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A Indústria 4.0 e o impacto no trabalho: Uma revisão de literatura e reflexão para o futuro

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A Indústria 4.0 e o impacto no trabalho: Uma revisão de

literatura e reflexão para o futuro

Pedro Blanco Neto

Dissertação

Mestrado em Economia e Gestão da Inovação

Orientado por

Dra. Ana Cristina Simões

Profº. José Pedro Coelho Rodrigues

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Nota bibliográfica

Pedro Blanco Neto nasceu em 14 de setembro de 1985, no Rio de Janeiro-RJ, Brasil. Ele é

graduado em Gestão de Empresas (2014) e atualmente cursa o Mestrado em Economia e Gestão da Inovação pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.

Profissionalmente tem experiência em áreas comerciais e venda a retalho adquirida atuando nas duas maiores empresas de petróleo e energia do Brasil. Em Portugal trabalhou como consultor comercial em uma empresa de telecomunicações, no Porto. Atualmente trabalha com atividades ligadas a desenvolvimento de projetos em uma empresa de petróleo e energia do Brasil.

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Resumo

A indústria 4.0 surge com o advento dos avanços tecnológicos e promove transformações importantes em diferentes esferas. O tema da redução progressiva do emprego tem emergido com intensidade, porém, a substituição do trabalho humano por máquinas já impacta o mercado de trabalho desde o século XIX, quando artesãos ingleses destruíram algumas máquinas de produção têxtil em protesto contra a automação, por exemplo (Autor, 2015). Nessa época o assunto já era tratado com tamanha importância pelo governo que foi criada a “Comissão Nacional de Tecnologia, Automação e Progresso Económico” (Autor, 2015).

Trazendo o tema para os dias atuais, Erik Brynjolfsson e Andrew McAfee abordam em seu livro The Second Machine Age (2014, p.11), o facto de que a automação trará mudanças inimagináveis a partir do momento em que os computadores fiquem mais inteligentes e façam com mais eficiência o trabalho atualmente realizado pelo humano. O progresso tecnológico estimulará o ser humano a demonstrar competências que o diferenciam de máquinas e aprender novas competências será essencial para se adaptar ao novo momento do mercado de trabalho.

Além do impacto no trabalho, impactos sociais, políticos e económicos, também são sentidos com a chegada das tecnologias emergentes e esse conjunto de fatores aciona alerta quanto ao tema.

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Este trabalho tem como objetivo explorar os impactos da adoção do paradigma da Indústria 4.0 no trabalho, nomeadamente, no que diz respeito ao aumento de desemprego, à necessidade do desenvolvimento de novas competências para o trabalhador, ao trabalho colaborativo entre homem-máquina e às mudanças organizacionais, bem como apresentar uma reflexão para o futuro sobre este tema. Uma revisão de literatura de duas das principais bases de dados académica foi usada para responder aos objetivos acima identificados. Este trabalho encontra e estuda 4 principais impactos, nomeadamente, evolução do emprego e criação de novos postos de trabalho,necessidade de desenvolver novas competências, maior interação homem-máquina emudanças a nível organizacional, profissional e social e realiza uma reflexão crítica para o futuro diante do impacto do Indústria 4.0 no trabalho.

Códigos JEL: J21, J24, O33

Palavras-chave: automação, indústria 4.0, inovação, trabalho, competências

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Abstract

Industry 4.0 first appeared with the technological advances and to promote important technological transformations in different levels. The subject related to the end of employment has been brought up with a lot of intensity, however, the substitution of human labor for machines already impacts the job market since the XIX century, when British craftsmen destroyed some textile production machinery as a means of protest against automation, for example (Autor, 2015). At this time, the subject was already seen with such importance by the government that the “National Commission for Technology, Automation and Economic Progress” was created (Autor, 2015).

Bringing the subject to the present, Erik Brynjolfsson and Andrew McAfee, in the book The Second Machine Age (2014, p.11), argue automation will bring unimaginable changes as soon as computers

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get more intelligent and can perform tasks more efficiently than humans. Technological progress will stimulate humans to exhibit the competences that differentiate them from the machines and learn new skills, which will be essential to adapt to the new reality of the job market.

Apart of the impact on work, social, political and economic impacts are also felt with the arrival of emerging technologies and this set of factors alerts us about the subject.

Hence, this work aims to explore the impacts of adopting Industry 4.0 on work, in relation to the increase of unemployment, the need for workers to develop new skills, the new kind of teamwork created between man and machine, and the organizational changes. Futhermore, this work also aims to present a reflection about these topics. A literature review of two of the major academic databases was used as the research method. This work finds and studies four main impacts, namely, job evolution and the creation of new jobs, the need to develop new competencies, human-machine interaction and organizational, professional and social changes and makes a critical reflection for the future.

JEL Codes: J21, J24, O33

Keywords: automation, industry 4.0, innovation, work, competencies Methodology: Literature Review

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Índice de Conteúdo

1. Introdução...1

2. Conceitos Fundamentais...3

2.1 Indústria 4.0...3

2.1.1 Tecnologias da Indústria 4.0 Indústria...4

2.2 Impacto da indústria 4.0 no trabalho...6

2.3 Competências...7

3. Metodologia...7

4. Resultados...10

4.1 Características dos artigos analisados...10

4.2. Impactos da adoção do paradigma da Indústria 4.0

no trabalho...12

4.2.1 Evolução do emprego e criação de novos postos de

trabalho...13

4.2.2 Necessidade de desenvolver novas competências

...16

4.2.3 Maior interação homem-máquina...18

4.2.4 Mudanças a nível organizacional, profissional e

social...20

4.2.5 Reflexão para o futuro diante do impacto do

Indústria 4.0 no trabalho...21

5. Discussão...22

6. Conclusões...25

Referências...27

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Índice de Tabelas

Tabela 1– Construção da pesquisa de artigos...9

Tabela 2 – Crescimento de publicações sobre a indústria

4.0...11

Tabela 3 – Categorias de interação homem-máquina...18

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Índice de Figuras

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1. Introdução

Os avanços tecnológicos já fazem parte do nosso quotidiano e tem como objetivo melhorar a qualidade de vida da sociedade. Caixas bancárias automáticas (ATM’s), redes sociais, robôs que ajudam em tarefas domésticas, os mais recentes mercados 100% automatizados e carros autónomos são exemplos de como a tecnologia já está inserida na sociedade.

Neste momento estamos em frente a uma nova onda de inovações tecnológicas que representarão transformações ainda maiores em nossas vidas, nomeadamente, estamos a falar da quarta revolução industrial. Essa nova revolução industrial, chamada de indústria 4.0, que traz um forte desenvolvimento tecnológico como principal característica, trará mudanças irreversíveis na estrutura do mercado de trabalho, política e sociedade (Klaus, 2016).

No âmbito da gestão da inovação, é fundamental o entendimento claro do conceito da Indústria 4.0, pois a nova revolução industrial (quarta revolução industrial) causa uma ruptura tecnológica dos padrões até aqui conhecidos. Essa evolução tecnológica traz a necessidade da gestão de inovações, bem como investimento em pesquisa e desenvolvimento e captação de recursos para inovação (Klaus, 2016).

