• Nenhum resultado encontrado

Forma atáxica de mielinólise pôntica e extrapôntica : estudo baseado num caso clínico

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Forma atáxica de mielinólise pôntica e extrapôntica : estudo baseado num caso clínico"

Copied!
27
0
0

Texto

(1)

   

Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa 

Trabalho Final de Mestrado Integrado em Medicina 

         

F

ORMA

 A

TÁXICA

 

DE

 M

IELINÓLISE 

P

ÔNTICA E 

E

XTRAPÔNTICA 

 

Estudo baseado num caso clínico

             

Chelsea Cora Costa Araújo Gysin 

Orientador: Dr. Válter R Fonseca 

Coordenador: Professor Doutor Rui M M Victorino 

  Clínica Universitária de Medicina II  2015 / 2016   

(2)

RESUMO 

   

Introdução. A mielinólise pôntica (MP) e extra­pôntica (MEP) constituem síndromes de        mielinólise osmótica que ocorrem habitualmente durante a correção excessivamente rápida        da natremia em doentes com factores predisponentes, como o alcoolismo.  

 

Caso Clínico  . Doente do sexo masculino, 40 anos, com hábitos alcoólicos exclusivamente        sob a forma de cerveja, sem antecedentes de relevo, é internado por Insuficiência Renal        Aguda acompanhada de Infecção do Tracto Urinário e Hiponatrémia ([Na                  +​] 100mEq/L)   

Hiposmolar Hipovolémica associada a nistagmo horizonto­rotatório e ataxia apendicular        ligeira. Foi iniciada terapêutica dirigida incluindo correcção da natremia, dado os sinais        neurológicos, com solução salina hipertónica, obtendo­se [Na            +​] 129mEq/L em 72 horas.         

Após se ter verificado melhoria clinica e laboratorial o doente teve alta mas desenvolveu,        em ambulatório, ataxia da marcha com impossibilidade de marcha autónoma e foi        novamente internado. A ressonância magnética mostrou lesões compatíveis com MP e        MEP. O doente recuperou sem sequelas neurológica após reabilitação motora prolongada.   

ConclusãoO caso clinico apresentado descreve a ocorrência de MP e MEP no contexto de       

Beer Potomania com manifestações predominantemente atáxicas. Este caso sublinha os        aspectos fisiopatológicos específicos da MP e MEP no contexto da       Beer Potomania e a        particularidade das manifestações atáxicas que são raras e pouco reconhecidas na        desmielinização osmótica. 

   

(3)

ABSTRACT 

Introduction. Central pontine myelinolysis (CPM) and extrapontine myelinolysis (EPM)        are osmotic demyelination syndromes occuring during excessively fast correction of        natremia. It usual develops in patients with predisposing factors like alcoholism. 

Clinical Case.     A 40­year­old patient with a history of alcoholism, drinking only beer,        without any other previous medical condition, was admitted because of acute renal        insufficiency, urinary tract infection and hiposmolar hipovolemic hiponatremia ([Na                +​] 

100mEq/L) associated with ataxia and horizontal­rotatory nistagmus. Targeted therapy was        initiated, including controlled sodium correction with hypertonic saline infusion, reaching        [Na+​] 129mEq/L after 72h. He was discharged after clinical improvement. After some days                         

the patient developed severe walking ataxia, making autonomous walk impossible, and was        re­admitted. Brain MRI revealed lesions compatible with CPM and EPM. After prolonged        rehabilitation he recovered completely.

Conclusion. The clinical case presented describes CPM and EPM in the context of      Beer   Potomania with predominantly ataxic manifestations. This case points out the specific        pathophysiological mechanisms of CPM and EPM in the context of       Beer Potomania  .  Additionally, this case illustrates that CPM and EPM could present with ataxic        manifestations, which are rarely reported in osmotic demyelination syndromes. 

(4)

INTRODUÇÃO

 

 

A Mielinólise Pôntica (MP) é caracterizada pela perda de oligodendrócitos e mielina na        região central da protuberância. A Mielinólise Extrapôntica (MEP) atinge a substância        branca do cerebelo, corpo geniculado externo, putámen, tálamo, hipocampo e zona        subcortical do telencéfalo. A MP e a MEP são conjuntamente denominadas “Mielinólise        Osmótica” (MO). Estas entidades são geralmente causadas por desequilíbrios osmóticos        súbitos, como acontece nas situações de correcção rápida da hiponatrémia. Contudo, a        probabilidade de desenvolvimento de MO no decurso da correcção da hiponatrémia é maior        em doentes com condições predisponentes, como o alcoolismo. A hiponatrémia ([Na                    +​] 

inferior a 135 mmol/L) é considerada aguda se se desenvolver em menos de 48h e        habitualmente manifesta­se com sintomas neurológicos potencialmente graves. Por outro        lado, a hiponatrémia que se desenvolve em mais de 48h é considerada crónica e associa­se        a um maior risco de MO (1­4).  

 

Epidemiologia, Factores de Risco e Etiologia 

A incidência da MO não é conhecida mas parece atingir preferencialmente indivíduos do        sexo feminino. Embora a hiponatrémia seja um evento comum, a MO raramente ocorre na        ausência de outras patologias significativas, a MO ocorre principalmente num número        restrito de situações clínicas, nomeadamente em situações concomitantes de alcoolismo        (verificado em 40% dos casos de MO), desnutrição e pós­transplantação hepática (em 29%        dos casos) (5    ). Apesar de menos frequentes outras condições clínicas podem associar­se a        risco de desenvolvimento de MO, como por exemplo, o       uso prolongado de diuréticos, a          polidipsia psicogénica; as grandes queimaduras; na hiperemese gravídica, na anorexia        nervosa, na síndrome de Wilson, no lúpus eritematoso sistémico ou após cirurgia        hipofisária, urológica ou ginecológica, especialmente se envolver injecção de glicina       (5).  Curiosamente, a MO é rara na presença de desequilíbrios osmóticos complexos, como        acontece na diabetes mellitus ou nas situações de hemodiálise.       A hiperglicémia pode    também ser um factor etiológico de MO, como descrito em alguns trabalhos mais recentes       

(5)

(6). Alguns estudos reportam também casos de MO associados a hiponatrémia no contexto        de síndrome de secreção inapropriada de hormona anti­diurética (SIHAD) associado a        fármacos, como os antidepressivos (ISRS, clomipramina e imipramina) e a carbamazepina        (7,8). Finalmente, embora seja raro, a       MO também pode acompanhar a correcção rápida da        hipernatrémia ou durante a instalação aguda de hipernatrémia (9,10).  

