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Ingerências regulamentares: mecanismos de controlo da actividade teatral na segunda metade do século XVIII português

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Dans la même collection

Sous la direction d’Ana Clara Santos, Palco da ilusão. Ilusão teatral no teatro europeu, 2013.

Sous la direction d’Ana Clara Santos et Maria Luísa Malato, Diderot. Paradoxes sur le comédien, 2015.

© photo de Bruno Henriques, Parc archéologique à Pompéi, août 2016.

EAN 9782304046229 © novembre 2016 Éditions Le Manucrit

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Sous

la direction de

Jacopo Masi, José Pedro Serra

et Sofia Frade

Théâtre :

esthétique et pouvoir

D

e l’antiquité classique au

XIX

e

siècle

Tome I

Collection « Entr’acte »

Éditions Le Manuscrit

Paris

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controlo da actividade teatral na segunda

metade do século

XVIII

português

José CAMÕES

Centro de Estudos de Teatro Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Em 25 de Junho de 1760, integrada no plano de Reforma do Estado iniciado pelo Marquês de Pombal, é estabelecida a Intendência Geral da Polícia, que progressivamente vai congregando a regulação da segurança, ordem, comportamento e costumes públicos. Entre as suas atribuições conta-se a supervisão de quase tudo o que concorre para a actividade teatral. De fora ficava apenas o exame prévio dos textos, da competência de três instâncias: a Inquisição ou Tribunal do Santo Ofício, o Desembargo do Paço e o Ordinário do Bispado. A modernização da censura é também ela iniciativa do Marquês de Pombal, com a criação em 1768 da Real Mesa Censória, que reúne em si as delegações anteriormente tripartidas. Ao longo dos anos subsequentes, esta instituição irá sendo transformada, conhecendo designações diversas como Comissão Geral Para o Exame e Censura dos Livros, mas mantendo quase inalteráveis as suas atribuições. Assim,

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no que dizia respeito aos textos de teatro, era a ela que competia emitir pareceres e despachos de concessão de licenças, quer para impressão quer para representação.

No que concerne ao teatro, a actividade deste organismo é conhecida e encontra-se sistematizada na página web Teatro

proibido e censurado no século XVIII (www.teatroproibido. ulisboa.pt)1. Por identificar e estudar está ainda a interferência

directa das instâncias de poder na realização e apresentação dos espectáculos.

Este breve ensaio pretende constituir-se em amostra do que uma primeira leitura da documentação do fundo da Intendência Geral da Polícia (IGP) depositado no Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT) pode revelar de interesse para a petite histoire do teatro, nas décadas de 80 e 90 do século XVIII. Toda ela é emanada do intelecto de Diogo

Inácio de Pina Manique, « o intendente de antes quebrar...»2,

cujas opiniões depreciativas sobre o universo teatral se encontram inequivocamente expressas numa carta enviada a José de Seabra da Silva, Ministro do Reino, em 30 de Setembro de 1792:

Também devo pedir a Vossa Excelência que queira informar o Príncipe nosso senhor que qualidade de gente é cómicos e empresários, que de ordinário é a mais ínfima, e que para os conter e conservar a boa ordem e polícia do Teatro, é necessária a força, sem a qual nada se pode fazer, porque é uma gente sem melindre ou capricho, e o interesse é o que tem no seu coração, e são

1 Para leitura complementar sobre o assunto, veja-se Laureano Carreira, O Teatro e a Censura em Portugal na Segunda Metade do Século XVIII, Lisboa,

INCM, 1983, e José Camões, «Labirintos inconstantes entre palcos e oficinas: percursos do teatro em Portugal do século XVIII», Actas do

Colóquio Touros, Comédias, Bailes e Tragédias, Centro de Estudos de Teatro, 2016, <http://www.tmp.letras.ulisboa.pt/cet-publicacoes/cet-edicoes-online/cet-actas#tourosecomedias>.

2 Remeto para o livro de Eduardo Noronha Pina Manique: o intendente de antes quebrar..., Porto, Civilização, 1923 (2.ª ed. 1940), que publicou e comentou alguns dos documentos aqui aludidos.

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susceptíveis de tudo aquilo que é mau para o adoptarem, ou seja contra os bons costumes, ou contra a honra, o ponto é que eles tenham interesse; além de que não cumprem com o que devem para satisfazerem o público, e muitas vezes é preciso contê-los para não enxerirem algumas palavras menos decentes que não vêm na peça que executam, e de ordinário também para poderem prevenir-se, e a seu salvo praticarem estas desordens, procuram sempre protectores, para à sombra deles se abrigarem, e poderem denegrir a polícia, e encobrir a sua malignidade, e com macaquices e visagens ganham os mesmos protectores para este fim, os quais na presença de Sua Alteza e de seus Ministros de Estado poderão dar as cores que lhes parecer para desgostarem o executor das reais ordens, e ficarem eles na sua liberdade, vindo por este modo a conseguir os seus fins.