Apesar de inúmeros impactos importantes, o aspeto que tem sido abordado com alguma preocupação é o impacto que essa revolução causará no mercado de trabalho e a substituição de trabalhadores por máquinas, inteligência artificial e algoritmos, que podem causar um colapso económico e social (WEF, 2016).

É necessário ser crítico quanto ao assunto, mudanças tecnológicas muitas das vezes melhoram a produtividade, além de gerar

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funções, as mudanças geram novas posições de trabalho, deslocando trabalhadores entre setores e cargos (Fleming, 2018).

Quando se aprofunda o tema com foco em países ainda em desenvolvimento e emergentes, percebe-se como o assunto ainda é explorado superficialmente (IMD, 2017), o que gera preocupação no que diz respeito ao tempo de adaptação à nova revolução industrial. A probabilidade de existirem efeitos negativos é maior quando indústrias, sociedade e política, demonstram déficit de competências e atraso para se adequar a essa transição digital, por isso, a exploração do tema se torna tão importante (Edwards & Ramirez,

2016). Quanto mais cedo dermos atenção ao tema, aumentaremos a oportunidade de evitar uma crise social mediante o desemprego estrutural e as suas consequências. Abordar o tema em questão não se limita a preocupação de existir ou não emprego, trata-se de uma questão de que pode levar a sociedade ao aumento relevante da desigualdade social e apenas por isso já demonstra a sua relevância. Até o momento foram publicados artigos de revisão de literatura sobre o impacto da Indústria 4.0 (Autor, 2015; Peters, 2016; Benesova & Tupa, 2017), mas nenhum abordou aspetos relacionados com o impacto no trabalho do paradigma da Indústria 4.0, o dividindo em 4 aspetos (evolução do emprego e criação de novos postos de trabalhos; necessidade de desenvolver novas competências; maior interação homem-máquina; mudanças a nível organizacional, profissional e social), em um mesmo trabalho, como será demonstrado adiante.

Este trabalho pretende identificar e compreender o impacto no trabalho do paradigma da Indústria 4.0 e realizar reflexão sobre o futuro, através do método de revisão de literatura.

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Assim, para responder a estes objetivos definiram-se as seguintes questões de investigação:

 Quais os principais impactos do paradigma da indústria 4.0 no trabalho?

 Quais são os temas de investigação, relacionados com o impacto do paradigma da Indústria 4.0 no trabalho, que merecem uma maior reflexão no futuro?

Este documento está estruturado da seguinte forma: primeiro, uma descrição sobre os conceitos fundamentais para o assunto. Em segundo lugar, é explicada a metodologia e o plano de pesquisa utilizada no trabalho. Terceiro, os principais resultados da revisão são apresentados sintetizando a literatura sobre o ponto de vista do impacto no trabalho pela indústria 4.0. Em quarto lugar o trabalho apresenta a discussão sobre os resultados e em quinto a conclusão final.

2. Conceitos Fundamentais

Esta seção apresenta alguns conceitos fundamentais para abordar o tema em análise. É preciso entender como a literatura define indústria 4.0, trabalho, competências e inovação, para que possamos iniciar a compreensão dos resultados explorados neste trabalho.

2.1 Indústria 4.0

Os avanços à indústria 4.0 foram considerados movimentos estratégicos da Alemanha para sedimentar o seu posicionamento como um dos países que mais investe em investigação e desenvolvimento no mundo e se destacar frente a outras potências mundiais, o conceito foi criado em 2011 e adotado em 2013 como

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Quando nos referimos à indústria 4.0 (Alemanha/União Europeia) ou produção inteligente (Estados Unidos) não podemos deixar de ligar tais conceitos às revoluções industriais que ocorreram na história (Thoben, K.-D., Wiesner, S., Wuest, T., BIBA , 2017). As três primeiras revoluções industriais surgiram do resultado da mecanização de processos, do uso da eletricidade e do surgimento da tecnologia da informação (TI), respetivamente. Agora, a introdução da internet das coisas (IOT) e do sistema cyber físico (CPS), no meio industrial, inaugura um movimento chamado de quarta revolução industrial (Kagermann, Henning, Wolfgang Wahlster, and Johannes Helbig, 2013).

Esse movimento representa uma mudança de paradigma na indústria (Thoben et al., 2017) e transforma as fábricas em um ambiente interligado através de máquinas inteligentes que são capazes de melhorar processos de forma autónoma, potencializando o seu desempenho e para o trabalhador possibilitará que deixe de realizar tarefas rotineiras, permitindo que haja tempo para se dedicar a tarefas mais criativas, complexas e de maior valor acrescentado. (Kagermann et al., 2013).

Kagermann et al. (2013) e Thoben et al. (2013), alegam que a indústria 4.0, através da transformação tecnológica, impactará diretamente a economia de recursos e sustentabilidade, melhorando a sua utilização e potencializando resolução de desafios mundiais, como melhoria da eficiência energética, por exemplo. Por outra ótica, existem alertas quanto aos desafios ambientais resultantes de maior exigência, mediante ao avanço da indústria 4.0, de recursos naturais já escassos (Hecklau, Galeitzke, Flachs, & Kohl, 2016).

Na economia, o seu impacto afetará todas as variáveis macroeconómicas, como PIB (produto interno bruto), inflação,

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investimentos, consumo, comércio e emprego (Klaus, 2016), além de movimentar um volume elevado de investimento nas maiores potências do mundo (Davies, 2015).

A política terá de se adaptar ao novo momento mundial e avaliar a criação de novas leis e regras pelos órgãos competentes, além de conciliar as interações entre empresas, sociedade e governos, mantendo a confiança entre os envolvidos (Klaus, 2016).

O tema é tão relevante que países como EUA e China apresentam desde 2011 e 2015, respetivamente, medidas para se prepararem e explorarem da melhor maneira o novo cenário. Os EUA tomaram medidas para unir universidades e governo para promover investimento em tecnologias emergentes, o que chamaram de

Advanced Manufacturing Partership (AMP), já a China estabeleceu

diversas metas para 2020 e 2025 com o seu projeto intitulado de

Made in China 2025, com o intuito de modernizar a indústria no país

(CNI, 2016; FIRJAM, 2016). Em Portugal, o Ministério da Economia, lançou em 2017 a iniciativa Portugal i4.0 para identificar as necessidades da indústria portuguesa e orientar medidas quanto ao tema, agora em 2019, foi lançada a segunda etapa do projeto que dá continuidade à iniciativa (Iapmei; publicopt, 2019; Deloitte, 2017).

A indústria 4.0 tem como intuito a ampla integração da indústria, a parte tecnológica se liga a parte humana em níveis hierárquicos distintos (Thoben et al., 2013). Através da tecnologia, trabalhadores, máquinas e recursos estão interligados para tornar o ambiente mais conectado, para que processos e decisões se tornem mais eficazes. A indústria 4.0 possui o potencial de transformar uma indústria, a tornando mais eficiente (Kagermann et al., 2013).