 

Mecanismos Fisiopatológicos 

A fisiopatologia da MO não está completamente estabelecida, mas o stress osmótico        verificado em situações de desadaptação osmótica do sistema nervoso central (SNC) parece        ser um factor etiopatogénico transversal a todas as situações de MO. O modelo actualmente        aceite para a fisiopatologia da MO é o estudado para os casos de MP e MEP verificados        após normalização repentina da natrémia em doentes com hiponatrémia crónica. Contudo,        existem certamente outros factores etiopatogénicos uma vez que, como já referido, existem        casos de MP e MEP noutros contextos clínicos. 

Quando se verifica diminuição da osmolalidade sanguínea (como na hiponatrémia) o fluxo        osmótico do espaço extra para o espaço intracelular causa edema celular. As células do        SNC são particularmente susceptíveis às alterações osmóticas, pelo que o edema é        predominantemente neuronal. O grau de edema e sinais neurológicos consequentes        dependem tanto da velocidade da instalação do desequilíbrio osmótico quanto da duração e        magnitude da hipotonicidade. Nas situações crónicas de hiponatrémia as células do SNC        iniciam um processo de adaptação através do efluxo de solutos, designados osmólitos,        como o inositol, a taurina e a glutamina, limitando o edema cerebral e garantindo a sobre        vida e função celular. Contudo, esta adaptação torna o SNC vulnerável a consequências        graves quando os desequilíbrios osmóticos que iniciaram a resposta adaptativa são        corrigidos a uma velocidade que não permite o restabelecimento concomitante dos solutos.        De facto, quando a hiponatrémia é corrigida rapidamente verifica­se uma retracção celular        com perda súbita de volume intracelular condicionando o aparecimento de stress osmótico        e consequentemente MO (11­22). 

Macroscopicamente, a MO é caracterizada por zonas de escurecimento granular ou        descoloração acinzentada na base pôntica, com bordos irregulares. Microscopicamente, as       

(6)

lesões consistem em zonas esféricas circunscritas de desmielinização, com perda de        oligodendrócitos, hiperplasia de astrócitos e micróglia, mas sem destruição dos corpos        neuronais ou axónios. Estudos imunohistoquímicos corroboram a desmielinização, por uma        menor imunorreactividade das lesões para a proteína básica da mielina (      myelin­associated  glycoprotein carbonic anhydrase C)      , e uma abundante infiltração de células da micróglia,        com activação de citocinas pró­inflamatórias nas lesões activas (23­25). 

Os oligodendrócitos são o principal tipo celular atingido pelo stress osmótico, sofrendo        degeneração e apotose e a sua organização em “grelha” na protuberância justifica, pelo        menos em parte, a selectividade da MO para esta região, uma vez que esta citoarquitectura        é mais susceptível a lesão osmótica. A disrupção da barreira hematoencefálica permite uma        libertação de factores do complemento, citocinas e outros mediadores inflamatórios,        contribuindo para a patogénese da MO. Os astrócitos que apresentam hiperplasia na        avaliação histológica das lesões de MO parecem também estar envolvidos na patogénese da        MO, uma vez que estão envolvidos na manutenção da barreira hematoencefálica e no        controlo da osmolalidade e volume do SNC, através de canais de membrana designados        aquaporina­4. Um estudo recente mostrou uma redução da quantidade de canais de        aquaporina em astrócitos humanos quando submetidos a condições de stress osmótico        (26­28). 

 

Manifestações Clínicas 

Embora a MP e a MEP apresentem a mesma etipoatogenia as suas manifestações clínicas        são distintas. Os estudos indicam que a MP ocorre isoladamente em cerca de metade dos        casos, e em 3/5 dos casos a MP acompanham­se de MEP, verificando­se a ocorrência de        MEP isolada em 2/5 dos casos (29).  

O curso clínico é difásico, inicialmente os sintomas de hiponatrémia predominam o quadro        clínica que, nesta fase é caracterizado por encefalopatia      com letargia, confusão,      deterioração cognitiva, perturbações da marcha, náuseas e vómitos, e nas situaçãoes mais        graves crises convulsivas generalizadas.       Em seguida, e durante a correção da hiponatrémia,        verifica­se uma recuperação clínica rápida. Nos casos em que a MO se desenvolve, alguns        dias após a correção da hiponatrémia surgem os primeiros sintomas específicos da       

(7)

desmielinização osmótica. A MP manifesta­se por disartria e disfagia (secundária ao        envolvimento corticobulbar), tetraparésia ou tetraplegia (devido ao envolvimento        corticoespinal) inicialmente flácida e depois espástica. Se a desmielinização se estender ao        tegmento pôntico, podem ocorrer alterações pupilares e oculomotoras e, nas situação mais        graves, podem registar­se alterações da consciência com síndrome       locked­in . Na MEP,    dada a topografia das lesões, podem ocorrer manifestações comportamentais e        psiquiátricas, bem como motoras, nomeadamente sintomas parkinsónicos, distonia e        catatonia. A apresentação clínica de MEP pode evoluir ao longo do tempo, com remissão        ou progressão dos sintomas agudos e aparecimento      de  manifestações tardias. As      manifestações agudas podem beneficiar de tratamento com agonistas dopaminérgicos, ao        contrário das manifestações tardias, que habitualmente progridem apesar do tratamento. A        melhoria da sobrevivência dos doentes com MO verifica nas últimas décadas, devido ao        mais seguro tratamento da hiponatrémia e às novas alternativas terapêuticas, bem como à        melhoria dos cuidados de suporte, tem justificado um aumento da incidência das        manifestações tardias da MEP (30­32). 

 

Diagnóstico 

O diagnóstico de MP e MEP baseia­se no aparecimento de sinais neurológicos específicos,        como os já descritos, num doente com factores predisponentes e hiponatrémia em        correcção. 

A ressonância magnética (RM) é o exame complementar de diagnóstico de primeira linha.        A MP é caracterizada por lesões simétricas na protuberância, em tridente ou em forma de        “asa de morcego”, hipointensas em T1 e hiperintensas em T2. As lesões de MEP são        também simétricas, estendendo­se a partir         da região central     da base pôntica, podendo        atingir o tegmento, mesencéfalo, corpo geniculado, e mais raramente o bulbo raquidiano.        Nas formas mais extensas as lesões da MEP têm a forma de duas pirâmides adjacentes, com        base na origem dos nervos trigémeos. Os locais frequentemente afectados na MEP são: o        cerebelo, a cápsula externa e extrema, o hipocampo, o putámen, o córtex cerebral, a zona        subcortical do telencéfalo, o tálamo e o núcleo caudado. O claustro, cápsula interna, lamela       

(8)

medular interna, e os corpos mamilares podem também ser, mais raramente (menos de 10%        dos casos) afectados (33,34).  

