A Escola Nacional de
Administração (França)
e sua Evolução
PIERRE RACINE
D ire to r da ENA Tradução de M arcos H enrique C ortes Fonte : La Revue A d m in is tra tiv e , Ano 26, n.° 152, m a r./a b r. 1973 A Escola Nacional de A dm inistra çãofoi criada p o r D ecreto de 9 de ou tubro de 1945 do G overno P rovisório da República Francesa, p re sid id o pelo General De G aulle. Esta im p ortan te decisão havia sido estudada e prepa- rada com o m aior cuidado pela Co missão pro visó ria de reform a da ad m inistração, colocada ju n to ao Chefe do G overno e cujo anim ador fo i M i- °hel Debré, então Procurador-Geral do Conselho de Estado e C om issário da República em A n g e rs.
No clim a da Liberação, caracterizado pelo reexam e das in s titu iç õ e s e das ^e n ta lid a d e s, essa m edida se devia s ituar em um program a geral de re- n°vação do Estado e da ad m in is tra ção : o recru ta m en to e a form ação d°s fun cion ário s co n stitu ia m uma pe- Ça-chave do m esm o mas não a única.
A fim de se com preender o alcance da reform a é pre ciso lem brar-se de que na França o Estado não havia, até então, tom ado a seu cargo a fo r mação dire ta de seus fu n cio n á rio s, incum bidos da ad m in istra ção geral do país e de sua representação no ex te rio r. Sem dúvida a França adotava, bem antes da Segunda G uerra M un dial, para o recru ta m en to de seus fu n cionários, o sistem a generalizado do concurso de ingresso nos d ife re n te s órgãos ou m in is té rio s . M as o Estado não havia até então julgado necessá rio fo rm a r ele p ró prio , em escolas d i retam e nte subordinadas a ele, seus fun cion ário s em g e ra l. Eram apenas form ados em ta is escolas — se exce tuam os os O fic ia is de carre ira — os grandes corpos de engenheiros do Es tado que, ao s a ir da Escola P olitéc nica, recebiam em escolas e sp e cia li
zadas, chamadas escolas de aplicação, a form ação correspondente a seus se to re s : Engenheiros de M inas, de Pon te s e Pavimentação, de Engenharia M arítim a, de Engenharia Rural e tc.
No campo da adm inistração geral propriam ente dita som ente os fu tu ro s adm inistradores da França U ltra m a ri na eram form ados em uma escola es pecial do Estado.
Ao contrário, os fun cion ário s de na tureza geral, destinados à ad m in istra ção interna ou à representação e xte r na da França, eram recrutados por meio de concursos, abertos apenas para os alunos diplom ados pelo en si no superior, de um nível igual pelo menos à lice n cia tu ra . Um grande nú mero desses jovens recebiam sua instrução não só na Universidade, nas Faculdades de D ire ito e de Letras, mas em uma escola pa rticular, criada logo após a guerra de 1870, que havia conquistado ju sta m en te uma fama m uito grande, a Escola Livre de C iên cias P olítica s. Essa Escola preparava diretam e nte uma parte de seus alunos para os concursos de acesso à fu n ção p ú b lic a : Conselho de Estado, Tribunal de Contas, Inspetoria-G eral de Finanças, Corpo D iplom ático e Consular, quadros de redatores dos principais M in is té rio s e tc . Embora fosse p a rticu la r e in te ira m e nte livre em seu funcionam ento, essa Escola tinha laços especiais com a adm inis tração : uma grande parte de seu cor po docente provinha, na realidade, de funções públicas e era a associação, dentro desse corpo docente, de altos fun cion ário s, de u n iv e rsitá rio s e de responsáveis por em presas do se to r privado que haviam dado a seu ensino
a reputação que ele m erecia por sua abertura em relação ao mundo, sua percepção dos problem as concretos e da s ín te se .
O regim e de recru ta m en to e de fo r mação a n te rio r a 1945 se caracteriza va por dois traços essenciais :
— dife re n te m e n te do regim e britâ nico de recru ta m en to do " C iv il Ser v ic e " [S erviço Público C iv il) po r meio de um concurso único organizado por uma única autoridade, a “ C iv il Ser vice C o m m is sio n ” , cada órgão ou m i n is té rio francês realizava seu próprio concurso especial; assim oco rria no Conselho de Estado, na Inspetoria-Ge- ral de. Finanças, no Tribunal de Con tas, no Corpo D iplo m ático e Consular, em cada M in is té rio e tc ., enquanto que os quadros das pre fe itu ra s não eram recrutados na base através de con curso, mas segundo um sistem a de requisição pura e sim p les por cada P refeito;
— não existia escola do Estado al guma para prover a formação dos jo vens que se destinavam ao serviço público, fora os grandes corpos de
técnicos, do exército e do Ultramar.
Esse regim e deu à adm inistração francesa gerações de jo ven s funcioná rio s de um a lto nível in te le ctu a l, pos suindo já um c e rto sen tido do serviço público, que resultava em grande par te do ensino m in istrado por m estres que pertenciam à ad m in istra ção ou à diplom acia, mas em 1945 ele fo i con siderado ultrapassado sob vá rio s pon to s de v is ta . Na verdade se lhe f i zeram quatro c rític a s p rin cip a is :
a) desigualdade e fa lta de hom o geneidade dos diverso s recrutam en tos para a função pública s u p e rio r. Os quadros de órgãos com o o Con selho de Estado, a Inspetoria-G eral de Finanças, o Tribunal de Contas e o Corpo D ip lo m á tico eram recrutados por concursos qu alificad os de grandes concursos devido a seu n ív e l. Os d i fe re n te s M in is té rio s recrutavam , cada um separadam ente, seus pró prio s fu n cio ná rios pelo concurso chamado de redator, cujo nível era m uito d ife re n te conform e as adm inistrações, sendo o concurso de red ator do M in is té rio de Finanças de nível elevado;
b) excessiva parisianização das altas funções públicas francesas : sem que se possa ser ta xa tivo nesse cam po, deve-se reconhecer que esses concursos, esp ecialm e nte os grandes, atraiam em especial os jo ven s o riu n dos de fa m ília s parisienses, pela sim p les razão de que eram m u ito mal conhecidos nas províncias e que não havia nas universidades qualquer es tím u lo para preparação para os m es m os. Por ou tro lado, o ensino das Fa culdades de D ire ito e de Letras, qualquer que fo sse sua qualidade, era in te ira m e n te inadequado aos progra mas dos concursos, nos quais era Im possível lo gra r aprovação sem v ir a Paris;
c) origem social dem asiado lim i tada da m aioria dos candidatos. Es ses concursos, abertos a jo ven s que tivesse m ao m enos colado grau ou possuíssem um diplom a equivalente, atraiam os jo ven s cujas fa m ília s po diam arcar com o encargo fina nce iro de pelo m enos trê s anos de estudos superiores, o que, na época em que
o regim e de bolsas e de facilida de s fina nce iras não era tão am plo com o hoje, lim itava enorm em ente o leque social dos candidatos. Em segundo lugar, não se podendo passar nesses concursos senão após e sta r qu ite com as obrigações m ilita re s , os jo ven s já liberados delas tinh am ainda que aguentar o ônus fin a n ce iro de um ou dois anos de preparação especial para o concurso por eles escolhido, pre paração que era então fe ita na Escola de C iências Políticas, em e s tre ita li gação com representantes de cada ór gão ou M in is té rio em questão.
