estes tracks para um computador, estes

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serviços podem mostrar-se importantes ferramentas de investigação e ser extremamente úteis para os gestores das APs.

1.7. Objetivos

Este trabalho pretende caraterizar o BTT e os BTTistas do PNSC. Os principais objetivos são:

1 – Espacializar os percursos usados para BTT no território do PNSC.

2 – Quantificar preliminarmente o uso de BTT nesta AP.

3 – Compreender quem são os BTTistas do PNSC, as suas perceções, motivações, conflitos e dificuldades sentidas na prática do BTT neste local.

Através do exercício de espacialização, utilizando informação disponibilizada em sites de partilha online pretende-se compreender se estes são uma ferramenta útil para espacializar um desporto de natureza numa AP. Pretende-se que este trabalho contribua para o processo, atualmente em curso, de revisão da CDN do PNSC e que forneça novos dados sobre a fruição das nossas APs.

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2. Métodos

2.1. Caraterização da área de estudo

2.1.1. Criação e localização

A 11.Março.1994 criou-se o Parque Natural de Sintra Cascais (PNCS) (Figura 2), por necessidade de instrumentos reguladores legais mais exigentes que os vigentes até à data. Esta área tem ecossistemas nada ou pouco alterados pelo homem, amostras representativas de paisagens naturais e humanizadas, espécies locais, caraterísticas geomorfológicas e habitats de espécies com interesse ecológico, científico e educacional. A Janeiro de 2004 foi aprovado o Plano de Ordenamento atualmente imposto (Baltazar & Martins 2005).¢

Figura 2 - Localização da área de estudo. Preto) APs da RNAP. Cinza claro) Diretiva Habitats. Cinza escuro) zonas de sobreposição entre Diretiva Habitats e RNAP. a) Portugal. b) Área metropolitana de Lisboa. c) PNSC, a preto. No Distrito de Lisboa, Concelhos de Sintra e Cascais, o PNSC é uma das APs mais próximas de Lisboa. Tem 14.583 hectares e altitude máxima de 528 metros. Tem zonas integradas na Diretiva Habitats da RN2000 e a vila de Sintra está classificada como Património Mundial da Humanidade, pela UNESCO, na categoria “Paisagem cultural”. Limitado a norte pela foz do Rio Falcão, a sul pela Cidadela de Cascais e de resto por estradas bem definidas. É densamente povoado e utilizado por um número elevado de visitantes/turistas todo o ano. No Concelho de Cascais residem cerca de 206.479 pessoas, no Concelho de Sintra cerca de 377.835 pessoas (Baltazar & Martins 2005; ICN Sem data; INE 2011).

a

c b

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2.1.2. Valor ecológico

Composto por ecossistemas costeiros e de montanha, comporta campos agrícolas que têm sido ocupados pelas espécies florestais exóticas que dominam a flora do PNSC. A serra é a maior mancha florestal desta região. O PNSC encerra habitats de diferentes valores naturais: Excecional, dunas fixas; Muito elevado, arribas e dunas móveis; Elevado, prados secos e seminaturais e Não significativo, não cartografado. O bioclima da zona faz da serra uma ilha biogeográfica que alberga espécies cujo ótimo ecológico é em zonas mais setentrionais, como o lagarto-de-água. O PNSC alberga cerca de 179 espécies de aves, 67 nidificantes, como a Águia de Bonelli; os morcegos são a principal ordem de mamíferos, com 7 espécies em perigo; Na serra encontram-se répteis e anfíbios prioritários para a conservação. Ainda é possível encontrar exemplares de quase todas as espécies de carvalhos espontâneos em Portugal. Cerca de 15% das espécies são flora introduzida mas encontram-se mais de novecentas espécies autóctones, sendo cerca de metade mediterrânicas (Baltazar & Martins 2005; ICN sem data).

2.2. Grupo amostrado

2.2.1. Porquê o BTT

O PNSC é gerido pelas Câmaras de Sintra e Cascais, de forma relativamente independente e pela entidade privada Parques de Sintra-Monte da Lua. Responsáveis pela gestão do PNSC da Câmara de Sintra e da Parques de Sintra, expressaram preocupação com o desconhecimento da situação atual do BTT no Parque. Sabe-se que o número de praticantes é bastante elevado, usam muito mais trilhos que os propostos na CDN, alguns abertos pelos BTTistas e passam por zonas onde legalmente não podem passar, causando conflitos com utilizadores/visitantes e moradores.