Nenhum outro exame complementar de diagnóstico é suficientemente específico e sensível        para o diagnóstico definitivo de MO. Ainda assim foram descritas alterações no líquido        céfaloraquidiano e no electroencefalograma nos doentes com MP e MEP. O líquido        céfaloraquidiano pode apresentar um aumento da pressão hidrostática e do teor em        proteínas, bem como pleiocitose mononuclear ligeira. O electroencefalograma pode        demonstrar um padrão de lentificação bihemisférica difusa. 

  Tratamento 

O tratamento da MO é habitualmente de suporte, ainda que tenham sido ao longo das        últimas décadas tentadas várias abordagens farmacológicas. 

 

Dexametasona. Alguns estudos demonstraram, em modelos animais, que os esteróides        (como a dexametasona) podem apresentar um efeito protector na indução e progressão da        desmielinização osmótica, se administrados antes da correcção da hiponatrémia. O efeito        terapêutico dos esteróides parece estar relacionado com a estabilização da barreira        hematoencefálica, redução do edema e lesão dos oligodendrócitos, e acção        anti­inflamatória. Contudo, a evidência científica disponível não é suficientemente robusta        para recomendar estar medida farmacológica nestes doentes (35,36). 

 

Osmólitos Orgânicos  . Vários estudos evidenciam um papel importante dos osmólitos        orgânicos, como o mioinisotol, a taurina e o glutamato na patogénese da MO. Em modelos        experimentais, as regiões do cérebro mais lentas a recuperar estes osmólitos são as mais        afectadas por mielinólise após uma rápida correcção da hiponatrémia. Pensa­se que os        osmólitos orgânicos possam actuar na patogénese da MO como factores protectores já que        estão envolvidos na diminuição da desidratação celular e endotelial na barreira        hematoencefálica, prevenindo a sua disrupção, para além de apresentarem propriedades        anti­apoptóticas. O mioinositol tem um perfil de segurança excelente em humanos e está a        ser estudado como terapêutica adjuvante para a hiponatrémia.         Aurémia parece ter um papel         

(9)

protector contra a mielinólise, estando associada com uma rápida recaptação de osmólitos        orgânicos no sistema nervoso central. A MO não ocorre com frequência nos doentes        hemodialisados. Os mecanismos deste efeito não estão esclarecidos, mas pensa­se que a        ureia, dada a sua osmolalidade, possa estar envolvida (37­42).  

 

Plasmaferese. Alguns estudos sugerem que a plasmaferese pode ser benéfica em doentes        com MO associada a uma correcção rápida da hiponatrémia. Esta acção terapêutica parece        estar relacionada com a redução da concentração sérica de substâncias mielotóxicas de        elevado peso molecular. Contudo, mais uma vez, a evidência científica não é        suficientemente robusta para recomendar estar medida farmacológica nestes doentes        (43,44). 

Prevenção  

Dado o prognóstico da MO e as poucas alternativas terapêuticas, a prevenção da MO deve        ser considerada a melhor estratégia na abordagem destes doentes. Actualmente o      s  algoritmos terapêuticos de hiponatrémia são muito claros e rigorosos relativamente a este        aspecto. Podem­se resumir as recomendações internacionais sobre o tratamento da        hiponatrémia, no que concerne à prevenção da MO, da seguinte forma: a) Para a        hiponatrémia grave ([Na    +​] inferior a 120mmol/L) e sintomática recomenda­se a soroterapia                 

com solução salina hipertónica, com o objectivo de aumentar a natrémia 6 mmol/L nas        primeiras 24 horas (sem exceder 12 mmol/L) e 8 mmol/L adicionais a cada período de 24h        subsequente, até a natrémia atingir 130 mmol/L; b) Nos casos de SIADH recomenda­se a        restrição de fluidos (500 mL/d abaixo do volume urinário diário), se não se verificar        normalização da natrémia após 24 a 48 horas, pode ser tentada a terapêutica com vaptanos;        c) Nos casos de hiponatrémia hipovolémica recomenda­se a soroterapia com solução salina        a 0,9% a 0,5­1,0 mL/kg/hora; d) Nos restantes casos não se recomenda a utilização de        soluções salinas hipertónicas.     Apesar do cumprimento rigoroso destas recomendações a        MO pode desenvolver­se, especialmente em pacientes alcoólicos e malnutridos (45). 

  Prognóstico 

(10)

A taxa de mortalidade da MO é cerca de 24,8%, mas tem diminuído ao longo das últimas        décadas. Nos casos de MO associada a       hipernatrémia a mortalidade é superior a       50%. As    sequelas neurológicas de MP podem ser graves, como o síndrome       locked­in ou tetraparésia,      e as de MEP consistem principalmente em tremor e ataxia.       As complicações mais      frequentes da desmielinização osmótica são comuns às da hospitalização prolongada e        incluem: necessidade de ventilação, pneumonia de aspiração, trombose venosa profunda e        embolia pulmonar, úlceras de decúbito, infecções do tracto urinário, e atrofia muscular. 

Apesar de rara, a remissão quase total ou total dos sintomas é possível. Uma revisão        sistemática da literatura permitiu concluir que mais de metade (51,9%) dos casos de MP e        MEP têm uma boa recuperação, embora seja lenta (46­­51). 

 

O presente trabalho apresenta um caso clínico de MP e MEP no contexto de       Beer   Potomania com manifestações predominantemente atáxicas. Este caso sublinha os aspectos        fisiopatológicos específicos da MP e MEP no contexto da      Beer Potomania e a        particularidade das manifestações atáxicas que são raras e pouco reconhecidas na        desmielinização osmótica. 

(11)

CASO CLINICO

   

Doente do sexo masculino, 40 anos de idade, caucasiano, com hábitos alcoólicos (consumo        de 150 a 200 gramas de álcool por dia, exclusivamente sob a forma de cerveja) e tabágicos        (30 UMA), sem antecedentes pessoais, familiares ou epidemiológicos relevantes, inicia        quadro agudo de disúria, polaquiúria, tenesmo vesical e desconforto hipogástrico, sem        outros sintomas acompanhantes. Por esta razão foi medicado pelo seu médico assistente        com Cotrimoxazol após o diagnóstico presuntivo de Infecção do Tracto Urinário. Apesar de        ter verificado uma melhoria dos sintomas referidos, após uma semana desenvolveu        anorexia não selectiva, astenia e adinamia acompanhadas de diminuição gradual do débito        urinário. Desde o início dos sintomas que o doente não apresentava consumos alcoólicos.        Dada a persistência dos sintomas durante a semana seguinte, o doente recorreu ao hospital        onde ficou internado por Insuficiência Renal e Hiponatrémia Hiposmolar Hipovolémica.    

Do exame objectivo, inicial, destaca­se idade aparente superior à real, desnutrido, sem        febre, TA 79/50 mmHg, FC 84 bpm, eupneico em repouso, mucosas descoradas e        desidratadas, sem alterações na observação torácica e com dor ligeira à palpação difusa do        abómen, sem outros achados relevantes na observação abdominal. Do ponto de vista        neurológico destaca­se nistagmo horizonto­rotatório não extinguível na levoversão do olhar        e ataxia apendicular (dismetria ligeira dos quatro membros e marcha de base alargada).    