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2.1.1 Tecnologias da Indústria 4.0 Indústria

A combinação de tecnologias que envolvem o ambiente da indústria 4.0 possibilita o surgimento das fábricas inteligentes (smart

factories), que combinam homem, máquina e recursos de maneira

mais eficiente (Kagermann et al., 2013). Uma das tecnologias mais importantes desse processo, o CPS (cyber physical system), será o centralizador da inteligência dessa nova fábrica (Poovendran, 2010) e a engrenagem que integra e se comunica com toda a cadeia de produção, promovendo melhoria em toda a estrutura dessa fábrica inteligente (Kagermann et al., 2013), que por sua vez, para obter sucesso na sua nova dinâmica, deverá se conectar à internet na sua totalidade. A IOT (internet of things), que modifica a nossa perceção atual quanto a Internet, proporciona a conexão e interação de toda a fábrica à web, esse nível de conexão viabiliza que máquinas possam tomar decisões cada vez com mais autonomia e que essa mesma máquina seja monitorada de forma remota, possibilitando maior eficiência, flexibilidade e redução de custos (Roblek, Meško, & Krapež, 2016).

Por mais que não seja o tema central da dissertação, é necessário o entendimento das 9 tecnologias (BCG, 2019) que estão subjacentes ao paradigma da Indústria 4.0, que apresento abaixo:

 Análise de dados: Análise e gestão de grandes quantidades de dados proporcionando aumento da desempenho e otimização dos processos industriais, melhorando a qualidade de produção ao propiciar uma melhor leitura de cenários e tomadas de decisão mais velozes (BCG, 2019).

 Robótica: A inclusão de robôs inteligentes aos processos industriais, há o aumento de desempenho e disponibilidade, além de reduzir custos (BCG, 2019).

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 Simulação: A simulação computacional é utilizada em plantas industriais para análise de dados em tempo real e testes, aperfeiçoando as configurações de máquinas para próximas produções, disponibilizando uma visão virtual antes de qualquer mudança real, gerando otimização de recursos, melhor performance e mais economia (BCG, 2019).

 Integração de sistemas: Melhora a harmonia entre todos que façam parte do ecossistema, garantindo uma gestão integral de experiência para que cadeias de valor sejam realmente automatizadas (BCG, 2019).

 Internet das Coisas (IOT): Consiste na conexão entre rede de objetos físicos, ambientes, veículos e máquinas por meio de dispositivos eletrônicos, permitindo uma coleta e troca de informações mais rápida e efetiva (BCG, 2019).

 Cibersegurança: Fundamental que as empresas possuam sistemas de cibersegurança que protejam sistemas e informações de possíveis ameaças e falhas (BCG, 2019).

 Computação em nuvem: Fornece recursos que refletem em uma importante redução de custo, tempo e eficiência na execução destas tarefas em relação a armazenamento de dados, transferência de informação e comunicação (BCG, 2019).

 Manufatura aditiva: Conhecida como impressão em 3D, esta estratégia pode ser utilizada para criar produtos personalizados que oferecem vantagens de construção e desenhos complexos (BCG, 2019).

 Realidade aumentada: Entre diversas utilizações, pode garantir a gestão e operação de determinadas máquinas remotamente, melhorando procedimentos de trabalho, além de realização de testes com a utilização de óculos de realidade aumentada.

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2.2 Impacto da indústria 4.0 no trabalho

Neste estudo aborda-se o impacto da indústria 4.0 no trabalho e por isso é fundamental definir o que é trabalho e entender sua

importância, visto que, a Indústria 4.0 poderá gerar a diminuição do número de trabalho (Peters, 2016).

Trabalho, em sua definição crua trata-se do “ato de trabalhar; qualquer ocupação manual ou intelectual; obra feita ou que se faz, ou está para se fazer; labutação, lida”1. Muitas pesquisas já foram realizadas quanto ao trabalho e há um terreno amplo a se explorar quanto a isso, o seu significado se modifica ao longo do tempo, culturas e implicações pessoais (Rosso, Dekas, & Wrzesniewski, 2010). Em um estudo realizado por Nancy C. Morse e Robert S. Weiss (1951), constatou-se que para a maioria dos entrevistados o trabalho é muito mais que um meio de apoio económico, o trabalho faz parte da vida emocional de alguns indivíduos, evitando o isolamento e solidão, além de o conectar a sociedade e ao seu bem-estar, ou seja, tendo em vista o desemprego que pode ser gerado pela Indústria 4.0 e a automatização do trabalho, o impacto pode não ser somente económico, mas possuir aspeto social e psicológico (Fleming, 2018).

2.3 Competências

Competência pode ser definida como atributo tácito de um indivíduo, ou algo que possa ser treinado e posteriormente avaliado o resultado dessa aprendizagem (Hoffmann, 1999). Competências são comportamentos que um indivíduo precisa demonstrar (Strebler, 1997). Também se pode definir o termo como um desempenho observável no trabalho ou padrões a serem atingidos por um trabalhador no seu emprego (Hoffmann, 1999), competências são

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padrões mínimos de desempenho (Strebler, 1997), tornando assim a competência em algo que pode ser medido mediante a observação do desempenho humano. Além disso, ainda se considera competência como características implícitas de um indivíduo como, habilidade, conhecimento, atitude e outros atributos pessoais, que deverão ser usadas para se obter um comportamento competente (Hoffmann, 1999).

O termo competência possui variadas aplicações, o que torna a definição do seu significado de maneira clara, algo complexo. O que de facto se pode observar é que, o fator que une a literatura sobre o assunto, no que diz respeito a descoberta do seu significado é, impactar de maneira positiva o desempenho humano no trabalho (Hoffmann, 1999).

Portanto, como nova exigência, mediante a adoção da Indústria 4.0, a necessidade do aperfeiçoamento de competências é uma consequência lógica para manutenção do trabalho ou ser aproveitado pelo novo cenário do mercado de trabalho. A quarta revolução industrial exige competências para adaptação às novas tecnologias e às mudanças organizacionais, com objetivo de manter as condições de empregabilidade (Edwards & Ramirez, 2016).

3. Metodologia

Neste trabalho utilizou-se uma revisão de literatura como abordagem, visto que essa metodologia consegue localizar pesquisas confiáveis e relevantes, além de garantir a qualidade e veracidade dos trabalhos selecionados. Uma revisão de literatura é a base principal para qualquer estudo projeto académico, pois cria uma base sólida para conseguir conhecimento sobre tema estudado, facilita o desenvolvimento da teoria e descobre lacunas de pesquisas

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anteriores (Webster & Watson, 2002; Cordeiro, A. M., 2007). Essa metodologia permite que o leitor adquira e atualize o conhecimento sobre o tema em curto espaço de tempo. Este trabalho não optou por uma revisão sistemática de literatura, pois não fornece resposta quantitativa sobre o tema (Cook, 1997).

A pesquisa foi realizada através de bases de dados bibliográficas, nomeadamente SCOPUS e Web of Science, por se tratarem de duas das mais amplas bases de dados conhecidas e serem referências em estudos científicos. Foram considerados trabalhos escritos em inglês, devido ao conhecimento da língua.

