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O EMPREGO DOS ASTROS 2020 E SUA SUBORDINAÇÃO:

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117 Revista da Escola Superior de Guerra, v. 32, n. 65, p. 117-144, maio/ago. 2017

O EMPREGO DO AStROS 2020 E SUA SUBORDINAÇÃO: UMA OPÇÃO VIÁVEL Haryan Gonçalves Dias*

Túlio Endres da Silva Gomes** RESUMO

O Exército Brasileiro vem-se modernizando nos últimos anos. Nesse contexto, um de seus Projetos Estratégicos é o Astros 2020, uma plataforma de lançamento de mísseis e foguetes de excepcional capacidade de prestar o apoio de fogo. Particularmente, quando esse material é dotado com o Míssil Tático de Cruzeiro (MTC) AV-TM 300,a questão de sua subordinação vem à baila. A Nota de Coordenação Doutrinária (NCD) Nr 03, de 2015 –Emprego da Artilharia de Mísseis e Foguetes de longo alcance, que é o documento doutrinário mais atualizado sobre o Sistema, vislumbra-o como devendo estar subordinado à FTC (Força Terrestre Componente). No entanto, este é um sistema com possibilidades de emprego mais estratégicas e operacionais que, propriamente, de nível tático. Tal ponto de vista decorre do fato de que a logística para o MTC e seu desdobramento, as coordenações para o emprego, os alvos de interesse e as medidas de coordenação que permitem sua utilização com segurança e eficiência, indicam como possível e viável a subordinação desse Sistema diretamente ao COM TO (Comandante do Teatro de Operações), sob a forma de um Comando de Artilharia do TO, por exemplo. Demonstrar isso é o objetivo desse artigo, que não exclui a subordinação à FTC em determinados casos, mas propõe outra opção aceitável.E, para chegar a esse intento, segue-se uma metodologia que se utiliza da comparação da NCD com manuais que já estão em uso e aprovados pelo Ministério da Defesa (MD) e pelo Exército Brasileiro (EB), aprovados mediante processo técnico de construção, como preconizado no Sistema de Doutrina Militar Terrestre (SIDOMT, EB10-IG-01.005) e nas Instruções Gerais para as Publicações Padronizadas do Exército (EB10-IG-01.002).

Palavras-chave: Astros 2020. Míssil Tático de Cruzeiro. Logística. Coordenação. Medidas de coordenação.

THE EMPLOYMENT OF ASTROS 20-20 AND ITS SUBORDINATION: A VIABLE OPTION ABStRACt

The Brazilian Army has been modernizing in recent years. In this context, one of its Strategic Projects is the Astros 2020, a launching platform for missiles

____________________

* Especialista em Artilharia de Costa e Antiaérea pela EsACosAAe (2000), Mestre em Ciências Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (2006) e Especialista em Ciências Militares pela ECEME (2014), onde é, atualmente, instrutor. Contato: <haryangoncalvesdoas@gmail.com>.

** Doutor em Ciências Militares pelo Programa de Pós-Graduação da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) foi o orientador deste artigo. Contato: < tulioendres@gmail.com >

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and rockets of use of exceptional ability to provide fire support. Particularly, when this material is endowed with the AV-TM 300 tactical cruise missile the question of its subordination comes into play. The Doctrinal coordination note number 03, 2015 - Employment of Long Range Missile Artillery, which is the most updated doctrine document about the System, sees it as having to be subordinate to the Land Force. However, this is a system with more strategic and operational possibilities of employment that, properly, of tactical level. This point of view stems from the fact that the logistics for thetactical cruise missile and your deployment on field, the coordination for employment, the targets of interest and the coordination measures that allow its use with safety and efficiency, indicate as possible and feasible the subordination of this System directly to the Operation Theater Commander, in the form of Operation Theater Artillery Command, for example. To demonstrate this is the purpose of this article, which does not exclude subordination to the Land Force in some cases, but proposes another acceptable option. And, to request an attempt, a methodology that is used of the comparison of NCD with manuals that are already in use and approved by the Ministry of Defense (MD) and the Brazilian Army (EB), approved to the process of technical construction, as recommended in the Terrestrial Military Doctrine System (SIDOMT, EB10-IG-01.005) and in the General Instructions for Standardized Publications of the Army (EB10-IG-01.002).

Keywords: Astros 2020.Tactical Missile of Cruise. Logistics. Coordination. Measures.

EL EMPLEO DE LOS ASTROS 2020 Y SU SUBORDINACIÓN: UNA OPCIÓN FACTIBLE RESUMEN

El Ejército Brasileño se ha modernizado en los últimos años. En ese contexto, uno de sus Proyectos Estratégicos es el Astros 2020, una plataforma de lanzamiento de misiles y cohetes de excepcional capacidad de prestar el apoyo de fuego. En particular, cuando este material está dotado con el misil táctico de crucero (MTC) AV-TM 300 la cuestión de su subordinación viene a la baila. La nota de Coordinación Doctrinaria (NCD) Nr 03, 2015 - Empleo de la Artillería de misiles y cohetes de largo alcance, que es el documento doctrinal más actualizado sobre el sistema, lo vislumbra como debiendo estar subordinado a la FTC (Fuerza Terrestre Componente). Sin embargo, este es un sistema con posibilidades de empleo más estratégicas y operativas que, propiamente, de nivel táctico. Este punto de vista se deriva del hecho de que la logística para el MTC y su desdoblamiento, las coordinaciones para el empleo, los objetivos de interés y las medidas de coordinación que permiten su utilización con seguridad y eficiencia, indican como posible y viable la subordinación de ese Sistema directamente al COM TO (Comandante del Teatro de Operaciones), en forma de

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un Mando de Artillería del TO, por ejemplo. Demostrar esto es el objetivo de este artículo, que no excluye la subordinación a la FTC en determinados casos, sino que propone otra opción aceptable.

Palabras clave: Astros 2020; Misil táctico de crucero; Logística; Coordinación; Medidas de coordinación. Y para solicitar un intento, se sigue una metodología que se utiliza de la comparación de la NCD con manuales que ya están en uso y aprobado por el Ministerio de Defensa (MD) y el Ejército Brasileño (EB), aprobado al proceso de construcción técnica, como preconizado en el Sistema de Doctrina Militar Terrestre (SIDOMT, EB10-IG-01.005) y en las Instrucciones Generales para las Publicaciones Estandarizadas del Ejército (EB10-IG-01.002).

1 INtRODUÇÃO

Recentemente, o Exército Brasileiro (EB) vem trabalhando em um dos seus Projetos Estratégicos (PEE), na criação e na aquisição de meios de apoio de fogo para o aprofundamento do combate. Nesse contexto, ele vem desenvolvendo a doutrina de emprego e do Sistema Astros 2020, com novas capacidades utilizáveis não só no nível Força Terrestre Componente (FTC), como também no nível Comando Conjunto (CmdoCj) do Teatro de Operações (TO).

Assim sendo, o EB utiliza como pressupostos básicos, aqueles constantes no manual MD 33 M-11, que trata sobre o Apoio de Fogo em Operações Conjuntas; e do manual MD 33 M-13, que aborda as Medidas de Coordenação do Espaço Aéreo nas Operações Conjuntas. A partir deles e, por conseguinte, do manual EB20-MC-10.206 - Fogos, o Exército Brasileiro trabalha na consecução de um manual de emprego do material Astros 2020, que deve compatibilizar a doutrina disposta nesses diplomas citados. Outros manuais também fornecem subsídios a esse trabalho a ser concluído, como o C 44-1 - Artilharia Antiaérea, ainda em vigência, e sua versão atualizada, ainda sob a forma de minuta, bem como os manuais referentes à Logística (EB20-MC-10.204), e a minuta Logística em Operações.

No momento atual, vem aperfeiçoando e realizando debates acerca da Nota de Coordenação Doutrinária (NCDNr03, 2015) sobre o Astros 2020, que busca esclarecer e compreender o emprego desse material em operações, particularmente pela utilização do Foguete-Guiado SS-40 (SS40G) e do Míssil Tático de Cruzeiro (MTC) AV-TM 300. Em especial, este último é o foco deste trabalho.

A partir desses pressupostos surgem algumas considerações que devem ser verificadas, a fim de se pensar num coerente e efetivo emprego deste novo meio com alto poder dissuasório, capaz de aprofundar o combate, com precisão e letalidade estratégicas.