Por esta ocasião, também vou a prevenir a Vossa Excelência que é necessário que o Príncipe nosso senhor seja informado de que ordinariamente o maior número de espectadores é gente ociosa, pouco considerada e instruída, e que, para a conter e conservar a polícia do Teatro, é necessário ao Inspector lançar mão das providências que tenho dado a fim de acautelar as desordens e consequências desagradáveis, o que muitas vezes não é bem aceite por aqueles que vêem cortados os seus fins, e em quem influi a grandeza do seu nascimento, ao que eu não devo atender, neste caso, para conservar a mesma polícia do teatro, o que todos os vassalos estão sujeitos a cumprir...3

No entanto, o Intendente parece fazer sobrepor o interesse público às suas convicções pessoais.

Com o encerramento do Teatro do Bairro Alto por volta de 1775, a capital do reino contará apenas com um teatro público, o da Rua dos Condes, durante pouco mais de meia dúzia de anos, até à abertura do Teatro do Salitre, em finais de 1782. A cidade terá de esperar quase uma dúzia de anos para poder contar com um terceiro teatro público com funcionamento regular, o Teatro de São Carlos, inaugurado em 1793.

3 Carta de Diogo Inácio de Pina Manique a José de Seabra da Silva (ANTT, MR, mç. 454).

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Assim, ao longo da década de 80 a acção da Intendência Geral da Polícia procurará promover o equilíbrio entre os dois teatros públicos de Lisboa, designando, de entre todos os juízes corregedores dos bairros (Alfama, Andaluz, Bairro Alto, Castelo, Limoeiro, Mocambo, Mouraria, Remolares, Ribeira, Rossio, Rua Nova, Santa Catarina), um inspector para cada teatro, de nomeação aparentemente rotativa.

A análise dos documentos transcritos nos livros da Intendência Geral da Polícia nesses anos (avisos, decretos, ordens, despachos, etc.) revela em primeiro lugar um surpreendente zelo pelo que poderíamos designar defesa do

consumidor: verifica-se desde logo como prioridade a observância rotineira das condições de segurança que os edifícios oferecem « para que não possa o público experimentar prejuízo ou perigo de vida»4. Lembro que o

licenciamento de um novo teatro depende não só do pagamento das taxas inerentes ao seu funcionamento, mas também, e sobretudo, do favorável parecer obtido após análise dos autos de vistoria. Aliás, estas vistorias decorrem anualmente, cerca de 15 dias antes do início da temporada, sob supervisão do

arquitecto e os mestres do Arsenal de Pedreiro e Carpinteiro e as mais pessoas que costumam acompanhá-los todos os anos a examinar o Teatro do Salitre para ver se necessitam de alguns reparos para sua segurança5.

À segurança da integridade física no interior do edifício junta-se a segurança dos bens nos acessos aos teatros. Esta interferência na desordem não se fica pelo mero combate à pequena delinquência. Em 1782 chega ao conhecimento da Intendência que, no Teatro da Rua dos Condes, « andavam

4 Ordem de 28 de Janeiro de 1789 para exame do Teatro da Rua dos Condes (ANTT, IGP, liv. 194, ff. 93, 93v, 94).

5 Ofício expedido a 12 de Abril de 1791 do Intendente Geral da Polícia para Anselmo José da Cruz Sobral, Fiscal das Obras Públicas (ANTT, IGP, liv. 195, f. 67v).

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alguns ladrões nas casas e escadas que dão serventia aos camarotes e plateia envolvendo-se com a gente e fingindo apertões metendo-lhes as mãos pelas algibeiras»6. Para isso

o remédio é aparentemente simples, recorrendo ao policiamento reforçado das instalações. O Corregedor do Bairro da Rua Nova

ordenará aos seus oficiais que não consintam à entrada tanto na casa que dá serventia aos camarotes como na casa para onde tem a porta a plateia, e se dão os bilhetes, pessoa alguma parada, e que tenham particular cuidado que à saída espiem aquelas pessoas que em uma e outra casa e escadas estejam demoradas sem destino e só aquelas pessoas que acompanharem algumas senhoras poderão demorar-se enquanto chegam as suas carruagens somente, pondo duas sentinelas à porta para não passar pessoa alguma ainda daquelas que estejam para o pré referido fim e que não devem retirar-se os mesmos oficiais destes lugares sem se evacuar o referido teatro das gentes que concorreram a este divertimento, nomeando vossa mercê um alcaide e um escrivão com dois homens da Vara para a casa e escadas da entrada dos camarotes e outro alcaide com outro escrivão e dois homens da Vara para a casa que dá serventia à plateia e a porta aonde se dão os bilhetes, andando uns e outros cada um nos lugares apontados separadamente vigiando, mandando vossa mercê a esta Intendência os nomes dos alcaides e escrivães que nomeia para estas diligências7.

