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Q1:
Q2:
Q3:
Questão
1
Considere a equação diferencial hipergeométrica:
z(1−z)d
2w
dz2 + [c−(1 +a+b)z]
dw
dz −abw(z) = 0.
Uma das soluções funções é a função hipergeométricaw=F(a, b;c;z).
a) (2,0) Utilize o método de Frobenius para encontrar soluções desta equação em uma vizinhança
de z = 0, fazendo w =zν
∞
X
k=0
ckzk. Determine obtenha os possíveis valores de ν e as relações de
recorrência para os coeficientesck.
b) (2,0)A partir do resultado anterior, obtenha a série hipergeométrica
F(a, b, c;z) = Γ(c) Γ(a)Γ(b)
∞
X
k=0
Γ(a+k)Γ(b+k) Γ(c+k)Γ(k+ 1)z
k,
especificando o domínio no plano complexo dentro do qual a série converge. Para que valores dos parâmetros a série se torna um polinômio? Escreva a segunda solução LI para o caso em quec /∈Z. Como é a forma geral da segunda solução, casocseja inteiro? Justifique suas respostas.
Qu
e
stão
2
Considere a equação diferencial hipergeométrica confluenteLzu=zd
2u
dz2 + (c−z)
du
dz −au(z) = 0 ondea
ec são constantes complexas.
a) (1,5) Utilizandou(z) = Z
C
eztv(t)dt, mostre queLzuresulta em Z C
eztM†
tv(t)dt+Q[ezt, v]ba, onde C é um contorno do plano complexo eQ[z, t] é umtermo de fronteira calculado nas extremidades
aebdo caminhoC. Mostre queMt†v(t) =− d
dt[t(t−1)v(t)] + (ct−a)v(t)e obtenhaQ[e zt, v].
b) (1,5) Para satisfazer Lzu= 0 deve-se imporMt†v(t) = 0 e que o termo de fronteira deve ser nulo.
Determinev(t)e o contornoCde modo a deduzir a representação integral da função hipergeométrica confluente válida para0<Rea <Rec.
Qu
e
stão
3
Considere a equação diferencial d
2R
dr2 +
2
r dR
dr +
k2−n(n+ 1)
r2
R(r) = 0, para 0≤r≤1, ondek∈Ce
né um inteiro não negativo.
a) (1,5)SubstituaR(r) =u(r)/√re determine o conjunto fundamental de soluções deR(r)em termos de funções de Bessel.
b) (1,5)Obtenha J1/2(z)em termos de funções elementares. Faça o mesmo paraJ−1/2(z).
Formulário
Γ(z) = Z ∞
0
tz−1e−tdt, para Rez >0; Γ(z+ 1) =zΓ(z); Γ(z)Γ(1
−z) =πcscz
B(a, b) = Z 1
0
ta−1(1−t)b−1dt, para Rea >0, Reb >0, B(a, b) =Γ(a)Γ(b)
Γ(a+b)
d2w
dz2 +
1
z dw
dz +
1−ν
2
z2
w(z) = 0, (eq. de Bessel);
Jν(z) =z 2
ν e−izΦ(ν+ 1/2,2ν+ 1; 2iz)
Γ(ν+ 1) =
z 2
νX∞
k=0
(−1)k k!Γ(k+ν+ 1)
z 2
2k
,
Yν(z) = cos(νπ)Jν(z)−J−ν(z)
sen(νπ) , Iν(z) =e
−iπν/2Jν(iz), Kν(z) = π[I−ν(z)−Iν(z)]
2 sen(νπ)
Jν−1(z)−Jν+1(z) = 2
d
dzJν(z), Jν−1(z) +Jν+1(z) =
2ν z Jν(z)
Iν+1(z)−Iν−1(z) =−2ν
z Iν(z), Iν+1(z) +Iν−1(z) = 2 d dzIν(z)
Yν+1(z) +Yν−1(z) =
2ν
z Yν(z), Yν+1(z)−Yν−1(z) =−2 d dzYν(z)
Kν+1(z)−Kν−1(z) =
2ν
z Kν(z), Kν+1(z) +Kν−1(z) =−2 d dzKν(z)
ex=
∞
X
k=0
xk
k!, cosx=
∞
X
k=0
(−1)kx2k
(2k)! , senx=
∞
X
k=0
(−1)kx2k+1
(2k+ 1)!
ln(1 +x) =
∞
X
k=1
(−1)k+1xk
k , arcsinx=x F
1 2,
1 2,
3 2;x
2
, arctanhx=
∞
X
k=0
x2k+1
2k+ 1
(1 +x)α=
∞
X
k=0
Γ(α+ 1)xk
k! Γ(α−k+ 1), e
iθ= cosθ+isenθ, arccosx+ arcsinx= π
GABARITO
Questão 1: Considere a equação diferencial hipergeométrica:
z(1−z)d
2w
dz2 + [c−(1 +a+b)z]
dw
dz −abw(z) = 0.