Dessa forma, cumpre verificar, neste artigo, se as características de emprego desse material, quando postas sob o foco da doutrina conjunta e singular da FTC em vigência, enquadram-se perfeitamente ao uso que a NCD vem pensando para a

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aplicação do Sistema Astros 2020, organizado em um Grupo de Mísseis e Foguetes (GMF) e, particularmente, quando da utilização do MTC AV-TM 300.

Assim, à luz de alguns aspectos e limitando-se a eles, portanto, analisa-se a questão foco da ideal subordinação do GMF quando empregado em um TO (Teatro de Operações) ou AO (Área de Operações). A logística e a coordenação do apoio de fogo e do espaço aéreo foram escolhidas, como pontos centrais de concentração para fins de análise. Tal fato permite que a partir desses aspectos, condicionados às características do material, pode-se melhor compreender certos parâmetros de emprego do material suscitado. Além disso, porque esses parâmetros podem servir e indicar um nível de emprego e subordinação viável e indicado para o Astros 2020, em operações.

Para realizar esse intento, este trabalho segue etapas sistemáticas, iniciando por esta introdução, que traz aspectos básicos da motivação do artigo, suas limitações e justificativas, bem como traça o roteiro a ser seguido até as conclusões. Na sequência, parte-se para um estudo sucinto das características e parâmetros técnicos de emprego do Sistema Astros 2020, que fornecem as bases para se visualizar seu melhor aproveitamento e seu potencial, em operações. Em seguida, estudam-se aspectos externos ao material, relativo às operações, que facilitam ou maximizam as possibilidades de emprego do GMF Astros 2020, quais sejam a logística mais conveniente para esse material, bem como a coordenação do apoio de fogo e do espaço aéreo que melhor amparam a sua utilização.

Nesses tópicos, colocam-se esses aspectos frente ao atual estágio da NCD e aos manuais que regulam o assunto, relativos ao emprego do GMF quando empregado com o MTC, a fim de se discutir se as previsões desta Nota, a qual em breve poderá se tornar um manual, atendem às condições de emprego anteriormente abordadas. Por fim, passa-se às conclusões e recomendações, onde se procura mostrar, principalmente, o escalão no qual deve ser enquadrado o GMF em operações. 2 CARACtERÍStICAS BÁSICAS PARA O EMPREGO DO AStROS 2020

Este trabalho, ao abordar o Sistema Astros 2020, refere-se, em particular, aquele que dota o GMF, quando operando com mísseis AV-TM 300.

Nesse aspecto, cumpre ressaltar que a composição desse GMF é de dezoito Unidades de Tiro, dispostas em três Baterias a 06 (seis) peças cada. Essa estrutura, conforme a Nota, é a seguinte:

Para efeito desta NCD, os planejamentos serão realizados considerando, normalmente, o Grupo de Mísseis e Foguetes (GMF) como a unidade de emprego dos foguetes guiados SS-40G e do MTC, o qual terá a seguinte constituição:

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b) uma bateria de comando (Bia C); e

c) três baterias de mísseis e foguetes (Bia [bateria] MF). Cada Bia MF possui 15 (quinze) viaturas especializadas do sistema ASTROS, definidas como se segue:

a) uma PCC – viatura Posto de Comando e Controle; b) uma UCF – viatura Unidade de Controle de Fogo; c) uma MET – viatura posto Meteorológico; d) uma OFVE – viatura Oficina Veicular e Eletrônica; e) seis LMU – viatura Lançadora Múltipla Universal;

f) três RMD – viatura Remuniciadora (uma para cada duas LMU); e

g) duas UAS – viatura Unidade de Apoio em Solo – uma por seção (três peças). (NCD 03, 2015, p. 5)

Ainda, relativamente ao emprego do GMF, diz a NCD que:

O GMF tem a missão de realizar fogos contra alvos táticos, operacionais e até mesmo estratégicos, a fim de proporcionar à F Ter35o maior poder de fogo disponível. Normalmente, realiza fogos sobre estruturas estratégicas, centros de gravidade ou alvos de grandes dimensões e longos alcances, conforme sua vocação para saturação de área. Pode, ainda, complementar o apoio de fogo prestado pela artilharia de tubo, executando fogos de aprofundamento do combate, bem como realizar os fogos em apoio às operações conjuntas. A missão tática normalmente atribuída a essa unidade é a de Ação de Conjunto (AçCj). Nas operações militares, a coordenação do uso do espaço aéreo e o planejamento de fogos representam significativo desafio. Naturalmente, o sistema ASTROS requer elevado grau de coordenação para o cumprimento de suas missões, em função das características das trajetórias de suas munições e do efeito que causam sobre o alvo.

Em princípio, o GMF é enquadrado pela Força Terrestre Componente (FTC), integrando o Comando de Artilharia da FTC (CAFTC). O emprego do GMF pode ser considerado em diversas fases do planejamento operacional, inclusive naquelas em que o esforço principal esteja a cargo de outra Força Componente (F Cte36), como a campanha aeroestratégica.

35 Instrumento de ação do Exército, estruturada e preparada para o cumprimento de missões operacionais terrestres. (MD35-G-01, 2015, p. 125)

36 Conjunto de unidades e organizações de uma mesma força armada que integra uma força conjunta. Pode ser força naval componente, força terrestre componente ou força aérea componente. (MD35-G-01, 2015, p. 122)

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O Elemento de Coordenação de Apoio de Fogo (ECAF) do escalão considerado é mobiliado com um elemento especializado, responsável por apoiar o planejamento e coordenação dos fogos da Artilharia de Mísseis e Foguetes. (NCD 03, 2015, p. 5 -7)

Assim, da própria NCD decorre o principal foco de análise deste artigo, pois a subordinação à FTC é, justamente, aquilo que se questiona quando da ativação de um TO ou AO. Adiciona-se a isso o fato de a mesma afirmar que o Sistema Astros 2020 requer elevado grau de coordenação para o seu emprego.

Da mesma forma, quanto aos alvos a serem batidos pelo MTC AV-TM 300, a NCDexplicita que podem ser táticos, operacionais e até mesmo estratégicos, como: instalações de comando e controle (C2), bases logísticas, zona de reunião de grandes unidades, bases de aviação inimigas, além daqueles de grande valor estratégico ou de elevada importância militar. (NCD 03, 2015, p. 5 e 8).A própria NCD visualiza que os alvos devem ter caráter estratégico.

No que se refere ao Míssil Tático de Cruzeiro, conforme a NCD, tem-se que seu alcance é de até 300 (trezentos) quilômetros, com uma precisão de 80 (oitenta) metros de raio em relação a um objetivo e com uma flecha (ponto mais alto da trajetória) da ordem de 1000 (mil) metros. Além disso, tem-se como alcance mínimo de utilização do mesmo é 30 quilômetros.

Eis o texto da NCD Nr 03:

O MTC é um armamento que tem por finalidade produzir um efeito cinético com precisão até o alcance máximo de 300 km. O alcance mínimo de utilização será de 30 km, ambos ao nível do mar. A precisão do míssil, em erro circular provável, será menor ou igual a 30 metros. A AEB (Área Eficazmente Batida)será uma circunferência de raio de 80 metros.

[...]

O lançamento com a fase balística inicial (queima do booster- motor de aceleração do míssil), atingirá uma altura de 1.000 metros. A fase do voo de cruzeiro será nivelada entre 200 e 800 metros. A velocidade de cruzeiro será de cerca de 290 m/s. (2015, p. 13).

Assim, pelos parâmetros e características do material apresentados, observa-se que o sistema Astros 2020, operando com o MTC AV-TM 300,possui capacidades que permitem iniciar a concepção sobre a aptidão para emprego do Sistema, que pode indicar um viés à sua subordinação.

Esses aspectos serão discorridos a seguir, ao serem especificamente abordados e discutidos.

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3 EStRUtURAS LOGÍStICAS E DESDOBRAMENtO COMPAtÍVEIS COM O EMPREGO DO AStROS 2020

A Logística para o Sistema Astros 2020, quando dotado do MTC, há que ser diferenciada. Sobretudo, porque seu desdobramento dá-se, prioritariamente, na ZA. Dessa forma, a partir dos conceitos de Base Logística Conjunta (Ba Log Cj) ou de Base Logística Terrestre (BLT) é que se deve pensar nas estruturas logísticas a apoiar o GMF ou uma Bateria MF.