Não obstante, o sistem a de re c ru tam ento tal com o funcionava em ra zão dos p rin cíp io s que regiam a fu n ção pública francesa colocava tod os os candidatos que estavam ha bilitad os a apresentar-se em um pé de e s trita igualdade ju ríd ic a . M as sendo esses concursos preparados sob a a u torid a de de m estres que perte nciam aos dife re n te s órgãos e m in is té rio s , ha- via-se c ritic a d o o sistem a com o sendo um regim e de requisição, não se de vendo to m a r esse te rm o num sen tido pe jo rativo do ponto de v is ta de res p e ito pela igualdade dos candidatos, mas indicando que cada órgão era o único senhor de seu pró prio re c ru ta m ento e sobretudo dos c rité rio s de seleção, m atéria evide ntem en te mais sub je tiva e por vezes d ific ilm e n te con tro lá v e l;
d) en fim , excessiva especialização dos d ife re n te s co n cu rso s. Sem dú vi da, esp ecialm e nte nos grandes con cursos, era necessário uma sólida c u l tu ra geral, ainda que ela não fosse averiguada através de provas espe cia is com o o é hoje concursos de in
gresso na E .N .A ., mas a m aioria das provas, mesmo quando o program a era m uito vasto, se concentrava nas disciplin as e problem as próprios dos d ife re n te s órgãos ou m in is té rio s , sen do en tre tanto exigidos sem pre certos conhecim entos com uns em m atéria de D ireito, Economia e Finanças, embora em graus d ife re n te s .
A ssim , o concurso d iplo m ático se concentrava essencialm ente no conhe cim ento de línguas, de h is tó ria d ip lo m ática e de geografia humana e eco nômica, enquanto que o concurso do Conselho de Estado tinh a uma feição m ais ju ríd ic a , em bora extensiva m uito am plam ente a todos os setores da adm inistração, e que o concurso da Inspetoria-G eral de Finanças ou do Tribunal de Contas se orientava de form a m ais especial para problem as econôm icos, fina nce iros, de m atem á tica fina nce ira e tc. Todavia, o que ca racterizava esses concursos era a preocupação de averiguar, através dos conhecim entos de base, a abertura de e s p írito , a in te lig ê n cia em geral e, em certa medida, a personalidade do candidato.
I — A ESCOLA NAC IO NAL DE A D M I NISTRAÇÃO DE 1945 A 1972. A Escola de 1945
O de creto de 9 de outubro de 1945 marca uma mudança radical desses d ife re n te s pontos de v is ta . Ela é do minada pelas seguintes id é ia s :
— a unidade de recrutam ento e de form ação dos fu tu ro s altos funcioná rio s france ses em geral;
— a preocupação de d iv e rs ific a r so cial e geograficam ente a orige m dos candidatos;
— a im portância atribuída, na fo r mação dos candidatos recrutados, à experiência dire ta dos homens e das coisas graças a um regim e m uito ela borado de estágios, parte integrante dos program as de escolaridade.
A fim de a tin g ir esses o b je tivo s —■ e este é um ou tro traço fundam ental do decreto de 1945 — é criada uma Escola Nacional de A d m in istra çã o (1). colocada sob a autoridade do Prim ei ro M in is tro , isto é, ela não faz parte da U niversidade. O Estado considera, a p a rtir de então, que te m a respon sabilidade não apenas de re c ru ta r co mo tam bém de fo rm a r seus próprios fun cion ário s.
O desejo de abertura se m anifesta no plano ta n to social com o geográ fic o .
No plano social duas m edidas im portantes con tribu em para is s o :
— Paralelam ente ao concurso reser vado aos estudantes, isto é, aos jo vens cujas fa m ília s te rã o podido, com ou sem bolsas, su p o rta r o ônus de trê s ou quatro anos de estudos supe rio re s, é cria do um concurso especial, reservado aos jo ven s fun cion ário s dos quais nenhum diplom a é exigido- Sem dúvida ce rto s candidatos dessa categoria puderam rea liza r estudos,
(1) Em 1848 havia sido criada uma primeira Escola de AdministraçSo, que durou ap0' nas 18 meses : ela recrutava categorias de funcionários de niveis multo dispara tados .
até m esmo superiores, mas nenhuma exigência e x is te nesse âm b ito e nu m erosos fun cion ário s pertencentes aos quadros m édios da adm inistração Podem apresentar-se a ele com pos sib ilida des de ê x ito . Como esses jo vens provêm de categorias sociais menos favorecidas, realiza-se por essa via, in con te sta velm e nte, uma renova ção social na alta função pú blica.
— Por o u tro lado, tod os os alunos da Escola, uma vez aprovados no con curso, sendo considerados com o fun- cio nários-estagiários do Estado, mes- mo se eram antes estudantes, rece bem uma rem uneração que lhes per m ite v iv e r convenientem ente, sozinhos ou com suas fa m ília s se são casados. Não é m ais necessário, para poder in gressar na a lta função pública, após trê s ou quatro anos de universidade e o tem po de serviço m ilita r, consa grar um ou dois anos à preparação de um concurso de recru ta m en to , co mo era o caso com o antigo sistem a, em que a m aioria dos jo ven s lograva aprovação e n tre 21 e 26 anos.
No plano geográfico, os autores da reform a de 1945, preocupados em d i m in u ir a parte preponderante dos jo vens de origem parisie nse na adm i nistração sup erior, haviam decidido c ria r paralelam ente ao In s titu to de Es tudos P olítico s de Paris (novo nome dado à fam osa Escola Livre de C iên cias P olítica s) um c e rto núm ero de in s titu to s de estudos p o lític o s nas Províncias, o p rim e iro dos quais fo i instalado em Strasburgo a p a rtir de 1945. Essa vontade de provincianiza- Ção, se te ve alguns e fe ito s nos p ri m eiros anos de vida da nova escola, não conseguiu depois m anter-se no n í
vel necessário por fa lta de m edidas eficazes de au xílio dos estudantes provincianos e co n s titu i um dos obje tiv o s das reform as atualm ente em an dam ento o de retom a r esse esfo rço de uma form a m ais vigorosa e mais coerente.
Q uanto à natureza dos conhecim en to s e à c u ltu ra exigid os nos concursos de ingresso, os autores da reform a, desejosos de re a g ir con tra a especia lização, julgada excessiva, dos antigos concursos, organizaram as novas pro vas sobre bases m ais amplas abran gendo :
— uma sólida cu ltu ra geral com pos ta sobretudo do conhecim ento da evo lução das sociedades a p a rtir do sé culo XVIII e de uma boa com preensão dos problem as do m undo contem porâ neo nos campos p o lític o , econôm ico, social, c u ltu ra l e té cn ico ;
—• sólido s con hecim entos de base nas m atérias julgadas essenciais para a adm inistração : D ire ito Público, Eco nomia, legislação e questões sociais, relações in te rna cion ais, finanças pú blicas, en fim con he cim en to de uma língua estrangeira, que não era ante rio rm e n te exigid o exceto para in gre s so no Qual d ’O rsay *.
A p rim e ira tu rm a da E . N . A ., que tom ou o nom e de "F rança Com baten t e ” devido à ação que tod os seus in teg ra ntes haviam realizado a serviço do país du ran te a guerra, in gressou na Escola em 1° de m arço de 1946. Esta turm a, com o duas outra3 da m esm a
• 'Quai d'Orsay’ é o M inistério das Relações Exteriores da França (N. T.).
origem , Cruz de Lorena" e “ Jean M ou lin , beneficiou-se de um regim e especial e fo i, em especial, dispen sada do estágio do 1° ano em razão das provas de caráter que seus mem bros haviam dado durante a guerra e a re sistê n cia .
A prim eira turm a norm al da Escola, que tom ou o nome de União France sa, ingressou alguns meses depois da “ França C om ba te nte” , em 1." de junho de 1946. Desde então se seguiram , sem interrupção, 27 turm a s.
O p rim e iro d ire to r da Escola, S r. Henri Bourdeau de Fontenay, que não era fun cion ário antes da guerra de 1939-45, havia sido nomeado Com is sário da República na Norm andia pou co depois do desem barque de junho de 1944; ele conservou essas funções até m arço de 1946, data da supressão da adm inistração excepcional dos Co m issá rios da República e do retorn o à adm inistração m un icip al. Sob a di reção do Sr. de Fontenay, a nova es cola, m ais fe liz do que a de 1848, as sum iu rapidam ente seu lugar na ad m in istração francesa, a de speito do ce ticism o dem onstrado po r m uito s quando de sua criação, sobretudo após a saída em ja n e iro de 1946 do Gene ral De Gaulle, chefe do Governo Pro v is ó rio da República, que a havia criado.