A avaliação analítica inicial mostrou, como dados relevantes, leucocitose (17,070 x 10                      9​/L) 

com neutrofilia (15,020 x 10        9​/L), PCR 1,8mg/dL, elevação da creatinina sérica (3,0mg/dL)               

e da ureia (149 mg/dL), hiponatrémia (100mEq/L) hiposmolar (259mOsmol/kg),        hipercaliémia (7,3mEq/L), hiperuricémia (14,9mg/dL), hiperfosfatémia (8,0mg/dL),        hipermagnesiémia (2,9 mEq/L), ligeira elevação das provas hepáticas com padrão citolítico        (ALT 70 U/L, AST 28 U/L, GGT 89 U/L, bilirrubina 0,8 mg/dL e albumina 3,6 g/dL      ). A    gasimetria arterial mostrou a presença de aci      dose metabólica (pH 7,41; paCO         2 22,5 mmHg;    paO2 98,9 mmHg; HCO    3 18,2 mmol/L; Lactatos 12 mmol/L), O exame sumário da urina        mostrou a presença de leucocitúria e hematúria ligeiras, sem outros achados patológicos.       

(12)

Não foram documentadas alterações no electrocardiograma em repouso. A ecografia        abdominal e renal mostrou esteatose hepática, hipoecogenicidade pancreática difusa, rins        globosos com incipente hiperecogenicidade parenquimentosa, sem outras alterações do        aparelho urinário.  

 

Foram assumidos os diagnósticos de a) Infecção do Tracto Urinário (sem documentação de        agente infecioso), b) Insuficiência Renal Aguda Pré­renal e Renal, c) Hiponatréma        Hiposmolar Hipovolémica de evolução crónica, em provável contexto de       Beer Potomania  ,  com agravamento recente por diminuição de aporte hídrico e perdas. Perante estes        diagnósticos presumptivos foi iniciada terapêutica com antibioterapia empírica (Ceftriaxone        1g, EV, 12/12 horas), soroterapia com solução salina hipertónica, dada a gravidade da        hiponatrémia e a presença de sintomas atribuíveis a este desequilíbrio hidroelectrolítico,        para além de suporte vitamínico (Tiamina 10mg, PO, 24/24 horas) e nutricional.  

 

Foi iniciada investigação etiológica dirigida quer à Infeção do Tracto Urinário quer à        Hiponatréma Hiposmolar Hipovolémica. Do ponto de vista urológico a investigação        adicional excluiu o diagnóstico de Prostatite, bem como de patologia oncológica renal,        urotelial ou vesical. Do ponto de vista da investigação do desequilíbrio hidroelectrolítico        não se verificaram alterações na função tiroideia ou suprarrenal e não se verificaram        critérios analíticos para SIADH. Apesar do quadro neurológico poder ser, pelo menos em        parte explicado, pela hiponatrémia e/ou alcoolismo crónico o doente realizou tomografia        computorizada cranioencefálica que mostrou aspectos compatíveis com alcoolismo crónico,        nomeadamente atrofia cortical e subcortical difusas.  

 

Ao longo do internamento verificou­se melhoria clínica progressiva acompanhada de        evolução laboratorial favorável, tendo­se registado a correcção da natrémia para 129mEq/L        em 72 horas e a normalização da função renal. Ao quinto dia de internamento o doente        desenvolveu Síndrome Confusional Agudo caracterizado por acatísia, confabulação e        delírio persecutório, mas não foi encontrada nenhum etiologia específica para este quadro       

(13)

que melhour em cerca de 48 horas com terapêutica com Quetiapina 50mg, PO, 24/24 horas.        O doente teve alta após nove dias de internamento hospitalar.  

 

Nos dias seguintes o doente iniciou desequilíbrio progressivo da marcha que motivou novo        internamento hospitalar. Nesta altura o exame neurológico mostrou desorientação        temporoespacial, nistagmo horizonto­rotatório não extinguível em todas as posições do        olhar, com decomposição dos movimentos em sacadas, apagamento do SNG esquerdo,        sinal de   Hoffman positivo bilateralmente, mas sem alterações do tónus ou da força muscular        global ou segmentar, reflexos cutâneoplantares em flexão bilateralmente, sinais de ataxia        axial e apendicular, nomeadamente dismetria, adiadococinésia bilateral e marcha de base        alargada, impossível sem auxílio,       Romberg com oscilações laterais com latência, sem        alterações da sensibilidade. O doente realizou RM cranioencefálica que mostrou “atrofia        cortical e cerebelosa difusa com lesões hipointensas em T1 e hiperintensas em FLAIR na        protuberância, envolvendo as fibras centrais e poupando a periferia e as vias piramidais,        aspectos sugestivos de mielinólise pôntica, acompanhadas de alteração do sinal dos núcleos        da base de forma simétrica sugestiva de mielinólise extrapôntica” (Figura). A avaliação        analítica nesta altura não apresentava alterações significativas. 

 

Foi assumido o diagnóstico de         Mielinólise Pôntica e Extrapôntica com manifestações            predominantemente atáxicas. Durante o internamento hospitalar o doente realizou        reabilitação motora com melhoria gradual dos sinais neurológicos e teve alta após duas        semanas, com sequelas neurológicas ligeiras caracterizadas por disartria ligeira, dismetria e        adiadococinésia bilateral e marcha de base alargada, mas possível com auxílio.  

 

Durante o seguimento em ambulatório o doente manteve­se em abstinência e evoluiu        favoravelmente com recuperação completa dos sinais neurológicos.  

       

(14)

DISCUSSÃO

   

Álcool e Mielinólise Osmótica 

O álcool tem toxicidade directa sobre as células do SNC, que é potenciada pelas carências        nutricionais, nomeadamente em tiamina, que frequentemente se verificam nos alcoólicos. A        desnutrição diminui o volume de distribuição do álcool, aumentando a sua concentração        quando ingerido e portanto a sua toxicidade directa. Os principais alvos da toxicidade        neurológica do álcool são os receptores GABA e NMDA, podendo afectar também os        sistemas catecolaminérgicos, dopaminérgicos, serotononinérgicos, colinérgicos e de        encefalina. Estes processos levam a lesões anatómicas e estruturais, especialmente com        atrofia da substância branca cerebelosa e do corpo caloso, bem como alteração das regiões        corticais e sub­corticais (52­61). 