A CDN do PNSC está muito aquém dos desejos e necessidades dos utilizadores. Aproveitando o seu processo de renovação, a decorrer na Câmara de Sintra desde 2013, foi manifestado interesse em conhecer melhor os trilhos usados para BTT, para tentar construir uma oferta mais adequada.

O BTT é um problema na gestão das atividades recreativas. A sua prática cresce acompanhada por avanços tecnológicos, permitindo aos BTTistas chegar onde não chegavam anteriormente (Chavez, Winter & Bass 1993). Chavez, Winter & Bass (1993) previam o maior aumento da sua prática nas zonas próximas de grandes populações. Arnberger & Brandenburg (2002) dizem-no sobre a generalidade da utilização das APs.

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2.2.2. BTT na CDN

A CDN do PNSC (Anexo 2) contempla mais de uma dezena de atividades. Neste momento, indica que o BTT pode ser de lazer ou competição, praticado em caminhos e estradas florestais, devendo respeitar a prioridade dos pedestrianistas onde os trilhos se cruzam. A CDN oferece sete percursos circulares na vertente cross country (Figura 3) com 15km a 25km de distância e dificuldade baixa a alta (Regulamento da Carta de Desporto de Natureza do Parque Natural de Sintra-Cascais de 18 Janeiro 2008). Comtempla uma ciclovia construída, uma em planeamento e três percursos na vertente freeride, descida de grandes vertentes, mas interdita definitivamente no PNSC em 2009 (Regulamento da Carta de Desporto de Natureza do Parque Natural de Sintra-Cascais de 18 Janeiro 2008; ICNB 2009).

Figura 3 - Oferta de BTT na Carta de Desporto de Natureza do Parque Natural de Sintra Cascais. Fonte: Diário da República, 1ª série - n.º13 - 18 de Janeiro de 2008, Portaria n.º 53/2008

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2.3. Design da amostragem

Neste trabalho usou-se três ferramentas, ao longo de quatro experiências. Uma ferramenta foram os serviços de partilha online, usados em duas experiências. Primeira: comparação não exaustiva entre eles, para escolher aquele a usar na experiência seguinte; Segunda: espacialização dos trilhos e caraterização simples do BTT pelo território do PNSC. Outra ferramenta foram inquéritos aos BTTistas, para caraterizar um pouco mais profundamente o BTT e BTTistas do PNSC. Outra ferramenta foram contadores automáticos, para fazer uma quantificação preliminar do uso em trilhos previamente escolhidos.

2.3.1. Serviços de partilha online – Comparação

Com o sucesso na espacialização do BTT no PNArr usando o GPSies (Mendes et al. 2012), tem interesse testar o sucesso desta metodologia noutros locais; verificar se outros serviços de partilha online podem ser utilizados para responder a estas questões e perceber qual o que melhor se adequa a este caso de estudo. Para responder a estas perguntas e escolher o serviço de partilha online a usar para neste estudo, construiu-se uma tabela comparativa das funcionalidades dos vários serviços existentes (Anexo 3).

O GPSies, sendo o primeiro a surgir aliando a partilha de trilhos GPS a um serviço de base de dados geográfica, tem, além de mais funcionalidades (Anexo 4), mais utilizadores e permite descarregar os ficheiros numa grande variedade de formatos, como .gpx, que traz associada a tipografia fidedigna do percurso e .kml, que traz informações como o nome de utilizador de quem carregou o trilho, o nome que a pessoa atribuiu ao trilho, distância percorrida, distância correspondente a subidas e a descidas, se o percurso é linear/ circular, sites de fóruns ou grupos em que o utilizador está inscrito, etc.. O Wikiloc sendo mais recente, apresenta menos funcionalidades mas também permite descarregar os ficheiros em .gpx e .kml. O Endomondo só permite descarregar ficheiros .gpx. Os restantes serviços não permitem de todo descarregar os ficheiros. Assim, foram escolhidos para comparação, o GPSies e o Wikiloc.

Todos os trilhos carregados pelos BTTistas do PNSC no GPSies e no Wikiloc, foram sistematicamente descarregados em .gpx, sendo especificamente procurada a atividade BTT.