Sete anos mais tarde há notícia de que anda, em ambos os teatros, «um rancho de ladrões metendo as mãos pelas algibeiras para perpetrarem furtos e chegando muitas vezes a apagar algum candeeiro para mais a seu salvo os poderem perpetrar»8.

O procedimento correctivo será idêntico, ligeiramente mais complexo, pois obriga a sucessivas supervisões:

6 Ofício expedido a 27 de Dezembro de 1782 (ANTT, IGP, Liv. 190, f. 275).

7 Ibidem.

8 Ofício de 21 de Fevereiro de 1789 para os Juízes do Crime do Bairro de Santa Catarina e do Castelo (ANTT, IGP, liv. 194, ff. 103-103v).

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Vossa Mercê não consentirá pessoa alguma parada dentro das portas que dão serventia para as entradas dos camarotes e plateia nem nas escadas e corredores do mesmo teatro, pondo sentinelas e dando-lhes as ordens para este mesmo fim, mandando dois oficiais para vigiarem se as sentinelas executam esta mesma ordem e eles a executarem também e darem a vossa mercê parte de toda a falta que houver na sua execução, saindo vossa mercê, em algumas ocasiões que lhe parecerem mais próprias, a passar uma revista para ver se cumprem o que tenho ordenado9.

Em 1792, a solução proposta para este problema parece estar na base de uma diligência que a um tempo previne a pequena criminalidade e zela pelos bons costumes, proibindo-se a permanência, e até a visita, à caixa do teatro, evitando a promiscuidade entre trabalhadores e espectadores ou amigos ou, ainda, criados, numa exibição de eficácia no controlo, própria do exercício da autoridade que ordena cada um no seu

lugar. Cabe ao Juiz do Crime de Santa Catarina pôr

todo o cuidado para que dentro do ingresso do Teatro da Rua dos Condes não esteja pessoa alguma mais do que aquelas que se ocupam no serviço do mesmo teatro para moverem os bastidores e trabalharem com as máquinas, dando repetidas buscas e ordens aos porteiros para que não admitam, como digo, pessoa alguma que não seja empregada no trabalho do dito teatro, nem ainda os criados dos mesmos cómicos devem entrar, como ordeno. E para que assim exactamente se observe esta ordem mandar[á] pôr vossa mercê um dos seus oficiais maiores a meio do lado dos bastidores para cumprirem e observ[ar]em religiosamente todo o referido, compreendendo na generalidade desta ordem também os criados dos bailarinos10.

É de notar que a acção regularizadora da Intendência Geral da Polícia recai sobre todas as classes sociais, estendendo-se aos comportamentos abusivos da aristocracia. De facto, o comportamento arrogante do Duque do Cadaval, que na noite de 16 de Novembro de 1790 não quis respeitar os

9 Ibidem.

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preceitos para a circulação das carruagens à saída do Teatro do Salitre, estabelecidos por edital de dia 11 do mesmo mês, fazendo tombar a carruagem de D. Francisco de Meneses, é alvo de denúncia, por parte do Intendente, para instâncias superiores, uma vez que «a jurisdição que exercito é de Sua Majestade e esta ofensa é feita à mesma Senhora, a quem vossa excelência [o Ministro do Reino] representará o referido para resolver o que lhe parecer mais justo e acertado»11.

No que diz respeito à salvaguarda dos interesses do público, a acção da Intendência extravasa a preocupação com integridade física e a preservação dos bens dos espectadores, vigiando igualmente os direitos de entretenimento do consumidor.

Assim se entende a ordem emitida exigindo que os empresários apresentem novidades ao público que paga bilhetes na convicção de que irá ver espectáculos com ingredientes diferentes dos das temporadas anteriores:

Igualmente mandará vossa mercê [Juiz do Crime do Bairro do Castelo] [...] notificar aos sobreditos empresários [do Teatro da Rua dos Condes] para pela Páscoa renovarem o cenário e vestuário com decência para que o público seja bem servido12.

É recorrente o interesse que a Intendência mostra pela exibição dos cenários de acordo com o anunciado nos cartazes, promovendo medidas extraordinárias de modo a não defraudar as expectativas do público, nem que para isso os empresários tenham de lançar mão dos recursos da concorrência:

Vossa mercê [Joaquim Alberto Jorge, Juiz do Crime de Bairro da Ribeira] logo passará ao Teatro da Rua dos Condes, de que é inspector, e ordenará ao empresário Manuel da Costa que logo

11 Ofício para o ministro do reino de 16 de Novembro de 1790 (ANTT, IGP, liv. 3, ff. 142-142v).

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deve apresentar a cena que aponta o mestre de dança Alexandre Suquer [Zucchelli] visto ter-se manifestado nos cartazes e consentindo que se anunciasse ao público; aliás, não executando o dito empresário o que lhe ordeno, vossa mercê o mandará meter na cadeia à minha ordem e mandará buscar logo uns pintores em qualquer parte onde estejam, ainda que sejam os que se acham no outro teatro, e mandará pintar no modo possível que aponta o dito mestre da dança Alexandre Suquer [Zucchelli], dando-me parte de assim o haver executado13.