Uma das soluções funções é a função hipergeométricaw=F(a, b;c;z).
a) (2,0) Utilize o método de Frobenius para encontrar soluções desta equação em uma vizinhança dez= 0,
fazendo w=zν
∞ X
k=0
ckzk. Determine obtenha os possíveis valores deν e as relações de recorrência para os
coeficientes ck.
Partindo dew=
∞
X
k=0
ckzk+ν, teremos
dw dz =
∞
X
k=0
(k+ν)ckzk+ν−1=νc0zν−1+ ∞
X
k=0
(k+ν+ 1)ck+1zk+ν
d2w dz2 =
∞
X
k=0
(k+ν)(k+ν−1)ckzk+ν−2=ν(ν−1)c0zν−2+ ∞
X
k=0
(k+ν+ 1)(k+ν)ck+1zk+ν−1
Logo,
z(1−z)d
2w
dz2 + [c−(1 +a+b)z]
dw
dz −abw(z) =ν(ν−1)c0z ν−1+
∞
X
k=0
(k+ν+ 1)(k+ν)ck+1zk+ν−
−
∞
X
k=0
(k+ν)(k+ν−1)ckzk+ν+νcc0zν−1+c ∞
X
k=0
(k+ν+ 1)ck+1zk+ν−(1 +a+b) ∞
X
k=0
(k+ν)ckzk+ν−
−ab
∞
X
k=0
ckzk+ν= 0
∞
X
k=0
{(k+ν+ 1)(k+ν+c)ck+1−[(k+ν)(k+ν+a+b) +ab]ck}zk+ν+ν(ν−1 +c)c0zν−1= 0,
donde obtemos a equação indicial ν(ν −1 +c) = 0, que fornece ν = 0 ou ν = 1−c. Além disso, os coeficientes emzk+ν dentro da somatória devem se anular, o que resulta na relação de recorrência para os
coeficientes ck,
0 = (k+ν+ 1)(k+ν+c)ck+1−[(k+ν)(k+ν+a+b) +ab]ck=
= (k+ν+ 1)(k+ν+c)ck+1−[(k+ν+a)(k+ν+b)]ck
ck+1=
(k+ν+a)(k+ν+b) (k+ν+ 1)(k+ν+c)ck
Para os casos em quev1= 0ev2= 1−cespecificamente,
c(1)k+1=
(k+a)(k+b) (k+ 1)(k+c)c
(1)
k e c
(2)
k+1=
(k+a−c+ 1)(k+b−c+ 1) (k+ 2−c)(k+ 1) c
(2)
k
b) (2,0) A partir do resultado anterior, obtenha a série hipergeométrica
F(a, b, c;z) = Γ(c) Γ(a)Γ(b)
∞ X
k=0
Γ(a+k)Γ(b+k) Γ(c+k)Γ(k+ 1)z
k,
especificando o domínio no plano complexo dentro do qual a série converge. Para que valores dos parâ-metros a série se torna um polinômio? Escreva a segunda solução LI para o caso em que c /∈Z. Como é
Do item anterior, para ν= 0, temos
c(1)k =
(k+a−1)(k+b−1)
k(k+c−1) c
(1)
k−1=
(k+a−1)(k+b−1)
k(k+c−1)
(k+a−2)(k+b−2) (k−1)(k+c−2) c
(1)
k−2=· · ·
= (k+a−1)(k+a−2)· · ·(a+ 1)a(k+b−1)(k+b−2)· · ·(b+ 1)b
k(k−1)· · ·2·1(k+c−1)(k+c−2)· · ·(c+ 1)c c
(1) 0 =
= Γ(a+k)Γ(b+k)Γ(c) Γ(k+ 1)Γ(a)Γ(b)Γ(c+k)c
(1) 0 ,
posto que, para um número complexo,d,
Γ(k+d) = (k+d−1)Γ(k+d−1) = (k+d−1)(k+d−2)Γ(k+d−2) = (k+d−1)(k+d−2)· · ·(d+1)dΓ(d).