O manual MD 30-M 01, em seu 1º volume, enuncia os conceitos de Ba Log Cj e Grupo Tarefa Logístico (GT Log).

Base Logística Conjunta (Ba Log Cj) – é um agrupamento

temporário de OMLS desdobradas no interior da área do C Op, diretamente sob o controle operacional do C Log, responsável pela realização do apoio logístico ao conjunto das forças em operações.

Normalmente, o C Log agrupará as OMLS fixas em Bases Logísticas Recuadas (Ba Log R). Caso seja necessário prestar apoio logístico cerrado às F Cte, as OMLS que possuírem mobilidade tática poderão ser agrupadas em Bases Logísticas Avançadas (BaLog A).

[...]

Grupo-Tarefa Logístico (GT Log) – é um agrupamento

temporário de OMLS, sob comando único, formado quando houver necessidade de se estruturar o apoio logístico orgânico numa F Cte. Poderá ser, a critério do Comandante da F Cte, integrado por OMLS de uma mesma FS (GT Log Nav, Ter ou Aer) ou de mais de uma FS (GT Log Cj). (MD 30-M 01, v1, 2011, p.116 e 118).

O manual MD 30-M 01 não trata do conceito de Base Logística Terrestre (BLT), por ser uma estrutura destinada ao apoio logístico no nível tático. Entretanto, o manual 10.202 – Força Terrestre Componente, do Exército Brasileiro, especifica o entendimento sobre a BLT:

Base Logística Terrestre (BLT)

É a área onde o Gpt Log desdobra seus módulos logísticos e recursos específicos referentes ao apoio de Engenharia. Executa o apoio logístico aos elementos integrantes da FTC, podendo, caso determinado e se reforçado com meios, prover o suporte total ou parcial a outra F Cte, agências ou população localizada em sua área de responsabilidade. (EB20-MC-10.202, 2014, p.5-6).

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Da mesma forma, esse conceito é explorado no manual de Logística da FTC (EB MF 10.204), ao abordar Ba Log Cj e BLT.

Base Logística Conjunta (Ba Log Cj)

A Ba Log Cj é um agrupamento temporário de Organizações Militares Logísticas Singulares (OMLS) desdobradas no interior da área do C Op, diretamente sob o controle operacional do CLTO/CLAO. Ela é responsável pela realização do apoio logístico ao conjunto das forças em operações, buscando explorar ao máximo as capacidades logísticas das organizações que a compõem.

Normalmente, os meios de menor mobilidade tática das OM Log adjudicadas ao C Op são agrupadas pelo CLTO/CLAO nas Bases Logísticas Conjuntas Recuadas(Ba Log Cj R). Estas recebem diretamente os recursos logísticos provenientes da ZI/ TN,executando o apoio ao conjunto às forças desdobradas no TO/A Op.

Caso seja necessário prestar apoio logístico cerrado a uma ou mais F Cte, os elementos das OM Log adjudicadas ao C Op com maior mobilidade tática poderão ser agrupados em Bases Logísticas Conjuntas Avançadas (Ba Log Cj A) e/ou Grupos Tarefas Logísticos (GT Log).

[...]

Base Logística Terrestre (BLT)

A BLT é a área na qual os Gpt Log desdobram seus meios orgânicos e outros recursos específicos necessários ao apoio logístico a uma F Op. Poderá – caso determinado e desde que receba meios - prover o suporte a outras F Cte, a agências civis ou à população localizada na área de responsabilidade dessa força. [...]

Não ocorrendo o desdobramento, a F Op recebe o apoio logístico diretamente da Ba Log Cj, por meio de Ba Log Cj A e/ ou de GT Log.

A missão precípua da BLT é servir de ponto intermediário entre as estruturas logísticas operacional e tática, executando as atividades das áreas funcionais da logística na F Op, conforme o nível de serviço determinado. (EB20-MC-10.204, 2014, p. 7-7, 7-9 - 7-10)

Em complementação, a Primeira Minuta do futuro manual de Logística nas Operações, na FTC, ratifica esses conceitos, adotando aqueles mesmos trazidos no MD 30-M 01 para referir-se à Ba Log Cj e GT Log e o conceito do manual EB20-MC 10.202 para referir-se à BLT:

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Base Logística Conjunta (Ba Log Cj) – É um agrupamento

temporário de Organizações Militares Logísticas Singulares (OMLS) desdobradas no interior da área do COp, diretamente sob o controle operativo do CLTO/CLAO. Ela é responsável pela realização do apoio logístico ao conjunto das forças em operações,buscando explorar ao máximo as capacidades logísticas das organizações que a compõem. É constituída a partir de estruturas existentes nos Gpt Log, complementadas por outras OM disponibilizadas pelas demais FS. A Ba Log Cj poderá ser organizada em Grupos Tarefa Logísticos (GT Log, formados por OM das três FS, de acordo com suas especificidades).

Grupo Tarefa Logístico (GT Log) – É um destacamento logístico,

conjunto ou singular, desdobrado pela Ba Log Cj na ZC ou na ZA a fim de prestar o apoio cerrado em um ou mais grupos funcionais uma ou mais F Cte. Os fatores da decisão e as considerações levantadas na Análise de Logística determinarão a necessidade ou não de desdobrá-lo.

Base Logística Terrestre (BLT) – é a área na qual os Gpt Log

desdobram seus meios orgânicos e outros recursos específicos na ZC, necessários ao apoio logístico à FTC. Poderá – caso determinado e desde que receba meios - prover o suporte a outras F Cte, a agências civis ou à população localizada na área de responsabilidade dessa força.[...] Não ocorrendo o desdobramento, a FTC recebe o apoio logístico diretamente da Ba Log Cj e/ou de GT Log. (PRIMEIRA MINUTA EB20-10.3XX, 2015, p.2).

Observe-se então que, o apoio logístico ao GMF, quando dotado do MTC, requer ajustes muito específicos, que indicam a necessidade de desdobramento de uma estrutura logística especialmente voltada aos meios do Grupo.

Ademais, o GMF desdobrar-se, na maioria dos casos, na ZA, atrás da área de retaguarda dos Grandes Comandos Operativos (anteriormente chamados de Divisões de Exército), podendo estar mais de 100 quilômetros da na retaguarda da LP/LC(linha de partida/linha de contato) ou do LAADA(limite anterior da área de defesa avançada),ou seja, onde praticamente fica inviabilizado o apoio logístico prestado por uma BLT. Essa distância, associada às necessidades e especificidades logísticas requeridas, principalmente em Suprimento Classe (SupCl) V (munições) e em Sup Cl III (combustíveis) indicam um GT Log (Grupo-Tarefa Logístico) como a estrutura logística, aparentemente, mais voltada à prestar um eficiente apoio logístico ao GMF ou a uma Bia MF.

Assim sendo, o Sistema Astros 2020, dotado do MTC AV-MT 300, devido a seu alcance, mínimo e máximo, ficará adstrito em espaço do TO muito à retaguarda das BLB (que normalmente desdobram-se a cerca de 10 a 12 km da LP/LC ou LAADA)

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e, até mesmo das BLT, na maioria das vezes desdobradas a distâncias em torno de 30 km da LP/LC ou do LAADA, na área de retaguarda dos Grandes Comandos Operativos e à distância de segurança da artilharia de foguetes inimiga, motivo pelo que, não poderá ser por elas apoiado, salvo se optar em suprir para a retaguarda. (ME 101-0-3, 2014, p. 89).Pensar-se em um GT Log ou mesmo na própria Ba Log CJ para realizar esse apoio, parece mais viável.

Desse modo, não há motivo, do ponto de vista logístico, para subordinar-lhe à FTC, quando quem lhe presta o apoio logístico é um escalão superior, a partir de uma estrutura dele próprio. Fazer diferente disso exige uma necessidade de coordenação em cada procedimento de suprimento, retirando liberdade de ação e flexibilidade do comandante que o enquadra.

Isso demonstra, quanto ao desdobramento no terreno do Astros 2020 dotado de MTC, cumpre observar que, aparentemente, seu alcance mínimo de 30 quilômetros indica que deve estar posicionado em faixa do terreno na área de retaguarda dos Grandes Comandos Operativos, ainda naZC, ou já fora dela, na Zona Administrativa (ZA). Ou seja, a ZA é a área de desdobramento mais provável ao desdobramento do Astros 2020 empregado com MTC.