O escrúpulo posto no cumprimento do horário publicitado («que à hora assinalada na notícia infalivelmente se principie»14) e do calendário anunciado leva a impor uma

estreia, mesmo contra a decisão do empresário, que certamente teria motivos para adiá-la. Essa intransigência encontra-se bem manifesta no ofício que em 10 de Novembro de 1790 o Intendente dirige ao Juiz do Crime do Bairro do Mocambo, ordenando ao empresário da Rua dos Condes «que sexta-feira 12 do corrente deve pôr a dança nova em cena, como lhe ordenei, aliás procederei contra ele severamente, para o que se deve anunciar esta noite ao público»15.

Nos finais de 1802, prestes a terminar a sua carreira, o Intendente Pina Manique revela-se rigoroso na missão da defesa dos interesses de um público já conhecedor do repertório, que se manifesta quando se acha ludibriado, denunciando comportamentos fraudulentos, lesivos do seu entretenimento:

Representam nesta Intendência algumas pessoas que costumam ir entreter-se a esse teatro que alguns actores de um e outro sexo deixam de cantar algumas árias que são inerentes à peça que se representa, e isto sem outro motivo ou causa mais que a de subterfugirem-se ao trabalho, iludindo deste modo o público que ali concorre. Vossa mercê [Juiz do Crime da Ribeira como

13 Ofício de 31 de Julho de 1789 (ANTT, IGP, liv. 194, f. 178v). 14 Ofício de 24 de Janeiro de 1790 para o Juiz do Crime do Bairro do Mocambo (ANTT, IGP, liv. 194, ff. 227-228).

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inspector do Teatro de São Carlos] terá uma grande vigilância para acautelar o referido, não consentindo que se deixe de recitar e cantar tudo o que diz respeito à peça que estiver em cena. No caso, porém, que alguns dos actores de um e outro sexo não cumpram o referido, vossa mercê procederá contra eles [...]16.

O público encontra-se ainda defendido pela acção da Intendência no que diz respeito à manutenção dos preços dos bilhetes, estabelecidos e anunciados previamente, sendo os empresários impedidos de nalguma forma os alterar ou deixar que outros interessados o façam, normalmente artistas em dias de benefício.

Os avisos são dados, regra geral, em vésperas de abertura de temporada, valendo para o ano inteiro, sob controlo do inspector, que «não consentirá que [...] se façam mais algumas récitas a títulos de benefícios, espalhando por fora os bilhetes e chaves de camarotes, nem alterarem os preços que se acham taxados»17.

Ficou largamente documentado o caso de Pinetti, um prestidigitador italiano, que, de passagem pelo Teatro do Salitre, em Junho de 1790, insulta os oficiais de justiça ao mesmo tempo que os ameaça com pistolas. Esta atitude é obviamente condenada pelo Inspector Geral da Polícia, que, em ofício para o Ministro dos Negócios do Reino, declara que:

Este despotismo e excesso é intolerável que se dissimule em uma Corte civilizada e de tristes consequências, e muito mais por um homem que está extorquindo somas avultadas ao povo desta capital, e se propõe a girar este reino para o mesmo fim18.

16 Ofício de 29 de Novembro de 1802 (ANTT, IGP, liv. 201, f. 279). 17 Ofício de 17 de Fevereiros de 1789 para o Juiz do Crime do Bairro do Castelo (ANTT, IGP, liv. 194, f. 102).

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Este caso fez jurisprudência «servindo de regra inalterável e para assim se observar não só na presente conjuntura mas em todas as outras ocasiões em casos idênticos»19.

No entanto, se a Inspecção zela para que os espectadores não paguem mais do que o preço estipulado e anunciado, por outro lado, acautela também que os empresários sejam ressarcidos dos montantes das dívidas que alguns espectadores contraíram ao não pagarem os lugares, cadeiras ou camarotes, de que usufruíram durante determinada temporada. É este o caso do ofício de 20 de Setembro de 1788, que nomeia algumas personalidades devedoras20.