Os p rin c íp io s que form am a base da reform a de 1945 foram sem pre f ir m em ente m antidos : unidade de recru tam ento para a alta função pública, exigência para o ingresso de uma boa c u ltu ra geral e de sólidos conheci m entos té cn ico s, form ação em com um pela Escola, lotação dos alunos pelos
d ife re n te s órgãos e m in is té rio s em função de sua classificaçã o ao final do período le tiv o . Não obstante, a Escola teve ela própria trê s fórm ulas de recru ta m en to e de form ação.
A p rim e ira fórm ula, a de 1945, fun dava-se na busca de um cuidadoso e q u ilíb rio ta n to no recru ta m en to como na form ação. O concurso de ingresso havia sido e strutu rado de m aneira a levar a uma diversidade bastante grande da origem in te le c tu a l dos can didatos, pelo m enos dos não cie n tí fic o s . De fato, em bora fosse um con curso único para cada categoria, es tud antes e fun cion ário s, e com portan do uma única classificaçã o fin a l, ele abrangia ao m esmo t e m p o :
— provas com uns de c u ltu ra geral, especialm ente a p rim e ira com posição sobre a evolução das idéias e dos fa- to s p o lític o s , econôm icos e sociais a p a rtir do in íc io do século X V III, e a e n tre vista com a banca com base em um te x to ;
— provas m ais especializadas, cor respondendo aos quatro ramos prin cip a is da adm inistração, ta l como eram v is to s então, ou sejam , adm inis tração geral (ju ríd ic a e a d m in is tra ti v a ), econôm ica e fina nce ira, social, e relações e x te rio re s . Esses qu atro ra mos correspondiam aliás às quatro seções e n tre as quais eram repartidos os alunos uma vez ad m itid os na Es co la . Desde o concurso de Ingresso, as vagas abertas era, na realidade, re partidas e n tre as qu atro seções. Os candidatos escolhiam liv re m e n te as m atérias corre spo nde ntes à seção que p re fe ria m , porém eram todos subme tid o s a uma cla ssifica çã o geral única,
o que acarretava evidentem ente c u i dadosa avaliação re la tiva das provas que não eram com uns.
Este sistem a podia te r com o con seqüência que os candidatos declara dos aprovados após essa classificação não obtivessem a seção de sua esco lha, mas então lhes era ofe re cid o um dos lugares ainda liv re s nas seções que não estavam in te ira m e n te lotadas. Eles podiam, aliás, recusar, dem itir-se e se reapresentar no ano se g uinte.
Durante anos esse regim e p e rm itiu o ingresso na Escola não apenas de jovens po ssuidores, em graus diver sos, de sólido s con he cim en to s de ba se utilizad os na adm inistração, D ire ito Público, Economia, Finanças Públicas, legislação e questões sociais, mas tam bém , graças ao program a pró prio à questão das relações e xte riore s, orientado esse ncialm e nte no sen tido da h istó ria e da geografia humana e econômica, de candidatos de form ação rnuito d ife r e n te : lite ra to s puros, his toria do res, filó s o fo s , geógrafos, lin guistas, que, uma vez ingressados na Escola, deviam a d q u irir os conheci m entos essenciais nos campos do Di re ito e da Econom ia. Esses alunos que possuíam ao e n tra r uma form ação Profunda num campo determ in ado das ciências humanas, deviam sem dúvida se reco n ve rte r, mas a experiência de- rnonstrou que a m aioria o conseguia rnuito bem, pre cisa m e nte em razão da dualidade de sua p rim e ira form ação.
Esse regim e tinh a, contudo, o incon veniente de to rn a r d ifíc il o ingresso na Escola de jo ven s cuja form ação de base era c ie n tific a , pois eles não po diam, salvo exceções, a d q u irir em Pouco tem po o s ( conhecim entos em
D ireito, Economia, H istó ria ou G eogra fia que possuíam os candidatos cuja prim eira form ação havia sido lite rá ria . Todavia, cada ano um aluno saído da Escola P olitécnica com uma boa cla s sifica ção podia req ue rer o ingresso sem concurso na Escola Nacional de A dm inistra ção, em lugar de s e g u ir o curso de uma das escolas de a p lica ção de X e esta faculdade fo i e fe ti vam ente utilizada, mas a co n trib u içã o dos seto re s c ie n tífic o s continuava sim b ó lica .
Em segundo lugar, a pró pria fo rm a ção dada à Escola, no reg im e p rim i tivo , era igualm ente m u ito e q u ilib ra da, pois repousava sobre uma sábia com binação de ensinam entos com uns a todos os alunos destinados a asse gurar a unidade de e s p írito dos fu tu ros fun cion ário s e sua hom ogeneidade e, por ou tro lado, dos ensinam entos próprios de cada seção corresponden te a um dos qu atro ram os a n te rio r m ente indicados.
Eram com uns tod os os estágios na adm inistração e nas em presas, um c e rto núm ero de cursos e, além disso, dos ensinam entos denom inados in te r seções, relativo s, para os alunos de cada seção, a con hecim entos essen cia is p e rtin e n te s às trê s outras se ções mas julgados necessários a qualquer fun cio n á rio , qu alquer que fosse seu cargo.
Esses ensinam entos eram m in is tra dos esp ecialm e nte sob a fo rm a de con ferên cias sobre m étodos, sendo que os alunos, sob a direção de um m estre de con ferên cias geralm ente tom ado de e m p réstim o à ad m in istra ção, estudavam as m atérias em pauta,
sobre as quais recebiam treinam ento fazendo com posições, exposições ou quaisquer outros trabalhos correntes na adm inistração, notas, re la tó rio s etc.
Q uanto às m atérias próprias das se ções, cada uma com preendia dois en sinos de base, m in istrado s segundo o m esmo m étodo de c o n fe rê n c ia s : — seção de adm inistração geral : —• m atérias con stitucio na is, adm i n istra tiv a s e ju ríd ic a s ;
— m atérias econôm icas e fin a n ce i ras;
— seção econôm ica e fin a n c e ira : — m atérias econôm icas e fin a n ce i ras;
— gerência de em presas;
— seção de adm inistração s o c ia l: — legislação social;
• m atérias sociais e econôm icas; ■ higiene, saúde pública, popula ção, fa m ília ;
seção de relações e x te rio re s : — relações in te rna cion ais e D ire ito internacional Público;
— G eografia Econômica;
— m atérias econôm icas e fina nce i ras;
— D ire ito C om ercial e D ire ito Ma rítim o .
Esse ensino nas seções pe rm itia uma form ação aprofundada num cam po essencial da vida pública, enquan
to que os ensinam entos com uns e in terseções asseguravam a mesma abertura de e s p írito e a mesma facul dade de adaptação a todos os alunos, co n stitu in d o sim ultaneam ente uma ga rantia de coesão da fu tu ra adm inis tração .
A reform a de 1945, cuidadosam en te estudada e m u ito adaptada às ne cessidades reais da adm inistração, produziu excelentes re su lta d o s. Ela fo i, entre tanto , m odificada e mesmo abandonada em 1958 sob in flu ê n cia de uma co rre n te de idéias, das quais fa larem os m ais adiante, fa to que só po dem os lam entar hoje em dia.
No fin a l do período le tiv o , a desig nação dos alunos pelas carre iras era fe ita segundo um sistem a que, ao con trá rio , não pode hoje se r considerado com o s a tis fa tó rio e respondendo às necessidades das ad m in istra çõe s.