4 COORDENAÇÃO DE APOIO DE FOGO E DE CONtROLE DO ESPAÇO AÉREO COMPAtÍVEIS COM O EMPREGO DO AStROS 2020

Particularmente no que se refere às coordenações de apoio de fogo e do espaço aéreo, há que se tecer comentários a respeito dessa coordenação em termos de níveis e como se dá seu funcionamento. A seguir, há que se visualizar a natureza dos alvos sobre os quais o poder de fogo será aplicado. E, também, é importante destacar as medidas de coordenação que são necessárias para que esses níveis bem operem, em total sincronia.

Inicialmente, quanto ao planejamento e à execução das coordenações, tem-se que a forma como ocorre é aquela anteriormente citada no item 2 deste artigo, referente à NCD Nr 03 (2015, p. 6 - 7).

Observa-se, a partir daí, que o sistema Astros requer grande coordenação para o apoio de fogo e para a utilização do espaço aéreo e, também, que participa da campanha aeroestratégica, sendo o ECAF da FTC o principal responsável pela sua coordenação.

Assim, salienta-se que, por isso mesmopela sua importância estratégica na campanha, é que pode constituir-se em próprio Comando subordinado diretamente ao COM TO. Nessa situação, as coordenações ocorreriam nas reuniões para esse fim, dentro do Estado-Maior Conjunto (EM Cj).

É nesse Estado-Maior, acima do nível tático, que se dão essas coordenações, particularmente nas reuniões de coordenações de fogos e de coordenação do espaço aéreo. Ou seja, em termos de operações conjuntas, é nesse sentido que o

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MD30-M01 regula o emprego dos meios adjudicados ao TO ou às F Cte. Em uma ou em outra dessas situações quanto à adjudicação, o Sistema Astros 2020 atua como apoio de fogo disponível ao COM TO para fins de emprego.

Eis o que fala o manual de Doutrina de Operações Conjuntas, 1º volume, a respeito dessas reuniões citadas, quanto às coordenações:

A condução da Campanha ocorre ininterruptamente durante as 24 horas do dia. Os recursos humanos de um C Op devem trabalhar em turnos, organizados de maneira a otimizar o fluxo de informações e o processo de tomada de decisões, a critério do comandante.

Em cada jornada de trabalho estabelecida ocorre uma série de reuniões formais, além de um grande número de encontros informais. Esses eventos são:

[...]

c) Reunião de Coordenação de Fogos; [...]

h) Reunião de Coordenação do Espaço Aéreo;

O objetivo principal dessas reuniões é viabilizar a tomada de decisões que resulte em ações a serem executadas pelas F Cte e que requeiram coordenação. Esses eventos podem ser realizados em sua totalidade ou em parte, dependendo da necessidade do Cmt Op e da envergadura da operação. Alguns eventos podem ser aglutinados, como a Reunião Diária de Situação e a Reunião de Coordenação de Comando.

[...]

Salientam-se os seguintes documentos operacionais: [...]

c) Lista de Alvos (preliminar e final). (MD 30-M 01, v1, 2011, p. 61-62)

E o 2º volume, que especifica os aspectos particulares de cada reunião, donde se verifica,claramente, que na reunião de coordenação de fogos é que ocorre a coordenação de maior nível, entre as F Cte; e na reunião de coordenação do espaço aéreo é que se coordena o uso do espaço aéreo pelas seguintes 72 horas e que se prevê o uso da artilharia de campanha. Eis o texto:

Reunião de Coordenação de Fogos

Essa reunião será encarada como um trabalho de grupo cujo propósito será definir e priorizar os alvos que devem ser atacados no ambiente operacional ou em outros locais que afetem a Campanha, e também a F Cte responsável pelo ataque. Os participantes da reunião constituirão o Grupo de Coordenação de Apoio de Fogo, reunindo-se diariamente, de acordo com o

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ritmo de trabalho estabelecido, com antecedência adequada em relação à Reunião de Aprovação da Ordem de Coordenação. Cabe ressaltar que os alvos, dependendo do efeito desejado sobre os mesmos, poderão ser engajados tanto por apoio de fogo, como por outros meios não letais, tais como Medidas de Ataque Eletrônico,Operações Especiais ou Operações Psicológicas.

Nessa reunião, será consolidada uma Lista Preliminar Integrada e Priorizada de Alvos (LPIPA), que será apresentada e aprovada na Reunião de Aprovação da Ordem de Coordenação.

A agenda da Reunião de Coordenação de Fogos deverá incluir: a) integração das propostas de cada F Cte de alvos a serem atacados;

b) definição de quem será encarregado de realizar a ação e a prioridade que este alvo terá;

c) atualização de uma lista preliminar integrada e priorizada de alvos, considerando a avaliação dos danos dos ataques já realizados pelas F Cte, correspondendo à estimativa dos danos físicos, funcionais e de sistemas resultantes da aplicação de força militar, letal ou não-letal, contra um alvo pré-determinado;

d) coordenação de fogos entre as F Cte;

e) proposição de recomendações ao Cmt Op das prioridades de ataques que serão realizados nos próximos cinco dias da Campanha; e

f) apresentação de uma lista preliminar integrada e priorizada de alvos para ser aprovada na Reunião de Aprovação da Coor. [...]

Participarão dessa reunião, além do Ch EMCj, os seguintes representantes:

a) D2 – Inteligência; b) D3 – Operações; c) D5 – Planejamento;

d) Dn – Ex: Operações Especiais, OpPsc ou Com Soc; e

e) Oficiais de ligação das F Cte no C Op.(MD 30-M 01, v2, 2011, p. 59-60).

Reunião de Coordenação do Espaço Aéreo

O seu propósito é levantar as necessidades gerais e abrangentes de uso do espaço aéreo do ambiente operacional. Tais necessidades dependem da concepção das operações planejadas, de modo que, a critério do Ch EMCj (assessorado pelo D3 e D5)este evento poderá ser realizado juntamente com a Reunião de Coordenação de Operações,abrangendo um espaço temporal de setenta e duas horas.

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Op pode ser atribuída à Força Aérea Componente, caso em que serão consideradas, além das necessidades gerais e abrangentes de uso do espaço aéreo, também as necessidades decorrentes de manobras táticas das demais F Cte, abrangendo um espaço temporal de vinte equatro horas.

A Reunião de Coordenação do Espaço Aéreo, quando realizada pelo C Op, resultará em informações a serem inseridas na Ordem de Coordenação. Quando realizada pela Força Aérea Componente, resultará na Ordem de Coordenação do Espaço Aéreo.

A agenda deverá incluir:

a) previsão de operações aéreas das F Cte; c) previsão de uso de artilharia de campanha;

c) avaliação dos conflitos anteriores de uso do espaço aéreo; e d) outros tópicos julgados convenientes, como por exemplo, exploração e coordenação no emprego do espectro eletromagnético pelo meio de reconhecimento.

4.3.18.5 Participarão dessa reunião, presidida pelo Chefe da D3, os seguintes representantes:

a) D2 – Inteligência;

b) D6 – Comando e Controle

c) Oficiais de ligação das F Cte no C Op; e

d) Outros assessores julgados necessários.(MD 30-M 01, v2, 2011, p. 63)

Na mesma esteira, ratifica esse entendimento o fato de que o ECAF da FTC não participa dessas reuniões, quiçá o fará um oficial de ligação (O Lig). Ou seja, caso esse seja o coordenador primeiro do apoio de fogo fornecido pelo Astros dotado de MTC, sempre se criará um nível a mais de coordenação, tendo que se resolver entendimentos com o Em Cj no TO, a todo momento, com informações de ida e vinda, através de um O Lig. Isso ocorrerá, tanto para desencadear-se missões oriundas do nível operacional, quanto para empregar o material em benefício da FTC, com missões oriundas desse nível tático. Isto é, em quaisquer circunstâncias, deverá ser solicitada a autorização do Comandante do Teatro de Operações (COM TO).

Por esses motivos é que o próprio manual do Exército EB 10.206 - Fogos, afirma que as coordenações ocorrem no TO, sob orientações e controle do D5, encarregado da Seção de Planejamento do Estado-Maior Conjunto, e submetidas à aprovação do COM TO, que depois recebe e transmite consolidações da Lista Integrada e Priorizada de Alvos (LIPA) às Forças Componentes. Somente, nessa reunião o Oficial de Ligação se manifesta, mas a decisão sobre o a realização do tiro, imediato ou à pedido, ocorre no nível superior, qual seja o TO. Eis o que traz o referido manual:

(14)

As Forças Componentes (F Cte) e o EMCj iniciam os seus trabalhos de levantamento de alvos que comporão a lista integrada de alvos (LIA), mesmo antes da decisão do Cmt OpCj.