Se em relação à censura prévia dos textos a jurisdição cabia à Real Mesa Censória, a garantia de que os textos proferidos nos palcos correspondiam realmente aos licenciados era assegurada pelos inspectores dos teatros, nomeados pelo Intendente, que deveriam obrigatoriamente assistir a todas as récitas,

não consentido que nas peças que se representarem os cómicos introduzam algumas palavras de fora das que se acharem na mesma peça. E igualmente que não se pratique acção alguma obscena ou indecente como v[erbi].g[ratia]. presentemente introduziram na peça que está actualmente em cena, em um acto, uma seringa que logo vossa mercê hoje deve mandar estranhar e em lugar desta devem procurar outro meio que preencha a acção, dando-me vossa mercê parte de toda a novidade que houver e que necessite de maior previdência21.

A vigilância será constante, pois cerca do final forçado do mandato do Intendente se pode ainda encontrar testemunhos de semelhantes preocupações:

Consta nesta intendência que o bufo que trabalha nesse teatro se excede em proferir algumas liberdades e de fazer acção

19 Ofício de 6 de Junho de 1791 (ANTT, IGP, liv. 195, f. 94v).

20 Ofício de 20 de Setembro de 1788 para o Corregedor do Crime do Bairro de Santa Catarina (ANTT, IGP, liv. 194, f. 42v).

21 Ofício de 24 de Janeiro de 1790 para o Juiz do Crime do Bairro do Mocambo (ANTT, IGP, liv. 194, ff. 227-228).

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desonesta, como foi o levantar a saia a uma das actrizes ao ponto de se ver a coxa da perna, e de um punhal que tinha na mão o mesmo bufo arrumá-lo na sua braguilha…

Vossa mercê deve chamá-lo e repreendê-lo severamente e dizer-lhe que se abstenha destas e outras liberdades, e no caso contrário que assim o não cumpra, o mandará vossa mercê pôr na enxovia a ferros, à minha ordem, prevenindo vossa mercê aos mais actores e actrizes de não tomarem o mesmo exemplo e se comportarem como devem, e muito particularmente na cena22.

A fiscalização da conformidade entre o texto aprovado pela Mesa Censória e o representado é, pois, da competência do Intendente, que a delega, como vimos, nos inspectores dos teatros. Desconhecemos os mecanismos que usavam para aferir da concordância textual. Sabemos, como referi, que assistiam a todas as récitas. Poder-se-á pensar que seguissem o texto por uma cópia facultada pelos empresários, mas o teor de muitos dos ofícios deixa adivinhar que as suspeitas tinham origem em denúncias. É o que se depreende das ordens de apreensão de originais e partes como as de El

rei Teodoro, em 27 de Março de 1795, que os empresários do teatro de São Carlos pretendiam levar à cena23, ou, nalguns

casos, de proibição parcial do texto (o entremez O criado

astucioso pode voltar a representar-se «devendo o empresário cortar algumas obscenidades»24), ou integral após prévio

licenciamento e estreia do espectáculo.

Vossa mercê [Juiz do Crime de Santa Catarina] não consentirá que nesse teatro [da Rua dos Condes] de que vossa mercê é 22 Ofício de 19 de Novembro de 1802 para o Juiz do Crime do Bairro da Ribeira (ANTT, IGP, liv. 201, f. 275). Sobre o comportamento das actrizes no século XVIII, veja-se Marta Brites Rosa, «Indecências e obscenidades: As mulheres nos palcos portugueses (1774-1804)», Sinais

de cena, nº 22, 2014, pp. 15-19.

23 Ofício de 27 de Março de 1795 para o Juiz do Crime do Bairro do Castelo (ANTT, IGP, liv. 197, f. 220).

24 Ofício de 1 de Fevereiro de 1802 para o Juiz do Crime do Bairro de Remolares (ANTT, IGP, liv. 201, f. 135 v).

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inspector se torne a representar o entremez intitulado O beato

fingido, por constar nesta Intendência que o referido entremez contém muitas liberdades obscenas contra o decoro e bons costumes, que dão escândalo aos espectadores, intimando vossa mercê logo ao empresário que tenha todo o cuidado na escolha das peças que se devem pôr em cena, vigiando vossa mercê, como inspector, nos actores e actrizes a fim de que se não excedam ao ponto de se fazer reparável aos espectadores as liberdades que praticam no referido teatro25.

Outros casos há em que a actividade parece duplicar a das instâncias censórias estabelecidas para o efeito, como acontece com o pedido de exame da correcção de algumas obras de Goldoni (Os bons amigos, A família do antiquário, O velho bizarro e A casa do café), revitalizadas no Teatro do Salitre em 178926,

ou, de forma mais evidente de sobreposição de jurisdições, o caso de I zingari in fiera (Os ciganos na feira): com licença de impressão e representação concedida pela Comissão Geral Para o Exame e Censura dos Livros em 21 de Julho de 1791 aposta no manuscrito bilingue27, é remetida cópia ao Juiz do

Crime do Bairro do Mocambo em 26 de Outubro para «o rever e me [Intendente] informar se encontra nele alguma coisa que não seja digna de se pôr em cena»28.