 

A MO em doentes alcoólicos é habitualmente multi­factorial. O alcoolismo pode estar na        génese de um dos principais fatores predisponentes para a MO: a hiponatrémia. Os        mecanismos de hiponatrémia induzidos pelo álcool são vários e incluem: a) hipovolémia, b)        pseudohiponatrémia por hipertrigliceridémia induzida pelo álcool      ,   c) beer potomania  , e,    mais raramente, SIHAD, espoliação cerebral salina e       reset osmostat   . A MO pod      e mesmo    ocorrer durante o período de cessação de consumo, mesmo na ausência de uma correcção        rápida da natrémia e ser causada por avitaminose B1. Outros factores associados ao álcool        têm sido implicados na etiopatogénese específica da MO, nomeadamente a alteração da        secreção da vasopressina e o aumento da expressão de canais de       aquaporina­4 pelos    astrócitos. Por outro lado, alguns estudos demonstraram que o álcool tem um efeito tóxico        directo sobre a mielina que a torna mais susceptível a lesão em situações de stress        osmótico. O prognóstico da MO em doentes alcoólicos é variável, com cerca de um terço        dos sobreviventes a apresentarem sequelas graves, um terço a apresentarem sequelas        ligeiras e um terço a evoluir para perda da autonomia para as actividades da vida diária        (62­72). 

 

(15)

O alcoolismo com consumo exclusivo de cerveja pode causar hiponatrémia por excesso de        consumo de volume em relação ao consumo de solutos, especialmente pela desnutrição        concomitante. Este fenómeno é denominado         Beer Potomania  , e foi descrito pela primeira        vez em 1971 (73). 

 

A cerveja tem um conteúdo baixo em sódio e proteínas, pelo que se consistir na principal        ingestão alimentar de um indivíduo o aporte diário em solutos será muito reduzido. A        osmolalidade urinária mínima humana é 50 mOsmol/Kg, sendo, por isso, limitada pelo        aporte de solutos, principalmente de sódio e ureia.       O excesso de volume associado a baixo        teor proteico na alimentação que se verifica nas situações de       Beer Potomania explica assim        a retenção de volume orgânico com hiponatrémia consequente. Adicionalmente, a cerveja        contém hidrocarbonetos que inibem a cetogénese e impedem, dessa forma, a geração        endógena de solutos alternativos pelo metabolismo complementar hepático.       Embora seja    reconhecido o efeito diurético do álcool por antagonismo da vasopressina, esse efeito é        transitório durante a subida abrupta da álcoolémia. Quando os níveis de álcoolémia, mesmo        se elevados, são estáveis não se verifica o efeito diurético do álcool. O que significa que,        em conjunto com a diminuição do gradiente de contra­corrente induzido pelo défice de        aporte em solutos, os doentes com       Beer Potomania são particularmente susceptíveis de        desenvolveram hipervolémia e hiponatrémia consequente.      Este mecanismo pode ser        subitamente alterado se for reintroduzida uma ingestão rica em proteínas e solutos        osmóticamente activos, o que, por vezes, justifica o desenvolvimento de hipernatrémia        durante o internamento hospitalar ou uma correcção da hiponatrémia mais rápida do que o        estimado (74­80).  

 

Existem vários casos descritos de MO em doentes com       Beer Potomania   . É crucial    reconhecer as situações de hiponatrémia que ocorrem no contexto fisiopatológico muito        específico, como o da       Beer Potomania,    pois   a abordagem terapêutica destas situações        apresenta algumas particularidades.       A correção da natrémia deve seguir as recomendações        enunciadas, mas a monitorização da natrémia deve ser mais frequente e a introdução        alimentar deve ser muito prudente, recomendando­se a realimentação só após as primeiras       

(16)

24 horas de tratamento hospitalar. Nalguns casos pode estar indicada a terapêutica com        desmopressina para evitar uma correcção excessivamente rápida e inesperada da natrémia        (74­80).  

 

Manifestações Atáxicas de Mielinólise Osmótica 

A evolução clínica descrita nesta caso é compatível com a instalação de MO durante o        internamento hospitalar. A instalação de MO nesta caso verifica­se num doente com        Alcoolismo e   Beer Potomania e ocorre durante a correcção da natrémia, apesar desta        correcção ter sido feita de acordo com as recomendações clínicas e com a melhor evidência        científica disponível. Este aspecto é particular e prova que esta entidade clínica pode        ocorrer mesmo sem que a natrémia seja corrigida de forma inapropriada. Esta conclusão é        apoiada pelo facto de existirem sinais neurológicos prévios ao início da correcção da        natrémia, provavelmente em relação com o alcoolismo e a desnutrição. Adicionalmente, a        fisiopatologia específica da     Beer Potomania poderá, conforme descrito anteriormente, ter        contribuído para a desenvolvimento da MO mesmo durante uma correcção adequada da        natrémia. 

 

O Síndrome Confusional Agudo verificado durante a primeira semana de internamento        pode, em retrospectiva, ter correspondido à primeira manifestação de MO. De facto, os        casos de MEP podem cursar com manifestação neuro­psiquiátricas por envolvimento dos        gânglios da base, como alguns casos documentam. Mais raramente foram descritos quadros        neuropsquiátricos em doentes com MP, por envolvimento protuberancial, talâmico e        mesencefálico, mas nestes casos as alucinações liliputianas e zoópsias costumam fazer        parte deste espectro clínico, o que não se verificou no caso descrito. A MO deve, por isso,        ser considerada no diagnóstico diferencial de Sindrome Confusional Agudo, uma entidade        que nem sempre é considerada neste diagnóstico diferencial (82­85).  

 

Um dos aspectos mais particulares deste caso de ME e MEP é o predomínio de        manifestações atáxicas, sobretudo pela ausência dos sinais neurológicos clássicos, como a        disfagia e a tetraparésia. As manifestações atáxicas ocorrem em apenas 14,4% dos casos de       

(17)

MO (com apenas cerca de uma dezena de casos descritos), estando as manifestações        oculomotoras descritas em apenas 8% dos casos (5,86). Habitualmente não se equaciona o        diagnóstico de MP ou MEP na presença de manifestações atáxicas, o que, como este caso        demonstra, pode não se correcto. Os casos de MO com manifestações atáxicas associam­se        a melhor prognóstico (30, 86) o que é concordante com a evolução do doente apresentado.  

O presente trabalho apresenta um caso clínico de MP e MEP no contexto de       Beer   Potomania com manifestações predominantemente atáxicas. Este caso sublinha os aspectos        fisiopatológicos específicos da MP e MEP no contexto da       Beer Potomania e ilustra a          necessidade de reconhecer todo o espetro clinico das manifestações de MO, mesmo quando        as manifestações surgem sem que se tenha verificado uma correção excessivamente rápida        da natremia. 