Inicialm e nte, a de speito da existê n cia das quatro seções, havia uma clas sifica ção geral única, tornada neces sária por carre iras com uns, fosse nas quatro seções, fo s se e n tre duas ou trê s delas. O Conselho de Estado, por exem plo, era com um às quatro seções, enquanto que a Insp etoria de Finanças e o Tribunal de Contas às trê s seções que não a de relações e x te rio re s . A carre ira de adido co m ercial podia s e r escolhida Igualm ente na seção de relações e x te rio re s e na seção econôm ica e fin a n c e ira . Mas a m aioria das outras ca rre iras, e em es pecial a de ad m in istra d o r c iv il nos di fe re n te s m in is té rio s , eram repartidas de fo rm a e s trita e n tre as diversas se ções. Por exem plo, os m in isté rio s considerados da área econôm ica e f i nanceira, e em p rim e iro lugar o M i
nisté rio de Finanças, a Caixa de De pósitos e C onsignações, os M in is té rios de in d ú stria e C om ércio, de Obras Públicas, da A g ric u ltu ra , só po diam rece be r alunos oriundos da se- Ção econôm ica e fina nce ira, enquanto que de fa to têm de lid a r com um arande núm ero de questões de ordem iurídica, a d m in istra tiva ou s o c ia l. Os dois M in is té rio s da área social, do Trabalho e de Saúde Pública, só po diam rece be r alunos da seção social, enquanto que o M in is té rio da Educa ção Nacional só recebia os provenien tes da seção de adm inistração geral, e no entanto esses trê s m in is té rio s teriam tid o a m aior necessidade de receber a d m in istra do res dotados de sólida com petência econôm ica e fin a n ceira, uma vez que se torna ria m dois deles, Educação Nacional e Saúde Pú blica, os m aiores in ve stid o re s p ú b li cos da França, e que o te rc e iro . Tra balho, é responsável pela p o lític a de em pregos, a qual depende in tim am en te da econom ia.
Os e fe ito s desse reg im e exclusivo de designação foram consideravelm en te agravados pela aplicação lam entá vel fe ita , após a entrada em v ig o r do novo E statuto Geral da Função Públi ca de 1946, da noção de “ e sta tu to esp e cia l” , em lugar do corpo único de adm inistrad ore s c iv is , um dos obje tivos essenciais da reform a de 1945. Foram criados 23 quadros especiais de ad m in istra do res, p ró prio s de cada M in is té rio ou m esm o m ais de um pa- ra um único m in is té rio , provocando no seio da ad m in istra ção cen tra l uma com partim entação e uma disparidade de e stru tu ra das quais ainda sofrem os Profundam ente. Portanto, a p a rtir de 1946 a idéia de urrça p o lític a de con
ju n to fo i quebrada, se não abandona da, em fa vo r de uma v o lta à especia lização de quadros, sem que a Escola pudesse faze r qualquer coisa contra esse m ovim ento.
É preciso, e n tre ta n to , reconhecer que os e fe ito s desse reg im e de de signações só se revelaram plenam en te mais tarde e que, ta l com o havia sido cuidadosam ente pensado na épo ca da Liberação e aplicado de 1945 a 1958, o p rim e iro regim e de re cru tam ento e de form ação da Escola era eq uilibrado e coerente, que ele pro porcionou a todas as adm inistrações, especialm ente aos M in is té rio s da área social, fun cion ário s dotados de gran de abertura de e s p írito e de sólida com petência nos p rin cip a is cam pos de atividade do Estado, e que era ple nam ente s a tis fa tó rio , reserva fe ita do que acabou de ser d ito sobre a na tureza dem asiado ríg id a da designação dos alunos de cada seção.
A Escola Nacional de Administração de 1958
Em 1958, porém , esse reg im e fo i profundam ente m odificado, sob a in flu ê n cia de vá rio s fa to re s m u ito d ife rentes, esp ecialm e nte defesa da idéia de fun cio n á rio s “ p o liv a le n te s ", desejo do M in is té rio das Relações E xteriores de não lim ita r seu recru ta m en to aos alunos da seção de relações e x te rio res, desejo esse pa rtilh a d o po r ou tro s m in is té rio s que queriam rece be r jo vens a d m in istra do res m ais d iv e rs ific a dos do que os de uma seção. M as em lu ga r de se se co n te n ta r com to r nar m ais fle x ív e l o que o reg im e de 1945 tin h a de dem asiado ríg id o na de signação para as ca rre ira s e de in tro d u zir no ensino a m odernização que
começava a to rn a r necessário o de senvolvim ento de m odernos métodos de direção, criou-se em su b stitu içã o um regim e to ta lm e n te d ife re n te .
Pelo decreto de 30 de dezembro de 1958 fo i adotado um novo regim e, que funcionou até maio de 1972, época em que a últim a turm a da Escola subm e tida in te ira m e nte a esse regim e in gressou nas d ife re n te s rep artiçõ es.
Segundo essa concepção, todos os fu tu ro s alto s fun cion ário s deviam se r recrutados, no v e stib u la r, com uma cultu ra e um grau de conhecim entos idên ticos e form ados na Escola dessa mesma m aneira, colocando em pé de igualdade todas as m atérias essen ciais : Economia, A dm inistra ção e Di re ito , questões sociais e relações in terna cio nais.
Esse regim e, organizado pelo decre to de 30 de dezembro de 1958, ele pró prio ob je to de m odificações, das quais a mais im p ortan te de corria do decreto n.° 65.946, de 24 de novem bro de 1965, re fe re n te a regulam ento de adm inistração pública sobre as condições de acesso à E .N .A . e so bre período le tivo , fo i aplicado até a entrada em v ig o r do de creto n.°71.787, de 21 de setem bro de 1971, o qual restabeleceu um regim e de form ação sim ultaneam ente comum e d ife re n cia da, com o em 1945, porém sobre bases novas.
No regim e de 1958, portanto, os concursos de ingresso eram u n ifo r m es.
Haviam sido conservadas as duas provas de cultu ra geral, in stituídas em 1945, isto é, uma com posição es crita sobre um tem a re la tivo à evo lução geral das idéias e dos fa to s po lític o s a p a rtir do m eio do século XVIIII (2) e uma en tre vis ta de 30 mi nutos, com base em um te x to de na tureza ge ral.
Mas os conhecim entos té cn ico s bá sicos considerados necessários eram os m esm os para to d o s. Os estudan te s candidatos ao concurso tinham provas e s crita s e orais sobre as se gu in te s m a té ria s :
— com posição sobre econom ia; — com posição sobre um tem a re la tivo às in s titu iç õ e s p o lític a s e ad m in istra tiva s , bem com o sobre as in s titu iç õ e s in te rna cion ais;
— exame oral sobre questões so cia is;
— exame oral sobre D ire ito Adm i n is tra tiv o ou Finanças públicas, à es colha do candidato.
A lé m disso, na parte escrita , os es tud antes candidatos tinh am de fazer a tradução de um te x to em idiom a es tra n g e iro .
Q uanto aos fun cion ário s, m esm o se algum as provas eram sim plificadas em seu conteúdo ou em seu progra ma, eram exam inados nas m esm as ba ses, m u ito próxim as das adotadas no concurso para estu d a n te s. A s maté rias básicas eram as seg uintes :
( 2 ) Para os funcionários candidatos a mesma prova cobria problemas pol(ticos, e c o n ô m i c o s e
1) uma com posição sobre as in s ti tuições p o lític a s e ad m in istra tivas, mas redigida com o au xílio de do cum entos forne cid os aos candidatos; 2) uma com posição sobre econo mia e finanças públicas, igualm ente com a u xílio de docum entos;
3) exames orais re la tivo s a ques tões sociais e questões in ternacionais, não havendo prova especial alguma de D ire ito A d m in is tra tiv o ou de fina n ças públicas para esses candidatos 9ue provinham da a d m in istra ção .
Q uanto ao exam e de línguas, para os candidatos fu n c io n á rio s só era fe i to nas provas de adm issão, com o para °s estudantes, e com preendia igual mente a tradução de um te x to e s crito em idiom a estra n g e iro .