e k! = Γ(k+ 1). Como c(·)0 é uma constante arbitrária a ser determinada pelas condições iniciais ou de
contorno, teremos como uma das soluções da equação hipergeométrica a função
F(a, b, c;z) = Γ(c) Γ(a)Γ(b)
∞
X
k=0
Γ(a+k)Γ(b+k) Γ(c+k)Γ(k+ 1)z
k
Esta série converge para |z| < 1, pois z = 1 é ponto singular regular da equação hipergeométrica, e a expressão em série de potência obtida em torno do ponto singular regular z= 0converge em um círculo em torno dez= 0que não inclui o ponto z= 1.
Da relação de recorrência do item anterior, vemos que se a, ou b, for um número inteiro negativo, por exemplo igual a −N, ondeN= 0,1,2, . . ., então c(1)k = 0 parak > N. Portanto, a série infinita se torna um polinômio de grauN.
No caso em quecnão é inteiro a segunda relação de recorrência obtida (paraν2= 1−c) fornece a segunda
solução. Neste caso, ao invés dea,bec (paraF(a, b, c;z)) aparecem na relação de recorrênciaa−c+ 1,
b−c+ 1e2−crespectivamente. Logo, a segunda solução será dada porz1−cF(a−c+ 1, b−c+ 1,2−c;z)
Casoc seja inteiro, então a segunda solução conterá um termolnz, que não seria obtido pelo método de Frobenius utilizado acima. A forma geral da solução
w2(z) =w1(z) lnz+z1−c ∞
X
k=0
dnzn,
pode ser encontrada pelo método de determinar a segunda solução de uma EDO. Ou seja, substituímos
w2(z) =h(z)w1(z), sendow1(z) =F(a, b, c;z), na equação hipergeométrica e calculamosh(z).
Questão 2: Considere a equação diferencial hipergeométrica confluenteLzu=z
d2u
dz2 + (c−z)
du
dz −au(z) = 0
ondeaec são constantes complexas.
a) (1,5) Utilizando u(z) = Z
C
eztv(t)dt, mostre queLzuresulta em
Z
C
eztMt†v(t)dt+Q[ezt, v]ba, onde C é
um contorno do plano complexo e Q[z, t] é um termo de fronteira calculado nas extremidades ae b do
caminhoC. Mostre queMt†v(t) =−
d
dt[t(t−1)v(t)] + (ct−a)v(t)e obtenhaQ[e
zt, v].
Substituindou(z) = Z
C
eztv(t)dtemLzu=zd2u
dz2 + (c−z)
du
dz −au(z) = 0, encontramos
Lzu= Z
C
dt v(t)
zt2+ (c−z)t−a
ezt= Z
C
dt v(t) [zt(t−1) +ct−a]ezt
Note, então, que
zt(t−1)ezt=t(t−1)de
zt
dt
e que
t(t−1)v(t)de
zt
dt = d
dt[t(t−1)v(t)e
zt]−eztd
dt[t(t−1)v(t)].
Portanto,
Lzu= Z
C
dt v(t) [zt(t−1) +ct−a]ezt= Z
C dtd
dt[t(t−1)v(t)e zt] +Z
C dt ezt
−dtd[t(t−1)v(t)] + (ct−a)v(t)
= Q[ezt, v(t)]
b a+
Z
C
onde
Q[ezt, v(t)] =t(t−1)v(t)ezt e Mt†v(t) =− d
dt[t(t−1)v(t)] + (ct−a)v(t)
b) (1,5) Para satisfazer Lzu = 0 deve-se impor Mt†v(t) = 0 e que o termo de fronteira deve ser nulo.
Determine v(t) e o contorno C de modo a deduzir a representação integral da função hipergeométrica confluente válida para0<Rea <Rec.