Ainda sobre questões de repertório, a actividade da Intendência pode alargar-se à influência directa na programação dos teatros, levando em conta alguns preceitos de leal concorrência. Em 1793, Francisco António Lodi, empresário do Teatro de São Carlos, e António José de Paula, empresário do Teatro do Salitre, coincidem na intenção de levar à cena as diversas partes de Frederico II da Prússia, do dramaturgo espanhol Luciano Francisco Comella; o primeiro para as

25 Ofício de 22 de Novembro de 1802 para o Juiz do Crime do Bairro de Santa Catarina (ANTT, IGP, liv. 201, ff. 275v-276).

26 Ofícios ao Corregedor do Crime do Bairro de Santa Catarina (ANTT, IGP, liv. 194, ff. 166v-167, 180v, 189v).

27 ANTT, Real Mesa Censória, cx. 276, n.º 1365. 28 ANTT, IGP, liv. 195, fl. 148.

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apresentar em pantomima e, eventualmente, em ópera, traduzidas para italiano, e o segundo para representá-las em português, com tradução sua, que publicará no ano seguinte29. Prevenindo eventuais conflitos resultantes de uma

simultânea apresentação das mesmas obras, o Intendente decide pela exclusividade do Teatro do Salitre:

Também advertirá [o Juiz do Crime do Mocambo] ao sobredito empresário Francisco António Lodi que o Teatro do Salitre, com precedência, tem escolhido as obras de Frederico para pôr em cena neste teatro e o seu empresário, António José de Paula, tem trabalhado nas traduções para o referido fim, para não se porem nesse teatro em pantomima, nem ainda as mesmas óperas quando se intentem traduzir para o idioma italiano, isto é, somente daqui até ao Carnaval, a fim de evitar de uma e outra parte queixas que necessariamente hão de vir em consequência [de] logo se encontrarem as peças nos dois teatros, ainda que seja em pantomima30.

Sempre com a mira na utilidade do serviço público que os teatros prestavam, a Intendência Geral da Polícia verá a sua acção exponenciar-se até se imiscuir directamente nos assuntos de gestão interna das empresas teatrais. É da sua responsabilidade fixar os dias de abertura de cada um dos teatros, promovendo, assim, oportunidades comerciais idênticas para cada um, ou ordenar o seu encerramento, em gesto aparentemente arbitrário, uma vez que os motivos não são expressos na expedição das ordens, como acontece a 11

29 As traduções de António José de Paula, empresário do teatro do salitre, sairão à luz em 1794, pela oficina de José Aquino de Bulhões. A publicação das traduções de D. Félix Moreno de Monroy, no mesmo ano, pelos prelos de José António dos Reis, leva-me a crer que este autor estivesse a trabalhar para os empresários do Teatro de São Carlos, tendo decidido imprimi-las. Existe no fundo da Real Mesa Censória um manuscrito licenciado para impressão em 14 de Outubro de 1793, de que curiosamente foi riscado o nome do tradutor (ANTT, Real Mesa Censória, caixa 224, n.º 397).

30 Ofício de 11 de Novembro de 1793 para o Juiz do Crime do Mocambo (ANTT, IGP, liv. 196, f. 179).

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de Setembro de 1788. Nesta data o Intendente Geral da Polícia envia ofícios aos corregedores dos Bairros de Santa Catarina e Rossio para encerrarem os teatros de que são inspectores, respectivamente o da Rua dos Condes e do Salitre. É de salientar que, para essa noite estava prevista récita no Teatro do Salitre, pelo que no ofício se dá ênfase à urgência e ao entendimento e cumprimento imediato da ordem:

Vossa mercê logo mandará fechar o Teatro do Salitre de que vossa mercê é Inspector e não consentirá que haja divertimento algum na Praça dos Touros, nem na Casa da Assembleia, até segunda ordem desta Intendência, prevenindo a vossa mercê que como hoje é dia de ópera deve logo mandar chamar o empresário para fechar a mesma casa e não consentir que se ponha hoje em cena a peça que se achava destinada para este dia31.

Por vezes a interferência da Intendência Geral da Polícia na gestão dos teatros manifesta-se também na contratação de actores, cantores e bailarinos, que tem repercussão no âmbito económico-financeiro das empresas. Assim, frequentemente toma iniciativas de mediação no estabelecimento de elencos, impedindo que os empresários aliciem os actores de um e outro teatro, obrigando-os à assinatura de um termo

de não poderem desinquietar parte alguma do outro teatro nem a poderem tomar, ainda que se tenha ausentado para fora do reino, sem o consentimento do empresário do teatro aonde recitava, por escrito e rubricado pelo ministro inspector, com pena de pagarem de cadeia duzentos mil réis para a Casa Pia e ser restituído o actor aonde pertencia, pelo assim pedir a boa economia e conservação dos teatros32.