[...]

A Seção de Planejamento (D5) do EMCj elabora, nesta etapa, uma LIA, com base nos anexos ao PEECFA, nos dados de outros alvos de interesse do comando operacional (C Op) e nos alvos levantados pelas F Cte, que constam das suas propostas de lista de alvos (PLA) e da lista de alvos móveis.

O EMCj integra as propostas das F Cte, seleciona o meio de apoio de fogo que irá atacar cada alvo, atribui prioridades e cria uma lista preliminar integrada e priorizada de alvos (LPIPA). Após a aprovação pelo Cmt OpCj, essa lista passa a se denominar LIPA e será um dos anexos ao Plano de Campanha.

[...]

A reunião de coordenação de fogos é um trabalho de grupo, cujo propósito é definir e priorizar os alvos que devem ser atacados no ambiente operacional ou em outros locais que afetem a campanha, assim como definir a F Cte cujos meios de apoio de fogo realizarão o ataque. Os participantes da reunião constituirão o Grupo de Coordenação de Apoio de Fogo (GCAF) do C Op, que se reunirá diariamente.

[...]

Na reunião de coordenação de fogos será consolidada uma LPIPA que será entregue para ser aprovada na reunião de aprovação da O Coor. (EB20-MC-10.206, 2015, p. 3-5, 3-6)

Assim, a fim de corroborar com o foi dito, pode-se dizer que isso é mais evidente, conforme menor seja a estrutura da própria FTC. Se a FTC for uma Brigada, então o (CAF) Coordenador de Apoio de Fogo será o Cmt do GAC; se for apenas um Grande Comando Operativo, será o ECAF do Grande Comando; e se for dois ou mais Grandes Comandos Operativos, será o ECAF FTC. Assim, observe-se que, nas primeiras opções é bem menos provável que seja o CAF do escalão empregado o coordenador do emprego dos mísseis de cruzeiro para todo o TO, caso venham a serem estes utilizados. A decisão, como se disse, sempre recairá no COM TO, sob coordenação do D5.

Da mesma forma, o tiro realizado entre Brigadas não é coordenado entre elas, mas sim, por uma estrutura superior, o ECAF do Grande Comando Operativo.

Diante disso, há que se ressaltar também que, havendo a FAC e o Astros, com MTC, muito provavelmente, o emprego desses meios será coordenado no TO. Ou seja, como arma estratégica e operacional, nada mais coerente que o próprio COM TO decidir sobre o seu emprego, donde se justifica a ele estar subordinado o Astros dotado de MTC.

(15)

Assim sendo, a opção mais viável para se pensar, é que a regra é o Astros dotado de MTC compor o TO como, por exemplo, um Comando de Artilharia do TO. A exceção sim passa a ser a subordinação à FTC. Não significa que não possa esta ocorrer, mas sim que a primeira opção apresentada, parece ser a mais viável doutrinariamente, do ponto de vista da coordenação do apoio de fogo e do espaço aéreo.

Para reforçar esse entendimento, basta se observar a natureza dos alvos a serem batidos por esse meio nobre.A NCD Nr 03 que trata do Astros traz o entendimento,já apresentado, de que os alvos podem ser táticos, operacionais ou estratégicos, sobretudo estruturas estratégicas, centros de gravidade ou alvos de grandes dimensões e longos alcances. (2015, p. 5)

Nesse sentido:

Os principais alvos indicados para o MTC são instalações de comando e controle (C2), bases logísticas, zona de reunião de grandes unidades, bases de aviação inimigas, além daqueles de grande valor estratégico ou de elevada importância militar. (NCD Nr 03, 2015, p. 8).

Assim, vê-se que ela traz como alvos a serem batidos por essa arma aqueles de natureza não só tática, mas também estratégicos e operacionais, isto é, de elevada importância militar. Os exemplos citados denotam a Capacidade Crítica (CC) que esse meio proporciona a todo o esforço do TO, sendo capaz de atuar, diretamente, sobre o centro de gravidade (CG) inimigo.

É de se observar, também, o que diz o manual do Exército sobre Fogos, ao referenciar aos ataques a alvos de natureza estratégica através de fogos cinéticos, como é o MTC:

Os ataques estratégicos, em sua concepção conjunta, incluem ações ofensivas contra alvos militares, políticos, econômicos ou outros, selecionados para atingir objetivos estratégicos, pelo emprego de meios letais ou não letais. (EB20-MC-10.206, 2015, p. 2-3).

E, mais adiante, o mesmo manual ratifica o nível dos alvos a serem batidos:

No nível estratégico, o apoio de fogo visa perturbar a atividade econômica do oponente, dificultar a movimentação e o posicionamento de suas tropas, colaborar com a proteção estratégica e produzir importante efeito psicológico sobre o adversário.

(16)

impedir ou dificultar a do inimigo, com o objetivo de facilitar o desenvolvimento das operações. Para isso, busca isolar a zona de combate, destruir as capacidades do oponente que se considerem fundamentais nesse nível ou o ataque ao seu centro de gravidade.

No nível tático, tem a finalidade de apoiar a manobra da força, destruindo ou neutralizando os alvos essenciais ao atingimento do objetivo tático, além de impedir ou dificultar a manobra do inimigo, proporcionando apoio e proteção às forças operativas. (EB20-MC-10.206, 2015, p. 2-14).

Ao fazê-lo, destaca-se que alvos como o centro de gravidade do inimigo ou suas capacidades críticas, caracterizam, no mínimo, o nível operacional de emprego dos fogos. Ainda, por óbvio, podendo ser estratégicos; porém, nem tanto, do nível tático.

Acrescente-se que o planejamento desses alvos é realizado do nível mais baixo para o mais alto, cabendo a este último, a decisão sobre que elemento terá em sua lista de alvos um alvo a ser batido, conforme dito anteriormente.

A figura a seguir, simplificadamente, demonstra o caminho percorrido pelas listas de alvos dos níveis inferiores para os superiores, bem como os planos daí resultantes, que fazem o caminho inverso. Trata-se de uma integração desse esquema, com figuras trazidas no manual EB20-MC-10.206 (2015, p. 3-4; 3-5).

Figura 1 – Caminho das listas de alvos e dos planos de fogos

Fonte:O AUTOR, 2016.

Observa-se então, que os alvos são, normalmente, decididos no nível mais alto de determinada campanha, donde se pode verificar que o COM TO, é quem

(17)

normalmente, decide sobre alvos estratégicos e operacionais.

Da mesma forma, o manual de Apoio de Fogo em Operações Conjuntas (MD33-M-11) inicialmente, faz menção aos alvos a serem batidos no nível Conjunto. Diz ele:

Serão inicialmente selecionados alvos da Lista de Alvos anexa ao PEECFA, onde constam os alvos retirados do Banco Nacional de Alvos do Ministério da Defesa relacionados ao(s) sistema(s) de interesse ou país(es) envolvidos na variante de Hipótese de Emprego em questão, para a montagem das linhas de ação a serem apresentadas ao Cmt Op Cj.

As Forças Componentes e o EMCj já deverão iniciar os seus trabalhos de levantamento de alvos que comporão a Lista Integrada de Alvos (LIA), mesmo antes da decisão do Cmt Op Cj.

[...]

Ainda nessa fase, deverão ser tratados e levantados possíveis alvos classificados como Alvos Sensíveis, os quais devem ser entendidos como:

a) aqueles de grande valor estratégico, cujo engajamento e destruição podem interferir no efeito final desejado da campanha conjunta;

b) alvos móveis, cuja destruição favorece a operação de uma ou várias F Cte e requerem um tratamento imediato, em razão do perigo que representam, ou que representarão em futuro próximo; e

c) alvos cujo dinamismo da situação tática atribui aos mesmos uma importância que antes não existia.

Assim, é possível destacar três características fundamentais dos Alvos Sensíveis: importância, mobilidade e situação tática. Alvos como um posto de comando não identificado previamente, ou uma ponte não priorizada na lista de alvos que está prestes a ser cruzada por forças terrestres inimigas podem adquirir grande importância em determinados momentos da campanha e devem ser tratados como Alvos Sensíveis. (MD33-M-11, 2013, p.30).