Fazendo w(t) =t(t−1)v(t), teremos
Mt†v(t) =− d
dt[t(t−1)v(t)] + (ct−a)v(t) = 0 → − dw
dt +
(ct−a)
t(t−1)w=−
dw dt +
a
t + c−a t−1
w= 0
d dtlnw=
d dtln t
a(t
−1)c−a
→ w(t) =k ta(t−1)c−a,
ondeké uma constante. Assim, v(t) =k ta−1(t−1)c−a−1.Como o termo de fronteira,
Q[ezt, v(t)] =t(t−1)v(t)ezt=k ta(t−1)c−aezt
deve se anular nos extremos do contornoC, pode-se escolherC como o eixo real entre os pontosz = 0e
z= 1, desde que Rea >0 e Rec >Rea. Logo, a solução da equação hipergeométrica confluente é dada por
u(z) =k
Z 1
0
dt eztta−1(t−1)c−a−1, Rec >Rea >0
ondeké uma constante. Da comparação com a série hipergeométrica pode-se encontrark= Γ(c) Γ(a)Γ(c−a) para queu(z) = Φ(a, c;z).
Questão 3: Considere a equação diferencial d
2R
dr2 +
2 r
dR dr +
k2−n(n+ 1)
r2
R(r) = 0, para0≤r≤1, onde
k∈Cené um inteiro não negativo.
a) (1,5) Substitua R(r) =u(r)/√r e determine o conjunto fundamental de soluções de R(r)em termos de funções de Bessel.
Como dR
dr =
1
r1/2
du dr −
u
2r3/2 e
d2R
dr2 =
1
r1/2
d2u
dr2 −
1
r3/2
du dr +
3u
4r5/2 , então
d2R
dr2 +
2
r dR
dr +
k2−n(nr+ 1)2
R(r) =√1r d2u
dr2 +
1
r du dr+
k2−n(nr+ 1)2 +
3 4r2 −
1
r2
u(r)
= 0
d2u
dr2 +
1 r du dr + k 2 −
n(n+ 1) +1 4
r2
u(r) =
d2u
dr2 +
1 r du dr +
k2−
n+1 2 2 r2
u(r) = 0
Tomando z =kr, então d
dr = dz dr
d dz =k
d dz,
d2
dr2 = k 2 d2
dz2, e encontra-se a seguinte equação de Bessel
comν=n+1 2,
d2u
dz2 +
1 z du dz + 1−
n+1 2 2 z2
u(z) = 0
O conjunto fundamental de soluções desta equação é
Jn+1/2(z), J−n−1/2(z) . Note, também, devido a
cos[(n+ 1/2)π] = 0 e sen[(n+ 1/2)π] = (−1)n, então Yn+1/2(z) = (−1)nJ−n−1/2(z). Desta maneira, o
conjunto fundamental de soluções desta equação pode ser escrito também como
Jn+1/2(z), Yn+1/2(z)
Como R(r) =u(r)/√r, o conjunto fundamental de soluções para a equação do enunciado é,
Jn
+1/2(kr)
√r , J−n−1√/r2(kr)
ou
Jn
+1/2(kr)
b) (1,5) ObtenhaJ1/2(z)em termos de funções elementares. Faça o mesmo paraJ−1/2(z).
Sugestão: Utilize a expansão em séries de potências para a função de Bessel, assim como reescreva a função Gama nos coeficientes em termos de fatoriais.
Temos
J±1/2(z) =
z 2
±1/2X∞
k=0
(−1)k
k! Γ
k±1 2 + 1
z
2 2k
,
onde
Γ
N+1 2
=
N−12
Γ
N−12
=
N−12 N−32
Γ
N−32
=· · ·=
N−12 N−32
· · ·12Γ 1
2
= (2N−1) (2N−3)· · ·3·1 √
π
2N =
(2N−1) (2N−3)· · ·3·1√π
2N
= (2N−1) (2N−2) (2N−3) (2N−4)· · ·4·3·2·1 √
π
2N2N−1(N−1) (N−2)· · ·4·2 =
(2N−1)! 22N−1(N−1)!
√
π.
Logo,
Γ
k+1 2
= (2k−1)! 22k−1(k−1)!
√
π, Γ
k+ 1 + 1 2
= (2k+ 1)! 22k+1k!
√
π
e
J−1/2(z) =
z 2
−1/2X∞
k=0
(−1)k22k−1(k−1)!
k! (2k−1)!√π
z 2
2k =
r 2
πz
∞
X
k=0
(−1)k
2k(2k−1)!z
2k=
r 2
πz
∞
X
k=0
(−1)kz2k
(2k)! = r
2
πzcosz
J1/2(z) =
z 2
1/2X∞
k=0
(−1)k22k+1k!
k! (2k+ 1)!√π
z 2
2k =
r 2
πz
∞
X
k=0
(−1)kz2k+1
(2k+ 1)! = r
2