No GPSies fizeram-se levantamentos em dez localidades do PNSC (Aldeia de Juzo, Cabo da Roca, Cascais, Fontanelas, Guincho, Linho, Mafra, Murches, Praia das Maçãs e Sintra) com cinco km de raio de procura, assegurando que todos os trilhos disponíveis eram encontrados. No Wikiloc foram escolhidas apenas quatro localidades (Assafora, Cascais, Fontanelas e Sintra), já que era suficiente para encontrar todos os trilhos carregados para esta área.

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2.3.2. Serviços de partilha online – Espacialização

Para compreender a situação atual do BTT na área de estudo, é necessário compreender a extensão de trilhos usados para praticar este desporto e espacializa-los no território do Parque. É também importante analisar as caraterísticas dos percursos realizados. Com base nos resultados da comparação efetuada, usou-se o GPSies para estes exercícios.

Nesta fase otimizou-se o método de pesquisa, mantendo a garantia que virtualmente todos os trilhos seriam obtidos. Assim, os trilhos foram sistematicamente descarregados em formato .gpx e .kml, com buscas feitas especificamente para BTT, a partir de dois pontos, Sintra e Ericeira. Especificou-se um raio de pesquisa de 25 km a partir de cada ponto, implicando alguma sobreposição, para cobrir toda a área do PNSC. Efetuaram-se pesquisas por intervalo de comprimento dos trilhos, de forma a nunca atingir o limite de trilhos apresentados por página, 250 (Exemplo: 0km – 8km – 12km), até um limite máximo, em que aumentando o número de km o número de trilhos não aumentou, nem chegou aos 250.

2.3.3. Inquéritos

A ordem de apresentação das questões é muito importante para o inquirido não se sentir intimidado nem perder o interesse em responder. O inquérito pode começar por indagar sobre como e quando o inquirido se desloca para a AP, mostrando que as questões são importantes e fáceis de responder. Depois podem seguir-se questões que impliquem alguma reflecção. Questões pessoais, que traçam o background do inquirido devem ficar no fim do inquérito (Kajala et al. 2007).

O modelo de inquérito utilizado neste trabalho seguia os conselhos acima descritos e foi previamente testado numa prova de BTT no Pinhal Novo. O inquérito para essa prova foi elaborado no Adobe FormsCentral e respondido pelos BTTistas sem problemas no final da mesma, levando a resultados conclusivos. Assim, adaptou-se este modelo para ser respondido especificamente pelos BTTistas do PNSC (Anexo 5).

Organizou-se o inquérito em quatro questionários/blocos. Bloco A: avaliação genérica do PNSC para praticar BTT, com questões como modo de deslocação para o Parque, atrativos e problemas do Parque, valor monetário gasto nesta deslocação, etc.. Bloco B: caraterização do inquirido enquanto BTTista, com questões como caraterísticas de uma volta ideal, número de bicicletas que tem, hábitos de treino, utilização de serviços de partilha online, etc.. Bloco C: compreensão do investimento do BTTista neste desporto, com perguntas como valor gasto no equipamento e manutenção. Bloco D: background do inquirido.

Usaram-se vários formatos de pergunta. Dicotómico: sim/não. Escala de Likert de cinco pontos: discordo totalmente a concordo totalmente, com opção não sei/não respondo. Resposta múltipla. Resposta alternativa e resposta aberta.

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As respostas aos inquéritos foram recolhidas de 3 formas distintas: in-situ assistida: inquérito preenchido no PNSC, pelo inquiridor ou com o seu auxílio. in-situ não assistida: inquérito preenchido no PNSC, pelo BTTista, sem auxílio do inquiridor. Estas modalidades ocorreram entre Novembro de 2013 e Novembro de 2014, ao sábado ou domingo, excetuando o mês de Julho e dias de chuva intensa, em locais de paragem/descanso e parques de estacionamento.

ex-situ não assistida: inquérito preenchido fora do PNSC, pelo utilizador, sem auxílio do

inquiridor. Para esta modalidade distribuiu-se pelos BTTistas um link para o inquérito, nos locais onde se realizaram os inquéritos in-situ, em sites de fóruns, clubes e grupos de amigos dedicados a este desporto no PNSC, de Novembro de 2013 a Novembro de 2014 e ainda na loja

Fun Bike, frequentemente utilizada pelos BTTistas do PNSC, em Outubro e Novembro de 2014.