A transferência de actores de um teatro para outro poderia, amiúde, não ser iniciativa dos empresários, mas impulsionada de moto próprio pelos cómicos. Numa época

31 Ofício de 11 de Setembro de 1788 para o Corregedor do Bairro do Rossio (ANTT, IGP, liv 194, ff. 37v-38).

32 Oficio de 14 de Novembro de 1788 para o Juiz do Crime do Castelo (ANTT, IGP, liv. 194, ff. 69-69v).

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em que a moderna profissionalização do actor dava os primeiros passos, podia até constituir uma medida dissuasora dessa mobilidade o uso da prerrogativa de impedir que os actores exercessem essa profissão, devendo regressar ao uso do «ofício que aprenderam», numa atitude de proteccionismo ao serviço público dos teatros da capital:

Vista a informação que vossa mercê me dá de alguns dos cómicos e dançarinos do Teatro do Salitre duvidarem continuar a trabalhar no mesmo teatro com o pretexto de quererem mais do que haviam ajustado em suas primeiras escrituras que haviam celebrado com o empresário do dito teatro, vossa mercê [Corregedor do Crime do Bairro de Santa Catarina] logo que este receber fará ir à sua presença os mesmos cómicos e dançarinos, e não querendo estar pelas mesmas escrituras e continuarem a trabalhar no mesmo teatro lhes fará assinar termo de não entrarem em outros teatros a trabalhar, mas sim de usarem dos ofícios que aprenderam, visto estarem primeiro os teatros da corte serem servidos do que outros quaisquer do reino, e todo aquele que duvidar assinar o referido termo o mandará vossa mercê prender à minha ordem e me dará imediata parte33.

A Intendência Geral da Polícia chama a si o papel de autoridade reguladora da actividade dos profissionais do espectáculo, acautelando os interesses de todas as partes. Os conflitos que possam surgir do incumprimento das obrigações contratuais de ambas as partes são por si arbitrados, imiscuindo-se, inclusivamente, no controlo da repartição das despesas. Apesar de a determinação dos dias de benefício, por exemplo, se fazer de acordo com as sociedades dos teatros, é sempre à Intendência Geral da Polícia que cabe a última palavra sobre a conveniência dos dias designados. É o que se depreende do ofício, destinado ao Juiz do Bairro do Limoeiro, Inspector do Teatro do Salitre, de 30 de Maio de 1793, sobre o benefício de Maria Joaquina, «a qual deve pagar somente as despesas que se

33 Ofício de 21 de Março de 1789 para o Juiz do Crime de Santa Catarina (ANTT, IGP, liv. 194, f 118).

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fizerem na dita casa no referido dia [1 de Junho] e ficar obrigada a cantar nos quatro dias que os empresários do mesmo teatro assinalarem depois de feitos os seus benefícios»; o mesmo documento assinala uma circunstância que parece ser extraordinária, a concessão de licença para a cantora «nos intervalos da representação poder ir cobrar pelos camarotes o produto deles»34.

O rigor na vigilância do cumprimento das obrigações de actores e bailarinos, estabelecidas nos respectivos contratos (escrituras) com os empresários, chega ao ponto de advertir

que quando lhes seja necessário empregar algum dos cómicos ou dançarinos em algum trabalho daqueles para que se acham escriturados o requeiram a vossa mercê [Juiz do Crime do Bairro do Castelo]; no caso, porém, quando encontrem alguma dificuldade no seu génio na execução das suas ordens, prendendo a uns e outros que à execução desta ordem faltarem, dando-me parte do que obrar em observância do que lhe tenho ordenado35.

A ordem de prisão não é apenas figura retórica de ameaça para constar em editais de abrangência geral. Há casos particulares em que terá sido se não aplicada pelo menos convocada. Que o digam Francisco das Chagas,

que visto se ter escriturado, vá continuar nas representações do mesmo teatro [do Salitre] na forma da sua escritura, e, não o querendo fazer, vossa mercê [Corregedor do Bairro do Rossio] o mandará prender36,

e Vitorino José Leite, a quem o Corregedor do Bairro do Rossio obriga a apresentar-se ao empresário do Teatro do

34 Ofício de 30 de Maio de 1793 para o Juiz do Bairro do Limoeiro (ANTT, IGP, liv. 196, f. 105v).

35 Ofício de 5 de Fevereiro de 1789 para o Juiz do Crime do Castelo (ANTT, IGP, liv. 194, ff. 105v-106).

36 Ofício de 28 de Julho de 1788 para o Juiz do Crime do Bairro do Rossio (ANTT, IGP, liv. 194, f. 14).

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Salitre «acompanhado de um dos seus oficiais para que se não possa subterfugir»37.