       

(18)

AGRADECIMENTOS

   

Agradeço ao Dr. Válter Fonseca e ao Prof. Doutor Rui Victorino pela sua abertura e        disponibilidade para orientar este trabalho final de mestrado, bem como pela sua        cordialidade e simpatia ao longo de todo o processo de pesquisa e redacção.                                                 

 

 

(19)

BIBLIOGRAFIA

 

1. Adams R. D., Victor M., Mancall E. L. (1959) Central pontine myelinolysis: a hitherto       

undescribed disease occurring in alcoholic and malnourished patients. AMA Arch        Neurol Psychiatry 81:154–172.  

2. Martin R. J., (2004) Central pontine and extrapontine myelinolysis: the osmotic        demyelination syndromes. J. Neurol. Neurosurg. Psychiatry 75(Suppl 3):iii22–iii28.   3. Chua G. C., Sitoh Y. Y., Lim C. C., Chua H. C. (2002) MRI findings in osmotic       

myelinolysis. Clin Radiol 57: 800–806.  

4. Lien Y. H., Shapiro J. I. (2007) Hyponatremia: clinical diagnosis and management. Am       

J Med. 120:653– 658.  

5. Singh T. D., Fugate J. E., Rabinstein A. A., (2014) Central pontine and extrapontine        myelinolysis: a systematic review. European Journal of Neurology  21:1443–1450.  6. Ichikawa H., Murakami H., Katoh H., Hieda S., Kawamura M. (2008) Cental pontine       

lesions observed with MRI in four diabetic patients. Intern Med 47(15):1425–1430.  7. Cury L. H., Kitadai F. T., Helou C. M. B. (2006) Antidepressant­induced       

hyponatremia. Clinics 61(6):579–580. 

8. Twardowschy C.A., Bertolucci C.B., De Macedo Gracia C. (2007) Pontine and       

extrapontine osmotic myelinolysis after the syndrome of inappropriate secretion of        antidiuretic hormone (SIADH) associated with fluoxetina. Arq Neuropsiquiatr 65(3­        B):858–864. 

9. Ismail F., Szollics A., Szolics M., Nagelkerke N., Ljubisavljevic M. (2013) Clinical        semiology and neuroradiologic correlates of acute hypernatremic osmotic challenge in        adults: a literature review. AJNR American Journal Neuroradiology 34(12):2225­32.  10.Levin J., Hogen T., Patzig M., Pfister H.W., Peters N. (2012) Pontine and extrapontine       

myolinolysis  associated  with  hypernatraemia.  Clin.  Neurol.  Neurosurg.  114:1290–1291. 

11.Ferreiro J. A., Robert M. A., Townsend J., Vinters H.V. (1992) Neuropathologic        findings after liver transplantation. Acta Neuropathol. 84: 1–14. 

(20)

12.Bronster D. J., Emre S., Boccagni P., Sheiner P. A., Schwartz M. E., Miller C. M.        (2000) Central nervous system complications in liver transplant recipients – incidence,        timing and long­term follow up. Clin. Transplant. 14: 1–7.  

13.Yu J., Zheng S., Liang T., Shen Y., Wang W., Ke Q. (2004) Possible causes of central        pontine myelinolysis after liver transplantation. World J. Gastroenterol. 10: 2540–2543.   14.Rojiani A. M., Prineas J. W., Cho E. S. (1994) Electrolyte­induced demyelination in       

rats. 1, 2: Role of the blood–brain barrier and edema. Ultrastructural evolution. Acta        Neuropathol. (Berl.) 88, 287–299. 

15.Adler S., Verbalis J. G., Williams D. (1995) Effect of rapid correction of hyponatremia        on the blood brain barrier of rats. Brain Res. 679,  135–143. 

16.Riggs J. E., Schochet Jr. S. (1989) Osmotic stress, osmotic myelinolysis and       

oligodendrocyte topography. Arch Pathol Lab Med 113:1386­8. 

17.Pietrini V., Mozzani F., Crafa P., Sivelli R., Cademartiri F., Crisi G. (2010) Central       

pontine and extrapontine myelinolysis despite careful correction of hyponatremia:        clinical and neuropathological findings of a case. Neurol. Sci. 31:227­30. 

18.Kleinschmidt­Demasters B. K., Rojiani A. M. (2007) Current perspectives in the       

management of hyponatremia: prevention of CPM. Expert Rev. Neurotherapeutics        7(12):1791–1797. 

19.Sterns R. H., Baer J., Ebersol S., Thomas D., Lohr J.W., Kamm D.E. (1993) Organic       

osmolytes in acute hyponatremia. Am. J. Physiol. 264:F833–F836.  

20.Verbalis J. G., Gullans S. R. (1991) Hyponatremia causes large sustained reductions in       

brain content of multiple organic osmolytes in rats. Brain Res. 567:274–282.  

21.Sterns R. H., Thomas D. J., Herndon R. M. (1989) Brain dehydration and neurologic       

deterioration after rapid correction of hyponatremia. Kidney Int. 35:69–75.  

22.Ellis S. J. (1995) Severe hyponatraemia: complications and treatment. Q.J.M.        88:905–909. 

23.Gocht A., Lohler J. (1990) Changes in glial cell markers in recent and old demyelinated       

(21)

24.Takefuji S., Murase T., Sugimura Y. et al (2007) Role of microglia in the pathogenesis        of osmotic­induced demyelination. Exp. Neurol. 204(1):88–94. 

25.Powers J. M., McKeever P. E. (1976) Central pontine myelinolysis. An ultrastructural       

and elemental study.  J. Neurol. Sci. 29(1):65–81. 

26.Sofroniew M. V., Vinters H. V. (2010) Astrocytes: biology and pathology. Acta       

Neuropathol, 119:7–35.  

27.Rash J. E., Yasumura T., Hudson C. S., Agre P., Nielsen S. (1998) Direct immunogold       

labeling of aquaporin­4 in square arrays of astrocyte and ependymocyte plasma        membranes in rat brain and spinal cord. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 95:11981–11986.  28.Bogdan F., Popescu G. H., Bunyan R. F., Guo Y., Parisis J. E., Lennon V. A.,       

Lucchinetti C. F. (2013) Evidence of aquaporin involvement in human central pontine        myelinolysis. Acta Neuropathologica Communications 1:40. 

29.Hurley R. A., Filley C. M., Taber K. H. (2011) Central pontine myelinolysis: a       

metabolic disorder of myelin. J Neuropsychiatry Clinical Neurosciences.  23:369–374.   30.De Souza A. (2013) Movement disorders and the osmotic demyelination syndrome.       

Parkinsonism and Related Disorders 19:709­716. 

31.Graff­Radford J., Fugate J. E., Kaufmann T. J., Mandrekar J. N., Rabinstein A. A.        (2011) Clinical and radiologic correlations of central pontine myelinolysis syndrome.       

Mayo Clin. Proc.  86(11):1063­7.  

