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Reflexão do contexto bioético em testes conduzidos em seres humanos/Reflection of the bioethical context in test conducted on human beings

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 9, p.71881-71887 ,sep. 2020. ISSN 2525-8761

Reflexão do contexto bioético em testes conduzidos em seres humanos

Reflection of the bioethical context in test conducted on human beings

DOI:10.34117/bjdv6n9-581

Recebimento dos originais:08/08/2020 Aceitação para publicação:24/09/2020

Ana Cristina Souza Melgaço

Graduanda do curso de Biomedicina – Universidade do Estado de Minas Gerais Endereço:Avenida Juca Stockler, 1130 - Belo Horizonte, Passos – MG,

37900-106, Brasil

E-mail: acmelgaco726@gmail.com

Diones Antonio Borges

Pós doutorando no Programa Interunidades de Pós-graduação em Ecologia Aplicada- PPGI-EA ESALQ/CENA, Escola Superior de Agricultura "Luiz de

Queiroz" - Universidade de São Paulo

Endereço: Alameda das Sibipirunas, 11 - Agronomia, Piracicaba - SP, 13418-900, Brasil

E-mail:dionesborges@usp.br

RESUMO

A Bioética extrapola as fronteiras das Ciências da Saúde, e as discussões e reflexões não se limitam somente aos dilemas éticos atuais, sendo muito abrangente em todas as áreas do conhecimento. Os testes conduzidos em humanos são conduzidos e controlados levando em conta a Bioética e através disto os abusos cometidos na Antiguidade e demais épocas da história humana por diversos pesquisadores que praticaram atos que ultrapassaram a dignidade humana e promoveram a pseudociência. A legislação sobre a Bioética em testes conduzidos em humanos é abordada de forma crítica na análise do presente artigo.

Palavras-chave: Bioética, Legislação, Saúde Humana. ABSTRACT

Bioethics transcends the boundaries of the Health Sciences, and discussions and reflections are not limited to current ethical dilemmas, but are very comprehensive in all areas of knowledge. The tests conducted on humans are conducted and controlled taking into account Bioethics and through this the abuses committed in Antiquity and other times of human history by several researchers who have practiced acts that went beyond human dignity and promoted pseudoscience. The legislation on Bioethics in tests conducted on humans is critically addressed in the analysis of this article.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 9, p.71881-71887 ,sep. 2020. ISSN 2525-8761

1 INTRODUÇÃO

O termo “Bioética” surgiu nas últimas décadas do século XX, a partir dos grandes avanços tecnológicos na área da Biologia e aos problemas éticos derivados das descobertas e aplicações das Ciências Biológicas. O comportamento ético em atividades de saúde não se limita apenas ao indivíduo, devendo ter também, um enfoque de responsabilidade social e ampliação dos direitos da cidadania, uma vez que sem cidadania não há saúde (ZOBOLI, 2013).

As discussões e reflexões da Bioética não se limitam aos dilemas éticos atuais como o projeto genoma humano, o aborto, a eutanásia, incluem também os campos da experimentação com animais e com seres humanos que será o foco deste projeto. Os termos pesquisa e experimentação costumam ser utilizados como sinônimos, porém, a pesquisa assume sentido amplo, devido a hipótese de verificação ou constatação de uma premissa. Já o termo experimentação designa a verificação de uma determinada premissa e se utiliza o ser humano como objeto do estudo, para constatação dos efeitos de um tratamento ainda desconhecido (FARIA, 2007).

As ciências experimentais, a partir das quais se desenvolveram os outros ramos da ciência, têm como marco inicial simbólico as contribuições e, sobretudo, a postura de Galileu no século XVI, sendo o inicio das novas formas de experimentações em humanos mesmo ainda não sendo devidamente regulamentado (FREITAS, 1999).