Inicialmente, realizou-se uma busca nos títulos, resumos e palavras-chave dos trabalhos disponíveis na base de dados utilizando as palavras-chave “Fourth Industrial Revolution”, “Industry 4.0” e “Industrie 4.0”, pois foram consideradas as palavras principais para o trabalho. Foram encontrados 1.873 resultados. Na sequência, baseado nas questões a serem respondidas e na avaliação do título dos artigos encontrados, foram analisadas as palavras-chave encontradas com intuito de identificar as principais keywords associadas ao tema deste trabalho e obter o maior número possível de trabalhos. 6 foram selecionadas e com isso, foi refeita a busca nos títulos, resumos e palavras-chave, através da combinação demonstrada na tabela 1.

A busca trouxe um resultado de 343 resultados, onde daí foi iniciado o refinamento destes trabalhos considerando publicações de 2011 (ano em que o termo “indústria 4.0” foi utilizado pela primeira vez) até 2019, onde foram encontrados 314 resultados.

Após avaliação de todos os artigos com a leitura do título e resumo, foram eliminados 296 artigos, dentre eles artigos duplicados e artigos que não abordavam o tema Indústria 4.0 e seu impacto no

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trabalho, ou apenas focavam-se no aspeto tecnológico da indústria 4.0, desconsiderando outros aspetos do tema.

Os artigos restantes foram lidos na sua totalidade, foi avaliado se estavam em linha com os objetivos do presente trabalho e se tentavam ou conseguiam responder alguma das questões de investigação, apenas 18 artigos atenderam à avaliação final.

Após a leitura dos artigos selecionados, com intuito de enriquecer a base de discussão deste trabalho e aumentar as diferentes perspetivas sobre o tema, foram adicionados relatórios de diversas instituições internacionais consideradas relevantes, que foram referenciadas na bibliografia dos artigos lidos. Entende-se que os trabalhos assim selecionados eram valiosos como exploração da indústria 4.0 e não poderiam ser ignorados.

Dessa nova etapa de triagem, foram adicionados mais 31 artigos, totalizando 49 artigos (tabela 1).

Tabela 1– Construção da pesquisa de artigos

Fase Ações Detalhamento

Planeame nto

Definição das questões

Definição das bases de

dados Scopus e Web of Science

Definição das palavras-chave para a primeira busca Fourth Industrial Revolution, Industry 4.0 e Industrie 4.0 Organiza

ção Busca nas bases de dados Inicial (N = 1.873)Após combinação de palavras-chave (N= 343)

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Seleção de estudos 1° filtro: Ano de publicação (incluídos= 314); (excluídos= 29) 2° filtro: Leitura de título e resumo (incluídos= 18); (excluídos= 296)

Busca manual por

trabalhos referenciados Inclusão de (N= 31)

Definição final (N= 49)

Produção Construção da revisão Nota: Elaborado pelo autor

4. Resultados

A análise dos resultados foi dividida em dois capítulos. No primeiro, foram analisadas as características dos artigos encontrados, enquanto na segunda foram analisados os impactos da adoção do paradigma da Indústria 4.0 no trabalho.

4.1 Características dos artigos analisados

Na procura de artigos científicos relacionados com os impactos do paradigma da indústria 4.0, é percebido que a literatura ainda é escassa. Muito se discute a nível tecnológico, mas os impactos que afetam o trabalho e o trabalhador ainda são pouco abordados, porém, os números de publicações demonstram crescimento gradativo, até dezembro de 2018 (tabela 2). Explica-se que o número menor de publicações no ano de 2018, se deve ao fato da presente pesquisa ter ocorrido em dezembro de 2018, sendo certo que os artigos do mesmo ano ainda não haviam sido publicados.

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Tabela 2 – Crescimento de publicações sobre a indústria 4.0 Ano Número de publicações encontradas referente ao tema 2014 1 2015 3 2016 6 2017 6 2018 2

Nota: Elaborado pelo autor

49 artigos foram utilizados neste trabalho e o anexo A, apresenta um resumo dos artigos utilizados nesta pesquisa.

Os 49 principais artigos foram escritos por um total de 74 autores, dentre eles 38% são alemães, seguido por 24% de americanos e 7% australianos. Na sequência temos autores de diversos países, como Nova Zelândia, República Checa, Inglaterra, Itália, entre outros (figura 1). Como esperado, a Alemanha é o país que mais se destaca em pesquisas do tema, isso reforça o país como precursor na adoção da indústria 4.0.

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Figura 1 – % de autores por origem geográfica

Nota: Elaborado pelo autor

Foi realizada também uma análise dos 49 artigos com maior número de citações recebidas. Por mais que, como vimos anteriormente, artigos escritos por americanos tenham sido encontrados em menor quantidade do que os artigos escritos por alemães, o artigo com o maior número de citações foi justamente o de um americano, Why

Are There Still So Many Jobs? The History and Future of Workplace,

publicado em 2015, de David H. Autor, economista americano e professor de economia no Massachusetts Institute of Technology. Diversos outros artigos receberam poucas citações, o que era esperado por ainda ser um tema recente.

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4.2. Impactos da adoção do paradigma da Indústria

4.0 no trabalho

Os estudos lidos e analisados abordam 4 principais impactos para o trabalhador e para o trabalho percebidos através do advento da indústria 4.0, impactos esses que em alguns momentos se mesclam, pois mostram muita relação entre si. Na análise dos 49 estudos selecionados para a construção deste trabalho classificaram-se os impactos em quatro grandes áreas:

Evolução do emprego e criação de novos postos de trabalho; Necessidade de desenvolver novas competências;

Maior interação homem-máquina;

Mudanças a nível organizacional, profissional e social, as quais se descrevem com mais pormenor nas secções seguintes.

4.2.1 Evolução do emprego e criação de novos postos

de trabalho

O aumento ou a diminuição de emprego pode afetar toda a sociedade e esse é o impacto que chama maior atenção quanto ao tema, afinal, alguns autores se mostram inclinados a acreditar no crescimento do emprego através de novas posições no trabalho e, por outro lado, outros dizem o contrário, que podemos estar à frente de uma crise mundial de empregos (World Economic Forum, 2016).

Alguns dos artigos lidos revelam que a preocupação quanto à automação do trabalho é compreensível. Brougham et al. (2017) afirmam que nos Estados Unidos, 47% do emprego atual está em risco de ser substituído por novas tecnologias em dez anos e na Nova Zelândia 40% das organizações investiram em tecnologias que iriam automatizar processos de produção. Corroborando com essa

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afirmação, em sua publicação de 2017, o McKinsey Global Institute também apresentou números alarmantes em seu estudo, A future

that works: Automation, employment and productivity, relativos à

possibilidade de automação, tanto no Reino Unido quanto nos Estados Unidos 50% dos empregos atuais poderiam ser automatizados. Complementando, em um artigo da Oxford Martin School (2106), concluiu-se que 69% de empregos na Índia e 77% na

China são passíveis de automação nos próximos 20 anos. Fleming (2018) e Autor (2015) concordam que em um futuro próximo, as máquinas serão capazes não só de aprender os trabalhos mais simples e rotineiros como também os que exigem maior intelecto e possuem maior teor de imprevisibilidade.