D ife ren te m ente , portanto, do regim e felizm ente d iv e rsifica d o de 1945, os concursos de ingresso do regim e de 1964 conduziam à Escola candidatos de form ação sem dúvida m u ito hom o gênea porém pra ticam e nte tod os do mesmo m odelo. A única fle x ib ilid a d e introduzida, aliás de m aneira m uito im ita d a , residia na possib ilidad e de se o b te r pontos suplem entares atra i s de um c e rto núm ero de opções diversificadas, sobretudo as m atérias cie n tífica s, m atem áticas e e s ta tís ti- cas, além de uma segunda língua es trangeira ou ou tra s m atérias e sp e c ifi cadas numa relação elaborada pelo M in isté rio encarregado da função pú b ic a . E ntretanto, o e fe ito p rá tico des- sas opções era m u ito reduzido uma vez que só eram tom ados em conta ° s pontos ob tido s acim a da média, isto é, de 10.
Q uanto à form ação, baseada igual m ente sobre a idéia de po livalência e de identidade dos alunos, abrangia ela, além dos estágios na a d m in istra ção das províncias ou em em baixadas e nas em presas in d u stria is , com e r cia is ou bancárias, privadas ou p ú b li cas, que haviam s o frid o poucas m o dificaçõ es, ensinam entos com uns a tod os os alunos, com a única reserva da faculdade, de alcance m u ito lim i tado, de s u b s titu ir o estudo de uma segunda língua estran ge ira pelo de uma m atéria optativa, freq ü e n te m e n te escolhida dentre as m atérias c ie n tífi cas ou de técn ica g e ren cial.
Na realidade as quatro seções de 1945 haviam sido sup rim id as e os es tudos com preendiam agora as seguin te s m atérias, un iform e s para t o d o s : 1.°) Q uatro m atérias cham adas bá sicas, postas em um m esm o n í v e l: assuntos a d m in istra tiv o s e ju ríd ic o s , assuntos econôm icos e fin a n ce iro s, assuntos sociais, relações in te rn a cio nais.
2 °) Dois idiom as estran ge iros, dos quais o segundo podia s e r s u b s titu íd o por uma opção re la tiva às m atérias oferecidas aos alunos, a m aioria de senvolvendo os ensinam entos de in i ciação à gerência m oderna ou re fe re n te a m atem ática, e s ta tís tic a s , D ire ito em profundidade e tc .
O rigina riam e nte o program a das quatro m atérias básicas era se n sive l m ente a soma do program a das quatro seções a n te rio re s . Caso esse progra ma tive s se sido aplicado in te ira m e n te , te ria exigid o um e sfo rço gigantesco dos alunos e dos m estre s de con fe rên cia s. A ss im sendo — e este fo i
um dos principais ob je tivo s do decre- i to de 24 de novem bro de 1965 — a r direção da Escola tinha a liberdade 1
de escolher, no âm bito de cada ma té ria básica, um ou vários tem as que eram estudados pelos alunos de for- * ma mais profunda, especialm ente c através de sem inários, funcionando £ paralelam ente à tra d icio n a l conferên- ^
cia de m étodo. (
( Q uanto à pedagogia mesma da Es- 1 cola, no curso desse período ela evo- f luiu progressivam ente. A conferência ' de m étodo, m uito ligada aliás à no- ' ção mesma de program a extenso e com preendendo exe rcícios escolares , do tip o de exposição oral e com posi- '
ção escrita , algum as das quais sobre dossiers, fo i pro gre ssivam e nte desa- \
parecendo para ser su b stituída pelo m étodo do sem inário, no qual os alu nos são iniciados no trabalho em gru- i po, estudam apenas problem as reais i e realizam grandes pesquisas fora da < Escola, nas adm inistrações, em presas i ou sindicatos, a fim de fo rm a r uma i opinião e pro po r soluções ap licá veis. [
I
Paralelamente, e sobretudo a p a rtir i de 1968, fo i fe ito um esfo rço grande < pela iniciação dos alunos nas técn icas < m odernas de gerência, em matemá- < tica s e e s ta tístic a , contabilidade de < empresas, in fo rm á tica e tc ., esfo rço i necessário m ais d ifíc il na m edida em i que a enorm e m aioria dos alunos da \ Escola é com posta de jovens que têm t
uma form ação predom inantem ente li- < te rá ria e possuem bons conhecim en- i to s de d ire ito , econom ia geral, ques- i tõe s sociais e internacionais, mas 1 nenhuma form ação c ie n tífic a . Apenas : um pequeno núm ero deles possuiam 1 tal c u ltu ra ao ingressar, embora nos I
ú ltim o s anos sua proporção tenha au m entado, sem ultrapassar de 12 a 15% .
O regim e de 1958-65 teve certam en te como resultado fazer e n tra r na Es cola, e mais tarde na função pública superior, jovens possuidores de uma boa c u ltu ra geral, uma am pla abertura de e s p írito sobre tod os os problemas e, em conseqüência, uma grande ca pacidade de adaptação, qualidades em inentem ente preciosas hoje, quando o Estado precisa conduzir uma socie dade em plena m utação.
Esse regim e apresentava, c o n t u d o , sérios inconvenientes, ta n to sob 0 ponto de v is ta dos alunos como das adm inistrações e esses inconvenien te s se evidenciaram ano após a n o
-A necessidade de estu dar todas as m atérias em pé de igualdade era de m olde a c ria r uma tensão intelectual excessiva nos alunos e a se c o n stitu ir num obstáculo a qualquer exame em profundidade das m a té ria s. Esse as’ pecto é pa rticu la rm e n te evidente em Economia, na qual os a d m i n is t r a d o r e s não poderiam se c o n te n ta r hoje com conhecim entos m u ito ge rais. M esm ° que os alunos saídos da Escola nao devam se r esp ecialista s, nem rrtesm0 econom istas no sen tido e s trito do te r mo, e menos ainda econom etristas- mas sim ad m in istra do res aptos a ser v ir nas diversas ad m inistrações, un1 ce rto n ú m e r o d e l e s tem n e c e s s id a d e de p o ssu ir uma form ação e c o n ô m ic a mais alentada e m oderna, is to é, Qüe suponha conhecim entos c ie n tífic o s su fic ie n te s . Todos os ou tro s devem ter sólidos conhecim entos econôm icos 3 fim de serem capazes de pensar so bre sua atuação em te rm o s econôm 1'
cos e devem ig ualm ente se r iniciados na gerência m oderna. O regim e de po- livalência serviu assim de obstáculo durante anos à de finição do que deve ser, num Estado ocidental m oderno, um a d m in istra d o r econom ista e à ela boração da pedagogia necessária para tal e fe ito .
Essas dificu ld a d e s foram tan to mais sentidas quanto o regim e de repartição dos alunos e n tre as carre iras estava baseado numa cla ssificaçã o fin a l de saída, cla ssificaçã o esta agora rig o ro sam ente única para todas as ad m inis trações, d ife re n te m e n te do que ocor ria em 1945. O de safio dessa clas sificação tornou-se uma parcela exces siva das preocupações dos alunos, que estabeleceram en tre os d ife re n tes órgãos e m in is té rio s uma hiera r quia quase siste m á tica , coonestada aliás pela s ociolo gia a d m in istra tiva , isto é, o estado de e s p írito e os cos tum es da a d m in istra ção . Os alunos oriundos do concurso de “ funcioná rio s ", que trazem ao Estado uma va lidade e uma noção de serviço pre ciosas, se viam p a rticu la rm e n te pre judicados em relação a seus colegas “ e stu d a n te s” , cujo passado u n iv e rsi tá rio tornava m ais aptos para se adaptar a esse regim e in te le c tu a l.
Ao m esm o tem po re s u lto u daí que certas ad m in istra çõe s, antes, no re gim e das seções, abastecidas sem d i ficuldade de jo ven s ad m inistradores, Passaram a te r problem as para re c ru tá-los e sim u ltan eam e nte a s e r con sideradas de m aneira desfavorável pe los alunos que saíam da Escola. Esse fenôm eno era ainda m ais lam entável Por serem essas a d m in istra çõe s as que têm um papel cap ital na evolução da N a ç ã o : M in is té rio s de Educação
Nacional, Saúde Pública, Trabalho etc. Na verdade, um regim e u n ifo rm e de recrutam ento e de form ação não es tim u la as vocações, quando m esm o não as desencoraja.