Ainda, é de se salientar que esses alvos podem estar a grandes distâncias, conforme afirma o trecho já esboçado no item dois deste artigo (NCD Nr3, 2015, p. 5). Nesse caso, provavelmente estarão além de uma medida de coordenação, que pode ser uma Linha de Coordenação de Apoio de Fogo(LCAF). Daí a falar-se, também, das Medidas de Coordenação do Apoio de Fogo (MCAF) e das Medidas de Coordenação e Controle do Espaço Aéreo (MCCEA).

(18)

a situação de que as medidas de coordenação e controle do apoio de fogo e do espaço aéreo ainda são as mesmas. Além disso, resume conceitos a serem aplicados às medidas de coordenação envolvendo o MTC à rota e à trajetória, deixando aos citados manuais a especificação das mesmas. É o que afirma em seu texto:

As medidas de coordenação de apoio de fogo (MCAF) a serem observadas no emprego de mísseis e foguetes são aquelas constantes do Manual MD33-M-11 – Apoio de Fogo em Operações Conjuntas.

As medidas de Coordenação e Controle do Espaço Aéreo (MCCEA) que influenciam na rota de mísseis e foguetes são aquelas constantes do Manual MD33-M-13 – Medidas de Coordenação do Espaço Aéreo em Operações Conjuntas. [...]

A fim de padronizar procedimentos, será definida como ROTA o corredor por onde o míssil poderá se deslocar da posição de tiro até o alvo; como TRAJETÓRIA, o percurso do míssil no interior da rota estabelecida. (NCD 03, 2015, p. 9).

Vê-se, logo, que as MCAF e as MCCEA são cruciais ao exame do nível operacional e tático.

Ao tratar de medidas de coordenação de apoio de fogo, o MD33-M-11 afirma que tais medidas constam do Plano de Coordenação do Espaço Aéreo (PCEA), confeccionado pela Autoridade do Espaço Aéreo (AEA). E mais, que esse é um anexo do Plano Operacional. Ou seja, é neste nível que ocorrem planejamento e a coordenação dessas medidas, em especial, cabendo ao D5 as coordenações futuras e ao D3 as coordenações quanto às medidas em vigor.

Eis o trecho do manual que explora este aspecto:

De modo geral, as MCAF influenciam no uso do espaço aéreo, e a fim de simplificar a documentação no âmbito de uma Campanha Conjunta essa disseminação se dará na fase de planejamento da campanha, através do Plano de Coordenação do Espaço Aéreo (PCEA), o qual deve ser um anexo do Plano Operacional, e durante a fase de execução da campanha, através das Ordens de Coordenação do Espaço Aéreo (OCEA) ou através de Instruções Especiais (INESP).

O PCEA é o documento principal da coordenação do espaço aéreo no TO, emitido como um anexo ao Plano Operacional, mas, normalmente elaborado pela Autoridade do Espaço Aéreo (AEA). Deverá haver no Estado-Maior do C Op, na Seção de Operações (D-3), um elemento responsável por ser o ponto de contato para as necessidades das F Cte e do próprio C Op. O

(19)

D-3 não será a célula responsável pela elaboração do PCEA, mas sim o ponto de contato com a AEA designada. O texto consiste de normas gerais que irão reger as Medidas de Coordenação e Controle do Espaço Aéreo (MCCEA) e as MCAF.

A equipe encarregada da elaboração do PCEA, normalmente em uma FAC, deverá receber do elemento de ligação que fica no D-3 EMCj as necessidades advindas da O Op/O Coord e, ainda, consultar as F Cte, por intermédio dos Elementos de Coordenação ou O Lig, a fim de buscar a maior abrangência e adequabilidade possível para o plano. (MD33-M-11, 2013, p.37-38).

Quanto às MCAF, o manual cita medidas permissivas, como a Linha de Segurança de Apoio de Artilharia (LSAA), a Linha de Coordenação de Apoio de Fogo (LCAF), a Área de Fogo Livre (AFL) e a Quadrícula de Interdição (QI) ou Kill Box; e medidas restritivas, como a Linha de Restrição de Fogos (LRF), a Área de Restrição de Fogos (ARF); e a Área de Fogo Proibido (AFP) (MD33-M-11, 2013, p. 40 e 47).

Cumpre dizer que apenas se trata do MTC ao falar da QI. No entanto, verifica-se que essa medida apenas verifica-serve à coordenação do tiro conjunto em um local determinado, não explorando a rota, nem a trajetória do míssil.

Da mesma forma, o manual EB20-MC-10.206 – Fogo trata das mesmas MCAF – , assim, nele está escrito:

MEDIDAS PERMISSIVAS

Linha de Segurança de Apoio de Artilharia (LSAA)

A LSAA é uma linha que define o limite curto, além do qual os meios de apoio de fogo de superfície (unidades de artilharia de campanha e os navios de apoio de fogo) podem atirar livremente na zona de ação de determinada força, sem necessidade de coordenação com o comando da força que a estabeleceu.

Linha de Coordenação de Apoio de Fogo (LCAF)

A LCAF é uma linha além da qual todo alvo pode ser atacado por qualquer meio de apoio de fogo, sistema de armas ou aeronave, sem afetar a segurança e sem necessidade de coordenação adicional com a força que a estabeleceu.

Essa medida suplementa a LSAA e proporciona maior rapidez e simplicidade para o ataque a alvos pelos meios aéreos e pela artilharia de mísseis e foguetes.

Área de Fogo Livre (AFL)

A AFL é uma área específica na qual qualquer meio de apoio de fogo pode atuar sem necessidade de coordenação adicional com o comando da força que a estabeleceu. [...]

Quadrícula de Interdição (QI)

(20)

para facilitar a integração do fogo conjunto. Normalmente, estão posicionadas além da LCAF e são utilizadas para emprego ar-superfície e emprego de sistemas de longo alcance superfície-superfície.”

MEDIDAS RESTRITIVAS

Linha de Restrição de Fogos (LRF)

A LRF é uma linha estabelecida entre forças terrestres amigas, além da qual uma das forças não pode atirar sem coordenar com a outra.

Área de Restrição de Fogos (ARF)

A ARF é uma área dentro da qual o desencadeamento de fogos obedece a determinadas restrições ou critérios, sem o que haverá necessidade de coordenação com o comando que a estabeleceu.

Área de Fogo Proibido (AFP)

A AFP é uma área onde nenhum meio de apoio de fogo pode desencadear fogos, exceto sob as seguintes condições: a) a missão de tiro (temporária) provém da força que estabeleceu a área: e b) existe a necessidade de se apoiar determinada tropa amiga em situação crítica no interior da área.(EB20-MC-10.206, p. 3-10, 3-11).

Ainda, quanto às MCAF, é de se destacar a assertiva a seguir, que demonstra a possibilidade e necessidade de, em determinadas situações, criar-se medidas especiais para cada caso.Isso se deve ao fato de que aos mísseis e foguetes aplicam-se, tanto medidas de apoio de fogo, como medidas de controle do espaço aéreo. Eis a transcrição:

Em razão da possibilidade de interferência entre as trajetórias das munições e o emprego de aeronaves, a coordenação entre os meios de fogo superfície-superfície e os usuários do espaço aéreo deve ser permanente.

Para essa coordenação são estabelecidas medidas de coordenação e controle do espaço aéreo (MCCEA), descritas em manual específico, que devem ser de conhecimento de todos os usuários do espaço aéreo e dos participantes dos sistemas de apoio de fogo. (EB20-MC-10.206, p. 3-12).

Diante disso, no caso do Sistema Astros 2020 empregado com MTC, cabe também analisar-se, brevemente, as MCCEA. De fato, elas abordam como o nível operacional conjunto entende que devam acontecer essas necessárias coordenações.

Fora do território nacional, o Cmt Op Cj delegará ao Comandante da Força Aérea Componente (CFAC) ou, eventualmente a outro

(21)

Comandante que ele considere mais adequado, conforme a missão atribuída, duas tarefas intimamente relacionadas, quais sejam: a Coordenação e Controle do Espaço Aéreo e o planejamento da Defesa Aeroespacial na AR.

Quando parte da área de responsabilidade estiver localizada dentro do território nacional, o Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA) delegará à FAC, por meio de acordo operacional, a responsabilidade sobre a Defesa Aeroespacial. (MD33-M13, 2014, p. 14 - 15).