Trabalhos com menor complexidade, que cumpram uma rotina, com alta previsibilidade e mais repetitivos, possuem maior tendência a serem automatizados, gerando assim uma maior preocupação (Brougham & Haar, 2017). Através de pesquisa realizada em 2015 por meio de entrevistas com executivos de alto cargo em suas empresas, o Fórum Mundial de Economia publicou o resultado diagnosticando que teríamos um déficit de 5,1 milhões de postos de trabalho até 2020, com grande parte dessas posições sendo substituída por robôs e tecnologias avançadas. Corrobora com essa afirmação o estudo realizado por Weber com foco na Alemanha, onde ele prevê que até 2030 o país terá menos 60 mil vagas de emprego.

Na primeira revolução industrial a automação impactou principalmente os trabalhos manuais, ou seja, trabalhos padronizados, bem segmentados e repetitivos, um padrão facilmente replicado por máquinas. Trazendo a nossa perspetivas para o presente, um exemplo prático de como a automação pode impactar trabalhos considerados menos complexos é a questão dos motoristas

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comerciais, com a automação da função. Apenas na América, cerca de cinco milhões de motoristas poderiam ser despedidos se tal ação efetivasse retorno financeiro para os empregadores, ou seja, se fosse mais barato não ter um motorista humano do que um computador de bordo que realizasse o trabalho, por exemplo (Fleming, 2018). Atualmente 51% da força de trabalho dos Estados Unidos realiza trabalhos menos complexos, o que consiste em 2,7 biliões (escala longa) de dólares em salários (McKinsey, 2017). Devemos considerar que o principal estímulo à automação será a redução de custos, fazer mais, mais rápido e com um menor gasto (Fleming, 2018). Economicamente, toda a substituição reduz o custo de tarefas previsíveis e que seguem determinado guião, ou seja, menos complexas, assim, os computadores cada vez mais substituem funções de atendimento menos complexos, telefonistas e outros trabalhadores que realizam um trabalho repetitivo (Autor, Levy, & Murnane, 2003). Em seu trabalho de 2017, Brougham e Haar, tentam parametrizar as características dos trabalhos que serão automatizados. Gestão/autoridade pelo seu próprio trabalho, repetição e complexidade são características que devem ser consideradas para diagnosticar o grau de automação. Funções como trabalhadores de cadeias de fast-food, que seguem um guião de atendimento e processos, tendem a ser automatizadas (Brougham & Haar, 2017).

Em direção contraria a diminuição de trabalhos, um estudo do BCG conclui que a indústria 4.0 adicionará 350 mil postos de trabalho na Alemanha até 2025 (BCG, 2015), Peter Fleming no seu artigo de 2018, conclui que o desemprego em massa é improvável, dado que existem limitações socioeconómicas e organizacionais, porém, explica que ações devem ser realizadas para combater o efeito negativo da automação, como preservar e melhorar as competências

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dos trabalhadores fazendo com que a tecnologia seja um apoio nessa ação e não um inimigo, estimular a coletividade do trabalhador com a criação de sindicatos para proteção de direitos e tornar a sociedade menos dependente das empresas e grandes corporações através de uma renda básica universal, por exemplo.

Trabalhos complexos na sua maioria possuem características incompatíveis com a automação. Por possuírem mais imprevisibilidade, máquinas teriam que se aproximar cada vez mais de seres humanos na maneira de pensar, agir e até mesmo evoluir. Diretores e chefes executivos, teoricamente possuem pouca probabilidade de serem substituídos já que precisam lidar com imprevisibilidades e tomar decisões de acordo com a avaliação do ambiente e da sua dinâmica empresarial. Para esse tipo de função é necessário exercer maior gestão/autoridade da função e realizar tarefas complexas, tornando improvável a sua substituição. A maior gestão/autoridade do trabalho é negativamente proporcional a probabilidade de substituição, quanto maior gestão/autoridade por parte do trabalhador, menos possibilidade de ser automatizado (Brougham & Haar, 2017).

Autor, Levy e Murnane (2003) classificam as funções realizadas pelos funcionários de uma empresa como rotineiras, quando são bem definidas e seguem um guião fixo, essas seriam as mais vulneráveis à substituição digital, porém, “acima” de tarefas rotineiras estariam as manuais ou abstratas, como cargos analíticos ou de gestão, por exemplo. Tarefas abstratas exigem uma maior capacidade de solução para problemas inesperados e criatividade, funcionários que possuem essa posição detém de um nível de escolaridade maior e capacidade analítica, utilizando a máquina como complemento do seu trabalho. Complementando a visão dos autores, é dito no artigo

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que tarefas manuais são simples e congénitas ao trabalhador, sendo assim muito mais difícil de ser copiada por uma máquina, além disso, demandam adaptação do trabalhador, além de análise visual e contato com outras pessoas.

A indústria 4.0 pode ser um estímulo ao desemprego e se isso se confirmar causará o aumento da desigualdade social (Peters, 2016), porém, o avanço tecnológico e as inovações não são algo endógeno, para que aconteça é necessário interesse externo (Salento, 2018), ou seja, sozinha ela não criará impactos no mercado ou no emprego, o que se deve considerar são os movimentos de quem adota, patrocina ou regulariza a tecnologia. Borland e Coelli (2017), Autor (2015), Gregory, T., Salomons, A. e Zierahn, U. (2016) concluem que apenas adotar tecnologias emergentes não justifica a diminuição de trabalhos disponíveis.

Borland et al. (2017), também chamam atenção para questões frequentemente relacionadas com a indústria 4.0 e ao uso de novas tecnologias que ainda não foram provadas, como, por exemplo, a suposta diminuição de empregos por conta de tecnologias emergentes, porém, concordam que as tecnologias que estão a surgir neste momento são mais disruptivas e transformadoras que as anteriores e novas tecnologias farão com que trabalhadores sejam demitidos, fazendo com que os trabalhadores tenham que alterar as suas competências para acompanhar a tecnologia.

Apesar de diversas análises e conclusões opostas, o que parece ser uma conclusão comum é que as novas posições criadas serão mais complexas e demandarão mais competências e qualificações, ao contrário das tarefas mais rotineiras e simples, essas serão automatizadas mais facilmente (Becker & Stern, 2016).

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4.2.2 Necessidade de desenvolver novas competências

A conclusão que todas as mudanças oriundas da indústria 4.0 irão demandar novas competências é algo defendido na maioria dos artigos lidos, assim como em outras revoluções industriais, os trabalhadores tiveram que se adaptar ao novo cenário adquirindo novas competências, ou seja, se reciclaram para enfrentar os novos desafios (Edwards, Paul; Ramirez, Paulina, 2016).

Diversos estudos tentam prever as competências necessárias para adaptação ao novo mercado de trabalho, autores como Benesova e Tupa (2017), preveem que conhecimentos à nível superior em áreas tecnológicas serão os mais procurados, corroboram com essa afirmação, WEF, Gehrke, Schuh e Weber, que apresentam em seus estudos perspetivas de competências segmentadas por características e relevância. Os autores destacam as competências funcionais, como a habilidade em resolver problemas complexos, saber operar sistemas tecnológicos e conhecimento avançado de TI, por exemplo, apontam também o valor de competências comportamentais, ou seja, inteligência emocional, criatividade e a capacidade de julgar e tomar decisões rápidas, e finalizam alertando quanto às competências sociais, aquelas como empatia, comunicação e trabalho em equipa. Características menos técnicas e mais generalistas surgem como competências a serem adquiridas, os trabalhadores do futuro deverão conhecer a sua empresa como um todo e ter a competência para percorrer diversas áreas, atuar em diferentes processos e utilizar uma maior gama de tecnologia (Gehrke, 2015).