A bioética trata de um assunto comum e bastante discutido nas universidades, principalmente nas áreas da saúde e humanidades, por estar lidando com pesquisas que podem ferir o código ético. Sendo assim, a relação entre Bioética e pesquisas experimentais em humanos, na atualidade e antiguidade, é de extrema importância para discussão dentro e fora de sala e trabalho.

2 MATERIAL E MÉTODOS

A revisão bibliográfica foi a metodologia abordada, por meio dela foi possível encontrar diversos artigos relacionados questões bioéticas e alguns a respeito de experimentos humanos nos sites de pesquisa como, PubMed e Scielo.

A ideia inicial do artigo foi promovida após leitura do livro “A história da humanidade contada através dos vírus”, de Stefan Cunha Ujvari (2011), onde o capítulo sobre experimentos em humanos chamou a atenção, sendo então de extrema importância os questionamentos sobre bioética e quando a questão começou a ser tão discutida, assim como as leis hoje vigentes para regulamentação de experimentos.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 9, p.71881-71887 ,sep. 2020. ISSN 2525-8761

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Ética é uma palavra de origem grega “éthos” que significa caráter e que foi traduzida para o latim como “mos”, ou seja, costume, daí a utilização atual da ética como a ciência da moral (ZOBOLI, 2013; KOERICH, 2004).

Percebe-se que a preocupação com os aspectos éticos na assistência à saúde, não se restringe à simples normatização contida na legislação ou nos códigos de ética profissional, mas também ao respeito à pessoa como cidadã e como ser social (ZOBOLI, 2013).

A Bioética pode ser compreendida como “o estudo sistemático de caráter multidisciplinar, da conduta humana na área das ciências da vida e da saúde, na medida em que esta conduta é examinada à luz dos valores e princípios morais” (ZOBOLI, 2013).

Em geral, quando se pensa no assunto, o foco se concentra nas pesquisas na área médica, biomédica ou seja na saúde em garal, pois as pesquisas nessa área são, em geral, mais visíveis e com consequências imediatas (FREITAS, 1999; KOERICH, 2004).

A utilização de seres humanos em pesquisas científicas pode ocorrer de forma individual ou coletiva, sendo comum, neste último caso, a utilização de comunidades inteiras na verificação da eficácia de um determinado tratamento médico. A experimentação científica pode se apresentar de duas formas distintas: a experimentação terapêutica, quando o objetivo for cura e a experimentação clínica pura, que o objetivo é a investigação (FARIA, 2007).

Contudo a experimentação com seres humanos ocorreu e vem ocorrendo em muitas outras áreas, muitas vezes sem a devida preocupação com os aspectos éticos (FREITAS, 1999).

Quanto à pesquisa propriamente dita, são de estarrecer o número, a diversidade e as circunstâncias em que se cometeram abusos, dentro e fora dos Campos de Concentração de Prisioneiros, durante a II Guerra Mundial, onde se pode encontrar mais vítimas, como exemplo os diversos gêmeos usados em experimentos desumanos conforme apresentado na Figura 1. Porém vale ressaltar que não foi o único lugar que ocorreu os mais diferentes abusos, sendo negros outro exemplo de população muito utilizada em experimentações ao longo da história. Tais abusos muitas vezes, tiveram a participação de pessoas de alto prestígio científico e com amparo de órgãos de apoio à pesquisa e de outros cujas funções seriam de cuidar da saúde da população (FREITAS, 1999).

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Figura1. Experimento com gêmeos em Campos de Concentração de Prisioneiros.

Fonte: Getty Images.

Somente em 1947 estabeleceram as primeiras normas reguladoras da pesquisa em seres humanos. Normas que surgiram quando começou o julgamento dos crimes de guerra dos nazistas, ao se tomar conhecimento das situações abusivas da experimentação, que foram denominadas como crimes contra a humanidade (FILHO, 2014).

