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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA ÉTICA E CONTEMPORANEIDADE PROFESSOR ANTÔNIO CÉSAR ACADÊMICA RITA MÁRCIA AMPARO MACEDO

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Academic year: 2019

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA ÉTICA E CONTEMPORANEIDADE

PROFESSOR ANTÔNIO CÉSAR

ACADÊMICA RITA MÁRCIA AMPARO MACEDO

Texto sobre o Discurso sobre as Ciências e as Artes – Se o

restabelecimento das ciências e das artes contribuiu para purificar o espírito. Jean-Jacques Rousseau

Logo na advertência de seu discurso Rousseau enfatiza que o objetivo maior de seu escrito é a preocupação com a felicidade do gênero humano e que ele ousou escrever sobre o que ele considerava “à frente do seu tempo” quando diz “é preciso não escrever para tais leitores, quando se quer viver além de seu século.”

É com esse espírito filosófico que Rousseau começa escrevendo seu discurso e com ele ganhou o prêmio da academia de Dijon no ano de 1750, prêmio que para ser conquistado exigiu do autor modificações no texto original para a adequação aos moldes da academia, que Rousseau deixa claro na advertência, último parágrafo.

A questão central do discurso é: O estabelecimento das ciências e das artes contribuiu para purificar ou para corromper os costumes?

Quando Rousseau trata a questão, ele levanta outro problema: Que partido tomar? Ele põe à prova os ensinamentos da Academia como ele mesmo deixa claro quando diz “não é a ciência que maltrato,..., é a virtude que defendo diante de homens virtuosos.”

Parte 1 – Rousseau começa seu discurso com uma interpretação da renovação do espírito do homem sobre o esclarecimento, a renovação de suas convicções, através das luzes da razão buscando a compreensão sobre o mundo, a natureza, procurando as respostas “a passos gigantes”, depois de um longo período de ignorância. Trata-se de uma revolução para trazer o homem à luz da razão.

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Através das mudanças políticas e sociais que muda a visão européia que possibilitou esse momento de revolução. “Na França as letras juntou-se a arte de pensar”, procurando tornar os homens mais sociáveis.

“O espírito tem suas necessidades, assim como o corpo”. É assim que Rousseau fundamenta a nova sociedade, dando as letras, as ciências e as artes um papel prioritário nessa nova maneira do homem de se portar nessa urbanidade de costumes. Quanto mais letrada uma sociedade mais imponente e importante ela se torna “eis o gosto adquirido pelos bons estudos e aperfeiçoamento no comércio do mundo.” A preocupação de Rousseau são os moldes sobre as maneiras e as formas de ensinamentos das artes, relembrando dos costumes rústicos, porém naturais. A natureza do homem deve repousar na felicidade e no vigor da alma e não nas riquezas e nas pompas do homem opulento, isso não são indícios de virtudes.

O papel das artes de modelar as nossas maneiras e ensinar uma forma de linguagem as nossas paixões retira a naturalidade do homem uniformizando os sentimentos, atitudes e gestos para uma vida em sociedade. Essa forma de convivência adquirida pelos costumes europeus padronizam e perpetuam hábitos que se tornam identidades de um povo.

Rousseau diz “... nossas almas se corrompem à medida que nossas ciências e nossas artes se encaminharam para a perfeição.” Esse é um processo comum de uma sociedade que deixa de levar em consideração valores naturais individuais para uma (padronização) normatização das artes e das ciências, desprezando as virtudes. A Europa passa por esse momento, enquanto que outras civilizações já o passaram como o Egito, a Grécia, Roma, Constantinopla, todas sucumbidas pelos maus costumes, da opulência dos conhecimentos, da uniformidade do convívio social.

Fazendo oposição os pequenos povos (chamados bárbaros) preservam seus costumes e fazem de suas virtudes sua própria felicidade.

Faz-se então uma comparação entre duas cidades gregas. Enquanto Esparta despreza as artes, as ciências e a filosofia, Atenas torna-se a cidade das artes, da filosofia, dos oradores, da linguagem e do bom gosto.

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Roma por sua vez enfraqueceu-se após a negligenciar suas virtudes em detrimento das transformações dos seus costumes.

O estado natural do homem o conserva bom e o contato com as ciências corrompe sua natureza e Rousseau questiona “a ciência e a virtude seriam incompatíveis?” Essa é uma maneira de confrontar o homem em seu estado natural com esse novo homem amante das ciências e das artes e todo o percurso histórico da evolução das sociedades.

Parte 2 – A criação mitologia das ciências pelos povos Egípcios e gregos relatam um deus inimigo do repouso dos homens. Rousseau atribui ao nascimento das ciências e das artes aos “vícios humanos “e faz a relação com a certeza de seus objetivos “que faríamos das artes, sem o luxo que as nutre? Sem as injustiças dos homens, de que serviria a jurisprudência?...”.