Podemos perceber que as competências exemplificadas acima não são exatamente palavras novas em nosso vocabulário, tais competências já existem, porém, terão maior importância devido à

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demanda solicitada pelos novos postos de trabalho e pela compreensão de que quem não aprende-las será mais facilmente substituído (Edwards, Paul; Ramirez, Paulina, 2016).

Autor, D. H., & Dorn, D. (2013) provocam reflexão quanto a questão salarial em seu artigo, chegando à conclusão que maiores salários serão dados para trabalhadores que realizam trabalhos em extremos dos tipos de competência, ou seja, trabalhos mais abstratos e trabalhos mais manuais, ambos com níveis de competências diferentes, porém, difíceis de serem automatizadas.

Chegamos então em um ponto crítico e que deverá ser abordado de maneira obrigatória, como preparar trabalhadores e ensiná-los as competências necessárias para este novo cenário, como falado anteriormente, a inovação não é algo que aparece por si só, deve existir interesse e investimento, bem como o ensino sobre inovação, para isso deve existir uma reformulação nos sistemas de ensino, além de interesse governamental, privado e científico.

A aprendizagem por sua vez deve ser de maneira contínua, pois, muitas das características necessárias não são aprendidas somente no ambiente de trabalho (WEF, 2016), o que as empresas privadas devem tentar fazer é diminuir a complexidade de aprendizado, motivar e apoiar o trabalhador durante a cadeia de aprendizagem (Schuh, Gartzen, Rodenhauser, & Marks, 2015), esse tipo de aprendizagem também deve estar inserido cada vez mais cedo no ciclo académico da população, do ensino médio ao ensino superior, todos devem ser estimulados a adquirir essas competências, para isso professores devem estar preparados a lecionar usando diferentes tecnologias estimulando a aprendizagem, adaptar os currículos académicos para que matérias necessárias para a adaptação à indústria 4.0 estejam presentes e fortalecer o ensino

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técnico e profissional, para que os alunos saiam com ferramentas de preparo para o mercado de trabalho local (BCG, 2015).

4.2.3 Maior interação homem-máquina

Interação homem-máquina não é algo novo, já acontece diariamente através de diversas ações que praticamos, ao solicitar um carro da Uber via aplicação no telemóvel já interagimos com esse tipo de tecnologia, porém, o que estamos a falar agora é do aprofundamento e da expansão em massa dessa interação, especificamente no trabalho. O sistema CPS permitirá que o ser humano e a máquina dialoguem na “mesma língua”, através de potentes gadgets inteligentes (Romero, Bernus, Noran, Stahre, & Fast-Berglund, 2016), o autor alega que o novo trabalhador será inteligente e competente por saber lidar com todas as funcionalidades dessa interação e a automação será o complemento das suas capacidades. Na Tabela abaixo as categorias de interações levantadas pelo (BCG 2015) nos dão a ideia do potencial desse cenário (Tabela 3):

Tabela 3 – Categorias de interação homem-máquina

Efeitos Tipo de Interação

Produção assistida por

robôs

A interação fará com que efeitos desgastantes de trabalhos repetitivos sejam minimizados nos trabalhadores, trabalhadores com capacidade física mais debilitada poderão continuar a trabalhar, assim como pessoas mais velhas. A produção assistida também evitará acidentes em ambientes que seriam

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perigosos para humanos, já que haverá a possibilidade de controlar o robô de maneira remota

Manutenção preditiva remota

A manutenção será de forma preditiva e poderá ocorrer remotamente. O tempo de manutenção será diminuído por conta dessa interação

Controlo operacional

O controle operacional será facilitado pelo tutorial no próprio equipamento utilizado pelo trabalhador. Para isso o trabalhador terá mais capacidade tecnológica e menos treinamento para a máquina específica. Essa interação dará a possibilidade do trabalhador ser o responsável por mais máquinas

Nota – Elaborado pelo autor

Em uma fábrica moderna, que possui alta produtividade exigida pela concorrência e que já utiliza os princípios de modernidade da indústria 4.0, a colaboração homem-máquina é considerada primordial para o sucesso. Os trabalhadores humanos realizam a tarefa de supervisionar e colaborar em campos que os robôs ainda não são capazes de fazer. Esses robôs que colaboram junto aos humanos estão a ser implementados na indústria e algumas empresas já apresentam as suas soluções para o uso desse tipo de tecnologia (D. Surdilovic, T-M. Nguyen, J. Radojicic, 2011), Thoben et al., (2017) complementam essa informação escrevendo sobre o tema e refletindo que os robôs atuarão em áreas onde os humanos não poderiam ou teriam dificuldades em realizar tarefas devido a preocupação ligada à segurança. Diante da indústria 4.0 a investigação e aplicação desse tipo de tecnologia traz dois benefícios: (a) melhorar ou garantir a segurança de trabalhadores humanos; (b) diminuir as restrições da ação humana. Materializa-se essa afirmação com as atuais pesquisas quanto a colaboração entre homem e máquina, focadas no manuseio de cargas pesadas, onde

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com mais segurança o trabalhador humano poderia ter menos restrições quanto ao deslocamento em áreas dentro da fábrica, onde tecnicamente não seria seguro devido ao transporte de equipamentos (pesados), aqui, a questão de segurança como o rastreio de posição humana se torna importante para a segurança do trabalhador.

Os componentes de proteção para um trabalhador humano registam dados para que a execução da tarefa ocorra de uma maneira natural, evitando qualquer problema, como, por exemplo, uma colisão. A ideia é antecipar qualquer risco que possa existir, antes que algo ocorra (Thoben et al., 2017). O autor acrescenta que, a indústria 4.0 atuando em fábricas inteligentes visa eliminar fronteiras entre homem e robôs, suportando assim a interação entre as partes, através de um sistema interligado, inteligente, conectado, capaz de perceber, interpretar e reagir, portanto, os seres humanos são parte integrante do formato de uma fábrica inteligente, onde a interação colaborativa com robôs por meio de fala, sinais e etc., são possíveis durante a realização de tarefas.

Gorecky (2014) chama a atenção para que não se caia no erro de ficar indeciso com a interação entre homem e máquina, no sentido de não saber quem faz qual trabalho, Hirsch-Kreinsen (2016) complementa nos mostrando duas perspetivas, na primeira as máquinas assumem o comando dos trabalho e o homem realiza apenas trabalhos compensatórios, que não podem ou não foram plausíveis de automação, a segunda mostra um caminho colaborativo no trabalho, onde homem e máquina se complementam, tornando o trabalho melhor.