Observando esse trecho do manual, vê-se, claramente, que cabe ao COM TO delegar as responsabilidades sobre as MCCEA, restando estas, normalmente, à Força Aérea Componente (FAC).

Ademais, a FAC, por meio de uma Autoridade do Espaço Aéreo (AEA), do Comando da Aeronáutica, estabelece os procedimentos de coordenação, controle e integração no uso do espaço aéreo, no TO. Essa AEA poderá determinar o estabelecimento de volumes parciais, contidos na área geográfica do TO (MD33-M13, 2014, p. 19).

Esses volumes ou outras medidas não padronizadas são exigíveis no caso de utilização do MTC, justamente pela rota e trajetória do míssil, que passa no espaço sobre parte da ZA, da ZC e no território onde se encontra o alvo, aquém ou além de uma linha de coordenação, por exemplo.

A partir desses pressupostos, o manual trata as seguintes medidas como passíveis de utilização no TO: rotas, corredores, áreas, zonas, volumes, linhas, pontos e outras medidas. São elas:

Rotas Air Traffic Service - ATS (RATS) - são rotas bidirecionais que podem iniciar na ZD (ou ZI), cruzando a área de retaguarda ou espaços adjacentes da Zona de Combate (ZC), especificadas de acordo com a necessidade, para proporcionar serviços de tráfego aéreo. [...]

Rotas de Circulação Operacional Militar - COM (RCOM) - são rotas bidirecionais estabelecidas para que as aeronaves possam trafegar entre a ZD (ou ZI) e a Zona de Administração do TO ou o correspondente de uma AOp, sem serem engajadas pela Defesa Aérea de qualquer uma dessas áreas. [...]

Rotas de Trânsito (RT) - são rotas bidirecionais estabelecidas para propiciar a identificação por procedimentos, principalmente no retorno de uma missão. [...]

Rota de Risco Mínimo (RRM) - são rotas bidirecionais estabelecidas para o uso de aeronaves, tripuladas ou não, de caráter temporário, permitindo o trânsito entre a área de retaguarda, áreas de retaguarda das brigadas e as áreas de ação.

(22)

Rotas Padrão de Aeronaves do Exército (RPAE) - são rotas bidirecionais estabelecidas abaixo da altitude de coordenação para o uso das aeronaves de asas rotativas do exército, normalmente associadas à área de atuação de uma brigada e não requerem solicitação de autorização constante por parte da AEA.

[...]

Corredores de Trânsito (CT) - são espaços aéreos condicionados estabelecidos para permitir que as aeronaves amigas cruzem da área de retaguarda até a linha de contato, com risco mínimo. [...]

Corredores Especiais (CE) - são espaços aéreos condicionados estabelecidos para atender necessidades especiais de missões específicas.

Corredor de Segurança (CSEG) - são espaços aéreos condicionados estabelecidos para permitir que as aeronaves amigas, com problemas nos meios de comunicação ou de identificação eletrônica (IFF ou enlace de dados), ao ingressarem nos VRDA-Ae, tenham sua segurança garantida por outros meios que não os eletrônicos.

[...]

Áreas de Busca e Salvamento (ASAR) - é uma ZOR destinada às missões de Busca e Salvamento e CSAR;

Área de missões eletrônicas (ARME) - é uma ZOR destinada ao emprego de aeronaves executando ações de ataque ou apoio eletrônico;

Área de apoio aéreo aproximado (AAPR) - é uma ZOR destinada à espera de aeronaves que serão empregadas em missões de apoio aéreo aproximado (cobertura);

Área de sobrevoo proibido (ASP) - é uma ZOR destinada a inibir o sobrevoo de uma área especificada;

[...]

Zona de Engajamento de Mísseis (ZEM) - é uma ZOR destinada ao engajamento de mísseis. Define a zona de engajamento de um sistema de armas amigo específico. A ZEM proporciona, aos usuários do espaço aéreo, informações sobre engajamento de mísseis para o planejamento de missões. Esta é uma medida empregada pelos meios navais.

Zonas de Operações Prioritárias (ZOP) - é uma ZOR destinada à operação prioritária de um determinado usuário do espaço aéreo, devendo ser evitada pelos demais usuários quando ativada. Pode ser utilizada para emprego de artilharia, operações aeromóveis, operações especiais, etc.

Zona de Responsabilidade Operacional (ZRO) - é o volume que define o limite de responsabilidade operacional entre órgãos de

(23)

controle de qualquer FCte.

Zona de Transferência (ZT) - é o volume comum a duas Zonas de responsabilidade Operacional.

Zona de Identificação da Defesa Aeroespacial (ZIDA) - é a zona onde todos os movimentos aéreos deverão ser classificados pela Defesa Aeroespacial, estando, a partir daí, sujeitos às Medidas de Policiamento do Espaço Aéreo a serem determinadas pelo COMDABRA.

[...]

Volumes Regionais de Coordenação do Espaço Aéreo (VRCEA) - quando a situação exigir, a AEA poderá delegar volumes para outras Forças Componentes, por períodos determinados, de acordo com as necessidades da estratégia adotada, a fim de permitir liberdade de ação suficiente para sua manobra. Volume de Responsabilidade da Defesa Antiaérea (VRDA Ae) - É a porção do espaço aéreo sobrejacente a uma defesa antiaérea, onde vigoram procedimentos específicos para o sobrevoo de aeronaves amigas e para o fogo antiaéreo.

[...]

Linha de Postura IFF (Identification Friendor Foe - IFF) -

esta medida determina a linha para acionar ou desligar o equipamento IFF.[...]

Linha de Sincronização da Zona de Combate (LSZC) - corresponde à linha que define o limite mais avançado da área de responsabilidade da Força Terrestre Componente. A LSZC define dentro da Zona de Combate as áreas de responsabilidade entre a FTC e a FAC. Esta linha poderá sofrer alterações no decorrer das operações conjuntas.

[...]

Portões de Entrada/Saída (PES) - um portão de entrada/saída é um ponto pelo qual uma aeronave deverá passar, a fim de prosseguir ou sair de uma base de operações de aeronaves, incluindo aquelas com base em navios.

Bullseye (BE) - ponto de referência geográfico estabelecido, a partir do qual a posição de qualquer objeto pode ser referenciada. [...]

[...]

Altitude de Coordenação (AC) - medida estabelecida para aumentar a segurança operacional e evitar conflitos entre aeronaves de alto e baixo desempenho em altitudes mais baixas. (MD33-M13, 2014, p. 49 - 59).

Observe-se que nenhuma delas trata especificamente da utilização de MTC. No entanto, algumas, com adaptações, podem ser utilizadas.

(24)

Do mesmo modo, o manual C 44-1 (em revisão), Artilharia Antiaérea, do Exército Brasileiro (EB), ainda em vigor, destaca medidas de coordenação de artilharia antiaérea e outras que influenciam na atuação desse elemento de combate e na dos demais usuários do espaço aéreo, destacam-se: Volume de Responsabilidade de Defesa Antiaérea (VRDA Ae), Corredores de Segurança, Rotas Padrão de Aeronaves do Exército, Zona de Vôo Proibido (ZVP)e o Espaço Aéreo Restrito (EAR)(C 44-1, 2001, p.3-21 – 3-34).

Essas medidas encontram identidade naquelas tratadas no MD33-M13, ainda que possa haver, em alguns casos, pequenas diferenças de nomenclatura.

Há que se citar ainda, que a minuta do novo manual de Artilharia Antiaérea de 2014, que substituirá o C 44-1, não traz em seu texto a menção de MCCEA, certamente porque já foram tratadas em outros manuais, sejam do Ministério da Defesa (MD) ou da Força Aérea Brasileira (FAB).

Dessa maneira, é possível verificar que grande parte dessas medidas geram limitações ao emprego do Sistema Astros 2020 dotado do MTC. Igualmente, a recíproca é verdadeira, o uso do MTC impõe restrições a todos os demais usuários do espaço aéreo e terrestre do TO. Ou seja, na prática, isso leva a requerer, possivelmente, outra medida de coordenação para cumprir, com eficiência e segurança,missões de tiro a serem realizadas com esse meio de apoio de fogo.