32.Kleinschmidt­Demasters B. K., Rojiani A. M., Filley C. M. (2006) Central and        extrapontine myelinolysis: then...and now. J Neuropathol. Exp. Neurol. Jan; 65(1):1­11.  33. DeWitt L. D., Buonanno F. S., Kistler J. P., et al. (1984) Central pontine myelinolysis:       

demonstration by nuclear magnetic resonance. Neurology. 34(5):570­6.

34. Förster A., Nölte I., Wenz H., et al. (2013) Value of diffusion weighted imaging in        central pontine and extrapontine myelinolysis. Neuroradiology 55:49–56.

35.Rojiani A. M., Prineas J. W., Cho E. S. (1987) Protective effect of steroids in       

electrolyte­induced demyelination. J. Neuropathol. Exp. Neurol. 46:495–504. 

36. Sugimura Y., Murase T., Takefuji S. et al. (2005) Protective effect of dexamethasone        on osmotic­induced demyelination in rats. Exp. Neurol. 192(1):178–183.18

(22)

37.Lien Y. H., Shapiro J. I., Chan L. (1991) Study of brain electrolytes and organic        osmolytes during correction of chronic hyponatremia. Implications for the pathogenesis        of central pontine myelinolysis. J. Clin. Invest. 88:303–309. 

38.Thurston J. H., Hauhart R. E., Nelson J. S. (1987) Adaptive decreases in amino acids        (taurine in particular), creatine, and electrolytes prevent cerebral edema in chronically        hyponatremic mice: rapid correction (experimental model of central pontine        myelinolysis) causes dehydration and shrinkage of brain. Metab. Brain. Diseases        2:223–24.  

39.Lien Y. H. (1995) Role of organic osmolytes in myelinolysis. A topographic study in        rats after rapid correction of hyponatremia. J. Clin. Invest. 95:1579–1586. 

40.Alfieri R. R., Cavazzoni A., Petronini P.G. et al. (2002) Compatible osmolytes        modulate the response of porcine endothelial cells to hypertonicity and protect them        from apoptosis. J. Physiol. 540:499–508.

41.Soupart A., Silver S., Schrooeder B., Sterns R., Decaux G. (2002) Rapid (24­hour)        reaccumulation of brain organic osmolytes (particularly myo­inositol) in azotemic rats        after correction of chronic hyponatremia. J. Am. Soc. Nephrol. 13:1433–1441. 

42. Oh M. S., Uribarri J., Barrido D., Landman E., Choi K. C., Carroll H. J. (1989) Danger        of central pontine myelinolysis in hypotonic dehydration and recommendation for        treatment, Am. J. Med. Sci. 298:41­43.

43.Bibl D., Lampl C., Gabriel C., Jungling G., Brock H., Kostler G. (1999) Treatment of        central pontine myelinolysis with therapeutic plasmapheresis. Lancet 353:1155. 

44.Chang et al. (2014) Plasma exchange successfully treats central pontine myelinolysis        after acute hypernatremia from intravenous sodium bicarbonate therapy; BMC        Nephrology 15:56

45. [Guideline] Verbalis J. G., Goldsmith S. R., Greenberg A., Korzelius C., Schrier R.W.,        Sterns R.H., et al. (2013) Diagnosis, evaluation, and treatment of hyponatremia: expert        panel recommendations. Am. J. Med. 126, 10:S1­42.

(23)

46.Louis G., Megarbane B., Lavoue S. et al (2012) Long­term out­come of patients        hospitalized in intensive care units with central or extrapontine myelinolysis. Crit Care        Med 40(3):970–972.  

47. Menger H., Jorg J. (1999) Outcome of central pontine and extrapontine myelinolysis (n        = 44). J. Neurol.; 246: 700–705. 

48.Masuna A. K., Yale S.H. (2005) Central pontine myelinolysis: case series and review.        W. M. J. 104:56–60. 

49.Odier C., Nguyen D. K., Panisset M. (2010) Central pontine and extrapontine       

myelinolysis: from epileptic and other manifestations to cognitive prognosis. J. Neurol.        257:1176–1180. 

50.Kallakatta R. N., Radhakrishnan A., Fayaz R. K., Unnikrishnan J. P., Kesavadas C.,       

Sarma S.P. (2011) Clinical and functional outcome and factors predictin      g prognosis in     

osmotic demyelination syndrome (central pontine and/or extrapontine myelinolysis) in        25 patients. J. Neurol. Neurosurg. Psychiatry 82: 326– 331.  

51.De Souza A., Desai P. K. (2012) More often striatal myelinolysis than pontine? A       

consecutive series of patients with osmotic demyelination syndrome. Neurol. Res. 34:        262–271. 

52.Jacods F., Raynard B. (2009) Encephalopathie metabolique chez l’alcoolisme       

chronique, comment s’orienter. Reanimation 18:590­7. 

53.Kumari M., Ticku M. K. (2000) Regulation of NMDA receptors by ethanol. Prog. Drug        Res. 54:153­89. 

54. Mein Z. A., Ragan P., Jones D. W., et al. (1998) Reduced central serotin transporters in        alcoholism. Am. J. Psychiatry 155:1544­9.

55.Lindholm S., Ploj K., Kranck J., Nylander I. (2000) Repeated ethanol administration       

induces short and long­term changes in enkephalin and dynorphin tissue concentration        in rat brain. Alcohol 22, 165­71. 

56.Droblenkov A. V. (2011) Morphological signs of ethanol poisoning, alcohol abstinence       

and chronic alcoholic intoxication in the mesocorticolimbic dopaminergic system. Sud.        Med. Ekspert. 54(5):11–17. 

(24)

57.Underwood M. D., Mann J. J., Arango V. (2007) Morphometry of 1 dorsal raphe        nucleus serotonergic neurons in alcoholism. Alcohol Clin. Exp. Res. 31(5):837–845.  58.De la Monte S. M. (1988) Disproportionate atrophy of cerebral white matter in chronic       

alcoholics. Arch. Neurol. 45:990­2. 

59.Badsberg J. G., Pakkenberg B. (1993) Do alcoholics drink their neurons away? Lancet       

342:1201. 

60.Kril J. J., Halliday G. M., Svoboda M. D. (1997) Cart wright. The cerebralcortex is                             

damaged in chronic alcoholics. Neuroscience 79:993­8. 

61.Barkev K., Harding A., Halliday G., Kril J. J., Happer C. (1999) Neuronal loss in                              functional zones of the cerebellum of chronic alcoholics with and without Wernicke’s                        encephalopathy. Neurosciences 91:429­38. 

62. Katada R., Nishitani Y., Honmou O., et al. (2012) Expression of aquaporin­4 augments        cytotoxic brain edema after traumatic brain injury during acute ethanol exposure. Am.        J. Pathol. 180:17–23.