2.3.4. Contadores automáticos

Os contadores permitem quantificar a utilização dos trilhos em que são instalados, durante o tempo que lá permanecem. Usou-se dois contadores automáticos magnéticos TRAFx™, que detetam bicicletas aquando da sua passagem, armazenando a informação no local e passíveis de calibração. Esta calibração foi efetuada com uma pessoa a contar o número de bicicletas que passaram pelo contador num determinado período de tempo e posteriormente verificando se esta correspondia à contagem do aparelho.

Instalou-se um contador num trilho com menor fluxo de utilização, grande inclinação e dificuldade técnica, sugerido pelas entidades gestoras do PNSC; trilho Dimas2. Outro, num trilho com maior fluxo de utilização, maioritariamente plano e de baixa dificuldade técnica, sugerido por um BTTista do PNSC com base na sua experiência; trilho identificado neste trabalho como MTB_2.

Os contadores foram instalados no início de Junho, data em que foram disponibilizados para este trabalho. O primeiro foi instalado a 7.Junho.2014 e recolhido a 11.Dezembro.2014. O segundo foi instalado a 12.Junho.2014 e forneceu dados até 18.Agosto.2014, data à qual foi feita uma monitorização do aparelho. A 11.Dezembro.2014, data pretendida para a sua recolha, o local tinha sofrido grandes intervenções florestais, o aparelho foi perdido.

2.4. Análise de dados

2.4.1. Serviços de partilha online – Comparação

Devido às diferenças dos dados disponibilizados pelos dois serviços, analisaram-se apenas aqueles obtidos nas procuras das vilas de Sintra e Cascais, Sedes de Concelho.

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resultantes foram sobrepostas a uma shapefile dos limites do PNSC, permitindo comparar os dados e entender a rede de trilhos usados para BTT, fornecida por cada conjunto de dados.

Adicionalmente, comparou-se as shapefiles finais, de cada conjunto de dados, através de uma grelha de 50m por 50m, usando o raster calculator do ArcGIS. A informação vectorial foi rasterizada, ou pixelizada, facilitando a manipulação dos dados, sem deturpar a sua qualidade. Este processo permitiu comparar os dois conjuntos de dados, pelo número de trilhos que passa em cada quadrícula da grelha.

2.4.2. Serviços de Partilha online – Espacialização

Para cada conjunto de dados (Sintra e Cascais), converteu-se os ficheiros .gpx descarregados em shapefiles, usando o QuantumGIS e estas foram unidas, criando um único conjunto de dados. Seguidamente, eliminou-se os trilhos duplicados no ArcGIS. Sobrepôs-se a shapefile resultante a uma dos limites do PNSC, e eliminou-se todos os trilhos que estavam inteiramente fora dos limites da área de estudo, permitindo entender a rede de trilhos usados para praticar BTT nesta área. Seguidamente, rasterizou-se a shapefile resultante numa grelha de 25m por 25m, no raster calculator do ArcGIS. Isto possibilitou espacializar a intensidade de uso do BTT na área do PNSC. Fez-se a mesma rasterização a uma shapefile da rede viária das freguesias do Concelho de Sintra que integram o PNSC, permitindo determinar que porção dos trilhos tira partido das estradas e estradões existentes e que porção ocorre fora destes.

Com os ficheiros .kml descarregados construiu-se uma tabela de atributos de onde foram também eliminados os duplicados. Ao ser cruzada com a tabela de atributos gerada pelo ArcGIS com os ficheiros .gpx, eliminaram-se os ficheiros .kml correspondentes a tracks fora dos limites do PNSC. Analisou-se a tabela de atributos final.

2.4.3. Inquéritos

Introduziu-se as respostas aos inquéritos in-situ na base de dados do Adobe FormsCentral. Como os inquéritos ex-situ foram respondidos pela internet, a sua submissão introduz respostas automaticamente, permitindo acrescentar inquéritos durante o máximo período de tempo possível. Ao longo deste trabalho existiram duas versões do inquérito, uma inicial mais longa e outra, correspondente a uma versão reduzida, que tornou o inquérito mais atrativo, menos cansativo.