Em 1968 o G overno in cum biu uma Com issão presidida pelo Sr. François Bloch-Lainé, Inspetor-G eral de Finan ças e Presidente do “ C ré d lt Lyon- na is", de estudar a reform a da E.N.A. O re la tó rio dessa Com issão fo i e n tre gue ao G overno no fim da prim avera de 1969. Após te r fe ito o h is tó ric o da vida da Escola e a análise dos problem as que sua e x istê n cia apre sentava não só para si m esm a com o para a adm inistração, a Com issão con clu iu pela manutenção de uma Es cola Nacional de A dm in istra çã o , es cola ao m esm o tem po de recru ta m en to e de form ação, segundo o m odelo adotado em 1945. M as no que se re fere à form ação, uma de suas reco mendações m ais im p o rta n te s fo i a do abandono do regim e de po liv a lê n cia .
A Com issão assim se expressara, e seu pensam ento m erece se r rep ro duzido a q u i: “ A pretensão atual do en ciclo pe dism o é um logro e p re ju dica a qualidade da form açã o. M esm o com uma sólida form ação s u p e rio r no com eço, não se pode a d q u irir na E .N .A . as com petências su fic ie n te s para se to rn a r sim u ltan eam e nte um econom ista com p le to , um p u b lic is ta inform ado, um e sp e c ia lis ta em assun to s sociais ou in te rn a c io n a is ".
A Com issão acrescentava que o p e rfil desejável do an tigo aluno da E .N .A . parecia se r o de um genera- lista , mas valorizado pelo d o m ín io de duas ou trê s técn icas, não se enten
dendo essa palavra em um sentido e s tre ito . Ela concluia por sua prefe rência por uma form ação diferenciada. Contudo o relatório , em bora con tives se preciosas indicações gerais, não havia proposto qualquer regim e elabo rado de recrutam ento e de form ação.
E este fo i o tem a dos estudos fe ito s pela nova direção, em íntim a ligação com a D ire to ria Geral da Função Pú blica, que levaram ao decreto de 21 de setem bro de 1971, ou seja, a de fin içã o desse novo regim e.
O re la tó rio da Com issão de reform a continha, por ou tro lado, sugestões m uito im portantes sobre a reform a da própria adm inistração, pa rtindo da idéia, óbvia e in fe lizm e n te esquecida, de que os reform adores de 1945 es- tavam intim am en te convencidos, de que se a Escola é fe ita para a adm inis tração e suas necessidades, Escola e adm inistração devem se r coerentes entre s i.
Em p rim e iro lugar, as necessidades de todas as adm inistrações têm de se r atendidas, ta n to q u an tita tiva como qu alitativam ente, o que é ta n to mais verdade quanto a penúria de quadros de num erosos m in is té rio s franceses car>iuflada de form a pro visó ria du rante anos pela incorporação maciça de fun cion ário s de qualidade que ha viam perdido sua razão de ser no U l tram ar em decorrência da p o lítica de descolonização.
Por ou tro lado, quando se recruta e form a ju ntos, com tan to cuidado, os fu tu ro s ad m inistradores, estes têm o le g ítim o desejo de s e rv ir de m anei ra ú til, de se v e r c o n fia r atividades in te ressa ntes e, rapidam ente, respon sabilidades, qualquer que seja a ad
m in istração para a qual foram desig- nados à v is ta de sua classificação. O in te resse das ad m inistrações e do país vai no m esmo se n tid o . Por con seguinte, a diversidade das funções, que é evidente e aliás plenam ente conform e com a realidade da admi nistração, deve ser acompanhada de uma p o lític a de bom em prego de to dos esses jo ven s fun cion ário s e de uma certa harmonização, mas não de uma identidade im p ossível, de suas carreiras, pelo m enos durante os oito a dez p rim e iro s anos. Em seguida a vida, a diversidade de ta le n to s e as circu nstân cias criarão diferenças mui to na turais.
No quadro dessas preocupações a Com issão tinh a sido levada a propor, especialm ente no âm b ito das carrei ras, uma sé rie de ajustes destinados a m an te r no con ju nto do corpo de fun cion ário s egressos da E .N .A . 0 se n tim e n to de unidade que lhes deve dar a Escola.
Realm ente é um fa to que, se os alu nos pre fe re m em suas escolhas os m esm os órgãos e os m esm os miniS" té rio s , o que ocorreu até maio de 1972, quando o C onselho de Estado, a Inspetoria de Finanças, o Tribuna de Contas, depois os M in is té rio s de Economia e de Finanças e a carreira para P refeito eram considerados com ° os únicos de stino s inte ressa ntes, 0 clim a se de te rio ra não só numa es cola em que a cla ssificaçã o tem tal papel, mas no conjunto das adm inis' trações, e esp ecialm e nte naquelas que se consideram desprestigiadas- Este é um dos problem as m ais im p o rta ntes que se colocam hoje, com ° o tinham ressaltado os au tores da
reform a de 1945 no com entário pu bli cado sob a autoridade da Presidência do G overno a resp eito da reform a da função pública, reform a que com preendia :
— o ensino de ciências p o lític a s ; — a criação da Escola Nacional de A dm inistra ção;
— a reform a das adm inistrações; — uma p o lític a da função pública e a criação de uma direção da função pública.
Sua opinião m erece se r recordada, realm ente, pois ela tem m ais atu a li dade do que nunca :
A reform a levando à criação da Es cola Nacional de A d m in istra çã o "m e s mo continuando a ser uma questão de ensino, é para fa la r a verdade uma reform a a d m in is tra tiv a ".
E, m ais adiante, ó pre ciso “ por um lado te n ta r obter, sem pre m antendo aigumas dife ren ças que serão ju s tifi cadas, uma s im ilitu d e tã o grande quanto po ssível e n tre o e sta tu to e a carreira dos fu n cio n á rio s egressos da Escola nos d is tin to s s e rv iço s . Por ou tro lado, ordenar que, ao longo de suas ca rre iras, os fu n cio n á rio s de uma determ inada ad m in istra ção te- nham passado po r uma outra ad m inis tração ou po r um se rviço no e x te rio r, a fim de aum entar sua experiência e de m anter a unidades de v is ta s , ^orém essas duas conseqüências u l trapassam o quadro das a d m in istra ções ligadas à Escola Nacional de A dm in istra çã o . Elas fazem parte já da teform a a d m in istra tiv a
A reform a a d m in istra tiv a é uma das responsabilidades do G overno com o um todo e falarem os dela m ais adian te . Porém, no âm b ito de ste artig o , os desenvolvim entos que se seguem só se referem à pró pria Escola, is to é, seu recrutam ento, a form ação que ela proporciona e seu regim e in te rno , ta is com o são agora esta belecid os pelo d e creto de 21 de setem bro de 1971. Junto com a reform a da Escola efe tuada por esse te x to , o G overno de cid iu adem ais adotar um c e rto nú m ero de m edidas re la tiva s às ca rre i ras e ao em prego dos fun cion ário s form ados pela E . N . A ., m edidas p u b li cadas em 1972, que são apenas o m odesto in íc io de uma p o lític a de con ju nto.
II — REFORMA DA ESCOLA N AC IO NAL DE ADM INISTRAÇÃO DE 1971.
IDÉIAS BÁSICAS DA REFORMA DE 1971.
Diversidade do recrutamento sob o ponto de vista tríplice intelectual, geográfico e social.
Não é bom que a Escola e a adm i nistra ção só recebam alunos e fu n c io nários de um m odelo único, oriundos quase todos da form ação dos In s titu to s de estudos p o lític o s e da colação de grau em D ire ito Público.