63. Katada R., Watanabe S., Ishizaka A., et al. (2012) Ethanol­induced hyponatremia        augments brain edema after traumatic brain injury; Nihon Arukoru Yakubutsu Igakkai        Zasshi 47:68–74.

64.De la Monte S. M., Kril J. J. (2014) Human alcohol      ‐related neuropathology. Acta     

Neuropathol. 127:71–90. 

65. Kerns R. T., Ravindranathan A., Hassan S., et al. (2005) Ethanol­responsive brain        region expression networks: Implications for behavioral responses to acute ethanol in        dba/2j versus c57bl/6j mice. J. Neurosci. 25:2255–2266. 

66.De Bellis M. D, Van Voorhees E., Hooper S. R., et al. (2008) Diffusion tensor        measures of the corpus callosum in adolescents with adolescent onset alcohol use        disorders. Alcohol Clin Exp Res. 32:395–404. 

67.Farris S. P., Miles M. F.. (2012) Ethanol modulation of gene networks: implications for       

alcoholism. Neurobiol Dis. 45:115–121. 

68.Farris S.P., Miles M.F. (2013) Fyn­dependent gene networks in acute ethanol        sensitivity. PLoS One. 8­82435.  

(25)

69. Alhassoon O. M., Sorg S. F., Taylor M. J. et al. (2012) Callosal white matter        microstructural recovery in abstinent alcoholics: a longitudinal diffusion tensor imaging        study. Alcohol Clin. Exp. Res. 36:1922–1931. 

70.Lewohl J. M., Wang L., Miles M. F., et al. (2000) Gene expression in human        alcoholism: microarray analysis of frontal cortex. Alcohol Clin. Exp. Res.        24:1873–1882. 

71. McClintick J. N, Xuei X., Tischfield J. A., et al. (2013) Stress­response pathways are        altered in the hippocampus of chronic alcoholics. Alcohol. 47:505–515. 

72. Liamis G. L., Milionis H. J, Rizos E. C., Siamopoulos K. C., Elisaf M. S. (2000)        Mechanisms of hyponatraemia in alcohol patients. Alcohol Alcohol 35(6):612­6. 

73. Demanet J. C., Bonnyns M., Bleiberg H., Stevens­Rocmans C. (1971) Coma due to        water intoxication in beer drinkers. Lancet 2:1115­7. 

74. Gwinup G., Chelvam R., Jabola R., Meister L. (1972) Beer drinker’s hyponatremia.        Inappropriate concentration of the urine during ingestion of beer. Calif. Med.        116(3):78­81. 

75.C​ampbell M. C. (2010) Hyponatremia and central pontine myelinolysis as a result of        beer potomania: A case report. Prim. Care Companion J. Clin. Psychiatry 12:(4). 

76. Blalock T., Gerron G., Quiter E., Rudman D. (1977) Role of diet in the management of        vasopressin­responsive and ­resistant diabetes insipidus. Am. J. Clin. Nutr. 30: 1070­6.  77. Fenves A. Z., Thomas S., Knochel J. P. (1996) Beer potomania: Two cases and review       

of the literature. Clin. Nephrol. 45:61­4. 

78. Sanghvi S. R., Kellerman P. S., Nanovic L. (2007) Beer potomania: An unusual cause        of hyponatremia at high risk of complications from rapid correction. Am. J. Kidney        Dis. 50:673­80.  

79. Eggleton M. G. (1942) The diuretic action of alcohol in man. J. Physiol. 101:172­91.  80.T​haler S. M., Teitelbaum I., Berl T. (1998) "Beer potomania" in non­beer drinkers:       

Effect of low dietary solute intake. Am. J. Kidney Dis. 31:1028­31. 

81.Lim L., Krystal A. (2007) Psychotic disorder in a patient with central and extrapontine        myelinolysis. Psychiatry Clin. Neurosci. 61: 320–322. 

(26)

82. Walterfang M. et al. (2012) Peduncular hallucinosis secondary to central pontine        myelinolysis; Psychiatry and Clinical Neurosciences 66: 618–621.

83.Benke T. (2006) Peduncular hallucinosis: A syndrome of impaired reality monitoring.       

J. Neurol. 253:1561–1571.  

84.Mocellin R., Walterfang M., Velakoulis D. (2006) Neuropsychiatry of complex visual       

hallucinations. Aust. N. Z. J. Psychiatry 40: 742–751. 

85.   Schneider P. et al. (2012) A case of mistaken identity: alcohol withdrawal,        schizophrenia, or central pontine myelinolysis? Neuropsychiatric Disease and        Treatment 8:49–54.

86.Docioltti C., Nutia A., Cipriania G., Borelli P., Baldacci F., Logia C., Bonuccelli U.,       

(2010) Cerebellar Ataxia with Complete Clinical Recovery and Resolution of MRI        Lesions Related to Central Pontine Myelinolysis: Case Report and Literature Review.        Case Rep Neurol 2:157–162.         

 

 

FIGURA

   

(27)

   

Figura: Ressonância Magnética com evidência de Mielinólise Pôntica e Extrapôntica.                    Lesão hipointensa em T1 (A) e hiperintensa em T2/FLAIR (B) na protuberância, com        restrição à difusão (C), envolvendo as fibras centrais e poupando a periferia e as vias        piramidais, aspectos sugestivos de mielinólise pôntica. Nos gânglios da base, incluindo o        tálamo e com extensão ligeira às cápsulas internas, detecta­se também alteração do sinal        compatível com mielinólise extrapôntica (D e E). 

Referências

Documentos relacionados

The results of the sensorial profile indicate that Blueberry & Mint gums show better visual aspect indicators (colour, homogeneity, and general aspect),

The mechanisms by which these compounds prevent these effects include inhibition of stress (acute and chronic)- induced increase in iNOS activity, NF κ B blockade (by

Ou seja, a ação do agente (nomeadamente o recrutamento da vítima), tem de ser acompanhada pelos meios referidos no n.º 1, que não sofreram qualquer alteração desde a

In this study, chemical and physical properties of charcoal, coffee husk, pine-bark, cattle manure, chicken manure, coconut fiber, sewage sludge, peat, and vermiculite were

As minhas funções não passaram só por coadjuvar a diretora de turma nas tarefas de direção de turma, passou também em planear, organizar e conduzir as aulas de

Haratym, Dok ł adno ć wymiarowa odlewów wykona- nych w procesie Replicast CS, Archiwum Odlewnictwa rocznik 3, nr 9, Katowice 2003.. Arendarski, Niepewno ć pomiarów, Oficyna

The isothermal titration calorimetry resuls on the interaction of lysozyme in the native, nucleation stage and elongation stage with the osmolytes L- proline, 4-hydroxy-L-proline,

higher gasoline concentrations at the inlet air, a longer period of time was required until the biofilter systems achieved a good microbial acclimatization and