As incertezas dos caminhos científicos de investigação pode nos conduzir a estradas falsas, mas a verdade é apenas uma, demonstrando uma fragilidade dos percursos que as ciências fazem para chegar aos seus objetivos, questionando seus resultados na vida prática do cidadão comum questionando dessa maneira utilidade das ciências na vida do Estado.

O abuso do tempo, a vaidade e o luxo e são vistos como conseqüências das ciências e das artes, sendo esses grandes males para os homens. O luxo que representa o esplendor do Estado que para Rousseau um paradoxo “o luxo é diretamente oposto aos bons costumes?”. Nesse contexto, para algumas nações os homens são tratados como mercadorias, um homem só vale para o Estado o que ele consome “... em algumas nações os homens não valem nada e em outras valem menos do que nada”. Faz-se referência a povos pobres que conquistaram nações que viviam na riqueza, fazendo uma reflexão sobre valores e costumes sobre sabedoria, política e tesouros acumulados por anos de Impérios. A virtude, a força e a coragem constroem nações duráveis.

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As formas simples de se retratar a natureza, relembrando e refletindo sobre os costumes são cada vez mais esquecidas, a natureza pura e simples cede lugar a pinturas extravagantes de imagens sublimes e santas que revelam tempos magníficos.

Os costumes mudam o luxo de expande em detrimento da coragem que se enerva, das virtudes que se dissipam, essa é a representação da disseminação das ciências e das artes no Estado.

“Os romanos confessaram que a virtude militar se extinguira entre eles à medida que começaram a se reconhecer em quadros, gravuras... e a cultivar belas artes”.

O papel da educação nessa nova sociedade tem um papel fundamental, pois educa os jovens para ensinar-lhes sobre ciências, letras e artes, porém não lhes ensinam virtudes e costumes e seus deveres patrióticos, ignorando sua própria língua, não reconhecendo seu passado, desprezando seus antepassados.

Como educar as crianças então? O que fazer para torná-las cidadãos que reconhecem a sua história identificando-se com sua origem e cultivando bons costumes? O que elas não devem esquecer e o que devem aprender?

Procurar afastar-lhes das más ações, do contato com obras vis que não acrescentam nenhum tipo de virtude, evitando os abusos dessa desigualdade criada pela distinção de talentos.

O redimensionamento que a nova sociedade toma, reproduz uma civilização de profissionais, enquanto que o cidadão se extingue. A própria sociedade das ciências e das artes cria padrões para que seus membros se adéqüem a fim de compartilhar os conhecimentos produzidos por ela. Essas instituições consolidam a forma de governar seguida pelos reis da Europa, esses homens das letras e das artes procuram seguir normas para poder produzir suas obras e assim obterem o reconhecimento dentro das academias a qual pertencem.

Isso permite que os cidadãos possam desfrutar de todo esse conhecimento produzido, preenchendo uma lacuna que a própria sociedade cria, “... pois que ninguém busca remédios para males que não existem”.

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conhecimentos advindos do convívio humano. Essa crítica a filosofia surge pela necessidade de eternizar extravagâncias do espírito humano “como os devaneios de Hobbes e os de Spinoza”, passando pela corrupção dos costumes do seu século, chegando o dia em que os homens se agitará diante de tanta perplexidade e quererá retornar ao seu estado de ignorância e de inocência, pois entenderão que aqueles escritos não representam leis imutáveis ou certezas eternas e que o espírito humano está corrompido pelas palavras e pelo exacerbado valor que se dá as sociedades das ciências e das artes, dessa maneira o homem voltaria ao seu estado de pureza de gosto e de felicidade, resgatando as artes realmente úteis a uma sociedade com valores e costumes que com o passar dos séculos ficariam na história da humanidade com a capacidade de explicar fenômenos de forma atual, porque transcende ao seu tempo, se torna imprescindível para a história do homem.

“A arte de conduzir os povos é mais difícil do que a de os esclarecer”. Governar para a felicidade, utilizando os conhecimentos para a criação de um estado de virtude, onde a ciência e o trabalho harmonioso conduzirá o gênero humano à sua plenitude.

Aos homens das ciências e das artes que não conseguem transpor o seu tempo pela qualidade de suas obras e pelo seu potencial de superação resta a obscuridade, cultivando a virtude. Sendo a virtude tão simples, seria necessário tantos artifícios para encontrá-la? Sendo essa a verdadeira filosofia, escutar a voz da virtude com simplicidade fazendo a reflexão sobre a importância de ter a virtude como elemento máximo, sem se importar com a glória, voltando a viver em harmonia com o que se cultiva e o que se faz.

Com isso o discurso cumpre o seu papel de levar aos homens a clareza da importância das virtudes e dos costumes para não corromper o seu espírito de comunidade e dando real valor as coisas da natureza. O interesse patriótico, de coletividade cede lugar à igualdade dos gestos, dos gostos e das artes cabendo ao homem o papel de reavaliar se essa associação de interesses não inibe a identidade do seu povo.

Referências

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