O Código de Nüremberg estabeleceu as primeiras normas básicas de pesquisas em seres humanos, prevendo a indispensabilidade do consentimento voluntário, a necessidade de estudos prévios em laboratórios e em animais, a análise de riscos e benefícios da investigação proposta, a liberdade do sujeito da pesquisa em se retirar do projeto, a adequada qualificação científica do pesquisador, entre outros pontos (FILHO, 2014).

Vale lembrar que a autonomia gerada pelo Código de Nüremberg se firma na regulamentação da pesquisa e que, somente muitos anos depois, se incorpora nos Códigos de Ética dos profissionais de saúde, sendo possível se observar esse atraso na regulamentação da pesquisa, pois ainda na década de 60 que possuía um grande número de pesquisas de experimentação humana conduzidas de forma eticamente inadequada e publicadas em revistas médicas de renome (FREITAS, 1999).

Em 1964, na 18ª Assembléia da Associação Médica Mundial foi revisto o Código de Nüremberg e aprovada a Declaração de Helsinque, introduzindo a necessidade de revisão dos protocolos por comitê independente, na qual foi revista na década de 70 (Tóquio) e de 80 (Veneza e Hong Kong) e, por último, em 1996 na 48ª Assembléia Geral realizada em Somerset West, República da África do Sul, continuou, porém, conhecida com o nome de Declaração de Helsinque. Nesta declaração se estabelecem também as normas básicas para a pesquisa médica sem fins terapêuticos conhecidos e utilizados até o dia de hoje (MENEZES, 2015).

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No Brasil, merece destaque a Resolução CNS nº 1, de 13 de junho de 1988, do Conselho Nacional de Saúde que é o primeiro documento oficial brasileiro que procurou regulamentar as normas da pesquisa em saúde (FILHO, 2014).

Todos os documentos citados levam em conta princípios básicos da Bioética: a não maleficência, a beneficência, a justiça e, sobretudo, a autonomia, respeitando-se o sigilo, a privacidade (FILHO, 2014).

Em 1995, sete anos após a aplicação da Resolução CNS nº 1/88, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) decidiu pela revisão da mesma, com o objetivo de atualizá-la e preencher lacunas geradas pelo desenvolvimento científico. Um Grupo Executivo de Trabalho (GET), integrado por representantes de diversas áreas sociais e profissionais, contando com o apoio de médicos, teólogos, juristas, biólogos, engenheiros biomédicos, empresários e representantes de usuários, elaborou uma nova resolução (CNS nº 196/96) que estabelece as normas de pesquisa envolvendo seres humanos no Brasil (MENEZES, 2015).

Destaca-se na Resolução CNS nº 196/96 que as pessoas portadoras de alguma causa de vulnerabilidade devem receber maior proteção, para que não sejam exploradas. Já as pessoas com autonomia plena devem ter sua liberdade de escolha preservada, devendo sempre receber as informações adequadas e prestar seu consentimento livre e esclarecido quando pretendam ingressar em um experimento científico, entre outros fatores (MENEZES, 2015).

Ainda na Resolução 196 foi criada a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), que é um órgão de controle social, com competência para analisar e acompanhar os aspectos éticos das experimentações científicas com seres humanos, desenvolver regulamentações sobre proteção dos sujeitos pesquisados e constituir uma instância normativa, de recurso e de coordenação (FARIA, 2007).

A CONEP faz, ainda, a integração dos vários Comitês de Ética em Pesquisa (CEP) existentes no território nacional. O CEP é um colegiado interdisciplinar e independente, com “munus público”, de caráter consultivo, deliberativo e educativo, criado para defender os interesses dos sujeitos de pesquisas em sua integridade e dignidade e para contribuir no desenvolvimento da pesquisa dentro dos padrões éticos (FARIA, 2007).

Alguns pesquisadores reconhecem a importância dos aspectos éticos na pesquisa, porém manifestam preocupações com a institucionalização do estabelecimento de regras nessa área, argumentando que se trata de mais uma tentativa de controlar e reprimir os pesquisadores, além de ser imposição do governo e que reprime a criatividade dos pesquisadores (SARDENBERG, 1999).