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4.2.4 Mudanças a nível organizacional, profissional e

social

As relações sociais e profissionais serão modificadas devido a todos os impactos causados pela nova revolução industrial. Autores como Caruso (2017), Edwards e Ramirez (2016) e o próprio WEF (2016), apresentam uma visão mais crítica a respeito da indústria 4.0 e dentre as percepções coletadas, chama atenção quando é apresentada a perspetiva mais negativa de relações sociais e profissionais. Caruso (2017), alega que não haverá uma organização mais horizontal, ou seja, sem hierarquia para que decisões sejam tomadas de maneira mais ágil, não dando autonomia para os trabalhadores, redução de direitos e garantias para os trabalhadores. Ramirez (2016) e o WEF (2016) acreditam na expansão de trabalhadores independentes, que serão contratados como

freelancers para realizar trabalhos por um pequeno período e sem

benefícios, corrobora com essa perspetivas o estudo de James et al. (1992), onde o autor escreve que a tecnologia seria usada para o controle desses trabalhadores, uma vez que os gestores teriam mais visibilidade do que os funcionários estão a fazer, no mesmo estudo, o autor faz um contraponto a esse ponto de vista com uma perspetiva mais positiva para os trabalhadores, uma vez que a tecnologia ajudaria a descentralizar as decisões, tomadas anteriormente apenas por níveis hierárquicos mais altos, dando mais autonomia para os trabalhadores. As conclusões de James et al. (1992) nos remete para o artigo de Trompisch (2017), onde o autor cita que soluções descentralizadas de problemas são importantes estímulos para a empresa se tornar mais propensa à inovação, essa informação é validada pelo artigo de James et al. (1992), segundo o autor, como a digitalização afetará a estrutura organizacional de uma empresa ainda não está claro, no entanto, se observa que um nível

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organizacional mais flexível, com descentralização de decisões e processos, que passa certa autonomia para níveis hierárquicos inferiores, melhora as atividades dos trabalhadores e fomenta a inovação na empresa.

A liderança também terá papéis diferentes do que possuem atualmente, a mudança na função de gestão acontecerá e ferramentas analíticas deverão ser usadas para alimentar a empresa no que diz respeito aos seus funcionários. Características pessoais, lacunas de competências e detecção de potenciais futuros gestores, serão suportados por essa ferramenta (WEF, 2016).

4.2.5 Reflexão para o futuro diante do impacto do

Indústria 4.0 no trabalho

A indústria 4.0 e seu impacto já são aspetos presentes, porém, a adoção da tecnologia não acontecerá de uma hora para outra, estas mudanças acontecerão gradualmente e é de se imaginar que durante essa mudança vários cargos desaparecerão e outros serão criados (Benesova et al., 2017). Segundo Caruso (2017) os resultados positivos da Indústria 4.0 para os trabalhadores dependerão de conflitos sociais e políticos.

Trabalhos fisicamente exigentes diminuirão ou acabarão, estes serão substituídos por máquinas, deslocando assim humanos para condução dessas máquinas, porém, para isso os trabalhadores deverão passar por reciclagens obtendo competências que os habilite a trabalhar em várias etapas da cadeia de produção (Benesova et al., 2017), por isso, o investimento em capital humano deve estar no centro de qualquer estratégia de longo prazo para produzir competências (Autor, 2015). A indústria 4.0 dificilmente existirá sem humanos, o futuro da colaboração homem-máquina oferece vantagens para a força de trabalho, melhorando sua operação,

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segurança, saúde e aprendizado contínuo de novas competências (Romero et al., 2016).

Sobre tais competências, pode-se prever que no futuro haverá a exigência de qualificação no campo da computação, análise de dados e algoritmos e essa exigência poderá gerar desconforto para os trabalhadores que já estão presentes no mercado de trabalho e não possuem tais competências. Essa demanda trará para os novos trabalhadores, que ainda estão em formação, uma mudança nas disciplinas aprendidas durante a vida académica (Benesova et al., 2017).

Esse novo ciclo que se inicia de novas exigências do mercado de trabalho, pode gerar a falta de trabalhadores como programadores e analista de dados, pois ainda estarão em período de formação (Benesova et al., 2017).

As empresas serão pouco impactadas estruturalmente, porém, com a utilização de tecnologias ligadas à Indústria 4.0, poderão ver seu diferencial competitivo aumentar. Um exemplo interessante do potencial da IOT, que é um dos pilares da Indústria 4.0 (BCG, 2019), pode ser encontrado na indústria automotiva, um estudo da McKinsey (2017), mostra que as companhias de seguros e os proprietários de automóveis poderiam economizar elevada quantia reduzindo os acidentes com a ajuda de sistemas embarcados que detectam e evitam colisões iminentes.

Portanto, à medida que esse novo mercado evolui, governos, trabalhadores e empresas terão que adaptar-se às questões referentes ao impacto do Indústria 4.0 no trabalho.

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5. Discussão

Após a leitura dos artigos utilizados par a escrita do presente trabalho, verificamos que a Indústria 4.0 se aproxima à diversos outros temas e por isso impacta diversos campos da literatura.

De salientar a dificuldade de encontrar na literatura trabalhos empíricos sobre o tema, pois na sua maioria o assunto é abordado por trabalhos teóricos. Caminharmos para o âmbito de estudos de campo, com apresentação de resultados empíricos, é essencial para aprofundamento da discussão, porém, isso só deve acontecer com a adoção mais abrangente de tecnologias da indústria 4.0.

Alguns estudos sobre aspetos da Indústria 4.0 ligados à tecnologia, como por exemplo os 9 pilares que permeiam a Indústria 4.0, são mais facilmente achados na literatura do que outros, como por exemplo o tema que se refere este trabalho, a Indústria 4.0 e o impacto no trabalho. Sendo assim, com o objetivo de responder algumas questões aqui levantadas, o presente trabalho realizou uma procura exaustiva na literatura para responder duas principais perguntas, a primeira trata-se de:

 Quais os principais impactos do paradigma da indústria 4.0 no trabalho?

Como exposto anteriormente, os estudos analisados consideram 4 principais impactos para o trabalho, percebidos pelo paradigma da indústria 4.0 no trabalho:

Evolução do emprego e criação de novos postos de trabalho; Necessidade de desenvolver novas competências;

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Mudanças a nível organizacional, profissional e social.

Sobre o primeiro impacto, grande parte dos autores aqui lidos discutem que a diminuição de trabalhos será inevitável com a adoção da Indústria 4.0 e a quantidade de trabalho que teoricamente corre risco de ser substituído por máquinas é elevado (Brougham et al., 2017), porém, ainda percebe-se um elevado grau de automatização de trabalhos e sim uma tendência á o trabalho em conjunto com as máquinas (veremos mais a frente).

A substituição em massa de trabalhadores só será realizada quando houver interesse de governo, empreendedores e mesmo assim se houver retorno financeiro em resposta a automatização (Salento, 2018; Gregory et al., 2016).

Adotar novas tecnologias não gerará desemprego, por mais que as tecnologias emergentes sejam mais disruptivas que outras (Borland et al., 2017).

Já sobre o segundo impacto discute-se que, junto com a criação de novos trabalhos, a necessidade de desenvolver novas competências demonstra seu enorme valor. O novo mercado de trabalho demandará novas competências e tais competências serão aspetos fundamentais para o trabalhador (Edwards et al., 2016).

Entre as principais competências exigidas pelo mercado de trabalho estão o conhecimento em áreas tecnológicas e competências comportamentais. O trabalhador do futuro terá que conhecer toda a cadeia de valor e ser capaz de responder com criatividade e velocidade às demandas exigidas. O trabalhador que não conseguir se adaptar às novas formas de trabalho poderá ser mais facilmente substituído, visto que diminuirá seu valor acrescentado para a empresa (Gehrke, 2015).