Retomando e atualizando as pre o cupações de 1945, a reform a prevê tam bém m edidas ten den te s in ic ia l m ente à d ive rsifica çã o ge ográfica e social do recru ta m en to pelos e s tím u los que serão dados aos estudantes das pro vín cia s, os quais pra ticam e nte
não podem hoje esperar ingressar na Escola sem v ir a Paris estudar no In s titu to de estudos p o lític o s . Serão celebrados para tal fim convênios e n tre a E .N .A . e os In s titu to s ou C entros de preparação e uma ajuda in te le ctu al e m aterial será concedida aos m elhores estudantes desses or ganism os. Esses convênios de ajuda e cooperação se referem essencial m ente às províncias, uma vez que seu ob je tivo princip al é o de in ce n ti va r a preparação dos cen tro s pro vin ciais, mas, com o essas medidas en cerram ao m esm o tem po um aspecto social, podem igualm ente delas se be ne ficia r estudantes parisienses do Ins titu to de estudos p o lític o s e das uni versidades. Este novo regim e só se aplica aos estudantes, pois os jovens funcionários já se beneficiam do re gim e de facilida de s de preparação, que a reform a m elhorou ainda m a is.’ Os prim e iro s convênios foram cele brados, a p a rtir de 1972, com cinco cen tro s pro vin ciais e dois parisienses.
A_ mesma preocupação de d iv e rs ifi cação é encontrada no plano in te le c tual, porém dentro dos lim ite s neces sários à manutenção da unidade da Escola. É a essa preocupação que responde a criação, ta n to para os es tudantes com o para os funcionários, de dois concursos. Esse novo regim e tem por base trê s idéias :
os concursos devem con tinu ar a se r concursos em que os candidatos devem fazer prova de uma sólida cu l tura geral e os exames corresponden te s são po rta nto m antidos com certas m o d ific a ç õ e s : com posição geral so bre os problem as p o lítico s, econôm i cos, sociais, c u ltu ra is, internacionais
do m undo contem porâneo e entrevista com a banca;
— mas, ao m esm o tem po, esses concursos devem p e rm itir averiguar a e xistência de uma form ação verdadei ra em um dos dois campos básicos da adm inistração, o D ire ito Público, no sentido lato do te rm o , e a Econo m ia. Eles devem tam bém p e rm itir aquilatar, ao lado do e s p írito de sín tese, que o concurso atual apura bem através de certas provas, a capacida de de análise de raciocínio rigoroso dos candidatos, o que não ocorre atualm ente.
Como há duas form ações básicas na adm inistração, dois concursos são estabelecidos para cada categoria, de estudantes e de fun cion ário s, num predom inando o D ire ito Público é nou tro a Economia. Mas com o essa dua lidade não deve c o n s titu ir obstáculo à am algação dos alunos e à unidade da adm inistração, o novo te x to prevê que cada concurso deve abranger a averiguação dos con hecim entos bási cos do campo do o u tro concurso; os candidatos ao concurso em que pre dom ina o D ire ito Público te rã o assim uma prova de Economia, da mesma form a que os candidatos ao concurso em que predom ina a Economia serão exam inados sobre D ire ito Público, sendo essas provas na turalm ente me nos d ifíc e is para esses candidatos do que para os que optarem pela outra m atéria p rin c ip a l.
— provas de conhecim entos té c n i cos que pe rm item , fin a lm e n te , averi guar o nível dos candidatos em cam pos essenciais, m atérias sociais, in terna cio nais, finanças pú blicas, um
idiom a e stran ge iro, mas com peque nas variações conform e cada tip o de concurso.
Por fim , uma últim a idéia fo i ado tada, segundo a qual os candidatos devem, além das m atérias o b rig ató rias, apresentar uma opção que lhes pe rm ita de m on stra r c u ltu ra pessoal ou uma certa form ação em campos variados, H is tó ria e G eografia, ciê n cias humanas, m atérias c ie n tífic a s , e técnicas modernas de ge rência.
O concurso para fun cio n á rio s fo i al vo de um cuidado e s p e c ia l: pareceu necessário não só m antê-lo mas tam bém m elhorá-lo, po is esse recru ta m ento é de grande in te re sse para a função pública, ta n to sob o ponto de vista de abertura social com o de so lidez da ad m in istra ção .
O te x to prevê in ic ia lm e n te que se Poderia de novo aum entar a proporção dos alunos dessa origem , lim ita d a a Um te rç o em 1958, c o n tra ria m ente à Prática estabelecida em 1945, que lhe reservava a m etade das vagas.
Em seguida, m elhorou-se m u ito o regim e das facilida de s de preparação, em v irtu d e do qual os jo ven s fu n c io nários são pre via m e nte selecionados stravés de provas de ordem geral e se beneficiam então, sem te r de pres ta r qualquer se rviço ao Estado, de estudos e de e xe rc íc io s criados es pecialm ente para seu pro ve ito , para colocá-los no nível de conhecim entos 6 de c u ltu ra dos estu dan te s.
D entro desse e s p írito , far-se-á uma m elhor pré-seleção, fundada na d is tinção e n tre os fu n cio n á rio s que pos suem diplom as de ensino s u p e rio r e
os que não os tê m . O regim e de con curso prévio, isto é, das provas de pré-seleção, assim com o a duração das facilida de s de preparação, serão adaptados em função dessa distin çã o e especialm ente alongados, pois po dem a tin g ir m esm o trê s anos. Em sen tido inverso, a reform a que cria dois concursos para os estudantes é estendida aos fun cion ário s a fim de que o concurso desses ú ltim o s seja considerado com o contendo as m es mas exigências e o m esm o n ív e l.
O regime de formação
O novo regim e se assenta, em p ri m eiro lugar, sobre o abandono da idéia falsa da po liva lê ncia , não con sis tin d o a verdadeira po liva lê ncia na dos program as e das m atérias im pos tas u n iform e m ente a tod os os alunos, mas a aptidão de se aperceber de to dos os aspectos de um problem a, o que poderíam os cham ar de po liva lê n cia dos pontos de v is ta . Todo pro ble ma com porta, na realidade, aspectos a d m in istra tiv o s e ju ríd ic o s , econôm i cos e fin a n ce iro s, sociais e p sico ló gicos, fre q ü e n te m e n te in te rna cion ais; é para essa ab ertura que se precisa tre in a r os alunos e não fazê-los a tod os p e rco rre r os m esm os progra mas e as m esmas m a té ria s.
A dualidade dos concursos, bem com o a criação no seio da Escola de duas v ia s de form ação diferenciada e de opções, ten de para esse obje tiv o . A nova Escola repousará po rta n to nas seg uintes b a s e s :
— uma form ação eq uilib rada entre uma form ação com um a todos e uma dife ren ciaçã o razoável;
— um m elhor e q u ilíb rio e, sob retu do, uma m elhor ligação entre os es tágios e os estudos;
— uma pedagogia fundada na idéia de que a Escola é uma escola de apli cação, o que com porta igualm ente bem os ensinam entos de gerência mo derna e os m étodos de form ação m ui to próxim os da realidade ad m in is tra tiv a : trabalhos de grupo, sem inários, discussão de casos concretos, estudo de problem as reais, trabalho adm inis tra tiv o durante parte do tem po, sem prejuízo dos estágios na a d m in istra ção local e regional e nas em presas.
Não obstante, não se cog itou de re ve rte r ao regim e das seções, porque não se pode re s su scita r uma in s titu i ção, ainda que boa, que desapareceu, e o pro je to de reform a prevê apenas a criação de duas vias de form ação e de cla ssificaçã o diferenciadas, a via da adm inistração geral e a via da ad m inistração econôm ica, com pletadas por um ce rto núm ero de opções que p e rm itirã o aos alunos, cada um se gundo seus gostos e as necessidades da adm inistração, a d q u irir um começo de especialização nos d ife re n te s cam pos.