Ratificando o que foi dito sobre a coordenação, esse aspecto do estabelecimento de MCAF e MCCEA é crucial ao exame da questão. A exemplo, um Grande Comando Operativo, através de seu ECAF, coordena os tiros de artilharia entre as Brigadas. Se os tiros envolverem dois Grandes Comandos Operativos, quem coordena é a FTC. Assim também, quando o tiro ultrapassa o escalão FTC, envolvendo mais de uma Força Componente (F Cte), como a FAC ou a FNC, terá que ser coordenado por um comando superior, o que aponta para um coordenador do apoio de fogo no nível Estado-Maior Conjunto. Assim como não é a Bda que coordena com a Bda ao seu lado, não parece ser conveniente que a FTC, coordene diretamente com a FAC. Melhor fazê-lo quem vê o todo, o próprio TO. Esse trabalho já foi demonstrado, será realizado pelo D3, pelo D5 e pelo GCAF (Grupo de Coordenação de Apoio de Fogo), no Cm do Cj, principalmente, sob a autoridade do COM TO.

No que tange às medidas de coordenação, esse tiro terá que ser coordenado com a FAC, a exemplo, porque poderá ultrapassar uma LCAF e, então, serão dois atuadores além dessa linha; ou poderá ser aquém da LCAF e então serão outros tantos atuadores.

Assim, fala-se em LCAF, dizendo que além dela os tiros não necessitariam de coordenação. No entanto, essa regra pode ser flexibilizada diante da utilização do MTC, que alcança alvos a até 300 km e 1 km de altura no início de sua trajetória. Esses alvos, diga-se, são aqueles que subiram inclusos nas diversas Listas de Alvos, chegando, provavelmente, após um grau minucioso de prioridade, à designação na LIPA.

(25)

Ao pensar-se então, em como realizar o apoio de fogo com o MTC, de modo eficiente e seguro, cumpre verificar que se tem a necessidade de outra específica forma de coordenar. Não se está a impor, mas sim a trazer à baila a necessidade de se pensar em algo como uma provável Linha de Coordenação de Mísseis (LCM). Ela poderá ser aquém, coincidente, ou além da LCAF. A linha anterior na direção amigo-inimigo, seja qual for, indicará a coordenação necessária entre todos os usuários do TO.

Não se pode afirmar que a LCAF será mais profunda,sob pena de limitar-se demais o emprego da FAC em áreas a distâncias maiores que o alcance da maior artilharia de campanha de tubo presente e menores que o do MTC, por exemplo. Nem tampouco, é possível afirmar-se que a LCAF estará aquém da aqui chamada LCM, dependendo tudo da situação.

Daí que, sob quaisquer circunstâncias, o conceito será definido pelas duas linhas, das seguintes formas:

– O espaço do TO aquém da primeira, de uso de todos os meios de apoio de fogo, será de coordenação permanente;

– O espaço entre a LCM como primeira linha e a LCAF como segunda, provavelmente pouco será empregado, pois sendo o MTC o maior alcance da artilharia de campanha, acabará por ser coincidente com a própria LCAF; salvo houvesse fogo naval a ser empregado na mesma área; e – O espaço entre a LCAF como primeira linha e a LCM como segunda, será

de coordenação necessária no nível TO, e seria liberatório além da LCAF à FAC e restritivo além da LCM ao emprego do MTC; caso se pensasse em não se traçar a LCAF mais curta se estaria colocando a mesma a distâncias, por vezes exageradas, até 300 quilômetros, por exemplo, restringindo-se desnecessariamente o fogo aéreo.

– O espaço além da última linha continuará sendo aquele onde a coordenação não é mais necessária, pois apenas um dos usuários pode atuar, qual seja a FAC (além de 300 quilômetros), por exemplo.

– Além dessa medida, haverá que se ter outra, que marque a rota e a trajetória segura do míssil, porém com um viés restritivo à utilização do espaço aéreo em determinado tempo e espaço. Poderá ser um Corredor de Interdição do Espaço Aéreo (CIEA), por exemplo, que parta da posição de bateria, passe sobre da LP/LC ou LAADA e abranja o alvo. Devido ao alcance do MTC, poderá essa rota ser segmentada, ativando-se ou se desativando partes já ultrapassadas. Seu desenho será semelhante a um longo corredor de segurança, com especificações de altitude, largura a partir do centro, horário de vigência, porém com finalidade de vedação à utilização do espaço aéreo por outros meios, que não o míssil.

Quanto à área do alvo, a QI parece cumprir esse papel sem a necessidade de outros ajustes.

(26)

Ou seja, todas essas medidas de coordenação só ratificam ser o nível conjunto, o mais indicado a subordinar-se o Astros 2020, sobretudo quando utilizando o MTC.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Astros 2020, dotado de MTC, é, sem dúvida um elemento dissuasor por excelência, agregando essencial e necessário poder de combate para o comandante do Teatro de Operações intervir em uma campanha, por isso a subordinação a esse nível, como um Comando de Artilharia pode ser a opção mais viável. É possível considerá-lo, primordialmente, como uma arma estratégica. Sua atuação como capacidade crítica das forças amigas é fator de desequilíbrio no combate, podendo trazer atingir, diretamente, o centro de gravidade inimigo, tirando-lhe as possibilidades de resistir.

As razões para isso foram esboçadas ao longo deste trabalho. Infere-se, que a logística é, normalmente, provida de Ba Log Cj ou GT Log, estruturas existentes no TO e sob coordenação do CLTO (Comando Logístico do Teatro de Operações). O fluxo logístico, na maioria das vezes, não virá de uma BLT, que possivelmente estará desdobrada mais a frente, em apoio ao(s) Grande(s) Comando(s) Operativo(s). Além disso, o desdobramento deve se dar, sobretudo, na ZA (maior faixa do terreno disponível), ou no mínimo na área de retaguarda da ZC (a partir de 30 quilômetros da LC/LP ou LAADA).

No mesmo sentido, é possível inferir, também, que a coordenação do apoio prestado pelo Astros se dá no mais alto nível da operação, qual seja o TO, sob coordenação do EM Cj e com o aval do COM TO, durante as reuniões de coordenação. Adjudica-se a isso o fato de que a natureza do salvos a serem batidos, ditos de grande importância, podem refletir-se nos próprios centros de gravidade do inimigo, seja ele estratégico, operacional ou tático. E, adere também, a questão das MCAF e MCCEA, que devem ser elaboradas no sentido de simplificar o emprego do material, dando segurança e eficiência, com otimização do tempo e do espaço de coordenação e com a minimização das restrições às F Cte estabelecidas com esse fim, junto ao EM Cj, no TO.

Assim, é permissivo concluir que a coordenação não é impedida pela subordinação à FTC. Basta coordenar-se que se chegará ao resultado esperado. No entanto, a necessidade de se coordenar essa subordinação, com uma logística que atua no nível conjunto, com seus meios desdobrados normalmente na ZA, com o emprego coordenado pelo EM Cj e decidido pelo COM TO, com alvos importantes e estratégicos à campanha, com medidas de coordenação que requerem agilidade e flexibilidades às F Cte, sem comprometer a segurança e a eficiência do apoio, aparentemente, torna mais complexa, menos eficiente, rápida e segura a opção de subordinação do Astros 2020, dotado de MTC, à FTC.

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Portanto, pensa-se como opção mais viável, a que aqui se procurou vislumbrar, qual seja a de que o material dotado de mísseis de cruzeiro deve ser subordinado ao próprio COMTO, na forma, quiçá, de um Comando de Artilharia Estratégica. Afinal, quanto mais graus de coordenação forem necessários, mais limitado será o emprego do MTC.

Ademais, armas de semelhante emprego, como os mísseis Tomahawk (EUA), IAI-LORA (Israel), Roketsan-SOM (Turquia), DRDO-Brahmos (Índia) e MBDA-Perseus (UK e França), são consideradas estratégicas e empregadas como um comando próprio por seus países de origem.

Derradeiramente, por ser o Astros 2020 e seu MTC a mais nova arma estratégica brasileira, cumpre pensar, sem desmerecer a possibilidade de subordinação à FTC, como opção considerável e que será poderá ser requerida na maioria das vezes, a de ver essa nova capacidade da Defesa Nacional, sob a subordinação direta ao COM TO. É uma sugestão possível, a se pensar.

REFERÊNCIAS

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Recebido em: 14 set. 2016; Aprovado em: 21 maio 2017.

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Figura 1 – Caminho das listas de alvos e dos planos de fogos

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