Os dados obtidos foram trabalhados em Excel, onde foi feita uma análise estatística simples, descritiva. Para as respostas agrupáveis das perguntas de resposta aberta, foram encontradas categorias e intervalos de valor. Quando apropriado, utilizou-se a categoria “outros”, onde foram colocadas todas as respostas que apareceram apenas uma vez.

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Efetuaram-se testes estatísticos de variância, no programa STATISTICA, para questões consideradas principais no apoio à caraterização dos BTTistas do PNSC. As respostas “NS/NR” foram consideradas não respostas. Como os dados não apresentam normalidade e se tratam de amostras múltiplas independentes, recorreu-se ao teste não paramétrico Kruskal-Wallis Anova. Quando a hipótese nula (não há diferença) foi rejeitada, com p-value < 0,05, realizou-se um teste à posteriori. Como o teste à posteriori do Kruskal-Wallis (teste de Dunn) não existe neste programa, usou-se um teste à posteriori paramétrico, teste de Tukey HSD ou Unequal N HSD.

2.4.4. Contadores automáticos

Os dados obtidos pelos contadores foram descarregados para um ficheiro de Excel onde foram também sujeitos a uma análise simples, descritiva.

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3. Resultados

3.1. Serviços de Partilha online – Comparação

O total de dados recolhidos no GPSies, gerou 1.998 tracks, correspondendo a 52.350 km com 41 km/ track.

Na pesquisa centrada em Sintra e Cascais, o GPSies gerou mais resultados que o Wikiloc (Tabela 1, Figuras 4 e 5). A grelha mostrou ser 87% partilhada, utilizada 10% apenas pelo GPSies e 3% apenas pelo Wikiloc (Figura 6).

Tabela 1 - Comparação dos resultados das pesquisas feitas no GPSies e Wikiloc, para as vilas de Sintra e Cascais. As percentagens apresentadas são face ao conjunto de dados obtidos pelos dois serviços de Partilha online

Resultados das pesquisas

GPSies Wikiloc % de trilhos encontrada 66 34

Número de trilhos 417 214

Número de km 17.676 8.467

média de km/trilho 42 40

Comparação da espacialização dos trilhos de BTT no PNSC

Figura 4 - Comparação da espacialização dos trilhos de BTT a) oferecidos pela CDN do PNSC e aqueles encontrados pelo b) GPSies e c) Wikiloc.

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Comparação de tracks e km encontrados pelo GPSies e pelo Wikiloc

Figura 5 - Resultados da comparação entre o GPSies e o Wikiloc em relação ao a) número de tracks N=631, b) número de km N=26.143 e c) média de km/track encontrados.

Utilização da grelha pelo GPSies e pelo Wikiloc

Figura 6 - a) Grelha comparativa dos dados do GPSies e do Wikiloc: Claro: partilhada. Médio: Wikiloc. Escuro: GPSies. b) Percentagens de utilização da grelha.

3.2. Serviços de Partilha online – Espacialização

Obtiveram-se 5.900 tracks individuais. Efetuou-se o trabalho de espacialização e caraterização sobre os 1.564 tracks contidos dentro dos limites do PNSC (Figura 7).

Verifica-se maior intensidade de uso na zona da serra (Figura 8) e alguns trilhos, de facto, não se sobrepõem à rede viária da Câmara de Sintra (Figuras 9 e 10).

A grande maioria dos tracks, 1.351, tinha associado o nome de utilizador (Figura 11), permitindo concluir (Figura 12) que cerca de metade dos utilizadores partilhou aqui apenas um track. O máximo foram 62 tracks, com um nome de utilizador correspondente a um grupo e não a um utilizador individual.

Quanto às distâncias dos tracks (Figura 13), obtiveram-se 67.343 km. 61% tinha entre 21 a 50 km. O menor tinha 0,98 km, o maior 212,8 km. Obtiveram-se 57.961 km, associados a 385

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quintos dos casos. 99% dos utilizadores partilhou menos de 1.000 km. O maior valor encontrado foi de 3.298 km, associado ao nome de utilizador correspondente a um grupo. O maior valor associado a um utilizador individual foi 1.767,18 km.