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As orientações do Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas, expressas nos "Requisitos Uniformes para Manuscritos Submetidos a Revistas Biomédicas", são consideradas frágeis, ao afirmarem explicitamente: "ao relatar experimentos com seres humanos, indique se os procedimentos foram realizados de acordo com os padrões éticos do comitê responsável por experimentação humana e com a Declaração de Helsinque de 1975, tal como revista em 1983" (SARDENBERG, 1999).

4 CONCLUSÃO

A Bioética não está restrita às Ciências da Saúde, desde que surgiu abrange todas as áreas do conhecimento, sendo assim sua atuação tem a ver com a vida. Devemos sempre lembrar que o objetivo da pesquisa é melhorar a saúde e o bem-estar dos pacientes e nunca causar danos ou submetê-los a graves riscos para obter esses objetivos.

O uso de seres humanos em experimentos científicos traz inegáveis benefícios para a sociedade, porém é dever do pesquisador prezar sempre pelo bem estar da população que está sendo estudada. No entanto, há sempre o conflito entre o indivíduo submetido à experimentação e a ciência.

Todas essas considerações apontam para a oportunidade e necessidade premente de se discutir a questão da experimentação com seres humanos, de modo a permitir os avanços da ciência e da tecnologia em benefício da humanidade, tendo, contudo, como centro de preocupação, o respeito pela dignidade do ser humano. Além da necessidade de estudos mais profundos nessa área.

AGRADECIMENTOS

Aos meus familiares que sempre acreditaram em mim, me deram todo apoio em minhas escolhas e nunca me deixaram desistir. Em especial ao meu padrinho Willian que sempre me incentiva a escrever.

A minhas companheiras de república por ser minha segunda família, por nunca me abandonar e ser meu apoio em momentos de angústia. Assim como todos os amigos que conquistei na universidade e aqueles que acabei me afastando por causa da distância, mas que sei que torcem por mim.

A universidade e seu corpo docente, direção e administração. E em especial ao meu professor orientador Dr. Diones pelo suporte, correção e incentivo.

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REFERÊNCIAS

FARIA, Roberta Elzy Simiqueli de. Experimentação científica com seres humanos: limites éticos e jurídicos. 2007. Belo Horizonte. Disponível em: http://www.biblioteca.pucminas.br/teses/Direito_FariaRE_1.pdf. Acesso em: 3 out. 2019.

FILHO, Antônio Pereira. Experimentação em seres humanos. 2014. Ribeirão Preto. CREMESP. FREITAS, Corina Bonatempo; HOSSNE, William Saad. Pesquisa com Seres Humanos. 1999.

Disponível em:

http://www.portalmedico.org.br/biblioteca_virtual/bioetica/ParteIIIsereshumanos.htm. Acesso em: 3 out. 2019.

GETTY IMAGES. Experimento com gêmeos em campos de concentração. São Paulo, 2019.

Fotografia. Disponível em:

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/media/uploads/legacy/2018/06/21/ciencia-nazista-1101235.jpg. Acesso em: 29 jun. 2020.

KOERICH, et al. Ética e bioética: para dar início à reflexão. 2004. Contexto Enfermagem. São José, Brasil.

MENEZES, Renata Oliveira Almeida. Os experimentos em seres humanos na perspectiva do direito constitucional. 2015. Universidade Federal de Pernambuco.

SARDENBERG, Trajano. A ética da pesquisa em seres humanos e a publicação de artigos científicos. 1999. Jornal de Pneumologia. Medicina de Botucatu - UNESP.

UJVARI, Stefan Cunha. A História da humanidade contada pelo vírus. Editora Contexto, 2011.

ZOBOLI, Elma. Tomada de decisão em bioética clínica: casuística e deliberação moral. 2013. Revista Bioética. Brasília, Brasil.

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