Sempre a bem do serviço público a Intendência Geral da Polícia age amiúde na vigilância do cumprimento das cláusulas estipuladas nos contratos entre empresários e actores, salvaguardando os direitos de uns e outros, impedindo recíprocos abusos de comportamento, quer de coacção, por parte dos empresários, quer de fraudes laborais cometidas pelos actores e bailarinos. Esta arbitragem reflecte-se na avaliação do seu desempenho no ano transacto, com consequências na carreira salarial. A atenção posta nos objectos dos contratos é manifesta na exigência que faz aos empresários de entregarem aos inspectores dos teatros as listas dos elencos para poderem exercer os seus papéis de mediadores.

Súmula do que para trás ficou apontado é o ofício que o Intendente Geral da Polícia envia aos Corregedores do Bairro do Rossio e do Bairro de Santa Catarina, Francisco Franco Pereira e Lino António de Abreu, respectivamente, na qualidade de inspectores dos teatros:

Vossa mercê ordenará ao empresário Paulino José da Silva que não admita na companhia dos cómicos desse teatro [Salitre] alguns daqueles que trabalharam no Teatro da Rua dos Condes, este presente ano que há-de finalizar no próximo Carnaval, sem que primeiro tenham admissão por escrito dos empresários deste teatro. E isto mesmo mando pratiquem os mesmos empresários reciprocamente, regulando vossa mercê [os inspectores de ambos os teatros] com prudência a inspecção desta ordem para que se não sirvam os empresários que a abrigo dela praticarem algumas violências aos mesmos cómicos, devendo serem incorporados, digo serem encorajados na presença de vossa mercê [cada um dos inspectores], praticando os ajustes que entre si fizerem, servindo vossa mercê para regular os preços por que no presente ano estavam engajados, contemplando merecimento com que cada um executou as partes que se lhes distribuíram das peças que se

37 Ofício de 15 de Novembro de 1792 para o Juiz do Crime do Bairro do Mocambo (ANTT, IGP, liv. 196, f. 22).

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puseram em cena e a prontidão e execução com que igualmente satisfizeram em tudo que lhes foi ordenado por vossa mercê e pelos empresários do mesmo teatro, acrescentando e diminuindo ordenado a todo aquele que se distinguiu nas partes que executou ou, pelo contrário, não satisfez na execução o que se esperava dele. Deve vossa mercê ordenar que não haja benefícios alguns, e àquele cómico ou dançarino que merecer alguma contemplação se lhe aumentará no ordenado por mês – proporcionalmente segundo o merecimento de cada um, ou nas duas festas do ano, da Páscoa da Ressurreição e do Nascimento, uma parte proporcionada ao lucro que tinham no[s] benefício[s] que se lhes facultavam, podendo os empresários naqueles dias em que se executavam os benefícios fazerem os seus récites para se ajudarem do lucro deles para pagarem aos mesmos cómicos e dançarinos os benefícios –, regulado por vossa mercê com prudência para que não haja parte lesada e que venha em necessária consequência o não poder continuar este útil divertimento para entretenimento do público.

Vossa mercê fará aprontar ao empresário um livro de fólio encadernado em bezerro, que vossa mercê rubricará e fará os encerramentos do estilo, e nele mandará descrever as obrigações recíprocas a que se obrigam o empresário aos cómicos ou dançarinos e mais pessoas que se costumam escriturar e ajustar para trabalharem no dito teatro, para lhe servir de regra e dissolver as dúvidas ou questões que se suscitarem entre o empresário, os mesmos cómicos e mais pessoas da dependência do referido teatro, cujas decisões serão por vossa mercê julgadas verbalmente sem dependência de alguma outra formalidade ou figura de juízo, não admitindo vossa mercê algum superfúgio que possa iludir o que aqui lhe ordeno, não consentido vossa mercê também que se façam penhoras ou sequestros nos ordenados dos ditos cómicos, dançarinos e mais pessoas empregadas no dito teatro, nem consentir que ordenado que vencer cada um destes indivíduos possa ser entregue a terceiro, ainda que apresente procuração para o poder receber, e deve ser infalivelmente entregue na própria mão da pessoa que o venceu, e quando, com efeito, lhe apresente algum mandado para as referidas penhoras ou sequestros deverá vossa mercê mandar requeiram imediatamente a mim, a quem compete diferir-lhes, segundo as ordens que tenho de sua majestade.

(22)

Deus guarde a vossa mercê. Lisboa 25 de Janeiro de 178838.

A história tem ironias. Tanta militância zelosa na regulação de um comportamento cívico exemplar denotada pelo Intendente Diogo Inácio de Pina Manique parece esquecida no local que a toponímia lisboeta lhe dedicou, onde se congregou o que de mais desregulado a cidade oferecia: sexo, drogas sem rock’n’roll.

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