Três quartos dos tracks submetidos tem entre 501 m e os 2.000 m de acumulado de subida (Figura 15). O maior valor encontrado foi 5.426 m, associado ao nome de utilizador correspondente a um grupo. O maior valor associado a um utilizador individual foi 4.025 m. Foi ainda possível verificar que no PNSC, a cada 10 km percorridos, sobe-se em média 225,5 m.

Figura 7 - Rede de trilhos de BTT (preto) do PNSC obtida pela pesquisa de todos os tracks de GPS disponibilizados no GPSies.

(32)

Figura 8 - Intensidade de utilização dos trilhos de BTT do PNSC, segundo a pesquisa dos tracks de GPS efetuada no GPSies. Os locais em que existem mais tracks a passar correspondem àqueles com maior intensidade de utilização.

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Figura 9 - Sobreposição da rede viária do Concelho de Sintra (cinzento) à rede de trilhos de BTT (preto) do PNSC obtida pela pesquisa de todos os tracks de GPS disponibilizados no GPSies.

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Figura 10 - Zoom da sobreposição da rede viária do Concelho de Sintra à rede de trilhos de BTT do PNSC, na zona da Serra de Sintra em que se verificam mais troços de trilhos fora da rede viária.

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Partilhas feitas com ou sem nome de utilizador

Figura 11 - Percentagem de tracks partilhados com, ou sem, divulgação do nome de utilizador, N=1.564

Partilhas e utilizadores

Figura 12 - a) Número de partilhas (tracks) por nome de utilizador, N=1.351. b) percentagem de nomes de utilizadores por número de partilhas feitas, N=385

Distância das tracks

Figura 13 - a) Distância em km de cada track submetida, N=67.343. b) Percentagem de tracks por km de distância, N=1.564.

Total de km por utilizador

Figura 14 - Total de km partilhados no GPSies por cada nome de utilizador, N=57.961 0%

30% 60% 90%

Sem  nome Com  nome

0 10 20 30 40 50 60 70 #V A LU E ! br tant unes di anao Fr an ci sc o_ E v Jcca 19 73 lc ra vo pt MO R IM paj onum a pm pr at es ru ih ila rio Tr ufo x aal ves hc at al ao Ma G nO ric ard os Ze K ota or av la19 ca m al ea o pm m sanc hes mi gu el ca rr … Si m m al so n Tr ilh os btt pegas us a 0% 20% 40% 60% 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11   — 19 20   — 40 >   40 b 0 50 100 150 200 250 Pr em io sM o … st on e JD _B ru im ari be iro pi ril am po 0 paul oj or ge 0 0 si nt ra bt t 0 jle ita o a 0% 5% 10% 15% 20% 25% 0   -­ 10   km 11   -­ 20   km 21   -­ 30   km 31   -­ 40   km 41   -­ 50   km 51   -­ 60   km 61   -­ 70   km 71   -­ 80   km 81   -­ 90   km 91   -­ 100   km 101   -­ 110   km 111   -­ 120   km 121   -­ 130   km 131   -­ 140   km 141   -­ 150   km 151   -­ 160   km 161   -­ 170   km 171   -­ 180   km 181   -­ 190   km 191   -­ 200   km 201   -­ 210   km 211   -­ 220   km b 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 Pr em io sM on t… fa nta sti co m ik e Vi jo Et or om aPr od … ra nd ra de ru im ari be iro Ma rio _R oma nunoc out inho tia go sa nto ss s Lov er sbi ke la m pia o nel sonc ot a pot enz a Ro qu ito RM CF dfilp Ed uR ic o os m et ral has bt t aj bl ui s jo ao cg 76 MD in is ve nh am _m ai … jd te ix eir a ma rt in s-­ rm s Ti gr e dp9666 aj gam Ma G nO ma rc io _c or ag … jc av alh eir o Tr ilh os btt jo ao am pr od ri …

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Metros de acumulado de subida

Figura 15 - Percentagem de tracks por metros de acumulado de subida, N=1.564

3.3. Inquéritos

3.3.1. Quem são

A vasta maioria dos BTTistas do PNSC são homens, casados ou em união de facto. Três quartos têm entre 30 e 54 anos de idade e mais de um quarto têm entre 40 e 44 anos (Figura 16).