Dentre essas opções uma tem uma feição especial, a opção internacional, no sen tido de que é a única para a qual está p re visto um víncu lo entre a própria opção e a escolha de uma carreira, a saber as carre iras e x te rio res. Daqui por diante um aluno não poderá ingressar no M in is té rio das Relações E xteriores e no Corpo da Expansão Econômica se não tiv e r fe i to essa opção e sido aprovado nos exames corre spo nde ntes. Na verdade não se quis cria r uma nova via in te r
nacional, colocada no m esm o nível da via da adm inistração geral e da via da adm inistração econôm ica, por di versas razões. Temeu-se sobretudo que essa via se tornasse uma via es tre ita , fechada sobre si m esma, en quanto que os diplom atas m odernos devem esta r inform ados sobre todos os problem as de uma sociedade e de um Estado, te r contatos com todos os círcu lo s , esta r aptos a tra ta r de problem as econôm icos e sociais e até m esm o incum bir-se de uma certa ad m in istração de pessoal e de créditos orçam entários no quadro de acordos de cooperação.
A escolha pelos alunos das vias de form ação e das opções é fe ita nas seguintes condições :
Excetuado o regim e tra n s itó rio dos p rim e iro s anos para os alunos que ha viam passado nos antigos concursos e que têm uma to ta l liberdade de es colhe r sua via, o novo regim e esta beleceu uma correspondência e n tre o concurso fe ito e a v ia . A s sim um alu no, estudante ou fun cio n á rio , que foi aprovado no concurso d ito de predo m inância de D ire ito Público, deve, em p rin c íp io , seg uir a via da ad m in istra ção geral, enquanto que o que pas' sou pelas provas do concurso de pre dom inância econôm ica deverá escolher a via da adm inistração econôm ica. A form ação é, na realidade, um tod o e há todo in te re ss e em va lo riza r sua form ação de base, uma vez que os alunos terão , em decorrência de cer tas provas dos concursos e de sua form ação, sólidos con he cim en to s co m uns. A inda que se o tenha pensado, deixou-se de faze r na Escola um “ re- cob rim en to cruza do” siste m á tico , que
te ria aliás term in ad o por recriar, sob uma outra form a, uma po livalência que se havia condenado.
Contudo, a fim de te r em conta o desejo que podem te r alguns alunos de m udar de orientação, uma vez na Escola o novo regim e autoriza a pas sagem de uma via para outra até 5% na entrada e, p o sterio rm ente, por m eio de perm utação.
Essas m edidas pe rm item uma fle x i bilidade s u ficie n te , ressaltando-se que à medida em que fo r sendo aplicado 0 regim e, a via da ad m in istra ção eco nômica, cujo nível c ie n tífic o , na en trada, é o do ensino em m atem áticas e em e s ta tís tic a s dos trê s p rim e iro s anos da licenciatura em ciências eco nôm icas, d ific ilm e n te seria seguida Pelos alunos de form ação puram ente lite rá ria , que colaram grau em D ire ito Público ou passaram por um In s titu to de estudos p o lític o s . De toda m anei ra, ela só o seria ao preço de um es forço m u ito grande de reconversão, que a Escola aliás fa c ilita rá po r m eio de ensino in te n sivo de recuperação Para os que estive re m decididos a fazê-lo.
Em sen tido co n trá rio , as opções são fe ita s pelos alunos com uma liberd a de to ta l, sem qualquer referê ncia aos concursos de in gre sso.
Regime de designação e de classificação
Este regim e é profundam ente d ife rente, não só do de 1958 com o tam bém do de 1945!
Ele se assenta na idéia de que to das as ad m inistrações têm necessi dade de receber fun cio n á rio s de fo r mação sem dúvida homogênea, porém dife ren ciad a. É c e rto que, com o já se disse, os m in is té rio s da área social de natureza mais nitid a m e n te ad m inis tra tiv a têm necessidade de ad m in is trado res predom inantem ente econôm i cos; da mesma form a, os m in is té rio s da área econôm ica e p rincip alm ente os M in is té rio s da Economia e de Fi nanças, em pregam um núm ero m uito a lto de ad m inistradores predom inante m ente ju ríd ico -a d m in istra tivo s ou so ciais, ainda que tod os devam te r uma form ação econôm ica e m ostrar-se ca pazes de raciocinar em te rm o s eco nôm icos.
Um órgão com o o C onselho de Es tado, que passa por ser essencialm en te ju ríd ic o , tem ig ualm ente vantagens em receber jovens com form ação eco nôm ica, pois que é chamado, tan to em suas seções a d m in istra tiva s com o no contencioso, a se ocupar de ques tõ e s as m ais variadas, algum as das quais têm um evide nte c a rá te r eco nôm ico, m esm o fora das questões t r i bu tária s.
Nessas condições, daqui por diante todos os órgãos e a d m in istra çõe s re ceberam , tod o ano, alunos provenien te s das duas vias, numa proporção variável, respondendo a suas próprias exigências, estabelecida pelo P rim eiro M in is tro m ediante proposta do M in is tro encarregado da função pú blica.
A d istin çã o dessas duas categorias de a d m in istra do res vai to rn a r neces sária, para cada adm inistração, uma análise m ais rig orosa e m ais fin a de
suas necessidades e uma pesquisa está atualm ente sendo fe ita a esse re sp e ito .
Anualm ente, portanto, e antes m es mo que os alunos escolham suas vias, os d ife re n te s postos que lhes serão o fe re cid os ao saírem da Escola são d istrib u íd o s e n tre as duas vias nas condições que acabam de se r indica- das, mas tam bém de uma form a equi librada a fim de que nenhuma das vias seja privile giada em suas op o rtu n i dades.
O novo regim e das vias te m por conseqüência a su b stitu içã o da c la s si ficação única do sistem a de 1958 por duas cla ssificaçõ es fin a is , in te ira m e n te d istin ta s, uma para cada v ia .
Q uanto à opção internacional, cuja adoção é necessária para se poder pretender escolher uma das carre iras e xte rio re s (carre ira d iplo m ática ou consular e corpo de expansão econô m ica ), o jo g o é o s e g u in te :
Os alunos a escolhem livrem en te , com o toda opção. Mas se desejam poder conseguir, ao saírem e se sua cla ssificaçã o o perm ite, uma das car reiras exte rio re s (ca rre ira d ip lo m á ti ca e consular, corpo de expansão eco nôm ica no e stra n g e iro ), têm de ado tá-la e passar por suas provas.
C ontudo a escolha dessa opção não obriga de form a algum a um aluno a en tra r em uma dessas carre iras se, ao co n clu ir o curso, ele deseja esco lh er uma outra e se está, em função de sua cla ssificaçã o, em condições de fazê-lo. A opção in ternacional tem po rta nto com o o b je tivo o de estim u la r as vocações e xte rio re s sem ob rig ar a elas.
A administração da Escola
Um dos ob je tivo s da reform a de 1971 con siste em adaptar a adm inis tração da Escola às exigências de ho je . Em p rim e iro lugar assegurando a participação real dos representantes dos alunos em todos os organism os de direção da Escola, C onselho de A d m in istração e Conselho de Orientação, sem pre ju ízo de seus p ró prio s órgãos de representação, delegação, seção sindical e associação dos alunos, e conselho de orientação dos estudos.
Por o u tro lado, reforçando a direção dos estudos, colocando em to rn o do d ire to r de ensino uma verdadeira equi pe docente perm anente, conform e ha via sido firm e m e n te recom endado pela Com issão de re fo rm a . Essa equipe com preende, em to rn o do D ire to r de ensino, atualm ente elem ento form ado em D ire ito Público, trê s conselheiros, um para as m atérias c ie n tífic a s e ge rência m oderna, o segundo um econo m ista e o te rc e iro o con selheiro para idiom as.
As missões secundárias da Escola
No estado atual, a Escola tem urna m issão princip al que é a form ação dos adm inistradores gerais do Estado, mas ela tende a de sen volve r seu pa pel em m atéria de pesquisa aplicada à adm inistração, te rre n o em que pode trazer, em d ecorrência da riqueza de inform ações concretas de que dispõe, uma c o n trib u iç ã o m u ito
apreciável-Em compensação, a E .N .A . não tem qualquer m issão dire ta no dom í nio da form ação perm anente ou do ap erfeiçoam ento dos fu n cio n á rio s. Em