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O aprendizado desse trabalhador terá que ser contínuo e em os currículos académicos deverão ser adaptados para as novas exigências do mercado (BCG, 2015).

O terceiro impacto aborda a maior interação homem-máquina, e como constatou-se os sistemas que permeiam a Indústria 4.0 permitirá que o homem interaja com a máquina (Romero et al., 2016) através dos 9 pilares da Indústria 4.0.

Em uma fábrica do moderna e com alta produtividade, a interação homem-máquinas é algo obrigatório para o sucesso e poderá facilitar o trabalho humano e realizar tarefas que poderiam ser perigosas para o homem (Thoben et al., 2017).

A palavra é colaboração, portanto, não deve-se deixar indefinido até que ponto o trabalho é humano e até que ponto o trabalho é da máquina (Gorecky, 2014).

O último impacto abordado trata-se das mudanças organizacionais, profissionais e sociais, causadas pela adoção da indústria 4.0.

As mudanças acima expostas não ocorrerão imediatamente, mas sim gradativamente e autores discutem sobre tais mudanças, alguns alegando que não haverá uma organização benéfica para o trabalhador, não existindo o aumento da autonomia para tomada de decisão e ainda com redução de direitos para os trabalhadores, estes seriam mais controlados a partir do momento que a empresa possui tecnologias com o poder de captar mais informações de seu funcionário (WEF, 2016; James et al., 1992).

Outros autores (Trompisch, 2017), porém, alegam que a tecnologia adotada gera inovação para a empresa e descentraliza a tomada de decisão, dando sim mais autonomia aos trabalhadores.

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Parece claro que o uso da tecnologia através da adoção da Indústria 4.0 ficará a cargo dos gestores e eles terão de definir e lidar com a melhor maneira de usá-la.

Como segunda pergunta a ser respondida o trabalho realizou o questionamento abaixo:

 Quais são os temas de investigação, relacionados com o impacto do paradigma da Indústria 4.0 no trabalho, que merecem uma maior reflexão no futuro?

Como abordado anteriormente, alguns autores já tentam obter uma perspetiva para o futuro e levantam alguns aspetos relevantes. Com a adoção gradativa da indústria 4.0, discute-se o impacto quanto aos trabalhos que desaparecerão e serão criados no futuro, porém, além desta consideração, o que possui relevante impacto para os trabalhadores é o que as novas posições que irão surgir exigirão como competências, bem como tais trabalhadores podem se preparar para adquirir essas competências.

A literatura alega que trabalhos fisicamente exigentes deixarão de existir sendo substituídos por máquinas, máquinas essas que serão controladas por humanos deslocados de antigas posições de trabalho, para posições com aspeto mais tecnológico. No entanto, para isso, esses trabalhadores terão de adquirir novas competências para lidar com computação, máquinas e colaborar com tais tecnologias (Benesova et al., 2017; Romero et al., 2016; Autor, 2015). A tendência é que empresas busquem por esse novo trabalhador com velocidade, visto que o diferencial competitivo ganho com a adoção da Indústria 4.0 é elevado.

Os governos, empresas e órgãos competentes, devem tomar decisões para que o estímulo a adquirir novas competências seja imediato,

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visto que poderá haver falta da mão de obra para trabalhos surgidos na Indútria 4.0 (Benesova et al., 2017).

Portanto, novos métodos de ensino, novos cursos e novas captações tendem a surgir nos próximos anos para o preparo do trabalhador para novas exigências do mercado.

6. Conclusões

O presente trabalho analisou o paradigma da indústria 4.0, focando-se no focando-seu impacto no trabalho, através de uma revisão de literatura. Foi construída uma base para entendimento do tema e progrediu-se com a análise de estudos sobre o assunto. Posteriormente quatro principais impactos no trabalho foram identificados e desenvolvidos, visto os mesmos terem poder determinante sobre a sociedade.

Todos os fatores aqui levantados dependem das orientações definidas pelo governo, empresas privadas, no ensino e na investigação científica. No artigo de David H. Autor (2015), ele destaca que a ameaça principal não é a tecnologia, mas a má política de controle e afirma que um imposto de capital apropriado tornará o avanço tecnológico amplamente benéfico para o bem-estar da população. O desafio governamental neste momento tende a ser grande em relação à tecnologia (Autor, 2015) e deverá ser tema de um estudo futuro mais aprofundado quanto a legislação que permeia a indústria 4.0 e o seu impacto no trabalho. O que deve ser entendido é que existem escolhas complexas que devem ser definidas para se realizar de facto qualquer tipo de automação. Limitações políticas e regulamentares irão definir a viabilidade tecnológica e a implementação em massa.

Foram levantados impactos e competências exigidas pelo novo mercado de trabalho no intuito de chamar atenção para o tema ainda

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pouco explorado, principalmente em países com economias emergentes. Este trabalho pode ter sido limitado pela utilização de apenas duas bases de dados, nomeadamente, SCOPUS e Web of

Science, pela análise apenas de artigos na língua inglesa e por isso

contribuições relevantes em outras línguas podem ter sido deixadas de lado e por procuras de palavras equivocadas, e com isso algum artigo importante sobre o tema pode não ter sido considerado.

Parecem bastantes coerentes as afirmações de Trompisch (2017) e Fleming (2018) onde concluem que, é improvável que a visão de uma fábrica 100% automatizada se efetue. O uso da tecnologia não irá levar a uma competição entre homem e máquina e sim uma cooperação entre ambos, e continuam, a automação e novas tecnologias não surgem de maneira endógena, para haver a inovação tecnológica e consequentemente automação, é preciso investimento, ou seja, deverá ser vislumbrado algum benefício para que o investimento garanta algum retorno.

Novos estudos são necessários, pois o tema ganha cada vez mais força e relevância, porém, deve-se focar em um estudo de campo com dados empíricos, para que se chegue mais perto de um trabalho conclusivo. Ainda é difícil definir a relação da automação com o emprego, mas atendendo aos resultados aqui definidos, pode-se esperar que as atividades mudem e os trabalhadores tenham que se adaptar a novas funções e demandas, além de adquirir novas capacitações. Devemos ter consciencialização que prever o futuro é algo complexo, no entanto, os avanços tecnológicos (independentemente de postos de trabalho perdidos ou ganhos) tendem a ter um efeito profundo sobre como trabalhamos. Brougham e Haar (2017) complementam escrevendo que a sofisticação da tecnologia poderá chegar ao nível que não precisaremos de trabalhadores humanos, mas, no momento o ser humano ainda é

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fator primário para o sucesso da colaboração com os robôs. Para futuros trabalhos, além de trabalhos empíricos sobre o tema, se sugere uma pesquisa mais profunda sobre o que os países que já estão mais avançados na adoção à indústria 4.0 fazem em sua economia, política, e órgãos de ensino, para se prepararem para o novo mercado e evitar uma crise social e económica.

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Tabela 2 – Crescimento de publicações sobre a indústria 4.0 Ano Número de publicações encontradas referente ao tema 2014 1 2015 3 2016 6 2017 6 2018 2

Referências

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