As habilitações académicas (Figura 17) são essencialmente ensino secundário e licenciatura. Profissionalmente (Figura 18) enquadram-se maioritariamente no segundo e terceiro grandes grupos da Classificação Nacional de Profissões: Especialistas das profissões intelectuais e científicas e Técnicos profissionais de nível intermédio, respetivamente.

A maioria dos inquiridos considera-se um BTTista com alguma experiência. Metade têm um seguro que cobre esta atividade e mais de três quartos não são federados (Figura 19).

Dois terços dos inquiridos residem nos Concelhos de Sintra e Cascais (Figura 20). Cerca de metade desloca-se para o Parque de bicicleta (Figura 21a). Aqueles que não o fazem, deslocam-se de carro, com 15% de diferença entre quem deslocam-se desloca sozinho e quem partilha a viatura com amigos (Figura 21b).

Quase todos os inquiridos praticam BTT neste Parque com regularidade (Figura 22a). A maioria, uma ou duas vezes por semana (Figura 22b e c). Principalmente aos fins-de-semana de manhã, essencialmente ao domingo (Figura 23) e em grupos com 2 a 5 elementos (Figura 24). Alguns dos grupos têm um número maior de elementos e podem ser grupos de amigos organizados ou grupos associados a um clube (Anexo 6).

Além do PNSC, estes BTTistas praticam essencialmente nos distritos de Lisboa e Setúbal, em Monsanto e no PNArr, respetivamente (Figura 25).

0% 10% 20% 30% 40% 50% <  100  m 101  -­ 500   m 501  -­ 1000   m 1001  -­ 2000  m 2001  -­ 3000  m 3001  -­ 4000  m 4001  -­ 5000  m >  5000  m

(37)

Género, distribuição etária e estado civil

Figura 16 - a) Género, N=145 e distribuição etária, N=145 e b) Estado civil, N=109.

Habilitações académicas

Figura 17 - Habilitações académicas, N=145.

Classificações profissionais

Figura 18 - Classificações profissionais dos BTTistas do PNSC de acordo com a divisão da Classificação Nacional de Profissões. Foram acrescentadas as categorias “estudantes” e “desempregados”, N=119.

(38)

Experiência, federação e posse de seguro

Figura 19 - a) Experiência que consideram ter enquanto BTTistas, N=141. b) Percentagem de BTTistas federados, N=145. c) Percentagem de BTTistas com seguro desportivo ou de responsabilidade civil que cubra este desporto,

N=145

Concelho de residência habitual

Figura 20 - Concelho de residência habitual dos BTTistas do PNSC, N=145

Deslocação de casa para o local de início da volta

Figura 21 - a) Percentagem de BTTistas que se desloca de casa para o local de início da volta/passeio já na sua bicicleta, N=141. b) Meio de transporte daqueles que não saem de casa logo na bicicleta, N=63.

(39)

Regularidade da prática de BTT no PNSC

Figura 22 - a) Regularidade ou não da prática de BTT no PNSC, N=141. b) Frequência com que praticam BTT no PNSC, N=145. c) Número de vezes por semana e mês em que praticam BTT nesta AP, Semanal: N=120. Mensal: N=3

Dia e período preferidos para praticar BTT

Figura 23 - a) Dia da semana, N=144 e b) período do dia, N=144, preferidos pelos BTTistas do PNSC para a prática do seu desporto.

Hábitos de grupo

Figura 24 - a) Percentagem de BTTistas que praticam sozinhos ou em grupo, N=144. b) Tamanho dos grupos, N=133. 0% 20% 40% 60% 80% 100%

Sozinho Em  grupo  de   amigos Com  os   parceiros  do   clube Outro 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 2  — 5 6  — 10 11  — 20 >  20 a b

Imagem

Figura 1 - Esquema organizacional da Rede Fundamental da Conservação da Natureza Rede Fundamental da Conservação da Natureza(RFCN)Áreas de Continuidade
Figura 4 - Comparação da espacialização dos trilhos de BTT a) oferecidos pela CDN do PNSC e aqueles encontrados  pelo b) GPSies e c) Wikiloc
Figura 6 - a) Grelha comparativa dos dados do GPSies e do Wikiloc: Claro: partilhada. Médio: Wikiloc
Figura 7 - Rede de trilhos de BTT (preto) do PNSC obtida pela pesquisa de todos os tracks de GPS disponibilizados no  GPSies.
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Referências

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